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A Produção Antecipada de Provas no Código de Processo Civil

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMANDA STÊNICO BICUDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
ANTICIPATED PRODUCTION OF EVIDENCE IN CIVIL PROCEDURE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2019 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS 
 
 
 
 
 
 
AMANDA STÊNICO BICUDO 
 
 
 
 
 
 
A PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
ANTICIPATED PRODUCTION OF EVIDENCE IN CIVIL PROCEDURE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo elaborado como avaliação do segundo 
módulo do curso de especialização sob orientação 
do Prof. Dr. Geraldo Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2019 
A Produção Antecipada de Provas no Código de Processo Civil 
Anticipated production of evidence In Civil Procedure 
AMANDA STÊNICO BICUDO 
(autora) 
Pós-graduanda em o Novo Código de Processo Civil pela 
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Advogada. 
amandastenicobicudo@outlook.com 
 
RESUMO 
O artigo aborda a produção antecipada de provas sob o viés do Novo Código de Processo 
Civil, tendo como foco sua reformulação em relação ao código anterior. O texto busca 
tratar da aplicabilidade do instrumento, bem como mostrar o objetivo do legislador ao 
reformular o procedimento e seus requisitos. E ainda, mostra a prova como direito 
autônomo da parte e sua eficácia quando usada de maneira pertinente. 
Palavras-chave: Produção antecipada de provas. Ação autônoma. Reformulação. Artigo 
381 do CPC. 
ABSTRACT 
The article addresses the early showing of evidence under the New Civil Procedure Code, 
focusing on its reformulation in relation to the previous code. The text seeks to address 
the applicability of the instrument, as well as to show the objective of the legislator when 
reformulating the procedure and its requirements. And yet, it shows proof as the 
autonomous right of the party and its effectiveness when used in a pertinent manner. 
Keywords: Anticipated production of proof. Autonomous action. Reformulation. Article 
381of the CPC. 
 
 
 
SUMÁRIO 
1- Introdução 
2- Produção antecipada de prova no código de processo civil 
3- Procedimento 
4- Conclusão 
5- Referências bibliográficas 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 No processo civil brasileiro as provas constituem um elemento 
instrumental para solução do litígio. As provas podem ser consideradas o meio do 
processo e não a razão de sua existência, elas servem para reconstruir os fatos narrados 
pelas partes, ou seja, comprovar as alegações feitas. 
 A nova ideia da produção antecipada de provas defendida no CPC/2015 
traz um caráter autônomo em relação as provas, mas não deixando de garantir o 
contraditório e a ampla defesa, conforme será visto a seguir1. 
 Entretanto, existem algumas situações em que as provas assumem o papel 
principal da demanda, devido a sua relevância no processo. Ela pode se tornar objeto de 
um processo jurisdicional, ou seja, é possível que um conflito se estabeleça em torno de 
uma prova, sendo essa a questão principal a ser resolvida. 
 Com base nessas situações é que o novo Código do Processo Civil 
reformulou a produção antecipada de provas do antigo código, para que ela se tornasse 
uma ação autônoma, para garantir o direito da parte interessada em ajuizar essa ação 
quando preenchidos os requisitos do artigo 381 e seguintes do CPC/15, assegurando 
assim, o direito autônomo de produzir provas. Superando a noção de que o único 
destinatário das provas é o juiz, neste caso, seriam as próprias partes, e também, medida 
 
1 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO 
ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao-
antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. 
foi desvinculada do requisito da urgência ou de uma necessária demanda judicial 
principal2. 
 
2. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA NO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL 
 Uma das maiores preocupações no novo CPC/15 foi priorizar o princípio 
da duração razoável do processo3 e, para isso, buscou trazer para o processo civil 
instrumentos processuais que proporcionassem maior agilidade na conclusão das 
demandas judiciárias4. Diante a preocupação com o andamento processual mais célere, o 
novo CPC reformulou a ação de produção antecipada de provas, agora prevista no artigo 
381 e seguintes5, tornando-a mais efetiva. 
 Na vigência do CPC/73, prevista no artigo 846, a produção antecipada de 
provas se dava por meio do procedimento cautelar específico, no qual se baseava, 
estritamente, em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas ou exame pericial. 
 Analisando a sistemática do código antigo o nobre professor Humberto 
Theodoro Júnior6 disse o seguinte “o direito positivo anterior cuidava da prova 
antecipada sempre tendo em vista sua utilização em processo futuro e, por isso, 
regulava o instituto a partir do fundamento de que a antecipação se justificaria pelo 
risco ou dificuldade da respectiva produção na fase adequada do procedimento 
normal”. 
 Ou seja, era requisito a urgência7 e futura ação principal para ser 
admitido o ajuizamento da produção antecipada de provas. O que mudou no CPC/15 
 
