Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE BÁSICA Fabiana Tramontin Bonho Contabilidade e campo de atuação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que é contabilidade. Reconhecer os principais grupos de usuários da contabilidade. Identificar usos da contabilidade. Introdução A ciência contábil é tão antiga quanto a própria humanidade. Com o desenvolvimento cultural, social e econômico, foi que a contabilidade passou a evoluir e as regras e prática da contabilidade se desenvolveram de acordo com as necessidades e tendências mundiais com o passar dos anos. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de contabilidade e re- conhecer os principais grupos de usuários desta. Ainda, vai aprender a identificar os usos da contabilidade. O que é a contabilidade A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Sua maneira rudimentar de contar já era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o controle do patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o homem da antiguidade já tinha a preocupação com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). Desde os primórdios, o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em que as atividades se tornavam mais com- plexas. Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Nesse contexto, o homem observou que era preciso controlar, administrar e preservar seus bens e que poderia, por meio desse controle, obter e identificar se houve lucros. Foi por meio dessa necessidade que surgiu a contabilidade. Assim, a origem da contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio, como forma de avaliar a riqueza do homem, bem como os acréscimos ou decréscimos de sua riqueza (MARION, 2011). A contabilidade, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é uma ciên- cia social, e não exata, a qual, apesar de se utilizar de registros numéricos e cálculos matemáticos, sua essência não são os números propriamente ditos. Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial, sendo que tudo que fizemos na vida necessitamos de métodos quantitativos (MARION, 2011). Assim, apesar da utilização de ferramentas matemáticas para o desenvolvimento das técnicas contábeis, a contabilidade estuda o comportamento das entidades jurídicas (empresas) ou físicas (pessoas) e suas variações ao longo do tempo, sendo que utiliza também técnicas de administração, finanças e modelos comportamentais. A contabilidade moderna nasceu no Norte da Itália, provavelmente durante os séculos XII e XIV. Ela consolidou-se pelo método desenvolvido pelo frade franciscano, matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em 1494, um tratado sobre contabilidade, no qual sistematizou o método das partidas dobradas, já existente a pelo menos um século e ainda hoje de grande utilidade no meio contábil. A importância da obra do Frei Luca está no reconhecimento do método como ideal para a escrituração, além da sistematização dos conceitos e instrumental contábil para o registro e controle patrimonial. Fonte: Tessari (2010). Contabilidade e campo de atuação2 A contabilidade segundo Franco (2009): [...] é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre a sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial. Ribeiro (2005, p. 2) destaca outros conceitos desenvolvidos sobre a contabilidade: a) É a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica (conceito oficial for- mulado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro, em 1924). b) É o sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (estudo sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras — IPECAFI, e aprovado pelo Instituto Brasileiro de Contadores — IBRACON, 1986). c) É a ciência que estuda, controla ou interpreta os fatos ocorridos no pa- trimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial (FRANCO, 2009). O foco da contabilidade se dá mais especificamente no estudo da evolução patrimonial que uma entidade tem, demonstrando como as alterações realizadas por meio das ações de seus administradores e colaboradores afetam as suas diversas contas patrimoniais e, consequentemente, influenciam as variações no total de patrimônio da entidade. Patrimônio, objeto da Contabilidade, é, conforme Franco (2009): [...] o estudo do patrimônio definido como o conjunto de bens, direitos e obriga- ções pertencentes a uma ou mais pessoas, em seus aspectos estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos, visando desnudá-lo e mostrar-lhe como está sua situação, no intuito de propiciar condições de intervenção no mesmo. 