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Propeduticanoidoso TERAPIA DO IDOSO-Sanarflix 522ec5398d6d4e82bf39

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SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Abordagem do paciente ......................................... 5
3. Anamnese do paciente idoso ............................... 8
4. Exame físico do paciente idoso – 
Ectoscopia, sinais vitais e pele .................................13
5. Exame físico do paciente idoso – Cabeça 
e pescoço .........................................................................15
6. Exame físico do paciente idoso – Tórax .........21
7. Exame físico do paciente idoso – Abdome, 
exame proctológico e urológico...............................26
8. Exame físico do paciente idoso – Membros 
superiores, coluna e membros inferiores .............31
9. Exame físico do paciente idoso - Exame 
neurológico ......................................................................34
Referências Bibliográficas ........................................42
3PROPEDÊUTICA DO IDOSO
1. INTRODUÇÃO
A avaliação dos adultos mais velhos 
tem várias características únicas em 
comparação com o formato habitual 
da história e exame físico. Ela exige 
técnicas de entrevista aprimoradas, 
especial ênfase em determinados te-
mas e foco na avaliação funcional. 
Frequentemente encontramos em 
idosos manifestações atípicas de 
doenças comuns: no infarto agudo 
do miocárdio, por exemplo, o pacien-
te pode se apresentar com fraqueza, 
dispneia, síncope e vômitos e não ter 
dor torácica. Tal fato pode tornar difícil 
o reconhecimento destas condições. 
Torna-se, por esta razão, de suma 
importância conhecer como o orga-
nismo idoso pode influenciar nas ma-
nifestações clínicas, bem como quais 
são as manifestações mais comuns 
das condições mais frequentes nos 
idosos. Não menos importante é o 
conhecimento das particularidades 
terapêuticas nos idosos. 
O cuidado com o paciente idoso é in-
fluenciado por diversas condições; a 
multimorbidade, ou seja, a coexis-
tência de múltiplas condições crôni-
cas ou agudas em uma pessoa, im-
plica na potencialização de agravos 
à saúde; é também um grande fator 
de risco para a polifarmácia, isto é, 
a utilização concomitante de mais 
de três medicamentos de uso diário. 
A polifarmácia leva a um grande ris-
co de efeitos colaterais e interações 
medicamentosas indesejáveis. Aten-
ção a estes fenômenos e um bom 
conhecimento de aspectos funda-
mentais da farmacologia do idoso 
(farmacocinética e farmacodinâmica) 
são muito importantes.
Algumas das condições comuns em 
idosos são:
• Demência: síndrome caracteriza-
da por disfunções permanentes 
em vários domínios da função cog-
nitiva, como memória, habilidade 
visuo-espacial, linguagem e cog-
nição. A incidência e a prevalência 
de síndromes demenciais apre-
sentam correlação positiva com a 
idade; as mais comuns são a do-
ença de Alzheimer e as demências 
vasculares.
• Delirium: comumente chamado 
de estado confusional agudo, é 
particularmente comum em ido-
sos; trata-se de uma síndrome 
orgânica aguda com redução no 
nível de consciência e na percep-
ção de estímulos ambientais, com 
variáveis déficits cognitivos. Seu 
reconhecimento se constitui geral-
mente em um desafio para o médi-
co, uma vez que sua apresentação 
clínica é muito variável. Como en-
volve sofrimento para o paciente e 
sua família, além de ocultar causas 
potencialmente graves, o reconhe-
cimento do delirium e a interven-
ção apropriada são fundamentais.
4PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Depressão: doença extremamente 
incapacitante, independentemen-
te de faixa etária. Seu reconheci-
mento pode ser difícil em idosos 
dadas as apresentações clínicas 
particulares da depressão nestas 
pessoas. Sua prevalência em pa-
cientes idosos varia de acordo com 
os critérios de estudo, mas tem 
sido reconhecido que algum grau 
de depressão é comum em idosos 
provenientes da comunidade, pre-
valência esta que varia de acordo 
com o local de pesquisa, chegando 
a uma prevalência de 40% em ido-
sos internados.
• Instabilidade e quedas: em ido-
sos, podem constituir marcadores 
de perda de função ou saúde ruim, 
necessitando frequentemente de 
avaliação cuidadosa. Além disso, 
as quedas em si podem levar a 
consequências físicas e psicológi-
cas importantes. Diversas estra-
tégias têm sido descritas e avalia-
das para sua prevenção, tornando 
importante a atenção do médico e 
dos demais profissionais para esta 
importante síndrome geriátrica.
• Incontinência urinária: perda in-
voluntária de urina, levando a um 
problema higiênico e social ao qual 
os idosos são especialmente vul-
neráveis. Suas consequências de-
vem ser consideradas dos pontos 
de vista clínico e psicossocial, dado 
o impacto no relacionamento social 
e sexual e nas atividades externas 
ao lar, constituindo, inclusive, fator 
de risco para depressão.
SAIBA MAIS! 
Os idosos são vítimas em número significativo de síndromes semelhantes, independente-
mente de doenças específicas, denominadas gigantes da geriatria. Descritas inicialmente por 
Isaacs, as grandes síndromes geriátricas não incluíam a incapacidade comunicativa e a in-
suficiência familiar. A sua inclusão deve ser contemplada, pois são síndromes frequentes e 
que atuam diretamente na saúde do idoso, totalizando os 7 “Is” da Geriatria: Incapacidade 
cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incontinência esfincteriana, incapacidade comu-
nicativa, iatrogenia, insuficiência familiar .
SE LIGA! O exame clínico é o único método que pos-
sibilita uma avaliação global do paciente idoso. Sua 
estrutura geral e as técnicas básicas são as mesmas 
usadas para qualquer paciente, mas é necessário le-
var em conta as modificações anatômicas e funcionais 
que acompanham o processo de envelhecimento a fim 
de se realizar um exame clínico adequado e interpretar 
corretamente os dados obtidos.
5PROPEDÊUTICA DO IDOSO
2. ABORDAGEM DO 
PACIENTE
Ao entrevistar adultos mais velhos, é 
preciso modificar a abordagem usual 
para fazer a anamnese. Como em to-
dos os pacientes, o profissional deve 
transmitir respeito, paciência e cons-
cientização cultural. É importante 
chamar o paciente pelo nome.
Em primeiro lugar, é importante adap-
tar o ambiente do consultório, hos-
pital ou casa de repouso para deixar 
o paciente à vontade. É importante 
lembrar as alterações fisiológicas na 
regulação da temperatura e garantir 
que o local não esteja frio demais nem 
quente demais. Uma boa iluminação 
ajuda a compensar as alterações nas 
proteínas dos cristalinos e possibilita 
que o adulto mais velho veja mais cla-
ramente os gestos e as expressões 
faciais do profissional de saúde. É im-
portante olhar o paciente de frente e 
com os olhos na mesma altura.
Mais de 50% dos adultos mais velhos 
têm déficits auditivos, especialmente 
para os tons de frequência mais ele-
vada, portanto, escolha uma sala si-
lenciosa sem distrações ou ruído. O 
profissional deve falar baixo e pausa-
damente e verificar se o paciente está 
usando seus óculos, próteses auditi-
vas e próteses dentárias para promo-
ver a boa comunicação. 
No atendimento de um idoso (seja no 
consultório, no hospital, no pronto-
-socorro, no asilo ou no domicílio), é 
MAPA MENTAL: PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Propedêutica 
do idoso
Manifestações 
atípicas de doenças
Particularidades terapêuticas
Multimorbidade
Polifarmácia
Condições comuns
Demência
Delirium
Depressão
Instabilidade e quedas
Incontinência urinária
6PROPEDÊUTICA DO IDOSO
frequente a presença de um ou mais 
acompanhantes, e o médico deve 
estar preparado para ouvi-los, levar 
em conta as suas informações, e, se 
for o caso, discutir com eles o prog-
nóstico e as decisões diagnósticas ou 
terapêuticas, porém sem alijar o idoso 
dessa relação, por mais frágil e inca-
pacitado que ele seja.
A presença de muitos acompanhantes 
certamente diminuirá o tempo de que 
o médico dispõe para conversar com 
o paciente, mas, nos casos de pacien-
tes com deficiência cognitiva ou sen-
sorial, eles podem ser fontes valiosas 
de informações e estímulo à adesão 
ao plano terapêutico. Entretanto,em 
alguns casos, o acompanhante pode 
querer tomar o lugar do paciente du-
rante a entrevista, respondendo por 
ele todas as perguntas. Cabe ao mé-
dico, então, intervir para garantir os 
direitos do paciente no que se refere 
ao relato de seus padecimentos e sua 
privacidade e autonomia. 
Não raro ocorrem divergências entre 
os acompanhantes durante a consul-
ta, podendo o médico ter de contor-
ná-las e buscar o consenso. Por fim, 
convém ressaltar que a presença de 
qualquer acompanhante deve ser au-
torizada pelo paciente quando for ca-
paz de tomar essa decisão ou por seu 
responsável legal quando não for.
SE LIGA! Nas consultas podemos ter 
familiares, cuidadores e outros tipos de 
acompanhantes. Os cuidadores são as 
pessoas que assistem o idoso em suas 
atividades da vida diária e podem ser 
especialmente contratados para essa fi-
nalidade, sendo então chamados de cui-
dadores formais.
A anamnese de adultos mais velhos 
demanda sagacidade do profissional 
de saúde: eles podem subnotificar, de 
modo consciente ou inconsciente, seus 
sinais e sintomas; o quadro das doenças 
agudas pode ser diferente dos pacien-
tes mais jovens; sinais e sintomas co-
muns podem mascarar uma síndrome 
geriátrica ou os pacientes podem apre-
sentar comprometimento cognitivo.
Algumas particularidades estão pre-
sentes no idoso:
• Subnotificação: os pacientes mais 
velhos tendem a dar avaliações 
mais positivas para sua saúde ge-
ral do que os adultos mais jovens, 
mesmo quando afetados por do-
ença e incapacidade. Alguns re-
lutam em relatar seus sintomas. 
Alguns sentem medo ou emba-
raço, enquanto outros tendem a 
evitar despesas com exames ou 
o desconforto associado ao diag-
nóstico e ao tratamento. Outros 
menosprezam seus sinais e sin-
tomas, atribuindo-os ao envelhe-
cimento ou simplesmente esque-
cendo-os. Para minimizar o atraso 
no diagnóstico e no tratamento, é 
7PROPEDÊUTICA DO IDOSO
importante fazer perguntas diretas, 
usar ferramentas de rastreamento 
geriátrico bem-validadas e consul-
tar com os familiares e cuidadores.
• Apresentações atípicas das do-
enças: as doenças agudas se ma-
nifestam de modo diferente nos 
idosos. É menos provável que 
adultos mais velhos com proces-
sos infecciosos apresentem febre. 
Pacientes idosos com infarto agu-
do do miocárdio têm menos pro-
babilidade de relatar dor no peito; 
sintomas atípicos ou nenhuma dor 
no peito, falta de ar, palpitações, 
síncope e confu-
são são mais co-
muns. Pacientes 
idosos com hi-
pertireoidismo e 
hipotireoidismo 
têm menos sinais 
e sintomas. 
