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Gênesis - Estudo Comentado

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Interpretação do 
Monumental Livro 
de Gênesis 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
NOV/2015 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Interpretação do monumental livro de gênesis./ 
 Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 
 446p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Criação. 3. Redenção. 4. Israel. 
 5. Estudo Bíblico. I. Título. 
 
 CDD 222.11 
 
 
 
 
 
 CDD 
230.227 
3 
 
 
Sumário 
 
O Primeiro Dia da Criação (Gênesis 1.1-5).. 6 
O Segundo Dia da Criação (Gênesis 1:6-8). 8 
O Terceiro Dia da Criação (Gênesis 1:9-
13) .................................................................................. 
 
 9 
O Quarto Dia da Criação (Gênesis 1:14-19). 11 
Quinto Dia da Criação (Gênesis 1:20-23).. 14 
O Sexto Dia da Criação (Gênesis 1.24-31).. 16 
O Descanso de Deus Relativo à Criação 
(Gênesis 2.1-3) ......................................................... 
 
22 
Detalhes sobre a Criação do Homem 
(Gênesis 2.4-7) ........................................................ 
 
23 
O Homem no Jardim do Éden (Gênesis 
2.8-17) .......................................................................... 
 
30 
Detalhes sobre a Criação da Mulher 
(Gênesis 2.18-25) ................................................... 
 
39 
A Queda do Homem em Razão do Pecado 
(Gênesis 3.1-7) ......................................................... 
 
47 
Deus Vem ao Encontro do Homem Caído 
(Gênesis 3.8-13) ...................................................... 
 
57 
A Maldição da Serpente (Gênesis 3.14,15). 67 
A Maldição da Mulher (Gênesis 3.16)........ 75 
A Maldição do Homem (Gênesis 3.17-19). 79 
A Promessa da Redenção (Gênesis 3.20-
24) ................................................................................. 
 
82 
A História de Caim (Gênesis 4:1-16)............. 89 
A Família de Caim (Gênesis 4.16-24)........... 97 
 
 
 
 
 
4 
 
O Nascimento de Sete (Gênesis 4.25,26).... 105 
Genealogia de Adão a Noé (Gênesis 5)...... 111 
O Dilúvio (Gênesis 6)........................................... 120 
O Dilúvio (Gênesis 7)............................................ 133 
O fim do dilúvio (Gênesis 8)............................ 138 
Gênesis 9................................................................... 145 
Repovoamento da Terra depois do 
Dilúvio (Gênesis 10)............................................. 
 
154 
Repovoamento da Terra Depois do 
Dilúvio (Gênesis 11).............................................. 
 
161 
A Chamada de Abraão (Gênesis 12)............. 168 
Gênesis 13.................................................................. 178 
Gênesis 14................................................................. 185 
Gênesis 15................................................................. 192 
Gênesis 16................................................................. 201 
Gênesis 17.................................................................. 206 
Gênesis 18................................................................. 213 
Gênesis 19................................................................. 224 
Gênesis 20................................................................ 233 
Gênesis 21.................................................................. 239 
Gênesis 22................................................................. 247 
Gênesis 23................................................................. 256 
Gênesis 24................................................................. 260 
Gênesis 25................................................................. 272 
Gênesis 26................................................................ 280 
Gênesis 27................................................................. 289 
Gênesis 28................................................................. 299 
Gênesis 29................................................................. 304 
Gênesis 30................................................................ 311 
Gênesis 31................................................................. 322 
Gênesis 32................................................................. 329 
Gênesis 33................................................................. 337 
Gênesis 34................................................................. 341 
5 
 
Gênesis 35................................................................. 350 
Gênesis 36................................................................. 356 
Gênesis 37................................................................. 361 
Gênesis 38................................................................. 367 
Gênesis 39................................................................. 372 
Gênesis 40................................................................ 377 
Gênesis 41................................................................. 381 
Gênesis 42................................................................. 389 
Gênesis 43................................................................. 397 
Gênesis 44................................................................ 403 
Gênesis 45................................................................. 408 
Gênesis 46................................................................ 412 
Gênesis 47................................................................. 417 
Gênesis 48................................................................ 423 
Gênesis 49................................................................ 430 
Gênesis 50................................................................ 442 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Gênesis 1 
 
O Primeiro Dia da Criação 
(Gênesis 1.1-5) 
 
“1 No princípio, criou Deus os céus e a terra. 
“2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas 
sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus 
pairava sobre a face das águas. 
3 Disse Deus: haja luz. E houve luz. 
4 Viu Deus que a luz era boa; e fez separação 
entre a luz e as trevas. 
5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi 
a tarde e a manhã, o dia primeiro.” 
 
No princípio Deus criou, no hebraico, bará, que 
significa criar a partir do nada, todo o universo, 
sem nenhuma matéria existente anterior e 
nenhuma energia existente anterior. 
No verso 2 nós temos a afirmação de que a terra 
era sem forma e vazia. 
No hebraico, a palavra para “sem forma” é 
“tohu”, que significa desértico. 
E para vazio a palavra é “bohu”, que 
significa “um vazio sem utilidade”, isto é, algo 
que não pode ser utilizado na forma em que se 
encontra. 
A palavra para abismo, é tehom, indicando as 
profundezas das águas por sobre as quais o 
Espírito Santo pairava no início da criação. 
7 
 
O Espírito estava pronto e preparado para gerar 
todas as coisas que seriam chamadas à 
existência pela palavra de ordem de Deus. 
Vemos no ato de Deus ter feito separação entre 
luz e trevas (v. 4), entre águas e águas (1.6) para 
criar o firmamento no meio das águas que 
estavam envolvendo toda a terra, e a que estava 
acima da terra, o seu poder para separar-nos do 
mundo para Ele, das trevas do pecado para a luz 
de Cristo, e formar no final de tudo, a partir de 
um vazio e de um nada um lindo jardim no nosso 
coração para que o Espírito habite nele 
eternamente; assim, como do vazio da terra fez 
no final um lindo jardim para a habitação do 
homem que criou. 
A citação no verso 4 de que “viu Deus que a luz 
era boa” indica claramente pelaausência da 
mesma citação para as trevas, que onde não haja 
uma ação de Deus criando luz, a condição 
natural é de trevas. 
A bondade incomparável de Deus demanda que 
tudo o que Ele cria, tudo que é fruto da sua ação, 
seja bom. 
É importante lembrar que quando Deus criou a 
luz no primeiro dia o sol não havia sido ainda 
criado, pois somente o seria no quarto dia. 
E já há uma referência a tarde e manhã, sem a 
existência do sol. 
Antes de criar o corpo celeste que iluminaria a 
terra (o sol), e que viria a ser a fonte permanente 
de luz sobre a terra, Deus criou a luz. 
 
