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Livro-Texto Unidade I - topicos de atuação profissional

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Prévia do material em texto

Autores: Prof. Adalberto Oliveira da Silva
 Profa. Camila Kimie Ugino
 Prof. Marcos Paulo Oliveira
Colaboradores: Prof. Maurício Felippe Manzalli 
 Profa. Ivy Judensnaider
Tópicos de Atuação 
Profissional
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Professores conteudistas: Adalberto Oliveira da Silva / Camila Kimie Ugino / 
Marcos Paulo Oliveira
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586t Silva, Adalberto Oliveira da.
Tópicos de atuação profissional. / Adalberto Oliveira da Silva, 
Camila Kimie Ugino, Marcos Paulo Oliveira. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
136, p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-111/17, ISSN 1517-9230.
1. Atuação profissional. 2. Economia. 3. Atuação por setores. I. 
Ugino, Camila Kimie. II. Oliveira, Marcos Paulo. III. Título.
681.3
Adalberto Oliveira da Silva
Mestre em Economia Política pela Pontifícia 
Universidade Católica (PUC-SP). Atualmente, é professor 
adjunto da Universidade Paulista (UNIP), no curso de 
Ciências Econômicas, leciona disciplinas de Macroeconomia 
Aplicada, História Econômica Geral, Economia Política e 
Técnicas de Pesquisa em Economia.
É técnico do Departamento Intersindical de Estudos 
Estatísticos e Socioeconômicos (Dieese), em que atua em 
pesquisas sobre mercado de trabalho. Suas áreas de interesse 
são: teoria econômica, desenvolvimento econômico, 
economia brasileira e políticas públicas. Também atua como 
revisor técnico no projeto da Biblioteca Universitária Pearson 
para a confecção de material didático de cursos superiores.
Camila Kimie Ugino
Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade 
Estadual de Campinas (2005), mestrado em Economia 
Política (2011) e doutorado em andamento na área de 
Ciências Sociais com ênfase em ciência política pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 
Atualmente é professora da PUC-SP e da UNIP, ministrando 
disciplinas de Introdução à Economia, Economia Política, 
Economia Internacional e Economia do Setor Público. Tem 
experiência na área de Economia, com ênfase em Economia 
dos Programas de Bem-Estar Social, Economia Política e 
Políticas Públicas.
Atuou no mercado financeiro nos bancos Unibanco e 
Citibank nas áreas de planejamento corporativo e na área 
de risco, bem como em empresa privada em Campinas no 
ramo farmacêutico veterinário.
Marcos Paulo Oliveira
Graduado em Ciências Econômicas pela UNIP, com 
mestrado em Economia Política pela PUC-SP. Leciona na 
UNIP desde o ano de 2002, nas disciplinas de Contabilidade 
Social, Elementos de Economia, Economia Brasileira, 
Economia e Gestão do Setor Público, Macroeconomia 
Fechada, Macroeconomia Aberta, Macroeconomia Aplicada, 
Desenvolvimento Econômico, dentre outras. Trabalhou no 
setor privado na área de importação e exportação e no 
setor público com políticas públicas de geração de trabalho, 
emprego e renda. Nessa área, atuou no planejamento e na 
gestão pública como gerente de indicadores econômicos e 
sociais. Ainda trabalhou como gerente de acompanhamento 
das receitas e dos gastos públicos. Seu principal campo de 
pesquisa em Economia é a macroeconomia.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Vitor Andrade
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Sumário
Tópicos de Atuação Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 REQUISITOS INDISPENSÁVEIS NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................ 11
1.1 Sólida formação teórica e prática, histórica e quantitativa na área das 
Ciências Econômicas .................................................................................................................................. 11
2 A FORMAÇÃO DA CARREIRA ...................................................................................................................... 21
2.1 Introdução ............................................................................................................................................... 21
2.2 Formação e competências essenciais ........................................................................................... 23
2.2.1 A importância da teoria econômica................................................................................................ 23
2.2.2 A importância do pluralismo no ensino de Economia ............................................................ 28
2.2.3 A possibilidade de viés ideológico.................................................................................................... 30
2.2.4 As competências essenciais ................................................................................................................ 31
2.3 Pensar a ciência econômica: uma visão geral .......................................................................... 32
3 A IMPORTÂNCIA DA DIMENSÃO QUANTITATIVA ................................................................................ 33
3.1 Introdução ............................................................................................................................................... 33
3.2 Análise de dados e estimativa de cenários ................................................................................ 34
3.3 Modelos econométricos e outros instrumentos de análise de relações 
econômicas ..................................................................................................................................................... 41
3.4 A importância dos métodos quantitativos ................................................................................ 46
4 ATUAÇÃO POR SETORES ............................................................................................................................... 47
4.1 Atuação no setor público .................................................................................................................. 47
4.2 Atuação por nível: requisitos de qualificação, atividades 
exercidas e experiências ............................................................................................................................ 54
4.2.1 Regional ...................................................................................................................................................... 56
4.2.2 Nacional ......................................................................................................................................................67
Unidade II
5 ATUAÇÃO EM NÍVEL INTERNACIONAL: REQUISITOS DE QUALIFICAÇÃO, ATIVIDADES 
EXERCIDAS E EXPERIÊNCIAS .......................................................................................................................... 83
6 MOBILIDADE ENTRE ALTERNATIVAS DE APERFEIÇOAMENTO E DE INSERÇÃO 
NO MERCADO DE TRABALHO ......................................................................................................................... 90
6.1 Áreas interligadas com a Economia, como Ciências Sociais, 
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História, Geografia, Administração, Contabilidade, Engenharia etc. ...................................... 90
7 VARIÁVEIS GLOBAIS QUE AFETAM A SOCIEDADE E O ECONOMISTA ......................................... 93
7.1 Sociais: entender a sociedade em suas múltiplas manifestações .................................... 93
7.1.1 Desigualdade social ............................................................................................................................... 93
7.1.2 Concentração de terra .......................................................................................................................... 97
7.1.3 Acesso à educação ................................................................................................................................. 98
7.2 Políticas: o principal papel da economia é ser construtiva e inclusiva .......................... 99
7.2.1 O papel do Estado na economia ....................................................................................................... 99
7.2.2 Os regimes políticos .............................................................................................................................101
7.2.3 As políticas públicas.............................................................................................................................103
7.3 Econômicas: desenvolvimento econômico ..............................................................................104
7.3.1 Crise, crescimento e seus desdobramentos ................................................................................105
8 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E O PODER DE PROSPECTAR A REALIDADE 
SOCIOECONÔMICA E AMBIENTAL DA REGIÃO ......................................................................................108
8.1 Principais tendências atuais da ciência econômica .............................................................108
8.2 Economia do conhecimento ..........................................................................................................112
8.3 Economista do futuro .......................................................................................................................115
8.4 Olhar para outros fatores ................................................................................................................116
8.5 Complexidade rítmica dos processos econômicos ...............................................................119
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APRESENTAÇÃO
A disciplina de Tópicos de Atuação Profissional em Economia tem como objetivo proporcionar uma 
visão sobre os rumos das Ciências Econômicas e da atuação do bacharel em Economia, observados 
no contexto de uma sociedade moderna, que, a cada momento, cria novas demandas para esses 
profissionais. Para isso, discutiremos os requisitos para o exercício profissional, dentre eles, a formação 
técnica e prática, a dimensão ética, a formação crítica e a responsabilidade social do economista.
As Ciências Econômicas sofrem mudanças devido às constantes transformações do seu objeto de 
análise, ou seja, dos problemas e soluções relacionados ao trato econômico-financeiro. Num contexto de 
mercado globalizado, temos novos desafios quanto ao entendimento do funcionamento dos mercados 
em nível local, regional, nacional e internacional, exigindo do profissional o conhecimento dos novos 
esforços teóricos e a inter-relação da Economia com outras ciências, como a Geografia, Física, História, 
Psicologia, entre outras.
Nesse percurso, a disciplina apresenta ao aluno a importância da formação teórica do economista, seja 
na parte histórica, como em ferramentas quantitativas. Destaca ainda como requisitos para o profissional 
analisar os dados econômicos e estimar possíveis cenários com base nas flutuações econômicas. Com 
isso, também mostra ao aluno os requisitos necessários para a sua atuação nos diferentes setores de 
atividade (Privado, Público e Terceiro Setor) ou níveis econômicos (Regional, Nacional e Internacional).
Faz-se uma revisão sobre a relação entre a economia e os negócios, com a observação da criação de 
novos mercados, novos produtos e o impacto das novas tecnologias que afetam a visão do profissional 
sobre as variáveis sociais, políticas e econômicas, já que o economista tem ampliado o conjunto de 
fenômenos que devem compreender e propor soluções aos problemas acentuados.
Por fim, serão apresentadas as principais tendências das Ciências Econômicas, dentre elas, a 
preocupação com a realidade socioeconômica e ambiental, o impacto do conhecimento e o surgimento 
de uma nova economia destacando os avanços recentes nesses novos campos de estudo à disposição 
do economista moderno. .
