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Apontamentos do curso de Abastecimento de Água e Drenagem Março 2009

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APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
____________________________________________________________________ 
 
____________________________________________________________________ 
UEM - Faculdade de Engenharia Docente: Eng.o CARLOS CAUPERS 
1
AAPPOONNTTAAMMEENNTTOOSS SSOOBBRREE OO 
DDIIMMEENNSSIIOONNAAMMEENNTTOO DDEE SSIISSTTEEMMAASS PPRREEDDIIAAIISS 
DDEE DDIISSTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO DDEE ÁÁGGUUAA EE DDEE DDRREENNAAGGEEMM 
DDEE ÁÁGGUUAASS RREESSIIDDUUAAIISS 
 
Estes apontamentos representam um resumo de uma série de informação compilada de 
diverso tipo de bibliografia, sendo a principal fonte o livro de Vítor M. R. Pedroso 
“Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição de Água e Drenagem de Águas”, uma 
vez que a publicação em causa, editada pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil 
de Portugal (LNEC), foi elaborado com base num Regulamento em vigor em Portugal 
que foi o regulamento que serviu de base para a elaboração do Regulamento dos 
Sistemas Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais, em 
vigor em Moçambique desde o ano de 2004. 
 
Não faz parte do programa das diferentes disciplinas de Hidráulica leccionadas pela 
UEM, a matéria referente ao dimensionamento de sistemas de abastecimento de água e 
de drenagem de sistemas prediais. No entanto, trata-se de uma matéria de extrema 
importância já que em qualquer edificação se deverá ser provido de água potável e por 
consequência um sistema de drenagem das águas utilizadas. Da mesma forma, a 
drenagem das águas pluviais em edifícios e áreas adjacentes é fundamental, para que 
estas não causem ao edifício problemas de infiltrações que poderão causar danos na 
própria estrutura. Em determinados edifícios, a necessidade de existirem redes de 
incêndios e de rega é frequente, sendo por isso necessário que a sua concepção seja 
considerada tendo em conta o bom desempenho, conforto e exigências do projecto. 
 
Para facilitar a compreensão, resume-se nestes apontamentos a matéria técnico-
regulamentar que permite proceder a um dimensionamento utilizando metodologias de 
cálculo que sejam as adequadas para cada uma das situações, de forma prática fazendo-
se recurso a gráficos e tabelas seleccionadas para o efeito. 
 
O docente, 
 
Carlos Caupers 
Licenciado em Eng.ria Civil 
Membro da Ordem dos Engenheiros de Moçambique 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
____________________________________________________________________ 
 
____________________________________________________________________ 
UEM - Faculdade de Engenharia Docente: Eng.o CARLOS CAUPERS 
2
ÍNDICE 
 
 
 
CCAAPPÍÍTTUULLOO II – SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DOMÉSTICA......................... 4 
1.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 4 
1.2 – DIMENSIONAMENTO............................................................................................................................ 5 
1.2.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................................................... 5 
1.2.2 – CONCEPÇÃO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA ....................................................................... 8 
1.2.3 – CAUDAIS A ASSEGURAR AOS DISPOSITIVOS DE UTILIZAÇÃO................................................................ 11 
1.2.4 – COEFICIENTE DE SIMULTANEIDADE E CAUDAL DE CÁLCULO .............................................................. 13 
1.2.5 – DIMENSIONAMENTO DAS TUBAGENS................................................................................................... 15 
1.2.6 – MEDIÇÃO DOS CONSUMOS DE ÁGUA ................................................................................................... 17 
1.2.7 – REDE DE ÁGUA QUENTE ...................................................................................................................... 18 
1.2.7.1 – Generalidades............................................................................................................................ 18 
1.2.7.2 - Consumos ................................................................................................................................... 20 
1.2.7.3 – Dimensionamento de redes de água quente ............................................................................. 22 
1.2.7.4 – Termoacumuladores eléctricos ................................................................................................. 23 
1.2.8 – ALGUMAS REGRAS CONSTRUTIVAS ..................................................................................................... 24 
1.2.8.1 – Tubagem de abastecimento de água ......................................................................................... 24 
1.2.8.2 – Reservatórios de água ............................................................................................................... 25 
1.2.8.3 – Contadores de água, torneiras e fluxómetros........................................................................... 27 
1.2.8.4 – Instalações de elevação ou sobrepressão.................................................................................. 28 
CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII – SISTEMAS DE COMBATE A INCÊNDIOS COM ÁGUA............................................ 31 
2.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 31 
2.1.1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 31 
2.1.2 – GENERALIDADES ................................................................................................................................ 31 
2.2 – PARÂMETROS DE DIMENSIONAMENTO...................................................................................... 33 
2.2.1 – TIPOS DE FORMA DE COMBATE AO FOGO COM ÁGUA ........................................................................... 33 
2.2.2 – ASPECTOS CONSTRUTIVOS .................................................................................................................. 37 
CCAAPPÍÍTTUULLOO IIIIII – SISTEMAS PREDIAIS DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS .......................... 38 
3.1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 38 
3.1.1 – GENERALIDADES ................................................................................................................................ 38 
3.2 – DIMENSIONAMENTO.......................................................................................................................... 40 
3.2.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................................................................................... 40 
3.2.2 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O ANTIGO E NOVO REGULAMENTO. CONSIDERAÇÕES ........................ 41 
3.2.3 – CONSTITUIÇÃO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM .................................................................................... 42 
3.2.4 – RAMAIS DE DESCARGA. CAUDAIS DE DESCARGA E CAUDAIS DE CÁLCULO.......................................... 43 
3.2.5 – TUBOS DE QUEDA................................................................................................................................ 47 
3.2.6 – RAMAIS DE VENTILAÇÃO .................................................................................................................... 49 
3.2.7 – COLECTORES PREDIAIS .......................................................................................................................51 
3.2.8 – RAMAIS DE LIGAÇÃO........................................................................................................................... 53 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
____________________________________________________________________ 
 
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UEM - Faculdade de Engenharia Docente: Eng.o CARLOS CAUPERS 
3
3.2.9 – FOSSAS SÉPTICAS ................................................................................................................................ 53 
3.2.10 – CÂMARAS DE RETENÇÃO DE GORDURAS ........................................................................................... 57 
3.2.11 – POÇOS DE INFILTRAÇÃO – DRENOS VERTICAIS .................................................................................. 58 
3.2.12 – TRINCHEIRAS FILTRANTES ................................................................................................................ 62 
3.2.13 – RECEPÇÃO DOS SISTEMAS ................................................................................................................. 63 
CCAAPPÍÍTTUULLOO IIVV – REDES PREDIAIS DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS.................................... 64 
4.1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 64 
4.2 – CONSTITUIÇÃO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM....................................................................... 65 
4.3 – DIMENSIONAMENTO.......................................................................................................................... 65 
4.3.1 – CAUDAL DE CÁLCULO ......................................................................................................................... 65 
4.3.2 – CALEIRAS E ALGEROZES ..................................................................................................................... 67 
4.3.3 – RAMAIS DE DESCARGA........................................................................................................................ 68 
4.3.4 – TUBOS DE QUEDA................................................................................................................................ 68 
4.3.5 – COLECTORES PREDIAIS ....................................................................................................................... 70 
 
 
 
ANEXO 
 
Regulamento dos Sistemas Prediais de Distribuição de Água e de drenagem de Águas 
Residuais
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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UEM - Faculdade de Engenharia Docente: Eng.o CARLOS CAUPERS 
4
CCAAPPÍÍTTUULLOO II – SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA DOMÉSTICA 
 
1.1 – INTRODUÇÃO 
 
Na maioria dos edifícios que são construídos, é praticamente indispensável proceder-se 
ao abastecimento de água. O próprio Regulamento Geral de Edificações Urbanas 
determina no seu artigo 83, que “ Todas as edificações serão providas de instalações 
sanitárias adequadas ao destino e utilização efectiva da construção e 
reconhecidamente salubres (..)”. 
 
