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RE 601 314 SP com grifot

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Ementa e Acórdão
24/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
RECTE.(S) :MARCIO HOLCMAN 
ADV.(A/S) :LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) :UNIÃO 
ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
AM. CURIAE. :SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS 
DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL - SINDIFISCO 
NACIONAL 
ADV.(A/S) :ALEXANDRE BAPTISTA PITTA LIMA 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE 
POLÍCIA FEDERAL - ADPF 
ADV.(A/S) :ANTONIO TORREÃO BRAZ FILHO E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :CONSELHO FEDERAL DA OAB - CFOAB 
ADV.(A/S) :CLAUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA E 
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN 
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO BANCO CENTRAL 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO 
TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR 
IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL 
ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 
105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE 
CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. 
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 
10.174/01.
1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o 
direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a 
um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à 
comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de 
realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual 
e o autogoverno coletivo.
2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 10414323.
Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 174
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Ementa e Acórdão
RE 601314 / SP 
uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter 
suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, 
qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive 
do Estado ou da própria instituição financeira.
3. Entende-se que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno 
coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade 
contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado 
soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de 
seu Povo.
4. Verifica-se que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros 
constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da 
ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a 
requisição de informação pela Administração Tributária às instituições 
financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das 
transações financeiras do contribuinte, observando-se um translado do 
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.
5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não 
atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma 
vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à 
Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da 
norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º, do Código 
Tributário Nacional.
6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática 
da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende 
o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos 
cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como 
estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da 
esfera bancária para a fiscal”.
7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática 
da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio 
da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter 
instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”.
8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
2 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 10414323.
Supremo Tribunal Federal
RE 601314 / SP 
uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter 
suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, 
qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive 
do Estado ou da própria instituição financeira.
3. Entende-se que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno 
coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade 
contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado 
soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de 
seu Povo.
4. Verifica-se que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros 
constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da 
ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a 
requisição de informação pela Administração Tributária às instituições 
financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das 
transações financeiras do contribuinte, observando-se um translado do 
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.
5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não 
atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma 
vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à 
Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da 
norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º, do Código 
Tributário Nacional.
6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática 
da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende 
o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos 
cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como 
estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da 
esfera bancária para a fiscal”.
7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática 
da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio 
da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter 
instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”.
8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
2 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 10414323.
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Ementa e Acórdão
RE 601314 / SP 
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do 
Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, na conformidade da ata de 
julgamento e das notas taquigráficas, por maioria e nos termos do voto do 
Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, em conhecer do 
recurso e a este negar provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e 
Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema 
em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não 
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação 
aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem 
como estabelece requisitos objetivose o translado do dever de sigilo da 
esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 
10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis 
tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos 
do artigo 144, § 1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso 
de Mello.
Brasília, 24 de fevereiro de 2016.
Ministro EDSON FACHIN
Relator
3 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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RE 601314 / SP 
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do 
Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, na conformidade da ata de 
julgamento e das notas taquigráficas, por maioria e nos termos do voto do 
Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, em conhecer do 
recurso e a este negar provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e 
Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema 
em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não 
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação 
aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem 
como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da 
esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 
10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis 
tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos 
do artigo 144, § 1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso 
de Mello.
Brasília, 24 de fevereiro de 2016.
Ministro EDSON FACHIN
Relator
3 
Supremo Tribunal Federal
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 174
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Relatório
17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
RECTE.(S) :MARCIO HOLCMAN 
ADV.(A/S) :LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) :UNIÃO 
ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
AM. CURIAE. :SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS 
DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL - SINDIFISCO 
NACIONAL 
ADV.(A/S) :ALEXANDRE BAPTISTA PITTA LIMA 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE 
POLÍCIA FEDERAL - ADPF 
ADV.(A/S) :ANTONIO TORREÃO BRAZ FILHO E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :CONSELHO FEDERAL DA OAB - CFOAB 
ADV.(A/S) :CLAUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA E 
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN 
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO BANCO CENTRAL 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Trata-se de recurso 
extraordinário, com repercussão geral reconhecida, interposto em face de 
acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, cuja ementa se 
reproduz a seguir:
“DIREITO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. SIGILO. 
DADOS. INTIMIDADE. VIDA PRIVADA. PROCEDIMENTO 
FISCAL DE QUEBRA. APURAÇÃO DE DÉBITOS FISCAIS. LEI 
COMPLEMENTAR Nº 105/01. LEIS Nº 9.311/96 E Nº 10.174/01. 
LEGITIMIDADE DA AÇÃO ADMINISTRATIVA. 
PRECEDENTES. 
1. A declaração de direitos e garantias fundamentais, em 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
RECTE.(S) :MARCIO HOLCMAN 
ADV.(A/S) :LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) :UNIÃO 
ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
AM. CURIAE. :SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS 
DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL - SINDIFISCO 
NACIONAL 
ADV.(A/S) :ALEXANDRE BAPTISTA PITTA LIMA 
AM. CURIAE. :ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE 
POLÍCIA FEDERAL - ADPF 
ADV.(A/S) :ANTONIO TORREÃO BRAZ FILHO E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :CONSELHO FEDERAL DA OAB - CFOAB 
ADV.(A/S) :CLAUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA E 
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. :BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN 
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO BANCO CENTRAL 
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Trata-se de recurso 
extraordinário, com repercussão geral reconhecida, interposto em face de 
acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, cuja ementa se 
reproduz a seguir:
“DIREITO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. SIGILO. 
DADOS. INTIMIDADE. VIDA PRIVADA. PROCEDIMENTO 
FISCAL DE QUEBRA. APURAÇÃO DE DÉBITOS FISCAIS. LEI 
COMPLEMENTAR Nº 105/01. LEIS Nº 9.311/96 E Nº 10.174/01. 
LEGITIMIDADE DA AÇÃO ADMINISTRATIVA. 
PRECEDENTES. 
1. A declaração de direitos e garantias fundamentais, em 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 174
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Relatório
RE 601314 / SP 
favor da cidadania, não pode inviabilizar e, pelo contrário, deve 
harmonizar- se com o exercício de competências constitucionais 
pelo Poder Público, nos exatos limites em que definidas, 
visando à tutela de interesses sociais de maior alcance. 
2. O inciso XII do artigo 5º da Carta Federal não tem o 
sentido de tutela do sigilo de dados, para conferir 
inviolabilidade aos dados bancários e, de resto, a qualquer 
dado, exatamente porque esta interpretação estaria em 
confronto com idéias básicas da organização da vida social. A 
interpretação constitucionalmente adequada situa a tutela no 
sigilo da comunicação de dados, na segurança do sistema de 
informação, de modo a coibir a interferência abusiva na 
transmissão dos dados, e não diretamente impedir o 
conhecimento dos dados em si, que podem, ou não, ser 
acessados por outrem, em grau de publicidade variável – de 
nenhuma a alguma, ou sem qualquer restrição -, a depender do 
quanto isto afete uma outra garantia da individualidade, 
tutelada, em tese, não pelo inciso XII, mas pelo X do artigo 5º da 
Constituição Federal. 
