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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE Olá! Meu nome é Mateus Colabone Neto. Sou bacharel em Ciências Contábeis, graduado pelas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro/SP. Minha especialização é em Gestão Contábil e Tecnologia da Informação, também pela mesma instituição. Desenvolvi nesta especialização um estudo direcionado à formação de Clusters Empresariais, com o qual tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esse tipo de formação de empresas. No momento atuo como professor universitário no Claretiano Faculdade de Rio Claro e também como Tutor a Distância no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: mateusneto@claretiano.edu.br. Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Mateus Colabone Neto Stefan Vasilev Krastanov Antonio Carlos Zambon Batatais Claretiano 2019 FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 657 C641f Colabone Neto, Mateus Fundamentos da contabilidade / Mateus Colabone Neto, Stefan Vasilev Krastanov, Antonio Carlos Zambon – Batatais, SP : Claretiano, 2019. 327 p. ISBN: 978-85-8377-597-3 1. Contabilidade. 2. Patrimônio. 3. Variação Patrimonial. 4. Débito. 5. Crédito. I. Krastanov, Stefan Vasilev. II. Zambon, Antonio Carlos. III. Fundamentos da contabilidade. CDD 657 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Fundamentos da Contabilidade Versão: ago./2019 Formato: 15x21 cm Páginas: 327 páginas SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 16 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 30 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 31 UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 35 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 37 2.1. DOUTRINA CONTÁBIL ............................................................................. 37 2.2. ESCOLA ITALIANA .................................................................................... 39 2.3. ESCOLA NORTE-AMERICANA: LANÇAMENTOS OU RELATÓRIOS? ...... 41 2.4. ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS: O PARADIGMA MECANICISTA E A NECESSIDADE DE GERIR A INFORMAÇÃO A NÍVEL OPERACIONAL ..... 42 2.5. EMPRESAS BRASILEIRAS E SUAS NECESSIDADES FISCAIS ................... 43 2.6. NECESSIDADE DOS SISTEMAS CONTÁBEIS ............................................ 48 2.7. REGIMES TRIBUTÁRIOS ........................................................................... 51 2.8. CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA ..................... 53 2.9. CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTABILISTA .................................................... 55 2.10. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE E SEUS USUÁRIOS ............................. 58 2.11. CONTABILIDADE APLICADA ÀS DIVERSAS NECESSIDADES ADMINISTRATIVAS ................................................................................... 63 2.12. INFORMAÇÃO CONTÁBIL A NÍVEL INTERNACIONAL .......................... 67 2.13. INSTITUTOS INTERNACIONAIS DE PESQUISA EM CONTABILIDADE.. 75 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 78 3.1. TIPOS DE EMPRESAS ............................................................................... 78 3.2. CONTABILIDADE A NÍVEL INTERNACIONAL .......................................... 79 3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL ............................................................ 81 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 82 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 83 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 84 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 84 UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 88 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 89 2.1. TRANSAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS REPRESENTADAS NA CONTABILIDADE ....................................................................................... 90 2.2. MECÂNICA CONTÁBIL ............................................................................. 101 2.3. PLANIFICAÇÃO CONTÁBIL ...................................................................... 105 2.4. CONTAS PATRIMONIAIS .......................................................................... 117 2.5. CONTAS DE RESULTADO .......................................................................... 125 2.6. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL OU MECÂNICA CONTÁBIL ......................... 128 2.7. LIVROS CONTÁBEIS, FISCAIS E SOCIETÁRIOS ........................................ 129 2.8. LANÇAMENTO ......................................................................................... 129 2.9. ERROS DE ESCRITURAÇÃO ...................................................................... 137 2.10. EXERCÍCIO ECONÔMICO ....................................................................... 140 2.11. BALANCETES DE VERIFICAÇÃO ............................................................ 141 2.12. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................................ 143 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 157 3.1. PATRIMÔNIO ............................................................................................158 3.2. MECÂNICA CONTÁBIL ............................................................................. 159 3.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................. 160 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 162 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 163 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 164 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 165 UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 169 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 169 2.1. OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ......................................................... 169 2.2. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA .... 179 2.3. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADORIAS ............ 183 2.4. DEPRECIAÇÃO .......................................................................................... 185 2.5. AMORTIZAÇÃO ........................................................................................ 189 2.6. EXAUSTÃO ................................................................................................ 191 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 193 3.1. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA .... 193 3.2. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADORIAS ............. 195 3.3. DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO ........................................ 196 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 197 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 198 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 198 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 199 UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 204 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 205 2.1. O QUE É ÉTICA? ....................................................................................... 205 2.2. BREVE HISTÓRICO DA ÉTICA .................................................................. 208 2.3. AS TEORIAS ATUANTES NO UNIVERSO DOS VALORES ......................... 241 2.4. ORIGENS DA ÉTICA PROFISSIONAL........................................................ 244 2.5. CONCEITOS PRINCIPAIS: MORAL, ÉTICA E COSTUMES ........................ 248 2.6. PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL ................................. 251 2.7. O UTILITARISMO E O FORMALISMO NA ÉTICA PROFISSIONAL ........... 265 2.8. VIRTUDES UNIVERSAIS DA ÉTICA PROFISSIONAL ................................ 271 2.9. PRINCIPAIS VÍCIOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL ................................... 280 2.10. OS CÓDIGOS DE ÉTICA .......................................................................... 281 2.11. ASPECTOS PRINCIPAIS DA PROFISSÃO CONTÁBIL .............................. 286 2.12. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ....................................................................... 298 2.13. HONORÁRIOS PROFISSIONAIS ............................................................. 306 2.14. INFRAÇÕES E PENALIDADES ................................................................. 307 2.15. CONCORRÊNCIA E ÉTICA PROFISSIONAL ............................................ 316 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 320 3.1. MORAL, ÉTICA E COSTUME .................................................................... 320 3.2. ÉTICA PROFISSIONAL .............................................................................. 321 3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL ............................................................ 