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Aula 09 (Parte I) Arquitetura para Concursos - Curso Regular 2017 Professor: Moema Machado ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 1 AULA 09 (parte 1) – CONFORTO TÉRMICO Oi!!!!! Vamos a mais uma aula!!! Vamos que vamos! A aula está enorme, bastante densa, mas, não se assustem, pois, as bancas elaboram questões simples. Porém, eu preciso passar toda a teoria nessa aula, até pelo motivo de ela dever atender aos alunos que estejam em diversos níveis. Em determinados momentos, preciso dar a visão de vários autores sobre o mesmo tópico, quer porque, às vezes, divergem, quer para elucidar melhor. Uma dica: se o concurso estiver muito perto, foquem na resolução das questões e utilizem essa aula teórica como apoio. SUMÁRIO PÁGINA 1. Introdução 02 2. O organismo humano e a termorregulação 08 3. Variáveis de conforto térmico 11 4. Índices de conforto térmico 13 5. Trocas térmicas 17 6. Propriedades térmicas dos elementos construtivos 23 7. Noções de Clima 42 8. Desenho Urbano e Clima 66 9. Geometria Solar 82 10.Ventilação natural 146 11.NBR 15.220-1 – Desempenho térmico de edificações – definições, símbolos e unidade 187 12.NBR 15.220-2 – Desempenho térmico de edificações – métodos de cálculo 191 13.NBR 15.220-3 – Desempenho térmico de edificações – Zoneamento bioclimático e diretrizes construtivas 199 moema@moemamachado.com.br ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 2 INTRODUÇÃO Em primeiro lugar, o que é Conforto Ambiental? Conforto Ambiental é um conjunto de condições ambientais que permitem ao ser humano sentir bem-estar térmico, visual, acústico e antropométrico, além de garantir a qualidade do ar e o conforto olfativo. (Lamberts, p. 43) Ou seja, é bem amplo e subjetivo e, na realidade, não dá para se medir conforto, mas, sim, desconforto. Fonte: Ogyay – Design with Climate Nesta aula, vamos tratar do Conforto Térmico, o qual, segundo a ASHRAE Standard 55 ((AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATING AND AIRCONDITIONING ENGINEERS, 2004) é “O estado de espírito que expressa satisfação com o ambiente térmico”. Segundo a NBR 15220-1, conforto térmico é a “satisfação psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente.” Segundo Frota e Schiffer: “A Arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange o seu conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou estresse, inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas.” Conforto térmico é uma sensação humana fortemente relacionada à subjetividade, e depende, principalmente, de fatores físicos, fisiológicos e psicológicos. Os fatores físicos são aqueles que ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 3 determinam as trocas de calor do corpo com o meio; já os fatores fisiológicos referem-se às alterações na resposta fisiológica do organismo, resultantes da exposição contínua a determinada condição térmica (aclimatação humana); e finalmente, os fatores psicológicos, que são os que se relacionam às diferenças na percepção e na resposta aos estímulos sensoriais, frutos da experiência passada e da expectativa do indivíduo. E qual é a importância do conforto térmico? • A satisfação do homem ou seu bem-estar em se sentir termicamente confortável; • A performance humana, há estudos que mostram uma clara tendência a redução na performance humana quando existe desconforto térmico causado por calor ou frio em excesso. As atividades intelectuais, manuais e perceptivas, geralmente apresentam um melhor rendimento quando realizadas em conforto térmico. • A conservação de energia, no que diz respeito à redução do consumo de energia na edificação. O conforto térmico é de fundamental importância para a satisfação do usuário, e quando um edifício não proporciona conforto em seu interior influencia diretamente no consumo energético, considerando que os ocupantes tendem a tomar medidas para 3orna-lo confortável, por exemplo, o uso de ar-condicionado (ROAF, CRICHTON e NICOL, 2009). Logo, nesta aula, além de tratarmos sobre conforto térmico, trataremos de desempenho térmico. Normas brasileiras de desempenho térmico: • ABNT NBR 15220-1 – Desempenho térmico de edificações – Parte 1: Definições, símbolos e unidades Objetivo: Estabelece as definições e os correspondentes símbolos e unidades de termos relacionados com o desempenho térmico de edificações. • ABNT NBR 15220-2 – Desempenho térmico de edificações – Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações Objetivo: Estabelece procedimentos para o cálculo das propriedades térmicas – resistência, transmitância e capacidade térmica, atraso térmico e fator de calor solar – de elementos e componentes de edificações. • ABNT NBR 15220-3 – Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Objetivo: Estabelece um zoneamento bioclimático brasileiro abrangendo um conjunto de recomendações e estratégias construtivas destinadas às habitações unifamiliares de ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 4 interesse social e estabelece recomendações e diretrizes construtivas, sem caráter normativo, para adequação climática de habitações unifamiliares de interesse social, com até três pavimentos. • ABNT NBR 15575-1 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais Objetivo: Estabelece os requisitos e critérios de desempenho aplicáveis às edificações habitacionais, como um todo integrado, bem como a serem avaliados de forma isolada para um ou mais sistemas específicos. Normas internacionais de Conforto térmico e Estresse térmico: • ISSO 7730 – 2005 – Ambientes térmicos moderados – determinação dos índices PMV e PPD e especificações das condições para conforto térmico Objetivo: avaliação de ambientes térmicos moderados. • ISSO/DIS 7726/98 – Ambientes térmicos – instrumentos e métodos para a medição dos parâmetros físicos Objetivo: definir padrões e orientar as medições dos parâmetros físicos de ambientes térmicos, tanto para ambientes moderados, análise de conforto térmico, como ambientes extremos e análises de stress térmico. • ASHRAE STANDARD 55/2013 – norma americana (American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers) que especifica as condições ambientais térmicas aceitáveis em espaços internos, e se diferencia da ISSO 7730 (2005) nos métodos de avaliação de conforto térmico e limites por eles estipulados. As pesquisas normalmente utilizadas nos estudos de conforto térmico são: • realizadas em câmaras climatizadas, chamadas de modelo estático, onde as variáveis ambientais e pessoais são manipuladas. • realizadas em estudos de campo, conhecida como modelo adaptativo, realizadas em situação real, onde o pesquisador não interfere de maneira nenhuma sobre as variáveis. Ambas resultam de duas abordagens diferentes: • a estática, representa uma linha analítica, ou racional, da avaliação das sensações térmicas humanas e considera o homem como um simples receptor passivo do ambiente térmico. • a adaptativa, considera o homem como um agente ativo, que interage com o ambiente em resposta às suassensações e preferências térmicas. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 5 Outro conceito importante é o de Neutralidade Térmica. Segundo o pesquisador dinamarquês Ole Fanger (1970), neutralidade térmica é “A condição na qual uma pessoa não prefira sentir nem mais calor nem mais frio no ambiente a seu redor”. De acordo com Shin-Iche Tanabe (1984), “Neutralidade Térmica é a condição da mente que expressa satisfação com a temperatura do corpo como um todo”. Conforme a NBR 15.220-1, neutralidade térmica é o “estado físico no qual a densidade do fluxo de calor entre o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, sendo mantida constante a temperatura do corpo.” Lamberts explica melhor: “Analisando-se dentro de uma ótica física dos mecanismos de trocas de calor, sugere-se uma definição para neutralidade térmica como sendo “O estado físico no qual todo o calor gerado pelo organismo através do metabolismo seja trocado em igual proporção com o ambiente ao seu redor, não havendo nem acúmulo de calor e nem perda excessiva do mesmo, mantendo a temperatura corporal constante”. Como o corpo humano é um sistema termodinâmico, que produz calor e interage continuamente com o ambiente para alcançar o balanço térmico, existe uma constante troca de calor entre o corpo e o meio. Tal troca é regida pelas leis da física, e influenciada pelos mecanismos de adaptação fisiológica, condições ambientais e fatores individuais. A sensação de conforto térmico está diretamente relacionada ao esforço realizado pelo organismo para manter o balanço térmico e assim sendo, se faz necessário conhecer a termorregulação humana e o balanço térmico do corpo humano. Considerando essas definições, pode-se dizer que a neutralidade térmica é uma condição necessária, mas não suficiente, para que uma pessoa esteja em conforto térmico. Fonte: UFSC – Apostila de Conforto e Stress Térmico – Roberto Lamberts ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 6 Além de ser necessário conhecer os