• Síndromes ge-
riátricas: o tra-
tamento de um 
número crescente 
de condições in-
ter-relacionadas 
demanda o reco-
nhecimento dos 
grupos de sinais 
e sintomas das 
diferentes síndro-
mes geriátricas. 
Uma síndrome 
geriátrica é “uma 
condição multifatorial que envolve 
a interação de estressores em situ-
ações específicas que podem ser 
identificados e fatores de risco re-
lacionados com a idade subjacen-
tes, resultando em danos em múl-
tiplos sistemas de órgãos”. Essas 
síndromes são fortemente ligadas 
a declínio funcional. Os exemplos 
incluem tontura, bem como com-
prometimento funcional, fragili-
dade, delirium, depressão, com-
prometimento cognitivo, quedas e 
incontinência urinária.
Fatores de risco compartilhados
Aumento da idade
Comprometimento cognitivo
Comprometimento funcional
Comprometimento da mobilidade
FRAGILIDADE
Síndromes geriátricas
Incontinência
Quedas
Úlceras de decúbito
Delirium
Declínio funcional
Desfechos ruins
Dependência 
Incapacidade
Institucionalização
Morte
Figura 1. Síndromes geriátricas. Fonte: Bates, propedêutica médica, 12 ed, 
2018
8PROPEDÊUTICA DO IDOSO
SAIBA MAIS! 
Como tornar efetiva a comunicação com os adultos mais velhos?
• O ambiente deve ser bem iluminado e moderadamente aquecido com um mínimo de ruído 
de fundo, cadeiras com apoio para os braços e acesso seguro à mesa de exame;
• Fique de frente para o paciente e fale de modo pausado e baixo; verifique se o paciente 
está usando óculos, próteses auditivas e próteses dentárias, se ele precisar;
• Ajuste o ritmo e o conteúdo da entrevista ao vigor do paciente; pense em fracionar a ava-
liação inicial em duas consultas;
• Dê tempo ao paciente para responder perguntas abertas e fazer reminiscências; inclua 
os familiares e os cuidadores quando for indicado, sobretudo se o paciente apresentar 
comprometimento cognitivo;
• Faça uso de ferramentas de rastreamento, do prontuário do paciente e dos relatos dos 
outros profissionais de saúde;
• Avalie cuidadosamente as manifestações clínicas, sobretudo fadiga, perda de apetite, 
tontura, perda ponderal e dor, à procura de indícios de distúrbios subjacentes e síndromes 
geriátricas. Dê instruções escritas em letras de forma grandes para facilitar a leitura;
• Sempre dê ao paciente uma receita atualizada que inclua o nome do medicamento, a do-
sagem, as instruções de uso e o motivo da prescrição do fármaco.
MAPA MENTAL: ABORDAGEM DO PACIENTE
Adaptar ambiente
Adaptar temperatura
Boa iluminação
Ambiente silencioso
Olhar paciente de frente e na mesma altura
Falar baixo e pausadamente verificando 
se o paciente está entendendo
Presença de acompanhante
Ouvir acompanhante e incluir na discussão
Não alijar idoso da relação
Garantir ao idoso privacidade e autonomia
Particularidades
Subnotificação
Apresentações atípicas das doenças
Síndromes geriátricas
Comprometimento cognitivo
3. ANAMNESE DO 
PACIENTE IDOSO
A anamnese é, e sempre será, a base 
para se cuidar de um paciente. No 
caso dos idosos, não é diferente.
SE LIGA! O principal fator que faz o pa-
ciente seguir as recomendações – fazer 
exercícios físicos, modificar hábitos ali-
mentares – e as prescrições é a boa re-
lação médico-paciente. Quando se con-
segue despertar confiança no paciente, 
inicia-se o que se chama de aliança te-
rapêutica, indispensável para prestar o 
cuidado adequado aos pacientes idosos.
As particularidades mais comuns da 
anamnese do paciente idoso são:
9PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• O paciente informa pouco sobre 
sua doença, seja porque a aceita 
como inevitável, seja por consi-
derar seus sintomas uma conse-
quência natural do processo de 
envelhecimento;
• O paciente fica intimidado pela 
pressa manifestada pelo médico;
• O paciente esconde os sintomas 
ou nega a doença por não querer 
fazer exames ou ser internado, ou 
até por receio de ter gastos;
• O processo de envelhecimento 
pode alterar as manifestações clíni-
cas de muitas doenças, por exem-
plo: diminuição do limiar da dor nos 
casos de infarto do miocárdio, ab-
dome agudo e fratura óssea;
• Em indivíduos muito idosos ou 
frágeis, várias doenças podem 
manifestar-se de maneira atípica, 
inclusive em condições agudas 
que demandem atendimento de 
urgência. Os tipos mais comuns 
de apresentações atípicas são o 
delirium (confusão mental aguda), 
as quedas e a perda funcional. As 
doenças que mais se manifes-
tam de maneira atípica são as in-
fecções (pneumonias, infecções 
urinárias), os efeitos adversos de 
medicamentos (principalmente 
psicotrópicos) e as doenças car-
diovasculares (insuficiência cardía-
ca, infarto agudo do miocárdio);
• Múltiplas doenças – o que é fre-
quente em idosos – interagem 
entre si, tornando mais complexa 
a elaboração da história clínica, 
mascarando sintomas e dificultan-
do o raciocínio diagnóstico. Ter co-
nhecimento das doenças preexis-
tentes facilita a compreensão das 
manifestações clínicas, que podem 
ser atípicas quando ocorrem com-
plicações ou novas afecções;
• Nunca deixar de tomar conheci-
mento dos medicamentos em uso 
pelo paciente, inclusive os usados 
por conta própria (automedicação 
é muito comum em idosos). Tan-
to podem interferir nas manifes-
tações clínicas como ser respon-
sáveis principais pelos sintomas 
relatados pelo paciente. Faça um 
inventário rigoroso e, se possível, 
verifique pessoalmente as emba-
lagens dos medicamentos, ano-
tando as doses e os horários em 
que são usados. O inventário me-
dicamentoso tambémé chamado 
de “teste da sacola de remédios”. 
10PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Figura 2. Teste da sacola de remédios. Fonte: Bates, 
propedêutica médica, 12 ed, 2018
A anamnese deve ser realizada pes-
quisando todos os sistemas orgânicos 
como no adulto jovem. Enfatizam-se, 
porém, os seguintes aspectos:
• Deficiência de memória imediata, 
recente e remota;
• Deficiência auditiva;
• Deficiência visual;
• Transtornos do comportamento, 
como agressividade, irritabilida-
de, desinibição, atitude sexual ou 
social inapropriada, deambulação 
compulsiva, apatia, isolamento;
• Alterações da marcha e necessi-
dade de uso de dispositivos auxi-
liares como bengala e andador;
• Alterações da mobilidade, flexibi-
lidade e força muscular em mem-
bros e tronco;
• Tontura, vertigem e síncope;
• Episódios de quedas, avaliando o 
número e as situações facilitado-
ras ou desencadeadoras;
• Traumatismos;
• Alterações do nível de consciência;
• Afecções da cavidade oral, estado 
de conservação dos dentes, alte-
rações de gengivas e mucosas, 
presença e adaptação de próteses, 
ferimentos, tumores, úlceras, dor e 
dificuldade ao mastigar;
• Distúrbios alimentares;
• Necessidade de dietas especiais;
• Perda ou ganho de peso;
• Modificações no padrão do sono: 
sonolência diurna; insônia ini-
cial, intermediária ou final; agita-
ção noturna; terror noturno; pe-
rambulação noturna; apneia do 
sono; pernas irrequietas; sono não 
restaurador;
Solicitar no agendamento da consulta que o 
paciente ou o acompanhante traga uma sacola com 
todos os medicamentos em uso pelo paciente
Mostrar cada medicamento e perguntar a posologia, 
há quanto tempo usa e para que foi indicado
Perguntar sobre outros medicamentos utilizados 
recentemente (último mês) e sobre a suspensão ou 
mudança de dosagem de algum medicamento
Perguntar sobre o uso de medicação injetável, 
tópica ou aerossóis, de remédios naturais, 
fitoterápicos, vitaminas e sobre a automedicação
Insistir sobre o uso de: analgésicos, anti-
inflamatórios, sedativos e hipnóticos, 
antivertiginosos, antigripais e antialérgicos
Perguntar sobre a relação entre a introdução, 
aumento ou redução de dose e suspensão de algum 
medicamento com:
• Declínio funcional
• Confusão mental
• Quedas 
• Incontinência
11PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Fadiga crônica;
• Disfunções sexuais;
• Incontinência urinária;
• Incontinência fecal;
• Sintomas depressivos;
• Sintomas de ansiedade;
• Úlceras de pressão (escaras).
HORA DA REVISÃO!
A avaliação funcional do idoso avalia os 
seguintes parâmetros:
• Força muscular;
• Função cognitiva;
• Condições emocionais;
• Disponibilidade e adequação de su-
porte familiar e social;
• Condições ambientais;
• Capacidade para executar as ativi-
dades da vida diária;
• Capacidade para executar as ativi-
dades instrumentais da vida diária.
Os objetivos da avaliação funcional são:
• Melhorar a precisão diagnóstica;
• Determinar o grau e a extensão da 
incapacidade (motora, mental e 
cognitiva);
• Servir de guia para a escolha de me-
didas que visam restaurar e preservar 
a saúde (farmacoterapia, fisioterapia, 
terapia ocupacional, psicoterapia);
• Identificar fatores que predispõem 
à iatrogenia e estabelecer medidas 
para sua prevenção;
• Estabelecer critérios para a indicação 
de internação e institucionalização.
É importante ressaltar que não se pode 
separar a avaliação funcional do idoso de 
uma cuidadosa avaliação clínica. Tudo 
começa pela anamnese, sendo que mui-
tas vezes um cuidador ou familiar deve 
ser solicitado a fornecer informações ou 
completar as do paciente.
12PROPEDÊUTICA DO IDOSO
MAPA MENTAL: ANAMNESE DO PACIENTE IDOSO
ANAMNESE
Pesquisar todos os sistemas 
orgânicos como no jovem
Enfatizar Deficiência de memória, auditiva ou visual
Alterações da mobilidade, flexibilidade e força muscular
Alterações do nível de consciência
Modificações no padrão do sono
Incontinência urinária e fecal
Transtornos do comportamento
Tontura, vertigem e síncope
Afecções da cavidade oral
Fadiga crônica
Sintomas depressivos ou de ansiedade
Alterações da marcha e necessidade de dispositivos auxiliares
Episódios de queda e traumatismos
Distúrbios alimentares e necessidade de dietas especiais
Disfunções sexuais
Úlceras de pressão
Perda ou ganho de peso
13PROPEDÊUTICA DO IDOSO
4. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO – 
ECTOSCOPIA, SINAIS 
VITAIS E PELE
Ectoscopia
Como o paciente entra na sala, como 
ele caminha até a cadeira? Como ele 
andou até a mesa de exame? Existem 
alterações da postura ou movimentos 
involuntários? Observe a higiene e o 
vestuário do paciente. Avalie o esta-
do de saúde aparente, o grau de vi-
talidade, o humor e o afeto. Durante 
a conversa com o paciente, decida se 
é necessário rastreamento de altera-
ções cognitivas.