3Contabilidade e campo de atuação Assim, a contabilidade tem sido utilizada como ferramenta para o registro, a interpretação e o estudo dos eventos que modificam o total de bens, direitos e obrigações das sociedades ao longo do tempo. Os principais grupos de usuários da contabilidade O objetivo principal da contabilidade é o de permitir a cada grupo de usu- ários a avaliação da situação econômica e fi nanceira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras (MARION, 2009). Os usuários da contabilidade são aquelas pessoas que utilizam das infor- mações fornecidas pela contabilidade para alguma finalidade. Cada usuário terá um interesse específico nessa utilização, visto que a ciência contábil serve a várias finalidades. Assim, os usuários de contabilidade também são chamados de stakeholders, que significa, em tradução livre, as “partes interessadas”. Para o IBRACON, considera-se um usuário toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar (INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADO- RES, 1992). Nesse sentido, as demonstrações financeiras produzidas por meio da contabilidade podem servir a diversos tipos de usuários, dentre eles vamos citar alguns explicando seu principal objetivo na análise das demonstrações produzidas. Por meio do pronunciamento da estrutura conceitual para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, o comitê de pronunciamentos contábeis — CPC cita entre os usuários das demonstrações contábeis os investidores atuais e potenciais, empregados, governos e suas agências e o público. Esses usuários utilizariam os relatórios contábeis para satisfazer algumas, dentre as diversas, de suas necessidades de informações. Dessa forma é possível destacar que o empresário precisa tomar conhe- cimento da evolução dos bens, dos valores que tem a receber e a pagar, bem como qual o seu lucro, etc. Os empregados precisam saber se a empresa está em condições financeiras de honrar compromissos, pagar os seus salários Contabilidade e campo de atuação4 e garantir seusbenefícios previdenciários e trabalhistas. O governo, por sua vez, precisa saber se os tributos devidos pelas empresas estão sendo pagos em dia, além de ser o responsável por regulamentar as atividades das entidades, bem como utiliza a informação como base para determinar a renda nacional e as estatísticas (MARION, 2011). Os bancos e credores de empréstimos precisam avaliar se essas empresas apresentam capacidade de pagamento para quitarem seus empréstimos, bem como os seus juros, ou se podem ainda liberar créditos com o objetivo de antecipar suas receitas, por exemplo. Além disso, os fornecedores precisam saber se podem vender a prazo, ou seja, se há capacidade de solvência. O cliente da empresa, por fim, precisa saber se esta atende as suas necessidades e cumpre com suas obrigações financeiras, além da saber da sua continuidade operacional (MARION, 2011), e assim por diante. Segundo Franco (2009), pode-se dividir esses usuários em dois grandes grupos, quais sejam os usuários internos e os usuários externos. Os usuá- rios internos são pessoas que trabalham na entidade, tais como diretores, gerentes e administradores, nos diversos níveis. Esses usuários utilizam as informações contábeis para ajudar no processo de decisão. Segundo a autora, um gerente de uma empresa, por exemplo, necessita da informação sobre determinado produto, como se seu atual preço de venda gera um resultado positivo ou negativo, para então decidir pela continuidade ou não da produção. Da mesma forma, uma empresa que tem lojas em diferen- tes cidades pode verificar em qual delas o desempenho é melhor. Assim, quando a contabilidade é utilizada por usuários internos, ela é chamada de contabilidade gerencial. Os usuários externos são aqueles que utilizam as informações sobre a entidade para a tomada de suas decisões em relação a investir ou não em determinada empresa. É possível destacar: acionistas, clientes, fornecedores, bancos, governo, sindicato, etc. Segundo Franco (2009), esses usuários se dife- renciam dos internos por não estarem envolvidos diretamente com a entidade. Em decorrência disso, o nível de informação recebida desses usuários é mais limitado do que o daqueles. Os usuários externos têm acesso à informação preparada pela adminis- tração da entidade, sendo que essa contabilidade é denominada contabilidade financeira. Veja a seguir o Quadro 1. 