3. A inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da 
honra e da imagem das pessoas é garantia individual que, por 
evidente, não possui contornos absolutos porque situado num 
plano de convivência constitucional com outros princípios e 
valores, conduzindo, em caso de aparente conflito, à 
concretização de técnicas de interpretação, específicas do direito 
constitucional. A intimidade e a vida privada não podem ser 
visualizadas apenas pelo ângulo da defesa do patrimônio 
individual, embora este seja essencial, justamente porque, se é 
verdade que o público torna necessário o privado, como reserva 
de consciência, de expressão e de desenvolvimento da própria 
individualidade, tampouco pode ser olvidado que o social 
conduz à necessidade de conversão, em grau a ser aferido pelo 
critério da razoabilidade, do segredo absoluto em relativo como 
conseqüência e na extensão do rigorosamente necessário à 
interação do indivíduo com a sociedade a que pertence. 
4. Não convence a idéia de que os dados bancários 
2 
Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
RE 601314 / SP 
favor da cidadania, não pode inviabilizar e, pelo contrário, deve 
harmonizar- se com o exercício de competências constitucionais 
pelo Poder Público, nos exatos limites em que definidas, 
visando à tutela de interesses sociais de maior alcance. 
2. O inciso XII do artigo 5º da Carta Federal não tem o 
sentido de tutela do sigilo de dados, para conferir 
inviolabilidade aos dados bancários e, de resto, a qualquer 
dado, exatamente porque esta interpretação estaria em 
confronto com idéias básicas da organização da vida social. A 
interpretação constitucionalmente adequada situa a tutela no 
sigilo da comunicação de dados, na segurança do sistema de 
informação, de modo a coibir a interferência abusiva na 
transmissão dos dados, e não diretamente impedir o 
conhecimento dos dados em si, que podem, ou não, ser 
acessados por outrem, em grau de publicidade variável – de 
nenhuma a alguma, ou sem qualquer restrição -, a depender do 
quanto isto afete uma outra garantia da individualidade, 
tutelada, em tese, não pelo inciso XII, mas pelo X do artigo 5º da 
Constituição Federal. 
3. A inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da 
honra e da imagem das pessoas é garantia individual que, por 
evidente, não possui contornos absolutos porque situado num 
plano de convivência constitucional com outros princípios e 
valores, conduzindo, em caso de aparente conflito, à 
concretização de técnicas de interpretação, específicas do direito 
constitucional. A intimidade e a vida privada não podem ser 
visualizadas apenas pelo ângulo da defesa do patrimônio 
individual, embora este seja essencial, justamente porque, se é 
verdade que o público torna necessário o privado, como reserva 
de consciência, de expressão e de desenvolvimento da própria 
individualidade, tampouco pode ser olvidado que o social 
conduz à necessidade de conversão, em grau a ser aferido pelo 
critério da razoabilidade, do segredo absoluto em relativo como 
conseqüência e na extensão do rigorosamente necessário à 
interação do indivíduo com a sociedade a que pertence. 
4. Não convence a idéia de que os dados bancários 
2 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 174
Relatório
RE 601314 / SP 
constituem segredo constitucionalmente tutelado e, pois, 
infenso a qualquer intervenção, mesmo a título de interesse 
público e social. Pelo contrário, uma vez que tais informações 
não envolvem típica, necessária e exclusivamente a esfera da 
atuação íntima do indivíduo (v.g. – religião, relações de 
família), na qual, de qualquer maneira, sequer pode ser 
invocada a garantia de proteção absoluta ao seu titular (contra, 
por exemplo, a investigação de crimes por ideologia religiosa, 
ou contra a própria família), resta evidente que pode o 
legislador definir não apenas o sigilo, mas os seus limites, ou 
seja, a medida do razoável nesta interação de valores, destinada 
a permitir que terceiros, devidamente identificados e em 
condições especificadas, possam acessar os dados bancários 
para tutelar este ou aquele direito constitucionalmente 
relevante e que, por isso, legitimamente contrapõem-se ao rigor 
do segredo absoluto pretendido. Certo, pois, que o “sigilo 
bancário” é, acima de tudo, uma garantia legal porque é a lei, 
afinal, que deve definir os seus exatos contornos, sem que, com 
isto, possa ser invocada inconstitucionalidade por ofensa a uma 
garantia individual. Esta interpretação – é claro – não se alinha 
com o entendimento tradicional da “reserva de jurisdição”, que 
impede o legislador de outorgar, a quem quer que seja e em 
qualquer situação, a iniciativa de qualquer procedimento 
destinado a romper com o sigilo bancário, sujeitando sempre a 
autoridade administrativa ao crivo judicial. Porém, o Estado 
Constitucional de Direitos e Garantias não legitima a idéia de 
que o Poder Público esteja alijado da disposição do poder de 
auto-execução, no exercício regular de suas competências legais 
e constitucionais, sempre – é claro – sob o regime de controle, a 
priori, mas igualmente a posteriori, e de efetiva e ampla 
responsabilidade, seja do próprio ente, seja do respectivo 
agente. 
5. Por evidente, deve-se mencionar que a quebra do sigilo 
bancário foi admitida, na jurisprudência, como possível apenas 
por autoridade judicial e mediante processo judicial, mas cabe 
destacar, igualmente, que a legislação, à época, contemplava e 
3 
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Supremo Tribunal Federal
RE 601314 / SP 
constituem segredo constitucionalmente tutelado e, pois, 
infenso a qualquer intervenção, mesmo a título de interesse 
público e social. Pelo contrário, uma vez que tais informações 
não envolvem típica, necessária e exclusivamente a esfera da 
atuação íntima do indivíduo (v.g. – religião, relações de 
família), na qual, de qualquer maneira, sequer pode ser 
invocada a garantia de proteção absoluta ao seu titular (contra, 
por exemplo, a investigação de crimes por ideologia religiosa, 
ou contra a própria família), resta evidente que pode o 
legislador definir não apenas o sigilo, mas os seus limites, ou 
seja, a medida do razoável nesta interação de valores, destinada 
a permitir que terceiros, devidamente identificados e em 
condições especificadas, possam acessar os dados bancários 
para tutelar este ou aquele direito constitucionalmente 
relevante e que, por isso, legitimamente contrapõem-se ao rigor 
do segredo absoluto pretendido. Certo, pois, que o “sigilo 
bancário” é, acima de tudo, uma garantia legal porque é a lei, 
afinal, que deve definir os seus exatos contornos, sem que, com 
isto, possa ser invocada inconstitucionalidade por ofensa a uma 
garantia individual. Esta interpretação – é claro – não se alinha 
com o entendimento tradicional da “reserva de jurisdição”, que 
impede o legislador de outorgar, a quem quer que seja e em 
qualquer situação, a iniciativa de qualquer procedimento 
destinado a romper com o sigilo bancário, sujeitando sempre a 
autoridade administrativa ao crivo judicial. Porém, o Estado 
Constitucional de Direitos e Garantias não legitima a idéia de 
que o Poder Público esteja alijado da disposição do poder de 
auto-execução, no exercício regular de suas competências legais 
e constitucionais, sempre – é claro – sob o regime de controle, a 
priori, mas igualmente a posteriori, e de efetiva e ampla 
responsabilidade, seja do próprio ente, seja do respectivo 
agente. 