De uma maneira geral, em qualquer centro urbano, o abastecimento de água é garantido 
por meio de uma rede pública que é composta pelas seguintes componentes: 
 
a) – Captação – Que pode ser feito a partir de rios, riachos, lagos, albufeiras, 
(águas superficiais) ou então em furos ou poços (águas subterrâneas). A água das 
chuvas pode ser também uma fonte de captação alternativa, mas sempre em 
muito menor escala; 
 
b) – Tratamento – Dependendo da qualidade da água captada, será feito o 
tratamento da mesma, por filtração ou adição de produtos químicos, tornando a 
água com a qualidade necessária para consumo; 
 
c) - Armazenamento – É feito em reservatórios enterrados, semi-enterrados ou 
apoiados por forma a garantir a distribuição de água regular em função dos 
consumos previstos; 
 
d) - Torre de Elevação – Local para onde é aduzida a água, por forma que possa 
fazer a distribuição por gravidade; 
 
e) – Rede de distribuição – É a rede de tubagem de diversas secções que garantem 
que a água chegue até às edificações, fontanários e outros pontos previamente 
definidos; 
 
É a partir desta rede que será feita a derivação para as edificações. O presente curso não 
irá abordar as componentes da rede pública acima transcritas, mas sim o sistema de 
canalizações de distribuição interior, isto é, será estudado o dimensionamento das 
tubagens a instalar nos edifícios a partir da altura em que entram na propriedade onde 
está implantada a edificação. 
 
A condição básica e essencial a que se deve satisfazer a água para consumo doméstico é 
a de ser potável. Por isso, a água para este fim só poderá ser distribuída quando possuir 
as qualidades físicas, químicas e bacteriológicas exigidas e que é definida pelo 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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5
Regulamento sobre a Qualidade da Água para Consumo Humano, em vigor desde o 
ano de 2004. Apesar do esforço que se tem feito para que a água seja distribuída a mais 
consumidores com a qualidade necessária, no nosso país se nota ainda muitas 
deficiências quanto às condições em que é utilizada a água indispensável aos usos 
domésticos. É importante que a qualidade da água seja por isso sempre questionada 
quando se projecta uma rede de distribuição de água. 
 
Os sistemas prediais de distribuição podem ser divididos em função dos diferentes fins a 
que se destinam. Assim, podem existir: 
 
 Redes de distribuição de Água Fria; 
 Redes de distribuição de Água Quente; 
 Redes de Rega; 
 Redes de Incêndio. 
 
Há indústrias em que o uso da água é indispensável. Ao se projectar um edifício para 
este fim, se pode ter que prever uma rede industrial de transporte de água ou para 
consumo no próprio processo tecnológico ou apenas para ser usado em circuito fechado, 
como por exemplo num processo de refrigeração (água usada para circulação e não 
propriamente para consumo). Neste último caso, dependendo das condições de cada 
local, a água a utilizar poderá não ser potável mas com qualidade suficiente para não 
fazer perigar a saúde pública. 
 
É no entanto muito importante proceder-se a uma avaliação antes do dimensionamento 
de todas as componentes que compõem o projecto de cada tipo de rede, isto é, o tipo de 
fonte que será utilizada (rede pública, furo ou poço ou directamente de um curso de 
água), tratamento da mesma em caso de necessidade, tipo de armazenamento a 
realizar, sistema de distribuição (por bombagem ou gravidade). 
 
1.2 – DIMENSIONAMENTO 
1.2.1 – Considerações Gerais 
 
A concepção de sistemas prediais de distribuição de água deve ter como objectivo a 
resolução de perspectivas numa global, técnica e económica, coordenada com a 
arquitectura e as restantes especialidades de engenharia. Assim, o dimensionamento 
deverá contemplar os diferentes componentes do sistema, tais como: 
 
a) - O ramal de distribuição - corresponde ao troço de canalização privativo do 
serviço de uma edificação, compreendido entre o seu limite e a canalização da rede 
geral, ou entre esta e qualquer dispositivo de utilização exterior à edificação. 
Normalmente nas zonas urbanas, este ramal é feito a partir de uma conduta da rede 
pública de abastecimento de água.APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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Já nos meios rurais onde não existem ou estão fora de serviço os sistemas públicos 
de abastecimento de água, a fonte a usar é privada, isto é, poderá ser garantido o 
abastecimento a partir de um furo, poço ou qualquer outra fonte que esteja dentro 
da propriedade onde será erguido o edifício ou até mesmo directamente do rio, 
riacho ou lagoa que passa perto das instalações. 
 
b) - O sistema de canalizações de distribuição interior - corresponde às 
canalizações instaladas no edifício e que prolongam o ramal (ou ramais) de ligação 
até aos dispositivos de instalação. 
 
c) - Elementos acessórios da rede - No dimensionamento dos sistemas de 
abastecimento de água, há a considerar os diferentes tipos de torneiras e 
fluxómetros, válvulas, contadores de água ou mesmo bocas de incêndio. 
 
d) – As instalações complementares - também fazem parte dos sistemas fazendo 
parte deste grupo os reservatórios (armazenamento de água ou torres de pressão), 
as instalações elevatórias e sobrepressoras (bombas), ou ainda aparelhos que 
produzem água quente (uso instantâneo ou para acumulação). 
 
Na concepção de novos sistemas, há que atender à pressão disponível na rede geral de 
alimentação, tipo de dispositivos de utilização (autoclismo, lavatório, bidé, banheira, 
chuveiro, urinol, torneira de jardim, pias de despejo, pontos de saídas para máquinas de 
lavar, etc) pressão necessária nos dispositivos de utilização, grau de conforto pretendido 
assim como à minimização de tempos de retenção de água nas tubagens. 
 
A natureza dos materiais aplicados em tubagens e acessórios é de grande importância 
para o dimensionamento das redes, tanto de água fria como quente. É frequente o uso de 
condutas de cobre, galvanizadas, aço inoxidável policloreto de vinil (PVC). Para 
instalações de água quente o isolamento das tubagens é fundamental para que não se 
perca o calor ao longo do seu comprimento, entre o aparelho produtor de água quente 
(esquentador ou termoacumulador) e o dispositivo de utilização. 
 
No processo construtivo, principal atenção se deve dar a medidas preventivas contra a 
corrosão e a facilidade de se fazer a manutenção. Há igualmente uma série de 
considerações a ter em conta, passando-se a descrever as mais importantes: 
 
 O sistema de distribuição de água potável deve ser completamente independente 
de qualquer outro sistema de distribuição de águas; 
 
 Toda a água, antes de ser distribuída para consumo, dever ser sujeita à medição. 
Assim, a partir do momento em que o ramal de ligação entra na propriedade onde 
está ou estará implantada a edificação, deverá ser instalado um contador, de 
diâmetro igual ao do ramal. Caso haja mais do que um consumidor privado 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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(apartamentos de prédios ou mesmo casas isoladas dentro de um condomínio 
privado por exemplo), então deverá ser assente um contador para cada 
consumidor. Se existir um consumidor comum (jardins colectivos, piscina do 
condomínio por exemplo), deverá ser igualmente instalado um contador que 
registará os respectivos consumos; 
 
 Os contadores deverão ser precedidos sempre de uma válvula de corte para que 
possa ser interrompido o abastecimento de água a esse ramal; 
 
 Os calibres mínimos da rede de distribuição deverão ser estimados em função do 
número de dispositivos de utilização; 
 
 Evitar que as canalizações da rede exterior à edificação sejam instaladas em 
faixas de rodagem, assim como assente em solos de resistência variável; 
 
 Deverão ser respeitadas as disposições regulamentares que se referem ao 
revestimento de tubagens em escavações, com material não coerente de 
granulometria fina, evitando a danificação das mesmas (caso de tubagem em 
PVC); 
 
 As pressões mínimas e máximas na rede que garantam o conforto de quem a 
utiliza permitam e a protecção e durabilidade dos acessórios instalados; 
 
 Necessidade de se proceder à verificação, ensaios e desinfecção das tubagens 
instaladas antes de entrarem em serviço; 
 
 Ter atenção com a funcionalidade dos reservatórios no que diz respeito a acessos 
(escadas, caixas de visita), localização das bóias, facilidade de limpeza (alturas 
interiores, pontos mais baixos no interior dos mesmos que permitam as lamas se 
acumularem nesse ponto facilitando a limpeza), localização das válvulas junto 
aos reservatórios; 
 
 As instalações elevatórias devem ser dotadas com dispositivos de comando 
(mecânicos ou eléctricos), devem ter características que não alterem a qualidade 
da água e sempre que possível ser providos de dispositivos de segurança e 
alarme. 
 