5Contabilidade e campo de atuação Fonte: Adaptado de Padoveze (2012) Fatores Contabilidade financeira Contabilidade gerencial Usuários Externos Internos Estrutura dos relatórios Formatados Não formatados Relatórios principais Balanço patrimonial, de- monstração do resultado e fluxo de caixa Quaisquer relatórios ne- cessários para a tomada de decisão Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados) Históricos e previstos (esperados) Restrição nas informações Princípios contábeis geralmente aceitos Nenhuma restrição Característica da informação Objetiva e verificável Oportuna relevante Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientação para o futuro Quadro 1. Comparação entre a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial, que devem ser trabalhadas dentro da organização Essas são as estratégias que se contrapõem aos ataques da concorrência. Segundo Marion (2011), embora nem todas as necessidades de informações desses usuários possam ser satisfeitas pelas demonstrações contábeis, há necessidades que são comuns a todos os usuários. Entretanto, o fornecimento de demonstrações contábeis para investidores atenderá a maior parte das necessidades de informações dos demais usuários, isso decorre do fato de que estes contribuem com o capital de risco para a entidade, detendo uma atenção maior dos gestores. Os usos da contabilidade A ciência contábil se ramifi ca em diversos setores de atuação, tornando-se cada vez mais especializada. Conforme o art. 1º da Resolução nº. 1.494 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), de 20 de novembro de 2015, [...] somente poderá exercer a profi ssão contábil, em qualquer modalidade Contabilidade e campo de atuação6 de serviço ou atividade, segundo normas vigentes, o Contador ou o Técnico em Contabilidade registrado em CRC”. (CONSELHO FEDERAL DE CON- TABILIDADE, 2015, documento on-line). A Resolução nº. 560 do CFC, no seu capítulo I, define as atribuições pri- vativas dos contabilistas. O art. 2º dessa Resolução define as condições nas quais os contabilistas podem exercer suas atividades: Art. 2º O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de pro- fissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de função. Essas funções poderão ser as de analista, assessor, assistente, auditor, interno e externo, con- selheiro, consultor, controlador de arrecadação, controller, educador, escritor ou articulista técnico, escriturador contábil ou fiscal, executor subordinado, fiscal de tributos, legislador, organizador, perito, pesquisador, planejador, professor ou conferencista, redator, revisor. [...] (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1983, documento on-line). O papel do contador na sociedade é a cada dia mais relevante. A contabilidade não é somente registrar e controlar fatos administrativos, gerar guias e escriturar livros, pois, ao conhecer profundamente a empresa, o profissional contábil é chamado constantemente a evidenciar o que já aconteceu, mas também orientar qual o melhor caminho seguir, subsidiando as tomadas de decisões. Relacionando o campo de atuação da contabilidade, Marques (2004) sin- tetiza que a contabilidade atua de maneira ampla, porque possui qualidade de metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade. Sua aplicação se dá em entidades com finalidades lucrativas ou não, que tenham necessidade de exercer atividades econômicas para cumprir com seu objetivo social. A atuação da contabilidade sobre o patrimônio das entidades possibilita respostas às necessidades informa- cionais dos sócios ou acionistas das organizações, respondendo-lhes perguntas como: qual a taxa de lucratividade proporcionada ao investimento em ações ou quotas da sociedade? Será que a empresa continuará a oferecer, no médio e longo prazo, perspectivas de rentabilidade e segurança para seu investimento? Existe alguma alternativa mais adequada para seus investimentos? Nesse sentido, a contabilidade torna-se uma atividade vital para qualquer tipo de organização. Sua importância ultrapassa a fronteira dos negócios com fins lucrativos, abarcando, inclusive, organizações sem fins lucrativos 7Contabilidade e campo de atuação e pessoas físicas. Afinal, a economia percorre qualquer relação de troca e o controle efetivo de recursos só pode ser atingido quando se pratica a filosofia contábil que oferece as ferramentas necessárias para o alcance da efetividade. Franco (2009) afirma que a sociedade espera que o profissional contábil conheça muito bem sua área de atuação e todas as técnicas que permeiam a profissão e seja apto a enxergar as diversas interligações da sua área de conhecimento com outras. O estudante que escolheu o curso superior de Ciências Contábeis poderá escolher sua profissão entre várias alternativas. Marion (2009) cita algumas. Contador É o profi ssional que exerce as funções contábeis, com formação superior como Bacharel em Ciências Contábeis. Pode atuar nas mais diversas áreas da contabilidade, como será descrito a seguir. Contabilidade tributária é a área que associa contabilidade com adminis- tração tributária e o próprio direito tributário. Por isso, ela representa muito mais do que a simples contabilização de impostos.Isso porque contempla a aplicação do direito tributário como norma sobre fatos ou atividades e operações das empresas. Conforme Fabretti (2006), a contabilidade tributária é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar, na prática, conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada. Contabilidade