INTRODUÇÃO
Tópicos de Atuação Profissional é uma disciplina que proporciona uma visão analítica e comparativa 
das condições atuais da atuação do bacharel em Economia. Abordaremos a relevância e as características 
da formação teórica e prática, bem como histórica e quantitativa, no campo das Ciências Econômicas; 
além de discutirmos como esses elementos se inter-relacionam com a dimensão ética da profissão e 
suas repercussões sobre questões como responsabilidade social.
No contexto de uma sociedade moderna e globalizada que necessita de profissionais capacitados 
para analisar e solucionar problemas relacionados ao trato econômico-financeiro, esta disciplina é 
importante para destacar os desafios da vida profissional. Os diversos elementos políticos, econômicos, 
sociais e globais da sociedade precisam ser entendidos para ser possível interpretar os problemas do 
mercado local, regional, nacional e internacional.
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Para dar conta desse desafio, vamos aprofundar um pouco a discussão sobre as competências 
essenciais vinculadas à formação de um economista, bem como os desafios em superar o “economês” 
como língua nativa da profissão.
Sabemos que quase todos os cursos de Economia (e, atenção, não só no Brasil) propõem 
uma formação relativamente ampla. Um breve exame da resolução que normatiza os cursos de 
Economia no Brasil (Resolução CNE/CES nº 4/2007) apresenta desde conteúdos de formação geral, 
como elementos básicos de Direito, Contabilidade e Administração, passando pelos conteúdos de 
formação histórica e teórico-quantitativa até elementos mais práticos como técnicas de pesquisa, 
estágio curricular e a monografia – que é um exercício prático de uma série de competências 
necessárias a um economista, por exemplo, sua capacidade de desenvolver raciocínios consistentes, 
de ler e compreender textos econômicos, de elaborar relatórios e pareceres econômicos e também 
de utilizar métodos quantitativos.
A ciência econômica tem como característica ser uma ciência social aplicada. Ao mesmo 
tempo que transita próximo de áreas como Sociologia, políticas públicas e ciências políticas. Na 
universidade, os departamentos de Economia se localizam usualmente próximos (na estrutura 
hierárquica) dos de Administração, Contabilidade e Ciências Atuariais. Essa característica “híbrida” 
da Economia faz com que a atuação profissional do economista tenha um raio de ação bastante 
amplo, seja do ponto de vista de competências, seja da mobilização de conhecimentos técnicos e 
habilidadessociais específicas.
Para atingir um dos objetivos da disciplina, isto é, discutir o conjunto de requisitos indispensáveis 
para a atuação profissional do economista e contextualizá-la, é imprescindível analisar a importância da 
dimensão quantitativa. Ademais, um planejamento de carreira é essencial para atingir metas de médio 
e longo prazo.
Diante desse quadro e dada a possibilidade de os economistas atuarem em diversas frentes 
de trabalho, variando de acordo com a qualificação, com a inserção social, com as experiências 
acumuladas e com o contexto histórico vivido, este livro-texto tratará principalmente dos requisitos 
básicos de formação, da construção da carreira e da atuação por setores. É vital abordar a atuação 
por nível, ou seja, quais os requisitos de qualificação e outros elementos para planejar sua atuação 
como economista.
A interface que a Economia apresenta com outras disciplinas permite a capacidade de compilar, 
trabalhar e concluir informações macro e microeconômicas de maneira heurística. Dessa forma, a 
ciência econômica é capaz de fazer ciência e estar sempre em renovação com os acontecimentos em 
transformação.
É preciso considerar que variáveis globais, sejam elas políticas, econômicas ou sociais, proporcionam 
aos economistas em formação a habilidade de serenamente tomarem as melhores decisões em meio a 
um contexto de transformações mundiais. Estar atento a essas mudanças e ter capacidade de adaptação 
são quesitos necessários e cruciais para analisar as principais tendências da conjuntura econômica, 
observando as fronteiras do conhecimento da ciência econômica.
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Veja que, neste livro-texto, o objetivo é desenvolver com os alunos os conhecimentos necessários 
para atingir as competências de atuação profissional do economista, reconhecendo a importância da 
formação teórica e prática, histórica e quantitativa na área das Ciências Econômicas. E isso tudo no 
contexto de globalização econômica e social.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade I
1 REQUISITOS INDISPENSÁVEIS NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL
1.1 Sólida formação teórica e prática, histórica e quantitativa na área das 
Ciências Econômicas
A profissão economista é uma ocupação que apresenta em sua superfície um glamour atrelado aos 
negócios do Estado e do mercado financeiro. Mas o economista é muito mais que isso, ele é um cientista 
social que se debruça sobre assuntos que vão além da maximização da escassez e dos equilíbrios financeiros, 
a atividade exercida pelo economista problematiza a necessidade de bem-estar econômico e social.
Figura 1 – Cálculos, gráficos e números
De forma geral, ser economista não é tarefa fácil, uma vez que ele deverá entender todo um sistema 
de relações sociais composto de milhões de pessoas e instituições produtivas e governamentais dentro 
de um território definido e fora desse mesmo território; assim, torna-se uma profissão que necessita de 
outras áreas para evoluir. Por exemplo, o sistema de produção em que vivemos, o capitalismo, é complexo, 
ou seja, apresenta um elevado número de variáveis, e a Matemática e seu poder de abstração ajudam 
a compreender essas variáveis e suas relações. Leia o que disse um dos mais brilhantes economistas do 
século XX, o britânico John Maynard Keynes, o grande economista:
Deve ser matemático, historiador, estadista, filósofo. Deve entender os símbolos 
e falar em palavras. Deve contemplar o particular nos termos do geral e tocar 
no abstrato e no concreto num mesmo voo de pensamento. Deve estudar 
o presente à luz do passado para os propósitos futuros. Nenhuma parte da 
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Unidade I
natureza do homem ou de suas instituições deve ficar inteiramente fora de 
suas cogitações. Ele deve ser determinado e desinteressado, simultaneamente; 
alheio e incorruptível e, no entanto, por vezes, tão materialista quanto um 
político (KEYNES apud SKIDELSKY, 1999, p. 21).
Veja que Keynes afirma que o economista utiliza elementos das ciências exatas e das ciências sociais 
para entender o mundo e seus fenômenos, em que simplifica a realidade por meio da Matemática e seu 
poder de abstração; entretanto, não deixa de voltar à realidade e levar em conta a sua complexidade 
no tempo, em que busca conhecimentos históricos no passado e presente para tentar entender as 
tendências do futuro. Outro brilhante economista do século XX, o brasileiro Celso Furtado (2017, p. 1), 
coloca de forma menos abstrata o exercício desta profissão e suas grandes responsabilidades:
Convergem sobre os economistas de todos os lados os chamados mais 
urgentes. O desenvolvimento econômico, qualificado como o problema do 
século, é matéria de sua especialidade. As desigualdades entre níveis de vida 
de grupos populacionais e as disparidades entre ritmos de crescimento de 
sistemas econômicos também são matéria de competência do economista. 
Os grandes desequilíbrios causadores de tensões político-sociais, sejam 
aqueles decorrentes de desajustamentos entre a poupança e a inversão 
entre a oferta de bens de consumo e o desejo dos consumidores de exercer 
o seu poder de compra, entre a capacidade de pagar no exterior e a 
propensão para importar, entre o que a coletividade solicita do governo e a 
capacidade de pagamento desse governo, entre o desejo de desenvolver-se 
economicamente e a ansiedade de gastar de imediato o disponível, sejam 
aqueles de caráter mais social, como os causados pelo contraste entre os 
desperdícios visíveis e as necessidades gritantes não satisfeitas, enfim, os 
desequilíbrios que estão na raiz dos grandes problemas de nossa época são 
de natureza econômica ou têm uma importante dimensão econômica.
 Saiba mais
Consulte a obra a seguir:
FURTADO, C. A formação do economista em país subdesenvolvido. 
Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, 
2017. Disponível em: <http://www.centrocelsofurtado.com.br/arquivos/
image/201108311213180.A_formacao_do_economista_em_pais_
subesenvolvido.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2017.
Diferente de Keynes, Furtado é mais direto ao relatar os objetos de estudo e os campo de atuação do 
economista dentro das ciências econômicas, mas não deixa de revelar a necessidade de outras áreas que a 
Economia deve abarcar para complementar o conhecimento, como ciências políticas, Sociologia, entre outras.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Figura 2 – Congresso Nacional: política, economia e política econômica
Percebe-se que a profissão de economista carrega uma grande responsabilidade, pois ele tem de 
estudar outros ramos do saber para contemplar questões complexas relacionadas ao bem-estar de um 
grupo ou de milhões de pessoas.