NA PRÁTICA! Desnutrição, desempe-
nho do motor alentecido, perda de mas-
sa muscular ou fraqueza sugerem fragi-
lidade. Cifose ou marcha anormal podem 
prejudicar o equilíbrio e aumentar o risco 
de quedas. Afeto empobrecido ou apá-
tico ocorre na depressão, na doença de 
Parkinson, e na doença de Alzheimer.
Sinais vitais
Afira a pressão arterial segundo as 
técnicas recomendadas, verificando 
se a pressão arterial sistólica (PAS) 
está aumentada e se há alargamento 
da pressão diferencial, definida como 
a PAS menos a pressão arterial dias-
tólica (PAD). Com o envelhecimento, a 
PAS e a resistência vascular periférica 
aumentam, enquanto a PAD diminui. 
Avalie se o paciente apresenta hi-
potensão ortostática, definida como 
queda da PAS ≥ 20 mmHg ou PAD ≥ 
10 mmHg nos 3 minutos seguintes à 
adoção da posição ortostática. Afira a 
pressão arterial e a frequência cardía-
ca em duas posições: decúbito dorsal 
depois de o paciente repousar por até 
10 min e 3 min após levantar.
SE LIGA! A hipotensão ortostática ocor-
re em 20% dos adultos mais velhos e 
em até 50% dos residentes frágeis de 
asilos, especialmente quando eles le-
vantam do leito pela manhã. Os sinais 
e sintomas incluem sensação de des-
maio, fraqueza muscular, instabilidade, 
borramento visual e, em 20 a 30% dos 
pacientes, síncope. As causas incluem 
medicamentos, transtornos autônomos, 
diabetes melito, repouso prolongado no 
leito, depleção de volume, amiloidose e 
distúrbios cardiovasculares.
Afira a frequência cardíaca, a frequ-
ência respiratória e a temperatura 
corporal. A frequência cardíaca api-
cal muitas vezes possibilita melhor 
detecção de arritmias em pacientes 
mais velhos do que o pulso radial. 
Use termômetros acurados para tem-
peraturas mais baixas. A hipotermia é 
mais comum em pacientes mais ve-
lhos. Verifique a saturação de oxigê-
nio por meio de oxímetro de pulso. 
O peso corporal e a altura são espe-
cialmente importantes nos idosos e 
são dados necessários para o cálculo 
do índice de massa corporal (IMC). O 
peso também é uma medida clínica 
14PROPEDÊUTICA DO IDOSO
para os pacientes com insuficiência 
cardíaca e doença renal crônica. O 
peso corporal deve ser verificado em 
cada consulta, de preferência sem 
calçados.
SE LIGA! O baixo peso é um indica-
dor crucial de desnutrição, ocorrendo 
na depressão, no alcoolismo, no com-
prometimento cognitivo, nos processos 
malignos, na falência orgânica crônica 
(cardíaca, renal, pulmonar), no uso de 
medicamentos, no isolamento social, no 
edentulismo e na pobreza. Aumento di-
ário rápido do peso corporal ocorre na 
sobrecarga hídrica.
Pele
Observe alterações fisiológicas do 
envelhecimento, tais como adelgaça-
mento, perda de tecido elástico e do 
turgor e enrugamento. A pele pode 
estar ressecada, descamativa, espes-
sada e, com frequência, pruriginosa 
(asteatose), com um padrão reticu-
lado de fissuras rasas que criam um 
mosaico de pequenos polígonos, es-
pecialmente nos membros inferiores.
Devem-se procurar alterações he-
terogêneas da coloração da pele. É 
importante examinar as faces exten-
soras das mãos e dos antebraços à 
procura de lesões despigmentadas 
brancas (pseudocicatrizes) e de má-
culas ou manchas violáceasintensas 
(púrpura actínica), que desaparecem 
após algumas semanas.
Figura 3. Púrpura actínica no antebraço. Fonte: Bates, 
propedêutica médica, 12 ed, 2018
Verifique se há alterações secundá-
rias à exposição ao sol; áreas da pele 
com aspecto ressecado, espessadas, 
amareladas e profundamente sulca-
das; podem existir lêntigos actínicos 
ou “manchas senis”, e queratoses ac-
tínicas, pápulas achatadas superfi-
ciais coberta por escamas secas.
Inspecione à procura de lesões benig-
nas do envelhecimento, a saber: co-
medões abertos nas regiões malares 
ou em torno dos olhos; hemangiomas 
ou angiomas rubi, que frequentemen-
te surgem no adulto jovem; e quera-
toses seborreicas, lesões amareladas 
elevadas que são oleosas à palpação 
e aveludadas ou verrucosas.
NA PRÁTICA! Diferencie essas lesões 
de um carcinoma basocelular, um nó-
dulo translúcido que se espalha e forma 
um centro deprimido com borda elevada 
firme, e de um carcinoma espinocelular, 
uma lesão de consistência firme aver-
melhada que surge frequentemente em 
uma área exposta ao sol. Uma lesão es-
cura, assimétrica e elevada com bordas 
irregulares pode ser um melanoma. 
15PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Procure vesículas dolorosas na dis-
tribuição de dermátomos. Lesões ve-
siculares que se distribuem segundo 
dermátomos levantam a suspeita de 
herpes-zóster consequente a reati-
vação do vírus varicela-zóster latente 
nos gânglios da raiz dorsal. 
No caso de pacientes mais velhos e 
acamados, especialmente aqueles 
emaciados ou com comprometimento 
neurológico, inspecione a pele à pro-
cura de lesões ou ulceração no sacro e 
na área perianal, na região lombar, nos 
tornozelos e nos cotovelos, onde as úl-
ceras de pressão comumente ocorrem.
MAPA MENTAL: ECTOSCOPIA, SINAIS VITAIS E PELE
Ectoscopia Sinais vitais Pele
Estado de saúde aparente
Grau de vitalidade
Humor e afeto
Alterações cognitivas
↑ PAS e ↓ PAD
Pesquisar hipotensão 
ortostática
Aferir FC, FR e 
temperatura
Medir peso e altura
Pesquisar alterações 
heterogêneas da 
coloração da pele
Pesquisar alterações 
secundárias à 
exposição ao sol
Pesquisar lesões benignas 
do envelhecimento e 
diferenciar de câncer de pele
Pesquisar lesões e 
ulcerações em sacro, 
região perianal, lombar, 
tornozelos e cotovelos
5. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO – 
CABEÇA E PESCOÇO
Cabeça
Os distúrbios da face podem envol-
ver a face como um todo ou apenas 
parte dela. Se uma anormalidade não 
é visível, olhe cuidadosamente para 
toda a face.
O exame cuidadoso dos olhos faz 
parte do exame físico do paciente 
idoso e consiste na avaliação da acui-
dade visual, dos campos visuais, dos 
movimentos oculares e das estrutu-
ras externas e internas do olho.
À inspeção, deve-se atentar para o 
exame das pálpebras, da conjuntiva, 
da esclerótica, da córnea, das pupilas 
e da íris.
16PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Pálpebras:
• Ptose palpebral: pode ser uni ou 
bilateral. As causas mais frequen-
tes nessa faixa etária são a ptose 
senil e a secundária à paralisia do 
terceiro par craniano.
• Xantelasma: pode ser indicativo 
de hiperlipidemia, embora a maior 
parte dos pacientes com esse pro-
blema não apresente o xantelasma;
• Ectrópio: eversão palpebral;
• Entrópio: inversão palpebral.
Conjuntiva:
• Icterícia: é mais bem visualizada 
nas escleróticas e no palato. Nos 
indivíduos negros, a esclerótica pode 
ter cor ligeiramente amarelada, não 
apresentando significado patológico;
• Anemia: o achado físico mais ca-
racterístico de anemia é a palidez 
cutaneomucosa. Embora a palidez 
seja demonstrável em todas as áre-
as expostas do corpo, a conjuntiva, 
as palmas das mãos, a mucosa oral 
e os leitos ungueais são, em geral, 
as áreas mais representativas.
Córnea:
• Arco senil: consiste em um anel 
esbranquiçado no perímetro da 
córnea, sendo um achado comum 
no envelhecimento normal, sem 
significado patológico
Figura 4. Arco senil. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_senil 
17PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Pupilas: a pupila do idoso é carac-
teristicamente menor, sendo fre-
quentemente observadas peque-
nas diferenças de tamanho entre 
as duas. O tempo de relaxamento 
e acomodação aumenta progressi-
vamente com o passar dos anos; 
todavia, a reação pupilar à luz é 
preservada nos idosos. 
• Síndrome de Horner: na paralisia 
do simpático cervical, ocorre mio-
se no lado afetado, podendo asso-
ciar-se a ptose e enoftalmia.
Íris:
• Prolapso da íris: secundário à com-
plicação de cirurgia de catarata, 
ainda pode ser ocasionalmente 
encontrado em idosos.
• Movimentação ocular: aproxima-
damente um terço dos idosos apre-
senta anormalidades do desvio 
conjugado do olhar para cima, na 
ausência de doença neurológica.
• Fundo de olho: o papiledema é inco-
mum em lesões expansivas intrace-
rebrais no idoso. Sua detecção nesta 
faixa etária normalmente é prejudi-
cada pela coexistência de catarata 
e dilatação inadequada das pupi-
las. Logo, sua ausência não exclui o 
diagnóstico de lesão intracraniana.
O exame cuidadoso da cavidade 
oral, que constitui parte obrigatória do 
exame do paciente idoso, é um método 
simples e eficaz para detectar tanto en-
fermidades benignas quanto malignas.
Ao examinar a cavidade oral, deve-
-se iniciar pelos lábios, pedindo que 
o paciente retire as próteses dentá-
rias. Avalia-se, então, a mucosa da 
cavidade oral, a gengiva, os dentes, a 
língua, o vestíbulo e os palatos mole 
e duro. É preciso observar a colora-
ção da mucosa, sua pigmentação, a 
presença de ulcerações, de gengivite 
ou de outras lesões da gengiva, bem 
como o estado dos dentes.
A cianose generalizada ou universal, 
observada nos lábios, ocorre princi-
palmente nas doenças pulmonares 
e cardíacas. É aconselhável procurar 
sempre por evidências sugestivas de 
malignidade, como úlceras que não 
cicatrizam, eritroplasia e lesões que 
sangram facilmente. 
NA PRÁTICA! O carcinoma de células 
escamosas é a neoplasia mais frequen-
te da cavidade oral e se localiza, prefe-
rencialmente, na superfície lateral e dor-
sal da língua, no assoalho da boca e no 
palato.
Figura 5. Carcinoma de células escamosas na 
cavidade oral. Fonte: https://www.msdmanuals.
com/
18PROPEDÊUTICA DO IDOSO
As lesões benignas mais comumen-
te encontradas são:
• Úlceras bucais traumáticas secun-
dárias a dentaduras, dentes fratu-
rados e/ou restaurações.
• Aftas (cada vez menos prevalen-
tes após os 50 anos de idade).
• Veias varicosas na parte ventral da 
língua (sem significado patológico).