2 AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo CPC. Disponível em: 
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046-Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. 
Acesso em: 2 dez. 2019. 
3 BRASIL. Constituição (1988). Artigo 5º, LXXVIII. 
4 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível 
em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. 
Acesso em: 22 nov. 2019. 
5 BRASIL. Código do Processo Civil (2015). 
6 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual 
civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56: Forense, 2015. 912 p. 
7 O CPC de 2015 inova ao desvincular a antecipação da prova do requisito do perigo. [...] o novo texto 
passou a conceber a medida como meio para que os interessados possam melhor avaliar suas chances e 
riscos em disputa judicial.”; “Ao desvincular a medida do requisito do perigo, o CPC de 2015 positivou 
o que se pode qualificar como direito autônomo à prova.”; “A medida probatória autônoma encontra 
fundamento no poder ou direito de ação (CF, art. 5º, XXXV), que tem amplitude suficiente para autorizar 
o interessado, sem propriamente invocar a declaração do direito material em dado caso concreto, a 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729607/inciso-xxxv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
foi destinar a produção antecipada de provas para que este instrumento sirva para evitar 
ou justificar o ajuizamento de ações. 
 
 É esse também o pensamento do professor Fredie Didier Junior8, que diz 
em sua obra “ação de produção antecipada de prova é a demanda pela qual se afirma 
o direito à produção de uma determinada prova e se pede que essa prova seja 
produzida antes da fase instrutória do processo para o qual ela serviria. É, pois, ação 
que se busca o reconhecimento do direito autônomo à prova', direito este que se realiza 
com a coleta da prova em típico procedimento de jurisdição voluntária”. 
 
 Assim, a produção antecipada de provas é vista como um meio autônomo 
do direito de provas9 pelas partes, pois poderão produzir uma prova diante do 
conhecimentoe esclarecimento de fatos, analisar situações, com maior segurança 
jurídica, além dos custos e vantagens, para decidir se vale a pena ou não submeter ao 
julgamento de um juiz10. 
 No mais, a intenção deste mecanismo nada mais é do que prevenir um 
problema futuro para a parte interessada. Caso a parte se depare com algum documento 
ou prova que vê ali a possibilidade de pertinência ulterior em uma ação judicial e no 
tempo não tem como garantir que será eficiente até essa possível ação, ela tem a produção 
antecipada de provas que pode garantir isso, a prova fica documentada no judiciário e 
poderá ser usada quando a parte achar necessário, sem prejuízo de direitos dela ou de 
terceiros. 
 
postular atuação estatal dirigida à busca, obtenção e produção de providências de instrução.” 
YARSHELL, Flávio Luiz. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, 
Bruno; DIDIER, Fredie (org.). Breves comentários do código de processo civil. 1ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2015, pp. 975-977 
8 DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito processual. Vol 2. Editora Jus Podivm. 10 Edição, 137p. 
9 No mesmo sentido: “Nessas duas hipóteses, é mais vantajoso, tanto para o sistema quanto para o autor e 
o réu, que, em vez de ser proposta, já de uma vez, a ação principal nos casos em que houver chance de 
autocomposição ou dúvida do autor sobre o cabimento do pedido (ou a extensão do seu direito), seja 
distribuída, apenas, uma mais simples, antecedente e não litigiosa ação probatória autônoma, cujo objetivo 
é a realização de uma prova. A vantagem dessa prova é que ela será judicial e bilateral, isto é, será colhida 
sob a fiscalização do Poder Judiciário e submetida à garantia do contraditório oficial. E, com base no 
resultado dessa prova, autor e réu terão melhores condições de negociar eventual autocomposição. O autor 
passará a ter elementos mais adequados para analisar a pertinência e os contornos de eventual demanda 
principal, a qual, se vier a ser ajuizada, provavelmente será proposta com adequação e pertinência muito 
mais elevadas”. (REDONDO, Bruno Garcia. Comentários ao art. 381 do Código de Processo Civil. In: 
CÂMARA, Helder Moroni (Coord.). Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Almedina, 2016. p. 
558). 
10 Idem. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
 Assim, antes de decidir sobre o ingresso da demanda, a parte interessada 
terá por analisado a real situação fática, podendo facilitar uma autocomposição e até 
mesmo, evitar uma ação judicial. 
 Considerando ainda que o direito de acesso à jurisdição está previsto na 
Constituição Federal pelo artigo 5º, XXXV que busca a justa, célere e efetiva tutela 
jurisdicional, o mecanismo de produção antecipada de provas é, nada mais, do que uma 
garantia constitucional11. 
 