5. Por evidente, deve-se mencionar que a quebra do sigilo 
bancário foi admitida, na jurisprudência, como possível apenas 
por autoridade judicial e mediante processo judicial, mas cabe 
destacar, igualmente, que a legislação, à época, contemplava e 
3 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 174
Relatório
RE 601314 /SP 
legitimava tal solução, ao contrário da atual que é clara e 
inequívoca no sentido de prever casos específicos de iniciativa 
administrativa, sem que com isto se possa, ao que parece, ser 
invocada a lesão a direito de dimensão constitucional. Não se 
trata, por certo, de reconhecer competência plena à autoridade, 
seja administrativa ou legislativa, para tornar pública, sem 
menor critério de razoabilidade, a vida financeira e bancária de 
qualquer indivíduo, mas, ao revés, o que se afirma, como 
diretriz para a compreensão e solução do problema, é que, ao 
lado da intimidade e da vida privada, existem outros valores, 
com igual estatura constitucional, que conduzem à necessidade 
de formulação de uma solução prática e equilibrada para esta 
complexa equação de princípios. 
6. A Lei Complementar nº 105, de 10.01.2001, reconhece o 
sigilo bancário (v.g. - caput do artigo 1º, caput e §§ 5º e 6º do 
artigo 2º, artigos 10 e 11), define as instituições que se sujeitam a 
tal dever em suas operações ativas e passivas (§ 1º do artigo 1º), 
fixa as hipóteses excepcionais de quebra administrativa (v.g. - § 
3º do artigo 1º, §§ 1º a 3º do artigo 2º, artigo 9º), especifica a 
competência judicial e as situações sujeitas à reserva judicial (§ 
4º do artigo 1º, caput e § 1º do artigo 3º, artigo 7º) e - no mesmo 
sentido - no âmbito parlamentar (artigo 4º). No que concerne à 
administração tributária, a LC nº 105/01 estabeleceu o dever de 
informação, acerca de operações financeiras, mas restrito ao 
necessário para a identificação dos titulares das operações e dos 
montantes globais mensalmente movimentados, vedada a 
inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua 
origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados (§ 2º). 
Para o exercício desta competência, é que se permite, diante das 
informações prestadas e da efetiva 
necessidade/indispensabilidade, apurada em prévio processo 
administrativo ou procedimento fiscal em curso, o exame de 
documentos, livros e registros de instituições financeiras pelas 
autoridades competentes (artigo 6º). Note-se que, em qualquer 
caso, as informações prestadas ou os dados apurados pela 
fiscalização encontram-se amparados pelo sigilo fiscal (§ 5º do 
4 
Supremo Tribunal Federal
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RE 601314 / SP 
legitimava tal solução, ao contrário da atual que é clara e 
inequívoca no sentido de prever casos específicos de iniciativa 
administrativa, sem que com isto se possa, ao que parece, ser 
invocada a lesão a direito de dimensão constitucional. Não se 
trata, por certo, de reconhecer competência plena à autoridade, 
seja administrativa ou legislativa, para tornar pública, sem 
menor critério de razoabilidade, a vida financeira e bancária de 
qualquer indivíduo, mas, ao revés, o que se afirma, como 
diretriz para a compreensão e solução do problema, é que, ao 
lado da intimidade e da vida privada, existem outros valores, 
com igual estatura constitucional, que conduzem à necessidade 
de formulação de uma solução prática e equilibrada para esta 
complexa equação de princípios. 
6. A Lei Complementar nº 105, de 10.01.2001, reconhece o 
sigilo bancário (v.g. - caput do artigo 1º, caput e §§ 5º e 6º do 
artigo 2º, artigos 10 e 11), define as instituições que se sujeitam a 
tal dever em suas operações ativas e passivas (§ 1º do artigo 1º), 
fixa as hipóteses excepcionais de quebra administrativa (v.g. - § 
3º do artigo 1º, §§ 1º a 3º do artigo 2º, artigo 9º), especifica a 
competência judicial e as situações sujeitas à reserva judicial (§ 
4º do artigo 1º, caput e § 1º do artigo 3º, artigo 7º) e - no mesmo 
sentido - no âmbito parlamentar (artigo 4º). No que concerne à 
administração tributária, a LC nº 105/01 estabeleceu o dever de 
informação, acerca de operações financeiras, mas restrito ao 
necessário para a identificação dos titulares das operações e dos 
montantes globais mensalmente movimentados, vedada a 
inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua 
origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados (§ 2º). 
Para o exercício desta competência, é que se permite, diante das 
informações prestadas e da efetiva 
necessidade/indispensabilidade, apurada em prévio processo 
administrativo ou procedimento fiscal em curso, o exame de 
documentos, livros e registros de instituições financeiras pelas 
autoridades competentes (artigo 6º). Note-se que, em qualquer 
caso, as informações prestadas ou os dados apurados pela 
fiscalização encontram-se amparados pelo sigilo fiscal (§ 5º do 
4 
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Relatório
RE 601314 / SP 
artigo 5º), ficando a quebra do sigilo bancário fora das hipóteses 
autorizadas, assim como o uso indevido das informações 
cobertas pelo sigilo fiscal, por servidores públicos, sujeitos às 
sanções penal, civil e administrativa. 
7. Em coerência com a legislação complementar, a Lei nº 
10.174, de 09.01.2001, introduziu alteração no artigo 11 da Lei nº 
9.311/96, permitindo que a Secretaria da Receita Federal, de 
posse das informações sobre a movimentação financeira de 
titulares de contas bancárias (§ 2º: “informações necessárias à 
identificação dos contribuintes e os valores globais das 
respectivas operações”), utilize-as para a apuração de 
divergências e, em face delas, para instauração de 
procedimento administrativo, tendente à verificação da 
existência de crédito tributário relativo a impostos e 
contribuições, e para o lançamento de crédito porventura 
existente (§ 3º, com a redação dada pela referida lei), dentro da 
técnica de “cruzamento de dados”, compatível com a outorga 
constitucional de competência à administração tributária para 
identificar a efetiva capacidade contributiva dos administrados, 
aplicando, na prática, o princípio da isonomia (artigo 145, §1º, 
da Constituição Federal). 
8. O artigo 6º da LC nº 105/01 foi regulamentado pelo 
Decreto nº 3.724, de 10.01.2001, que, dentre outras providências, 
instituiu o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF: artigo 2º) e a 
Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira 
(RMF: artigo 4º), e indicou os casos de indispensabilidade para 
o efeito de exame de documentos, livros e registros de 
instituições financeiras (artigo 3º). 