mecanismos de termorregulação humana, se faz mister conhecer as principais variáveis climáticas de conforto térmico que são temperatura, umidade e velocidade do ar e radiação solar incidente, além do conhecimento das características e do comportamento térmico dos materiais. Segundo Frota e Schiffer, “O conhecimento do clima, aliado ao dos mecanismos de trocas de calor e do comportamento térmico dos materiais, permite uma consciente intervenção da arquitetura, incorporando os dados relativos ao meio ambiente externo de modo a aproveitar o que o clima apresenta de agradável e amenizar seus aspectos negativos.” A racionalização do uso da energia apresenta estreitos laços com a adequação da arquitetura ao clima, evitando ou reduzindo os sistemas de condicionamento artificial de ar, quer com a finalidade de refrigerar, quer com a de aquecer os ambientes. Fonte: Ogyay – Design with Climate Segundo Olgyay, a expressão arquitetônica deve ser precedida pelo estudo das variáveis climáticas, da biologia e da tecnologia. Clima Biologia Tecnologia Arquitetura Os quatros passos: 1. Clima: os dados climáticos da região específica devem ser analisados com as características anuais de seus elementos constituintes, tais como temperatura, umidade relativa, radiação e efeito dos ventos, assim como os microclimas. O microclima é o que se verifica em um ponto restrito (cidade, bairro, rua, em torno da edificação, etc.), e é afetado, principalmente, pela topografia, superfície do solo e pela intervenção humana (na construção de espaços internos e externos). ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 7 2. Biologia: baseada nas sensações humanas. 3. Tecnologia: após a indicação dos requisitos, são definidas as soluções tecnológicas para se minimizar o indesejável e aproveitar as condições favoráveis, tudo no momento certo e na quantidade adequada. O abrigo equilibrado deve levar em conta: a. A escolha do terreno. b. A orientação solar. c. O cálculo de sombras e dispositivos de sombreamento. d. As formas das casas e formas das edificações. e. Os movimentos do ar. f. O equilíbrio da temperatura interior. 4. Arquitetura: aplicação dos três passos acima, de forma equilibrada em função da importância dos diferentes elementos. Dito isso, estudaremos também a Geometria da Insolação, para uma melhor orientação das aberturas e cálculo de suas proteções solares, como brise-soleil, itens indispensáveis para promover os controles térmicos naturais. Também veremos princípios bioclimáticos para o desenho urbano, uma vez que a eficácia do desempenho das edificações está diretamente condicionada ao traçado das ruas, à presença de vegetação, ao tamanho e disposição dos edifícios circunvizinhos, etc. A bibliografia utilizada para essa aula é bem extensa e deixo abaixo para quem quiser se aprofundar no assunto. Procurarei ser o mais objetiva possível, meu foco será dar condições a vocês de acertarem as questões dos concursos. Bibliografia: • Design with Climate, Bioclimatic Approach to Architectural Regionalism – Victor Olgyay • Sol, Vento & Luz estratégias para o projeto de arquitetura – G. Z. Brown e Mark Dekay • Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano – Marta Adriana Bustos Romero • Manual de Conforto Térmico – Anésia Barros Frota e Sueli Ramos Schiffer • Energia na Edificação estratégia para minimizar seu consumo – Lúcia R. de Mascaró • Eficiência Energética na Arquitetura – Roberto Lamberts, Luciano Dutra e Fernando Pereira • Edifício Ambiental – vários autores, organizadores Joana Carla Soares Gonçalves e Klaus Bode ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 8 O ORGANISMO HUMANO E A TERMORREGULAÇÃO O homem é um animal homeotérmico, ou seja, a temperatura interna do organismo tende a permanecer constante independente das condições do clima. Para tanto, sempre há trocas térmicas entre o corpo humano e o meio, as quais ocorrem por meio de condução, convecção, radiação, evaporação e respiração. O organismo humano é mantido a uma temperatura interna sensivelmente constante. Essa temperatura é da ordem de 37°C, com limites muito estreitos — entre 36,1 e 37,2°C —, sendo 32°C o limite inferior e 42°C o limite superior para sobrevivência, em estado de enfermidade. Segundo Frota e Schiffer, o organismo dos homeotérmicos pode ser comparado a uma máquina térmica — sua energia é conseguida através de fenômenos térmicos. A energia térmica produzida pelo organismo humano advém de reações químicas internas, sendo a mais importante a combinação do carbono, introduzido no organismo sob a forma de alimentos, com o oxigênio, extraído do ar pela respiração. (metabolismo). Cerca de 20% dessa energia produzida internamente é transformada em potencialidade de trabalho, e o restante se transforma em calor e deve ser dissipado. Tanto o calor produzido quanto o dissipado dependem da atividade que o indivíduo desenvolve. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 9 O organismo humano experimenta sensação de conforto térmico quando perde para o ambiente, sem recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação. Os mecanismos termorreguladores são ativados quando as condições térmicas do meio ultrapassam certas faixas e têm como objetivo: • No frio, evitar perdas térmicas e/ou aumentar a produção interna de calor. A redução de trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente se faz através do aumento da resistênciatérmica da pele, primeiro por meio da vasoconstrição e, depois, pelo arrepio. Se o frio ainda for agressivo, haverá o aumento do metabolismo entre 30% a 100%, que pode se manifestar pelo tremor dos músculos. Assim, o calor produzido internamente compensará as perdas do organismo para o meio. A partir daí, o homem lança mão de mecanismos instintivos e culturais e de suas habilidades. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 10 • No calor, incrementar as perdas térmicas e reduzir as combustões internas. Primeiro, por vasodilatação, depois pelo suor, e, por fim, pela redução automática do metabolismo (afeta o comportamento, sono, prostação, redução da capacidade de trabalho) e de mecanismos instintivos e culturais. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 11 VARIÁVEIS DE CONFORTO TÉRMICO Segundo Lamberts, as variáveis climáticas que influenciam no conforto térmico e podem ser medidas diretamente são a temperatura do ar, a temperatura radiante, a umidade relativa e a velocidade do ar. Além dessas variáveis, a atividade física e a vestimenta também tem papeis importantes. Quanto maior a atividade física, maior será o calor gerado por metabolismo. Portanto, é importante considerar a atividade que será desenvolvida dentro do ambiente para se poder atender às necessidades de conforto térmico. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 12 A resistência térmica da vestimenta também é de grande importância na sensação de conforto térmico do homem. Essa variável é medida em “clo” (do inglês clothing), sendo que 1 clo representa uma resistência térmica de 0,155 m² ℃/W e equivale a resistência de um terno completo. A pele troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa, que por sua vez troca calor com o ar por convecção e com outras superfícies por radiação. Quanto maior a resistência térmica da roupa, menor as trocas de calor. Em climas quentes e secos, as roupas longas fazem com que o suor fique entre a pele e a roupa, propiciando um microclima mais ameno e diminuindo as perdas líquidas do corpo. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 13 ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO Como pode ser visto, as condições de conforto térmico são função da atividade desenvolvida pelo indivíduo, da sua vestimenta e das variáveis do ambiente que proporcionam as trocas de calor entre o corpo e o ambiente. Além disso, devem ser consideradas outras variáveis como sexo, idade, biotipo, hábitos alimentares etc. Os índices de conforto térmico procuram englobar, num parâmetro, o efeito conjunto dessas variáveis. E, em geral, esses índices são desenvolvidos fixando um tipo de atividade e a vestimenta utilizada pelo indivíduo para, depois, relacionar as variáveis do ambiente e reunir, sob a forma de cartas ou nomogramas, as diversas condições ambientais que proporcionam respostas. Classificação dos índices de conforto: • índices biofísicos — que se baseiam nas trocas de calor entre o corpo e o ambiente, correlacionando os elementos do conforto com as trocas de calor que dão origem a esses elementos; • índices fisiológicos — que se baseiam nas reações fisiológicas originadas por condições conhecidas de temperatura seca do ar, temperatura radiante média, umidade do ar e velocidade do ar; • índices subjetivos — que se baseiam nas sensações subjetivas de conforto experimentadas em condições em que os elementos de conforto térmico variam. A escolha deverá ser feita de acordo com a importância de cada critério em cada caso. Há vários índices de conforto térmico e vamos tratar só de alguns aqui. • A Carta Bioclimática de Olgyay ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 14 A Carta Bioclimática de Olgyay(44) — índice biofísico — foi desenvolvida a partir de estudos acerca de efeitos do clima sobre o homem, quer ele esteja abrigado quer não, de zonas de conforto e de relações entre elementos de clima e conforto. Foi construída tendo como ordenada a temperatura de bulbo seco e como abscissa a umidade relativa do ar. Fonte: Koenigsberger Acima, Carta Bioclimática para habitantes de regiões de clima quente, em trabalho leve, vestindo 1 “clo”, que corresponde a uma vestimenta leve, cuja resistência térmica equivale a 0,15°C m2/W. Na região central da Carta está delimitada a zona de conforto. As condições de temperatura seca e de umidade relativa do ar podem ser determinadas sobre a Carta. Se os pontos determinados por essas variáveis se localizarem na zona de conforto, as condições apresentadas serão consideradas como de conforto. Se caírem fora da zona de conforto, há necessidade de serem tomadas medidas corretivas. Se o ponto cair acima da zona de conforto, será necessário recorrer-se ao efeito do movimento do ar. Se a temperatura seca do ar é elevada mas a umidade é baixa, o movimento do ar pouco favorece. Quanto à região abaixo do limite inferior da zona de conforto, as linhas representam a radiação necessária para atingir a zona de conforto, quer em termos de radiação solar quer em termos de aquecimento do ambiente. A seguir, a carta bioclimática usada por Ogyay, para explicar o seu uso, no livro: Design and Cimate. (a temperatura está em º F) ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 15 Bem interessante e fácil de visualizar, não é? Seguem alguns exemplos de como usá-la retirados do livro: • Nenhuma medida corretiva precisa ser implementada se o ponto cair na zona de conforto. (x= umidade relativa do ar e y= temperatura do bulbo seco) • Para a temperatura de 75ºF e umidade relativa do ar de 70%, precisa-se de ventos de 280 fpm. • Para temperaturas de 50ºF e umidade relativa do ar de 56%, precisa-se de 260 Btu/h de radiação solar. • Para temperaturas de 87ºF e umidade relativa do ar de 30%, são 2 medidas necessárias: vento de 300 fpm e esfriamento por evaporação de forma que sejam adicionadas 8 g de umidade /lb de ar. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 16 • Voto Médio Predito (PMV) Fanger (1972) derivou uma equação geral de conforto para calcular a combinação das variáveis ambientais incluindo temperatura radiante média, velocidade do ar, umidade relativa, temperatura do ar, atividade física e vestimenta. Através de trabalho experimental, avaliou pessoas de diferentes nacionalidades, idades e sexos obtendo o Voto Médio Predito (PMV do inglês predicted mean vote) para determinadas condições ambientais. O PMV consiste em um valor numérico que traduz a sensibilidade humana ao frio e ao calor. O PMV para conforto térmico é zero, para o frio é negativo e para o calor é positivo. A partir daí, foi implementado o PPD (Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas), o qual é recomendado que seja menor que 10%, conforme a Norma ISO 7730/2005, o que resulta em uma faixa de: -0,5 < PMV < +0,5 Os cálculos do PMV e do PPD podem parecer bem complexos, mas consegue-se obter esses valores facilmente através do programa Analysis-CST. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 17 TROCAS TÉRMICAS Para entendermos o comportamento térmico das edificações e como se dá o equilíbrio do homem com o meio é necessária a compreensãodos fenômenos de trocas térmicas. Frota e Schiffer, dividem os fenômenos em trocas térmicas secas e trocas térmicas úmidas. As trocas térmicas secas são a condução, convecção e radiação e as úmidas, evaporação e condensação. Corpos que estejam a temperaturas diferentes trocam calor, os mais “quentes” perdendo e os mais “frios” ganhando, sendo que o calor envolvido é denominado calor sensível. No âmbito do conforto termo-higrométrico, o elemento que proporciona as trocas térmicas por mudança de estado de agregação — sem mudança de temperatura — é a água, e apenas nos casos de passar do estado líquido para o estado de vapor e do estado de vapor para o estado líquido. O calor envolvido nestes mecanismos de troca é denominado calor latente. Fonte: Equilíbrio térmico do homem – adaptado de Guyton (1077) Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano - Romero ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 18 Fonte: Energia na Edificação – Lúcia Mascaró ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 19 Fonte: Energia na Edificação – Lúcia Mascaró d ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 20 • Condução Troca de calor entre dois corpos que se tocam ou mesmo partes do corpo que estejam a temperaturas diferentes. O coeficiente de condutibilidade térmica do material — λ — é definido como sendo “o fluxo de calor que passa, na unidade de tempo, através da unidade de área de uma parede com espessura unitária e dimensões suficientemente grandes para que fique eliminada a influência de contorno, quando se estabelece, entre os parâmetros dessa parede, uma diferença de temperatura unitária” —Gomes. Este coeficiente depende de: • densidade do material — a matéria é sempre muito mais condutora que o ar contido em seus poros; • natureza química do material — os materiais amorfos são geralmente menos condutores que os cristalinos; • a umidade do material — a água é mais condutora que o ar. O coeficiente λ varia com a temperatura, porém, para as faixas de temperatura correntes na construção, pode ser considerado com uma característica de cada material. • Convecção Troca de calor entre dois corpos, sendo um deles sólido e o outro um fluido (líquido ou gás). As trocas de calor por convecção são ativadas pela velocidade do ar, quando se trata de superfícies verticais. Nesse caso, mesmo que o movimento do ar advenha de causas naturais, como o vento, o mecanismo de troca entre a superfície e o ar passa a ser considerado convecção forçada. No caso de superfície horizontal, o sentido do fluxo desempenha importante papel. Quando o fluxo é ascendente, há coincidência do sentido do fluxo com o natural deslocamento ascendente das massas de ar aquecidas, enquanto no caso de fluxo descendente, o ar, aquecido pelo contato com a superfície, encontra nela mesma uma barreira para sua ascensão, dificultando a convecção — seu deslocamento e sua substituição por nova camada de ar à temperatura inferior à sua. Segundo Lúcia Mascaró, o calor pode ser transmitido por um fluido em movimento como o ar, por exemplo. Em um espaço onde as paredes não são adequadas do ponto de vista térmico, o ar, em contato com a parede exterior, ganha calor na estação quente e o perde na estação fria. No inverno, pode-se perder calor por convecção quando o ar quente de um interior sobe e encontra frestas, infiltrando-se para o exterior. d ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 21 • Radiação Mecanismo de troca de calor entre dois corpos — que guardam entre si uma distância qualquer — através de sua capacidade de emitir e de absorver energia térmica. Esse mecanismo de troca é consequência da natureza eletromagnética da energia, que, ao ser absorvida, provoca efeitos térmicos, o que permite sua transmissão sem necessidade de meio para propagação, ocorrendo mesmo no vácuo. Segundo Lúcia Mascaró, qualquer objeto pode radiar calor da mesma forma que o sol. Em um local onde as paredes, coberturas e aberturas não estão devidamente desenhadas e protegidas, facilmente se ganha ou se perde calor (no verão ou inverno, respectivamente) do interior para o exterior. Uma pessoa ao ar livre está submetida a dois tipos de radiação: a) radiação visível e infravermelha de onda curta, chamada radiação solar porque se origina do sol; b) radiação infravermelha de onda longa, chamada de radiação térmica, resultante da diferença de temperatura entre a superfície da pessoa e a dos objetos que a rodeiam, tais como a terra e os edifícios. • Evaporação Troca térmica úmida proveniente da mudança do estado líquido para o estado gasoso. Para ser evaporada, passando para o estado de vapor, a água necessita de um certo dispêndio de energia. Para evaporar um litro de água são necessários cerca de 700 J. A velocidade de evaporação é função do estado higrométrico (umidade) do ar e de sua velocidade. A uma determinada temperatura, o ar tem capacidade de conter apenas uma certa quantidade de vapor d’água, inferior ou igual a um máximo denominado peso do vapor saturante. Portanto, o grau higrométrico (umidade relativa) é a relação entre o peso de vapor d’água contido no ar, a uma certa temperatura, e o peso de vapor saturante do ar à mesma temperatura. • Condensação Troca térmica úmida decorrente da mudança do estado gasoso do vapor d’água contido no ar para o estado líquido. Quando o grau higrométrico do ar se eleva a 100%, a temperatura em que ele se encontra é denominada ponto de orvalho e, a partir daí, o excesso de vapor d’água contido no ar se condensa, ou seja, passa para o estado líquido. 