• Estomatite induzida por dentadu-
ras (alterações inflamatórias locali-
zadas sob as dentaduras).
• Estomatite angular.
• Cáries dentárias e/ou doença pe-
riodontal nos que mantiveram os 
dentes naturais.
As placas brancas encontradas nas 
gengivas e na mucosa jugal podem 
ser secundárias ao líquen plano, à leu-
coplasia e/ou à candidíase. Se pude-
rem ser removidas por uma espátula, 
sugere candidíase; caso contrário, o 
paciente deve ser encaminhado a um 
especialista, já que pode se tratar de 
lesões pré-malignas.
Na língua deve-se procurar por glos-
site e atrofia da mucosa, que podem 
sugerir deficiência vitamínica e ane-
mia. O exame da língua é importan-
te na detecção de várias doenças 
neurológicas.
HORA DA REVISÃO!
Os nervos cranianos IX (glossofaríngeo), 
X (vago) e XII (hipoglosso) são avaliados 
na cavidade oral. Os nervos cranianos 
IX e X são testados em conjunto, obser-
vando-se o movimento do palato e o re-
flexo do vômito quando a espátula toca 
o terço posterior da língua, o palato mole 
e/ou a parede posterior da faringe. O IX 
par craniano também é responsável pela 
sensação gustativa no terço posterior da 
língua, enquanto a sensação gustativa 
dos 2 terços anteriores é feita pelo nervo 
facial (VII par craniano).
Na lesão do IX par craniano, a úvula mo-
ve-se em direção ao lado não afetado.
O nervo hipoglosso é responsável pela 
motricidade da língua e é testado ava-
liando a sua movimentação. A lesão do 
XII par é demonstrada pelo desvio da 
língua em direção ao lado lesado quan-
doo paciente a coloca para fora. Uma 
fraqueza menos óbvia pode ser identi-
ficada colocando a ponta dos dedos do 
examinador em ambas as bochechas do 
paciente enquanto ele pressiona firme-
mente a sua língua contra a parte inter-
na da bochecha alternadamente.
O exame da faringe é limitado à 
inspeção. Pesquisam-se infecções 
amigdalianas (menos frequentes em 
idosos) e tumorações.
A avaliação da deglutição pode ser 
feita das seguintes formas:
• Avaliação da fase oral: deve-se 
notar problemas na mastigação, 
início retardado ou precoce do re-
flexo de deglutição e dificuldade 
de vedação dos lábios para líqui-
dos ou outros alimentos.
19PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Avaliação da fase faríngea: deve-
-se observar sinais clínicos como 
deglutição incompleta (retorno do 
bolo alimentar para a cavidade 
oral), referência a alimento reti-
do na garganta, deglutições múl-
tiplas (manobra utilizada para se 
retirar alimentos retidos na parede 
faríngea e na valécula), regurgita-
ção, alterações da qualidade vocal 
e tosse antes ou durante o ato de 
engolir (indicativo de penetração 
laríngea).
• Reflexo da deglutição: deve-se ob-
servar se há presença ou ausên-
cia do reflexo da deglutição, tosse 
antes ou durante a deglutição (in-
dicativo de penetração laríngea), 
movimentação não sincrônica ou 
ausência de elevação da laringe
• Movimentação faríngea: deve-se 
observar sinais clínicos como de-
glutição incompleta (após várias 
tentativas de deglutição, há um 
retorno do bolo alimentar para a 
cavidade oral), tosse após a deglu-
tição, referência a alimento retido 
na garganta, deglutições múltiplas 
(manobra utilizada pelo paciente 
para retirar alimentos retidos na 
parede faríngea e na valécula).
• Mecanismo laríngeo: deve-se ob-
servar se há elevação da laringe, 
alteração da qualidade vocal após 
a deglutição, presença ou ausência 
de alteração na ausculta cervical.
• Ausculta cervical: com o estetos-
cópio colocado na laringe, procu-
ra-se detectar os sons da degluti-
ção na fase faríngea. Dificuldades 
técnicas relativas a esse procedi-
mento são encontradas em pa-
cientes dependentes de ventilação 
e traqueostomizados.
• Teste com água: deve-se observar 
a deglutição após a administração 
de 9 mℓ de água (se, até 1 min de-
pois, houver tosse, engasgos ou 
alteração da qualidade da voz). É 
um exame simples e sensível para 
rastreamento de portadores de 
disfagia com risco aumentado de 
aspiração.
No nariz, deve-se procurar por sime-
tria, escoriações e/ou inflamação dos 
vestíbulos nasais ou evidências de 
obstrução nasal, tais como pólipos 
nasais. O septo nasal pode ser ava-
liado com o otoscópio, assim como a 
cavidade nasal.
Nos ouvidos, sempre se deve ini-
ciar o exame pelo pavilhão auricular. 
As lesões como o carcinoma baso e 
espinocelular e aquelas provocadas 
pelo herpes-zóster em geral são ób-
vias. Em seguida, deve-se utilizar o 
otoscópio. O conduto auditivo exter-
no é retificado tracionando-se o pa-
vilhão auditivo para cima, para fora 
e para trás, buscando sinais infla-
matórios, secreção, cerume ou cor-
pos estranhos. É preciso examinar a 
20PROPEDÊUTICA DO IDOSO
membrana timpânica, que pode estar 
perfurada, apresentar coloração fos-
ca ou adquirir tons avermelhados e/
ou amarelados, o que sugere a pre-
sença de patologias. 
Entre os testes de acuidade auditiva, 
o do sussurro pode ser realizado à 
cabeceira do leito e consiste em pro-
nunciar palavras a uma distância de 
60 cm de cada ouvido. Outros testes, 
como o de Rinne e Weber, têm um 
papel limitado nesta faixa etária, pois 
sua confiabilidade depende da cogni-
ção e da cooperação dos pacientes.
Pescoço
Procura-se por cicatrizes, assimetria 
ou massas. Observa-se também o 
movimento e a posição da traqueia.
Deve-se inspecionar as veias cervi-
cais que drenam para o tórax. O pulso 
venoso pode ser visível.
NA PRÁTICA! A dilatação das veias cer-
vicais pode estar associada a aumento 
do volume do pescoço e da face. A con-
gestão da face pode se tornar mais apa-
rente com a elevação dos braços acima 
da cabeça. Esses sinais são sugestivos 
de obstrução de veia cava superior, cuja 
causa principal é a sua compressão por 
tumores do mediastino superior.
À ausculta do pescoço, deve-se pro-
curar identificar sopros carotíde-
os bilateralmente e sopros sobre a 
glândula tireoide, caso um bócio es-
teja presente.
Deve-se posicionar-se por detrás do 
paciente e palpar a tireoide. Caso seja 
detectado um bócio, é preciso verifi-
car se o aumento é difuso ou nodular 
e se há dor à palpação. 
Deve-se palpar também a traqueia, o 
pulso carotídeo, toda a região cervi-
cal e a fossa supraclavicular. Quais-
quer linfonodos encontrados devem 
ser avaliados quanto a mobilidade, 
consistência e dor à palpação. Os 
linfonodos dolorosos são sugestivos 
de inflamação, enquanto linfonodos 
de consistência firme e aderidos aos 
tecidos adjacentes são compatíveis 
com neoplasia maligna.
A limitação dos movimentos do pes-
coço secundária à osteoartrose cervi-
cal é um achado frequente nessa fai-
xa etária.
21PROPEDÊUTICA DO IDOSO
6. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO – TÓRAX 
À inspeção do tórax, alguns achados 
podem estar presentes:
• Tórax globoso ou em tonel: o au-
mento do diâmetro anteropos-
terior do tórax é observado em 
portadores de doença pulmonar 
obstrutiva crônica (DPOC) avan-
çada, por vezes com protrusão dos 
espaços intercostais e das fossas 
supraclaviculares.
• Cifose: os pacientes idosos geral-
mente apresentam alterações da 
coluna. 
NA PRÁTICA! A cifose na mulher é co-
mumente secundária a doenças dege-
nerativas da coluna, sobretudo a oste-
oporose com fraturas. Em indivíduos do 
sexo masculino, em geral, a osteoporo-
se é decorrente de causas secundárias, 
como hipogonadismo, uso de corticoi-
des, mieloma múltiplo, metástases ós-
seas ou alcoolismo.
Figura 6. Cifose. Fonte: https://drauziovarella.
uol.com.br/doencas-e-sintomas/cifose/ 
MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO DO PACIENTE IDOSO – CABEÇA E PESCOÇO 
CABEÇA
• Face
• Olhos
• Cavidade oral
• Língua
• Faringe
• Deglutição
• Nariz
• Ouvidos
• Inspeção: cicatrizes, assimetria, 
massas, traqueia, veias
• Ausculta: sopros carotídeos 
ou sobre a tireoide
• Palpação: tireoide, traqueia, 
pulso carotídeo, linfonodos
PESCOÇO
22PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Abaulamentos unilaterais ou lo-
calizados: podem ser encontrados 
em derrames pleurais volumosos, 
hiperdistensão compensadora 
(enfisema vicariante) e tumores.
• Retrações: são geralmente encon-
tradas em enfermidades crônicas, 
como fibroses pulmonares, atelec-
tasias, processos pleurais do tipo 
paquipleuris e ausência congênita 
ou cirúrgica de um pulmão.
• Tiragem: em geral constitui uma 
manifestação da obstrução de vias 
respiratórias, sendo comum nos 
portadores de DPOC, especial-
mente na insuficiência respiratória. 
Pode ocorrer também em obstru-
ções altas. Às vezes é acompa-
nhada de ruído característico, que 
é a cornagem. 
• Circulação colateral tipo cava: 
ocorre em tumores do mediasti-
no com compressão da veia cava 
superior, podendo levar a edema, 
congestão da face e turgência ve-
nosa, constituindo a síndrome da 
veia cava superior.
• Telangiectasias aracniformes (ara-
nhas vasculares): aparecem na 
metade superior do tronco, espe-
cialmente no tórax, na face e nos 
membros superiores. Sugerem a 
presença de insuficiência hepáti-
ca com certo grau de hipertensão 
porta, embora possam também ser 
observadas em indivíduos normais.
• Ginecomastia: pode ocorrer no en-
velhecimento normal, sendo des-
provida de significado patológico. 
No entanto, causas clássicas como 
tumores, hepatopatia e uso de 
certos medicamentos devem ser 
descartadas.
No exame físico do sistema respira-
tório devem ser avaliados:
• Frequência respiratória: no idoso, 
tem particular significado semio-
lógico quando superior a 24 incur-
sões respiratórias por minuto. A 
taquipneia pode preceder o diag-
nóstico clínico de infecção respira-
tória em até 3 a 4 dias.
• Padrão respiratório:
◊ Respiração do tipoBiot: é fre-
quente nos pacientes com de-
pressão respiratória induzida 
por fármacos, na hipertensão 
intracraniana e na lesão cere-
bral geralmente a nível medu-
lar. Apresenta padrão irregu-
lar e com longos períodos de 
apneia.
◊ Respiração do tipo Cheyne-
-Stokes: padrão irregular, com 
períodos intermitentes de au-
mento e redução da frequ-
ência e da profundidade das 
incursões respiratórias, alter-
nados com períodos de ap-
neia. Ocorre em pacientes 
com depressão respiratória 
23PROPEDÊUTICA DO IDOSO
induzida por medicamentos, 
na insuficiência cardíaca con-
gestiva e nas lesões cerebrais.