No Brasil, a formação do economista sempre foi acompanhada pelo Estado por meio de marcos 
legais que regulamentam o Ensino Superior de Ciências Econômicas. Segundo Ferreira (1966), o primeiro 
deles foi o Decreto nº 20.158, de 30 de junho de 1931 (BRASIL, 1931), que obrigava a grade curricular 
a ter as disciplinas Contabilidade de Transportes, Matemática Financeira, Geografia Econômica, Direito 
Constitucional, Direito Civil, Economia Política, Contabilidade Pública, Finanças e Economia Bancária, 
Direito Comercial e Internacional, Ciência da Administração, Legislação Consular, Psicologia Lógica e 
Ética, Direito Administrativo, Política Comercial em Regime Aduaneiro Comparado, História Econômica 
da América e Fontes da Riqueza Nacional, Direito Industrial e Operário, Direito Internacional, Diplomacia, 
História dos Tratados, Correspondência Consular e Diplomática e Sociologia.
A profissão de economista já começa no Brasil com uma grade plural, entretanto, o número reduzidode disciplinas de Economia impediam uma formação mais específica e técnica, em que a falta de clareza 
das competências de um economista dificultava a inserção no mercado de trabalho. Diante desse fato, 
em 22 de dezembro de 1945, foi implementado o Decreto-lei nº 7.988, que gerou grande avanço no 
currículo universitário em Ciências Econômicas. Segundo Ferreira (1966, p. 32):
O novo currículo sofreu grande influência da conjuntura econômica 
do período de entreguerras. É o que explica a ênfase dada à análise dos 
ciclos econômicos. Infelizmente, a rigidez do programa não permitiu que 
se ajustasse a formação universitária às exigências da realidade, de modo 
a que se pudesse alcançar uma formação universitária mais adequada às 
exigências do mercado incipiente da mão de obra especializada. Salvo raras 
exceções, as disciplinas visavam analisar as técnicas do comportamento do 
setor público. A lei, nesse período, pressupunha que o economista seria o 
indivíduo dotado de uma formação técnica que o capacitasse a resolver os 
problemas do desenvolvimento econômico. Mesmo assim, não se possuía, 
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Unidade I
ainda, uma perfeita visão dos atributos essenciais que deveriam nortear a 
formação do economista.
 Saiba mais
Veja o texto de Manoel Orlando Ferreira, que atuou no Conselho 
Nacional de Economia:
FERREIRA, M. O. A formação do economista no Brasil. Revista Brasileira 
de Economia, n. 4, 1966. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/
index.php/rbe/article/download/1770/2786>. Acesso em: 30 mar. 2017.
Um avanço alcançado para o Ensino Superior em Economia foram disciplinas com conteúdos 
técnicos e teóricos, que permitem uma formação mais clara para o futuro profissional. O conteúdo 
técnico passava por Matemática, estatística, econometria e pesquisa operacional. Já o conteúdo teórico 
abordava a microeconomia (teorias do consumidor e da firma, estruturas de mercado, preços e custos, 
entre outros) e a macroeconomia (contabilidade social, teoria da renda e do emprego, política monetária, 
política fiscal, comércio exterior, programação econômica e desenvolvimento econômico).
Figura 3 – Redes Elétricas: Infraestrutura, Crescimento e Desenvolvimento Econômicos
O economista e ex-ministro da Fazenda Eugênio Gudin proferiu em 1956 uma aula inaugural na 
Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, hoje, denominada Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), e o tema da aula foi a formação do economista. Gudin, engenheiro por formação, 
afirmou que se tornou economista não por vocação, mas pelo espírito público e dever cívico com seu 
país. Ele fez a seguinte referência:
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
O meu caso não é aliás singular. Para só citar outro exemplo, em plano 
muito mais elevado, mencionarei a referência que se encontra na biografia 
do grande Alfred Marshall, escrita por Lord Keynes. Marshall, refere Keynes, 
foi levado aos estudos econômicos pelo “generoso impulso para colaborar 
na grande tarefa de aliviar a miséria e a degradação das classes pobres da 
Inglaterra (GUDIN, 1956, p. 54).
Gudin (1956) defende o Decreto-lei nº 7.988, de 22 de dezembro de 1945, que, pela sua ótica, 
representa um dos maiores avanços para a formação e exercício da profissão de economista. Em seu 
relato, destaca que seguiu o caminho árduo de autoditada em seus estudos e percebeu o quanto é 
importante uma boa formação para exercer a profissão, fazendo, em alguns pontos, uma analogia com 
o campo da Medicina, por exemplo:
A Ciência Econômica como a Ciência Médica, com a qual tem grandes 
analogias, não pode ser condensada num manual de regras ou regulamentos 
aplicáveis a qualquer caso. O que a Faculdade pode e deve dar ao economista 
é uma caixa de ferramentas e ensinar-lhe a maneira de utilizá-las para a 
análise dos fatos econômicos, à luz de uma soma de conhecimentos teóricos 
essenciais.
Procedida a análise, feito o diagnóstico, vem então a terapêutica cuja 
execução prática no plano macroeconômico já escapa, as mais das vezes, à 
ação do economista.
A Ciência Econômica, talvez a mais positiva das ciências sociais, não escapa 
entretanto ao grau de complexidade que as caracteriza. Quando um 
astrônomo aprende uma vez a determinar uma latitude ou uma hora ou 
quando um engenheiro aprende a calcular uma viga metálica de determinado 
tipo, eles podem repetir a operação tantas vezes quiserem porque a solução 
é sempre a mesma.
Mas quando um médico tenha estudado o complexo funcionamento do 
organismo humano, ou quando um economista tenha se assenhoreado 
dos fundamentos da análise e das teorias econômicas, a aplicação desses 
conhecimentos exige, em cada caso especial, uma grande capacidade de 
discernimento, de critério e de perspicácia para formar diagnóstico seguro e 
indicar tratamento adequado em cada caso específico (GUDIN, 1956, p. 56).
A sólida formação teórica e prática, histórica e quantitativa na área das Ciências Econômicas é 
necessária, pois o objeto de estudo do economista não é estático, e sim dinâmico, e, em cada caso, os 
problemas econômicos apresentam singularidade. Nesse sentido, a formação em Ciências Econômicas 
exige um amplo saber e domínio de ferramentas capazes de explicar o objeto de estudo por vários 
ângulos e áreas como forma de entender sua origem e sua tendência no tempo. Em outro ponto, Gudin 
(1956, p. 61) chama a atenção para a diferença entre um economista e um banqueiro:
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Unidade I
O caso dos banqueiros é a esse respeito característico. Do fato de que 
eles lidam com moeda, concedem crédito e recebem depósitos[,] conclui-
se que eles estão habilitados a dirigir a Economia do país. Mas acontece, 
por desgraça, que dentro do próprio âmbito bancário, o funcionamento do 
Sistema Bancário como um todo é muito diferente do funcionamento de 
um banco isolado. Isto sem falar no desconhecimento (por nunca terem 
estudado) da teoria da macro ou da microeconomia (economia de um país 
ou economia de uma empresa).
 Saiba mais
Veja o texto do ex-ministro da fazenda Eugênio Gudin em:
GUDIN, E. A formação do economista. Revista Brasileira de Economia, v. 
10, n. 1, 1956. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/
rbe/article/view/1887/2660>. Acesso em: 30 mar. 2017.
Temos aqui uma analogia interessante, pois grande parte da sociedade pensa que a profissão de 
economista é um ofício para ser exercido no sistema financeiro, mais exatamente, em um banco. Mas 
um banqueiro entende de moeda e como acumular essa moeda. Sabe que, para elevar o lucro do banco, 
há necessidade de elevar seu passivo bancário, dando condições de elevar o ativo do banco por meio 
de empréstimos para os vários agentes da economia. Entretanto, o banqueiro entende apenas de uma 
parte do que os economistas chamam de lado monetário e financeiro e não tem domínio do lado real 
da economia e da sua dinâmica.
 Lembrete
As Ciências Econômicas é uma ciência social que estuda como é formada 
a organização econômica e as relações sociais entre os agentes (famílias, 
empresas, Estado e governos, setor externo). Nessa organização, a forma de 
produção funciona dentro de um fluxo circular da renda, que possui o lado 
real (mercado de bens e serviços e mercado de trabalho) e o lado monetário 
(moeda e os ativos financeiros). O banqueiro é especialista no lado monetário, 
entretanto, o economista é douto nos dois lados do fluxo.
Fica claro que o sistema financeiro é um dos objetos de estudos do economista, que poderá ser um 
banqueiro, mas a inversão dos papéis não ocorre caso o banqueiro não tenha se debruçado sobre os 
livros de Economia, sendo uma condição sine qua non para o economista o domínio da teoria econômica 
e a capacidade de análise da economiaaplicada. Mesmo que em seu texto defenda a pluralidade, Gudin 
chama a atenção da importância de os economistas dominarem o conhecimento além da Matemática 
básica, como geometria analítica ou os fundamentos de cálculo diferencial e integral. Como Keynes 
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afirmou (apud SKIDELSKY, 1999), o grande economista deve ser um pouco matemático e entender 
os símbolos e se expressar por palavras, o que, para Gudin, significa expressar-se com maior clareza e 
precisão por meio da linguagem gráfica e matemática.