fiscal é diferente do planejamento tributário, no sentido de que a contabilidade, como principal foco de fiscalização do fisco, e com a implementação do SPED, prestará a “auditoria on-line” da empresa. Portanto, erros, inconsistências e inexatidões terão que ser eliminados para que haja redução das contingências fiscais. Contabilidade financeira é a contabilidade geral, obrigatória a todas as empresas. Segundo Eldenburg e Wolcott (2007), a contabilidade financeira “[...] é o processo que trata da preparação e do fornecimento das informações financeiras que os tomadores de decisão externos à empresa — como os acionistas e os credores — utilizam com bastante frequência”. Segundo Stair e Reynolds (2011), a contabilidade financeira “[...] consiste em captar e registrar todas as transações que afetam o estado financeiro de uma empresa e, depois, usar essas transações documentadas para preparar declarações financeiras para tomadores de decisões externos, como investi- dores, fornecedores, bancos e agências governamentais”. Contabilidade e campo de atuação8 Contabilidade gerencial, em síntese, é a utilização dos registros e controles contábeis com objetivo de gerir uma entidade. Ela proporciona informações para tomadas de decisões dos gestores, podendo beneficiar clientes (redução de custos e preços), fornecedores (incremento de pedidos e serviços advindo de decisões de expansão), governo (apuração e recolhimento dos tributos devidos), acionistas, sócios e trabalhadores (distribuição de resultados e elevação dos rendimentos advindos da produtividade e rentabilidade) e a sociedade como um todo (manutenção e geração de empregos e renda). Contabilidade de custos é voltada ao cálculo e à interpretação dos custos dos bens fabricados ou comercializados, ou dos serviços prestados pela em- presa. Os custos industriais são detalhados, departamentalizados e computados, permitindo saber o custo unitário de cada produto, o custo total da fábrica, o preço de venda e o ponto de equilíbrio. A emissão de relatórios é feita por produto, por setor, por filiais e por unidades de negócios. Contabilidade pública tem como principal objetivo fornecer aos gestores informações precisas que subsidiem as tomadas de decisões de forma a cumprir aquilo que é estabelecido pela legislação. De acordo com a Resolução do CFC nº. 1.128, de 21 de novembro de 2008 — NBC T 16.1/2008, [...] a contabilidade aplicada ao setor público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os princípios fundamentais de contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. O objetivo da contabilidade aplicada ao setor público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social [...] (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008, documento on-line). De acordo com a visão de Padoveze (2010), a contabilidade gerencial apresenta subdivisões que irão compor o sistema de informações gerenciais. Essas serão apresentadas a seguir. Controle da folha: a folha de pagamento serve à contabilidade gerencial para obter dados referente aos custos de pessoal, para compor a contabilidade de custos e para simulações de evolução por reajustes, por tempo de serviço, acordos de dissídios com sindicatos, modificações no INSS, imposto de renda e outros. 9Contabilidade e campo de atuação Auditor A auditoria é a verifi cação da exatidão dos procedimentos contábeis. Sá (2007, p. 25) defi ne auditoria como: [...] uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. O auditor pode ser tanto independente quanto interno: Auditor independente: é um profissional liberal, que pode ou não estar ligado a uma empresa de auditoria, mas não é empregado da empresa em que está realizando o trabalho de auditoria. Auditor interno: é o auditor que é empregado, ou dependente econômico, da empresa em que faz o exame da contabilidade e cuida dos contratos internos. Controle de estoques: controle unitário dos custos de aquisição ou custo de fabricação dos produtos em estoque. Controle de gastos gerais: divisão e distribuição das despesas ou investimentos por unidade, setor ou departamento, visando a obter a evolução dos gastos por local e geral da empresa. Contas a pagar e contas a receber: as duplicatas a pagar, por compras a prazo, são controladas por data de vencimento, permitindo simulações futuras de de- sembolsos de caixa. As duplicatas a receber, por vendas a prazo, são controladas por volume, valores e prazos, para cobrança bancária ou local, e informam ao caixa sobre futuros ingressos. Sistema orçamentário: as informações passadas e previsões futuras são utilizadas para a orçamentação. O sistema compreende a previsão, o controle e a avaliação. Fluxos de caixa: previsões de ingressos e desembolsos de curto prazo. Análise financeira: a checagem e o feedback