◊ Respiração do tipo Kussmaul: 
respiração rápida e profunda, 
geralmente secundária a aci-
dose metabólica.
• Expansão torácica: é frequente-
mente limitada no idoso e nem sem-
pre oferece muitas informações.
• Percussão torácica: as alterações 
da percussão mantêm o significa-
do nessa faixa etária.
• Ausculta respiratória: a auscul-
ta respiratória torna-se mais difí-
cil porque nem sempre os idosos 
conseguem realizar inspirações 
profundas. As crepitações nas ba-
ses pulmonares desprovidas de 
significado clínico são frequentes, 
particularmente quando desapa-
recem após a tosse. A ausculta 
pode também identificar ruídos 
resultantes de pneumopatias pré-
vias, o que dificulta a sua interpre-
tação em quadros agudos.
SE LIGA! Nos casos de pneumonia, os 
sinais identificados à ausculta, como 
crepitações, podem não ter correspon-
dência imediata com a imagem radio-
lógica, uma vez que as alterações na 
radiografia de tórax podem demorar até 
72 h para se tornarem evidentes.
O exame físico do sistema cardio-
vascular inclui:
• Pressão arterial: a aferição da pres-
são arterial (PA) no idoso deve ser 
feita com os mesmos cuidados des-
tinados para os mais jovens. Mui-
tas vezes são necessárias diversas 
avaliações, pois a variabilidade da 
PA aumenta com a idade. Classi-
camente são recomendadas três 
medidas com valores anormais, em 
consultas diferentes, antes que o 
paciente seja rotulado como hiper-
tenso. Recomenda-se mensurar a 
PA em ambos os braços. Caso haja 
variação de uma medida para ou-
tra, deve-se considerar o maior va-
lor encontrado, visto que o menor 
resulta de fenômenos ateroscleróti-
cos que mascaram a PA real.
◊ Pseudo-hipertensão: é um ar-
tefato decorrente do endureci-
mento das paredes das artérias 
periféricas e resulta em falsa 
estimação da PA à esfigmo-
manometria. Esse diagnóstico 
é sugerido em indivíduos com 
níveis pressóricos elevados e 
ausência de lesão em órgãos-
-alvo. Eles geralmente são ido-
sos e apresentam artérias dos 
braços calcificadas, que podem 
ser identificadas à palpação e/
ou ao exame radiológico.
◊ Sinal de Osler: consiste na 
detecção de artérias palpá-
veis quando o esfigmoma-
nômetro estiver insuflado 
a nível superior ao da PAS. 
24PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Auxilia na identificação da 
pseudo- hipertensão.
◊ Hipertensão do jaleco-bran-
co: consiste na elevação da 
PA no consultório do médico, 
contrastando com verificações 
domiciliares normais. É fre-
quentemente verificada nos 
idosos.
◊ Hipotensão ortostática (HO): 
a PAS pode ser subestima-
da na presença de HO caso a 
sua mensuração seja feita so-
mente na posição assentada. 
Aconselha-se para todos os 
pacientes idosos hipertensos 
a aferição da PA em decúbito 
e em ortostatismo.
HORA DA REVISÃO!
Perante a suspeita de HO, o primeiro 
passo é procurar detectar a presença de 
queda postural da PA. Antes da medida 
da PA em ortostatismo, o paciente deve 
repousar em decúbito dorsal idealmen-
te por 30 min, medindo-se a PA a cada 
10 min. Considera-se como PA supina 
a terceira medida, no 30º minuto. Em 
seguida, o paciente é colocado de pé, e 
a medida da PA em ortostatismo deve 
prosseguir até, pelo menos, 4 min quan-
do necessário. Uma queda de 20 mmHg 
na PAS, com ou sem sintomas, é sufi-
ciente para o diagnóstico de hipotensão 
ortostática (HO) em idosos.
O próximo passo é a classificação da HO 
do ponto de vista fisiopatológico de acor-
do com a frequência cardíaca (FC). A hi-
potensão ortostática pode ser classifica-
da em três categorias distintas, de acordo 
com a variação da FC observada quando 
o paciente assume a posição ortostática.
• HO simpaticotônica: ocorre uma res-
posta cardíaca compensatória apro-
priada (aumento da FC em até apro-
ximadamente 20 bpm). Em geral, 
este tipo de HO encontra-se associa-
da a descondicionamento físico, uso 
de medicamentos ou hipovolemia.
• HO por disfunção autonômica: não 
há aumento da FC com a queda pos-
tural da PA, ou, se ocorre, em geral 
não é superior a 10 bpm.
• HO por distúrbio vagal: há diminui-
ção da FC associada à queda postu-
ral da PA.
• Pulso arterial: A FC é rotineiramen-
te avaliada pelo pulso radial. Deve-
-se contar o pulso por um período 
de 60 segundos, método preciso 
para a maioria dos ritmos regulares. 
Porém, se o paciente apresenta um 
pulso irregular como o encontrado 
na fibrilação atrial, arritmia muito 
frequente em idosos, existe um dé-
ficit de pulso. Nesses casos, apenas 
a ausculta cardíaca fornecerá uma 
avaliação mais exata.
• Refluxo hepatojugular: um teste 
útil na avaliação da pressão veno-
sa jugular elevada é o reflexo he-
patojugular ou teste da compres-
são abdominal. 
• Ictus cordis ou choque da ponta: 
embora importante na avaliação 
de pacientes jovens, o ictus cor-
dis foi palpado em apenas 35% 
dos idosos hospitalizados. Com o 
avançar dos anos, torna-se cada 
25PROPEDÊUTICA DO IDOSO
vez mais difícil a sua palpação, 
particularmente em pessoas aci-
ma de 80 anos. Mesmo quan-
do palpado, a sua sensibilidade e 
especificidade são baixas como 
índice de cardiomegalia, se com-
paradas à radiografia do tórax e 
ao ecocardiograma. Os distúrbios 
musculoesqueléticos frequentes 
no idoso, como a cifoescoliose e o 
enfisema pulmonar, afetam a sua 
localização. Desse modo, na idade 
avançada, o ictus cordis não cons-
titui um marcador clínico confiável 
na avaliação da área cardíaca. 
SE LIGA! Os mesmos fatores anterior-
mente referidos dificultam a palpação de 
bulhas e frêmitos em idosos.
• Ausculta cardíaca: no paciente 
idoso, a ausculta cardíaca obedece 
aos mesmos princípios utilizados 
para o paciente jovem. Entretanto, 
algumas alterações devem ser co-
mentadas. Na ausculta dos ruídos 
cardíacos, são habituais os acha-
dos de hipofonese das bulhas e de 
sopros cardíacos que podem estar 
relacionados com processos dege-
nerativos sem repercussão clínica.
◊ Sopros cardíacos: são muito 
frequentes na idade avança-
da. A prevalência de sopros 
sistólicos na população ido-
sa é de aproximadamente 
60%. A causa mais comum 
de sopro nesta faixa etária é a 
doença valvar calcificada, sen-
do as valvas aórticas e mitral 
as mais comumente afetadas. 
As mesmas manobras utili-
zadas para os pacientes mais 
jovens também se aplicam 
aos mais idosos. Entretanto, a 
localização do sopro é de me-
nor significado, exemplificado 
pelo conhecimento de que a 
maioria dos sopros sistólicos 
apicais de idosos resultam de 
lesões da valva aórtica e não 
da valva mitral.
• Edema sacral: pode ser a única 
manifestação de insuficiência car-
díaca congestiva em pacientes 
idosos que estão restritos ao leito, 
embora seja um sinal frequente-
mente negligenciado.
Figura 7. Pesquisa de edema sacral. Fonte: http://pass-
my.ravedev.co.uk/abdomen/auscultation-3/
26PROPEDÊUTICA DO IDOSO
7. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO 
– ABDOME, EXAME 
PROCTOLÓGICO E 
UROLÓGICO
O exame físico do abdome em idosos 
não apresenta grandes diferenças em 
relação ao jovem.
Inspeção
Deve-se observar forma do abdome, 
cicatrizes, hérnias, movimentação 
com a respiração, evidências de per-
da de peso, escoriações, veias dilata-
das e peristaltismo visível. Se houver 
aumento acentuado do fígado e do 
baço, às vezes, pode ser visível.
Alguns achados podem estar 
presentes:
• Cicatrizes abdominais: são indica-
tivas de cirurgias anteriores. Po-
dem auxiliar no esclarecimento de 
achados clínicos quando há sus-
peitade obstrução intestinal por 
aderências, hérnias de parede ab-
dominal, eventrações e cólicas ab-
dominais. Podem ainda ser foco de 
drenagens de processos infeccio-
sos e inflamatórios intestinais.
• Circulação venosa subcutânea: 
sugere a existência de um obs-
táculo ao retorno venoso nos sis-
temas porta e cava. No sistema 
porta, os vasos se apresentam no 
andar superior do abdome, o que 
ocorre na cirrose hepática, na com-
pressão extrínseca por tumores e 
na trombose de veia porta, poden-
do assumir um padrão conhecido 
por cabeça de medusa, quando 
MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO DO PACIENTE IDOSO – TÓRAX 
Tórax Sistema respiratório Sistema cardiovascular
• Achados comuns:
- Tórax globoso 
ou em tonel
- Cifose
- Abaulamentos
- Retrações
- Tiragem
- Circulação colateral
- Telangiectasias 
aracniformes
- Ginecomastia
• Avaliar:
- Frequência respiratória
- Padrão respiratório
• Expansão torácica: limitada
• Percussão torácica
• Ausculta respiratória: 
mais difícil
• Avaliar:
- Pressão arterial
- Pulso arterial
- Refluxo hepatojugular
- Ictus cordis: 
não é confiável
- Edema sacral
• Ausculta cardíaca: 
hipofonese de bulhas e 
sopros são comuns
27PROPEDÊUTICA DO IDOSO
eles se dirigem de maneira radial 
e para fora da cicatriz umbilical. No 
sistema cava inferior, as dilatações 
venosas aparecem, sobretudo, na 
parte inferior do abdome, decor-
rendo de tromboses venosas, as-
cites volumosas e compressões 
extrínsecas por tumores variados.
Ausculta
Na maioria das pessoas, são ausculta-
dos ruídos decorrentes do peristaltis-
mo intestinal, como sons intermiten-
tes de volumes variados, à passagem 
constante de líquidos e gases pelas 
haustrações intestinais. Todavia, o 
aumento, a diminuição e a abolição 
do peristaltismo, na maioria das ve-
zes, têm correspondência clínica.
AUMENTO DO PERISTALTISMO REDUÇÃO OU ABOLIÇÃO DO PERISTALTISMO
Fase inicial das obstruções intestinais 
mecânicas
Peritonite
Hemorragias digestivas altas e baixas
Peritonismo (cólicas renais, colecistites, cólicas biliares, abs-
cessos abdominais e pélvicos encapsulados, diverticulites)
Gastrenterites
Reações extraperitoneais com irritação do centro frênico 
(infartos miocárdicos diafragmáticos, pneumonias, embolias 
pulmonares)
Aerofagias Doenças consumptivas
Intoxicações alimentares Síndrome de imobilidade aguda ou crônica
Ingestão de produtos irritativos (laxantes, 
bebidas alcoólicas, fermentados etc.)