322 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 323 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 325 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 325 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 327 9 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Noções básicas de Contabilidade: conceito, origem, finalidade, objeto. Campo de atuação da Contabilidade. Estudo do Patrimônio: Conceito, Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido. Aspectos qualitativos e quantitativos do Patrimônio. Estudo das variações patrimoniais: atos e fatos contábeis, Registro de mutações patrimoniais. Apuração do Resultado. Elenco de contas. Introdução à estrutura conceitual básica. Procedimentos básicos de escrituração: Mecanismos de débito e crédito, lançamentos, Balancete de Verificação, Livros. Operações Mercantis: compras e vendas, devoluções, fretes, seguros, apuração do custo da mercadoria, inventários, receitas, despesas. Ativo Imobilizado e suas variações: depreciação, venda de bens. Conceitos de ética, moral e costumes. Ética profissional. Código de Ética do Contabilista. Bibliografia Básica BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005. FORTES, J. C. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza: Fortes, 2002. IUDÍCIBUS, S. et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 10 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Bibliografia Complementar MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. NALINI, J. R. Ética geral e profissional. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998. SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Palavras-chave –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Contabilidade. Patrimônio. Variação Patrimonial. Débito. Crédito. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– É importante saber ––––––––––––––––––––––––––––––––– Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 11© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Ao iniciar os estudos desta obra é comum que você tenha algumas dúvidas, tais como: No que consiste o ensino da Contabilidade? Qual sua importância no contexto corporativo?É possível entender os mecanismos do mercado e fundamentar decisões administrativas sem o prévio conhecimento da Contabilidade? Pois bem! Essas serão algumas questões a serem respondidas a partir de agora no estudo desta obra. Sabemos que todas as transações econômico-financeiras geradas pelas empresas, devem ser registradas pela Contabilidade. Desse modo, analistas e administradores se valem desse poderoso instrumento de informação gerencial no seu processo decisório. Assim, para um melhor entendimento, estruturamos os conteúdos desta obra em quatro unidades. Na Unidade 1 apresentaremos como se dá o desenvolvimento das empresas, bem como as dificuldades em se manter os registros contábeis num universo corporativo, onde as transações se ampliam em virtude do crescimento das organizações industriais observadas a partir do início do século 20. Isto porque, foi nesse período que a industrialização promoveu um considerável aumento em relação a eventos de transformação patrimonial, o que desencadeou a necessidade de controle sobre esse patrimônio. 12 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Assim, a Contabilidade fixa-se como o principal e mais confiável instrumento de informação e controle, garantindo um processo transparente e consolidado. Por conta disso e para continuar garantindo a confiabilidade de seus métodos, que a carreira de contabilista é regulamentada. É importante você saber, portanto, que a informação contábil antes de chegar até você, passa por uma série de crivos que têm como princípio dar a ela fé pública. Exatamente por isso que devemos encará-la com seriedade, onde quer que ela se faça presente. Na Unidade 2 ampliaremos a discussão sobre a utilização da Contabilidade. A forma ética e transparente com a qual a Contabilidade precisa ser tratada deve ser proporcional à responsabilidade de zelar pela saúde financeira das empresas. Portanto, sem ética, nenhuma profissão pode ser desenvolvida na sua plenitude. Neste sentido, é necessário apresentar um estudo acerca da escrituração contábil, dando subsídios para que entenda como os fatos administrativos são registrados, e como esse registro demonstra, qualitativa e quantitativamente, as mudanças que o patrimônio sofre durante um exercício. Você vai entender a importância do registro, considerando que não apenas os administradores se valem das informações, mas também o fisco ao buscar nos livros de registros, as evidências do cumprimento das obrigações tributárias. 13© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO A mecânica dos lançamentos será apresentada de maneira que você seja capaz de buscar neles, subsídios que suportem suas atividades profissionais. Com isso, entenderá como o patrimônio é representado pela Contabilidade. E mais, verá que ele é formado por bens, direitos e obrigações, o que fica bem claro ao analisar criteriosamente um Plano de Contas. Sabemos que a sistematização dos lançamentos não está livre de erros, e é por isso que verá como eles são tratados pela Contabilidade. Na Unidade 3, tomaremos contato com a metodologia da qual se vale a Contabilidade para reconhecer, organizar, interpretar e registrar informações, pois é a partir desses procedimentos que geramos informações que subsidiam os relatórios utilizados no processo de gestão contábil, fiscal e gerencial. Nessa unidade, a organização empresarial será apresentada por meio de fluxos tratados e convertidos em informação mediante vários processos. Logo, saberemos como as empresas nascem, estruturam- se, ganham potência e transformam-se em empresas sólidas com o passar dos anos. Ou então o contrário, por que muitas não conseguem se consolidar e encerram suas atividades tão rapidamente. Isso pode ser percebido por meio das transações de compra e venda registradas pela Contabilidade. 14 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Os haveres para com o Governo estão representados pela sistemática de apuração e recolhimento de tributos. Além da sistemática de lançamentos, também estudaremos questões básicas vinculadas à atividade mercantil, ou seja, vendas não recebidas, provisões para perdas, controle financeiro dos estoques e perda de valor do investimento em ativos por conta do desgaste dos ativos. Promoveremos uma avaliação mais detalhada do Patrimônio, visando proporcionar condições indispensáveis à interpretação da estrutura e da dinâmica de seus componentes. Conhecendo a estrutura patrimonial, você ganhará mais confiança em tomar decisões administrativas. Os dispositivos de controle mais significativos, básicos e importantes refletem a real competência da Contabilidade em controlar o patrimônio, dando confiança ao gestor para utilizar os valores obtidos em análises estratégicas. Desse modo, apresentaremos os principais relatórios extraídos da Contabilidade, os quais são utilizados pela administração para a tomada de decisão e estratégias. Esses relatórios são utilizados por bancos, agências de fomento mercantil, entre outros grupos de usuários. Por essa razão, é importante estudar e compreender a estrutura desses relatórios, visto que é através deles que a Contabilidade revela a real situação da empresa em termos operacionais, financeiros e fiscais. Não podemos nos esquecer que todo trabalho deve ser executado considerando uma postura ética. 15© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Por conta disso, é que na Unidade 4 veremos os problemas que envolvem a ética e a moral no mundo contemporâneo. A crise de valores que domina por completo o cenário mundial em todos os seus aspectos impõe, cada vez mais, uma revisão e também uma ampla discussão sobre esses temas. Evidentemente, em um mundo globalizado no qual os critérios comportamentais se dissolvem na diversidade social e política, torna-se extremamente difícil a possibilidade de encontrar soluções adequadas, capazes de harmonizar essa diversidade de raças, culturas religiões e modos de conduta. No campo profissional também existe essa crise axiológica. Todavia, por ser um campo limitado, unido por um objetivo comum, é possível, com mais eficiência, solucionar problemas axiológicos que dizem respeito à cultura comportamental no âmbito profissional. Essas normas e, respectivamente, os códigos que as expressam não tomam como referência o que o ser humano é fora do seu trabalho. Portanto, são válidas apenas no âmbito profissional espacial. Em outras palavras, não se trata de ensinar ao homem uma cultura comportamental fora do âmbito profissional, mas apenas dentro dele, onde existem objetivos comuns e fins que a instituição à qual pertence persegue. Nesse sentido, podemos dizer que a Ética Profissional visa, antes de tudo, um acordo entre os membros da instituição sem se importar com o modo como o indivíduo age fora de seu âmbito profissional. 