9. Como se observa, é possível reconhecer que a legislação 
foi minuciosa e criteriosa na identificação das situações sujeitas 
à denominada quebra do sigilo bancário e dos procedimentos 
de fiscalização, resguardando, por meio de sigilo fiscal, as 
informações prestadas e os dados aferidos pelo exame de 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, e 
reservando o seu uso a fins específicos, que não transcendem ao 
que necessário para o regular, justificado, proporcional e 
5 
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artigo 5º), ficando a quebra do sigilo bancário fora das hipóteses 
autorizadas, assim comoo uso indevido das informações 
cobertas pelo sigilo fiscal, por servidores públicos, sujeitos às 
sanções penal, civil e administrativa. 
7. Em coerência com a legislação complementar, a Lei nº 
10.174, de 09.01.2001, introduziu alteração no artigo 11 da Lei nº 
9.311/96, permitindo que a Secretaria da Receita Federal, de 
posse das informações sobre a movimentação financeira de 
titulares de contas bancárias (§ 2º: “informações necessárias à 
identificação dos contribuintes e os valores globais das 
respectivas operações”), utilize-as para a apuração de 
divergências e, em face delas, para instauração de 
procedimento administrativo, tendente à verificação da 
existência de crédito tributário relativo a impostos e 
contribuições, e para o lançamento de crédito porventura 
existente (§ 3º, com a redação dada pela referida lei), dentro da 
técnica de “cruzamento de dados”, compatível com a outorga 
constitucional de competência à administração tributária para 
identificar a efetiva capacidade contributiva dos administrados, 
aplicando, na prática, o princípio da isonomia (artigo 145, §1º, 
da Constituição Federal). 
8. O artigo 6º da LC nº 105/01 foi regulamentado pelo 
Decreto nº 3.724, de 10.01.2001, que, dentre outras providências, 
instituiu o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF: artigo 2º) e a 
Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira 
(RMF: artigo 4º), e indicou os casos de indispensabilidade para 
o efeito de exame de documentos, livros e registros de 
instituições financeiras (artigo 3º). 
9. Como se observa, é possível reconhecer que a legislação 
foi minuciosa e criteriosa na identificação das situações sujeitas 
à denominada quebra do sigilo bancário e dos procedimentos 
de fiscalização, resguardando, por meio de sigilo fiscal, as 
informações prestadas e os dados aferidos pelo exame de 
documentos, livros e registros de instituições financeiras, e 
reservando o seu uso a fins específicos, que não transcendem ao 
que necessário para o regular, justificado, proporcional e 
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Relatório
RE 601314 / SP 
razoável exercício da competência constitucional e legal que 
possui o Estado-Administração de arrecadar os tributos e 
fiscalizar o cumprimento das obrigações fiscais. 
10. Tampouco procede a tese de ofensa ao princípio da 
irretroatividade da lei. Com efeito, inexiste direito adquirido a 
não-prestar informações ou a não-recolher tributos em face de 
situações tributáveis, desde antes, mas apenas, e 
eventualmente, a possibilidade de invocação de decadência ou 
prescrição, para impedir a constituição ou a execução, 
respectivamente, do crédito tributário, quando decorridos os 
prazos, para tanto, legalmente fixados. Por isso é que se deve 
compreender que a criação de mecanismos de fiscalização e 
apuração de crédito tributário por lei nova não impede a sua 
aplicação mesmo no período anterior, desde que ainda possua o 
Fisco o poder de imposição, seja constituindo, seja revisando o 
lançamento efetuado pelo contribuinte. 
11. Em casos que tais, não se trata, por evidente, de criação 
ou majoração de tributo, com alteração da legislação vigente na 
data do fato gerador, mas apenas e tão-somente de aferição da 
existência de tributo, devido conforme a lei da época, mas, 
eventualmente, não recolhido ou não declarado pelo 
contribuinte: em suma, a legislação impugnada não cria nem 
majora, em absoluto, qualquer tributo, mas apenas permite que 
o Fisco combata a sonegação fiscal, quando e se existente, o que 
é muito diferente. 
12. No âmbito do procedimento administrativo, com 
direito à ampla defesa, tem o contribuinte o direito de justificar 
a origem dos recursos, identificados pelo Fisco como não-
declarados, e impugnar eventual apuração e constituição de 
crédito tributário, não se podendo, porém, suprimir o poder-
dever da Administração de promover, observado o devido 
processo legal, a fiscalização, tendente à apuração de débitos 
fiscais. 
13. Não existe direito liquido e certo do contribuinte de ser 
dispensado, por ordem judicial, de exibir os documentos 
necessários à apuração de crédito tributário. Cabe ao Fisco 
6 
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razoável exercício da competência constitucional e legal que 
possui o Estado-Administração de arrecadar os tributos e 
fiscalizar o cumprimento das obrigações fiscais. 
10. Tampouco procede a tese de ofensa ao princípio da 
irretroatividade da lei. Com efeito, inexiste direito adquirido a 
não-prestar informações ou a não-recolher tributos em face de 
situações tributáveis, desde antes, mas apenas, e 
eventualmente, a possibilidade de invocação de decadência ou 
prescrição, para impedir a constituição ou a execução, 
respectivamente, do crédito tributário, quando decorridos os 
prazos, para tanto, legalmente fixados. Por isso é que se deve 
compreender que a criação de mecanismos de fiscalização e 
apuração de crédito tributário por lei nova não impede a sua 
aplicação mesmo no período anterior, desde que ainda possua o 
Fisco o poder de imposição, seja constituindo, seja revisando o 
lançamento efetuado pelo contribuinte. 
11. Em casos que tais, não se trata, por evidente, de criação 
ou majoração de tributo, com alteração da legislação vigente na 
data do fato gerador, mas apenas e tão-somente de aferição da 
existência de tributo, devido conforme a lei da época, mas, 
eventualmente, não recolhido ou não declarado pelo 
contribuinte: em suma, a legislação impugnada não cria nem 
majora, em absoluto, qualquer tributo, mas apenas permite que 
o Fisco combata a sonegação fiscal, quando e se existente, o que 
é muito diferente. 
12. No âmbito do procedimento administrativo, com 
direito à ampla defesa, tem o contribuinte o direito de justificar 
a origem dos recursos, identificados pelo Fisco como não-
declarados, e impugnar eventual apuração e constituição de 
crédito tributário, não se podendo, porém, suprimir o poder-
dever da Administração de promover, observado o devido 
processo legal, a fiscalização, tendente à apuração de débitos 
fiscais. 
13. Não existe direito liquido e certo do contribuinte de ser 
dispensado, por ordem judicial, de exibir os documentos 
necessários à apuração de crédito tributário. Cabe ao Fisco 
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Relatório
RE 601314 / SP 
intimar o contribuinte para exibir a documentação necessária à 
fiscalização e, em caso de recusa, aplicar as sanções legais 
próprias da situação. Se o contribuinte não atender à intimação 
fiscal fica sujeito às penalidades previstas em lei, sem que 
configure ilegalidade a sua própria exigência, nos termos da 
legislação. 