 
8 
 
O Segundo Dia da Criação (Gênesis 1:6-8) 
 
“6 E disse Deus: haja um firmamento no meio 
das águas, e haja separação entre águas e águas. 
7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as 
águas que estavam debaixo do firmamento das 
que estavam por cima do firmamento. E assim 
foi. 
8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde 
e a manhã, o dia segundo.” (Gên 1.6-8). 
 
Deus disse no verso 6, que houvesse uma 
expansão (firmamento) no meio das águas, e 
isto significa abrir um espaço entre as águas, 
para formar os céus, e fez isto separando as 
águas das águas. 
E Deus fez a expansão e separação das águas que 
estavam debaixo do firmamento, das águas que 
estavam sobre o firmamento. 
Assim o que é dito aqui é que Deus criou os céus, 
como se conclui no verso 8. 
Não havia nenhum céu envolvendo a terra antes 
do segundo dia. 
Esta é a primeira verdade nesta revelação. Uma 
segunda, é que a água foi o elemento básico na 
criação, pois em II Pe 3. 5, se afirma que a terra 
surgiu da água e através da água pela palavra de 
Deus. 
E realmente a água é o elemento básico 
sustentador da vida do mundo físico. 
A palavra "expansão, ou firmamento" é a palavra 
râqiya, que no hebraico, significa expansão. 
Significa esparramar para fora. 
9 
 
Aqui é dito que o espaço está sendo ampliado. 
Isto pode ser mais do que uma citação à 
atmosfera que envolve a terra, pois pode incluir 
também a ideia da formação do espaço onde 
seriam colocados todos os astros do universo no 
quarto dia da criação, inclusive o sol e a lua. 
Pelo relato bíblico, a terra seria o centro do 
universo, o centro da concentração das 
atenções de Deus, especialmente em razão do 
propósito por Ele fixado de criar o homem para 
habitá-la. 
“Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o 
único Deus, que formou a terra, que a fez e a 
estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas 
para ser habitada: Eu sou o Senhor, e não há 
outro.” (Is 45.18). 
O verso 8 conclui a breve narrativa do segundo 
dia da criação, afirmando que Deus chamou ao 
firmamento que criou de céus. Certamente é 
uma referência ao universo e não ao terceiro 
céu que é a habitação de Deus e dos anjos, dos 
serafins, dos querubins, dos santos que 
partiram para a sua morada celestial. 
 
O Terceiro Dia da Criação (Gênesis 1:9-
13) 
 
“9 E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as 
águas que estão debaixo do céu, e apareça o 
elemento seco. E assim foi. 
10 Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao 
ajuntamento das águas mares. E viu Deus que 
isso era bom. 
10 
 
11 E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que 
deem semente, e árvores frutíferas que, 
segundo as suas espécies, deem fruto que tenha 
em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi. 
12 A terra, pois, produziu relva, ervas que davam 
semente segundo as suas espécies, e árvores 
que davam fruto que tinha em si a sua semente, 
segundo as suas espécies. E viu Deus que isso 
era bom. 
13 E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.” 
 
A terra ainda estava despovoada, inabitável e 
não em sua forma final até o terceiro dia da 
criação. 
Até agora nós tínhamos uma terra informe, 
totalmente envolvida pelas águas. Havia a luz e a 
vastidão de um universo que havia sido criado 
no dia anterior (segundo dia). E nós chegamos 
ao terceiro dia no versículo 9. "Então Deus 
disse:” “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus 
num só lugar, e apareça a porção seca.”. E assim 
se fez. A porção seca chamou Terra, e ao 
ajuntamento das águas, Mares. E então, no 
terceiro dia, Deus começou a amoldar e a povoar 
a terra. 
As águas se moviam enquanto se juntavam ao 
redor dos continentes que estavam sendo 
formados, para dar origem aos mares. 
A expressão “segundo a sua espécie”, no verso 
12, relativa à reprodução, é repetida dez vezes no 
primeiro capítulo de Gênesis. 
A palavra hebraica para "tipo" é “min”, que 
indica a limitação de variação. 
11 
 
Uma planta só pode produzir algo de seu próprio 
tipo. 
Uma árvore só pode produzir algo de seu próprio 
tipo. 
Isto põe por terra qualquer teoria relativa à 
possibilidade de evolução de uma espécie 
inferior para outra espécie superior. 
 
O Quarto Dia da Criação (Gênesis 1:14-19) 
 
“14 E disse Deus: haja luminares no firmamento 
do céu, para fazerem separação entre o dia e a 
noite; sejam eles para sinais e para estações, e 
para dias e anos; 
15 e sirvam de luminares no firmamento do céu, 
para alumiar a terra. E assim foi. 
16 Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o 
luminar maior para governar o dia, e o luminar 
menor para governar a noite; fez também as 
estrelas. 
17 E Deus os pôs no firmamento do céu para 
alumiar a terra, 
18 para governar o dia e a noite, e para fazer 
separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que 
isso era bom. 
19 E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.” 
 