16 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Dessa forma, esta obra pretende oferecer a você os conhecimentos básicos da área contábil, visando dotá-lo de instrumentos para que possa interagir com a gestão empresarial de forma mais eficiente e segura, compreendendo a complexidade das transações mercantis e a influência que exercem sobre o patrimônio. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. 1) Abacus ou Ábaco: “[...] era um contador para registrar o cálculo da aritmética. Foi variando de material, forma e escala convencional, conforme os povos e culturas. A forma preferida pelos romanos, e aperfeiçoada na Idade Média, era a de uma mesa gravada com sulcos ou riscos, onde se colocavam fichas ou contadores com letras de referência” (Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura, Vol. 1, p. 16). 2) Axiologia: doutrina dos valores; literalmente, significa valioso, desejável, estimado.3) Ajustes: acertos que a empresa realiza na apuração do resultado (normalmente, em final de período) para adequar-se ao regime de competência. 4) Alfaia: é uma joia ou adorno de valor. 5) Amortização: corresponde à perda de valor do capital aplicado em Ativos Intangíveis. 17© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 6) Ativo: conjunto de bens e direitos controlados pela empresa. Parte positiva do patrimônio. 7) Ativo Circulante: composto pelo Disponível e por valores que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo. Exemplos: contas a receber e estoques. 8) Ativo Fixo: corresponde, normalmente, ao antigo Ativo Permanente. Bens e Direitos que não são comprados ou vendidos frequentemente. Itens utilizados como meio de produção ou de renda. Atualmente, estão presentes no Ativo Não Circulante. 9) Balancete de Verificação: instrumento contábil levantado periodicamente para examinar a exatidão dos lançamentos contábeis. 10) Balanço Patrimonial: é um dos principais relatórios que indicam a saúde financeira e econômica da empresa em um determinado momento. 11) Balanços Sucessivos: elaboração de um novo balanço para cada nova operação empresarial. 12) Bem: valor positivo da ação humana. Na ética, o bem é a meta suprema da ação humana. 13) Bens: coisas úteis de que dispõe uma pessoa ou uma empresa para atingir seus fins. Os bens dividem-se em: tangíveis, intangíveis, móveis e imóveis. 14) Capital: poupança aplicada nas empresas. Recursos materiais ou financeiros investidos pelos proprietários em suas empresas. 15) Capital a integralizar: capital a ser entregue à empresa na forma de bens ou dinheiro. Capital a receber pela empresa. 18 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 16) Capital de Giro: corresponde ao Ativo Circulante. São os recursos correntes, em movimentação. 17) Capital de terceiros: dívidas exigíveis. Dívidas com diversas pessoas ou entidades. Exemplos: Governo, fornecedores, funcionários, bancos, financeiras. 18) Capital próprio: recursos dos proprietários aplicados na empresa que não podem ser resgatados. São considerados como se fossem da própria empresa. São conhecidos, também, como Patrimônio Líquido. 19) Capital subscrito: capital comprometido pelos proprietários. 20) Ciclo Operacional: decurso de tempo necessário para a empresa realizar uma operação do seu ramo de negócio. 21) Circulante: são os recursos em giro da empresa, aqueles recursos de curto prazo, que a entidade tem a receber ou a pagar. 22) Codificação do Plano de Contas: atribui número aos grupos e às contas do Balanço Patrimonial e DRE, facilitando a Contabilidade mecanizada e eletrônica. 23) Conhecimento a posteriori: conhecimento que se adquire por meio da experiência. 24) Conhecimento a priori: conhecimento que se adquire sem a necessidade de recorrer à experiência. 25) Contas de Resultado: registram as variações patrimoniais e demonstram o resultado do exercício (receitas e despesas). 26) Contas Patrimoniais: representam os elementos ativos e passivos (bens, direitos e obrigações). 19© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 27) Continuidade: refere-se à entidade que está funcionando com prazo indeterminado. Algo em andamento, ou seja, não está em fase de extinção ou liquidação. 28) Contrato Social: contrato que estabelece as regras para uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada. 29) Crédito: lado direito do razonete. São representados todos os lançamentos que serão feitos no lado direito de uma conta. 30) Curto prazo: normalmente, período de até um ano (365 dias). 31) Custo: é todo sacrifício (gasto) relativo a bens ou a serviços que serão utilizados na produção de outros bens ou serviços. 32) Deduções: ajustes à Receita Bruta. As principais deduções são: Impostos sobre Vendas (IPI, ICMS, ISS), contribuições que variam proporcionalmente às vendas (PIS, Cofins), devoluções (vendas canceladas) e abatimentos. 33) Demonstração do Resultado do Exercício: demonstração financeira exigida pela legislação brasileira. Ela indica o resultado (lucro ou prejuízo) do exercício (do ano ou período contábil). 34) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados: evidencia a distribuição do lucro do período somado com saldos de lucros anteriores. Quando há prejuízos sucessivos, esses também são acumulados, surgindo, então, a expressão prejuízos acumulados. 20 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 35) Demonstrações financeiras: relatórios contábeis exigidos por lei e pela legislação do Imposto de Renda. 36) Depreciação: diminuição do valor dos bens do Ativo Imobilizado resultante dos desgastes pelo uso, ação da natureza ou obsolescência, sendo está tudo aquilo que se tornou antiquado, que perdeu a competitividade. 37) Despesa: todo sacrifício (esforço) realizado pela empresa no sentido de obter receita. Pode ser vista, também, como o consumo parcial ou total do ativo, ou seja, um ativo que já não traz benefícios à empresa. 38) Despesas Operacionais: são aquelas necessárias para vender produtos ou serviços, administrar a empresa e financiar as operações. 39) Dever: obrigação interna de agir conforme uma lei moral. 40) Devido do dever: expressão filosófica segundo a qual o devido compreende o conteúdo do dever, aquilo que deve ser realizado. 41) Débito: lado esquerdo do razonete. Todos os lançamentos são feitos no lado esquerdo de uma conta. 42) DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa: mostra as variações no disponível representado pelo caixa e pelos bancos da entidade, sendo exigida para as Cias. Abertas e Grandes Sociedades, o qual mostra o Resultado do Fluxo Financeiro. 43) DFC – Modelos Direto e Indireto: formas diferentes de apresentar a DFC. A primeira é mais simples de ser entendida, mostrando a origem e o uso do dinheiro. A segunda é mais complexa, parte do lucro da DRE 21© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO ajustado e mostra as variações do Capital de Giro que afetam o Caixa. 44) DFC – Modelo Operacional: analisa a apuração do resultado dos negócios. 45) DFC – Modelo Completo: abrange todas as movimentações do Caixa, inclusive de Financiamento e Investimento. 46) Dividendos: distribuição do lucro em dinheiro. 47) Duplicatas a Receber: direito a receber em decorrência de vendas a prazo. 48) Diário: livro ou conjunto de fichas, obrigatório por lei, em que se faz uma descrição sucinta, o histórico de cada operação, evidenciando a data, a conta de débito e de crédito e seu valor em ordem cronológica. 49) Diversos: termo utilizado no Diário quando há mais de um débito ou de um crédito para um mesmo lançamento, com o objetivo de simplificar ou reduzir o número de lançamentos. O termo “diversos” pode significar diferentes contas de débitos ou, com a preposição a precedendo-o, diversas contas de crédito. 50) Economia de Guerra: o ambiente que se caracteriza pela produção exclusiva de itens essenciais ao consumo, como alimentos e armas. Um país em economia de guerra não pode se dar ao luxo de consumir artigos supérfluos. Todo o planejamento econômico gira em torno das necessidades militares do Estado e da população. 51) Empirismo: doutrina filosófica que considera a experiência como a única fonte e critério de conhecimento. 22 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1) Empresas coligadas: quando uma empresa participa com 10% ou mais de outra, tais empresas são denominadas coligadas, ou seja, ligadas entre si. 52) Entidade Contábil: pessoa para quem é mantida a Contabilidade, podendo ser pessoa jurídica ou física. 53) Equação contábil: igualdade dos dois lados do balanço, equilíbrio. Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. 54) Equivalentes de Caixa: são aplicações financeiras realizáveis num prazo curtíssimo, feitas por meio de fundos de liquidez imediata ou títulos com remuneração imediata. Podem ser tratados como Caixa. 