3. PROCEDIMENTO 
 Por tratar-se de ação autônoma, a produção antecipada de provas é iniciada 
por meio de petição, pela parte interessada. O rito é simples, possui prazos menores em 
comparação com o procedimento comum e também, há limitações de manifestações das 
partes. 
 Cabe ao juiz apenas certificar o cabimento da medida e a regularidade da 
prova produzida, sem valorar ou se manifestar em relação ao seu objeto. A prova 
produzida nessa ação é cabível em qualquer eventual demanda, sendo ela contenciosa ou 
voluntária, e pode ser qualquer meio de prova, documental, testemunhal ou pericial. Esse 
instrumento serve como medida “preventiva” para parte garantir a produção de uma prova 
que possa ser necessária eventualmente ou queria evitar uma ação futuramente. 
 Importante frisar, que pelo fato de ser uma ação autônoma, a produção 
antecipada de provas não gera qualquer vínculo com a demanda de mérito que possa ser 
ajuizada futuramente. São ações independentes, não previne nem o juízo. 
 Com a mudança na ação de produção antecipada de provas, o rol de provas 
cabíveis foi ampliado e desobrigou a necessidade de ajuizar ação principal para ter sua 
eficácia. 
 Uma das novas possibilidades de produção antecipada probatória se dá 
quando seja possível uma autocomposição ou outro meio de solução de conflito 
voluntário, percebe-se que essa possibilidade tem o intuito de desobstruir a grande 
demanda do judiciário, cabendo às partes a solução do conflito e não ao juiz, sendo mais 
 
11 Idem. 
benéfico a todos os interessados. O que leva a outro propósito do novo CPC/15, que é o 
incentivo da autocomposição pelas partes. 
 Neste sentido, Cassio Scarpinella Bueno12 ensina que “chama a atenção a 
expressa previsão do inciso II do artigo 381, novidade para o direito processual civil 
brasileiro, que admite a medida com o ânimo de viabilizar a autocomposição ou outro 
meio adequado de solução de conflito, iniciativa que vai ao encontro do art. 3º, parágrafo 
3º. Também é digno de destaque o inciso III do mesmo dispositivo, que autoriza a 
produção da prova antecipada mesmo quando não há perigo na sua colheita e 
conservação, mas, bem diferentemente, porque o prévio conhecimento dos fatos pode 
justificar ou evitar o ingresso no Poder Judiciário”. 
 Mais uma vez pode-se ver presente a intenção do legislador em incentivar 
as partes buscarem meios alternativos para solucionar os conflitos. 
 Diante a possibilidade de exibição de documento ou coisa para que se 
desenvolva na ação de produção antecipada de provas é, de fato, o melhor caminho para 
instrumentalizar referido mecanismo de obtenção de provas13. 
 Daniel Assumpção Neves14 defende que “a exibição de documento ou 
coisa também pode se desenvolver por meio de uma ação probatória autônoma 
antecedente, quando presente no caso concreto um dos requisitos previstos no artigo 381 
do Novo CPC”. 
 Também nessa ideia, Fredie Didier Jr15, diz que “a exibição de coisa ou 
documento contra a parte adversária poderá ocorrer por ação autônoma. Seria uma 
ação probatória autônoma, nos termos em que autorizada pelos artigos 381-383, CPC”. 
 Visto que a produção das provas de maneira antecipada não causará 
qualquer prejuízo à parte interessada, pelo contrário, será útil para se verificar 
previamente os motivos que justifiquem ou evitem o ajuizamento de ação futura. 
 