A discussão e a regulamentação da formação do economista no Brasil seguem acompanhadas pelo 
Estado em pleno século XXI. O Ministério da Educação, por meio do Conselho Nacional de Educação e 
da Câmara de Educação Superior, publicou a Resolução n° 4, de 13 de julho de 2007, que instituiu as 
diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Ciências Econômicas em todo o país como 
forma de padronizar o ensino e garantir a formação exigida em todas as instituições de Ensino Superior 
públicas e privadas. Veja o que afirma em seus parágrafos 3º e 4º:
Art. 3º O curso de graduação em Ciências Econômicas deve ensejar, como 
perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender 
as questões científicas, técnicas, sociais e políticas relacionadas com 
a economia, revelando assimilação e domínio de novas informações, 
flexibilidade intelectual e adaptabilidade, bem como sólida consciência 
social indispensável ao enfrentamento de situações e transformações 
político-econômicas e sociais, contextualizadas na sociedade brasileira e no 
conjunto das funções econômicas mundiais.
Parágrafo único. O Bacharel em Ciências Econômicas deve apresentar 
um perfil centrado em sólida formação geral e com domínio técnico dos 
estudos relacionados com a formação teórico-quantitativa e teórico-
prática, peculiares ao curso, além da visão histórica do pensamento 
econômico aplicado à realidade brasileira e ao contexto mundial, exigidos 
os seguintes pressupostos:
I – uma base cultural ampla, que possibilite o entendimento das questões 
econômicas no seu contexto histórico-social;
II – capacidade de tomada de decisões e de resolução de problemas numa 
realidade diversificada e em constante transformação;
III – capacidade analítica, visão crítica e competência para adquirir novos 
conhecimentos; e
IV – domínio das habilidades relativas à efetiva comunicação e expressão 
oral e escrita.
Art. 4º Os cursos de graduação em Ciências Econômicas devem possibilitar 
a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências 
e habilidades:
I – desenvolver raciocínios logicamente consistentes;
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Unidade I
II – ler e compreender textos econômicos;
III – elaborar pareceres, relatórios, trabalhos e textos na área econômica;
IV – utilizar adequadamente conceitos teóricos fundamentais da ciência 
econômica;
V – utilizar o instrumental econômico para analisar situações históricas concretas;
VI – utilizar formulações matemáticas e estatísticas na análise dos fenômenos 
socioeconômicos; e
VII – diferenciar correntes teóricas a partir de distintas políticas econômicas 
(BRASIL, 2007).
 Saiba mais
Veja na íntegra o texto da Resolução n° 4, de 13 de julho de 2007:
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n° 4, de 13 de julho de 2007. 
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Ciências 
Econômicas, bacharelado, e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/rces004_07.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2017.
O professor de Economia Fernando Nogueira da Costa (2016, p. 14), em seu texto, descreve um 
depoimento pessoal em que comenta o seguinte:
Estudo Economia desde 1971, quando se iniciou a massificação dos cursos superiores 
e, em especial, a formação da subcasta dos economistas como sábios-tecnocratas. 
Depois de todo esse tempo, cheguei à simplíssima conclusão que um bom curso 
depende, fundamentalmente, do domínio da matéria e do didatismo do professor, 
criando motivação para o aluno estudar sob sua orientação, em aprendizagem 
ativa com seus pares. Esta área de conhecimento – Ciência Econômica – começou 
de maneira multidisciplinar no século XVIII como Economia Política (período 
clássico); depois, na virada do século XIX para XX, dividiu o trabalho de pesquisa 
com Ciências Afins e se tornou Economia Pura (período neoclássico); agora, no 
século XXI, está resgatando seu caráter interdisciplinar.
A partir de minha longa experiência profissional como docente e 
pesquisador[,] acho que um bom economista é aquele capaz de fazer uma 
abordagem pluralista[,] e não sectária. Possui conhecimentos e habilidades 
para trabalhar nos três níveis de abstração: teoria pura, teoria aplicada e 
capacitação de tomar decisões práticas.
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Costa (2016) apresenta dois quadros em que sintetiza o campo de atuação do economista e 
suas competências no século XXI. Neles, demonstra que a formação do economista deve seguir uma 
abordagem pluralista. Defende, no segundo quadro, que o estudante de Ciências Econômicas deve ter 
contato com várias correntes de pensamento econômico (ortodoxas e heterodoxas) em sua graduação.
O primeiro quadro mostrado por Costa, além de acentuar os objetos econômicos, organiza o campo 
de atuação do economista ao estruturar os conteúdos de forma didática, isto é, coloca o lado monetário 
e financeiro da Economia; logo depois, o lado real e disciplinas que estudam a dinâmica das variáveis de 
ambos os lados na economia doméstica e sua relação com o resto do mundo.
Percebe-se que os decretos de 1931 e 1945 contribuem para a Resolução nº 4 de 2007 e que, na 
análise de Costa, a pluralidade é uma condição necessária na evolução do ensino de Economia e na 
formação do economista. Isso se deve aos objetos de pesquisa em Economia, que, como comentamos, 
são dinâmicos e singulares, exigindo desse profissional uma formação ampla e sólida, capaz de abstrair 
a complexidade que o mundo real nos apresenta.
No segundo quadro, temos vários pensadores econômicos enquadrados numa escola de pensamento 
com posição diferente em cada objeto. Costa faz um exercício de estabelecer a posição política de cada 
escola, que podemos definir como ortodoxas, as posições de direita e centro-direita e de heterodoxas, as 
de centro, centro-esquerda e esquerda.
Quadro 1 – Temas fundamentais de um curso de Economia 
coerente com a abordagem pluralista
Decisões Resultantes
Preços e Moeda
Decisão de fixar a margem de lucro e/ou o preço Mercado de ativos e nível de preços
Decisão de carteira e financiamento Conceito de dinheiro
Estruturas de mercado Funcionamento do sistema bancário
Teorias da firma Criação (e multiplicação) da moeda
 Inflação
 Crise financeira
Produção e Emprego
Decisão de produzir: Nível de emprego e mercado de trabalho
Concepção clássica da divisão do trabalho e produtividade Teorias da determinação do salário
Teoria do valor-trabalho Teorias do desemprego
Fundamentos neoclássicos para a lei da oferta e da 
demanda
Funcionamento do mercado de trabalho não qualificado em 
uma economia atrasada
Fundamentos teóricos das Contas Nacionais Reflexos das transformações tecnoloógicas e econômico-financeiras recentes no mundo do trabalho
Gastos, Ciclo, Tendência do Crescimento e Desenvolvimento Econômico
Decisão de gastar: Crescimento e Desenvolvimento Econômico
Teorias do consumidor Teorias do desenvolvimento
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Determinantes do ciclo de investimentos Pensamento estruturalista sobre o desenvolvimento
Intervenção governamental e superávitdo comércio exterior 
para recuparação econômica Nova teoria do crescimento endógeno
Determinantes da tendência de crescimento em longo prazo Abordagem amigável do mercado
 Enfoque neoschumpeteriano do desenvolvimento
Relações Internacionais
Decisões de Políticas Macroeconômicas em Economia 
Aberta: Mercado de Câmbio e Balanço de Pagamentos:
Política monetária Conceitos e definições da taxa de câmbio
Política fiscal Cobertura do risco do câmbio
Combinação da política monetária, política fiscal e regimes 
cambiais em distintos graus de mobilidade de capital Fatores determinantes da taxa de câmbio
 Abordagem do balanço de pagamentos
Teoria do comércio internacional
Fonte: Costa (2016, p. 14)
Quadro 2 – Principais correntes do pensamento econômico contemporâneo
 Economia Política Neokeynesiana Póskeynesiana Síntese Neoclássica Monetarista/Novoclássica
Posição política esquerda centro-esquerda centro centro-direita direita
Representantes
Mandel, Sweezy, Dobb, 
Aglietta, Brunhoff, 
Boyer
Joan Robinson, 
Kaldor, Kalecki, Sraffa, 
Garegnani
Shackle, Welntraub, 
Davidson, Minsky, Kregel, 
Moore
Hicks, Tobin, Samuelson, 
Solow, Blanchard, 
Dornbusch
Friedman, Schultz, Stigler, 
Becker, Lucas, Sargent, Barro, 
Hayek
Moeda
ênfase nas forças 
reais, moeda como 
instrumento de poder
ênfase nas forças 
reais, moeda 
acomodacionista
forças reais e monetárias 
inter-relacionadas
moeda importa para 
quase tudo
somente a moeda importa
Taxa de salário
base de extração do 
excedente
âncora do sistema de 
preços
âncora do sistema de 
preços
um entre os vários 
preços
um entre os vários preços
Distribuição de 
renda
questão mais 
importante
objeto prioritário de 
estudo
sem destaque
resultante do sistema de 
equilíbrio geral
não é objeto de exame 
científico
Teoria do capital
acumulação depende 
do exército industrial 
de reserva
acumulação depende 
do conflito distributivo
teoria da escassez (quase 
rendas)
teoria da produtividade 
marginal
funções de produção bem 
comportadas
Teoria do emprego
possível qualquer nível 
de emprego; ênfase no 
crescimento com pleno 
emprego
possível qualquer nível 
de emprego; pleno 
emprego é meta
possível qualquer nível 
de emprego; pleno 
emprego geral crise
assumido o pleno-
emprego; desemprego é 
situação de desequilíbrio 
temporário
assumido o desemprego 
natural a longo prazo; a curto 
prazo depende da ilusão 
monetária
Inflação
devido a choque 
de custos e/ou de 
margens de lucro
devido ao conflito 
distributivo
devido a expectativas 
incertas
a curto prazo, trade-off 
com desemprego; a 
longo prazo, inercial
 
Papel do governo
regulação do mercado 
ou socialização dos 
meios de produção
políticas de controle de 
rendas
políticas de gastos 
públicos contraciclo
laissez-faire exceto para 
alguns macrocontroles 
ocasionais
laissez-faire ou livre-mercado
Fonte: Costa (2016, p. 15).