55) Escola ContábilAmericana: de acordo com a evolução histórica da Contabilidade, parte dos relatórios contábeis para se chegar aos lançamentos contábeis. 56) Escola Contábil Italiana: metodologia que parte dos lançamentos contábeis para chegar às Demonstrações Financeiras. 57) Escrituração mercantil: escrituração contábil realizada no Diário. Essa expressão é usada pela legislação comercial brasileira que dispõe sobre a forma da adequada escrituração. 58) Estatuto: contrato que estabelece as regras para uma Sociedade Anônima. 59) Ética Profissional: estuda a postura comportamental diante da profissão e de outros profissionais. 60) Ética: estudo filosófico que se ocupa com o estudo do valor da conduta humana. Investiga o sentido que o ser humano imprime à sua conduta para ser verdadeiramente feliz. 23© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 61) Exaustão: corresponde à perda de valor decorrente da exploração de direitos podendo ser recursos materiais, florestais ou bens aplicados nessa exploração. 62) Exercício Financeiro: ano ou período do pagamento. 63) Exercício Social: período social. Período de um ano ao qual se referem as demonstrações financeiras. 64) Exigível a Longo Prazo: são obrigações que vencerão a longo prazo. Exemplos: financiamentos e títulos a pagar. Faz parte do Passivo Não Circulante. 65) Falência: quebra da empresa provocada pela falta de recursos para pagar suas dívidas. Liquidação da empresa. Atualmente, há uma lei para essa finalidade chamada “Lei de Recuperação de Empresas”. 66) Fornecedores: conta em que se registram as obrigações decorrentes de compras a prazo. Esta conta também pode ser denominada Duplicatas a Pagar. 67) ICMS: Imposto sobre circulação de mercadoria e prestação de serviços. 68) Impostos a recolher: impostos a pagar. Na verdade, quem paga é o consumidor, e a empresa apenas canaliza o imposto ao Governo, daí surge a expressão Imposto a Recolher e não a Pagar. 69) Intangível: bens incorpóreos, sem corpo. 70) IPI: Imposto sobre Produto Industrializado. 71) Juros de mora: taxa adicional cobrada daqueles que pagam com atrasos. 72) Justiça: agir conforme os princípios da igualdade. Expressa a vontade de distribuir a cada um aquilo que lhe é merecido. 24 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 73) Lançamentos contábeis: escrituração contábil, registros contábeis. 74) LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real, é um livro fiscal, sendo obrigatório somente para as empresas tributadas pelo imposto de renda na modalidade Lucro Real, conforme previsão contida no Regulamento do Imposto de Renda. 75) Leasing: arrendamento mercantil. Aluguel de bens móveis. A sociedade de leasing concede um bem à empresa, e essa lhe paga um aluguel mensal. 76) Lei Moral: uma lei moral é uma norma que sujeita todas as pessoas em uma determinada cultura, seja ela derivada desta cultura, seja por assimilação de elementos de outra cultura. 77) Liberdade: faculdade de agir sem qualquer coação exterior. 78) Livros auxiliares: livros que detalham a escrituração mercantil. São constituídos de acordo com a quantidade de lançamentos: quanto maior for a repetição de determinados registros, mais interessante é adequá- los a um único livro, o que facilita o controle e a anotação de dados esclarecedores. Os livros auxiliares podem ser do Diário e do Razão. 79) Longo Prazo: normalmente, período superior a um ano. 80) Lucros Acumulados: também chamado de prejuízo acumulado, é a conta de Patrimônio Líquido em que transita o resultado do período, somando-se com os saldos anteriores. Pela Lei nº 11.638/07, é uma conta 25© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO transitória, devendo ter saldo zero no final do exercício social. 81) Lucro Presumido: lucro fiscal tributário, calculado multiplicando-se um percentual sobre as vendas, servindo de base de cálculo de Imposto de Renda e Contribuição Social para algumas empresas permitido pelo Fisco. 82) Lucro Real: lucro fiscal tributário. Lucro que serve de base para cálculo do Imposto de Renda. É calculado no Livro de Apuração do Lucro Real. 83) Maiêutica: método utilizado por Sócrates, por meio do qual se procura induzir o interlocutor a descobrir ideias e verdades por si mesmo, por meio de perguntas e respostas. Trata-se de um método pedagógico que coloca o mestre na posição de mediador e condutor para a aprendizagem dos alunos. 84) Método das partidas dobradas: cada operação contábil dá origem a um lançamento duplo: débito e crédito. Não há, portanto, débito sem crédito. 85) Moral: postura comportamental do indivíduo em uma sociedade; estudo que tende a nortear o agir humano de acordo com o dever e com o bem; conjunto de normas livre e conscientemente aceitas que visam organizar as relações interpessoais na sociedade. 86) Não Circulante: são os recursos de longo prazo, a receber ou a pagar. 87) Notas Explicativas: Também conhecidas como “Notas de Rodapé”, são complementos às Demonstrações Financeiras, incluindo os critérios na avaliação (estoques, depreciação), desdobramento de contas 26 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO ou grupos (permanente, dívidas, ações), eventos subsequentes à data do encerramento do exercício social etc. 88) Obrigações exigíveis: obrigações reclamáveis. No momento em que a dívida vence, sua liquidação é exigida. 89) Obrigações sociais: são dívidas que a empresa contrai. 90) Pater famílias: era o chefe da família, isto é, o seu patriarca. É de referir que também os tutores e outros guardiães tinham de preparar inventários, ter registros exatos de todas as propriedades, rendimentos, investimentos e despesas dos pupilos ou menores a seu cuidado. 91) Padronização dos registros contábeis: uniformização dos nomes das contas a serem movimentadas pela Contabilidade. 92) Parecer de Auditoria: opinião dos auditores externos ou independentes que examinam as Demonstrações Financeiras. Normalmente, essa opinião é destacada na parte inferior, após os destaques das demonstrações. 93) Partidas: lançamento, registro. 94) Partidas de Encerramento: lançamentos das contas de resultados (Receita/Despesa) para apurar contabilmente se a empresa teve lucro ou prejuízo no período. 95) Partidas Simples: processo de lançamento em que apenas se debita sem que haja crédito correspondente ou apenas se credita sem que haja débito correspondente. 27© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 96) Passivo Circulante: compreende obrigações que, normalmente, serão liquidadas a curto prazo. Exemplos: contas a pagar, fornecedores, impostos a recolher, empréstimos. 97) Patrimônio: expressa o conjunto de bens, direitos a receber e obrigações a pagar pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa. 98) Patrimônio Líquido: parte do patrimônio que efetivamente sobra para seu proprietário após somar bens e direitos e subtrair do total as obrigações. Situação líquida. Riqueza líquida. 99) Prazo Fixo: aplicações financeiras por um período fixo, também conhecido como depósito a prazo fixo. 100) Pessoa Física: ser natural, indivíduo considerado como tal a partir do seu nascimento. 101) Pessoa Jurídica: ser abstrato, constituído legalmente por meio de um contrato, formado por duas ou mais pessoas. 102) Plano de Contas: elenco das contas que serão movimentadas pela Contabilidade em virtude das operações realizadas pela empresa. 103) Processos Eletrônicos: utilizam o computador para a elaboração da Contabilidade. 104) Processos Mecânicos: utilizam equipamentos (máquinas) contábeis para a elaboração da Contabilidade (hoje praticamente extinto). 105) Prejuízos Acumulados: conta subtrativa do Patrimônio Líquido. 28 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 106) Razão: livro ou conjunto de fichas em que se registram valores, conta por conta, permitindo o controle individual. 107) Razonete: simboliza uma conta. Representação gráfica em forma de T. 108)Realizável a Longo Prazo: ativos que serão transformados em dinheiro a longo prazo. Exemplos: empréstimos concedidos a coligadas ou controladas, a diretores. 109) Receita: venda de bens ou serviços, ou o resultado positivo dos investimentos realizados pela empresa. A receita aumenta o ativo. 110) Regime de Caixa: regime de Contabilidade em que apenas se considera, para apurar o resultado, a receita recebida e a despesa paga. 111) Regime de Competência: regime de Contabilidade recomendado pela teoria contábil e pela legislação brasileira; nele, para se apurar o resultado do exercício, consideram-se a receita gerada (ganha) no período – mesmo que não tenha sido recebida – e a despesa consumida (utilizada, incorrida) no período – mesmo que não tenha sido paga. 112) Risco do negócio: perigo de perder o dinheiro aplicado. 113) Reservas de Lucros: conforme a Lei nº 11.638/07, art. 182, § 4º, serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da empresa ou companhia. 