O nosso texto de Gênesis 1:14-19, descreve a 
criação de todos os luminares, os corpos 
estelares que ocupam o espaço infinito ao redor 
de nós. 
12 
 
Nestes versos 14 a 19 do primeiro capítulo é 
afirmado de modo simples e direto que foi Deus 
quem fez todos os corpos celestes. 
Quando A Bíblia diz que Deus fez as estrelas 
juntamente com o sol e a lua, está afirmando 
algo sobre o Seu imenso poder. 
Aquela pequena declaração simples para algo 
tão imenso e complexo, como é o universo, e 
tudo o que ele contém, mostra que não há nada 
maravilhoso demais para aquele que é a 
verdadeira maravilha, o próprio Senhor. 
As estrelas no céu dão testemunho da santidade 
e do poder de Deus. São imensas fogueiras 
queimando no universo, com diversos níveis de 
luminosidade e calor. Elas servem para nos 
trazer à lembrança que o nosso Deus é um fogo 
consumidor (Hb 12.29). 
São bilhões e bilhões de estrelas queimando 
continuamente no universo como vários altares 
acesos para celebrarem a santidade do 
Altíssimo, do nosso amado Senhor. Como não 
seríamos convencidos da necessidade da 
santidade para habitarmos com um Deus que é 
Ele próprio um fogo consumidor e purificador? 
Os raios de luz de todas estas estrelas 
atravessam o universo em todas as direções, por 
causa da forma esférica de todas elas, e a 
velocidade que Deus deu à luz é uma velocidade 
espantosa, muitas vezes maior do que a do som. 
Na verdade, é a maior velocidade que existe no 
universo. A velocidade da luz é de 
aproximadamente 300 mil km/s, e a do som é de 
340 m/s. 
13 
 
Uma outra função para os astros colocados por 
Deus no universo, além de iluminarem e 
fazerem separação entre o dia e a noite, foi a de 
servirem para sinais, para estações, para dias e 
anos (Gên 1.14). 
Assim, com a criação do sol, da lua e das 
estrelas, Deus criaria um dia de 24 horas, que 
inclui um período diurno e outro noturno. 
Cada dia seria marcado por um amanhecer e por 
um anoitecer. 
O verbo usado no verso 14 para “fazerem”, no 
hebraico, é hayvom, que significa “para servir”. 
Deus deu estes corpos luminosos para servirem. 
Para servirem de “sinais”, otth, no hebraico, que 
tem usualmente a conotação normal de um 
sinal para os habitantes da terra. 
E quais foram estes sinais? Eles são descritos no 
texto. Seriam sinais que apontariam as estações, 
os dias e os anos. Então não foi o homem quem 
inventou o calendário. 
Foi o próprio Deus que determinou um meio 
para marcar o tempo do homem na terra. 
As estações seriam ossinais maiores para a 
marcação deste tempo, pelas suas 
características bem distintivas, nos períodos do 
outono, inverno, primavera e verão. 
O sol é um determinador de anos porque leva 
um ano inteiro para a terra completar uma volta 
em torno do sol. Assim são os corpos celestiais 
que nos ditam quando nós devemos trabalhar e 
quando nós devemos descansar, quando nós 
estamos acordados e quando nós dormimos. 
14 
 
Como em todos os dias da criação, a conclusão 
dos atos criativos de Deus é feita com a citação: 
“Houve tarde e manhã”, e na sequência é citado 
o dia respectivo da tarde e manhã que houve 
naquele dia, aqui em Gên 1.19, o quarto dia, em 
que Deus criou todos os astros que existem no 
universo, com exceção da terra, que havia sido 
criada no primeiro dia. É importante ver que até 
mesmo o satélite da terra, que é a lua, foi 
também criada neste quarto dia, lançando-se 
por terra a teoria que afirma que ela teria sido 
formada por desprendimento de materiais que 
saíram da terra. 
 
Quinto Dia da Criação (Gên 1:20-23) 
 
“20 E disse Deus: Produzam as águas cardumes 
de seres viventes; e voem as aves acima da terra 
no firmamento do céu. 
21 Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e 
todos os seres viventes que se arrastavam, os 
quais as águas produziram abundantemente 
segundo as suas espécies; e toda ave que voa, 
segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era 
bom. 
22 Então Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e 
multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e 
multipliquem-se as aves sobre a terra. 
23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.” (Gên 
1.20-23). 
 
Até o quinto dia não havia sido criado um só ser 
do reino animal. Como vimos antes, o reino 
15 
 
vegetal havia sido criado no terceiro dia, e agora, 
no quinto dia, Deus começa a criar tudo do reino 
animal, com exceção dos mamíferos e répteis 
terrestres, incluindo aqui os insetos e outras 
formas de vida, que citaremos na parte relativa 
à criação do sexto dia, dia em que foi criado 
também o homem, como o último ato da criação 
de Deus. 
Quando Deus formou os vegetais no terceiro 
dia, Ele não usou a palavra hebraica nephesh, 
traduzida por “alma”, e a palavra 
raiâh, “vivente”, em Gên 2.7. As árvores são 
seres vivos, mas não estão dotadas desta 
percepção do ambiente em que vivem e nem 
podem se mover como os animais. 
Por isso as mesmas palavras hebraicas citadas 
anteriormente são usadas também em Gên 1.21 
para designar a criação dos “seres viventes” 
(animais) no quinto dia da criação, bem como 
em Gên 1.24 para a criação dos demais animais 
no sexto dia. 
Apesar destes animais demonstrarem que são 
formas de vida inteligente, e dotados, muitos 
deles dos mesmos órgãos que compõem o corpo 
humano, no entanto há uma imensa distinção 
entre o homem e qualquer um deles, porque o 
homem está dotado de um espírito que lhe 
permite comunicar-se com Deus, e adquirir as 
virtudes morais de Deus, e tem várias 
faculdades em seu espírito como a da vontade e 
direção própria. 
16 
 
O homem tem também a capacidade de se auto 
conhecer e tem um destino eterno, em razão de 
ter um espírito. 
O verso 21 começa com “Criou pois Deus”. Estes 
animais são seres criados. E a palavra usada aqui 
no hebraico é bará, a palavra para criar. 
E os criou com a capacidade de se reproduzirem, 
e isto não é algo natural, mas um milagre, a 
demonstração prática da existência do poder de 
Deus, que foi colocado em todos os seres 
fecundos da criação, exatamente para darem 
este testemunho silencioso de que há um 
Criador que planejou todas as coisas e as chama 
à existência pelo Seu poder. 
 