14. Precedentes”. (fls. 270-273)
No recurso extraordinário, com fundamento no art. 102, III, “a”, da 
ConstituiçãoFederal, aponta-se violação aos arts. 5º, X, XII, XXXVI, LIV, 
LV; 145, §1º; e 150, III, “a”, do Texto Constitucional.
Nas razões recursais, sustenta-se a necessidade de autorização 
judicial para a quebra do sigilo bancário.
Alega-se, ainda, ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, em 
decorrência da utilização da Lei 10.174/01 para constituir créditos 
tributários relativos a outros tributos que não a CPMF.
Por fim, assevera-se a ausência de legítimo interesse à Administração 
Tributária para requerer os extratos bancários da parte Requerente.
A Vice-Presidência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região 
inadmitiu o recurso, em decorrência da infraconstitucionalidade da 
matéria controversa.
O agravo de instrumento interposto foi provido pelo Ministro 
Ricardo Lewandowski, meu antecessor na relatoria do feito, para melhor 
exame da questão, à fl. 522.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer da lavra do 
Subprocurador-Geral da República Paulo Rocha Campos, manifestou-se 
pelo não conhecimento do recurso, por se tratar de ofensa reflexa; porém, 
caso conhecido, pelo seu desprovimento.
Em 22.10.2009, o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal 
reconheceu a repercussão geral da presente controvérsia, nos seguintes 
termos:
“CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. 
FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE 
7 
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RE 601314 / SP 
intimar o contribuinte para exibir a documentação necessária à 
fiscalização e, em caso de recusa, aplicar as sanções legais 
próprias da situação. Se o contribuinte não atender à intimação 
fiscal fica sujeito às penalidades previstas em lei, sem que 
configure ilegalidade a sua própria exigência, nos termos da 
legislação. 
14. Precedentes”. (fls. 270-273)
No recurso extraordinário, com fundamento no art. 102, III, “a”, da 
Constituição Federal, aponta-se violação aos arts. 5º, X, XII, XXXVI, LIV, 
LV; 145, §1º; e 150, III, “a”, do Texto Constitucional.
Nas razões recursais, sustenta-se a necessidade de autorização 
judicial para a quebra do sigilo bancário.
Alega-se, ainda, ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, em 
decorrência da utilização da Lei 10.174/01 para constituir créditos 
tributários relativos a outros tributos que não a CPMF.
Por fim, assevera-se a ausência de legítimo interesse à Administração 
Tributária para requerer os extratos bancários da parte Requerente.
A Vice-Presidência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região 
inadmitiu o recurso, em decorrência da infraconstitucionalidade da 
matéria controversa.
O agravo de instrumento interposto foi provido pelo Ministro 
Ricardo Lewandowski, meu antecessor na relatoria do feito, para melhor 
exame da questão, à fl. 522.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer da lavra do 
Subprocurador-Geral da República Paulo Rocha Campos, manifestou-se 
pelo não conhecimento do recurso, por se tratar de ofensa reflexa; porém, 
caso conhecido, pelo seu desprovimento.
Em 22.10.2009, o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal 
reconheceu a repercussão geral da presente controvérsia, nos seguintes 
termos:
“CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. 
FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE 
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Relatório
RE 601314 / SP 
MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, 
SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI 
COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE 
APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE 
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS 
ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA 
JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA 
DE REPERCUSSÃO GERAL.”
(RE 601314 RG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe 
20.11.2009) 
Foram admitidos, na qualidade de amicus curiae, o Sindicato 
Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, a Associação 
Nacional dos Delegados de Polícia Federal, o Conselho Federal da Ordem 
dos Advogados do Brasil e o Banco Central do Brasil.
Após, houve requerimento, por parte da PGR, por nova vista dos 
autos o qual foi deferido.
O Parquet opinou pelo conhecimento parcial do recurso e, na parte 
conhecida, pelo desprovimento do apelo extremo.
Os autos vieram a mim conclusos, por substituição de relatoria, em 
18.06.2015.
É o relatório.
8 
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RE 601314 / SP 
MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, 
SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI 
COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE 
APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE 
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS 
ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA 
JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA 
DE REPERCUSSÃO GERAL.”
(RE 601314 RG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe 
20.11.2009) 
Foram admitidos, na qualidade de amicus curiae, o Sindicato 
Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, a Associação 
Nacional dos Delegados de Polícia Federal, o Conselho Federal da Ordem 
dos Advogados do Brasil e o Banco Central do Brasil.
Após, houve requerimento, por parte da PGR, por nova vista dos 
autos o qual foi deferido.
O Parquet opinou pelo conhecimento parcial do recurso e, na parte 
conhecida, pelo desprovimento do apelo extremo.
Os autos vieram a mim conclusos, por substituição de relatoria, em 
18.06.2015.
É o relatório.
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Esclarecimento
17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ESCLARECIMENTO
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Senhor 
Presidente, eu gostaria de fazer uma indagação à ilustre representante da 
Fazenda Nacional. 
Eu bem entendo que o contribuinte do imposto de renda, na sua 
declaração de ajuste anual, precisa prestar informações acerca das suas 
movimentações bancárias: seu saldo, pagamentos feitos a terceiros e suas 
aplicações. Portanto parte do argumento que Vossa Excelência constrói é 
de que a Receita já deveria ter acesso a essas informações, se elas tivessem 
sido honestamente prestadas. Eu gostaria de saber se essa lógica valeria 
também para Estados e Municípios.
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Eminente Ministro, nós imaginamos que, 
em princípio, parece, numa primeira impressão, que os dados bancários 
têm mais importância quando se considera a renda. O que acontece? É 
importante verificar - e a receita não verifica, a receita verifica montantes 
globais - que há diversos contribuintes que, na verdade, movimentam dez 
vezes ou mais valores do que de fato declaram. Em princípio, em se 
tratando de movimentaçãobancária, nós entendemos que há uma 
correlação maior com a renda, portanto isso seria mais interessante para o 
fisco federal. Nem tenho notícia se os Estados ou Municípios se utilizam 
dessa prerrogativa.
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Mas o 
artigo 6º, de fato, autoriza. 
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Sim, sim. É verdade.
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Muito 
obrigado.
Supremo Tribunal Federal
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17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ESCLARECIMENTO
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Senhor 
Presidente, eu gostaria de fazer uma indagação à ilustre representante da 
Fazenda Nacional. 
Eu bem entendo que o contribuinte do imposto de renda, na sua 
declaração de ajuste anual, precisa prestar informações acerca das suas 
movimentações bancárias: seu saldo, pagamentos feitos a terceiros e suas 
aplicações. Portanto parte do argumento que Vossa Excelência constrói é 
de que a Receita já deveria ter acesso a essas informações, se elas tivessem 
sido honestamente prestadas. Eu gostaria de saber se essa lógica valeria 
também para Estados e Municípios.