12 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 353. 
13 Idem. 
14 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: JusPodivm, v. 
único, 2016. p. 696. 
15 DIDIER JR., Fredie. Produção antecipada de prova. In: Revista Magister de Direito Civil e Processual 
Civil, n. 65, mar. 2015. 
 Assim como, no artigo 381, inciso I, permite que a prova seja produzida 
de maneira antecipada quando “haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível 
ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação”, ou seja, seria o meio 
de garantir que a prova seja registrada naquele momento, pois se não o fizer corre o risco 
de não ser mais possível e assim, causar um prejuízo à parte, basicamente o que era 
previsto na vigência do antigo CPC/73. 
 Por último, o inciso III traz mais uma possibilidade de produção antecipada 
de provas, sendo ela “quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar 
o ajuizamento de ação”. Ao produzir a prova antecipadamente, o autor consegue 
viabilizar suas reais chances de sucesso numa futura ação e se há real legitimidade para 
ajuizar a ação, agindo assim, de maneira preventiva16. 
 Cabe mencionar o cabimento dessa ação dentro do contencioso 
administrativo, podendo ajuizar dentro do judiciário, antecipando assim, a fase processual 
que ocorreria dentro do procedimento comum, o qual seria distribuído com o intuito de 
anular decisões proferidas no processo administrativo17. 
 Aoajuizar a ação de produção antecipada de provas, a parte interessada 
poderá instruir da melhor forma os seus recursos administrativos18, reforçando seus 
argumentos, buscando maior efetividade e eficiência. Visto que após a produção de 
provas no judiciário a parte ganhará força nos seus argumentos e demonstrar suas razões 
dentro do órgão administrativo e ainda, dependendo do resultado da produção de provas 
poderá analisar a possibilidade de êxito da demanda requerendo a anulação das decisões 
proferidas no processo administrativo19. 
 
16 Idem. 
17 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO 
ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao-
antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. 
18 Idem. 
19 Em decisão recente, proferida no processo n. 0302911-45.2016.8.19.0001, o MM. Juízo da 10ª. Vara da 
Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro autorizou a antecipação de prova 
pericial, sem o requisito da urgência, cujo requerimento havia sido ignorado pela autoridade administrativa; 
tudo de modo a que a parte possa, desde logo, melhor comprovar seus argumentos que estão sendo 
apresentados em sede de processo administrativo, bem como de tal sorte a melhor contribuir para a análise 
do recurso administrativo interposto perante a autoridade pública. 
 A antecipação de prova, nos moldes acima, está atrelada os princípios do 
artigo 8º do CPC/15 e do artigo 37 da CF/88, contribuindo para uma melhor efetividade 
e eficiência do trâmite do processo administrativo20. 
 O parágrafo primeiro regulamenta a quarta possibilidade de ajuizamento 
dessa ação, sendo “O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver 
por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de 
apreensão”. Pelo código anterior o arrolamento de bens tinha caráter cautelar, por se 
fundar em receio de extravio ou de dissipação dos bens. Dentro da mudança do novo 
CPC, permitiu o arrolamento como hipótese de produção antecipada de provas, apenas 
para registro de documentos dos bens e não para atos de apreensão, caso ocorra essa 
necessidade, a parte deverá ingressar com pedido de tutela provisória de urgência cautelar 
(art. 301 do CPC/15) e tomar as devidas providências21. 
 Ainda, o parágrafo quinto do mesmo artigo, possibilita “Aplica-se o 
disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação 
jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição 
circunstanciada, a sua intenção”. Nada mais é do que deixar registrado judicialmente 
algum documento que demonstra a existência de uma relação jurídica ou fato, por 
acreditar ser importante, sem qualquer caráter contencioso22. 
 Agora seguindo o procedimento propriamente dito, o artigo 382, caput diz 
“a petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação 
da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair”. 
Entende-se por necessário uma justificativa na petição inicial da ação, demonstrando um 
fato e uma coerência com o ajuizamento da medida probatória. 
 Com relação à competência da medida, esta pode ser ajuizada tanto no foro 
onde a prova deva ser produzida ou no foro do domicílio do réu, conforme previsto no 
 
