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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS AMANDA STÊNICO BICUDO A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANTICIPATED PRODUCTION OF EVIDENCE IN CIVIL PROCEDURE CAMPINAS 2019 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS AMANDA STÊNICO BICUDO A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANTICIPATED PRODUCTION OF EVIDENCE IN CIVIL PROCEDURE Artigo elaborado como avaliação do segundo módulo do curso de especialização sob orientação do Prof. Dr. Geraldo Fonseca CAMPINAS 2019 A Produção Antecipada de Provas no Código de Processo Civil Anticipated production of evidence In Civil Procedure AMANDA STÊNICO BICUDO (autora) Pós-graduanda em o Novo Código de Processo Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Advogada. amandastenicobicudo@outlook.com RESUMO O artigo aborda a produção antecipada de provas sob o viés do Novo Código de Processo Civil, tendo como foco sua reformulação em relação ao código anterior. O texto busca tratar da aplicabilidade do instrumento, bem como mostrar o objetivo do legislador ao reformular o procedimento e seus requisitos. E ainda, mostra a prova como direito autônomo da parte e sua eficácia quando usada de maneira pertinente. Palavras-chave: Produção antecipada de provas. Ação autônoma. Reformulação. Artigo 381 do CPC. ABSTRACT The article addresses the early showing of evidence under the New Civil Procedure Code, focusing on its reformulation in relation to the previous code. The text seeks to address the applicability of the instrument, as well as to show the objective of the legislator when reformulating the procedure and its requirements. And yet, it shows proof as the autonomous right of the party and its effectiveness when used in a pertinent manner. Keywords: Anticipated production of proof. Autonomous action. Reformulation. Article 381of the CPC. SUMÁRIO 1- Introdução 2- Produção antecipada de prova no código de processo civil 3- Procedimento 4- Conclusão 5- Referências bibliográficas 1. INTRODUÇÃO No processo civil brasileiro as provas constituem um elemento instrumental para solução do litígio. As provas podem ser consideradas o meio do processo e não a razão de sua existência, elas servem para reconstruir os fatos narrados pelas partes, ou seja, comprovar as alegações feitas. A nova ideia da produção antecipada de provas defendida no CPC/2015 traz um caráter autônomo em relação as provas, mas não deixando de garantir o contraditório e a ampla defesa, conforme será visto a seguir1. Entretanto, existem algumas situações em que as provas assumem o papel principal da demanda, devido a sua relevância no processo. Ela pode se tornar objeto de um processo jurisdicional, ou seja, é possível que um conflito se estabeleça em torno de uma prova, sendo essa a questão principal a ser resolvida. Com base nessas situações é que o novo Código do Processo Civil reformulou a produção antecipada de provas do antigo código, para que ela se tornasse uma ação autônoma, para garantir o direito da parte interessada em ajuizar essa ação quando preenchidos os requisitos do artigo 381 e seguintes do CPC/15, assegurando assim, o direito autônomo de produzir provas. Superando a noção de que o único destinatário das provas é o juiz, neste caso, seriam as próprias partes, e também, medida 1 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao- antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. foi desvinculada do requisito da urgência ou de uma necessária demanda judicial principal2. 2. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Uma das maiores preocupações no novo CPC/15 foi priorizar o princípio da duração razoável do processo3 e, para isso, buscou trazer para o processo civil instrumentos processuais que proporcionassem maior agilidade na conclusão das demandas judiciárias4. Diante a preocupação com o andamento processual mais célere, o novo CPC reformulou a ação de produção antecipada de provas, agora prevista no artigo 381 e seguintes5, tornando-a mais efetiva. Na vigência do CPC/73, prevista no artigo 846, a produção antecipada de provas se dava por meio do procedimento cautelar específico, no qual se baseava, estritamente, em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas ou exame pericial. Analisando a sistemática do código antigo o nobre professor Humberto Theodoro Júnior6 disse o seguinte “o direito positivo anterior cuidava da prova antecipada sempre tendo em vista sua utilização em processo futuro e, por isso, regulava o instituto a partir do fundamento de que a antecipação se justificaria pelo risco ou dificuldade da respectiva produção na fase adequada do procedimento normal”. Ou seja, era requisito a urgência7 e futura ação principal para ser admitido o ajuizamento da produção antecipada de provas. O que mudou no CPC/15 2 AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo CPC. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046-Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. Acesso em: 2 dez. 2019. 