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Eminente Ministro, nós imaginamos que, 
em princípio, parece, numa primeira impressão, que os dados bancários 
têm mais importância quando se considera a renda. O que acontece? É 
importante verificar - e a receita não verifica, a receita verifica montantes 
globais - que há diversos contribuintes que, na verdade, movimentam dez 
vezes ou mais valores do que de fato declaram. Em princípio, em se 
tratando de movimentação bancária, nós entendemos que há uma 
correlação maior com a renda, portanto isso seria mais interessante para o 
fisco federal. Nem tenho notícia se os Estados ou Municípios se utilizam 
dessa prerrogativa.
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Mas o 
artigo 6º, de fato, autoriza. 
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Sim, sim. É verdade.
O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - Muito 
obrigado.
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documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 10451037.
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Esclarecimento
17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ESCLARECIMENTO
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI 
(PRESIDENTE) - Doutora, eu tenho também uma questão. Permita-me. 
Acho que esta é uma prática salutar e muito utilizada em outras cortes 
supremas, especialmente na Suprema Corte dos Estados Unidos, que teve 
recentemente o desfalque lamentável de um grande juiz, Scalia.
Eu queria perguntar a Vossa Excelência se, uma vez obtidos os 
dados para instruir um processo administrativo fiscal, se porventura esse 
processo administrativo fiscal redundar num processo criminal, ou seja, 
em uma sonegação fiscal passível de uma persecução criminal, esses 
dados poderão ser compartilhados com a autoridade responsável pela 
persecutio criminis?
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Na verdade, para os crimes contra a 
ordem tributária, faz-se necessário o esgotamento da via administrativa. 
Então, somente após o esgotamento da via administrativa, com o 
lançamento, faz-se a comunicação ao Ministério Público Federal.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI 
(PRESIDENTE) - A minha dúvida é exatamente essa, em relação ao 
ponto levantado pelo eminente Doutor Reale e outros também. Quer 
dizer, a Constituição, em se tratando de quebra de sigilo, exige 
exatamente uma manifestação da autoridade judicial para instruir o 
processo criminal. Então, a minha dúvida era exatamente neste sentido: 
haveria uma transposição de dados, por parte da autoridade 
administrativa, diretamente para as autoridades responsáveis pela 
persecução criminal, sem passar pelo magistrado. É essa a dúvida que me 
assalta.
Supremo Tribunal Federal
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17/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ESCLARECIMENTO
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI 
(PRESIDENTE) - Doutora, eu tenho também uma questão. Permita-me. 
Acho que esta é uma prática salutar e muito utilizada em outras cortes 
supremas, especialmente na Suprema Corte dos Estados Unidos, que teve 
recentemente o desfalque lamentável de um grande juiz, Scalia.
Eu queria perguntar a Vossa Excelência se, uma vez obtidos os 
dados para instruir um processo administrativo fiscal, se porventura esse 
processo administrativo fiscal redundar num processo criminal, ou seja, 
em uma sonegação fiscal passível de uma persecução criminal, esses 
dados poderão ser compartilhados com a autoridade responsável pela 
persecutio criminis?
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Na verdade, para os crimes contra a 
ordem tributária, faz-se necessário o esgotamento da via administrativa. 
Então, somente após o esgotamento da via administrativa, com o 
lançamento, faz-se a comunicação ao Ministério Público Federal.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI 
(PRESIDENTE) - A minha dúvida é exatamente essa, em relação ao 
ponto levantado pelo eminente Doutor Reale e outros também. Quer 
dizer, a Constituição, em se tratando de quebra de sigilo, exige 
exatamente uma manifestação da autoridade judicial para instruir o 
processo criminal. Então, a minha dúvida era exatamente neste sentido: 
haveria uma transposição de dados, por parte da autoridade 
administrativa, diretamente para as autoridades responsáveis pela 
persecução criminal, sem passar pelo magistrado. É essa a dúvida que me 
assalta.
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Esclarecimento
RE 601314 / SP 
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Ao final do processo administrativo 
tributário, parece-me que sim.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Presidente, há um 
detalhe: enquanto, no âmbito do Judiciário, a quebra ocorre de forma 
individualizada,exigindo-se fundamentação, quanto à Receita, que é 
parte na relação jurídica tributária, tem-se o acesso global, mediante, 
como citado na tribuna, transferência automática, considerados certos 
valores, pelos estabelecimentos bancários.
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RE 601314 / SP 
A SENHORA LUCIANA MIRANDA MOREIRA (PROCURADORA 
DA FAZENDA NACIONAL) - Ao final do processo administrativo 
tributário, parece-me que sim.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Presidente, há um 
detalhe: enquanto, no âmbito do Judiciário, a quebra ocorre de forma 
individualizada, exigindo-se fundamentação, quanto à Receita, que é 
parte na relação jurídica tributária, tem-se o acesso global, mediante, 
como citado na tribuna, transferência automática, considerados certos 
valores, pelos estabelecimentos bancários.
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Extrato de Ata - 17/02/2016
PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314
PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
RECTE.(S) : MARCIO HOLCMAN
ADV.(A/S) : LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA 
FEDERAL DO BRASIL - SINDIFISCO NACIONAL
ADV.(A/S) : ALEXANDRE BAPTISTA PITTA LIMA
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA FEDERAL 
- ADPF
ADV.(A/S) : ANTONIO TORREÃO BRAZ FILHO E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : CONSELHO FEDERAL DA OAB - CFOAB
ADV.(A/S) : CLAUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO BANCO CENTRAL
Decisão: Após o relatório e as sustentações orais, pelo 
recorrente, do Dr. Ricardo Lacaz Martins; pela recorrida União, da 
Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional; 
pelo amicus curiae Conselho Federal da OAB – CFOAB, do Dr. Luiz 
Gustavo Antônio Silva Bichara; pelo amicus curiae Banco Central do 
Brasil, do Dr. Isaac Sydney Menezes Ferreira, Procurador-Geral do 
Banco Central; e, pelo Ministério Público Federal, do Dr. Rodrigo 
Janot Monteiro de Barros, Procurador-Geral da República, o 
julgamento foi suspenso. Presidência do Ministro Ricardo 
Lewandowski. Plenário, 17.02.2016.
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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314
PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
RECTE.(S) : MARCIO HOLCMAN
ADV.(A/S) : LUÍS EDUARDO SCHOUERI E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AM. CURIAE. : SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA 
FEDERAL DO BRASIL - SINDIFISCO NACIONAL
ADV.(A/S) : ALEXANDRE BAPTISTA PITTA LIMA
AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA FEDERAL 
- ADPF
ADV.(A/S) : ANTONIO TORREÃO BRAZ FILHO E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : CONSELHO FEDERAL DA OAB - CFOAB
ADV.(A/S) : CLAUDIO PACHECO PRATES LAMACHIA E OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : BANCO CENTRAL DO BRASIL - BACEN
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO BANCO CENTRAL
Decisão: Após o relatório e as sustentações orais, pelo 
recorrente, do Dr. Ricardo Lacaz Martins; pela recorrida União, da 
Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional; 
pelo amicus curiae Conselho Federal da OAB – CFOAB, do Dr. Luiz 
Gustavo Antônio Silva Bichara; pelo amicus curiae Banco Central do 
Brasil, do Dr. Isaac Sydney Menezes Ferreira, Procurador-Geral do 
Banco Central; e, pelo Ministério Público Federal, do Dr. Rodrigo 
Janot Monteiro de Barros, Procurador-Geral da República, o 
julgamento foi suspenso. Presidência do Ministro Ricardo 
Lewandowski. Plenário, 17.02.2016.