Doenças neurodegenerativas
Hipertonia vagal (colopatias neurogênicas, 
cólon irritável, doença diverticular de sig-
moide, hipercloridria, usuários de simpatico-
líticos e vagomiméticos)
Medicamentos (antianêmicos, antiparkinsonianos, analgésicos 
opioides, antirreumáticos, antidepressivos tricíclicos, benzo-
diazepínicos, antiespasmódicos, diuréticos, anti-hipertensivos)
Distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos
Pós-operatório de grandes cirurgias
Tabela 1. Ausculta do abdome. Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4 ed, 2018
Podem ainda ser detectados, na aus-
culta abdominal, sopros arteriais ou 
venosos, atritos da superfície do fíga-
do e do baço com o gradil costal du-
rante a respiração e a transmissão de 
ruídos respiratórios e cardíacos, sen-
do interessante a ótima audibilidade 
dos movimentos respiratórios na pre-
sença de gases livres dentro da cavi-
dade abdominal.
Percussão
A percussão abdominal é um comple-
mento da palpação e serve, sobretu-
do, para pesquisar consistências orgâ-
nicas e tumorais de sólidos, líquidos e 
gases, determinando-lhes os limites. 
Com isso, a percussão consegue dis-
tinguir a sonoridade timpânica dos 
gases resultantes da perfuração de 
28PROPEDÊUTICA DO IDOSO
víscera oca, obstrução intestinal, obs-
trução funcional, aerofagia, a sonori-
dade muda da macicez e a macicez 
móvel dos líquidos (ascite, coleperitô-
nio). A importância da percussão não 
repousa apenas no aparecimento da 
macicez, da macicez móvel e do timpa-
nismo. Ela é importante, ainda, quando 
a macicez ou o timpanismo normais 
desaparecem (desaparecimento da 
macicez hepática). A percussão exi-
ge mudanças de posição do paciente 
na mesa de exame, seja para afastar 
vísceras que atrapalham a percussão, 
seja para escoar líquidos abdominais 
livres. A percussão pode, pela respos-
ta contrátil e dolorosa abdominal, re-
fletir alguma irritação peritoneal.
HORA DA REVISÃO!
Ascite
As ascites de pequeno volume (inferior 
a 2L) são de difícil detecção pelo exa-
me clínico. Quando muito volumosas ou 
tensas, acarretam grande desconforto 
no idoso, com dificuldade respiratória.
Alguns achados no exame físico são 
importantes:
• Macicez móvel: nos pacientes em 
que há suspeita de ascite, o teste 
mais sensível ao exame físico é o 
da macicez móvel. Com o paciente 
em decúbito dorsal, delimitam-se as 
áreas de timpanismo e macicez (es-
pera-se que o nível de macicez situe-
-se nos flancos, e o timpanismo, na 
região periumbilical). Pede-se, então, 
que o paciente fique em decúbito la-
teral; na presença de ascite, a maci-
cez se deslocará para a posição mais 
baixa (a área timpânica ao redor do 
umbigo deverá se tornar maciça).
• Sinal do piparote: outro teste para a 
detecção de ascite é a pesquisa de 
onda líquida, que é menos sensível 
e pode ter resultado falso-positivo 
em pacientes obesos. O surgimento 
insidioso de líquido na cavidade pe-
ritoneal de pacientes idosos sugere, 
em princípio, comprometimento ne-
oplásico. Pode dever-se também à 
presença de cirrose hepática, muitas 
vezes despercebida até então.
• Sinal de Jobert: consiste no desapa-
recimento da macicez hepática de-
vido a gases livres na cavidade ab-
dominal (perfuração de víscera oca, 
pós-operatório de laparotomias e 
laparoscopias).
• Timpanismo pneumático: consiste 
em uma sonoridade exagerada en-
contrada em casos de subobstrução 
(vólvulo fisiológico de Bruusgaard) e 
obstrução intestinal “em alça fecha-
da” por vólvulo de sigmoide, conhe-
cido como sinal de Kiwul, que corres-
ponde ao sinal de hipertransparência 
radiológica da “alça de Wahl”.
Palpação
Na palpação abdominal, deve-se ob-
servar uma maior probabilidade de se 
encontrarem massas pulsáteis devi-
do a aneurisma da aorta e massa cor-
respondente a fezes.
A palpação deve ser feita de acordo 
com os movimentos respiratórios: as 
vísceras sólidas são mais bem apal-
padas durante a inspiração profunda, 
aproveitando-se o movimento indu-
zido de deslizamento dessas vísce-
ras, por rebaixamento do diafragma 
(fígado, baço); as vísceras ocas e as 
29PROPEDÊUTICA DO IDOSO
massas intra-abdominais são mais 
bem apalpadas durante o movimen-
to expiratório, pelo deslizamento das 
falanges distais em movimentos de 
vaivém, após atingir o plano profundo 
de resistência muscular posterior.
Inicia-se a palpação longe do local em 
que o paciente possa referir dor. Mas-
sas dolorosas são prováveis de serem 
inflamatórias.
Exame proctológico e urológico
O exame abdominal de rotina, sobre-
tudo no idoso, deve ser concluído com 
o exame digital do reto.
O correto posicionamento do pa-
ciente propicia conforto e torna pos-
sível a avaliação completa da região 
anal e perianal. As posições possí-
veis são decúbito dorsal, decúbito 
lateral esquerdo (posição de Sims) e 
genupeitoral.
Inicialmente, deve-se proceder à ins-
peção crítica e criteriosa da região anal 
e perianal. A pele anal é inspeciona-
da à procura de sinais de inflamação, 
fissuras, nódulos, fístulas, cicatrizes, 
lesões tumorais, hemorroidas ou se-
creções, dentre as quais destacam-se 
as fezes, o sangue, o muco e o pus. 
A presença de fezes na região anal 
pode indicar, desde má higiene por 
parte do paciente até algum grau de 
incontinência ou semi-incontinência 
anal por causas variadas. A existên-
cia de sangue pode significar lesões 
anais externas ao esfíncter (trombo-
ses hemorroidárias) ou lesões acima 
dos esfíncteres em pacientes com hi-
potonia ou atonia anal.
NA PRÁTICA! Lesões eczematoides da 
região perianal em pacientes de idade 
mais avançada podem levar à suspeitade afecções neoplásicas, como doen-
ça de Paget ou doença de Bowen, que 
representam um carcinoma intraepite-
lial e requerem avaliação e tratamentos 
específicos.
Pede-se ao paciente que faça força 
para evacuar observando-se a exte-
riorização de tumorações, hemorroi-
das e fissuras. Quaisquer áreas anor-
mais devem ser palpadas.
O toque retal tem três utilidades bá-
sicas: identificação de estruturas e 
órgãos normais, averiguação de es-
truturas e órgãos anormais e identi-
ficação de dados anormais indiretos.
São dignos de nota os seguintes 
achados: tônus anal, lesões do reves-
timento mucoso do canal anal, lesões 
vegetantes no canal anal, estenoses 
anais, lesões perianais, lesões do re-
vestimento mucoso do reto, tumores 
retais, estenoses retais, fecaloma re-
tal, corpos estranhos retais, dilatação 
da ampola retal, tumores extrarretais, 
aumento do espaço retrorretal pré-
-sacro, anormalidades no fundo de 
saco peritoneal e anormalidades no 
septo retovaginal.
30PROPEDÊUTICA DO IDOSO
NA PRÁTICA! O toque retal pode de-
tectar um fecaloma (tumor de fezes), que 
pode ser sentido ao simples contato com 
a ponta do dedo ou estar escondido por 
cima da valva de Houston, mascarando 
o diagnóstico. Tais ocorrências podem 
acontecer no megacólon chagásico, nas 
constipações intestinais por dolicocólon 
e por inércia colônica, nas constipações 
dos idosos sedentários e pacientes com 
vícios de dieta.
Na paciente idosa, procure avaliar 
sempre a existência de retocele que 
possa justificar a queixa de dificulda-
de para evacuar ou mesmo uma in-
continência, principalmente nas pa-
cientes multíparas.
O toque retal pode não detectar qual-
quer patologia, o que não significa ter 
sido normal, em decorrência de verifi-
cação dos denominados dados anor-
mais indiretos. Os principais dados 
indiretos coletados pelo toque retal 
são um sintoma (dor) e um sinal (se-
creção no dedo de luva).
No paciente do sexo masculino, de-
ve-se fazer uma avaliação cuidadosa 
da próstata, uma vez que esse órgão 
é sede de várias patologias em ido-
sos. Normalmente, a próstata é lisa e 
firme, com a consistência fibroelásti-
ca. Deve-se tentar identificar o sulco 
mediano e os lobos laterais. A presen-
ça de nódulos, assimetria, massas ou 
dor à palpação é sempre patológica. 
Na hipertrofia prostática benigna, a 
glândula encontra-se aumentada de 
volume de maneira simétrica e tem 
consistência um pouco amolecida.
Pode ocorrer uma atrofia fisiológica 
dos testículos com o avançar dos anos. 
No entanto, causas clássicas de atro-
fia testicular devem ser descartadas.
MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO DO PACIENTE IDOSO – 
ABDOME, EXAME PROCTOLÓGICO E UROLÓGICO
Abdome
Inspeção: observar forma, cicatrizes, 
hérnias, movimentação, evidências de 
perda de peso, escoriações, veias dilatadas, 
peristaltismo visível e organomegalia
Exame proctológico e urológico
Ausculta: pesquisar aumento, 
diminuição ou abolição do peristaltismo, 
sopros, atritos e transmissão de ruídos 
respiratórios e cardíacos
Percussão: pesquisar consistências 
orgânicas e tumorais e seus limites
Palpação: pesquisar 
massas e palpar órgãos
Posicionar paciente: 
decúbito dorsal, lateral 
esquerdo ou genupeitoral
Inspeção: inspecionar pele, 
presença de fezes e de sangue
Toque retal: identificar estruturas 
normais, averiguar estruturas anormais 
e identificar dados anormais indiretos 
(dor, secreção em dedo de luva)
31PROPEDÊUTICA DO IDOSO
8. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO – 
MEMBROS SUPERIORES, 
COLUNA E MEMBROS 
INFERIORES
Membros superiores
Deve-se examinar ambas as mãos, 
sempre de maneira comparativa, além 
de avaliar sistematicamente a pele, as 
unhas, as articulações e os músculos.
Inspecionam-se as partes palmar e 
dorsal. Palpam-se as mãos. No exame 
das articulações, deve-se valorizar a 
presença de edema, calor, assimetria 
ou rubor. Checa-se a movimentação 
passiva e ativa. Testa-se a força. É 
importante a avaliação funcional da 
mão: peça ao paciente que segure 
uma caneta ou levante uma xícara. 
O exame do ombro inclui um cuida-
doso exame neurológico, dos mem-
bros superiores e da coluna cervical. 