A concepção e o projecto do sistema de distribuição têm como base para o seu 
dimensionamento o estipulado pelo Regulamento dos Sistemas Prediais de Distribuição 
de Água e de Drenagem de Águas Residuais, em vigor desde o ano de 2004. 
 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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1.2.2 – Concepção dos sistemas de distribuição de água 
 
Tão importante como o dimensionamento de uma instalação predial de distribuição de 
água, objectivando a optimização do seu desempenho funcional, é o estabelecimento do 
seu correcto traçado e implantação, tendo não só em vista aspectos de natureza 
regulamentar, mas também outros, como o económico, ou a sua interligação com as 
restantes instalações a implantar no edifício. 
Neste sentido, para além das avaliações relativas às condições de abastecimento de água, 
do tipo de edifício e dos níveis de conforto e qualidade pretendidos, reveste-se de 
primordial importância que o projectista coordene com as restantes especialidades 
intervenientes no projecto, os seguintes aspectos: 
 
 Localização dos contadores (arquitectura, electricidade); 
 Localização dos dispositivos de utilização (arquitectura); 
 Localização dos elementos de produção de água quente (arquitectura, 
electricidade); 
 Localização dos reservatórios de armazenamento de água (arquitectura, 
estabilidade); 
 Localização dos sistemas elevatórios (bombas de água) quando tal se justifique 
(arquitectura, estabilidade, electricidade); 
 Posicionamento da rede interior das zonas privadas de cada consumidor 
(arquitectura, electricidade). 
 
A alimentação de água a uma edificação, poderá ser feita de duas formas: 
 
a) - forma directa – a alimentação do sistema predial de distribuição é feita 
directamente, através da sua ligação à rede pública de distribuição de água (ou 
de outra fonte privada, tais como furos ou poços), intercalando ou não entre 
ambas um elemento sobrepressor (bomba que aumenta as pressões na rede); 
 
b) – forma indirecta – a alimentação do sistema predial de distribuição é feita 
indirectamente através da adopção de reservatórios onde a água proveniente da 
rede pública de distribuição (ou de outra fonte alternativa), é acumulada, sendo 
posteriormente e a partir destes, feita a distribuição pelo edifício (por gravidade 
ou por meio de bombas). 
 
A forma directa de alimentação é usada normalmenteem situações em que a rede 
pública de abastecimento de água garanta o seu fornecimento 24 horas por dia. Pode no 
entanto haver a necessidade de introduzir uma bomba (denominada normalmente de 
“booster”) quando, apesar de estar garantido o fornecimento de água sem interrupção, a 
pressão de serviço seja reduzida (fig.1). 
 
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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Em centros urbanos onde a água da rede pública não está disponível durante todo o dia 
(fornecimento sem interrupção), é muito frequente recorrer-se à forma indirecta, por 
forma a se armazenar água que possa ser usada nos períodos em que haja interrupção de 
abastecimento a partir da rede pública (fig.2). 
 
É também frequente usar soluções mistas de alimentação, principalmente em edifícios de 
grande altura, recorrendo-se ao uso de pressões diferentes para os vários pisos. Os 
andares inferiores poderão ser abastecidos directamente pela rede (desde que o 
fornecimento a partir desta seja sem interrupções e com as pressões que satisfaçam as 
condições pretendidas – forma directa) e os superiores sejam abastecidos de forma 
indirecta (recorre-se a reservatório inferior e o abastecimento é feito por meio de uma 
bomba de água). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1 – Esquema de uma alimentação directa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 2 – Esquema de uma alimentação indirecta, a partir da bomba 
 
 contador 
Rede predial de 
distribuição
 Ramal de ligação 
 C
 contador
Rede predial de 
distribuição directamente 
a partir da bomba
 Elemento sobrepressor
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ÁGUA E DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS - 2009 
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Fig. 3 – Esquema de uma alimentação indirecta, a partir do reservatório superior (gravidade) 
 
 
Normalmente a estimativa da pressão mínima de água necessária à entrada do edifício a 
servir, tendo em vista a satisfação dos consumos domésticos, poderá ser obtida pela 
expressão: 
 
H = 100 + 40.n 
 
 
Em que H = pressão mínima (kpa); 
n = nº de pisos acima do solo, incluindo o piso térreo 
 
Os reservatórios são dispositivos destinados ao armazenamento de água à pressão 
atmosférica, a qual constitui uma fonte de reserva destinada à alimentação dos sistemas 
prediais de distribuição, de forma a suprir as deficiências da rede pública de 
alimentação. Cuidados especiais deverão ser considerados para que a água armazenada 
não perca a qualidade com que chega aos reservatórios. Uma das causas da redução da 
qualidade da água diz respeito ao sobre-dimensionamento do volume a armazenar, 
deixando a água de circular, ficando um tempo excessivo dentro do reservatório. 
 
O armazenamento simultâneo de água para combate a incêndios e fins domésticos só 
excepcionalmente deverá verificar-se, devendo ser garantidas todas as condições 
indispensáveis à manutenção da potabilidade da água armazenada e da capacidade 
disponível para o serviço de incêndios. 
 
 C
 contador
Rede predial de distribuição 
directamente a partir da 
bomba ou a partir do depósito 
quando a bomba não funciona
 Elemento sobrepressor 
(bomba, hidropressor, 
pressostato)
APONTAMENTOS SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS PREDIAIS DE DISTRIBUIÇÃO 
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O volume útil dos reservatórios destinados a fins alimentares e sanitários não deve 
exceder o valor correspondente ao volume médio diário do mês de maior consumo, 
tendo em conta a ocupação previsível do edifício a abastecer. Por vezes, dada a fraca 
fiabilidade da rede pública, há a tendência de armazenar grandes quantidades de água o 
que faz com que grande parte dela perca qualidade dentro dos reservatórios. No entanto, 
dependendo do tipo de edifício a projectar, poderão ser criadas reservas para mais do 
que 1 dia (por exemplo hospitais). 
 
Normalmente o volume de armazenamento é calculado considerando o número de 
utentes do edifício a projectar. Assim, poderão ser considerados os valores previstos no 
Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas 
Residuais de Moçambique, artigo 14º, que define: 
 
a) – 30 litros/hab.dia para áreas abastecidas por fontanários; 
b) – 50 litros/hab.dia para áreas abastecidas por torneira no quintal; 
c) – 80 litros/hab.dia para centros urbanos até 2000 habitantes com abastecimento 
domiciliário e distribuição predial; 
d) – 125 litros/hab.dia para centros urbanos com mais de 2000 habitantes com 
abastecimento domiciliário e distribuição predial; 
e) – 300 a 400 litros/cama.dia para hospitais; 
f) – 70 litros/quarto.dia para hotéis sem banheira (com chuveiro) e 230 
litros/quarto.dia para quartos com banheira; 
g) – 15 litros/pessoa.dia para escritórios; 
h) – 20 a 45 litros/refeição servida para restaurantes; 
i) – 10 litros/aluno.dia para escolas; 
 
Casos particulares tais como locais desportivos, quartéis, bombeiros ou mesmo 
indústrias devem ser analisados caso a caso. Para jardins podem ser considerados valores 
que vão desde 4 a 10 litros/m2. Assim, o consumo diário a considerar para uma moradia 
para 6 habitantes na cidade de Maputo deverá ser igual a 750 litros. Deve-se no entanto 
analisar se a moradia tem por exemplo uma área considerável de jardim, que exige uma 
rega diária que poderá aumentar significativamente o volume consumido. 
 
Para a determinação dos caudais de consumo, o número de habitantes não deve ser 
considerado mas sim o número e tipo de dispositivos de utilização, tal como será 
abordado no sub-capítulo seguinte. 
 
1.2.3 – Caudais a assegurar aos dispositivos de utilização 
 
O dimensionamento hidráulico dos ramais de ligação consiste na determinação dos seus 
diâmetros com base nos caudais de cálculo e para velocidades de escoamento 
compreendidas entre 0,5 e 2 m/s (artigo 23 do Regulamento). Os caudais de cálculo são 
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determinados a partir dos caudais instantâneos (Qi) que correspondem aos caudais 
necessários e suficientes que deverão ser a adoptados no dimensionamento dos sistemas 
de distribuição, para os diferentes dispositivos de utilização instalados no edifício, tendo 
em conta as suas características particulares, tal como indicado no quadro 1. 
 