3 BRASIL. Constituição (1988). Artigo 5º, LXXVIII. 4 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. Acesso em: 22 nov. 2019. 5 BRASIL. Código do Processo Civil (2015). 6 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56: Forense, 2015. 912 p. 7 O CPC de 2015 inova ao desvincular a antecipação da prova do requisito do perigo. [...] o novo texto passou a conceber a medida como meio para que os interessados possam melhor avaliar suas chances e riscos em disputa judicial.”; “Ao desvincular a medida do requisito do perigo, o CPC de 2015 positivou o que se pode qualificar como direito autônomo à prova.”; “A medida probatória autônoma encontra fundamento no poder ou direito de ação (CF, art. 5º, XXXV), que tem amplitude suficiente para autorizar o interessado, sem propriamente invocar a declaração do direito material em dado caso concreto, a http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729607/inciso-xxxv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 foi destinar a produção antecipada de provas para que este instrumento sirva para evitar ou justificar o ajuizamento de ações. É esse também o pensamento do professor Fredie Didier Junior8, que diz em sua obra “ação de produção antecipada de prova é a demanda pela qual se afirma o direito à produção de uma determinada prova e se pede que essa prova seja produzida antes da fase instrutória do processo para o qual ela serviria. É, pois, ação que se busca o reconhecimento do direito autônomo à prova', direito este que se realiza com a coleta da prova em típico procedimento de jurisdição voluntária”. Assim, a produção antecipada de provas é vista como um meio autônomo do direito de provas9 pelas partes, pois poderão produzir uma prova diante do conhecimentoe esclarecimento de fatos, analisar situações, com maior segurança jurídica, além dos custos e vantagens, para decidir se vale a pena ou não submeter ao julgamento de um juiz10. No mais, a intenção deste mecanismo nada mais é do que prevenir um problema futuro para a parte interessada. Caso a parte se depare com algum documento ou prova que vê ali a possibilidade de pertinência ulterior em uma ação judicial e no tempo não tem como garantir que será eficiente até essa possível ação, ela tem a produção antecipada de provas que pode garantir isso, a prova fica documentada no judiciário e poderá ser usada quando a parte achar necessário, sem prejuízo de direitos dela ou de terceiros. postular atuação estatal dirigida à busca, obtenção e produção de providências de instrução.” YARSHELL, Flávio Luiz. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno; DIDIER, Fredie (org.). Breves comentários do código de processo civil. 1ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 975-977 8 DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito processual. Vol 2. Editora Jus Podivm. 10 Edição, 137p. 9 No mesmo sentido: “Nessas duas hipóteses, é mais vantajoso, tanto para o sistema quanto para o autor e o réu, que, em vez de ser proposta, já de uma vez, a ação principal nos casos em que houver chance de autocomposição ou dúvida do autor sobre o cabimento do pedido (ou a extensão do seu direito), seja distribuída, apenas, uma mais simples, antecedente e não litigiosa ação probatória autônoma, cujo objetivo é a realização de uma prova. A vantagem dessa prova é que ela será judicial e bilateral, isto é, será colhida sob a fiscalização do Poder Judiciário e submetida à garantia do contraditório oficial. E, com base no resultado dessa prova, autor e réu terão melhores condições de negociar eventual autocomposição. O autor passará a ter elementos mais adequados para analisar a pertinência e os contornos de eventual demanda principal, a qual, se vier a ser ajuizada, provavelmente será proposta com adequação e pertinência muito mais elevadas”. (REDONDO, Bruno Garcia. Comentários ao art. 381 do Código de Processo Civil. In: CÂMARA, Helder Moroni (Coord.). Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Almedina, 2016. p. 558). 10 Idem. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 Assim, antes de decidir sobre o ingresso da demanda, a parte interessada terá por analisado a real situação fática, podendo facilitar uma autocomposição e até mesmo, evitar uma ação judicial. Considerando ainda que o direito de acesso à jurisdição está previsto na Constituição Federal pelo artigo 5º, XXXV que busca a justa, célere e efetiva tutela jurisdicional, o mecanismo de produção antecipada de provas é, nada mais, do que uma garantia constitucional11. 