114) Responsabilidade Solidária: indicará que todos os devedores responderão pelo total da dívida. 29© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 115) Saldos contábeis: diferença entre o total do débito e o total do crédito, denominada saldo. 116) Saldo credor: se o total do crédito é maior que o total do débito, o saldo irá figurar no lado do crédito. 117) Saldo devedor: se o total do débito é maior que o total do crédito, o saldo irá figurar no lado do débito. 118) Sociedade Anônima: empresa que tem o capital dividido em ações, com a responsabilidade de seus acionistas limitada proporcionalmente ao valor de emissão das ações subscritas ou adquiridas. 119) Sociedade Civil: normalmente, é uma empresa prestadora de serviços ou uma empresa sem fins lucrativos. Difere das sociedades comerciais que operam com mercadorias ou produtos. 120) Tangível: bens corpóreos, físicos. 121) Utilitarismo: doutrina que prescreve a ação de acordo com o bem-estar de todos e estima tal ação conforme a máxima: “máximo bem para máximo número de pessoas”. Portanto, o utilitarismo avalia a ação conforme suas consequências e não por si mesmo, como no caso do formalismo. 122) Usuários da Contabilidade: pessoas ou entidades interessadas em conhecer a situação da empresa para a tomada de decisões. Exemplos: administradores, gerentes, Governo, bancos, fornecedores. São chamados, também, de stackeholders. 123) Virtude: perfeição ou excelência da ação humana. 30 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Patrimônio Escrituração Usuários Internos Contabilidade Funcionários Usuários Externos Regulamentação da Atividade Fatos Administrativos Padronização das Informações Demonstrações Contábeis Proprietários Acionista Banco Fornecedor Cliente Governo Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Fundamentos da Contabilidade. 31© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005. Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura. Verbo Enciclopédia Luso Brasil, 1972. 16 p. V. 1 IUDÍCIBUS, S. de et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005. SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998. SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. São Paulo: Bookman, 2000. SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 32 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 33 UNIDADE 1 CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Objetivos • Compreender e inteirar-se da estrutura da Contabilidade no Brasil. • Identificar como a Contabilidade é utilizada pelas modernas organizações quanto ao controle da informação e apoio à decisão. • Compreender os dispositivos de controle da profissão contábil. • Conhecer a atuação dos órgãos regulamentadores da profissão. Conteúdos • Organizações empresariais: o paradigma mecanicista e a necessidade de gerir a informação a nível operacional. • Contabilidade, uma profissão regulamentada. • Informação contábil a nível internacional. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 34 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos apresentados no Glossário e suas relações com o Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de todas as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 3) Leia as informações práticas para facilitar seu estudo. Lembre-se que sua participação pode significar a diferença entre ler conteúdo ou transformar conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes para sua vida profissional. 4) Tenha sempre em mente que nenhuma empresa pode dispensar o uso da Contabilidade. Desde uma microempresa até grandes corporações necessitam dela. 5) Não se esqueça de que conhecer Contabilidade significa poder controlar com eficiência os fluxos operacionais da empresa. 35© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 1. INTRODUÇÃO Para iniciar nossos estudos, faremos uma breve análise histórica da Contabilidade. O estudo desta trajetória possibilitará a você entender como ela surgiu e o quanto se tornou importante na história das organizações. A Contabilidade é um dos conhecimentos mais antigos da humanidade. Com o passar do tempo e com o advento do comércio, o homem, preocupado em elaborar um instrumento que lhe permitisse conhecer, controlar, medir resultados, obter informações sobre produtos mais rentáveis, fixar preços e analisar a evolução de seu patrimônio, passou a criar rudimentos de escrituração. Muitas formas de administração e controle do patrimônio foram elaboradas ao longo dos séculos, até que o Método das Partidas Dobradas mostrou-se o mais adequado, produzindo informações úteis e capazes de atender consideravelmente, usuários interessados em gerir o patrimônio. Com a formação das grandes corporações, a Contabilidade passou a interessar a grupos cada vez maiores de usuários, como por exemplo: acionistas, financiadores, banqueiros, fornecedores, órgãos públicos, empregados, além da sociedade como um todo. A Contabilidade adapta-se ao ambiente no qual opera. Neste sentido, e sabendo que as nações têm histórias, valores e sistemas políticos diferentes, necessitam de padrões distintos quando do seu desenvolvimento econômico. 36 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Assim, a Contabilidade no Brasil, tem seu foco e segue características próprias. Nos Estados Unidos, por exemplo, a informação financeira é dirigida a atender às necessidades dos investidores e credores. Em alguns países, é designada a assegurar que o montante apropriado ao Imposto de Renda seja efetivamente arrecadado pelo governo. É o caso de muitos países sul-americanos, cuja Contabilidade está carregada de elementos exclusivamente de controle fiscal. Em países da Europa Continental e Japão, ela é designada para auxiliar no cumprimento das políticas macroeconômicas. No Brasil,a Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas – seguida pela Lei nº 11.638/07, é quem dá as dimensões de negócios no mercado de capitais e as características de demais sociedades onde o patrimônio é objeto de estudo. Genericamente, podemos afirmar que o patrimônio das empresas é composto por fragmentos denominados “contas”, as quais apresentam em si, características específicas. Com o objetivo de obter Lucro, a empresa envolve-se em diversas atividades mercantis. Essa diversidade de transações faz, direta ou indiretamente, que o patrimônio adquira forma. Para que a Contabilidade seja eficiente em reproduzir as transações e o resultado obtido pelas empresas, é necessário dar atenção ao que conhecemos como Ciclo Operacional. 37© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA O Ciclo Operacional tem início com a produção ou venda de um bem/serviço e estende-se até o efetivo recebimento do recurso financeiro proveniente dessas operações. Os Ciclos determinam a duração do exercício social da empresa, que usualmente é de 12 meses, podendo apresentar Ciclos Operacionais com duração diferente. A Contabilidade deve reproduzir efetivamente as circunstâncias que definem um Ciclo Operacional. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador. 2.1. DOUTRINA CONTÁBIL A Contabilidade é uma ciência milenar cuja tônica é o estudo do patrimônio que, periodicamente, sofre alterações provenientes das mudanças dos processos econômicos e sociais. Dessa forma, dentro das grandes áreas do saber, essa ciência encontra-se posicionada nas Ciências Sociais Aplicadas, assim como a Economia e a Administração. Nascida com os primeiros agrupamentos humanos, a pré- história da Contabilidade vai de 8.000 a.C. até 1.202 d.C., época em que o conhecimento empírico dava forma a rudimentos contábeis, suficientes para que o homem administrasse sua vida. 38 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Entretanto, até mesmo essas práticas rudimentares eram cultivadas pelos povos mais desenvolvidos, como ilustram alguns documentos que tratam de experiências e práticas vividas pelas civilizações suméria, babilônica, egípcia, chinesa e romana. Durante a idade Média (1.202 d.C.), destaca-se particularmente, a obra Leibe Abaci e de Leonardo Fibonacci, onde se evidenciava o início do período de sistematização dos registros mercantis. Já, na idade Moderna (1494), com a publicação da obra Tratatus Particularis de Computis et Scripturis (Tratado Particular de Conta e Escrituração) do frei e matemático Luca Paccioli, observa-se o estudo sobre o Método das Partidas Dobradas, que se tornou um marco na evolução contábil. Na idade Contemporânea (século 18), inicia-se o período científico da Contabilidade. É quando ela deixa de ser mera “arte” para tornar-se “ciência”. A partir daí, surgiram várias escolas da Contabilidade, como a Contista, Controlista, Personalista, Aziendalista, a Patrimonialista e a Neopatrimonalista, cada uma com sua especificidade. O saber contábil divide-se em duas vertentes, sendo, o saber obtido pelo raciocínio investigativo de fatos, e o saber obtido pela experimentação prática que atesta a aplicabilidade da teoria. A doutrina contábil foi desenvolvida pelas escolas acima citadas, sendo conceituada sob vertentes ideológicas. Vejamos: 1) Escola Contista: define a Contabilidade como a ciência das contas, menor fração do Patrimônio. 39© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 2) Escola Controlista: limita a Contabilidade em função do controle das entidades. 3) Escola Personalista: enfatiza a relação jurídica entre as pessoas integrantes da sociedade, como objetivo da Contabilidade. 4) Escola Aziendalista: define a Contabilidade como a ciência da administração da entidade. 5) Escola Patrimonialista: define a Contabilidade como a ciência que estuda o patrimônio. 6) Escola Neopatrimonialista: consiste em uma nova corrente científica que se aplicou no sentido de clas- sificar e reconhecer especialmente as relações lógicas que determinam a essência do fenômeno patrimonial, concentrando-se no estudo da verdadeira influência dos fatores que produzem a transformação da riqueza, por ações internas e externas. A partir do entendimento acerca da doutrina contábil, veremos como se compartam as diversas escolas que fundamentaram e embasaram o desenvolvimento da Ciência Contábil através dos tempos. 2.2. ESCOLA ITALIANA Deve-se a Fábio Besta a mais significativa revolução no estudo contábil, tornando-a respeitável como Ciência. No início do século 20, o grande avanço da teoria da Contabilidade fez com que os problemas contábeis passassem a ser tratados como um conjunto de elementos de natureza prática e teórica, sob uma avaliação notadamente científica, e adotando 40 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA o positivismo clássico, Besta conseguiu nivelar a Contabilidade às outras ciências. O centro dessa corrente filosófica concentra-se na importância dos fatos e da experiência para o progresso do saber, ou seja, o positivismo procura as leis e não as causas dos fenômenos. As teorias desenvolvidas por Fábio Besta tiveram sua origem e desenvolvimento no período que vai do final do século 19 até a II Grande Guerra, sendo perpetuada por Gino Zappa, um dos mais brilhantes alunos de Besta, que incluiu nos estudos da Contabilidade o positivismo crítico. Zappa concluiu que os estudos das atividades econômicas de uma empresa são independentes e representam uma combinação sistêmica e complexa de fatores de produção. Assim, a teoria contábil devia incluir essa ótica de interpretação da interdependência provocada pela abordagem sistêmica, relacionando atos e fatos do passado com os do presente, tentando, de forma determinística, prever o futuro. Os pontos característicos da abordagem de Zappa são: • Tentativa de integrar em uma única disciplina todos os conhecimentos da vida econômica da entidade. • Desenvolvimento de uma teoria para a Contabilidade a partir do resultado, sendo que este representa o produto algébrico dos custos e proveitos (receitas) resultantes das operações da entidade. O Brasil, originalmente, recebeu grande influência dessa escola, justamente pela coincidência da promulgação do Código Comercial Brasileiro em 1850, e também, pelo início 41© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA do desenvolvimento da Escola Italiana, em razão da criação da primeira cátedra de Contabilidade na Itália na cidade de Pavia. 2.3. ESCOLA NORTE-AMERICANA: LANÇAMENTOS OU RELA- TÓRIOS? O desenvolvimento da Escola Norte-americana de Contabilidade reporta-se à qualificação da informação contábil com o objetivo final da tomada de decisão. Em contrapartida, a Escola Italiana prima pelo estudo e pela explicação matemática dos fenômenos patrimoniais, da mensuração de custos, de gestão financeira e controle orçamentário que são, notadamente, muito mais importantes para a gestão organizacional, ditando as diretrizes do pensamento desta escola. A primeira fase do desenvolvimento do pensamento da escola norte-americana tem o período de 1887 a 1905, e coincide com o aumento da demanda por serviços contábeis, ocasionada pela expansão das empresas do setor financeiro e ferroviário. Dominada desde o início por associações de classe, essa escola desenvolveu inúmeros órgãos capacitadores e regulamentadores, dando origem aos princípios contábeis que norteiam o trabalho contábil em boa parte do mundo. A Contabilidade Gerencial e aControladoria são expressões máximas do pensamento desta escola, e originaram- se do crescimento dos negócios ocasionados pelo processo expansionista das grandes linhas produtivas, particularmente no pós-guerra, quando os administradores demandavam melhores níveis de controle de processos financeiros e fabris. 42 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Um dos grandes nomes que contribuíram para o pensamento desta escola contábil foi Charles Ezra Sprague. Sprague defendeu, a proposta de uma nova classificação para as contas contábeis, que eram divididas em pessoais e impessoais. Com sua proposta, as contas passariam a ser divididas em dois grupos: um que incluiria os ativos e passivos e outro que incluiria as contas de capital e de lucro ou prejuízo, dando origem à equação de igualdade, utilizada até hoje: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido 2.4. ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS: O PARADIGMA MECANI- CISTA E A NECESSIDADE DE GERIR A INFORMAÇÃO A NÍVEL OPERACIONAL A quebra de um paradigma provoca uma ação destruidora e profunda no ser humano. A sociedade moderna sofreu uma revolução quando foi exposta ao Mercantilismo e, novamente, quando incorporou a Revolução Industrial e a produção em massa. Em menos de 200 anos, o homem foi forçado a se adaptar a inúmeras modificações sociais antes inacessíveis. Para melhor compreender as principais características das organizações empresarias ao longo do tempo, dividiremos o seu desenvolvimento em três fases: • Fase 1: Sociedade Comercial – capital, terra e trabalho eram os responsáveis pelo crescimento das organizações nesta fase. 43© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA • Fase 2: Sociedade Industrial – a capacitação tecnológica que proporcionou a alavancagem das primeiras indústrias, o desenvolvimento científico proporcionado ainda pela utilização do capital, da terra e do trabalho, foram os responsáveis pelo crescimento das organizações nesta fase. • Fase 3: Sociedade do Conhecimento – o capital intelectual é o grande fator responsável pela alavancagem das organizações nesta fase. O uso das máquinas transformou radicalmente a natureza da atividade produtiva, deixando sua marca nos costumes sociais através do último século. A velocidade e intensidade com que algumas situações se apresentam é de causar espanto. Quem poderia afirmar com segurança que em tão pouco tempo o sistema bancário seria totalmente informatizado? Quem poderia admitir há alguns anos, que um computador poderia ser levado no bolso? Vale a pena refletir! 2.5. EMPRESAS BRASILEIRAS E SUAS NECESSIDADES FISCAIS De maneira bem simples, dizemos que as empresas são organizadas basicamente sob duas formas. A empresa individual, sendo aquela que possui um único proprietário ou as sociedades, que de modo geral possuem dois ou mais proprietários. 44 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Nossos estudos estão fundamentados nas normas atualmente vigentes sendo estas, estabelecidas pelo Código Comercial e pela Lei das Sociedades Anônimas. Empresário É aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Não se considera empresário, todavia, quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. É obrigatório ao empresário inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Podem exercer atividades de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Empresa Individual e Sociedade De acordo com conceitos gerais acerca do tema, o Código Civil, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, estabelece que: 1) Celebram contrato de sociedade as pessoas que re- ciprocamente obrigam-se a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados, observando-se que a atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. 45© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 2) Salvas as exceções expressas, considera-se empre- sária, a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e simples, as demais. 3) Independentemente de seu objeto, considera- -se empresária a sociedade por ações; e simples, a cooperativa. 