 
Dispositivos de Utilização Caudais Instantâneos (l/s) 
Lavatório individual 0,10 
Lavatório Colectivo (por bica) 0,05 
Bidé 0,10 
Banheira 0,25 
Chuveiro individual 0,15 
Pia de despejo com torneira de bica de Ø 1/2" 0,15 
Autoclismo de bacia de retrete 0,10 
Urinol com torneira individual 0,15 
Pia lava-louça 0,20 
Bebedouro 0,10 
Máquina de lavar louça 0,15 
Máquina de lavar-roupa 0,20 
Tanque de lavar roupa 0,20 
Bacia de retrete com fluxómetro 1,50 
Urinol com fluxómetro 0,50 
Boca de rega ou lavagem com Ø 15mm 0,30 
Boca de rega ou lavagem com Ø 20mm 0,45 
Máquinasindustriais e outros aparelhos Em conformidade com as instruções do fabricante 
 
Quadro 1 – Caudais instantâneos mínimos ( Qi) de acordo com o Anexo 4 do Regulamento de Sistemas 
Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (RSPDADAR) 
 
 
Os valores acima representados são válidos tanto para a rede de água fria como da rede 
de água quente. 
 
A soma dos caudais instantâneos de uma determinada instalação corresponde ao caudal 
acumulado (Qa). Mas este não é o caudal de cálculo. Isto porque a probabilidade de 
estarem todos os dispositivos de utilização em uso em simultâneo de forma permanente, 
é reduzida. 
 
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Assim, a determinação do coeficiente de simultaneidade é importante para que se possa 
decidir qual é efectivamente o caudal a usar para dimensionar as tubagens. 
 
1.2.4 – Coeficiente de simultaneidade e Caudal de cálculo 
 
Tal como foi já mencionado, tendo em conta a improbabilidade de numa mesma 
edificação todos os dispositivos estarem em funcionamento em simultâneo, os caudais 
utilizados e que servem de base ao dimensionamento das canalizações (caudais de 
cálculo Qc), traduzem-se pelo somatório dos caudais instantâneos Qi, proporcional ao 
que se denomina caudal acumulado (Qa) que pressupõe o funcionamento simultâneo dos 
dispositivos: 
 
Qa = ∑Qi ; Qc = k Qa 
 
Em que K = coeficiente de simultaneidade; 
 
De acordo com a regulamentação aplicável, os coeficientes de simultaneidade poderão 
ser obtidos por via analítica ou gráfica (resultante dos dados estatísticos). A 
determinação do número de dispositivos de utilização em funcionamento simultâneo é 
feita pode ser feita por 3 métodos distintos, nomeadamente: 
 
a) – Método de cálculo das probabilidades; 
b) – Método do coeficiente de simultaneidade; 
c) – Método preconizado no regulamento em vigor. 
 
No presente curso vamos abordar este coeficiente fazendo uso do método preconizado 
no Regulamento em vigor em Moçambique, aprovado no ano de 2004. 
 
O Regulamento apresenta no ANEXO V uma curva que, tendo em conta os coeficientes 
de simultaneidade, permite a obtenção directa dos caudais de cálculo a partir do caudal 
acumulado que corresponde à soma dos ao somatório dos caudais instantâneos 
atribuídos pelo quadro 1 aos dispositivos de utilização, para casos correntes de 
habitação, considerando um nível de conforto médio. 
 
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figura 4– Caudais de cálculo (Qc) em função de caudais acumulados (Qa) 
 
 
O dimensionamento das tubagens pode ser feito pelas fórmulas estudadas na disciplina 
de Hidráulica I. 
 
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1.2.5 – Dimensionamento das tubagens 
 
O dimensionamento das tubagens é feito em função do caudal de água (caudal de 
cálculo, Qc), a assegurar nos dispositivos de utilização, do seu desenvolvimento, da 
altura de distribuição, da pressão mínima a assegurar nos dispositivos e do material 
constituinte das tubagens. 
 
Para tal, poder-se-á proceder ao sucessivo cálculos dos diferentes troços de tubagem que 
constituem o sistema, a partir da fixação de valores para a velocidade de escoamento 
(denominado o método das velocidades), ou a partir das perdas de carga admissíveis 
para o percurso considerado (método das perdas de carga). 
 
O Quadro 2 permite conhecer para diferentes caudais de cálculo, as velocidades e perdas 
de carga em função dos diâmetros da tubagem. As perdas de carga que constam neste 
quadro, estão incrementadas de mais 20% correspondentes às perdas de carga 
localizadas. Todos os valores contidos no quadro, são para tubagem de ferro preto (FP) 
ou ferro galvanizado (FG). Para que se conheça nesse quadro a perda de carga para tubos 
de cobre ou PVC, pode-se numa primeira aproximação tomar as reduções nas perdas de 
carga contínuas que consta no Quadro 2A deste documento deste documento. 
 
 
 
 
 
Quadro 2A - Redução das perdas para diferentes materiais de tubagem, em relação à 
velocidade, válidas para tubagem de ferro preto 
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Quadro 2 – Dimensionamento das tubagens de alimentação e distribuição predial de água 
 
 
Por questões de durabilidade das canalizações as velocidades de escoamento devem 
manter-se entre os 0,5 m/s e os 2,0 m/s e as pressões de serviço entre os 150 kpa e os 
300 kpa. 
 
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O sistema de aquecimento predial de água é dimensionado da mesma forma, podendo 
contemplar 3 situações mais comuns: 
 
1) Produção de água quente por um termo-acumulador fazendo uso da energia 
eléctrica (deve-se seleccionar tomando em consideração ao volume de água a 
aquecer e também considerando as pressões de serviço – baixa ou alta 
pressão); 
 
2) Produção através de um dispositivo tipo esquentador, para uso imediato 
(normalmente alimentados a gás, não fazendo acumulação de água quente, 
fazendo-se logo uso da água que passa pelo aparelho); 
 
3) Aquecimento central destinado a abastecer todos os dispositivos de utilização 
de um edifício (normalmente utilizados em hospitais, hotéis, internatos, etc); 
 
1.2.6 – Medição dos consumos de água 
 
Toda a água consumida deve ser medida. A medição dos consumos de água deve ser 
feita através de aparelhos de medição, designados por contadores, que medem e registam 
o volume o volume de água passado pelo seu interior. Os contadores devem localizar-se 
no interior dos edifícios, devendo ser posicionados por forma a facilitar a leitura e as 
operações de manutenção e conservação, devendo estar localizados sempre a um nível 
superior ao dos pavimentos. 
 
Nos condomínios de habitação por exemplo, deverá ser instalado um contador logo à 
entrada do complexo que fará a medição de toda a água que entra a partir da rede. No 
entanto, à entrada de cada apartamento desse condomínio, será instalado outro contador. 
Estes últimos registam o volume que cada apartamento consome. A soma dos volumes 
dos contadores dos apartamentos deduzido ao volume registado no contador de entrada 
do condomínio corresponde ao volume de água utilizado para serviços comuns (rega, 
lavagens de partes comuns, etc). 
 
Como o calibre dos contadores depende do caudal de cálculo, é natural que o contador 
comum tenha um calibre superior ao calibre dos contadoresdos apartamentos 
(normalmente Ø ¾”). O RSPDADAR, no seu CAP. IV, Secção III, aborda a questão dos 
contadores. 
 
O contador é um dispositivo que introduz uma perda de carga localizada considerável. 
Normalmente, os contadores são caracterizados por uma série de parâmetros sendo dois 
deles de relevante importância na selecção do seu calibre para uma dada instalação, 
nomeadamente caudal nominal e caudal máximo. 
 
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O caudal máximo corresponde mais elevado de passagem a que o contador deve 
funcionar, de molde a manter a sua precisão. O caudal nominal corresponde a metade do 
caudal máximo de passagem (valor utilizado para referenciar o contador). 
 
