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Aula 5: Descrição Gramatical, Pesquisa Linguística e Ensino de Língua Portuguesa

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Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa
Aula 5: Descrição Gramatical, Pesquisa Linguística e Ensino de
Língua Portuguesa
Apresentação
Nesta aula, você vai compreendeu o processo de estabelecimento do padrão da língua portuguesa no Brasil e
identi�car a discrepância entre o português padrão e o português culto.
Além disso, vai reconhecer o papel do falante culto na formação do Português Brasileiro.
Objetivos
Observar a concordância nominal e verbal e os livros didáticos;
Compreender o uso do pronome ele como acusativo;
Analisar a colocação pronominal no Português Brasileiro;
Analisar as mudanças no quadro pronominal do Português Brasileiro.
Introdução
Até agora, temos conversado bastante sobre as mudanças nas aulas de Língua Portuguesa, ou melhor, sobre propostas
no sentido de se mudar a perspectiva em nossas aulas. Nesta aula, vamos conversar sobre alguns fenômenos em
variação em Língua Portuguesa e o tratamento dado a eles pela Gramática Normativa e pelos livros didáticos.
O Fenômeno da Concordância
Imaginemos a seguinte situação. Estamos numa �la em um banco e a pessoa que está a nossa frente diz:
O que você pensaria sobre essa pessoa? Sua resposta, provavelmente, foi:
“Essa pessoa estudou pouco.” Por que você fez esse julgamento? Ou melhor,
a partir de que tipo de conhecimento sobre a língua você fez esse
julgamento?
Mollica, em Fala, letramento e inclusão social, nos diz
que falantes mais letrados tendem a fazer julgamentos
como esse a partir do seu conhecimento acerca da
estrutura da língua. Segundo ela, existe uma relação
entre a diversidade linguística no Brasil e a mobilidade
social, já que temos conhecimento de que há uma
variedade de prestígio.
Como pro�ssionais de Letras, já sabemos que todas as
línguas variam, que há uma ‘luta’ entre variação e
mudança, mas já sabemos também que o papel da
escola é levar nossos alunos o mais próximo possível do
que é o uso culto da língua.
Um uso como o da pessoa na �la do banco gera uma avaliação negativa por parte de quem a ouve; essa avaliação
negativa pode mudar a posição que esse indivíduo ocupa em uma escala social. Embora saibamos que a língua varia
em muitas áreas, a concordância é algo que ‘salta’ aos ouvidos. Nossa percepção de uma ocorrência como ‘As casa é
bonita’ é muito forte, assim como nossa atitude de rejeição a essa variante.
Quando consideramos a concordância verbal, nossa atitude muda um pouco: há muitas regras impostas pela
Gramática Normativa das quais não fazemos uso efetivo em nossa fala. Em alguns casos, não fazemos uso por
acreditarmos que a regra é variável; em outros, por desconhecimento do que é prescrito.
Saiba mais
Saiba mais sobre concordância .
No campo da concordância verbal, há usos que nos marcam como em ‘Nós foi na festa’ e outros que passam, na maior
parte das vezes, despercebido ao falante comum como ‘Fazem dez anos que não vou lá’. Nesse último, reconhecer que
o verbo ‘fazer’ é impessoal e, portanto, não deveria ter sido �exionado no plural, exige conhecimento especí�co de que o
verbo ‘fazer’ nesse contexto é impessoal, ou seja, exige conhecimento acerca da estrutura e do funcionamento da
língua.
 Gramática de Uso - Uma Proposta de Exercício
Travaglia (2001), já citado em aulas anteriores, nos diz que a gramática de uso é “não-consciente, implícita e liga-se à
gramática internalizada do falante. No ensino, ela se estrutura em atividades que buscam desenvolver automatismo no
uso das unidades, regras e princípios da:
[...] Essas atividades, portanto, são
especiais para a �nalidade de alcançar
a internalização de unidades
linguísticas, construções, regras e
princípios de uso da língua [...]”
- TRVAGLIA, 2001
Exemplo
Vejamos dois exemplos que ele propõe para trabalhar concordância. Primeiro, veremos a atividade 66, na qual se
trabalha a concordância nominal, e depois a atividade  69 sobre concordância verbal.
E como será que o livro didático trata
?
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esse tema?