O Sexto Dia da Criação (Gên 1.24-31) 
 
“24 E disse Deus: Produza a terra seres viventes 
segundo as suas espécies: animais domésticos, 
répteis, e animais selvagens segundo as suas 
espécies. E assim foi. 
25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo 
as suas espécies, e os animais domésticos 
segundo as suas espécies, e todos os répteis da 
terra segundo as suas espécies. E viu Deus que 
isso era bom. 
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa 
imagem, conforme a nossa semelhança; 
domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves 
do céu, sobre os animais domésticos, e sobre 
toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta 
sobre a terra. 
17 
 
27 Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à 
imagem de Deus o criou; homem e mulher os 
criou. 
28 Então Deus os abençoou e lhes disse: 
Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e 
sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre 
as aves do céu e sobre todos os animais que se 
arrastam sobre a terra. 
29 Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas 
as ervas que produzem semente, as quais se 
acham sobre a face de toda a terra, bem como 
todas as árvores em que há fruto que dê 
semente; ser-vos-ão para mantimento. 
30 E a todos os animais da terra, a todas as aves 
do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a 
terra, tenho dado todas as ervas verdes como 
mantimento. E assim foi. 
31 E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era 
muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” 
 
Até agora nós estudamos os cinco primeiros 
dias da criação. Os primeiros cinco dias estavam 
realmente equipando a casa na qual o homem 
moraria. O homem é o governante da terra. O 
homem é o pináculo da criação de Deus, criado 
à Sua imagem. Assim, por ser o homem 
diferente de tudo o mais na criação, por ser a 
coroa da criação, a sua casa foi preparada e 
receberia o toque final no sexto dia com a 
criação dos animais que vivem sobre a terra 
seca, antes que o homem fosse finalmente 
criado. 
18 
 
No sexto dia, como já dissemos antes, houve este 
último retoque na criação, antes de ser formado 
o homem. No começo do sexto dia foi necessário 
criar as criaturas da terra que são identificadas 
nos versos 24 e 25 em três categorias: animais 
domésticos, répteis e animais selvagens. Este foi 
o toque final de Deus para preparar a casa na 
qual o homem moraria. 
O homem era o objeto. O homem era o assunto 
principal na criação. Era a criação do homem 
com o propósito remissório que Deus realmente 
tinha em mente. Tudo perecerá no universo. 
Tudo sairá da existência no universo. As estrelas 
cairão, de acordo com o livro de Apocalipse; e o 
sol e a lua acabarão. O universo inteiro será 
enrolado como um rolo de papel. A criação 
inteira derreterá com calor abrasador. E tudo 
sairá de existência. Mas não o homem. 
O homem é pois o personagem principal, e o 
desdobramento completo da criação é um 
teatro no qual a grande saga remissória possa 
ser terminada com Deus buscando uma noiva 
para o Seu Filho, como Deus busca demonstrar 
a Sua graça e misericórdia e compaixão e poder 
de salvação, tanto para os homens, como para os 
anjos. 
Em Gên 1.30 vemos Deus dizendo que os animais 
foram criados para servirem de mantimento 
para o homem. Ora, está implícito aqui que além 
de se alimentar do leite e dos ovos de alguns 
deles, ele também se alimentaria deles. 
Nos versos 26 e 27 lemos: “Também disse Deus: 
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a 
19 
 
nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os 
peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os 
animais domésticos, sobre toda a terra e sobre 
todos os répteis que rastejam pela terra. Criou 
Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de 
Deus o criou; homem e mulher os criou.”. 
Aqui está o ápice da criação que é a razão de tudo 
o mais que foi criado. Não foi o homem que foi 
criado para o boi, mas o boi para o homem. E é 
neste mesmo sentido que Jesus disse aos 
fariseus legalistas que davam mais importância 
ao sábado do que ao homem, que foi o sábado 
que foi criado para o homem, e não o homem 
para o sábado. 
O domínio do homem sobre a criação foi 
declarado e determinado por Deus. 
Quanto à criação do homem há um ponto 
distintivo quanto ao modo usado na palavra de 
ordem divina. Para as demais coisas temos um 
haja, um produza,um povoe, mas aqui temos 
um façamos. Façamos o homem à nossa 
imagem. 
O homem não foi criado para pertencer a si 
mesmo, mas foi dado pelo Pai ao Filho. Como 
lemos em Col 1.16 que tudo foi feito por meio de 
Jesus e para ele. 
Esta vida espiritual do céu não foi recebida pelo 
homem quando se diz em Gên 2.7 que Deus 
formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas 
narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser 
alma vivente, porque o que se diz aqui é uma 
referência ao dom da respiração, o mesmo que 
foi dado aos animais como se depreende de Gên 
20 
 
7.22: “Tudo o que tinha fôlego de vida em suas 
narinas, tudo o que havia em terra seca, 
morreu.”. 
Quem determina a capacidade para receber esta 
vida do céu não é esta referência ao fôlego de 
vida porque os animais também o receberam e 
não têm tal capacidade; mas o que nos dá tal 
capacidade é o fato de termos sido criados à 
imagem conforme a semelhança de Deus. 
Em Gên 1.27 se afirma: “Criou pois o homem à 
sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem 
e mulher os criou.”. A humanidade é composta 
de homens e mulheres. E Deus instituiu o 
casamento conforme está expresso na citação à 
unidade do casal constante de Gên 2.23,24. 
Assim, para o casamento do homem com a 
mulher Deus previu um propósito mais elevado 
do que a simples reprodução, pois o casamento 
serviria de sinal para a união que há entre Cristo 
e a igreja. 
Dentre as coisas reveladas acerca da criação do 
homem, além da responsabilidade que ele 
recebeu de dar nomes a todas as criaturas, foi-
lhe também dada a incumbência de cultivar e 
guardar o jardim do Éden (Gên 2.15). 
Havia um trabalho que lhe foi designado. Não 
havia ainda suor do rosto e canseira porque não 
havia pecado. 
No jardim que Deus plantou para o homem fez 
brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e 
boa para alimento; e também a árvore da vida no 
meio do jardim e a árvore do conhecimento do 
bem e do mal (Gên 2.9). E estas duas árvores 
21 
 
foram destacadas como árvores sem igual, e 
sobre as quais Deus havia determinado 
propósitos e ordens específicas para o homem. 
Depois de ordenar ao homem que cultivasse e 
guardasse o jardim, Deus “lhe deu esta ordem: 
De toda árvore do jardim comerás livremente, 
mas da árvore do conhecimento do bem e do 
mal não comerás, porque no dia em que dela 
comeres, certamente morrerás.” (Gên 2.16,17). 
Isto foi uma advertência. 
Assim a responsabilidade do homem era 
aprender sobre a criação e glorificar a Deus 
pelas suas maravilhas e então classificar e 
moldar a criação de forma que isto fosse em 
todos os sentidos para a honra e glória do 
Criador. Agora se lembre, que não havia 
nenhum temor e não havia morte. 
Apesar de ter sido grandemente afetado pela 
queda ao pecado, e com isto, pela morte, nós 
vivemos ainda num mundo que foi projetado 
por Deus para manifestar a Sua glória. E isto é 
ensinado expressamente em vários lugares da 
Bíblia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Gênesis 2 
 