Deve-se escolher o calibre do contador por forma a que a perda de carga localizada não 
exceda os 25 kPa se estivermos a considerar o caudal nominal, ou 100 kPa se estivermos 
a relacionar com o caudal máximo. De acordo com estas considerações e apesar de não 
constar no regulamento em vigor a forma de definir o calibre do contador, é comum 
usar-se o quadro que consta na tabela e que define os calibres dos contadores 
(considerando ligações roscadas ou flangeadas), em função do caudal nominal. 
 
 
 
 
Quadro 3 – Calibres de contadores em função do diâmetro nominal 
 
1.2.7 – Rede de água quente 
 
1.2.7.1 – Generalidades 
 
A correcta concepção e o correcto dimensionamento de um sistema destinado à 
produção e distribuição de água quente, implicam uma definição adequada das 
necessidades previsíveis dos utentes a servir, as quais dependem da temperatura da água 
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distribuída, dos caudais instantâneos assegurados nos dispositivos de utilização e do 
volume de água quente disponibilizado. 
 
Uma instalação de água quente destinada a consumos domésticos, tem por função 
satisfazer as necessidades dos utentes em termos de água quente e compreende a 
produção propriamente dita, distribuição e fornecimento. 
 
A distribuição predial de água quente é feita a partir de um termoacumulador eléctrico, 
esquentador a gás, ou caldeira, esta última menos frequente, é feita através de uma rede 
de distribuição em tudo semelhante às utilizadas na distribuição de água fria. 
 
Há igualmente sistemas de produção de água quente em que a energia utilizada é a 
energia solar. 
 
Na concepção e no dimensionamento da rede de distribuição, dever-se-á procurar a 
obtenção de traçados que possibilitem a minimização das perdas de carga, de forma a 
optimizar o aproveitamento da pressão disponibilizada, bem como os limites de 
velocidade de circulação impostos regulamentarmente. 
 
O volume de consumo de água quente num edifício será função do tipo de ocupação do 
edifício (residencial, hoteleiro, escolar, etc.), do número de utentes, do número de 
dispositivos de utilização instalados e do nível de conforto pretendido. 
 
A determinação dos consumos de água quente para fins domésticos e sanitários não é 
estabelecido através de fórmulas matemáticas mas sim através de um tratamento 
estatístico das probabilidades de consumo, ou tomando como base valores 
experimentais. Os valores dos consumos variam muito quer no decorrer do dia quer em 
termos do dia da semana, quer ainda em termos do mês do ano. 
 
Os termoacumuladores são aparelhos de produção de água quente que permitem o 
armazenamento da água aquecida de forma a poder ser utilizada quando necessário, 
apresentando-se sob a forma de um reservatório isolado termicamente, equipado com 
sistema de controlo de temperatura (pressostato) da água. A capacidade de 
armazenamento destes aparelhos deverá ser pelo menos igual às necessidades máximas 
do dia de maior consumo. A temperatura de água deverá ser mantida entre 60ºC a 65º C. 
 
Os termoacumuladores podem ser de baixa pressão ou de alta pressão. Normalmente 
eles podem ser de baixa ou alta pressão. Os primeiros suportam pressões máximas de 2 
Kg/cm2, sendo o abastecimento de água feito por depósitos de água localizados a 
pequenas alturas. Quando o fornecimento é feito a partir de um equipamento 
sobrepressor (electrobomba por exemplo), as pressões máximas atingem normalmente os 
4 Kg/cm2. Deve-se ter muita atenção ás pressões de serviço na selecção do 
termoacumulador a instalar. Estes podem ainda ser horizontais (de fixar numa 
superfície horizontal tal como uma laje de cobertura, ou ainda numa superfície vertical 
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tal como uma empena) ou verticais. As capacidades podem variar entre os 50 e os 500 
litros. Para um bom funcionamento do termoacumulador, para além das válvulas de 
descarga (para vazar este reservatório) e de segurança (que abre quando as pressões 
sobem para além das admissíveis), devem ser colocadas válvulas de vácuo, uma à 
entrada e outra à saída. 
 
As canalizações de água quente devem ser isoladas, por forma a reduzir as perdas de 
calor ao longo do seu comprimento. 
 
1.2.7.2 - Consumos 
 
Os consumos de água quente por cada tipo de aparelho sanitário não são determinados 
por fórmulas matemáticas mas sim por meio através de um tratamento estatístico das 
probabilidades de consumo. Estes consumos não só variam nas horas do dia a 
considerar, dias da semana e mesmo ao longo dos meses do ano (no verão o consumo de 
água quente é inferior que no Inverno por exemplo). 
 
No quadro seguinte apresenta-se os consumos mínimos de consumo de água quente, 
tendo em conta os diferentes tipos de edifícios e aparelhos sanitários. São valores 
indicativos, mas o seu dimensionamento pode variar de caso a caso, dependendo dos 
factores já mencionados, para além de outro também de fundamental importância: o 
nível social das populações ou utilizadores a quem se destina a edificação ou 
edificações. 
 
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Quadro 4 – Consumos mínimos de água quente para produção individual 
 
 
No caso de edifícios de habitação, pode-se estimar o volume de água diário em função 
do não só tipo e número de dispositivos a utilizar, mas também do seu número de 
ocupantes: 
 
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Quadro 5 – Consumos mínimos de água quente em edifícios de habitação 
 
 
1.2.7.3 – Dimensionamento de redes de água quente 
 
O dimensionamento das redes de transporte de água quente, é feito da mesma forma queas redes de dimensionamento de água fria, sendo por isso necessário conhecer os caudais 
instantâneos. Esses consumos podem ser estimados tendo em conta os valores que se 
apresenta na tabela abaixo mencionada. 
 
 
 
Quadro 6 – Caudais instantâneos a considerar por cada tipo de aparelho de utilização 
 
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1.2.7.4 – Termoacumuladores eléctricos 
Tal como a palavra indica, estes são aparelhos que permitem acumular água quente por 
um determinado período, estando dotados de isolamento térmico, sendo o aquecimento 
feito por resistências eléctricas. Embora existam aparelhos para baixa e alta pressão, a 
verdade é que no mercado já raramente se encontra termoacumuladores de baixa 
pressão. 
 
 
fig. 5 – Esquema de montagem de válvulas de um termoacumulador 
 
Para que não haja retorno de água quente na conduta de água fria (de alimentação) 
quando esta deixa de estar em pressão, torna-se necessário prever à entrada, a instalação 
de uma válvula de retenção, para além da válvula de corte. 
 
A temperatura do pressostato no termoacumulador pode ser regulada para os 65º C. No 
entanto, há casos que faz sentido aumentar essa temperatura, de modo a obrigar o utente 
a misturar mais água fria reduzindo o consumo de água já aquecida. Assim, a quantidade 
de água pode dar para mais consumidores, que façam uso da água quente de forma 
consecutiva. 
 
A forma de instalar um termoacumulador é de grande importância. As alturas, descargas, 
válvulas de corte e de controle, devem ser instaladas de forma correcta, de acordo com o 
fabricante, mas tendo sempre em conta o tipo de instalação que está em uso (escoamento 
por gravidade ou escoamento sob pressão têm muita influência no tipo de aparelho bem 
como a forma de instalação do mesmo). 
 