Analisamos três coleções amplamente utilizadas em
escolas particulares do município do Rio de Janeiro e
somente uma tratou o tema de acordo com o que os
PCNs esperam: o livro Gramática: texto: análise e
construção de sentido, de Maria Luiza M. Abaurre e
Marcela Pontara.
As autoras abrem um espaço chamado ‘Cuidado com o
preconceito!’ discutindo a concordância a partir do
diálogo presente em uma tira do Níquel Náusea:
“_ Gatinha!! Quando te vejo cada partícula do universo se
torna mais viva e cintilante!
_ Gatinha!! Quando te vejo cada partícula do universo se
torna mais viva e cintilante! _ Oi! 
_ Gatinha! As coisa �ca brilhenta!
_ Preciso ensaiar mais!”
Saiba mais
Veja o comentário das autoras .
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O Uso dos Pronomes Ele/Ela como Acusativo
Continuamos em nossa �la. Agora, ouvimos duas pessoas que conversam sobre alguém que viram na rua.
Atenção
No diálogo acima, temos quatro formas diferentes de retomada do objeto direto ‘Ana’:
Uso do pronome clítico: ‘Eu a vi sim.’
Uso do sintagma nominal: ‘Eu conheço a Ana desde que ela era criança.’
Uso do pronome ele: ‘Achei ela meio acabada...’
Uso da categoria vazia: ‘É, também achei Ø meio velha.’
Esses quatro usos aparecem na fala de, praticamente, todos os falantes de língua portuguesa. Raros são os falantes
cultos que não utilizam ‘ele’ como objeto direto, principalmente com verbos trissílabos como ‘conhecer’. E aí paramos
para re�etir: será que ‘conhecer ele’ é uma forma marcada? Esse uso de ‘ele’ é estigmatizado?
Voltando à discussão do começo da aula sobre a percepção do falante, pesquisas apontam que há ambientes de uso
preferencial para uma ou outras das variantes acima.
Saiba mais
Se quiser se aprofundar neste tema, leia A natureza do SN e do “clítico” acusativo de 3ª pessoa no processo de
aprendizagem do PB, de Marilza de Oliveira.
Por mais que nos cause estranhamento, a pesquisa de referência a esse fenômeno realizada por Tarallo e Duarte (1986)
aponta que:
a categoria vazia é amplamente  utilizada;
o clítico varia  desde ausente até a baixa ocorrência na fala de indivíduos altamente escolarizados;
o pronome lexical tem ocorrência de 23% na fala de jovens com primeiro grau e seu uso diminui à medida que a faixa
etária e a escolaridade aumentam;
entre os falantes de faixa etária e escolaridade alta, há preferência pelos sintagmas nominais lexicais.
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O que esse estudo nos aponta? Uma atitude diferenciada diante da
retomada do objeto direto. E como procederíamos?
Nesse caso, cabe a observação das diferenças entre as modalidades
falada e escrita da língua: apesar de o uso do pronome ‘ele’ não
apresentar forte estigma (Cf. ‘Eu conheço ele desde criança’), quando
consideramos um ambiente de formalidade, o uso do pronome oblíquo
será requerido.
Vamos avaliar a atividade proposta para a tira a seguir?
Fonte: VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.  p. 98.
Exemplo
Veja o exemplo de como você pode perguntar os alunos.
Agora, vamos ler uma análise em acordo com a proposta dos PCNs. Veja o tratamento dado a esse fenômeno no livro
já citado Gramática: texto: análise e construção de sentido, de Maria Luiza M. Abaurre e Marcela Pontara. As autoras
utilizam um espaço chamado “De olho na fala” para trazer re�exões sobre a diferença entre as modalidades falada e
escrita da língua.
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Na tira do Gar�eld, aparece uma estrutura considerada inadequada pela
gramática normativa, mas muito comum na linguagem coloquial: “Eles já não
fabricam ela [comida para gato] mais tão fedida e repulsiva”. Como a função
sintática a ser exercida pelo pronome, nesse caso, é de objeto direto do verbo
fabricar, a gramática normativa recomenda o uso das formas oblíquas dos
pronomes pessoais (“Eles já não a fabricam mais tão fedida e repulsiva”). O que
se observa, porém, é que o uso dos pronomes oblíquos nesse contexto, está cada
vez mais restrito à escrita formal. Na fala, especialmente em um registromais
coloquial, a forma do pronome pessoal do caso reto é mais frequente.”