4) A sociedade empresária deve constituir-se, segun- do um dos tipos regulados no Código Civil, conforme apresenta-se a seguir: Sociedade Limitada A Sociedade Limitada é constituída por um ou mais sócios e seu contrato social deve ser registrado na Junta Comercial do Estado de atuação. Ela é uma das mais comuns no país. A responsabilidade do sócio é limitada, ou seja, ele só responde pelo quanto investiu, sendo sua participação limitada a isso. Portanto, caso a sociedade contraia dívidas, o patrimônio dos sócios não deve ser atingido, respondendo apenas pelo capital social investido. A administração da sociedade pode ser feita por terceiros, isto é, por alguma pessoa que não precisa ser sócia da empresa, mas é escolhida pela maioria dos sócios (ou pode ser feita por um grupo de pessoas, se previsto dessa forma em contrato social). 46 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Sociedade Anônima Também comum no Brasil, a Sociedade Anônima é tradicionalmente indicada para empresas maiores e mais complexas. Nessa sociedade, o capital não está relacionado aos sócios, mas sim às ações, devendo esse tipo de sociedade ter no mínimo 7 acionistas. A responsabilidade do acionista será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. O documento básico que regula a Sociedade Anônima é o estatuto. Nele estão previstos os direitos e obrigações dos acionistas. O Capital Social pode ser classificado como aberto, quando as ações são negociadas na Bolsa de Valores, ou como fechado, quando não há oferta para negociação. Sociedade em Nome Coletivo Na Sociedade em Nome Coletivo, os sócios respondem de forma igualitária entre si. Porém, é possível limitar essa responsabilidade quando da elaboração do Contrato Social. Também não pode haver denominação social, isto é, um nome empresarial abstrato, pois deve constar o nome dos sócios ou suas iniciais, seguido pela expressão “& Cia” ou Companhia. Somente os sócios podem ser os administradores da empresa. 47© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Sociedade em Comandita Simples Na Sociedade em Comandita Simples, os sócios são divididos em duas categorias, os Comanditados (pessoas físicas responsáveis pelas obrigações fiscais e financeiras) e os Comanditários (responsáveis e obrigados somente em relação à sua quota). É considerada um tipo misto de sociedade, pois parte dos sócios tem responsabilidade limitada, enquanto o restante responde integralmente. Por isso, deve constar a discriminação de cada sócio no Contrato Social. Nessa sociedade é necessária a anuência de todos os sócios para a entrada de um novo sócio. Sua administração é feita pelos Comanditados, ou conforme especificado no contrato. Sociedade em Comandita por Ações Assim como na Sociedade Anônima, está comandita terá seu capital dividido em ações. Mas difere porque opera por firma ou denominação, e não em conjunto com seus acionistas. Quem exerce os atos deliberativos e responsabilidades sociais é um diretor nomeado. Pode-se nomear mais de um diretor, desde que isso seja feito no ato de constituição da sociedade. Caso seja necessário destituir um diretor,isso pode ser feito por votação dos acionistas, com representação mínima de 2/3 do capital da Sociedade em Comandita por Ações. 48 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA 2.6. NECESSIDADE DOS SISTEMAS CONTÁBEIS Tanto o empresário quanto a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de Contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados. Escrituração Comercial e Fiscal Obrigatórias A escrituração contábil de uma empresa é, em primeiro lugar, uma exigência da legislação comercial, tendo em vista os interesses societários e creditícios envolvidos na atividade empresarial. A Legislação do Imposto de Renda dispõe que a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no Lucro Real, deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, a qual deve abranger todas as operações realizadas pela empresa, os resultados apurados em atividades no território nacional, bem como os lucros, os rendimentos e os ganhos de capital auferidos no exterior. Livros Contábeis obrigatórios Livro Diário Ele registra todas as movimentações de valores da empresa, mesmo as que não geram alterações nas finanças. O início e o final são marcados por termos de abertura e encerramento assinados e que devem levar a autenticação da Junta Comercial. 49© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Neles são colocados os dados empresariais e o período compreendido pelo livro. Os registros são elencados em ordem cronológica e de lançamento, do primeiro ao último dia de cada ano, mostrados em partidas dobradas, como lançados, com data, valor e breve histórico escrito. E é exatamente esta a sua função: documentar toda a movimentação da escrituração em débito e crédito. Livro Razão Apesar de ser um dos livros obrigatórios, não são exigidos termos para abri-lo e encerrá-lo, nem que seja autenticado na Junta Comercial. O Livro Razão controla os saldos de contas registradas no diário de forma individualizada, resumindo-as e revelando o fechamento correto, dados em aberto ou contas a pagar ou receber não honradas. Mesmo abrangendo também os lançamentos do grupo de resultados, o foco são as contas que afetam o resultado do patrimônio. Livros Fiscais obrigatórios Registro de Entradas Livro destinado à escrituração dos documentos ficais atinentes às entradas de bens, mercadorias e serviços pelas empresas contribuintes do ICMS. 50 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Registro de Saídas Livro destinado à escrituração da saída de mercadorias do estabelecimento. Registro de Impressão de Documentos Fiscais Escrituração para registro de todos os documentos fiscais impressos pela empresa. Registro de Inventário Livro destinado para o registro das mercadorias em estoque quando da realização do levantamento da empresa. Registro de Apuração de ICMS Destinado ao registro dos valores contábeis e fiscais, nas operações de entrada e saída, relativo ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços. Registro de Apuração de IPI Destinado ao registro dos valores contábeis e fiscais, nas operações de entrada e saída, relativo ao Imposto sobre Produtos Industrializados. Livro de Movimentação de Combustíveis Destinado especificamente aos postos de combustível. É o livro que registra a entra e saída dos combustíveis comercializados no posto. 51© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Também é utilizado para o controle de arrecadação do ICMS. Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) Livro obrigatório para as empresas optantes pelo Lucro Real, sendo utilizado para registrar o lucro da empresa. 2.7. REGIMES TRIBUTÁRIOS As empresas brasileiras têm, garantida por lei, a possibilidade de estruturar suas atividades da maneira que julgarem mais adequada para reduzir os gastos com impostos. Entre as medidas legais que podem ser adotadas está a escolha do Regime Tributário (procedimento que acontece anualmente e com o qual é possível apurar e recolher impostos de maneira mais eficiente). Simples Nacional O regime do Simples Nacional foi desenvolvido especialmente para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Portanto, para aderir a essa opção é preciso observar os limites de faturamento. Essa limitação é justificável, pois a intenção da legislação foi facilitar a sobrevivência desses pequenos negócios, fomentando a sua abertura e funcionamento. Mas qual a vantagem real desse Regime? 52 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA De maneira resumida, quem opta pelo Simples Nacional faz o recolhimento de vários tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e INSS) por meio de um recolhimento único. Assim, todos esses tributos são pagos de maneira unificada e com alíquota diferenciada. É importante ressaltar que a simplicidade com que esses tributos são recolhidos e a redução nas alíquotas são grandes incentivos e facilitam a gestão tributária desses negócios, dando a eles condições de crescer e disputar mercado com as grandes empresas. Lucro Real É um Regime de Tributação que segue uma lógica bem diferente do Simples Nacional. Ele é utilizado em grande parte, por multinacionais e empresas de grande porte, sendo que a sua tributação é calculada conforme o Lucro Líquido obtido durante o ano. Frisa-se que todas as empresas que atuam no mercado financeiro e possuam lucros e rendimentos no exterior devem aderir a esse Regime. Por ter a tributação calculada com base em seu Lucro Real, esse é o Regime mais complexo dos três e traz inúmeras responsabilidades aos gestores e administradores das empresas. É preciso ter um controle muito eficiente das finanças, já que erros e fraudes podem acarretar multas e juros que prejudicam o negócio. Assim, a tributação nesses casos fica em torno de 34% do lucro obtido pela empresa. 53© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Um detalhe interessante desse modelo é que, caso a empresa feche o ano com prejuízo, não há tributação nesse período. O prejuízo será utilizado como crédito para compensar nos próximos exercícios. Lucro Presumido A tributação não é calculada tendo como referência o Lucro verdadeiro da empresa, mas um lucro presumido que varia conforme a atividade desenvolvida ela empresa. Podem aderir a esse Regime, todas as empresas que não são obrigadas a contribuir com base no Lucro Real, ou seja, aquelas cujo faturamento anual tenha sido igual ou inferior ao mínimo definido por lei. As alíquotas aplicadas nesse Regime são as mesmas utilizadas no Regime de Lucro Real. É essencial que, antes de optar pelo Lucro Presumido, a empresa avalie, dentre outros aspectos, a sua lucratividade porque, se o percentual de lucratividade for superior ao do Lucro Real, talvez essa escolha não seja tão interessante. Fica a dica! 2.8. CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Apresentaremos nesse item as normas de conduta que regulamentam a profissão do Contabilista. 54 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi instituído por um Decreto-Lei e é uma Autarquia Especial de Caráter Corporativista sem vínculo com a Administração Pública Federal. Sua estrutura, organização e funcionamento estão definidos através do mesmo Decreto-Lei e normatizado pela Resolução CFC nº 960/03 que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. O CFC tem por finalidade, nos termos da legislação em vigor: • Orientar, normatizar e fiscalizar o exercícioda profissão contábil por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional nos Estados e no Distrito Federal. • Representar os CRCs e sob a forma de Conselho Especial de Tomada de Contas, examinar e julgar as contas do CFC, organizadas e prestadas por seu Presidente. O bacharel em Ciências Contábeis tem sua profissão devidamente regulamentada e suas atribuições definidas por uma Resolução do Conselho Federal de Contabilidade. O perfil do profissional contabilista divide-se em duas vertentes básicas, ou seja, duas categorias profissionais distintas: • Técnico em Contabilidade: trata-se do profissional de nível médio, formado com foco centrado na Contabilidade tecnicista, cuja ênfase é a interpretação dos atos e fatos administrativos e seu registro em livros específicos, com posterior elaboração dos respectivos demonstrativos. 55© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Não é concedido ao técnico em Contabilidade, formado após 2003, o direito de assinar balanços, ou seja, assumir a responsabilidade técnica pela Contabilidade de empresas. Entretanto, esse técnico é de extrema importância no auxílio direto ao Contador, que demanda os serviços técnicos desse profissional em praticamente todas as áreas administrativas, inclusive de administração da produção. • Contador: trata-se do profissional de nível superior formado em Ciências Contábeis (Bacharelado) e detentor de registro no Conselho Regional de Contabilidade. Esse profissional responsabiliza-se tecnicamente pelos relatórios contábeis expedidos pelas organizações. Além disso, está habilitado a prestar serviços de auditoria e perícia contábil. Entretanto, esses direitos são concedidos apenas aos contadores portadores do registro profissional concedido pelo Conselho Regional de Contabilidade do seu estado. É importante salientar que a obrigatoriedade em seguir as etapas no aprendizado da Contabilidade auxilia o aluno quando da absorção do conhecimento necessário ao bom andamento dos nossos estudos, uma vez que, sem seguir essas etapas, é impossível desenvolver a ciência contábil em sua plenitude. 2.9. CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTABILISTA O Código de Ética do Contabilista, como fonte orientadora da conduta dos profissionais da classe contábil brasileira, tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os profissionais 56 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA da Contabilidade, sobretudo no exercício das suas atividades e prerrogativas profissionais estabelecidas na legislação vigente. O Código de Ética, assim entendido, deve fixar as normas de conduta que norteiam o exercício profissional do contabilista. Essas normas de conduta expressam-se em deveres e em obrigações. Deveres para com os colegas e para com a classe. O art. 9º do código não deixa dúvida a respeito: A conduta do contabilista com relação aos colegas deve ser pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da classe. Temos de ressaltar que o Código de Ética do Contabilista se configura a partir dos seguintes pressupostos básicos: responsabilidade social, fidelidade com os clientes e responsabilidade profissional. Para tanto, cada profissional da área, além de possuir capacidades teóricas e práticas necessárias para a execução da profissão, deve desenvolver uma consciência ética. O contabilista precisa acreditar em valores, ter vocação para convivência coletiva e, também, senso crítico e capacidade de reflexão. A formação da consciência ética implica diretamente o comportamento ético manifestado pelas virtudes de honestidade, zelo, sigilo, competência, prudência, imparcialidade, entre outras. Os exercícios de tais virtudes autorregulam a conduta ética dentro dos limites que o código descreve. 57© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA O surto de fraude e corrupção nas grandes empresas impõe, diante dos profissionais contábeis, a necessidade de aprofundar a discussão ética. Existem muitos casos de fraude e corrupção que não foram considerados pelo Código de Ética. Tais casos, inevitavelmente, seguem o mesmo destino, ou seja, fracasso, perda de credibilidade, nome manchado e outros tipos de prejuízos. Uma vez fixado o Código de Ética, o profissional em Contabilidade deve obedecer às suas normas. Caso contrário, ele fere os princípios da conduta ética no âmbito da profissão, o que, por sua vez, o torna sujeito à pena pelo órgão instituído para fiscalizar a conduta profissional. Seria, portanto, de grande valia que os profissionais contábeis agissem de acordo com os princípios éticos que regem a atuação profissional em Contabilidade. São muitas as razões para a recente promoção da ética no pensamento empresarial. Os administradores percebem os altos custos impostos pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina normal, aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda de confiança pública na reputação da empresa. Temos de deixar bem claro que o agir de acordo com os princípios éticos ultrapassa as simples normas de não prejudicar, não enganar, não roubar etc. Tais princípios apresentam um arcabouço de valores fundamentais que regem, na íntegra, a conduta profissional. 58 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Nesse sentido, o contabilista deve desenvolver na sua profissão a consciência ética, capaz de nortear a conduta profissional e atribuir a ela um caráter inquestionável. Somente assim, o sucesso profissional terá importância de mérito pessoal, caso contrário, falhamos. 2.10. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE E SEUS USUÁRIOS A Contabilidade traduz em relatórios todas as transações econômico-financeiras ocorridas na empresa durante um exercício social, ou seja, em um período de 12 meses que, na maioria das empresas, vai de janeiro a dezembro de cada ano. Para tomar uma decisão, os gestores precisam lançar mão do histórico de transações realizadas em um período. Tome-se por exemplo, uma empresa que gastou no período de janeiro a dezembro de 2000 R$ 1.000.000,00 em materiais produzindo 5.000 peças do produto Y e vendendo-as logo após por R$ 1.500.000,00. Caso note-se que no exercício social seguinte, ou seja, em 2001 haja a possibilidade de ampliação de vendas em 10%, torna-se possível orçar o valor de gastos do exercício seguinte conforme informações a seguir, ou seja, R$ 1.000.000,00 + 10% = R$ 1.100.000,00. Dessa forma, arquivando os dados históricos, a Contabilidade, por meio de estratégias quantitativas ou estatísticas, tenta dar indícios de como será o futuro. Por outro lado, se a Contabilidade registra vendas efetivas de 1.000 peças de produto acabado, deve também registrar o recebimento do valor corresponde à venda dessas 1.000 peças. 59© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA Caso o valor recebido referente às vendas, seja diferente da quantidade de peças efetivamente vendidas, significa que houve perda, extravio ou furto, de peças ou dinheiro. Essas duas finalidades da informação contábil respectivamente, planejamento e controle, são de extrema importância para os gestores que as utilizam para tomar decisão e produzir resultados de forma segura. A segurança na produção de resultados positivos que chamamos de lucro é o que interessa aos sócios da empresa. Os sócios são pessoas que introduzem recursos de capital em uma sociedade mercantil. Naturalmente, em um país capitalista, as sociedades mercantis têm como objetivo a acumulação de capital. Nesse caso, se um sócio encaminha recursos para uma empresa, é natural que ele deseje que esses recursos contribuam, a partir das
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