servem para obter cálculos comparativos dos resultados alcançados em determinado período, para toda a empresa. Contabilidade e campo de atuação10 Analista financeiro Analisa a situação econômico-fi nanceira da empresa por meio dos relató- rios fornecidos pela contabilidade. A análise pode ter diversos objetivos, entre os quais podem estar: medida de desempenho, concessão de crédito e investimentos. Perito contábil A perícia judicial é solicitada pela justiça, motivada por uma questão judicial. O contador verifi ca a exatidão dos registros contábeis e outros aspectos. No âmbito do CFC, em 1992, por meio da Resolução nº. 731, foi aprovada a primeira norma sobre perícia contábil (NBC.T.13), cuja conceituação foi transcrita em seu item 13.1.1: “A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de laudo sobre questões contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificação”. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1992, documento on-line). Essa norma foi reformulada em 1999, por meio da Resolução nº. 858, passando o conceito de perícia contábil a ter a seguinte redação: A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a sub- sidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1999, documento on-line). Consultor contábil A consultoria não se restringe especifi camente à parte contábil e fi nanceira, mas também à consultoria fi scal (Imposto de Renda, IPI, ICMS e outros), à consultoria na área de informática e exportação, etc. Com base na conceituação de Oliveira (2012, p. 21): [...] consultoria empresarial é um processo interativo de um agente de mu- danças externas à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, ocontrole direto da situação. 11Contabilidade e campo de atuação Professor de contabilidade Pode exercer o magistério de segundo grau ou de faculdade (nesse caso há necessidade de pós-graduação), não somente na área contábil, mas também em cursos de Ciências Econômicas, Administração, Direito, etc. Pesquisador contábil Um campo pouco explorado no Brasil é a investigação científi ca na contabili- dade. Essa é uma oportunidade principalmente àqueles que optam pela carreira universitária e normalmente dedicam-se em período integral à universidade. Cargos públicos Em muitos concursos, como para fi scal de renda, tanto na área federal quanto nas áreas estadual e municipal, tem havido um grande número de contadores aprovados. Cargos administrativos Existem contadores que exercem cargos de assessoria, elevados postos de chefi a, gerência e, até mesmo, diretoria, com relativo sucesso. O contador é um elemento gabaritado para tais cargos, pois, ao exercer sua profi ssão, entra em contato com todos os setores da empresa. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.121/08. Brasília: CFC, 2008. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1121.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.494, de 20 de novembro de 2015. Brasília: CFC, 2015. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/ Res_1494.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 560/83. Brasília: CFC, 1983. Dispo- nível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_560.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018. Contabilidade e campo de atuação12 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 731/92. Brasília: CFC, 1992. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_731.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 858/99. Brasília: CFC, 1999. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_858.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018. ELDENBURG, L. G.; WOLCOTT, S. K. Gestão de custos: como medir, monitorar e motivar o desempenho. Rio de Janeiro: LTC, 2007. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006. FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADORES. Princípios contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1992. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Teoria da contabilidade. Campinas: Alínea, 2011. MARQUES, W. L. Contabilidade gerencial à necessidade das empresas. 2. ed. Paraná: Cidade, 2004. OLIVEIRA, D. P. R. Manual de consultoria empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L. Contabilidade empresarial e societária. Curitiba: IESDE, 2012. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação con- tábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005. SÁ, A. L. Curso de auditoria. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007. STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. TESSARI, O. A. Contabilidade básica. Indaial: Grupo Uniasselvi, 2010. Leitura recomendada OLIVEIRA, A. S. M. Informações: a busca da evidenciação ideal. Caderno de Estudos, São Paulo, v.10, n.19, p.16-22, set./dez. 1998. 13Contabilidade e campo de atuação Conteúdo:
Compartilhar