O Descanso de Deus Relativo à Criação 
(Gên 2.1-3) 
 
“1 Assim foram acabados os céus e a terra, com 
todo o seu exército. 
2 Ora, havendo Deus completado no dia sétimo 
a obra que tinha feito, descansou nesse dia de 
toda a obra que fizera. 
3 Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; 
porque nele descansou de toda a sua obra que 
criara e fizera.” 
 
O sétimo dia é muito importante porque é em 
relação a ele que é usada pela primeira vez a 
palavra "santo" na Escritura. 
A palavra hebraica "kedesh", traduzida 
"santificado" no verso 3, é a palavra "santo". 
A raiz "kedesh", significa ser cortado ou 
separado. E santidade, é portanto, elevação ou 
exaltação sobre o nível habitual. 
Assim o sétimo dia é um dia especial porque foi 
dia separado. 
É um dia cortado dos outros porque seguiu 
imediatamente à conclusão de todas as coisas 
criadas nos seis dias anteriores a ele. 
É um dia exaltado, porque Deus abençoou e 
santificou este dia, isto é, Ele declarou que este 
dia deve ser santo. 
Este dia é um dia especial para Deus, porque a 
partir dele se cumpriu o Seu decreto fixado na 
23 
 
eternidade, e indicava a condição de descanso 
eterno pretendida por Deus para Ele e suas 
criaturas, especialmente o homem que criara. 
O sétimo dia é dia de descanso, não no sentido 
de repor a energia perdida, mas no sentido de 
não trabalhar, de não se ocupar o homem com 
coisas que sejam do seu interesse, mas com as 
que são de Deus, em comunhão com Ele. 
 
Detalhes sobre a Criação do Homem 
(Gên 2.4-7) 
 
“4 Eis as origens dos céus e da terra, quando 
foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez 
a terra e os céus 
5 não havia ainda nenhuma planta do campo na 
terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda 
brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito 
chover sobre a terra, nem havia homem para 
lavrar a terra. 
6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda 
a face da terra. 
7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da 
terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; 
e o homem tornou-se alma vivente.” (Gên 2.4-7). 
 
Esta porção da Escritura é um desdobramento 
da narrativa referente à criação do homem no 
sexto dia, conforme registro de Gên 1.26-30, em 
que se diz que Deus criou o homem à sua 
imagem conforme a sua semelhança para ter 
domínio sobre a terra e tudo o que há na terra. 
24 
 
A partir deste segundo capítulo de Gênesis a 
revelação irá se concentrar no desvendamento 
da história da redenção. 
Gênesis foi escrito por Moisés, a mando de 
Deus, para este propósito. Para revelar a história 
da redenção do homem que se extraviou por 
causa do pecado. 
Tanto é assim, que a narrativa da criação foi 
condensada em poucas palavras, 
comparativamente a tudo o mais que é relatado 
em Gênesis. 
Assim, Gênesis 2.4 é introduzido com uma nota 
explicativa de que a partir dali seria informada a 
gênese dos céus e da terra quando foram 
criados. Ora, a palavra para “gênese” no 
hebraico, é “toledoth”, que significa gerações. 
A primeira geração do gênero humano foi a de 
Adão e Eva, e será a primeira a ser apresentada 
em ordem. 
O livro de Gênesis dará o registro de outras 
gerações, como a genealogia de Caim, de Adão, 
de Sem, filho de Noé etc. 
Por isso Gênesis 2.4, literalmente no hebraico é 
introduzido por: “Estas são as gerações”. 
Os versos 5 e 6 nos apresentam o cenário em que 
o homem foi criado. E no verso 5 é dito o 
seguinte: “Não havia ainda nenhuma planta do 
campo na terra, pois ainda nenhuma erva do 
campo havia brotado; porque o Senhor Deus não 
fizera chover sobre a terra, e também não havia 
homem para lavrar o solo.”. 
O que parece estar sendo dito aqui é que antes 
da criação do homem não havia nenhuma 
25 
 
“planta do campo”, ou “erva do campo” sobre a 
terra, porque não haviam ainda brotado. 
O autor sagrado não estava se referindo às 
condições existentes antes do terceiro dia, 
quando não havia realmente nenhuma planta 
sobre a terra porque o reino vegetal foi formado 
no terceiro dia da criação. 
Ora, mas sabemos que depois do sexto dia havia 
a condição de se cultivar as plantas do campo 
porque o homem havia sido criado. Então a 
condição de não terem brotado ainda foi 
provavelmente por falta da chuva? Foi isto, mais 
muito mais do que isto. Estas plantas ou ervas 
que são cultiváveis e dependentes de se lavrar o 
solo pelo homem, são em sua grande maioria 
dependentes de períodos de chuva intercalados 
com períodos de estiagem. 
Estas plantas agrícolas dependem das condições 
de umidade do solo que lhes são propícias para 
o seu desenvolvimento, e é por isso que são 
cultivadas pelo homem nas épocas mais 
favoráveis conforme o conhecimento que 
adquiriu sobre as exigências de cada tipo de 
cultura. 
Assim, é imprescindível que o solo seja lavrado 
pelo homem para o cultivo de verduras, 
legumes e grãos. 
Mas o homem não necessitava lavrar o solo 
quando estava sem pecado no Éden. 
Isto foi uma das consequênciasda queda no 
pecado, como se vê em Gên 3.23: “O Senhor 
Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, 
a fim de lavrar a terra de que fora tomado.”. 
26 
 