- ABAURRE; PONTARA, 2006, p. 215
Colacação Pronominal
A colocação pronominal no Português Brasileiro diferencia-se muito da encontrada no Português Europeu, já que nossa
colocação é, principalmente, proclítica. Como trabalhar esse tema em sala de aula?
Exemplo
Vejamos a proposta de atividade de Abaurre e Pontara (2006) para esse fenômeno.
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Pronomes Pessoais do Caso Reto
Quando consideramos a variação no quadro de pronomes pessoais do Português Brasileiro, temos um afastamento
entre a prescrição e o uso. Enquanto o quadro prescrito pelas gramáticas nos aponta seis pronomes (eu, tu, ele, nós
vós, eles), a descrição da linguística tem nos apontado que, na maior parte do Brasil, os pronomes ‘tu’ e ‘vós’ encontram-
se em processo de mudança linguística. Como substituto do pronome ‘nós’, temos a estrutura ‘a gente’ e para os
pronomes ‘tu’ e ‘vós’, temos os pronomes de tratamento ‘você’/‘vocês’. Como lidar com esse quadro em sala de aula?
Já vimos que a proposta dos PCNs é trazer a variação para re�exão em sala de aula. No entanto, quando se parte para
a análise de livros didáticos, a situação é diferente da desejada pelos parâmetros do MEC. Analisamos três coleções
diferentes destinadas a alunos do 6º ao 9º ano do ciclo fundamental e para nossa surpresa todas traziam o quadro
pronominal completo, sem tratar da questão da variação. Uma dessas coleções – amplamente utilizada em escolas
particulares do Rio de Janeiro – sequer mencionava o uso de ‘a gente’ e de ‘você/vocês’. Como �ca, nesse caso, a
questão da re�exão, da prática de análise linguística, da análise de dados linguísticos reais?
Entenda que não advogamos aqui que o aluno não aprenda o quadro pronominal completo mas sim que se deixe que
ele questione, que ele re�ita sobre os usos da língua. Por questões éticas, não trataremos aqui das coleções que não
atingem o proposto pelos PCNs e traremos o exemplo positivo, retirado do livro já citado nesta aula Gramática: texto:
análise e construção de sentido, Abaurre e Pontara (2006).
No espaço De olho na fala, ao comentar a análise de uma tira, as autoras nos dizem que
“Na tira, o primeiro pássaro usa a forma a gente para identi�car uma referência de
1ª pessoa do plural (ele e o outro pássaro que conversam no galho). Na fala,
principalmente em contextos mais descontraídos, é frequente usarmos a
expressão a gente em lugar do pronome de primeira pessoa do plural
correspondente (nós). Nesse caso, é preciso cuidado com a concordância verbal,
porque, embora identi�cando mais de uma pessoa, a gente é uma forma singular
e os verbos que a ela se referirem devem ser �exionados na 3ª pessoa do
singular.”
- Abaurre; Pontara, 2006, p. 214)
Não é esta a visão de análise linguística dos PCNs?
Atividade
NAO TEM RESPOSTA NO ROTEIROMarque verdadeiro ou Falso para os apontamentos de Tarallo.
“Por mais que nos cause estranhamento, a pesquisa de referência a esse fenômeno realizada por Tarallo e Duarte (1986)
aponta que:
a) a categoria vazia é amplamente  utilizada;
b) o clítico varia  desde ausente até baixa ocorrência na fala de indivíduos altamente escolarizados;
c) o pronome lexical tem ocorrência de 23% na fala de jovens com primeiro grau e seu uso diminui à medida em que a faixa etária e a
escolaridade aumentam.
d) entre os falantes de faixa etária e escolaridade alta, há preferência pelos sintagmas nominais lexicais.”
Notas
Título modal 1
Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é
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Referências
AZEREDO, José Carlos (org.). Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
Bechara Evanildo Ensino da gramática Opressão? Liberdade? 8ª ed São Paulo: Ática 1995
Bechara, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 8ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
VIEIRA, Sílvia Rodrigues e BRANDÃO, Sílvia Figueiredo. Ensino de gramática: descrição e uso. 2ª ed. São Paulo:
Contexto, 2009.
Próxima aula
Os PCNs e a noção de gênero textual;
A importância da noção de gênero para a oralidade e a escrita;
A relação entre gênero e suporte
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