7 ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 22 Se o ar, saturado de vapor d’água, entra em contato com uma superfície cuja temperatura está abaixo da do seu ponto de orvalho, o excesso de vapor se condensa sobre a superfície, no caso de esta ser impermeável — condensação superficial —, ou pode condensar-se no interior da parede, caso haja porosidade. A condensação superficial passageira em cozinhas e banheiros, nos horários de uso mais intenso, é considerada normal. Um meio para evitar a condensação superficial consiste na eliminação do vapor d’água pela ventilação. Fonte: Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano - Romero d ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 23 PROPRIEDADES TÉRMICAS DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS Os materiais e elementos construtivos se comportam termicamente em função de suas propriedades térmicas. A NBR 15.220-2 exemplifica os cálculos de resistência térmica de materiais homogêneos e heterogêneos, capacidade térmica, transmitância térmica, fator solar e atraso térmico. O Sol, importante fonte de calor, incide sobre o edifício representando sempre um certo ganho de calor, que será função da intensidade da radiação incidente e das características térmicas dos paramentos do edifício. Os elementos da edificação, quando expostos aos raios solares, diretos ou difusos, ambos radiação de alta temperatura, podem ser classificados como opacos ou transparentes. • Fechamentos opacos A transmissão de calor ocorre quando há diferença de temperatura entre suas superfícies externas e internas. O sentido do fluxo de calor é sempre da superfície mais quente para a mais fria. Exemplo: no verão, geralmente, a superfície externa está mais quente que a interna, fazendo com quehaja troca de calor entre as duas e que o ar quente entre para o interior da edificação. Fonte; Manual do Conforto Térmico – Frota e Schiffer 5 ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 24 Materiais como a cortiça, o isopor, a lã de vidro, o concreto celular, entre outros, são isolantes térmicos. Esses materiais possuem baixas densidades, ou seja, são bastante porosos. Como há ar parado nesses poros, e o ar tem baixa condutividade térmica, isso faz com que o fluxo de calor seja reduzido. Outra característica importante dos fechamentos é sua inércia térmica! À inércia térmica estão associados dois fenômenos de grande significado para o comportamento térmico do edifício: o amortecimento e o atraso da onda de calor, devido ao aquecimento ou ao resfriamento dos materiais. A inércia térmica depende das características térmicas da envolvente e dos componentes construtivos internos. Quando, por exemplo, a temperatura exterior, suposta inicialmente igual à temperatura interior, se eleva, um certo fluxo de calor penetra na parede. Esse fluxo não atravessa a parede imediatamente, antes aquecendo-a internamente. O atraso e o amortecimento, juntos, compõem a inércia térmica, a qual é função da densidade, da condutibilidade e da capacidade calorífica da parede. A capacidade calorífica da parede é expressa através do fator denominado calor específico, que se mede pela quantidade de calor necessária para fazer elevar de uma unidade de temperatura, a sua unidade de massa (J/kg°C). Uma parede apresenta maior ou menor inércia segundo seu peso e sua espessura. Mas os revestimentos desempenham importante papel, pois revestimentos isolantes reduzem as trocas de calor com a parede e reduzem sua inércia. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 25 Como podemos perceber na ilustração do livro “Eficiência Energética na Arquitetura”, o calor só atinge o interior à noite, devido ao amortecimento e atraso promovido pela sua envoltória. Essa estratégia é recomendada em climas frios ou quentes e secos, os quais se caracterizam por grandes amplitudes térmicas diárias, fazendo muito calor durante o dia e muito frio à noite. Nos climas quentes secos, deve ser conjugada com a ventilação noturna. De acordo com Brown e Decay (livro Sol, Vento & Luz), o esfriamento de uma edificação através da ventilação noturna de massas térmicas depende de um processo em duas etapas: 1. Durante o dia, quando a temperatura está elevada demais para a ventilação, as aberturas são fechadas e o calor excessivo é armazenado na massa da edificação. 2. À noite, quando a temperatura está mais baixa, permite-se que o ar externo circule pela edificação para remover o calor armazenado na massa. Para que isso ocorra, deverá haver massa suficiente para armazenar o calor e amplas aberturas para a ventilação noturna poder remover o calor armazenado. Fonte: Livro “Eficiência Energética na Arquitetura” ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 26 Em climas quentes e úmidos, não é recomendada, pois, à noite, a temperatura cai muito pouco, não se justificando guardar calor para que chegue ao interior da edificação à noite. Outro fator importante e, muito cobrado nas provas, é a cor da superfície externa! A pintura externa das construções em climas quentes deve ser preferivelmente de cores claras, pois essas refletirão mais a radiação solar e, portanto, menos calor atravessará os vedos. Segundo Romero, a radiação solar pode ser absorvida e refletida pelas superfícies opacas sobre as quais incide, sendo o fluxo incidente igual à soma dos fluxos absorvidos e refletidos. A quantidade de energia absorvida e refletida depende da cor e das características da superfície. A areia, por exemplo, é um grande absorvedor da energia solar, enquanto a neve constitui um bom refletor dela. • Fechamentos transparentes ou translúcidos As principais trocas térmicas em uma edificação acontecem, geralmente, nesses fechamentos, que compreendem janelas, claraboias e qualquer outro elemento na arquitetura. Nos fechamentos transparentes podem ocorrer os 3 tipos básicos de trocas térmicas: condução, convecção e radiação. O que diferencia dos fechamentos opacos é que na radiação, uma parte é transmitida, diretamente, para o interior, a qual vai depender da transmitividade do vidro (�). Fonte: Manual do Conforto Térmico – Frota e Schiffer ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 27 • Proteção solar de paredes opacas O controle da insolação através de elementos de proteção solar — quebra-sol (“brise-soleil”) — representa um importante dispositivo para o projeto do ambiente térmico. O quebra-sol pode ser utilizado tanto para a proteção de paredes transparentes ou translúcidas como para o caso de paredes opacas leves. A presença de uma placa quebra-sol (“brise-soleil”) diante de uma parede opaca vai ocasionar uma série de mecanismos de trocas. Fonte: Manual do Conforto Térmico – Frota e Schiffer Sendo �* denominado fator fictício de absorção da radiação solar de uma parede opaca protegida por quebra-sol, seu valor irá variar de acordo com a sua orientação, suas características geométricas, seu material, a latitude do local, a época do ano, etc. Segundo Croiset, � * pode, a partir de alguns casos estudados, assumir os seguintes valores: a) quebra-sol contínuo, vertical, diante de parede vertical, a 30 cm, sem características especiais do material e acabamentos: 0,20 a 0,25 b) quebra-sol contínuo, vertical, diante de parede vertical, a 30 cm, com R ≅ 0,6 m2°C/W, face externa branca e face interna pouco emissiva: 0,15 a 0,10 c) quebra-sol de lâminas verticais colocado diante de parede vertical: variável ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 28 d) beirais e quebra-sol de lâminas horizontais: variável e) cobertura com sombreamento de um quebra-sol contínuo, a 30 cm: 0,15 a 0,20 f) cobertura com sombreamento de quebra-sol contínuo, a 30 cm, face externa clara, face interna pouco emissiva, material isolante: 0,05 Segundo Frota e Schiffer: O quebra-sol de lâminas verticais colocado diante de uma parede vertical proporcionará � * com valores sempre mais elevados que os contínuos, devido às diversas reflexões dos raios solares incidentes sobre as placas. O beiral deve ser analisado sob o ponto de vista de sua eficiência geométrica. Fatores como absorção, isolação e emissividade têm menor importância. A continuidade da proteção horizontal impede a ventilação da camada de ar próxima à parede, tornando a proteção menos eficiente. Se os beirais são constituídos por várias lâminas horizontais, a ventilação e o desvio dos raios refletidos proporcionam maior eficiência e o fator � * pode variar entre 0,20 e 0,50, segundo a parede seja clara ou escura e, no caso de construção térrea, o solo seja pouco ou muito refletor. No caso de sombreamento de cobertura, a transmissão térmica se dá à semelhança da proteção de paredes verticais, sendo que a ventilação entre a cobertura e a placa de proteção pode produzir melhores efeitos. • Proteção solar de paredes transparentes ou translúcidas Pode ser feita através de dispositivos externos, internos, ou, conforme o caso, entre vidros. A proteção externa é mais eficiente, pois barra a radiação solar incidente antes de ela atingir a parede, evitando o efeito estufa. Vamos explicar melhor. No espectro solar, há 2 regiões de grande importância para o estudodo comportamento dos fechamentos transparentes: a região de onda curta (OC) e a de onda longa (OL). As ondas curtas se subdividem em visíveis e infravermelhas e as ondas longas são radiações infravermelhas emitidas por corpos aquecidos. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 29 Os vidros simples, de mais baixo custo e disponibilidade no mercado, são altamente transparentes a ondas curtas e absorventes a ondas longas. Também são pouco reflexivos, em ambas as regiões do espectro (ondas curtas e longas). Isso se traduz em boa visibilidade, porém alta transmitividade do calor solar para o interior. A alta absortividade à onda longa causa o fenômeno conhecido como efeito estufa, ou seja, uma vez transmitido para dentro, o calor encontra dificuldades em sair pelo vidro, acumulando-se em seu interior. Já as películas e os vidros absorventes, diminuem a transmissão de onda curta, porém afetam bastante a transmissividade visível (visibilidade), podendo implicar em gastos desnecessários de energia para iluminação artificial. Logo, a opção por uma proteção externa pode ser mais adequada se houver um dimensionamento que garanta a redução da incidência da radiação solar, quando necessária, sem interferir na luz natural. Um bom exemplo é o brise prateleira de luz. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 30 Proteção solar esquematizada para os 2 casos mais frequentes, segundo Frota e Schiffer: Fonte: Manual do Conforto Térmico – Frota e Schiffer ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 31 Observem que a parcela do calor que penetra no ambiente é menor no caso da proteção externa. No projeto arquitetônico, as principais variáveis que podem alterar o aporte de calor pela abertura são: • Orientação e tamanho da abertura; • Tipo de vidro; • Uso de proteções solares internas e externas. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 32 • Absortividade, refletividade, transmissividade e emissividade Os elementos construtivos podem ter desempenhos diferentes em relação à radiação térmica incidente, transmitindo, refletindo ou absorvendo e re-emitindo essa radiação para o interior. A radiação incidente em um material construtivo terá uma parcela refletida, uma absorvida e, se for um material translúcido, também uma parcela transmitida diretamente para o ambiente interior, cujos valores dependerão respectivamente da refletividade, da absorvidade e da transmissividade do material. A soma destas 3 parcelas devem dar 100%. � + + � = 1 A emissividade é uma propriedade física dos materiais que diz qual a quantidade de energia térmica é emitida por unidade de tempo. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 33 Essa propriedade pertence à camada superficial do material emissor. Os materiais de construção podem ser organizados em 2 grupos bem definidos: a) Os metálicos, com baixas emissividades, compreendidas entre 0,05 e 0,30. b) Os não metálicos, com altas emissividades, que variam de 0,85 a 0,90. Se a chapa metálica for pintada com tinta não metálica de qualquer tipo, sua emissividade, se for de 0,20, por exemplo, passará a ser 0,90. Se uma superfície não metálica for pintada de cor “alumínio”, a sua emissividade reduzirá de 0,90 para 0,50. • Condutividade térmica A condutividade térmica (�) depende da densidade do material e representa sua capacidade em conduzir maior ou menor quantidade de calor por unidade de tempo. Percebe-se que conforme a densidade do material diminui, reduz também sua condutividade térmica. • Resistência térmica A resistência térmica (R) de um material é sua propriedade em resistir à passagem do calor. Quanto maior a espessura de um material, maior será a resistência que esse material oferece à passagem do calor. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 34 Quanto maior for a condutividade térmica (�) de um material, maior será a quantidade de calor transferida entre suas superfícies e, consequentemente, menor será a sua resistência térmica (R). A resistência térmica de um material heterogêneo é calculada pela soma das resistências térmicas de cada elemento componente desse material. A resistência térmica superficial traduz os efeitos das trocas de calor por radiação e convecção entre a superfície do material sob análise e o meio que o circunda, podendo ser interna, quando a superfície em questão limita o material e o meio interno, e, externa, quando a superfície limita o material e o meio externo. • Resistência térmica de câmaras de ar Outra maneira de reduzir as trocas de calor é fazendo-se múltiplas camadas, sendo uma das quais uma câmara de ar. As trocas dentro da câmara são feitas por convecção e radiação, e, não, por condução. A convecção depende da inclinação do fechamento e da direção do fluxo. A radiação depende da ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 35 emissividade da superfície do material em contato com a camada de ar. • Transmitância térmica O inverso da resistência térmica total (Rsi + Rse) do fechamento é a sua transmitância térmica (U). É a variável mais importante para a avaliação do desempenho térmico dos fechamentos opacos. Através dela, pode-se avaliar o comportamento de um fechamento opaco frente à transmissão de calor. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 36 • Densidade de fluxo de calor A NBR 15.220-1 define como densidade de fluxo de calor ou densidade de taxa de fluxo de calor como o quociente do fluxo de calor que atravessa uma superfície pela área dessa superfície. • Temperatura Sol-ar Caso haja incidência direta de sol no fechamento, a temperatura da superfície externa do mesmo pode crescer de forma a ficar maior do que a temperatura do ar, sendo necessário acrescentar à fórmula da densidade de fluxo de calor a temperatura sol-ar (Tsol-ar). A temperatura Sol-ar é função da quantidade de radiação solar incidente na superfície e da cor da mesma, tendo em vista que cores mais claras absorvem menos calor. • Fluxo de calor Tendo-se o valor da densidade de fluxo de calor (q) de um determinado material, pode-se calcular o fluxo de calor que atravessa certa área desse material. O fluxo de calor é a quantidade de energia térmica em watts que atravessa um fechamento de um ambiente. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 37 • Capacidade térmica Propriedade dos materiais que indica sua maior ou menor capacidade em reter calor. Um material de grande capacidade térmica necessita de uma grande quantidade de calor para variar de um grau de temperatura seus componentes por unidade de área. • Fator solar O fator solar é a relação entre a quantidade de radiação solar que atravessa a janela e a que incide ne mesma. Esse valor é característico para cada tipo de abertura e varia com o ângulo de incidência da radiação solar. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 38 Segue esquema de valoresde fator solar para janelas com e sem proteção, interna e externa e com diversos materiais. (Olgyay) ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 39 ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 40 ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 41 Fonte: Manual de Conforto Térmico – Frota e Schiffer ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 42 NOÇÕES DE CLIMA Qual é a diferença entre tempo e clima? Tempo é a variação diária das condições atmosféricas, e clima é a condição média do tempo em uma dada região baseada em medições em longos períodos de tempo (30 anos ou mais). Um projeto arquitetônico deve considerar o clima local e suas variáveis, que se alteram ao longo do ano devido a elementos de controle, tais como: proximidade à água (pois a terra se aquece ou esfria mais rapidamente que a água); altitude (a temperatura do ar tende a diminuir com o aumento da altitude na ordem de -1º C para cada 100 metros de altitude); barreiras montanhosas e correntes oceânicas. Os fatores climáticos atuam de forma intrínseca na natureza. A ação simultânea das variáveis climáticas terá influência no conforto do espaço arquitetônico construído. (Lamberts, Dutra e Pereira) O projeto de arquitetura deve atender simultaneamente à eficiência energética e às necessidades de conforto do usuário em função das informações obtidas da análise climática e formuladas no programa de necessidades. O estudo do clima, que compreende tanto a formação resultante de diversos fatores geomorfológicos e espaciais em jogo (sol, latitude, altitude, ventos, massas de terra e água, topografia, vegetação, solo etc), quanto sua caracterização definida por seus elementos (temperatura do ar, umidade do ar, movimentos das massas de ar e precipitações), torna-se, pois, importante para a compreensão dos princípios e para o entendimento do que deve ser controlado no ambiente a fim de se obter os resultados esperados durante o projeto. O clima e seus fatores e elementos são amplamente analisados na literatura, embora tenham sido tratados de forma distinta de autor para autor (Givoni, 1976; Olgyay, 