No entanto, é importante afirmar que cada escola de pensamento econômico tentou descrever o 
funcionamento da economia e responder a um problema econômico em um dado tempo e território. Os 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
vários modelos econômicos partem de pressupostos diferentes, alguns consideram que a economia está 
no pleno emprego e outros que possuiu um equilíbrio abaixo do pleno emprego.
O campo de debate permanece na teoria e na retórica, em que a economia aplicada fica de lado. É 
aqui que a pluralidade ganha um espaço necessário a partir da reflexão e quebra de paradigmas teóricos 
e avanço das Ciências Econômicas. O debate com pluralidade leva ao avanço das Ciências Econômicas 
porque a abordagem plural é intrínseca a esse tipo de conhecimento e à profissão de economista.
Os campos de atuação do profissional estão se abrindo devido à visão plural, por exemplo, a psicologia 
econômica vem ajudar as Ciências Econômicas a lidar com o pressuposto de racionalidade plena em um 
mundo em que milhões de pessoas pagam juros, ou seja, pagar juros não é racional, mas é resultado 
de uma necessidade e decisão condicionada às necessidades ilimitadas versus os recursos limitados dos 
agentes econômicos que carregam componentes emotivos, sendo exigida uma conversa entre a teoria 
econômica e a psicologia.
 Saiba mais
Veja o texto do economista e professor Fernando Nogueira da Costa:
COSTA, F. N. da. Formação do economista no Brasil contemporâneo. 
Texto para Discussão, Unicamp – Instituto de Economia, Campinas n. 
279. set. 2016. Disponível em: <www.eco.unicamp.br/docprod/downarq.
php?id=3482&tp=a>. Acesso em: 31 mar. 2017.
2 A FORMAÇÃO DA CARREIRA
2.1 Introdução
Anteriormente, abordamos de forma breve a importância e as características da formação teórica 
e prática, bem como histórica e quantitativa, no campo das Ciências Econômicas; além de discutirmos 
como esses elementos se inter-relacionam com a dimensão ética da profissão e suas repercussões 
sobre questões como responsabilidade social. Agora, iremos aprofundar um pouco a discussão sobre as 
competências essenciais vinculadas à formação de um economista, bem como os desafios em superar o 
“economês” como língua nativa da profissão.
Contudo, é pequena a disponibilidade de material voltado especificamente para a discussão 
da atuação profissional do economista e do perfil dessa profissão. Sim, não é difícil encontrarmos 
economistas narrando suas experiências ou trajetórias profissionais particulares, mas um apanhado 
geral da atuação é outra história.
Mesmo fora do Brasil, são poucos os trabalhos voltados para essa tarefa. Um trabalho de 
destaque e que buscou superar essa limitação é o dos economistas David Colander e Arjo Klamer, 
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Unidade I
que, no fim dos anos 1980, publicaram um artigo (COLANDER; KLAMER, 1987) sobre a profissão 
de economista e que rapidamente se tornou um livro quase de leitura obrigatória para futuros 
economistas estadunidenses.
 Saiba mais
O livro The Making of an Economist (COLANDER; KLAMER, 1990) 
apresenta uma discussão geral sobre a natureza da profissão de 
economista. Alguns capítulos muito interessantes destacam os resultados 
de uma pesquisa empírica com estudantes de graduação e, por fim, há 
uma análise sobre a educação no Ensino Superior de Economia. Uma nova 
edição atualizada, lançada nos anos de 2000 e que pode facilmente ser 
encontrada na internet, oferece um panorama muito interessante sobre a 
graduação em Economia no exterior:
COLANDER, D.; KLAMER, A. The making of an economist. Boulder Colo: 
Westview Press, 1990.
Um aspecto curioso, e relevante, é que nos Estados Unidos da América (assim como em outros países, 
por exemplo, Japão e Alemanha) não existe graduação em Administração (business), essa é apenas uma 
opção na pós-graduação. É justamente por isso que Colander (2007) aponta (em particular para o 
caso estadunidense) que aparentemente qualquer um pode ser um economista, afinal não existiriam 
requerimentos formais muito precisos para se tornar um economista.
Além dessa característica, mais evidente fora do Brasil, mesmo se considerarmos nosso caso 
doméstico, não existe um livro específico, uma prova ou mesmo um corpo de conhecimentos que uma 
pessoa deveria necessariamente dominar para se intitular economista.
Uma problematização interessante colocada por Colander (2007) relaciona-se justamente com a 
questão da prática dos economistas, que, dada à inexistência de um corpo de conhecimento estrito e 
preciso a ser dominado, como ocorre em algumas outras formações como Medicina e Direito, a atuação 
do profissional torna-se bastante ampla e diversificada (o que será discutido detalhadamente mais 
adiante).
Um aluno pragmático poderia questionar então o seguinte: “se o objetivo da economia é entender 
como os mercados funcionam, por que não ir para a bolsa de valores e aprender efetivamente como 
se dá essefuncionamento”? Essa pergunta pode parecer bastante incisiva e crítica, mas ela carrega 
alguns elementos que a própria ciência econômica se propôs a responder no decorrer da história de sua 
existência como um corpo autônomo e particular de conhecimento humano.
Um professor de Economia mais cético poderia responder ao seu aluno pragmático e participativo 
o seguinte: “mas se o objetivo é entender os mercados, por que escolher justamente os mercados 
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financeiros? Por que não ir vender sorvete na praia ou mesmo trabalhar em uma oficina mecânica, que 
são dois ramos da chamada economia real?” Depois da brincadeira sobre vender sorvetes na praia, o 
professor seria obrigado a responder de forma mais precisa e adequada: “infelizmente, não é apenas 
mergulhando na prática, apesar de todo o afinco que tenhamos, que se aprende economia”.
Suspeitando um pouco da postura do professor, o aluno poderia reformular sua pergunta para outra 
direção: “então, ler todos os grandes economistas do passado – Adam Smith, David Ricardo etc. – é a 
forma correta de se aprender economia”?
O velho professor, mais uma vez, se veria obrigado a frustrar seu aluno. Como aponta Colander (2007), 
a resposta poderia ser mais ou menos a seguinte: “bem, isso não vai atrapalhar, mas provavelmente 
também não ajudará tanto assim”.
Após esse diálogo descontraído com seu aluno, o professor se veria na tarefa de expor e explicar um 
pouco as características da formação e as competências essenciais de um economista, e é justamente 
isso de que trataremos a seguir.
2.2 Formação e competências essenciais
Basta uma breve observação dos noticiários (destacadamente jornais – impressos, digitais ou 
televisivos) para reconhecermos como economistas se fazem presentes. A taxa de inflação tende a cair 
com a última medida do governo? Esse novo imposto terá impactos sobre o custo de vida médio dos 
brasileiros? A tendência é de alta ou queda do preço do dólar?
Contudo, se seguirmos nossa observação por um pouco mais de tempo e, especialmente, se 
expandirmos nossa amostra de economistas que se apresentam nas mídias, poderemos identificar 
significativas diferenças entre as suas “opiniões”.
Para simplificar a argumentação, podemos tentar reduzir as origens dessas diferenças de opinião 
entre economistas a três razões (todas elas envoltas em suas polêmicas específicas): a teoria econômica, 
o pluralismo metodológico existente na ciência econômica e a possível existência de viés ideológico nas 
análises produzidas.
2.2.1 A importância da teoria econômica
A primeira, e possivelmente a mais relevante, razão que explica as diferenças entre os economistas, 
se refere à teoria econômica esposada por eles.
Como comenta Hal R. Varian (1993), praticamente ninguém reclama de poesia, música ou mesmo de 
astronomia como sendo inúteis, mas é usual escutar reclamações sobre o esoterismo e a inutilidade da 
teoria econômica. Varian destaca que o papel da teoria dentro da Economia (Economics) não é apenas 
o de satisfação intelectual ou uma busca secundária de explicações meio esotéricas. A teoria é parte 
essencial do ensino e da pesquisa em Economia.