3. PROCEDIMENTO Por tratar-se de ação autônoma, a produção antecipada de provas é iniciada por meio de petição, pela parte interessada. O rito é simples, possui prazos menores em comparação com o procedimento comum e também, há limitações de manifestações das partes. Cabe ao juiz apenas certificar o cabimento da medida e a regularidade da prova produzida, sem valorar ou se manifestar em relação ao seu objeto. A prova produzida nessa ação é cabível em qualquer eventual demanda, sendo ela contenciosa ou voluntária, e pode ser qualquer meio de prova, documental, testemunhal ou pericial. Esse instrumento serve como medida “preventiva” para parte garantir a produção de uma prova que possa ser necessária eventualmente ou queria evitar uma ação futuramente. Importante frisar, que pelo fato de ser uma ação autônoma, a produção antecipada de provas não gera qualquer vínculo com a demanda de mérito que possa ser ajuizada futuramente. São ações independentes, não previne nem o juízo. Com a mudança na ação de produção antecipada de provas, o rol de provas cabíveis foi ampliado e desobrigou a necessidade de ajuizar ação principal para ter sua eficácia. Uma das novas possibilidades de produção antecipada probatória se dá quando seja possível uma autocomposição ou outro meio de solução de conflito voluntário, percebe-se que essa possibilidade tem o intuito de desobstruir a grande demanda do judiciário, cabendo às partes a solução do conflito e não ao juiz, sendo mais 11 Idem. benéfico a todos os interessados. O que leva a outro propósito do novo CPC/15, que é o incentivo da autocomposição pelas partes. Neste sentido, Cassio Scarpinella Bueno12 ensina que “chama a atenção a expressa previsão do inciso II do artigo 381, novidade para o direito processual civil brasileiro, que admite a medida com o ânimo de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito, iniciativa que vai ao encontro do art. 3º, parágrafo 3º. Também é digno de destaque o inciso III do mesmo dispositivo, que autoriza a produção da prova antecipada mesmo quando não há perigo na sua colheita e conservação, mas, bem diferentemente, porque o prévio conhecimento dos fatos pode justificar ou evitar o ingresso no Poder Judiciário”. Mais uma vez pode-se ver presente a intenção do legislador em incentivar as partes buscarem meios alternativos para solucionar os conflitos. Diante a possibilidade de exibição de documento ou coisa para que se desenvolva na ação de produção antecipada de provas é, de fato, o melhor caminho para instrumentalizar referido mecanismo de obtenção de provas13. Daniel Assumpção Neves14 defende que “a exibição de documento ou coisa também pode se desenvolver por meio de uma ação probatória autônoma antecedente, quando presente no caso concreto um dos requisitos previstos no artigo 381 do Novo CPC”. Também nessa ideia, Fredie Didier Jr15, diz que “a exibição de coisa ou documento contra a parte adversária poderá ocorrer por ação autônoma. Seria uma ação probatória autônoma, nos termos em que autorizada pelos artigos 381-383, CPC”. Visto que a produção das provas de maneira antecipada não causará qualquer prejuízo à parte interessada, pelo contrário, será útil para se verificar previamente os motivos que justifiquem ou evitem o ajuizamento de ação futura. 12 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 353. 13 Idem. 14 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: JusPodivm, v. único, 2016. p. 696. 15 DIDIER JR., Fredie. Produção antecipada de prova. In: Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, n. 65, mar. 2015. Assim como, no artigo 381, inciso I, permite que a prova seja produzida de maneira antecipada quando “haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação”, ou seja, seria o meio de garantir que a prova seja registrada naquele momento, pois se não o fizer corre o risco de não ser mais possível e assim, causar um prejuízo à parte, basicamente o que era previsto na vigência do antigo CPC/73. Por último, o inciso III traz mais uma possibilidade de produção antecipada de provas, sendo ela “quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação”. Ao produzir a prova antecipadamente, o autor consegue viabilizar suas reais chances de sucesso numa futura ação e se há real legitimidade para ajuizar a ação, agindo assim, de maneira preventiva16. Cabe mencionar o cabimento dessa ação dentro do contencioso administrativo, podendo ajuizar dentro do judiciário, antecipando assim, a fase processual que ocorreria dentro do procedimento comum, o qual seria distribuído com o intuito de anular decisões proferidas no processo administrativo17. Aoajuizar a ação de produção antecipada de provas, a parte interessada poderá instruir da melhor forma os seus recursos administrativos18, reforçando seus argumentos, buscando maior efetividade e eficiência. Visto que após a produção de provas no judiciário a parte ganhará força nos seus argumentos e demonstrar suas razões dentro do órgão administrativo e ainda, dependendo do resultado da produção de provas poderá analisar a possibilidade de êxito da demanda requerendo a anulação das decisões proferidas no processo administrativo19. 16 Idem. 17 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao- antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. 18 Idem. 19 Em decisão recente, proferida no processo n. 0302911-45.2016.8.19.0001, o MM. Juízo da 10ª. Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro autorizou a antecipação de prova pericial, sem o requisito da urgência, cujo requerimento havia sido ignorado pela autoridade administrativa; tudo de modo a que a parte possa, desde logo, melhor comprovar seus argumentos que estão sendo apresentados em sede de processo administrativo, bem como de tal sorte a melhor contribuir para a análise do recurso administrativo interposto perante a autoridade pública. A antecipação de prova, nos moldes acima, está atrelada os princípios do artigo 8º do CPC/15 e do artigo 37 da CF/88, contribuindo para uma melhor efetividade e eficiência do trâmite do processo administrativo20. O parágrafo primeiro regulamenta a quarta possibilidade de ajuizamento dessa ação, sendo “O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão”. Pelo código anterior o arrolamento de bens tinha caráter cautelar, por se fundar em receio de extravio ou de dissipação dos bens. Dentro da mudança do novo CPC, permitiu o arrolamento como hipótese de produção antecipada de provas, apenas para registro de documentos dos bens e não para atos de apreensão, caso ocorra essa necessidade, a parte deverá ingressar com pedido de tutela provisória de urgência cautelar (art. 301 do CPC/15) e tomar as devidas providências21. Ainda, o parágrafo quinto do mesmo artigo, possibilita “Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção”. Nada mais é do que deixar registrado judicialmente algum documento que demonstra a existência de uma relação jurídica ou fato, por acreditar ser importante, sem qualquer caráter contencioso22. Agora seguindo o procedimento propriamente dito, o artigo 382, caput diz “a petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair”. Entende-se por necessário uma justificativa na petição inicial da ação, demonstrando um fato e uma coerência com o ajuizamento da medida probatória. Com relação à competência da medida, esta pode ser ajuizada tanto no foro onde a prova deva ser produzida ou no foro do domicílio do réu, conforme previsto no 20 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de- producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. 21 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. Acesso em: 22 nov. 2019. 22 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. Acesso em: 22 nov. 2019. artigo 381, §2º do CPC, trata-se de competência concorrente, sendo, portanto, critério do autor da ação23. Após a petição inicial, os interessados serão citados, salvo se inexistente caráter contencioso, assim fica garantido o contraditório e a parte poderá usar a prova em ação futura. Após a citação dos interessados, estes poderão produzir provas nos mesmos autos, desde que haja relação com a prova apresentada pelo polo ativo24. Nessa ação, tanto autor como o réu tem interesse no resultado da ação, sendo assim, irrelevante a posição deles nos autos da produção antecipada de provas com o que ocuparão em futura ação. As provas produzidas no procedimento serão homologadas pelo juiz, se este demonstrar ser legítima. Importante ressaltar que não há parte vencedora e nem sucumbente nessa relação jurídica. Não cabe também, via de regra, defesa ou recurso, e sim uma manifestação da parte interessada citada, salvo quando decisão indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente da ação. No entanto, mesmo que a lei tenha sido expressa quanto ao cabimento de recurso apenas no caso de indeferimento total da produção da prova, pode-se ponderar a recorribilidade de decisão que, ante o requerimento de antecipação de prova testemunhal ou pericial, seja indeferida uma delas. Seria possível uma interpretação extensiva e admitir a interposição de agravo de instrumento25, devido à natureza interlocutória da decisão em questão. No que tange às custas, em regra, são de responsabilidade do autor, exceto se houver pedido contraposto, que então, as custas ficarão sob responsabilidade daquele que as requereu. Após as devidas manifestações, os autos ficarão no cartório por um mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. Ao final do prazo, os autos serão entregues ao requerente originário da ação. Diante a posse desses documentos, poderão 23 AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo CPC. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046- Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. Acesso em: 2 dez. 2019. 24 Idem. 25 BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Artigo 1.015, inciso II. os interessados ajuizar futura ação para assegurar direitos que possam ser demonstrados pelos fatos comprovação na ação ou se preferir, uma autocomposição. O professor Humberto Theodoro Júnior26 reconhece a importância da produção antecipada de provas, nas hipóteses dos incisos II e III do artigo 381 do CPC/15, dando como exemplo no contencioso administrativo, acredita que tal medida pode ser efetiva e eficaz nessas situações, pois muitas vezes a produção de provas são complicadas, sendo viáveis apenas pelo procedimento comum, o que dificulta o processo administrativo. Como visto anteriormente, não há mais necessidade de caráter de urgência para produção antecipada de provas, podendo ser ajuizado nas situações previstas no artigo 381 do CPC. Entretanto, diante a aplicação