A terra da qual o homem fora formado por Deus 
e que garantiria o suprimento de alimentos para 
ele de forma contínua e espontânea, sem exigir 
cuidados da parte do homem no que tange à sua 
fertilização e manejo, dependeria agora, depois 
do pecado, de que o homem a trabalhasse para 
poder obter o seu alimento. 
A terra como que não se mostraria mais 
completamente favorável ao homem, pois, seria 
como que se recusasse a lhe fornecer o 
necessário para a sua subsistência, e por causa 
da maldição que foi trazida sobre ela, em razão 
do pecado, tudo o que o homem tirasse dela para 
a sua provisão contínua, deveria ser agora, 
resultante do seu próprio esforço, lavrando o 
solo em face das exigências de tais culturas e 
combatendo pragas, doenças e ervas daninhas, 
no trabalho que deveria fazer em relação ao 
manejo do solo e trato das culturas. 
Então, não há dúvida que a produção de safras 
agrícolas seria dependente daquilo que Gênesis 
chama de planta ou erva do campo cuja 
produção exige que a terra seja lavrada pelo 
homem, e isto só passou a acontecer depois da 
queda no pecado, pois se diz em Gênesis 3.17 que 
por causa do pecado a terra foi amaldiçoada e 
por isso a condição inteiramente abençoada que 
ela apresentava anteriormente seria 
conturbada pela maldição, uma vez que o 
sustento que o homem obteria dela durante 
todos os dias de sua vida seria em fadigas, e a 
razão disto é que a terra passaria a produzir 
cardos e abrolhos (ervas daninhas) que são 
27 
 
concorrentes de nutrientes com a erva do 
campo da qual o homem se alimentaria. 
A expressão hebraica para erva do campo em 
Gên 3.18 é a mesma usada em Gên 2.5. Há, 
portanto, uma relação entre a queda e o fato de 
o homem ter que começar a lavrar o solo para 
cultivar as plantas agrícolas, pois estas plantas 
foram criadas por Deus com esta característica 
de serem dependentes de serem cultivadas pelo 
homem, pois de outra forma não podem ser 
produzidas em abundância. 
Em Gên 2.5, a palavra para arbusto (erva), em 
hebraico, é “siach", e a palavra para planta é 
"êseb". É citado planta do campo ou erva do 
campo, porque, como vimos, a referência aqui é 
àqueles vegetais que são cultivados em campos 
agrícolas. 
Isto é um sinal da parte de Deus nem tanto para 
castigar o homem por causa do pecado, mas 
para lembrar-lhe que não está mais num mundo 
perfeito como era antes da queda no pecado. 
De fato não é tarefa fácil a de produzir alimentos, 
porque são inúmeros os inimigos da 
alimentação do homem, e deste modo, são 
também, indiretamente, do próprio homem, 
porque depende destes alimentos para a sua 
subsistência. 
Quando Gên 2.5 fala de planta e erva do campo, 
a referência é principalmente às centenas de 
espécies de leguminosas, verduras e cereais 
apropriados para a alimentação humana e 
também do gado. 
28 
 
Está registrado em Gên 2.5 que não havia tal 
produção agrícola antes da queda porque Deus 
não havia ainda feito chover sobre a terra, e 
porque não havia homem para lavrar o solo. 
Como vimos, a chuva veio como consequência 
da entrada do pecado no mundo, e é 
maravilhoso o fato de que realmente a produção 
dos campos agrícolas é dependente da 
regularidade das chuvas. 
Gên 2.6 diz o seguinte:” Mas uma neblina subia 
da terra e regava toda a superfície do solo.”. Isto 
significa que a condição perfeita para a terra 
seria esta que havia sobre toda a superfície do 
globo. 
Um suprimento perfeito de água subterrânea 
garantido pelo poder de Deus. Observe que a 
referência aqui não é a orvalho, mas a uma 
quantidade adequada de umidade que provinha 
do interior da terra e que regava a superfície. Por 
isso é usada a palavra neblina, mas não no 
sentido de que entendemos esta palavra. 
A ideia do autor sagrado era a de mostrar que 
não havia erosão de solos por águas pluviais, e 
nem a irregularidade da precipitação de chuvas, 
em razão da maldição da terra por causa do 
pecado, mas uma como que cortina suave de 
águas que garantiam a rega adequada da 
superfície do solo. 
No hebraico, a palavra para “neblina” é “ed”, 
que significa uma fonte, e literalmente é “águas 
do fundo”, que afloram à superfície do solo. 
E assim é descrita a criação do homem no verso 
7: “Então formou o Senhor Deus ao homem do 
29 
 
pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de 
vida, e o homem passou a ser alma vivente.”. E 
nós sabemos que Deus criou o homem à sua 
própria imagem conforme é dito em Gên 1.26. E 
aqui se diz como ele fez isto. Ele formou o 
homem do pó. 
Quanto ao corpo do homem que foi formado da 
terra, é fascinante o fato de que muitos dos 
elementos químicos básicos que compõem as 
rochas e os solos, estão também presentes na 
estrutura física do corpo humano, e são 
necessários para alimentar o corpo, mantendo-
o em vida (fósforo, nitrogênio, potássio, cálcio, 
oxigênio, ferro, magnésio, boro, carbono etc). 
Depois de ter formado o corpo do homem do pó 
da terra, Deus lhe soprou nas narinas o fôlego de 
vida e o homem passou a ser alma vivente (Gên 
2.7). 
O fôlego de vida veio de Deus tanto para o 
homem quanto para os animais (Gên 7.21,22). 
Assim Deus assoprou vida literalmente em tudo 
que vive; tudo o que é animado. Respiração é 
"ruah", no hebraico. É a mesma palavra para 
"vento." A mesma palavra para "espírito.". 
Não é esta a palavra usada em Gên 2.7 quando se 
fala em fôlego de vida, e em alma vivente, e 
como já estudamos anteriormente, nós vimos 
que a palavra "nephesh", em hebraico, para 
alma, em Gên 2.7, é tanto usada para se referir à 
vida animada do homem quanto à de todos os 
demais seres vivos, excetuando-se os vegetais. 
Já vimos também que o que identifica o homem 
como diferente de tudo o mais na criação é a 
30 
 
imagem e semelhança com Deus citada em Gên 
1.26. 
 