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Unidade I
Um motivo relativamente simples da importância da teoria é sua capacidade de substituir muitos 
dados concretos. Não são raros os casos com que somos obrigados a trabalhar com hipóteses definidas 
no âmbito teórico para analisar fenômenos altamente complexos para os quais a disponibilidade de 
dados é escassa ou, quando não, inexistente.
Tomemos um exemplo oferecido por Varian (1993): suponha que queiramos determinar como o preço 
de mercado de um bem vai reagir em relação a uma alteração na tributação. Nós poderíamos recorrer 
às ferramentas disponíveis pelos métodos quantitativos (que veremos com mais detalhes adiante) e 
estimar esse impacto através de uma análise de regressão (fique tranquilo, voltaremos a discutir isso 
com calma) colocando os preços contra a taxa de imposto. A equação de regressão poderia ser usada 
para examinar qual seria o impacto da variação da tributação sobre o preço de mercado do bem.
Todavia, há um problema: nós raramente dispomos de dados capazes de satisfazer nossas condições 
de análise. Não que não tenhamos informações sobre preços ou sobre impostos, a questão é que as taxas 
cobradas pelos impostos não mudam tanto assim no tempo e, portanto, nossa base de dados pode ser 
muito limitada para dar um resultado estatisticamente confiável.
Contudo, nós sabemos, e a teoria econômica mais genérica propõe, que as pessoas se preocupam 
mesmo é com o preço final (ou total) do bem (o preço do bem mais o imposto), logo, nós poderíamos 
estimar, de forma muito mais simples, a elasticidade-preço e tentar prever, a partir da teoria, qual seria 
a variação do preço com a alteração da taxa cobrada pelo imposto.
Como aponta Varian (1993), ao usar a elasticidade, nós também usamos uma teoria sobre o 
comportamento do consumidor, segundo o qual as pessoas vão responder à alteração da taxa do mesmo 
modo que elas responderiam a uma elevação do preço do bem.
Outro motivo de destaque para a teoria é que, ao contrário da empiria, ela é capaz de fornecer 
previsões confiáveis sobre o comportamento futuro de fenômenos, isto é, ela permite que a análise 
extrapole a simples previsão baseada nas observações já existentes (que, na verdade, são quase todas 
observações provenientes do passado).
Essas breves considerações nos permitem vislumbrar por que a área de teoria econômica é, apesar 
das críticas, um dos alicerces dos cursos de Economia. É ela que oferece ao estudante os principais 
modos de entendimento da realidade, formas de endereçar problemas, métodos de construção de 
soluções e superação de problemas enfrentados no mundo real – além de fornecer os elementos básicos 
de diferenciação e debate entre as tradições de pensamento econômico.
Em linhas gerais, podemos dividir a teoria econômica em pelo menos três grandes ramos, com seus 
pontos de contato, de conflito e de explicações alternativas:
Macroeconomia
A macroeconomia, com seus paradigmas de interpretação e programas de investigação científica 
diferentes – como a macroeconomia de matriz neoclássica, a de matriz keynesiana original, a de 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
síntese neoclássica etc.; além de abordagens concorrentes dentro de um mesmo grande programa de 
investigação – por exemplo, a macroeconomia nova clássica e a nova macroeconomia política.
Como aponta Varian (1993), a Economia pode sim ser vista como uma ciência política. Uma das 
contribuições da teoria macroeconômica é justamente oferecer elementos de compreensão e avaliação 
de políticas econômicas e mesmo de cenários macroeconômicas mais prospectivos.
Microeconomia
Usualmente ensinada a partir da tradição de pensamento neoclássico, desde seus elementos mais 
básicos e tradicionais (discussão sobre utilidade e comportamento dos agentes) até suas derivações 
mais modernas (escolhas sob incerteza, teoria dos jogos etc.). A microeconomia comporta também uma 
visão crítica de si mesma, problematizando os limites de análise impostos pelas restrições dos próprios 
modelos e a discussão da estrutura e funcionamento concreto de mercados.
Economia Política
Para além dessa divisão mais simples (macro e micro), existe um conjunto de disciplinas teóricas 
responsáveis por aprofundar o conhecimento e a formação teórica do estudante de Economia e que envolve 
a interação entre essas dimensões mais gerais discriminadas anteriormente. Por exemplo, há bastante 
discussão no campo da Economia internacional sobre a consistência e adequação dos modelos derivados 
de análises macroeconômicas, a necessidade, ou não,de fundamentação microeconômica para análises 
de âmbito internacional, bem como a existência de grupos de interesse e relações de poder usualmente 
ausentes do debate macroeconômico tradicional, mas que é bastante problematizado pela economia 
política internacional. Ou seja, a Economia Política não está apenas na disciplina que carrega esse nome, 
ela se apresenta nas discussões sobre economia e meio ambiente, nas análises sobre desenvolvimento 
socioeconômico, no campo da integração da Economia com outras áreas de conhecimento etc.
Poderíamos incluir ainda a História do Pensamento Econômico, que permite ao estudante refazer, 
através de uma reconstrução histórica dos debates econômicos, os desenvolvimentos e crises dos 
programas de investigação teórica aprendidos no curso de Economia, bem como oferecer condições 
para que o estudante compreenda os termos de debates travados nas Ciências Econômicas.
E, por fim, como parte do núcleo duro de Economia, podem-se destacar os métodos quantitativos, 
particularmente a econometria, mas este é um ponto de que trataremos especificamente mais adiante.
Voltemos à importância da teoria. Os resultados alcançados com a pesquisa de Colander e Klamer 
(1990) e refeita por Colander (2007) 15 anos depois (apresentada no livro The Making of an Economist) 
atestaram que a maioria (68% em 1990) dos estudantes pesquisados nos Estados Unidos consideravam 
um conhecimento detalhado de Economia como desimportante, bem como acreditavam mesmo que um 
conhecimento mais geral da literatura econômica também era desimportante (43% em 1990). Ou seja, 
essa percepção que muitos professores de Economia têm sobre o interesse dos alunos pela dimensão 
teórica (e, no seu sentido mais fraco, id est, na literatura econômica) foi, pelo menos para os Estados 
Unidos, relativamente confirmada pelos alunos pesquisados.
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Contudo, esse não é o único dado interessante (especialmente se quisermos um panorama mais 
amplo de que simplesmente satisfazer aquele professor que gostaria apenas de confirmar sua percepção 
sobre aquela turma com que ele não se dá tão bem). Quando observamos as respostas para a importância 
dada a “ser esperto, no sentido de ser bom em resolver problemas”, a maioria absoluta considerou ser 
muito importante (65% em 1990).
Outro aspecto que torna o livro de Colander (2007) interessante é justamente o fato de ele ter 
reproduzido a pesquisa um tempo depois, o que pode nos oferecer alguns insights sobre as tendências na 
percepção dos próprios estudantes. Se observarmos os dados extraídos em 2005, veremos uma queda no 
peso atribuído pelos alunos ao simplesmente “ser esperto, no sentido de ser bom em resolver problemas” 
(o muito importante cai de 65% para 51%), e um aumento no critério “ser interessado, e bom, em 
pesquisa empírica” (a resposta “muito importante” sobre de 16% para 30%, e o “desimportante” cai de 
23% para 12%).
Em princípio, a pesquisa (COLANDER, 2007) apontaria no sentido de reforçar a visão de que a 
formação do economista, ao menos nos Estados Unidos, acaba sendo eminentemente técnica, uma 
percepção que estaria em sintonia inclusive com as expectativas e com a relevância atribuída pelos 
próprios alunos; por exemplo, na pesquisa de 1990, 57% dos entrevistados consideravam a excelência 
em Matemática como muito importante. Contudo, um comparativo entre as repostas em 1990 e 2005 
para as questões colocadas pela pesquisa nos oferece um panorama (e uma linha de tendência, ainda 
que tênue) um pouco diferente: a ampliação na compreensão da importância da capacidade de realizar 
pesquisas empíricas e uma queda (dos 57%, em 1990, para 30%, em 2005) na consideração da mera 
excelência matemática como algo muito importante (o que, segmentado por anos na graduação, é 
ainda mais destacada no último ano, em que esse número cai para 18%).
Tudo bem, podemos fazer de conta que a pesquisa de Colander sinaliza alguma coisa também para nosso 
caso aqui no Brasil (essa extrapolação não pode ser feita cientificamente, mas podemos utilizá-la como 
uma referência mais informal em nossa discussão). Apesar de uma tendência de queda, ainda é grande a 
quantidade de estudantes que não consideram tão importante assim o conhecimento, mais preciso ou mesmo 
mais amplo, da literatura econômica (ou, mais precisamente, da teoria econômica). Não é difícil ocorrer de os 
professores escutarem críticas no sentido de que o curso de Economia é muito teórico.
Essa é uma das razões pelas quais, caso façamos uma breve pesquisa na internet, não encontraremos 
muito material sobre a atuação profissional do economista de uma forma sistematizada. Por outro lado, 
caso façamos uma busca sobre a importância da teoria econômica, os resultados serão enormes.