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fig. 6 – Esquema de entradas e saídas de um termoacumulador horizontal de alta-pressão 
 
 
1.2.8 – Algumas regras construtivas 
 
Deve-se tanto quanto possível tomar em consideração os seguintes aspectos 
construtivos: 
 
1.2.8.1 – Tubagem de abastecimento de água 
 
 O traçado das condutas prediais de água deve ser constituído por elementos 
rectilíneos, horizontais e verticais, ligados entre si por acessórios apropriados. 
Antes de se colocar a tubagem, deve ser elaborado um plano de assentamento, 
evitando-se ao máximo o número de acessórios que irão introduzir uma maior 
perda de carga localizada; 
 
 Devem as tubagens ser assentes com uma ligeira inclinação (0,5%) para 
favorecer a circulação de ar no interior das canalizações; 
 
 Sempre que possível, as canalizações de distribuição de água devem ser assentes 
num plano superior ao das canalizações de esgoto; 
 
 Podem dispensar-se alguns acessórios quando aplicadas tubagens flexíveis; 
 
 As tubagens podem ser instaladas embutidas nos elementos construtivos ou à 
vista. Quando ficam à vista, devem ficar fixas por braçadeiras, tendo-se sempre 
em conta a dilatação e contracção da tubagem em uso; 
 
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 Deve-se evitar instalar canalizações de abastecimento de água em elementos de 
fundação, nem embutidos em elementos estruturais excepto em pavimentos, nem 
em locais de difícil acesso; 
 
 As canalizações de água quente devem ser colocadas paralelas à de água fria, do 
lado superior e nunca por baixo destas, sendo a distância mínima entre as 
canalizações de água quente e fria de 5 cm; 
 
 As tubagens de água quente que fiquem à vista devem obrigatoriamente ser 
isoladas com materiais de baixa condutibilidade térmica (telas de polietileno, 
borracha, etc.). No caso de tubagens embutidas, aconselha-se sempre que sejam 
revestidas, embora não seja obrigatório. Tal permitirá não aquecer todas a parede 
onde está embutida, havendo transferência de calor, desnecessariamente; 
 
 É muito comum o uso de condutas de ferro galvanizado, sendo usadas uniões 
roscadas para as ligações entre tubos e entre tubos/acessórios. Hoje já se usa 
muito, para além do tubo de ferro galvanizado, tubagem de cobre de vários 
diâmetros (a soldadura é a forma mais frequente de ligação neste tipo de 
tubagem), de aço-inox (mais empregue em instalações à vista, sendo as ligações 
feitas por rosca) ou ainda tubagem de polietileno de alta pressão (normalmente 
para embutir, podendo ser fornecido por rolo ou por tubo, sendo frequente o uso 
de uniões roscadas). Para secções de maior diâmetro, os tubos PVC podem ser 
ligados por encaixe rápido (quando ficam enterrados por exemplo); 
 
 Todas as canalizações antes de postas ao serviço, deverão ser submetidas a uma 
lavagem, desinfecção e a um tratamento de depuração química; 
 
 Todas as canalizações antes de entrarem em serviço, serão sujeitas a provas que 
assegurem a perfeição do trabalho de assentamento, consistindo essas provas no 
enchimento das mesmas e na elevação da sua pressão interna por meio de uma 
bomba manual ou mecânica, a 1,5 (normalmente em tubagens à vista ou 
enterradas) ou 2 vezes a pressão de serviço (em tubagens embutidas). 
Geralmente, considera-se que as canalizações estão bem assentes nos casos em 
que a descida do manómetro não seja superior a (P/5)0,5, durante meia hora. 
Estes ensaios deverão ser realizados com as canalizações a descoberto. Caso 
estejam enterradas, pelo menos as juntas deverão estar à vista para que se possa 
facilmente detectar qualquer fuga; 
 
1.2.8.2 – Reservatórios de água 
 
 Devem ser implantados de forma a que as suas inspecção e manutenção não 
ofereçam quaisquer dificuldades; 
 
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 Os reservatórios de uso colectivo, quer enterrados, semi-enterrados, apoiados ou 
elevados, devem localizar-se sempre em zonas comuns, que permitam fácil 
acesso aos mesmos; 
 
 Os reservatórios enterrados devem posicionar-se distanciados cerca de 3m de 
caixas de esgotos, fossas sépticas ou colectores de drenagem de águas residuais, 
de modo que, na eventualidade de se verificarem falhas na estanquidade destas 
estruturas, não exista a possibilidade de contaminação da água armazenada; 
 
 Devem ser construídos por forma a garantir-se a sua impermeabilização, sendo 
revestidos de forma a permitir uma limpeza eficaz; 
 
 Para reservatórios enterrados, semi-enterrados ou mesmo apoiados com volumes 
superiores a 2 m3, devem ser constituídos por duas células preparadas para 
funcionar de forma separada mas que, em funcionamento normal, se 
intercomuniquem; 
 
 As arestas interiores devem ser boleadas e o fundo deverá ter um pendente de 1% 
para uma caixa de limpeza; 
 
 Devem ser dotados de sistemade ventilação, por forma a garantir a renovação 
frequente do ar em contacto com a água armazenada; 
 
 A entrada e saída de água no reservatório devem ser posicionadas por forma a 
garantir a circulação de todo o volume de água armazenado; 
 
 A entrada de água num reservatório deverá ficar localizada pelo menos 5 cm 
acima do nível máximo de água e equipada com uma válvula que interrompa a 
alimentação, quando for atingido o nível máximo de armazenamento (bóia 
mecânica) ou outro sistema de corte como por exemplo bóia eléctrica; 
 
 A saída deve posiciona-se entre 10 a 15 cm acima da laje de fundo; 
 
 Todos os reservatórios devem ser providos de um descarregador de superfície, 
posicionado cerca de 5 cm acima do nível máximo de armazenamento (também 
chamado de avisador), com uma secção que garanta a descarga do caudal que 
entra em excesso; 
 
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Fig. 7 – Esquema de um reservatório de armazenamento de água 
 
1.2.8.3 – Contadores de água, torneiras e fluxómetros 
 
 Os contadores devem ser localizados no interior dos edifícios, em zonas de 
entrada ou em zonas comuns, consoante se trate de um ou vários consumidores; 
 
 Devem ser posicionados de forma a facilitar a sua leitura e as operações de 
manutenção e conservação; 
 
 Devem localizar-se sempre a um nível superior ao dos pavimentos; 
 
 Antes e depois de cada contador, deverá ser instalada uma válvula de corte; 
 
 A jusante do contador e por forma a que nunca haja retorno da água no sentido 
inverso, deverá ser colocada uma válvula de retenção de secção igual ao 
diâmetro da conduta de alimentação; 
 
 As torneiras e válvulas devem ser colocadas em locais acessíveis; 
 
 É obrigatória a instalação de válvulas de seccionamento à entrada dos ramais de 
introdução individuais, dos ramais de distribuição das instalações sanitárias e das 
cozinhas e a montante de autoclismos, equipamento de lavar roupa ou loiça, 
termoacumuladores e ainda a montante e jusante dos contadores; 
 
 É obrigatório assentar válvulas de redução de pressão nos ramais em que a 
pressão de serviço seja superior a 600 kpa de modo a proteger os acessórios 
instalados; 
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 Os fluxómetros são instalados em urinóis individuais ou colectivos, sendo no 
entanto necessário verificar que estes acessórios exigem pressões mínimas que 
deverão ser consideradas dependendo do fabricante. 
 
1.2.8.4 – Instalações de elevação ou sobrepressão 
 As bombas de água devem ser escolhidas tendo em atenção especial dois pontos: 
o caudal de cálculo e a pressão exigida pela instalação; 
 
 Por norma, dependendo da fiabilidade pretendida, a bomba seleccionada deve ser 
sempre instalada em conjunto com uma outra de igual potência, devendo 
trabalhar de forma alternada (havendo sempre uma em caso de avaria da outra); 
 
 O grupo de bombas escolhidas para diferentes fins (abastecimento de água, 
incêndios, rega, etc.), devem ser instaladas com funcionamento automático e 
permitirem simultaneamente o comando manual; 
 
 As instalações deverão, sempre que possível ter isolamento acústico de modo a 
atenuar os ruídos e vibrações que, de alguma forma, possam perturbar os utentes 
das edificações; 
 
 O sistema de pára-arranque que deverá ser automático, tem que prever 
obrigatoriamente os níveis máximos e mínimos de água nos reservatórios, por 
forma a não permitir que a bomba funcione em vazio (sem água ao nível do 
chupador); 
 
 Nas condições actuais das redes públicas no país, não é permitido que se instale 
bombas de água que aspire água directamente da mesma. Embora haja 
dispositivos que permitam controlar o funcionamento da bomba a partir das 
pressões da rede (não arranca por exemplo a bomba sempre que a rede tenha 
pressões baixas), a verdade é que a distribuição de água tanto nos grandes 
centros urbanos como nos rurais é feita só durante algumas horas do dia; 
 
 A velocidade de circulação da água na tubagem de aspiração não deve 
ultrapassar os 1,5 m/s e o diâmetro desta não deverá ser inferior ao da tubagem 
de compressão; 
 
 A tubagem de aspiração deverá ser provida de uma válvula de retenção (também 
chamada de chupador ou válvula-de-pé), de modo a manter a tubagem de 
aspiração sempre em pressão, mesmo quando a bomba estiver parada (não 
permite o retorno da água ao reservatório, evitando o surgimento de bolsas de 
ar); 
 