O Homem no Jardim do Éden 
(Gênesis 2.8-17) 
 
“8 Então plantou o Senhor Deus um jardim, da 
banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem 
que tinha formado. 
9 E o Senhor Deus fez brotar da terra toda 
qualidade de árvores agradáveis à vista e boas 
para comida, bem como a árvore da vida no 
meio do jardim, e a árvore do conhecimento do 
bem e do mal. 
10 E saía um rio do Éden para regar o jardim; e 
dali se dividia e se tornava em quatro braços. 
11 O nome do primeiro é Pisom: este é o que 
rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro; 
12 e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a 
pedra de berilo. 
13 O nome do segundo rio é Giom: este é o que 
rodeia toda a terra de Cuche. 
14 O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que 
corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o 
Eufrates. 
15 Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs 
no jardim do Éden para o lavrar e guardar. 
16 Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: 
De toda árvore do jardim podes comer 
livremente; 
17 mas da árvore do conhecimento do bem e do 
mal, dessa não comerás; porque no dia em que 
dela comeres, certamente morrerás.” 
31 
 
A partir do segundo capítulo, o autor se 
concentra em detalhar a criação do homem. 
Isto porque o propósito da revelação feita por 
Deus não é o de narrar a história de qualquer 
outro assunto, senão a história da redenção do 
homem. 
O propósito é o de narrar a redenção, porque 
quando Moisés começou a registrar a revelação 
escrita conforme lhe fora ordenado por Deus, o 
pecado já estava no mundo há muito tempo, e 
Deus já havia chamado Abraão para começar a 
partir dele, a formação de Israel, e mais do que 
isto, fez promessas específicas ao patriarca 
relativas à salvação de pessoas em todas as 
nações, por meio da união com o seu 
descendente (de Abraão) que é Cristo. 
O assunto é o da redenção do homem que havia 
caído no pecado, e que sujeitou toda a raça 
humana à condenação eterna, porque aquela 
comunhão e conhecimento de Deusque o 
homem tinha no princípio, foi perdido por causa 
do pecado. 
Deus revelou então através de Moisés como foi 
que isto aconteceu, e quais as providências que 
Ele havia tomado para livrar o homem desta 
condição de estar espiritualmente adormecido, 
morto, e impossibilitado, por natureza, de 
conhecer o seu criador. 
Nós vimos anteriormente que Deus havia 
colocado uma restrição para o homem quanto o 
uso que deveria fazer dos frutos das árvores do 
jardim, proibindo-lhe o acesso a apenas um tipo 
de fruto. 
32 
 
Então apesar de ter sido criado para dominar 
sobre todas as coisas da terra, o homem deveria 
fazê-lo dentro dos limites e restrições impostos 
por Deus. 
Assim, todo o planeta terra estava sob o domínio 
do homem, mas ele precisava de uma casa. E ao 
plantar um jardim para o homem, Deus foi o 
primeiro jardineiro. 
No princípio, a terra inteira era "boa", a terra 
inteira era "muito boa", mas Deus fez uma casa 
especial para o homem. 
Com isto queria mostrar que o homem foi 
criado para receber dEle bênçãos sobre 
bênçãos. 
Que o propósito da criação do homem, foi para 
que vivesse sem pecado, sendo continuamente 
abençoado pelo cuidado de Deus. 
Podemos chamar isto de bênção dentro da 
bênção. 
A terra e tudo o mais que foi criado era uma 
perfeição e uma bênção para o homem, mas 
Deus avançou no seu cuidado em relação ao 
homem, dando-lhe um jardim com tudo o que 
era agradável à vista e bom para alimento. E 
mesmo ao homem caído no pecado Deus 
revelou até onde vai a extensão do seu amor por 
ele, dando o Seu próprio Filho para morrer no 
lugar do pecador, de maneira que este agora 
redimido do pecado, possa receber graça sobre 
graça (Jo 1.16), em que está incluída esta 
condição de receber bênção sobre bênção. 
Quem duvidará da intenção de bondade de Deus 
para com o homem, à vista destas coisas? 
33 
 
A palavra hebraica Éden, significa prazer, 
delícia. 
Um jardim fala de alegria, beleza, prazer, 
descanso e tudo o mais que é agradável. 
E Deus compartilhava isto com o homem antes 
da queda no pecado. 
Quando Moisés escreve que o jardim estava ao 
leste, podemos entender disto que estava ao 
leste de Israel. 
De fato, a descrição relativa à localização do 
jardim afirma que havia um rio que regava o 
Éden, e que saindo dele se repartia em quatro 
braços, chamados de Pisom, Giom, Tigre e 
Eufrates, sendo, que é dito que o Tigre corria 
pelo oriente da Assíria. 
A bacia hidrográfica dos rios Tigre e Eufrates, 
corre no sentido noroeste a sudeste, 
desembocando no Golfo Pérsico. 
O rio Tigre fica localizado à leste do Eufrates. 
A capital da Assíria, Nínive, ficava junto e à leste 
do rio Tigre. 
A nascente destes rios fica atualmente nos 
montes da Armênia, próximo ao Monte Arará. 
O dilúvio deve ter alterado em muito o curso 
destes rios, bem como as alterações 
topográficas havidas ao longo dos anos, uma vez 
que se afirma que tanto eles quanto os rios 
Pisom e Giom, eram quatro braços que se 
dividiam a partir do grande rio que cortava o 
jardim do Éden. 
Então, provavelmente, o Éden ficava num 
território ao norte das terras de Havilá, rodeada 
pelo rio Pisom (Gên 2.11); da terra de Cuxe, 
34 
 