Deve iniciar com inspeção dos mús-
culos infra e supraespinhosos e do 
deltoide em busca de sinais de atro-
fia. A movimentação ativa e passiva, 
incluindo elevação anterior e rotação 
interna e externa, deve ser medida e 
comparada com a do lado oposto. 
NA PRÁTICA! Lesão do manguito rota-
dor (síndrome do impacto): quando ocor-
re tendinite do manguito rotador, pode 
haver ruptura de um ou mais tendões. A 
etiologia é traumática ou degenerativa. 
O paciente apresenta dificuldade para 
executar os movimentos com as mãos 
acima dos ombros (ex: pentear cabelos), 
enquanto os movimentos realizados 
com as mãos abaixo da linha dos om-
bros podem estar isentos de limitação 
ou mesmo de dor. Pode haver ou não 
perda de força muscular.
Coluna
Na avaliação da lombalgia em idosos, é 
importante realizar um exame físico ge-
ral que inclua o exame dos vasos (espe-
cialmente pulsos pediosos), do abdome, 
da região inguinal, do quadril e do reto.
Flexão da coluna lombar: desencadeia 
ou aumenta a dor provocada por uma 
lesão discal. A irradiação da dor para 
um ou ambos os membros inferiores 
sugere protrusão discal. No entanto, as 
hérnias discais ocorrem com menor fre-
quência em pessoas acima de 60 anos.
Extensão da coluna lombar: desen-
cadeia ou piora a dor provocada pelo 
estreitamento artrósico do canal me-
dular e pelo acometimento das arti-
culações zigoapofisárias.
Manobra de Valsalva: deve-se pedir 
ao paciente que tussa ou assopre a 
mão sem deixar escapar o ar. Se hou-
ver acentuada exacerbação da dor ou 
irradiação da dor completa (até o pé), 
indica provável compressão radicular.
Diferentes testes podem ser reali-
zados para avaliação da coluna e de 
queixas relacionadas.
Membros inferiores
O exame dos membros inferiores, 
como o dos membros superiores, 
32PROPEDÊUTICA DO IDOSO
também deve ser realizado de manei-
ra comparativa.
Pele e subcutâneo
As principais doenças dermatológi-
cas que afetam os membros inferio-
res em idosos são:
• Eczema asteatótico: afeta princi-
palmente os membros inferiores, 
embora possa acometer também 
os superiores e o dorso. Essa con-
dição resulta do ressecamento ex-
cessivo da pele.
Figura 8. Eczema asteatótico. Fonte: https://drhoogstra.
com.ar/pt/wiki/eczema-asteatotico/ 
• Psoríase: pode acometer a superfí-
cie extensora dos joelhos.
• Úlceras: as características essen-
ciais de uma úlcera quanto a locali-
zação, tamanho, forma, superfície, 
base, bordas e condições dos teci-
dos que a circundam devem sem-
pre ser observadas. Deve-se pro-
curar por evidência de uma causa 
subjacente, como doença arterial, 
neuropatia periférica e/ou hiper-
tensão venosa crônica. A presen-
ça de mais de um fator etiológico 
é possível particularmente em pa-
cientes idosos. 
• Edema: o primeiro passo no diag-
nóstico da etiologia do edema é 
definir se ele é uni ou bilateral. Em 
idosos, a causa mais frequente de 
edema de membros inferiores é a 
imobilidade, agravada pela preca-
riedade na drenagem venosa. É 
comum, nessa faixa etária, que o 
edema de membros inferiores seja 
atribuído incorretamente à insufici-
ência cardíaca. 
ÚLCERAS LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS
Venosas
Terço médio das pernas, frequentemente acima 
e abaixo do maléolo medial Raramente nos pés
Edema e hiperpigmentação comuns 
(dermatite ocre)
Arteriais
Face lateral dos pés, calcanhar, dedos e leito 
ungueal
Membro frio, pálido e/ou cianótico
Pulsos periféricos diminuídos ou ausentes
Neuropáticas
Pontos de pressão, como as cabeças do 
metatarso
Em geral, ocorre hiperqueratinização da 
pele subjacente
De pressão Saliências ósseas
Portadoras de imobilidade
Facilitadas por fricção, umidade e pressão 
sobre o local
Tabela 2. Diagnóstico diferencial das úlceras de membros inferiores. Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4 ed, 2018
33PROPEDÊUTICA DO IDOSO
• Dedo em martelo: deformidade em 
hiperextensãodas interfalangea-
nas distais.
• Calosidades: espessamento loca-
lizado da pele, secundário à pres-
são local, muito comum em idosos.
• Podagra: edema, calor, dor e rubor 
da articulação metatarsofalangea-
na do hálux na gota aguda.
• Alterações ungueais:
◊ Onicogrifose: espessamento 
e deformidade acentuada da 
unha do hálux, indicativo de 
negligência física e social.
◊ Onicomicose: pode causar 
desconforto e dor ao caminhar, 
além de comprometer a mobili-
dade e causar constrangimento.
Exame dos pés
Deve-se observar os pés como um 
todo, notando se há deformidades ou 
problemas articulares. O exame dos 
calçados provê valiosa informação 
sobre a dinâmica dos pés, revelan-
do os pontos de pressão anormal. É 
preciso observar a coloração da pele 
(também a pele entre os dedos) e a 
presença de calos e/ou úlceras.
Algumas alterações podem estar 
presentes:
• Pé cavo: arco longitudinal anor-
malmente alto. Ocasiona cansaço 
fácil e desconforto na face medial 
dos pés.
• Pé plano: arco longitudinal mais 
achatado que o normal. Pode ser 
congênito ou adquirido. Em geral, 
não ocasiona sintomas, embora al-
guns pacientes relatem dor, rigidez 
e alterações degenerativas na ida-
de avançada.
• Pé da artrite reumatoide: acomete 
mais frequentemente as articula-
ções metatarsofalangeanas. Po-
de-se encontrar também subluxa-
ção da cabeça dos metatarsos e 
deformidade em valgo dos dedos.
• Halux valgus ( joanete): deformida-
de em geral bilateral e frequente-
mente assintomática. É comum a 
sua associação com subluxação do 
segundo artelho. A parte medial da 
cabeça do metatarso é local comum 
de fricção e pressão com o calçado.
34PROPEDÊUTICA DO IDOSO
MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO DO PACIENTE IDOSO – 
MEMBROS SUPERIORES, COLUNA E MEMBROS INFERIORES
• Examinar mãos
• Examinar ombros
• Realizar testes para avaliação da 
coluna e de queixas relacionadas
• Examinar pele e subcutâneo
• Examinar pés
Membros superiores
Coluna
Membros inferiores
9. EXAME FÍSICO DO 
PACIENTE IDOSO - EXAME 
NEUROLÓGICO
O exame do sistema nervoso é parte 
fundamental da avaliação clínica do 
idoso. A seguir, será descrito o que se 
considera ser uma avaliação neuroló-
gica básica, a ser realizada pelo médi-
co generalista, realçando as peculiari-
dades encontradas nessa faixa etária.
Exame da motricidade
O exame da motricidade compreende a 
avaliação do trofismo muscular, do tô-
nus e da força; a pesquisa por fascicu-
lações e distúrbios do movimento (hiper 
ou hipocinesia); e exame da marcha, do 
equilíbrio e da independência funcional.
SE LIGA! O idoso tende a apresentar 
um declínio da motricidade com o avan-
çar dos anos, com perda da força e da 
velocidade dos movimentos, em geral, 
de maneira simétrica. As anormalidades 
motoras assimétricas são quase sempre 
patológicas.
Tônus muscular
É definido como a resistência do mús-
culo a movimentos passivos, sendo 
classificado como normal, aumentado 
ou diminuído.
• Hipertonia: pode apresentar-se 
como espasticidade, rigidez ou 
paratonia.
• Espasticidade: denota acometi-
mento do neurônio motor superior, 
sobretudo de flexores nos mem-
bros superiores e extensores nos 
membros inferiores. Ao exame, 
causa a sensação de abertura de 
uma “lâmina de canivete”.
• Rigidez: ao exame, tem-se a sen-
sação de movimento de “roda den-
tada”, cujo protótipo é o parkinso-
nismo, que pode ser primário ou 
secundário. Tanto a flexão quanto a 
extensão estão acometidas. A mo-
vimentação do punho e do cotove-
lo, com o paciente assentado, e do 
quadril e do joelho, com o paciente 
35PROPEDÊUTICA DO IDOSO
deitado, possibilita a melhor avalia-
ção da rigidez apendicular. 
• Paratonia (gegenhalten): é um 
achado frequente nos portadores 
de demência avançada e sugere 
disfunção dos lobos frontais bila-
teralmente. Ao exame, verifica-se 
aumento da resistência de maneira 
progressiva e irregular a qualquer 
movimento que se faça. A hiper-
tonia, nesse caso, é proporcional à 
força empregada e aumenta quan-
do se pede ao paciente que relaxe.
Exame da força muscular
A força muscular deve ser testada 
comparando o lado esquerdo com o 
direito, os membros superiores com 
os inferiores e os grupos proximais 
com os distais. A graduação da força 
pode ser feita de maneira numérica.
GRAU DESCRIÇÃO
5 Força normal
4 Vence com dificuldade a resistência
3
Move contra a gravidade, mas não contra a 
resistência
2 Não se move contra a gravidade
1 Contração muscular, sem movimento articular
0 Ausência de contração
Tabela 3. Graduação da força. Fonte: Tratado de geria-
tria e gerontologia, 4 ed, 2018
Movimentos anormais
Os distúrbios de movimento podem, 
grosso modo, ser divididos em bradi-
cinéticos (alentecimento do início e da 
execução dos movimentos) ou hiper-
cinéticos. Praticamente todos os dis-
túrbios de movimento podem ocorrer 
após infartos cerebrais em regiões 
como núcleos da base e tálamo, in-
cluindo hemicoreia, hemidistonia, tre-
mor e hemiparkinsonismo.
MOVIMENTO 
HIPERCINÉTICO
DESCRIÇÃO CAUSAS
Coreia
Movimentos involuntários, rápidos, não 
sustentados, abruptos e aleatórios
Doença de Huntington
Infartos de núcleos da base
Mioclonia
Contrações musculares curtas, abruptas, 
como um choque
Doença de Alzheimer (fases mais avançadas)
Demência por corpos de Lewy 
Doença de Creutzfeldt-Jakob
Distonia
Movimentos dolorosos de torção, repetiti-
vos e sustentados, com duração variável
Uso de antipsicóticos metoclopramida, levo-
dopa e anticonvulsivantes
Degeneração corticobasal
Hipoparatireoidismo
Doença cerebrovascular
Discinesia tardia
Movimentos estereotipados de língua, 
lábios ou mandíbula (mastigação, beijo, 
protrusão da língua, entre outros)
Uso de antipsicóticos ou levodopa 
Edentulismo
Acatisia Compulsão para levantar e caminhar
Doença de Parkinson
Efeito colateral de antipsicóticos
Tabela 4. Distúrbios de movimento mais representativos nos idosos. Fonte: Tratado de geriatria e gerontologia, 4 ed, 2018
36PROPEDÊUTICA DO IDOSO
funcional: o tempo abaixo de 20 se-
gundos é considerado normal e aci-
ma de 30 segundos é indicativo de 
risco aumentado para quedas e de-
pendência funcional.