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Antecipação ao Voto
18/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ANTECIPAÇÃO AO VOTO
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR) - Senhor 
Presidente, eminentes Pares, Senhoras Advogadas, Senhores Advogados, 
este tema que vem vertido no Recurso Extraordinário nº 601.314 e que se 
conecta com as ações diretas de inconstitucionalidade que também serão 
apreciadas nos compele inicialmente a fazer um registro, não apenas em 
relação às sustentações orais que aqui aportaram relevantes contribuições, 
mas também, na condição de relator do Recurso Extraordinário, permito-
me salientar o importante trabalho que os ilustres Advogados, as Partes, 
por seus memoriais, trouxeram para o desate desta matéria ou, pelo 
menos da minha parte, aportaram para a proposta de voto que vou 
apresentar. 
Portanto, saúdo os ilustres Advogados, tanto dos diversos amici 
curiae que aqui se fazem presentes nesta demanda, como também das 
Procuradorias-Gerais, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da 
Advocacia-Geral da União, e o trabalho, o estudo e a acurada análise 
também feita pelos patronos do Recorrente, merecendo destaque o 
trabalho levado a efeito pelo ilustre Professor Luís Eduardo Schoueri, 
professor titular das Arcadas. 
Dizer, Senhor Presidente, que este é um tema grave e complexo seria 
quase um pleonasmo em relação às questões que têm sido pautadas nesta 
Suprema Corte. Nada obstante, a gravidade e a complexidade podem ser 
arrostadas, e procuro fazê-lo da seguinte forma.
(Lê o voto).
 
Supremo Tribunal Federal
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18/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
ANTECIPAÇÃO AO VOTO
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR) - Senhor 
Presidente, eminentes Pares, Senhoras Advogadas, Senhores Advogados, 
este tema que vem vertido no Recurso Extraordinário nº 601.314 e que se 
conecta com as ações diretas de inconstitucionalidade que também serão 
apreciadas nos compele inicialmente a fazer um registro, não apenas em 
relação às sustentações orais que aqui aportaram relevantes contribuições, 
mas também, na condição de relator do Recurso Extraordinário, permito-
me salientar o importante trabalho que os ilustres Advogados, as Partes, 
por seus memoriais, trouxeram para o desate desta matéria ou, pelo 
menos da minha parte, aportaram para a proposta de voto que vou 
apresentar. 
Portanto, saúdo os ilustres Advogados, tanto dos diversos amici 
curiae que aqui se fazem presentes nesta demanda, como também das 
Procuradorias-Gerais, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da 
Advocacia-Geral da União, e o trabalho, o estudo e a acurada análise 
também feita pelos patronos do Recorrente, merecendo destaque o 
trabalho levado a efeitopelo ilustre Professor Luís Eduardo Schoueri, 
professor titular das Arcadas. 
Dizer, Senhor Presidente, que este é um tema grave e complexo seria 
quase um pleonasmo em relação às questões que têm sido pautadas nesta 
Suprema Corte. Nada obstante, a gravidade e a complexidade podem ser 
arrostadas, e procuro fazê-lo da seguinte forma.
(Lê o voto).
 
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Voto - MIN. EDSON FACHIN
18/02/2016 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
V O T O
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Inicialmente, 
constata-se que as questões veiculadas no presente Tema da sistemática 
da repercussão geral são duas. A primeira é a constitucionalidade do art. 
6º da Lei Complementar 105/2001 frente ao parâmetro do sigilo bancário.
A segunda indagação é saber se a utilização dos mecanismos 
fiscalizatórios previstos na Lei 10.174/2001 ofende o princípio da 
irretroatividade das leis, quando empregados para a apuração de créditos 
relativos a tributos distintos da Contribuição Provisória sobre 
Movimentação Financeira (CPMF), cujos fatos geradores tenham ocorrido 
em período anterior à vigência deste diploma legislativo.
Visto isso, também se acredita necessário tecer breve histórico 
legislativo e jurisprudencial acerca do tratamento normativo dado ao 
sigilo bancário na ordem jurídica brasileira, notadamente no tocante ao 
período posterior à promulgação da Constituição Federal de 1988.
1. HISTÓRICO LEGISLATIVO E JURISPRUDENCIAL DO SIGILO 
BANCÁRIO
De plano, torna-se conveniente adotar a Lei 4.595/64, que dispõe 
sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o 
Conselho Monetário Nacional e dá outras providências, como marco 
inicial para os fins deste voto. Isso porque o artigo 38 desse diploma 
legislativo preconizava que as instituições financeiras conservariam sigilo 
em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. 
Transcreve-se, a propósito, o teor do dispositivo precitado, em sua 
versão original:
“Art. 38. As instituições financeiras conservarão sigilo em 
suas operações ativas e passivas e serviços prestados.
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.314 SÃO PAULO
V O T O
O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Inicialmente, 
constata-se que as questões veiculadas no presente Tema da sistemática 
da repercussão geral são duas. A primeira é a constitucionalidade do art. 
6º da Lei Complementar 105/2001 frente ao parâmetro do sigilo bancário.
A segunda indagação é saber se a utilização dos mecanismos 
fiscalizatórios previstos na Lei 10.174/2001 ofende o princípio da 
irretroatividade das leis, quando empregados para a apuração de créditos 
relativos a tributos distintos da Contribuição Provisória sobre 
Movimentação Financeira (CPMF), cujos fatos geradores tenham ocorrido 
em período anterior à vigência deste diploma legislativo.
Visto isso, também se acredita necessário tecer breve histórico 
legislativo e jurisprudencial acerca do tratamento normativo dado ao 
sigilo bancário na ordem jurídica brasileira, notadamente no tocante ao 
período posterior à promulgação da Constituição Federal de 1988.
1. HISTÓRICO LEGISLATIVO E JURISPRUDENCIAL DO SIGILO 
BANCÁRIO
De plano, torna-se conveniente adotar a Lei 4.595/64, que dispõe 
sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o 
Conselho Monetário Nacional e dá outras providências, como marco 
inicial para os fins deste voto. Isso porque o artigo 38 desse diploma 
legislativo preconizava que as instituições financeiras conservariam sigilo 
em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. 
Transcreve-se, a propósito, o teor do dispositivo precitado, em sua 
versão original:
“Art. 38. As instituições financeiras conservarão sigilo em 
suas operações ativas e passivas e serviços prestados.