20 LOPES, Rénan Kfuri. R K L ADVOCACIA. NOTAS SOBRE A AÇÃO DE PRODUÇÃO 
ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-
producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 3 dez. 2019. 
21 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível 
em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. 
Acesso em: 22 nov. 2019. 
22 CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo Civil. Disponível 
em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-antecipada-prova-codigo-processo-civil. 
Acesso em: 22 nov. 2019. 
artigo 381, §2º do CPC, trata-se de competência concorrente, sendo, portanto, critério 
do autor da ação23. 
 Após a petição inicial, os interessados serão citados, salvo se inexistente 
caráter contencioso, assim fica garantido o contraditório e a parte poderá usar a prova em 
ação futura. Após a citação dos interessados, estes poderão produzir provas nos mesmos 
autos, desde que haja relação com a prova apresentada pelo polo ativo24. 
 Nessa ação, tanto autor como o réu tem interesse no resultado da ação, 
sendo assim, irrelevante a posição deles nos autos da produção antecipada de provas com 
o que ocuparão em futura ação. As provas produzidas no procedimento serão 
homologadas pelo juiz, se este demonstrar ser legítima. 
 Importante ressaltar que não há parte vencedora e nem sucumbente nessa 
relação jurídica. Não cabe também, via de regra, defesa ou recurso, e sim uma 
manifestação da parte interessada citada, salvo quando decisão indeferir totalmente a 
produção da prova pleiteada pelo requerente da ação. 
 No entanto, mesmo que a lei tenha sido expressa quanto ao cabimento de 
recurso apenas no caso de indeferimento total da produção da prova, pode-se ponderar a 
recorribilidade de decisão que, ante o requerimento de antecipação de prova testemunhal 
ou pericial, seja indeferida uma delas. Seria possível uma interpretação extensiva e 
admitir a interposição de agravo de instrumento25, devido à natureza interlocutória da 
decisão em questão. 
 No que tange às custas, em regra, são de responsabilidade do autor, 
exceto se houver pedido contraposto, que então, as custas ficarão sob responsabilidade 
daquele que as requereu. 
 Após as devidas manifestações, os autos ficarão no cartório por um mês 
para extração de cópias e certidões pelos interessados. Ao final do prazo, os autos serão 
entregues ao requerente originário da ação. Diante a posse desses documentos, poderão 
 
23 AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo CPC. Disponível 
em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046-
Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. Acesso em: 2 dez. 2019. 
24 Idem. 
25 BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Artigo 1.015, inciso II. 
os interessados ajuizar futura ação para assegurar direitos que possam ser demonstrados 
pelos fatos comprovação na ação ou se preferir, uma autocomposição. 
 O professor Humberto Theodoro Júnior26 reconhece a importância da 
produção antecipada de provas, nas hipóteses dos incisos II e III do artigo 381 do CPC/15, 
dando como exemplo no contencioso administrativo, acredita que tal medida pode ser 
efetiva e eficaz nessas situações, pois muitas vezes a produção de provas são complicadas, 
sendo viáveis apenas pelo procedimento comum, o que dificulta o processo 
administrativo. 
 Como visto anteriormente, não há mais necessidade de caráter de urgência 
para produção antecipada de provas, podendo ser ajuizado nas situações previstas no 
artigo 381 do CPC. Entretanto, diante a aplicação deste instrumento, há uma controversa 
na sua utilização, pois outros pensadores entendem ser necessário um interesse de agir 
por parte do autor da ação, e caso de exibição de documento. 
 Tal entendimento é contrário ao intuito do novo CPC, quando reformulou 
a produção antecipada de provas, tanto que uma de suas hipóteses é a possibilidade de 
autocomposição, ou seja, não precisa o requerente querer ingressar com uma ação 
judicial. Está expresso no artigo supramencionado, portanto, não há como entender 
requisito necessário o interesse de agir. 
 Conclui-se que a reformulação desse mecanismo como ação autonoma 
tem-se tal instituto como uma forma de evitar o ajuizamento de ações incertas ou 
inviáveis, ou ainda que poderiam ser resolvidasde modo extrajudicial, pela 
autocomposição das partes. Assim, entende-se que a produção antecipada de provas 
possibilita uma solução pacífica, efetiva, justa e mais célere das relações jurídicas. 
 