1963; Lynch, 1980; Comes, 1980; Ferreira, 1965). (Romero) À arquitetura cabe, tanto amenizar as sensações de desconforto impostas por climas muito rígidos, tais como os de excessivos calor, frio ou ventos, como também propiciar ambientes que sejam, no ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 43 mínimo, tão confortáveis como os espaços ao ar livre em climas amenos. Dentre as variáveis climáticas que caracterizam uma região, podem-se distinguir as que mais interferem no desempenho térmico dos espaços construídos: a oscilação diária e anual da temperatura e umidade relativa, a quantidade de radiação solar incidente, o grau de nebulosidade do céu, a predominância de época e o sentido dos ventos e índices pluviométricos. (Frota e Schiffer) Tempo é o estado atmosférico em certo momento, considerado em relação a todos os fenômenos metereológicos: temperatura, vento, umidade etc. Esse estado é essencialmente variável. Entretanto num determinado lugar, em meio a essas contínuas mudanças, distingue- se algo de constante, de previsível, que constitui o que se chama CLIMA. Composto por FATORES ESTÁTICOS (posição geográfica e relevo) e FATORES DINÂMICOS (temperatura, umidade, movimento do ar e radiação), o CLIMA tem-se mostrado, desde a antiguidade, como um dos elementos-chave no projeto e construção da habitação do homem. O exercício da hoje chamada arquitetura bioclimática permitirá reconciliar a FORMA, a MATÉRIA e a ENERGIA, tratadas até agora separadamente. Contudo, a integração efetiva de todos esses parâmetros só poderá ser feita com a ajuda de instrumentos-síntese, tais como o uso dos dados climáticos, por exemplo. Os quatros fatores dinâmicos do clima – TEMPERATURA, UMIDADE, MOVIMENTO DO AR e RADIAÇÃO – afetam a perda de calor no homem. Esses fatores (ou elementos) climáticos não atuam isolados, mas conjuntamente. O efeito de sua ação conjunta sobre o indivíduo denomina-se Pressão Térmica. (Lucia Mascaró) Depois dessas introduções de diversos livros cobrados pelas bancas acerca da arquitetura e do clima, vou seguir a metodologia de caracterização do clima utilizada por Marta Romero em “Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano”. A própria autora alerta para o fato de que a separação por ela apresentada obedece apenas a uma exigência metodológica, sendo necessário saber que todos os elementos e fatores atuam em conjunto, sendo cada um deles, o resultado da conjugação dos demais. O quadro a seguir, inicia-se pelos fatores climáticos globais, ou seja, aqueles que condicionam, determinam e dão origem ao clima nos seus aspectos macro ou mais gerais, tais como a radiação solar, a latitude, a longitude, a altitude, os ventos e as massas de água e terra. Em seguida, são analisados os fatores climáticos locais, quer dizer, aqueles que condicionam, determinam e dão origem ao microclima, ou seja, o que se verifica num ponto restrito (cidade, bairro, rua etc.), ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 44 como a topografia, a vegetação e a superfície do solo natural ou construído. Finalmente, são analisados os elementos climáticos, isto é, aqueles que representam os valores relativos a cada tipo de clima, tais como a temperatura, a umidade do ar, as precipitações e os movimentos do ar. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 45 • FATORES CLIMÁTICOS GLOBAIS Condicionam, determinam e dão origem ao clima. São: radiação solar, latitude, longitude, altitude, ventos e massas de água e terra. • Radiação solar É a energia transmitida pelo sol (motor de todo o sistema de vida terrestre) sob forma de ondas eletromagnéticas. Fonte: Fatores Bioclimáticos para o Desenho Urbano – Marta Romero À medida que a radiação penetra na atmosfera terrestre, sua intensidade é reduzida e sua distribuição espectral é alterada em função da absorção, reflexão e difusão dos raios solares pelos diversos componentes do ar. Fonte: Fatores Bioclimáticos para o Desenho Urbano – Marta Romero ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 46 Segundo Frota e Schiffer, a radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge a Terra após ser parcialmente absorvida pela atmosfera. A maior influência da radiação solar é na distribuição da temperatura do globo. As quantidades de radiação variam em função da época do ano e da latitude. Segundo Lamberts, a radiação solar deve ser dividida em direta e difusa, porque após sua penetração na atmosfera, a radiação começa a sofrer interferências no seu trajeto em direção à superfície terrestre. A parcela que atinge diretamente a Terra é chamada radiação direta. Ainda segundo Lamberts, a quantidade de radiação solar que chega depende de três fatores: a lei do cosseno, a dissipação atmosférica e a duração da luz do dia. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 47 Lei do cosseno: Intensidade de radiaçãoincidente em uma superfície inclinada é igual à razão entre a intensidade normal e o cosseno do ângulo de incidência. • Latitude, longitude e altitude A latitude, a longitude e a altura sobre o mar são as coordenadas que determinam a posição de um ponto da superfície terrestre. A latitude sempre é referida à linha do Equador terrestre. Tomando como ponto de partida o Equador, a temperatura média do ar esfria- se paulatinamente para os Pólos, mas o esfriamento não é constante. As isotermas não seguem rigorosamente os paralelos, desviando-se pelo efeito da altura, ventos, correntes marinhas e outros fatores do clima. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 48 Mede-se a latitude de 0° a 90° e se dirá que ela é Norte, se estiver acima da linha do Equador, e Sul, se estiver abaixo. • Ventos Diferenças nas temperaturas das massas de ar geram o seu deslocamento da área de maior pressão (ar mais frio e pesado) para a área de menor pressão (ar quente e leve). A velocidade e a direção do vento são, geralmente, medidas a 10 m de altura nas estações meteorológicas. Estas estações se localizam em regiões abertas, longe dos obstáculos urbanos, logo, também deve-se analisar a ventilação a nível do microclima. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 49 Segundo Romero, além dos deslocamentos das massas de ar numa escala global, atuam também no clima os ventos locais, provocados pelos diferenciais térmicos gerados pelas presenças de terra e água, vale e montanha etc. Para o desenho urbano, o interesse centra-se nos ventos locais, sendo preciso conhecer somente como se processam os mecanismos do vento nas camadas mais baixas da atmosfera. • Massas de água e terra A proporção entre as massas de terra e os corpos de água num dado território produz um impacto característico no clima. As massas continentais de terra produzem grandes variações mesmo ao longo de uma mesma latitude, verificando-se também grandes extremos estacionais junto a uma dada região. A principal razão para que estes fenômenos se manifestem pode ser atribuída à diferente capacidade de armazenagem de calor das massas de água e de terra. Enquanto a água possui o mais alto calor específico, a acumulação de calor é muito menor na água que na terra. O efeito de qualquer corpo de água sobre seu entorno imediato reduz as temperaturas extremas diurnas e estacionais; grande massas de água possuem um pronunciado efeito estabilizador Como exemplo dos efeitos no clima local produzidos pela presença de grandes massas de água ou terra, Fitch (1971) cita Honolulu e Timbuctoo, localizados aproximadamente na mesma latitude, 19o. e 17o. N, respectivamente. Em Honoluli próxima do centro de um grande e aquecido oceano, as variações diuturnas de temperatura são insignificantes; já em Timbuctoo, no centro de uma grande massa de terra árida as variações de temperatura diuturnas e estacionais são extremamente pronunciadas. Frota e Schiffer ressaltam esse fator climático como “distribuição continentes e oceanos”: “O calor específico da água é aproximadamente o dobro do da terra. Se considerarmos que o calor específico de uma substância é definido como sendo a quantidade de energia necessária para elevar de um grau (Celsius) a temperatura de uma unidade de massa, a água necessita de quase o dobro de energia térmica que a terra, para uma mesma elevação de temperatura. Portanto, ao se esfriar, a água também perde grande quantidade de energia. Essa camada de ar úmido, que paira sobre os oceanos, tem capacidade de receber e de reter calor. Isto faz com que os oceanos sejam uma grande parte da reserva do calor mundial, tornando-se mais frescos no verão e mais quentes no inverno, em relação aos continentes, numa mesma latitude. Nesse sentido, se compararmos duas faixas do globo situadas entre as mesmas latitudes, mas em hemisférios opostos, por exemplo, entre 0° e 30°, observaremos que a região situada no hemisfério norte ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 50 possui menos mares do que a do hemisfério sul. Como resultado deste fenômeno denominado Continentalidade teremos que os invernos serão mais frios e os verões mais quentes, em valores médios, no hemisfério