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Voto - MIN. EDSON FACHIN
RE 601314 / SP 
§ 1º As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder 
Judiciário, prestados pelo Banco Central da República do Brasil 
ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e 
documento em Juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter 
sigiloso, só podendo a êles ter acesso as partes legítimas na 
causa, que dêles não poderão servir-se para fins estranhos à 
mesma.
§ 2º O Banco Central da República do Brasil e as instituições 
financeiras públicas prestarão informações ao Poder 
Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar 
sejam mantidas em reserva ou sigilo.
§ 3º As Comissões Parlamentares de Inquérito, no 
exercício da competência constitucional e legal de ampla 
investigação (art. 53 da Constituição Federal e Lei nº 1.579, de 
18 de março de 1952), obterão as informações que necessitarem 
das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central 
da República do Brasil.
§ 4º Os pedidos de informações a que se referem aos §§ 2º 
e 3º, dêste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se 
tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria 
absoluta de seus membros.
§ 5º Os agentes fiscais tributários do Ministério da 
Fazenda e dos Estados sòmente poderão proceder a exame de 
documentos, livros e registros de contas de depósitos quando 
houver processo instaurado e os mesmos forem considerados 
indispensáveis pela autoridade competente.
§ 6º O disposto no parágrafo anterior se aplica 
igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas 
instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo 
sempre estas e os exames serem conservados em sigilo, não 
podendo ser utilizados se não reservadamente.
§ 7º A quebra do sigilo de que trata êste artigo constitui 
crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a 
quatro anos, aplicando-se, no que couber, o Código Penal e o 
Código de Processo Penal, sem prejuízo de outras sanções 
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RE 601314 / SP 
§ 1º As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder 
Judiciário, prestados pelo Banco Central da República do Brasil 
ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e 
documento em Juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter 
sigiloso, só podendo a êles ter acesso as partes legítimas na 
causa, que dêles não poderão servir-se para fins estranhos à 
mesma.
§ 2º O Banco Central da República do Brasil e as instituições 
financeiras públicas prestarão informações ao Poder 
Legislativo, podendo, havendorelevantes motivos, solicitar 
sejam mantidas em reserva ou sigilo.
§ 3º As Comissões Parlamentares de Inquérito, no 
exercício da competência constitucional e legal de ampla 
investigação (art. 53 da Constituição Federal e Lei nº 1.579, de 
18 de março de 1952), obterão as informações que necessitarem 
das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central 
da República do Brasil.
§ 4º Os pedidos de informações a que se referem aos §§ 2º 
e 3º, dêste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se 
tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria 
absoluta de seus membros.
§ 5º Os agentes fiscais tributários do Ministério da 
Fazenda e dos Estados sòmente poderão proceder a exame de 
documentos, livros e registros de contas de depósitos quando 
houver processo instaurado e os mesmos forem considerados 
indispensáveis pela autoridade competente.
§ 6º O disposto no parágrafo anterior se aplica 
igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas 
instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo 
sempre estas e os exames serem conservados em sigilo, não 
podendo ser utilizados se não reservadamente.
§ 7º A quebra do sigilo de que trata êste artigo constitui 
crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a 
quatro anos, aplicando-se, no que couber, o Código Penal e o 
Código de Processo Penal, sem prejuízo de outras sanções 
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Voto - MIN. EDSON FACHIN
RE 601314 / SP 
cabíveis.” (grifos nossos)
No artigo 8º da Lei 8.021/90, que dispõe sobre a identificação dos 
contribuintes para fins fiscais, também fora prevista a solicitação de 
informações bancárias pela autoridade fiscal, para fins fiscalizatórios:
“Art. 8° Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal 
poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo 
contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de 
contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto 
no art. 38 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Parágrafo único. As informações, que obedecerão às 
normas regulamentares expedidas pelo Ministério da 
Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no 
prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, 
aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a 
penalidade prevista no § 1° do art. 7°.”
Por sua vez, na Lei 9.311/96, a qual institui a Contribuição Provisória 
sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos 
de Natureza Financeira (CPMF), verifica-se que artigo 11, com a redação 
dada pela Lei 10.174/01, assim dispõe:
“Art. 11. Compete à Secretaria da Receita Federal a 
administração da contribuição, incluídas as atividades de 
tributação, fiscalização e arrecadação.
§ 1° No exercício das atribuições de que trata este artigo, a 
Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao 
exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer 
obrigações acessórias.
§ 2° As instituições responsáveis pela retenção e pelo 
recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita 
Federal as informações necessárias à identificação dos 
contribuintes e os valores globais das respectivas operações, 
nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser 
estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda.
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Supremo Tribunal Federal
RE 601314 / SP 
cabíveis.” (grifos nossos)
No artigo 8º da Lei 8.021/90, que dispõe sobre a identificação dos 
contribuintes para fins fiscais, também fora prevista a solicitação de 
informações bancárias pela autoridade fiscal, para fins fiscalizatórios:
“Art. 8° Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal 
poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo 
contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de 
contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto 
no art. 38 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Parágrafo único. As informações, que obedecerão às 
normas regulamentares expedidas pelo Ministério da 
Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no 
prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, 
aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a 
penalidade prevista no § 1° do art. 7°.”
Por sua vez, na Lei 9.311/96, a qual institui a Contribuição Provisória 
sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos 
de Natureza Financeira (CPMF), verifica-se que artigo 11, com a redação 
dada pela Lei 10.174/01, assim dispõe:
“Art. 11. Compete à Secretaria da Receita Federal a 
administração da contribuição, incluídas as atividades de 
tributação, fiscalização e arrecadação.
§ 1° No exercício das atribuições de que trata este artigo, a 
Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao 
exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer 
obrigações acessórias.
§ 2° As instituições responsáveis pela retenção e pelo 
recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita 
Federal as informações necessárias à identificação dos 
contribuintes e os valores globais das respectivas operações, 
nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser 
estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda.
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Voto - MIN. EDSON FACHIN
RE 601314 / SP 
§ 3o A Secretaria da Receita Federal resguardará, na 
forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das 
informações prestadas, facultada sua utilização para instaurar 
procedimento administrativo tendente a verificar a existência 
de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para 
lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito 
tributário porventura existente, observado o disposto no art. 
42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações 
posteriores.
§ 3o-A. (VETADO)
§ 4° Na falta de informações ou insuficiência de dados 
necessários à apuração da contribuição, esta será determinada 
com base em elementos de que dispuser a fiscalização.” (grifos 
nossos)
Enfim, reproduzo os artigos 5º e 6º da Lei Complementar 105/01, que 
dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras:
“Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à 
periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os 
quais as instituições financeiras informarão à administração 
tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos 
usuários de seus serviços.
§ 1o Consideram-se operações financeiras, para os efeitos 
deste artigo:
I – depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta de 
poupança;
II – pagamentos efetuados em moeda corrente ou em 
cheques;
III – emissão de ordens de crédito ou documentos 
assemelhados;
IV – resgates em contas de depósitos à vista ou a prazo, 
inclusive de poupança;
V – contratos

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