4. CONCLUSÃO 
 O instituto da produção antecipada da prova, aperfeiçoada e empregada 
pelo CPC/2015, é relevante e tem a possibilidade de impactar positivamente o mecanismo 
de resolução de conflitos no processo civil brasileiro. 
 
26 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual 
civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 56 ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. 917 p 
 Conclui-se, assim, que a reformulação da produção antecipada de provas 
deve ser vista como um avanço do processo civil, pois a intenção do legislador foi de 
privilegiar a economia processual, visto que a prova só precisará ser produzida apenas 
uma vez, podendo servir para a autocomposição entre as partes envolvidas. 
 A prova produzida na ação autônoma poderá ser “emprestada” para ação 
de mérito, serve para a parte interessada analisar a real situação fática e decidir pela 
pertinência do ajuizamento de ação judicial. 
 No mais, a produção antecipada de provas tende a ser muito mais ampla 
do que seria a produção na fase instrutória do processo de conhecimento que diga respeito 
aos mesmos fatos27. 
 Por fim, o procedimento garante a participação de ambas partes 
envolvidas, pois a parte contrária é devidamente citada para manifestar-se, garantindo, 
assim, o contraditório e a ampla defesa. 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
DIDIER Jr., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de.Curso de 
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2016. p. 353. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do 
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56 ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 917 p. 
 
CONSULTOR JURÍDICO. A produção antecipada de prova no Código de Processo 
Civil. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-out-01/opiniao-producao-
antecipada-prova-codigo-processo-civil. Acesso em: 22 nov. 2019. 
 
27 GEN JURIDCO. O uso estratégico da produção antecipada de provas no CPC de 2015. Disponível em: 
http://genjuridico.com.br/2019/07/24/producao-antecipada-de-provas/. Acesso em: 6 dez. 2019. 
 
AMARAL, Paulo Osternack. MIGALHAS. Produção antecipada de prova no novo 
CPC. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI226528,41046-
Producao+antecipada+de+prova+no+novo+CPC. Acesso em: 2 dez. 2019. 
 
MARINONI, Luiz Guilherme. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2015. 410 p. 
 
DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito processual. Vol 2. Editora Jus Podivm. 10 
Edição, 137p. 
FILHO, Eduardo Alves. MIGALHAS. Produção antecipada de provas no NCPC. 
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI261276,61044-
Producao+antecipada+de+provas+no+NCPC. Acesso em: 1 dez. 2019. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do 
direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. Vol. 1. 
56: Forense, 2015. 912 p. 
 
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PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Disponível em: 
http://www.rkladvocacia.com/notas-sobre-acao-de-producao-antecipada-de-provas/. 
Acesso em: 3 dez. 2019. 
 
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 
2016. p. 353. 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8. ed. 
Salvador: JusPodivm, v. único, 2016. p. 696. 
 
BUENO, Cassio Scarpinella. O “modelo constitucional do direito processual civil”: 
um paradigma necessário de estudo do direito processual civil e algumas de suas 
aplicações. Disponível em: 
<http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/1222960746174218181 901.pdf>. 
Acesso em: 19 maio 2018. 
 
GEN JURIDCO. O uso estratégico da produção antecipada de provas no CPC de 2015. 
Disponível em: http://genjuridico.com.br/2019/07/24/producao-antecipada-de-provas/. 
Acesso em: 6 dez. 2019. 
 
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno; DIDIER, 
Fredie. Breves comentários do código de processo civil. 1ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2015, pp. 15-19. “O novo Código de Processo Civil tem como 
uma de suas metas primordiais diminuir a quantidade e o tempo de duração dos 
processos”; “A intenção legislativa em privilegiar os meios alternativos de solução de 
conflitos é tão evidente, que admite-se o ajuizamento de produção antecipada de prova 
destinado a viabilizar a autocomposição do litígio (art. 381, II)”. 
 
ARSUFFI, Arthur Ferrari. A NOVA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA: 
Estratégia, Eficiência e Organização do Processo. Editora JUS Podivm. p. 48-55, 
2019. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15

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