deste instrumento, há uma controversa na sua utilização, pois outros pensadores entendem ser necessário um interesse de agir por parte do autor da ação, e caso de exibição de documento. Tal entendimento é contrário ao intuito do novo CPC, quando reformulou a produção antecipada de provas, tanto que uma de suas hipóteses é a possibilidade de autocomposição, ou seja, não precisa o requerente querer ingressar com uma ação judicial. Está expresso no artigo supramencionado, portanto, não há como entender requisito necessário o interesse de agir. Conclui-se que a reformulação desse mecanismo como ação autonoma tem-se tal instituto como uma forma de evitar o ajuizamento de ações incertas ou inviáveis, ou ainda que poderiam ser resolvidasde modo extrajudicial, pela autocomposição das partes. Assim, entende-se que a produção antecipada de provas possibilita uma solução pacífica, efetiva, justa e mais célere das relações jurídicas. 4. CONCLUSÃO O instituto da produção antecipada da prova, aperfeiçoada e empregada pelo CPC/2015, é relevante e tem a possibilidade de impactar positivamente o mecanismo de resolução de conflitos no processo civil brasileiro. 26 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56 ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 917 p Conclui-se, assim, que a reformulação da produção antecipada de provas deve ser vista como um avanço do processo civil, pois a intenção do legislador foi de privilegiar a economia processual, visto que a prova só precisará ser produzida apenas uma vez, podendo servir para a autocomposição entre as partes envolvidas. A prova produzida na ação autônoma poderá ser “emprestada” para ação de mérito, serve para a parte interessada analisar a real situação fática e decidir pela pertinência do ajuizamento de ação judicial. No mais, a produção antecipada de provas tende a ser muito mais ampla do que seria a produção na fase instrutória do processo de conhecimento que diga respeito aos mesmos fatos27. Por fim, o procedimento garante a participação de ambas partes envolvidas, pois a parte contrária é devidamente citada para manifestar-se, garantindo, assim, o contraditório e a ampla defesa. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIDIER Jr., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de.Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Jus Podium, 2015. v.2. p. 140. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 353. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56 ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 917 p. CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao- antecipada-prova-codigo-processo-civil. Acesso em: 22 nov. 2019. 27 GEN JURIDCO. O uso estratégico da produção antecipada de provas no CPC de 2015. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2019/07/24/producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 6 dez. 2019. AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo CPC. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046- Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. Acesso em: 2 dez. 2019. MARINONI, Luiz Guilherme. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. 410 p. DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito processual. Vol 2. Editora Jus Podivm. 10 Edição, 137p. FILHO, Eduardo Alves. MIGALHAS. Produção antecipada de provas no NCPC. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI261276,61044- Producao+antecipada+de+provas+no+NCPC. Acesso em: 1 dez. 2019. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56: Forense, 2015. 912 p. LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 353. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: JusPodivm, v. único, 2016. p. 696. BUENO, Cassio Scarpinella. O “modelo constitucional do direito processual civil”: um paradigma necessário de estudo do direito processual civil e algumas de suas aplicações. Disponível em: <http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/1222960746174218181 901.pdf>. Acesso em: 19 maio 2018. GEN JURIDCO. O uso estratégico da produção antecipada de provas no CPC de 2015. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2019/07/24/producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 6 dez. 2019. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno; DIDIER, Fredie. Breves comentários do código de processo civil. 1ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, pp. 15-19. “O novo Código de Processo Civil tem como uma de suas metas primordiais diminuir a quantidade e o tempo de duração dos processos”; “A intenção legislativa em privilegiar os meios alternativos de solução de conflitos é tão evidente, que admite-se o ajuizamento de produção antecipada de prova destinado a viabilizar a autocomposição do litígio (art. 381, II)”. ARSUFFI, Arthur Ferrari. A NOVA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA: Estratégia, Eficiência e Organização do Processo. Editora JUS Podivm. p. 48-55, 2019. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
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