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 Para se proteger a bomba do choque hidráulico, deverá ser colocada sempre a 
montante desta (na conduta de compressor, logo depois da bomba), uma válvula 
de retenção de igual diâmetro ao da conduta. Também por causa desse fenómeno, 
é muito frequente o uso hidropressores de diferentes volumes, que ajudam de 
forma eficiente o funcionamento da bomba, regulando o arranca-pára, 
balanceando pressões na conduta; 
 
 As estações elevatórias são normalmente compostas por duas bombas (para um 
determinado fim, tal como por exemplo abastecimento de água ao(s) edifício(s)), 
pressostato, manómetro de medição de pressão e o hidropressor (pode 
normalmente variar entre os 20 l de volume e os 200 litros); 
 
 Sempre que se montam duas bombas iguais (e que não estejam associadas em 
série ou paralelo), tem que se ter uma atenção especial para que elas possam 
trabalhar alternadamente (pode-se comandar a alternância por meio da 
instalação de um relógio no quadro eléctrico), por forma a que uma delas não 
fique parada por muito tempo. Por vezes o motor pode prender e se tal acontecer, 
quando for necessária (por incapacidade da outra) esta não estará operacional. 
Caso não funcionem dessa maneira, então a bomba de reserva deverá ser 
periodicamente accionada, de forma manual, garantindo a sua operacionalidade 
em caso de necessidade; 
 
 Nas instalações em que se dimensione uma bomba de incêndios (ou grupo de 
duas bombas para esse efeito), há o perigo destas ficarem também durante longos 
períodos sem funcionarem. O mesmo procedimento que descrito no ponto 
anterior, deverá ser considerado para estas bombas. Pode-se ao nível do projecto, 
pensar num “by-pass” que seja fácil de operar manualmente e que permite com a 
simples abertura de uma válvula, a(s) bomba(s) arranque(m) por redução de 
pressão. A água circulará em circuito fechado, sendo captada no reservatório e 
devolvida ao mesmo poucos metros à frente; 
 
 Os hidropressores são fundamentais para regular o funcionamento da bomba. Por 
esse motivo, eles deverão estar sempre com as pressões de ar (exterior à 
membrana de borracha) inferiores à pressão máxima (para permitir a entrada de 
água no mesmo) e superior à pressão mínima (para que possa expulsar a água do 
seu interior para a rede). Estas pressões máximas e mínimas são reguladas pelo 
pressostáto instalado logo depois da bomba(s); 
 
 É muito importante que sejam respeitadas as alturas máximas de aspiração 
(normalmente os catálogos inclui a curva característica do NPSH (NetPosition 
Suction Head); 
 
 Se a bomba for dimensionada a partir dos consumos diários, deve-se considerar 
que o tempo efectivo de trabalho não deverá ser superior a 12h; 
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 Deverá ser consultado no catálogo da bomba antes da sua aquisição, o número 
aconselhado de vezes que esta deve arrancar por minuto que o fabricante 
aconselha e verificar se isso não vai de encontro com os valores chegados para o 
dimensionamento; 
 
 Sempre que possível, o sistema deverá ser provido de dispositivos de segurança e 
alarme. O de segurança será composto por bóias mecânicas ou eléctricas. O 
alarme poderá ser constituído por um sinal sonoro que fará a alerta quando por 
exemplo o nível de água no reservatório está no considerado mínimo. 
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CCAAPPÍÍTTUULLOO IIII – SISTEMAS DE COMBATE A INCÊNDIOS 
COM ÁGUA 
 
 
2.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
2.1.1 – Introdução 
 
Este tema será abordado na generalidade, realçando-se os aspectos relevantes a ter em 
conta no que diz respeito ao projecto de redes de incêndio em edifícios. Não deverá ser 
detalhado o aspecto do cálculo hidráulico em si, visto que ele não difere do cálculo 
hidráulico de condutas em pressão, abordado na Parte A do presente curso. É no entanto 
importante resumir a informação existente e dar aos engenheiros civis os elementos 
básicos que facilitarão elaborar um projecto de uma rede de combate a incêndios. 
 
Já que no país não há muita legislação em vigor relacionada com a prevenção e combate 
a incêndios, passa-se a fazer uma abordagem generalizada sobre a matéria. 
 
2.1.2 – Generalidades 
Desde que o homem aprendeu a manejar o fogo, conseguindo produzi-lo e libertando-se 
da necessidade de conservá-lo permanentemente, trouxe para junto de si um elemento 
que o ajudaria em quase tudo e que se transformaria numa das principais chaves da 
civilização; só que ele pode também transformar-se num cruel e terrível agente de 
destruição. 
 É evidente que a acção preventiva contra incêndios representa um progresso no tocante 
à protecção. Hoje, em todas as cidades mais avançadas do mundo, há regulamentos 
visando a prevenção contra incêndios assim como também dos meios para combatê-los. 
A evolução das actividades humanas, a proliferação de pequenas, médias e grandes 
indústrias, o crescimento vertical dos aglomerados urbanos, a diversificação dos 
materiais de construção e a maior utilização de materiais combustíveis, agravam o risco 
de ocupação, sendo a necessária e imprescindível prevenção cada vez mais prioritária. 
Para darmos uma ideia do que deve ser o espírito da prevenção, torna-se necessário 
definir exactamente o incêndio, logo que este se declare. 
Do ponto de vista da prevenção, há incêndio, ou risco de incêndio, toda a vez que uma 
causa qualquer provoca inflamação ou aumento de temperatura capaz de causar perigo, 
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seja de materiais ou mercadorias, numa habitação, estabelecimento industrial ou 
comercial, desportivo ou mesmo cultural. 
 Como engenheiros, antes mesmo de nos ocuparmos com a forma de combater o 
incêndio, é fundamental estudar as formas de prevenção. Para isso, e como forma de 
alcançar a máxima eficiência, faz parte desse estudo: 
 a) investigação de todos os meios de construção que resistam ao fogo ou pelo menos 
não sejam materiais inflamáveis; 
 b) o estudo e a pesquisa das causas de elevação de temperatura, que possam acarretar 
riscos; 
 c) o emprego de aparelhos que, funcionando automaticamente, avisam e impedem a 
marcha do perigo, sem intervenção de pessoal de combate a incêndios. 
 
A prevenção compreende um somatório de medidas, visando impedir o aparecimento de 
um princípio de incêndio e combatê-lo de forma eficaz: 
 Projectar por forma a que a probabilidade deste ocorrer seja a mínima possível; 
 Caso ocorra, detectá-lo o mais rapidamente possível; 
 Criar mecanismos que dificultem a sua propagação, ao nível do projecto; 
 e facilitar o seu combate, ainda na fase inicial. 
A prevenção de incêndio, portanto, pode ser vista como um conjunto de providências, 
desde as mais simples, como conservação, limpeza, até as mais complexas, como 
instalações automáticas de combate a incêndio, sistemas automáticos de detecção, ou 
ainda sistemas inibidores de explosões. 
Ela está fundamentada no bom senso, experiência e técnica, onde muitas são as áreas 
que intervêm por forma a que o projecto seja concebido de forma a minimizar o risco de 
incêndio. 
Por exemplo, a arquitectura do edifício ou área onde será implantado são de extrema 
importância. O técnico que está envolvido no projecto deverá tomar em consideração em 
função do tipo de edifício ou infra-estrutura que tem que conceber, os materiais de 
construção que irá aplicar, o uso ou não de sistemas de corta-fogo tais como paredes ou 
portas corta-fogo, utilização de vidros duplos aramados, a forma como é feita a 
compartimentação para retardar a propagação do calor, meios de evacuação (escadas 
enclausuradas, saídas de emergência), elevadores de segurança, áreas de refúgio, 
passarelas e pontes de ligação, construção de um heliporto no caso de termos edifícios 
públicos, com grande concentração de utentes, etc. 
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O Engenheiro Electrotécnico tem que conceber um sistema que permita por exemplo 
manter uma iluminação alternativa para os serviços de emergência (saídas, elevadores) 
assim como a alimentação das bombas de incêndio, sabido que é que, quando 
deflagrado, normalmente a energia fornecida pelo quadro eléctrico é a primeira a sofrer 
cortes, devido ao aquecimento das suas componentes. 
 