• Tempo de suporte unipodal: mede 
a capacidade do indivíduo para se 
manter de pé com um único mem-
bro inferior apoiado. Para os idosos, 
o tempo considerado normal é de 
5 segundos, com os olhos aber-
tos. Os indivíduos que não conse-
guem se sustentar por esse tempo 
têm risco aumentado de quedas e 
dependência funcional. Entretanto, 
com o passar dos anos, é espera-
da uma redução do tempo em que 
a pessoa se sustenta com um único 
membro inferior, chegando a pra-
ticamente zero naqueles acima de 
85 anos. Pode-se complementar o 
exame solicitando ao paciente que 
caminhe sobre os calcanhares, com 
as pontas dos pés ou com um pé na 
frente do outro (marcha tandem).
Exame da marcha e do equilíbrio
Deve-se observar o paciente ido-
so ao caminhar. Esta é uma parte 
fundamental do exame neurológi-
co, uma vez que o exame da marcha 
pode revelar problemas da visão, da 
sensibilidade, da motricidade, ves-
tibulares, cerebelares, cognitivos e 
musculoesqueléticos.
Alguns testes simples podem ser re-
alizados para avaliação da marcha:
• Pede-se que o indivíduo se levan-
te de uma cadeira sem braços, ca-
minhe por 3 metros, dê meia-volta, 
retorne e se sente novamente na 
cadeira. Avalia-se capacidade para 
se levantar, equilíbrio, postura, base 
da marcha (larga ou curta), ignição 
da marcha (se há hesitação ou con-
gelamento), velocidade, tamanho 
do passo, continuidade, simetria, 
balanço do tronco e dos membros, 
movimentos involuntários e habili-
dade para retornar. A cronometra-
gem do teste é particularmente útil 
como preditora de independência 
37PROPEDÊUTICA DO IDOSO
TIPO DE 
MARCHA PRINCIPAIS CAUSAS
Andar 
cauteloso
Base alargada, passos curtos, velocidade lenta
Retorno em bloco
Perda do balanço dos membros superiores
Sensação de desequilíbrio
Causas mais frequentes: envelhecimento, várias doenças neurológicas, artropatias, vestibulopa-tias, medo de cair
Marcha 
hemiparética
Circundação do membro inferior, que se encontra espástico, com joelho estendido e pé caído 
(“marcha ceifante”)
Membro superior, em geral, abduzido, com flexão do cotovelo, do punho e das mãos
Causas mais frequentes: infartos cerebrais, trauma e lesões expansivas intracranianas
Marcha das 
mielopatias 
cervicais
Membros inferiores espásticos, estendidos bilateralmente, com ataxia
Tendência à circundação bilateral, com adução das coxas e cruzamento dos membros (“marcha 
em tesoura”)
Flexão plantar dos pés, que se arrasta da sua porção anterior
Causas mais frequentes: espondilose cervical, neoplasias, degeneração subaguda combinada da 
medula e doença do neurônio motor
Ataxia 
cerebelar
Base larga, passos pequenos, irregulares, instáveis (“marcha do ébrio”)
Cambaleante, com guinadas e sem direção reta
Marcha tandem bastante comprometida ou impossível
Causas mais frequentes: alcoolismo crônico, atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranucle-
ar progressiva e infartos cerebelares
Marcha 
festinante
Passos curtos, lentos, flexão do tronco para a frente, ausência de movimentação dos braços
Festinação (início lento do movimento, com aceleração rápida dos pés)
Tremor de repouso evidente
Causas mais frequentes: doença de Parkinson, doença cerebrovascular (múltiplos infartos) e 
hidrocefalia de pressão normal
Marcha do lobo 
frontal
Base larga e passos curtos, com pés grudados no chão (“marcha magnética”)
Equilíbrio, início da marcha e locomoção comprometidos
Interrupções bruscas
Causas mais frequentes: doença de Alzheimer, demência vascular, demência frontotemporal, 
doença de Binswanger e hidrocefalia de pressão normal
Marcha 
anserina
Movimentos laterais do tronco, que se afasta do pé que se levanta
Rotação exagerada da pelve a cada passo
Dificuldade para levantar-se de cadeiras ou subir escadas
Causas mais frequentes: perda da força muscular da cintura coxofemoral (polimialgia reumática, 
polimiosite, osteomalacia, hipo ou hipertireoidismo, neuropatias proximais)
Marcha senso-
rial atáxica
Movimentos bruscos
Olhos fixos no chão
Passos de distância e altura variáveis
Pés batem no chão ou são arrastados
Piora da marcha com olhos fechados
Causas mais frequentes: neuropatias periféricas e lesões dos cornos posteriores da medula
Marcha 
vestibular
Base larga, tropeços e desequilíbrio ao caminhar
Piora do desequilíbrio com os olhos fechados
Desvio da marcha para o lado da lesão
Causas mais frequentes: labirintopatias, ototoxicidade por medicamentos e tumores do ângulo 
pontocerebelar
Tabela 5. Tipos patológicos de marcha na idade avançada e suas principais causas. Fonte: Tratado de geriatria e 
gerontologia, 4 ed, 2018
38PROPEDÊUTICA DO IDOSO
Estabilidade postural
Pode ser avaliada com o teste de Nu-
dge. Com o indivíduo de pé, olhos 
abertos e pés juntos, realiza-se uma 
força leve e constante na região do 
esterno. A interpretação do teste va-
ria de acordo com o número de pas-
sos dados para trás na tentativa de 
compensar o desequilíbrio. Menos de 
dois passos são esperados no teste 
normal. Acima de quatro passos ou se 
ocorrer necessidade de auxílio para 
que o paciente não caia, sugere-se 
grande propensão a quedas. A queda 
em bloco, sem qualquer esforço para 
se equilibrar, denota grave distúrbio 
do equilíbrio, como na paralisia supra-
nuclear progressiva.
Avaliação da sensibilidade
Os testes de sensibilidade no idoso 
são limitados particularmente pela 
cooperação e função cognitiva do 
paciente. Em geral, recomendam-se 
testes simples para a percepção tátil-
-dolorosa. Os sensos de posição e vi-
bração são de pouco significado nes-
ta faixa etária, particularmente nos 
membros inferiores.
Avaliação da propriocepção
Um teste simples da propriocepção é 
quando se pede ao paciente que per-
maneça em ortostatismo, com os pés 
juntos e de olhos fechados. Quando 
há perda do equilíbrio e tendência à 
queda, o sinal de Romberg está pre-
sente, sugerindo neuropatia periférica 
ou mielopatia com comprometimen-
to do corno posterior. Nas doenças 
cerebelares, o distúrbio do equilíbrio 
ocorre tanto com os olhos fechados 
quanto abertos. No entanto, no pa-
ciente idoso, a execução desse teste 
geralmente apresenta dificuldades.
O teste que consiste em movimentar 
o hálux para cima e para baixo, estan-
do o paciente com os olhos fechados, 
deve ser interpretado como no jovem.
Reflexos tendinosos
Alguns aspectos são característicos:
• Hiper-reflexia: sugere lesões do 
trato piramidal, especialmente se 
acompanhada de outros sinais 
piramidais como espasticidade e 
clônus.
• Reflexo aquileu: o reflexo tendino-
so aquileu comumente encontra-
-se abolido na ausência de doen-
ça, particularmente em mulheres.
• Reflexo patelar: pode ser obscure-
cido na presença de osteoartrose 
dos joelhos.
• Reflexos abdominais: com frequ-
ência se apresentam hipoativos ou 
mesmo ausentes em decorrência 
de alterações tróficas da muscula-
tura abdominal.
• Resposta extensora plantar (sinal 
de Babinski): é sempre patológica 
39PROPEDÊUTICA DO IDOSO
no idoso, significando interrupção 
do trato corticoespinal, em qual-
quer parte do seu trajeto do córtex 
motor contralateral à medula espi-
nal lombossacra. Quando anormal, 
observa-se a extensão do hálux, 
podendo haver flexão do joelho e 
do quadril. Este exame pode ser 
prejudicado em paciente portador 
de hálux valgo.
• Reflexos primitivos: são normal-
mente encontrados na infância, 
mas o reaparecimento na idade 
avançada é geralmente indicati-
vo de doença cerebral difusa ir-
reversível, como nos processos 
demenciais.
Avaliação da linguagem
A afasia é a perda total da produção 
(afasia motora ou expressiva) e/ou da 
compreensão (afasia perceptiva, sen-
sorial ou receptiva) da linguagem fa-
lada ou escrita. É causada por lesões 
cerebrais no hemisfério dominante. 
As afasias são classificadas em três 
grupos:
• Afasia sensorial, nominal ou de 
Wernicke: é uma afasia essencial-
mente de compreensão. Resulta 
da incapacidade de entender os 
símbolos verbais, sejam falados ou 
escritos. Como não compreende, 
o paciente responde às perguntas 
de maneira inapropriada. A capa-
cidade de repetir fica prejudicada, 
assim como a leitura e a escrita. A 
lesão está localizada nos hemisfé-
rios parietal e temporal.
• Afasia motora pura: a rigor, é uma 
anartria, isto é, um déficit mera-
mente motor. Na anartria, há total 
incapacidade para articular as pa-
lavras, e o paciente não pode se 
expressar por palavra falada. Pode 
entender o que alguém lhe fala, 
pode ler e escrever; porém, perde 
o controle da musculatura da fona-
ção. Quando mais branda, é cha-
mada de disartria.
• Afasia mista ou de Broca: todas 
as modalidades de linguagem são 
afetadas. O paciente não é capaz 
de articular ou compreender as 
palavras, não podendo ler ou es-
crever. Resulta de lesões do tronco 
do cerebral, cerebelo ou do siste-
ma extrapiramidal.
40PROPEDÊUTICA DO IDOSO
MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO DO PACIENTE IDOSO – EXAME NEUROLÓGICO
Tônus e força muscular
Movimentos anormais
Exame da marcha, do 
equilíbrio e estabilidade postural
Avaliação da sensibilidade
Reflexos tendinosos
Avaliação da linguagem
!
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41PROPEDÊUTICA DO IDOSO
MAPA MENTAL: GERAL
PR
O
PE
D
ÊU
TI
CA
 D
O
 ID
O
SO
Aspectos
Abordagem 
do paciente
Anamnese
Exame 
físico
Manifestações atípicas de doenças
Particularidades terapêuticas
Multimorbidade
Polifarmácia
Condições comuns
Adaptar ambiente
Presença da acompanhantes
Pesquisar todos os sistemas orgânicos
Ênfase em determinados aspectos
Ectoscopia
Sinais 
vitais
Pele
Cabeça
Pescoço
Tórax
Abdome
Exame proctológico 
e urológico
Demência
Delirium
Depressão
Instabilidade e quedas
Incontinência urinária
Estado de 
saúde aparente
Grau de vitalidade
Humor e afeto
Alterações cognitivas
↑ PAS e ↓ PAD
Pesquisar hipotensão ortostática
Aferir FC, FR e temperatura
Medir peso e altura
Pesquisar alterações da coloração
Pesquisar alterações secundárias

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