norte, pois grandes massas de água são afetadas mais lentamente que as de terra.” Por sua vez, as massas de terra possuem grandes diferenças de armazenagem de calor, devido particularmente às características físicas do solo. Assim, tem-se que a areia do deserto do Saara e as neve do Continente Antártico são o resultado de um conjunto de fatores climáticos primários: o ar muito seco e a intensa insolação num caso e o frio intenso e a escassa insolação no outro. Mas os dois tipos de materiais são, ao mesmo tempo a causa de características climáticas secundárias. O revestimento do solo interferirá nas condições climáticas locais, também, quanto maior for a umidade do solo, pois, quanto maior for a umidade, maior será a sua condutibilidade térmica. O ar é um mau condutor térmico, de modo que um solo pouco úmido se esquenta mais depressa durante o dia, mas à noite devolverá o calor armazenado rapidamente, provocando uma grande amplitude térmica diária. Outro fenômeno interessante são as brisas terra-mar, sentidas em regiões litorâneas, que também são explicadas a partir da diferença do calor específico entre ambos. Durante o dia, a terra aquece-se mais rapidamente que a água, e o ar, ao ascender da região mais fria para a mais quente, forçará uma circulação da brisa marítima no sentido mar-terra. À noite este sentido se inverterá, pois, a água, por demorar mais a esfriar que a terra, encontrar-se-á momentaneamente mais quente, gerando uma brisa terra-mar. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 51 Fonte: Manual de Conforto Térmico – Frota e Schiffer As elevações possuem também um impacto climático importante sobre as terras baixas das proximidades. Geralmente forçam as massas de ar úmidas a subir e, neste processo, o ar esfriado provoca a condensação. Como resultado, as massas de ar descarregam a maioria de sua umidade (na forma de chuva, granizo ou neve) no lado mais quente da área. Este fenômeno produz a chamada sombra de chuva. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 52 Fonte: Fatores Bioclimáticos para o Desenho Urbano – Marta Romero No Brasil, este fenômeno acontece, por exemplo, na região nordestina, em função das cadeias montanhosas que se desenvolvem ao longo da costa. As brisas que sopram do mar são desviadas pelo acidente de relevo, criando a sotavento uma região árida: o sertão. Fonte: Google ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 53 • FATORES CLIMÁTICOS LOCAIS São aqueles fatores que condicionam, determinam e dão origem ao microclima isto é, ao clima que se verifica num ponto restrito (cidade, bairro. rua etc.), tais como a topografia, a vegetação e a superfície do solo natural ou construído. A forma da superfície terrestre afeta particularmente o micro clima. • Topografia É o resultado de processos geológicos e orgânicos. Segundo Lynch (1980), pode-se considerar que a variante mais importante da superfície seja a presença ou ausência de água: o conteúdo de umidade do solo, seu dreno e a posição do lençol freático. As regiões acidentadas possuem os microclimas mais variados,a orientação e sua declividade influenciam os aportes de radiação. Segundo Frota e Schiffer, a topografia também afeta a temperatura do ar, a nível local. Além da natural diferença de radiação solar recebida por vertentes de orientações distintas, um relevo acidentado pode se constituir em barreira aos ventos, modificando, muitas vezes, as condições de umidade e de temperatura do ar em relação à escala regional. A força, direção e conteúdo da umidade dos fluxos de ar estão muito influenciados pela topografia. Os fluxos de ar podem ser desviados ou canalizados pelas ondulações da superfície terrestre; por exemplo, quando uma massa de ar é descendente dificilmente ocorrerão precipitações, e devido a isto as características pluviométricas variam muito entre localidades situadas a barlavento ou sotavento das montanhas. Na topografia devem ser consideradas a declividade, a orientação, a exposição e a elevação das ondulações da superfície da terra. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 54 As pequenas mudanças de elevação e de orientação podem produzir variações significativas em lugares separados por pequenas distâncias. • Vegetação A vegetação auxilia na diminuição da temperatura do ar, absorve energia, favorece a manutenção do ciclo oxigênio-gás carbônico essencial à renovação do ar. Um espaço gramado pode absorver maior quantidade de radiação solar e, por sua vez, irradiar uma quantidade menor de calor que qualquer superfície construída, uma vez que grande parte da energia absorvida pelas folhas é utilizada para seu processo metabólico, enquanto em outros materiais toda a energia absorvida é transformada em calor. O processo de fotossíntese também auxilia na umidificação do ar através do vapor d’água que libera. A vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos microclimas. Em geral, a vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima sobre seus arredores imediatos, reduzindo os extremos ambientais. • Superfície do solo A análise da superfície do solo pode ser realizada a partir de seus dois aspectos mais importantes: o solo natural e o solo construído. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 55 A análise do primeiro aspecto revelará o potencial hídrico, as quantidades de areias e cascalhos para possíveis drenagem, filtrações, erosões e capacidade térmica, informações estas fundamentais para determinar os índices de reflexão ou absorção da superfície do solo. A natureza dos materiais superficiais é de primeira importância. Também é imprescindível conhecer o poder difusor de uma superfície, isto é, o albedo, que é a proporção entre a luz do sol recebida e refletida por uma superfície. O mar, os vales e os solos úmidos em geral tendem a equilibrar as temperaturas, enquanto a areia, a neve ou os pavimentos não atuam da mesma maneira, sendo quentes durante o dia e frios durante a noite. Da análise do aspecto do solo construído ou modificado por ação do homem destaca-se o processo de urbanização que ao substituir por construções e ruas pavimentadas a cobertura vegetal natural, altera o equilíbrio do microambiente. Isto produz distúrbios no ciclo térmico diário, devido às diferenças existentes entre a radiação solar recebida pelas superfícies construídas e a capacidade de armazenar calor dos matéria de construção. O tecido urbano absorve calor durante o dia e o reirradia durante a noite. A isto se deve acrescentar o calor produzido pelas máquinas e homens concentrados em pequenos espaços da superfície terrestre. Detwyler (1974) trata das alterações climáticas provocadas pela urbanização. Segundo ele, as alterações são três: 1. mudança da superfície física da terra, pela densa construção e pavimentação, fazendo com que a superfície fique impermeável, aumentando sua capacidade térmica e rugosidade e, ao mesmo tempo, alterando o movimento do ar; 2. aumento da capacidade armazenadora de calor com a diminuição do albedo; 3. emissão de contaminantes, que aumentam as precipitações e modificam a transparência da atmosfera. Segundo Romero, estas três alterações resultantes da urbanização, aliadas ao fluxo material de energia, produzem um balanço térmico especial nos centros urbanos, que é visível em muitas cidades: o domo urbano. Este domo contém uma circulação de ar típica, fazendo com que a cidade se pareça com uma ilha quente rodeada por um entorno mais frio. Daí o efeito ser conhecido como “ilhas de calor”. O ar aquecido no centro das massas construídas sobe, dando origem a correntes verticais que, aliadas à nebulosidade e maiores índices de condensação, favorecem a retenção de poluentes (forma-se uma espécie de teto). Os poluentes são carregados pelas correntes verticais e logo dispersos sobre o entorno, num processo contínuo que conforma dentro de uma calota ou domo um movimento circulatório de gases. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 56 Segundo Frota e Schiffer, tais ilhas de calor, basicamente, são geradas a partir das modificações impostas à drenagem do solo, notadamente pelo seu revestimento por superfície de concreto e asfalto. Além desse fator, as cidades também são produtoras de calor. Nelas se instalam grandes quantidades de equipamentos termoelétricos e de combustão para a produção de mercadorias e transportes de pessoas e cargas. Interferem, ainda, as verdadeiras massas de edificação que modificam o curso natural dos ventos, prejudicando a ventilação natural no interior do núcleo. Além disso, a poluição gerada em um meio urbano modifica as condições do ar quanto a sua composição química e odores. As condições para que ocorra precipitação em forma de chuva são favorecidas no núcleo urbano devido às partículas sólidas em suspensão no ar, que contribuem para a aglutinação das partículas de água que formarão a gota de chuva. • ELEMENTOS CLIMÁTICOS São aqueles que representam os valores relativos a cada tipo de clima, ou seja, a temperatura, a umidade do ar, as precipitações e os movimentos do ar. • Temperatura Segundo Lamberts, é a variável climática mais conhecida e de mais fácil medição. A variação da temperatura na superfície da Terra resulta basicamente dos fluxos das grandes massas de ar e da diferente recepção da radiação do sol de local para local. • Umidade do ar O vapor d’água contido no ar origina-se da evaporação natural da água, da evapotranspiração dos vegetais e de outros processos de menor importância. Como definição de umidade absoluta tem-se que é o peso do vapor de água contido em uma unidade de volume de ar (g/m3), e a umidade ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 57 relativa é a relação da umidade absoluta com a capacidade máxima do ar de reter vapor d’água, àquela temperatura. Isto equivale a dizer que a umidade relativa é uma porcentagem da umidade absoluta de saturação. A umidade relativa varia com a temperatura do ar, diminuindo com o aumento desta. Quando o ar contendo uma certa quantidade de água é esfriado, sua capacidade de reter água é reduzida, aumentando a umidade relativa até se tornar saturado — com umidade 100%. A temperatura na qual esse ar se satura é denominada temperatura do ponto de orvalho, qualquer esfriamento abaixo dessa temperatura causa condensação de vapor. Segundo Lamberts, a umidade resulta da evaporação da água contida nos mares, rios, lagos e na terra, bem como a evapotranspiração dos vegetais. Locais com alta umidade reduzem a transmissão da radiação solar, pela absorção e redistribuição na atmosfera. Porém, altasumidades relativas dificultam a perda de calor pela evaporação do suor aumentando o desconforto térmico. O ar a uma certa temperatura pode conter uma determinada quantidade de água (Maior temperatura= Maior quantidade de água e vice-versa). Como a umidade relativa é a razão entre o vapor de água existente no ar e quantidade de vapor que esse consegue armazenar, a medida que o ar esquenta e vai se tornando mais denso, sua capacidade de armazenamento aumenta, diminuindo, assim, sua umidade relativa. Segundo Romero, em função das estações, a umidade absoluta do ar (quantidade de vapor de água/volume) diminui, em geral, na estação fria e aumenta na estação quente. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 58 Ao contrário, a umidade relativa do ar diminui com o aumento de temperatura, visto que, para o ar quente, o ponto de saturação é mais alto, isto é, a tensão máxima de vapor é maior. Gomes (1980:17) mostra exemplos onde essa inversão do sentido de variação das umidades absoluta e relativa do ar é evidenciada: “a umidade (sic) absoluta no Saara é de 2 a 3 vezes superiores a do ártico; mas a umidade relativa é ali apenas de 20 a 30% contra os 75 a 90%, que é corrente constatar nas regiões árticas. A ausência de precipitações nos desertos não resulta assim de carência de umidade mas sim de ser reduzida a tensão de vapor de água existente relativamente à tensão máxima” Outro exemplo que se pode citar se refere a Brasília: nesta cidade, na época da seca, a umidade absoluta permanece mais ou menos constante para um mesmo dia, enquanto a umidade relativa varia muito (pode ir de 30% às 13 h até 90% às 5 h). Segundo Lamberts, a umidade pode ser modificada em escalas mais próximas a edificação na presença de água ou de vegetação. • Precipitações Segundo Frota e Schiffer, a condensação do vapor d’água, em forma de chuva, provém, em grande parte, de massas de ar úmido em ascensão, esfriadas rapidamente por contato com massas de ar mais frias. Segundo Romero, a evaporação das águas de superfície leva à formação de nuvens que redistribuem a água na forma de chuva ou outras precipitações; esta água flui através de córregos, rios e outros e volta para o oceano, completando o ciclo hidrológico. A restituição da água evaporada para a atmosfera à terra ocorre sob formas diversas, seja pelas condensações superficiais (orvalho, geada), seja pelas precipitações sob forma líquida (chuvas, ou mais ou menos sólidas, neve, granizo). As precipitações se dão a partir da condensação do vapor d’água na atmosfera, na forma de nuvens. A altura das superfícies oceânicas permanece quase que sem alteração de ano para ano. A evaporação dos mares, portanto, deve-se igualar à precipitação que sobre eles cai somada à vazão dos rios que neles deságuam. Ciclo hidrológico: ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 59 A porcentagem de precipitação que o solo retém é muito menor nos trópicos e nas latitudes médias durante o verão, pois a chuva evapora sem ter tido oportunidade de penetrar no solo. A evaporação aumenta rapidamente com a temperatura e a velocidade do vento, em especial à tarde quando a nebulosidade é intermitente e o sol brilha logo após a chuva. • Movimento do ar Segundo Frota e Schiffer, a nível do globo, o determinante principal das direções e características dos ventos é a distribuição sazonal das pressões atmosféricas. A variação das pressões atmosféricas pode ser explicada, entre outros fatores, pelo aquecimento e esfriamento das terras e mares, pelo gradiente de temperatura no globo e pelo movimento de rotação da Terra. Denomina-se pressão atmosférica a ação exercida pela massa de ar que existe sobre as superfícies. Segundo Romero, o movimento do ar é resultado das diferenças de pressão atmosférica verificadas pela influência direta da temperatura do ar, o qual se movimenta horizontal e verticalmente. O movimento horizontal é originário das diferenças térmicas num sentido global do planeta e num sentido local das diferenças de temperatura em terra firme: vale/montanha, cidade/campo. O deslocamento vertical se dá dentro da troposfera (camada inferior da atmosfera) em função do perfil de temperatura que se processa. O ar quente que sobe na faixa do equador caminha para os pólos, resfria- se e tende a descer. Segundo Comes (1980:5), “parte deste ar reflui, junto à superfície da terra, para o Equador; e tendo-se aquecido volta a subir”. Dos fatores locais que intervêm na formação do movimento do ar, o relevo do solo exerce um papel importante, uma vez que desvia, ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 60 altera, ou canaliza este movimento. O movimento do ar como qualquer outro corpo em movimento tem inércia uma vez em movimento tende a continuar na mesma direção até ser desviado por algum obstáculo. Segundo Villas Boas (1983:13), “a fricção produzida pelo ar em movimento, quando em contato com obstáculos, faz com que sua velocidade de deslocamento inicial seja reduzida, devido à perda de energia no atrito, e seu modelo de circulação seja alterado. E o--que acontece com o fluxo de ar, ou vento que, nas camadas mais baixas da atmosfera, tem sua velocidade reduzida devido ao atrito com o solo. Neste caso, quanto mais rugoso é o solo maior o atrito e menor a velocidade do ar próxima à superfície”. Como diz Koenigsberger (1977), se a superfície do solo é irregular, o aumento de velocidade com a altura é muito maior do que se esta fosse constituída por uma superfície contínua e lisa. Estes fenômenos se verificam num espaço chamado camada limite da atmosfera. Tem-se então que a altura da camada-limite aumenta com o incremento da rugosidade do solo e as velocidades do ar aumentam com a altitude, até a camada-limite, a partir da qual permanecem mais ou menos constantes. Segundo Koenigsberger (1977), a altura da camada-limite da atmosfera varia de 100 a 274 m em campo aberto, de 100 a 396 m na periferia e de 100 a 518 m no centro urbano (1977:53). ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 61 • CLASSIFICAÇÃO DOS CLIMAS Os elementos e fatores estudados atuam em conjunto, sendo que cada um deles é o resultado da conjugação dos demais; por este motivo, uma classificação geral ou uma tipificação não é tarefa fácil nem é facilmente aceita pelos diversos autores que tratam da compreensão do clima. Segundo Frota e Schiffer, as distinções entre os tipos de climas poderiam ser tão diversificadas quanto as combinações entre os vários elementos climáticos. Dentre os vários sistemas de classificação de climas, os mais difundidos são os de Koppen, Atkinsons, Thornthwaite, Mahoney, entre outros. Para efeito da arquitetura, os dados climáticos mais significativos são os relativos às variações, diárias e anuais, da temperatura do ar e os índices médios de umidade relativa e precipitações atmosféricas e, quando disponível, a quantidade de radiação solar. Algumas classificações trazidas do livro “Fatores Bioclimáticos para o Desenho Urbano” – Marta Romero: Romero, em seu livro, adotou a classificação realizada por Ferreira (1965) de três tipos principais de climas em função da construção encontrados na região tropical: o clima quente-seco, o clima quente-úmido e o clima mais ameno dos planaltos. As características principais destes três tipos de clima são apresentadas na tabela a seguir. ARQUITETURA PARA CONCURSOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Moema Machado – Aula 09 (parte 1) Profa. Moema Machado www.estrategiaconcursos.com.br 62
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