Já vimos que um dos usos da teoria econômica é atuar como um substituto científico rigoroso 
quando não dispomos de dados, ou quando a observação concreta da realidade for tão complexa que 
não nos permitiria avançar tanto no conhecimento usando apenas ferramentas empíricas.
É possível destacar também outro elemento, que, no cotidiano de nossa formação, acabamos nem 
dando tanta atenção, já que rapidamente nos habituamos com ele, mas é algo alcançado através da 
teoria. Trata-se do peso e da importância dos parâmetros de análise. Para esclarecer esse ponto, sigamos 
o texto de Varian (1993) um pouco mais.
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Tomemos a curva de Laffer. Ela apresenta de forma estilizada a relação entre receita tributária e 
carga tributária; a receita tributária aumenta quando a carga tributária se expande somente até certo 
ponto, a partir do qual a continuidade da elevação da carga tributária passa a reduzir a receita tributária 
(o raciocínio é que um nível de impostos muito alto compromete a atividade econômica e, com isso, a 
arrecadação). Para rememorar, a seguir, um desenho da curva de Laffer.
Re
ce
ita
 tr
ib
ut
ár
ia
Carga tributária
t* 1000
Figura 4 – Curva de Laffer
A curva de Laffer, segundo Varian (1993), pode demonstrar tanto a boa quanto a má teoria 
econômica. A sua má utilização é justamente inferir que, como o efeito de Laffer (o lado direito da 
curva, em que a elevação da carga tributária reduz a receita) pode ocorrer, ele realmente ocorre, isto 
é afirmar, em qualquer situação, que a elevação de impostos é prejudicial para a atividade econômica. 
Uma boa utilização da teoria seria empregando a noção de elasticidade, estimar os parâmetros e, com 
isso, as situações nas quais o efeito de Laffer pode efetivamente acontecer. Além disso, é indispensável 
compreender como, teoricamente, é possível construir uma curva de Laffer (o que implica modelagem 
prévia de situações mais amplas de equilíbrio, que aprendemos em macroeconomia – num modelo mais 
simples, é necessário, com uma carga tributária na margem de 50%, que a elasticidade na oferta de 
trabalho seja igual a 1).
Há ainda uma série de boas razões que denotam a importância de uma sólida formação teórica: 
a teoria pode produzir boas intuições sobre fenômenos, mesmo com poucos elementos concretos 
compilados para análise, pois ela oferece métodos confiáveis de resolução de problemas e obtenção de 
alternativas etc. Numa situação histórica em que se tornou quase um truísmo afirmar que as mudanças 
são constantes e se dão em alta velocidade, ter à sua disposição um conjunto de teorias econômicas 
que possam ser utilizadas em cenários dinâmicos e com baixa disponibilidade de tempo para encontrar, 
compilar e analisar um conjunto imenso de informações é algo que não pode ser considerado pouco 
importante.
Na verdade, essa é uma marca de diferenciação do profissional em Economia, sua capacidade de 
utilizar a abstração a seu favor com vistas a resultados razoavelmente seguros.
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2.2.2 A importância do pluralismo no ensino de Economia
A questão do pluralismo metodológico no ensino de Economia é um ponto previsto inclusive na 
resolução do Ministério da Educação (MEC), com o intuito de manter o ensino coerente com o caráter 
plural das Ciências Econômicas (parágrafo 3, inciso 2 da resolução).
Ainda que, no Brasil, o pluralismo no ensino de Economia, isto é, a oferta de opções e conteúdos 
provenientes de múltiplas tradições de pensamento econômico ocorra (pois se encontra previsto nos 
normativos legais), essa afirmação não pode ser tão facilmente extrapolada, tanto no nível de pós-
graduação e mesmo de graduação em outros países.
São recorrentes as discussões, na metodologia da economia ou sobre a situação do ensino de Economia, 
em defesa do pluralismo, além de manifestos e oposições organizadas, inclusive por estudantes, contra 
um pensamento único, tido como exclusivamente correto e adequado para qualquer situação histórica 
e espacial (a mesma teoria e suas implicações que valeriam para os Estados Unidos, valeriam para o 
Brasil e mesmo para Ruanda).
Um caso que recebeu significativo destaque foi a petição on-line de um protesto de estudantes 
franceses em junho de 2000 (muito antes da crise econômica de 2007-2008, em que ficou patente como 
uma série de modelos teóricos falharam retumbantemente em prever e até suspeitar que poderíamos 
estar à beira de uma crise de tais proporções). Essa petição não se originou de um grupo pequeno e 
pouco expressivo de estudantes, mas sim das grandes escolas francesas (onde é formada parte da elite 
da profissão na Europa). O protesto era contra a falta de realismo no ensino de Economia, o domínio 
repressivo da teoria neoclássica e abordagens dela derivadas, o dogmatismo no estilo de ensino de 
Economia (sem espaços para crítica e reflexões) e o tratamento da Matemática como um fim em si 
mesmo, fazendo com que a ciência se perca em mundos imaginários, tornando-se uma “ciência autista”. 
Foi justamente através dessa caracterização que o movimento assumiu o nome de Movimento Pós-
autista em Economia (FULLBROOK, 2003).
Sendo um manifesto proveniente de escolas detentoras de grande prestígio e com concorridos 
e criteriosos processos seletivos, a desqualificação mais usual, que é reclamar e questionar que o 
pensamento dominante se deve ao fato do pouco domínio de Matemática, não pode ser utilizada. O 
problema não era não saber Matemática, mas sim o irrealismo e a formalização estéril que caracterizava 
a teoria econômica dominante ensinada.
A causa desses estudantes se expandiu rapidamente, recebendo apoio de professores, economistas 
proeminentes e grupos de graduandos e pós-graduandos mundo afora (FULLBROOK, 2003). De uma 
petição on-line com um pequeno manifesto surgiu um movimento de resistência ao dogmatismo e a 
favor do pluralismo, com variadas publicações (revistas, livros, simpósios, mesas de debate em congressos 
etc.) e o engajamento de economistas de diversas partes do mundo, sendo necessário o envolvimento 
inclusive de autoridades estatais (especialmente na França), responsáveis pela regulação e normatização 
do ensino, com o indicativo de reformas a serem realizadas no ensino de Economia.
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De uma crítica à teoria neoclássica e à formalização matemática estéril, o movimento de desdobrou 
para um conjunto de reflexões propositivas, largamente orientadas pela defesa do pluralismo no ensino 
de Economia.
Um livro editado por Edward Fullbrook (que se envolveu com movimento logo no seu início) aborda 
os primeiros 600 dias do movimento pós-autista. Hugh Stretton (2003) apresenta sinteticamente o que 
seriam os cinco passos básicos de uma teoria do pluralismo. Num tom jocoso, inspirando-se da forma 
discursiva tradicional a abordagens neoclássicas, Stretton organiza seu argumento da seguinte maneira:
• Sendo a dinâmica econômica complexa, alguns elementos dela são mais fáceis de conhecer do 
que outros. Ninguém é capaz de saber tudo sobre os bilhões de ações e transações diárias que 
constituem tal dinâmica. Assim,
• Qualquer investigação sobre ela deve selecionar quais atividades efetivamente investigar, em 
que direção e quão longe, para poder delinear as suas causas e condições necessárias. Isso 
significa avaliar que linguagem, identidades, categorias e simplificações devem ser usadas. O 
que se espera do conhecimento, sua utilização, também é um aspecto relevante; o que é um 
modo de afirmar que valores e propósitos da investigação não são unanimidade e estão sujeitos 
a controversas. Assim,
• As suas descobertas serão provavelmente tão controversas quanto aos valores e propósitos 
que moldaram a pesquisa. Isso não implica que elas sejam falsas, ou mesmo que as conclusões 
opostas sobre assuntos semelhantes devam necessariamente se contradizer. As contradições só 
se estabelecem se uma das partes (no caso os neoclássicos) insistir que apenas a análise dela é 
verdadeira ou a única política viável, estando todos os demais equivocados. Disso segue,
• Que as democracias que valorizam a liberdade de pensamento e de expressão, bem como o acesso 
ao governo de interesses e opiniões conflitantes, devem encorajar uma amplitude similar para tal 
acesso e para as discordâncias na sua educação econômica. E,
• Nas democracias que dão status de especialista a seus cientistas sociais, há relações críticas entre 
o interesse próprio e o exercício desinteressado da especialidade, seja entre grupos conflitantes 
como entre as mentes de seus membros individuais. É importante que essas relações sejam 
compreendidas, reconhecidas e estudadas na educação dos economistas (STRETTON, 2003).
Esse pequeno quadro desenhado por Stretton (2003) oferece um panorama expressivo do significado 
da pluralidade e dos motivos de os economistas poderem discordar em assuntos aparentemente simples. 