A água é por excelência, a substância mais utilizada na extinção de fogos, não só por ser 
um dos meios mais económicos para esse efeito, mas também pela sua grande 
capacidade de absorção de calor, requisito que lhe confere a reconhecida eficácia no 
combate a incêndios. Assim, o Engenheiro Hidráulico tem também um papel 
preponderante a nível de concepção de sistemas de combate a incêndios. A definição de 
uma ou mais redes internas de distribuição de água, cálculo do volume de 
armazenamento de água e a forma de fazer chegar a água aos pontos de distribuição 
(normalmente sistema de bombagem) são de fundamental importância para o combate a 
incêndios, já que a grande parte destes são combatidos com água em pressão. 
 
Ao contrário do que se pode julgar, dependendo do tipo de materiais que estão a arder, a 
água pode não ser o meio mais eficaz para combater o incêndio. Há materiais 
combustíveis cujo incêndio podeser apagado com diversas substâncias incluindo a água, 
como é o caso da madeira, papel e tecidos, mas há outros cujo incêndio só pode ser 
contido e apagado com produtos especiais, como ocorre com o álcool, solventes, 
espuma, Freon 1301 e Hallon 1301 (gases tromo-trifluormetano), gás carbónico (bióxido 
de carbono), pó químico seco (em extintores portáteis), etc. 
 
 
2.2 – PARÂMETROS DE DIMENSIONAMENTO 
 
2.2.1 – Tipos de forma de combate ao fogo com água 
 
A água é utilizada no combate a incêndios fundamentalmente nas formas de jacto e de 
pulverização ou aspersão. 
 
 
 
a) – Jacto – Usam-se bocais (agulhetas de incêndio), que são ligadas às 
mangueiras que por sua vez recebem água das bocas de incêndio ou dos auto-
tanques directamente (é necessário tomar em consideração que o jacto de 
água deve atingir com uma certa pressão o obstáculo a mais de 10m de 
distância); 
b) – Aspersão – Empregam-se aspersores especiais denominados “sprinklers”, 
de funcionamento automático (são comandados por sensores de fumo). 
 
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Em muitos países do mundo, é obrigatório o uso de “sprinklers” em edifícios de cariz 
social (hotéis, escolas, igrejas, salas de espectáculo, bibliotecas, etc.), para além da 
conduta de incêndios para uso com jacto de água. Em alguns casos, até mesmo em 
habitações se torna obrigatório (por exemplo na África do Sul, a legislação obriga o uso 
deste equipamento em residências convencionais cobertas de colmo). 
 
A solução a adoptar de combate a incêndios é condicionada normalmente ao tipo de 
edifício a projectar e do local onde será construído podendo ser: 
 
 num centro urbano com rede pública de incêndios; 
 num centro urbano sem rede pública mas com Serviço de Bombeiros nas 
proximidades; 
 ou ainda numa zona urbana ou rural sem qualquer um destes benefícios; 
 
Vai-se abordar apenas as considerações a ter para o dimensionamento dos sistemas que 
usam a água em forma de jacto para o combate a incêndios, não se fazendo referência 
aos “sprinklers”. 
 
Não é frequente dimensionar-se um sistema interno de incêndios para uma moradia 
isolada por exemplo. Os sistemas de incêndio começam a ter fundamento quando se trata 
de complexos residenciais, escolas, teatros, cinemas, hotéis, restaurantes, ginásios, etc., 
isto é, em locais onde haja a possibilidade de se concentrar um grande número de 
pessoas. 
 
Podem-se considerar em simultâneo diferentes tipos de sistemas de incêndio. 
 
O REGULAMENTO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E 
DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MOÇAMBIQUE (RSPDADAR), 
define nos seus artigos de 17 a 20, que: 
 
Artigo 17º 
 
Consumos para combate a incêndios 
 
1. - Os consumos de água para combate a incêndios, são função do risco da sua 
ocorrência e propagação na zona em causa, à qual deve ser atribuída um dos seguintes 
graus: 
 
Grau A – zona urbana ou peri-urbana de moderado grau de risco, predominantemente 
constituída por construções com um máximo de 10 pisos acima do solo, destinadas para 
fins residenciais, de equipamento social e de serviços eventualmente com algum 
comércio e pequenas indústrias de riscos ligeiros; 
 
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Grau B – zona urbana de considerável grau de risco, constituída por construções de 
grande porte, destinadas para fins residenciais, de equipamento social e de serviços e 
construções de fins hoteleiros, comerciais e de serviço público, ou por construções 
antigas ou ainda com ocupação essencialmente comercial e de actividade industrial que 
armazene utilize ou produza materiais explosivos ou altamente inflamáveis. 
 
2 – O caudal instantâneo a garantir durante um período mínimo de 2 horas para o 
combate a incêndios, em função do grau de risco é de: 
 
 
a) – 1.000 litros / min (corresponde a 60.000 l/h) .....................................grau A 
b) – 2.000 litros / min (corresponde a 120.000 l/h) ...................................grau B 
 
Os Artigos 18º, 19º e 20º referem-se igualmente ao combate de incêndios mas sem 
informação relevante para o dimensionamento das redes em edificações. Embora estes 
números possam servir como indicativos, não é correcto considerar estes caudais para o 
dimensionamento de redes em sistemas prediais. 
 
A Norma Portuguesa é bem mais clara no que diz respeito aos valores de 
dimensionamento (NP4386, actualizadas em 2001), e uma vez não existir 
regulamentação específica para o país relacionado com esta matéria, pode ser usado este 
documento para o dimensionamento de redes prediais, que estipula que cada boca de 
incêndio respeite os seguintes parâmetros: 
 
 Pressão dinâmica mínima: 2,5 Kgf/cm2; 
 Caudal instantâneo mínimo: 1,5 l/s 
 Caso a rede pública não possa garantir a pressão e caudal exigido, 
deve-se prever reservas que assegurem um funcionamento da rede 
durante 1 hora (tendo em consideração o número de bocas a 
funcionar em simultâneo – máximo 4). Então 1 hora com 2 bocas 
com Q=1,5 l/s dá um volume de armazenamento de cerca de 10 
m3, o que é bem mais razoável. 
 
Então, no dimensionamento da rede interna de um edifício pode-se considerar: 
 
a) – rede independente e autónoma de incêndios com o sistema de armazenamento- 
(volumes que garantam o caudal mínimo regulamentado – 2 bocas a funcionar 
em simultâneo com 1,5 l/s cada uma durante 1 hora) e bombagem (considerando 
a pressão mínima regulamentada, 2,5 kgf/cm2). Tem que se garantir uma rede 
exclusiva para incêndios, com o mínimo de 2” de diâmetro para os ramais 
principais, provida de uma série de bocas de incêndio ao longo do seu percurso 
colocadas de forma estratégica garantindo um fácil acesso às mesmas, devendo 
cada uma delas cobrir um raio máximo de 30m (comprimento máximo da 
mangueira). 
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b) – rede seca de combate a incêndios – corresponde à colocação de uma conduta 
exclusivamente para combate a incêndios, mas que receberá água de um auto-
tanque. O sistema torna-se mais económico porque não é necessário tanque de 
armazenamento de água (o volume é grande) assim como não é preciso nenhuma 
bomba para combate a incêndios. No entanto, é necessário garantir uma rede 
exclusiva para incêndios tal como considerado no caso anterior. A parte inicial 
da rede é uma boca de incêndio situado num local de fácil acesso, junto à via de 
acesso, onde o auto-tanque ligará a mangueira e colocará em pressão a rede de 
incêndios, com ajuda da moto-bomba do próprio camião cisterna. 
 
c) – sistema misto de combate a incêndios – desde que a bomba de abastecimento 
de água ao edifício tenha uma potência que justifique, pode-se nestes casos, 
considerar o caso b) ligado a esta rede, por meio de uma válvula que será aberta 
na altura do incêndio e fechada com a chegada dos bombeiros. Deve-se tomar 
sempre em consideração a possibilidade de corte de energia provocado por curto-
circuito quando deflagra o incêndio que impossibilita que esta bomba possa 
contribuir para o combate

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