Ele trata da complexidade de nossa área de atuação, do exercício democrático, não só fora da sala de 
aula, mas também nos nossos momentos de estudos, estimula o debate entre posições diferentes e 
o exercício da alteridade (um aspecto ético indispensável: reconhecer as diferenças e características 
próprias dos outros) e ainda menciona como a questão do possível viés ideológico, ao invés de ser 
escamoteado, como uma doença da qual não se fala e não se trata, esperando que assim ela se vá, deve 
sim ser objetivo de reflexão e estudo na educação dos economistas.
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2.2.3 A possibilidade de viés ideológico
Para examinarmos a próxima razão pela qual os economistas podem divergir entre si, muitas vezes, 
em tópicos aparentemente simples (por exemplo: “é a taxa de inflação de 6,5% ao ano tão prejudicial 
assim para a economia se comparada a uma taxa de 5%”? “Pouco mais de um ponto percentual é 
motivo de preocupação e alteração da rota de política econômica”?), podemos seguir um pouco mais a 
proposição de Varian (1993) de pensar a ciência econômica como uma ciência política.
Uma das razões da atratividade dos economistas e uma reivindicação e compromisso da ciência 
econômica está em se propor a descrever as condições econômicas para melhoria da vida das pessoas. 
São poucas as ciências que podem assumir compromissos tão nobres.
Sem embargo, por trás desses tão nobres compromissos declarados, há uma ampla discussão sobre 
a influência de viés ideológico na ciência econômica. Uma colocação relativamente cética nos permite 
ter um vislumbre do problema:
Ora, segundo Varian (1993) a ciência econômica pode ser vista como uma ciência política e estaria 
voltada para a melhoria da vida das pessoas. Contudo, “as pessoas” é um grupo muito grande e muito 
heterogêneo, que pode ser composto de subgrupos com interesses diferentes, conflitantes, concorrentesou mesmo antagônicos. Assim, diferente de um “dentista”, que tem um problema individual em sua 
frente para o qual a resposta é impreterivelmente resolver e melhorar as condições de vida de seu 
paciente particular, no caso da Economia, é sim um pouco mais complicado.
 Observação
Uma boutade (tirada, brincadeira) dita por John M. Keynes era a de que 
os economistas deveriam ser como dentistas. Isto é, assim como os dentistas 
podem melhorar a vidas das pessoas, também poderiam e deveriam os 
economistas. Essa brincadeira é resgatada no texto de Varian (1993), que 
aponta como não existem tantos trabalhos de metodologia da odontologia 
ou interesses de filósofos da ciência quanto há na ciência econômica.
O primeiro desafio é justamente estabelecer um conceito de ideologia. Por exemplo, se considerarmos a 
ideologia como um conjunto de práticas, não necessariamente conscientes ou evidentes, mas que reproduzem 
uma forma de dominação social, ou que garantem sub-repticiamente benefícios materiais para quem segue 
tais práticas, seremos obrigados a reconhecer a existência de ideologia em tudo, o que significa inclusive 
considerar a própria definição que estabelecemos de ideologia como uma definição ideológica.
De forma simples, como propõe Colander (2004), ao invés de tratarmos de ideologia na Economia, 
podemos trabalhar com a referência a graus de viés ideológico, já que seria de pouca utilidade condenar 
um campo das ciências sociais ou humanas como ideológico, na medida em que sempre haverá tensões 
entre a declaração do profissional baseada em argumentos científicos e os possíveis interesses materiais 
imiscuídos na sua prática.
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Como vimos na subseção anterior, sobre o pluralismo na Economia, uma forma de colocar a questão 
de possível viés ideológico presente na teoria ou na prática de economista é expondo esse debate 
através do confronto de ideias e exercício de uma formação plural.
Contudo, há um aspecto curioso, que se mantém apesar da prática ou não do pluralismo, que é 
a compreensão difundida entre os economistas de que sua profissão é eminentemente técnica. Em 
outras áreas próximas de conhecimento, como as Ciências Sociais, essa confiança é constantemente 
problematizada e, com isso, os próprios métodos de análise e certeza no caráter científico da atividade 
são também permanentemente colocados em debate.
Não é necessária muita imaginação ou esforço para percebermos que a ciência econômica e a prática 
dos economistas estão constantemente envolvidas em questões políticas (seja de formulação, seja de 
deliberação sobre estratégias econômicas adequadas). Como as prescrições políticas são inevitavelmente 
orientadas por valores, um juízo de valor do tipo “deve ser” só pode ser derivado de outro juízo do 
mesmo tipo (“deve ser”), e jamais de um juízo positivo do tipo “é”. Essa é uma discussão antiga no 
campo da metodologia da ciência e com certo destaque na metodologia da economia, especialmente na 
diferenciação entre economia positiva (que operaria com juízos do tipo “é”, descritivos, livres de juízos 
de valor e científicos) e economia normativa (que trabalharia com juízos do tipo “deve ser”, prescritivos, 
marcados por juízos normativos e muito mais próxima da arte política do que de uma ciência pura).
O desafio da atuação do economista é conseguir transitar com desenvoltura num ambiente prático 
em que essas fronteiras não são tão claras como quando são apresentadas teórica e abstratamente.
Como veremos mais adiante em atuação profissional, especialmente sobre atuação no setor 
público, a ideia que muitos economistas têm, quase como uma autoilusão, de que eles não se envolvem 
diretamente com política (no sentido mais trivial), se vendo como analistas técnicos, têm perdido 
muito força no ambiente prático. São justamente competências voltadas para questões relacionais, 
de mediação e interação (política) que têm ganhado destaque – e não só no setor público. Claro, isso 
não significa afirmar que o conhecimento técnico-formal perdeu sua importância, mas simplesmente 
reconhecê-lo como um pré-requisito quase que obrigatório, e não como o grande diferencial. Aliás, 
seguiremos com essa discussão mais adiante.
2.2.4 As competências essenciais
Dentre as competências essenciais necessárias ao estudante de Economia, podemos destacar a 
capacidade de adaptação e de flexibilidade na manipulação das ferramentas intelectuais. O dogmatismo 
é adversário de qualquer ciência.
 Observação
Não devemos confundir a flexibilidade intelectual, que é nossa 
capacidade de selecionar, manipular e aplicar um conjunto variado de 
conhecimentos (que muitas vezes são apresentados separadamente), com 
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flexibilidade moral, que pode entrar em choque com a dimensão ética da 
profissão. Uma coisa é manipular os conhecimentos com vistas a produzir 
novos conhecimentos, o que é uma das características da razão, outra coisa 
completamente diferente é manipular informações e/ou dados com vistas 
a corroborar com uma posição questionável em uma postura antiética.
O aprendizado de paradigmas de interpretação da realidade diferentes, mesmo que de forma 
secundária, permite ao estudante desenvolver outra competência importante: uma consciência social 
voltada para o enfrentamento de transformações político-econômicas e seus impactos sobre as formas 
de vida e interação dos nossos famigerados agentes econômicos.
2.3 Pensar a ciência econômica: uma visão geral
A questão de pensar a ciência econômica, sendo uma de suas implicações a possibilidade de pensarmos 
também a prática dos economistas, não é um tópico tão novo no debate entre economistas e entre 
tradições diferentes de pensamento econômico. Contudo, curiosamente, esse não é um tema tão difundido 
e evidenciado, por exemplo, como as diferentes abordagens ou instrumentos de política monetária e seus 
efeitos sobre variáveis econômicas que aprendemos em macroeconomia e em economia monetária.
Muito do debate sobre como pensar a teoria e a prática na ciência econômica acabou sendo 
historicamente confinado a discussões sobre metodologia da economia ou simplesmente como 
uma parte menor na história do pensamento econômico. Sem embargo, o exercício de (re)pensar 
a ciência econômica é ainda um tema bastante atual e revisitá-lo, à luz de casos recentes, pode 
contribuir significativamente para uma visão geral dos desafios e potencialidades de atuação 
profissional dos economistas.
Inicialmente, voltemos um pouco na história. Afinal, essa é também uma oportunidade para revisarmos 
alguns pontos importantes do que vimos até o momento na graduação em Ciências Econômicas.
John Stuart Mill (1974) é considerado como o primeiro pensador a se debruçar exaustivamente 
sobre questões relacionadas ao método da economia política, além de procurar estabelecer o campo 
exato da ciência econômica.
Contudo, talvez a obra de maior impacto sobre a ciência econômica tenha sido a publicação de O 
Capital, por Karl Marx, ainda em 1964. A despeito de avaliações morais que possamos formar sobre 
os efeitos concretos da produção teórica de Marx sobre a sociedade, não podemos simplesmente 
desqualificá-lo como interlocutor, por corrermos o risco de deixarmos escapar algumas questões e 
mesmo parte da capacidade de diálogo sobre a sociedade em que vivemos.
Lembremos que o subtítulo de O Capital é “crítica da economia política”. Nessa obra, o autor alemão 
não apenas apresenta um novo objeto de análise, diferente daquele trabalhado tradicionalmente pela 
economia política de seu tempo, como também faz duras críticas (teóricas e metodológicas) a seus 
antecessores (por exemplo, David Ricardo, Jean-Baptiste Say e outros).
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TÓPICOS

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