circundada pelo rio Giom (Gên 2.13), e da 
Assíria, que era banhada pelo rio Tigre. 
O local exato onde estava o jardim não é 
relevante, mas o fato de ser um lugar real sobre 
a terra conforme as descrições relativas à sua 
localização, que são feitas na Palavra, e que tinha 
dimensões imensas, já que era do rio que o 
cortava que procediam estes quatro grandes 
rios citados na Palavra de Deus. 
Como informações adicionais podemos dizer 
que Cuxe era um dos filhos de Cão, filho de Noé, 
e pai de Ninrode (Gên 10.6-12), que edificou a 
cidade de Nínive na Assíria (Gên 10.11). 
Havilá, que passou a ser o nome de uma cidade, 
rodeada pelo rio Pisom, era também um outro 
filho de Cuxe, além de Ninrode (Gên 10.7). 
Cuxe era neto de Noé, e Ninrode e Havilá, 
bisnetos de Noé, pois ambos eram filhos de 
Cuxe. 
Vemos com isso que o autor de Gênesis usou 
nomes de pessoas e de lugares para o jardim do 
Éden, numa perspectiva pós-diluviana, pois não 
é dito qual era o nome destes rios nos dias de 
Adão, e devemos considerar que as cidades e 
nações que são citadas (Cuxe, Havilá, Assíria), 
não existiam, e foram fundadas depois do 
dilúvio pelos descendentes de Noé. 
A própria Bíblia registra sobre Havilá que era 
um dos termos dos ismaelitas, e que ficava ao 
norte de Sur, cidade fronteiriça ao Egito (Gên 
25.18), e que veio a ser ocupada nos dias de Saul 
pelos amalequitas (I Sm 15.7). 
35 
 
Como Cuxe e Havilá ocupavam o território da 
Arábia, estas cidades estavam portanto 
localizadas à sudoeste do Tigre e Eufrates. 
Então os rios Giom e Pisom corriam no extremo 
oposto ao Tigre e Eufrates, próximo ao território 
de Canaã, e dirigindo-se em direção ao Egito, 
desembocando provavelmente no Mar 
Vermelho. 
Há uma importante lição que é dada na 
revelação de ter Deus formado um jardim para a 
habitação do homem, porque isto mostra que é 
Deus quem designa o local de habitação eterna 
do homem. 
É Ele quem prepara as muitas moradas onde o 
homem deve residir em comunhão com Ele. 
A terra toda fora dada ao homem, mas o local 
onde o homem deveria habitar foi designado e 
preparado por Deus. 
Isto nos lembra também que somos peregrinos 
e forasteiros neste mundo, porque ainda não se 
manifestou o lugar da nossa habitação eterna. 
Mas ele será tanto ou mais magnífico do que o 
próprio jardim do Éden. 
A perfeição e beleza exterior do Éden, falavam 
da perfeição e beleza interior de Deus e do seu 
caráter, também refinado, sensível, estético, 
uma vez que Ele escolheu as espécies de árvores 
e minerais mais preciosos e belos para formar o 
jardim. 
Somente o homem poderia reconhecer a 
grandeza, a majestade, a bondade, a perfeição, o 
amor e os demais atributos divinos, e responder 
a isto Lhe devolvendo o cuidado e atenção 
36 
 
recebidos na forma de comunhão, gratidão, 
amor e louvor. 
O Éden passou, e toda glória terrena passará, 
mas o Senhor não muda, a Sua glória não 
murcha, e o Seu amor e bondade são eternos. 
Assim, a criação do homem revela em todos os 
sentidos a glória de Deus, quer ao ter recebido 
dEle um magnífico jardim como local de 
habitação, quer pela expressão da Sua graça, 
justiça e misericórdia ao salvar pecadores por 
meio da oferta que fez para cobrir os pecados: o 
corpo do Seu próprio Filho, que foi dado por nós, 
em Sua morte na cruz. 
É por meio de Jesus que aquela condição inicial, 
antes do pecado, está sendo restaurada. 
É Ele quem tira o pecado do homem, para que o 
homem possa ser reconciliado em santidade 
com Deus. 
É por isso que havia no meio do jardim duas 
árvores especiais e diferentes das demais. 
Uma era a árvore da vida (que representava a 
vida de Jesus em nos), e a outra árvore era a 
chamada árvore do conhecimento do bem e do 
mal (que representava a tentativa do homem de 
viver independentemente de Deus).(Gên 2.9) 
O fruto da árvore da vida tinha uma propriedade 
sobrenatural de dar vida eterna àquele que o 
comesse. 
Entretanto, o pecado é um impedimento para 
que se tenha vida eterna, uma vez que o homem 
foi expulso do jardim para que não comesse do 
fruto da árvore da vida. 
37 
 
Alguns afirmam que se ele o tivesse comido, 
ficaria sujeito para sempre ao estado de pecado 
eterno, sem possibilidade de salvação, mas 
entendemos que a mensagem que nos é passada 
pela expulsão do homem do Éden para que não 
lançasse mão do fruto da árvore da vida, é a de 
que pecado e vida eterna são coisas 
incompatíveis, porque o salário do pecado, isto é 
a sua paga, a sua consequência, é a morte, e não 
a vida. 
Por isso temos recebido a vida eterna em Cristo 
Jesus por meio do arrependimento e do lavar 
regenerador e renovador do Espírito Santo, que 
removerá pela santificação, inteiramente o 
pecado de nossa natureza, quandoestivermos 
na glória. 
Havia outra árvore especial no jardim, a árvore 
do conhecimento do bem e do mal, cujo fruto foi 
vedado por Deus ao homem, e do qual tendo este 
comido, transgrediu o mandamento do Senhor, 
e por esta razão a criação ficou sujeitada à 
vaidade e à maldição. 
Quanto ao fruto da árvore do conhecimento do 
bem e do mal devemos dizer que esta árvore era 
também uma árvore real, como a árvore da vida, 
pois o autor bíblico não usou nenhuma 
linguagem figurada para se referir à mesma. 
Era uma árvore que, como se diz em Gên 3.6 que 
a “árvore era boa para se comer, agradável aos 
olhos, e árvore desejável para dar 
entendimento”. 
Note que era uma árvore bela à vista e cujo fruto 
era comestível, e não venenoso. 
38 
 
Até mesmo porque não havia nada em tudo o 
que Deus havia criado nos seis dias da criação 
que não fosse muito bom, até que o pecado 
entrasse no mundo. 
Não havia nenhum espinho, nenhuma praga, 
nenhum veneno. 
Nada poderia fazer mal ao organismo do 
homem, porque até então, nenhum ser vivo, 
fosse planta ou animal, ou mesmo substância 
mineral, poderia fazer-lhe qualquer mal. 
Estas alterações na constituição de 
determinados seres foram introduzidas por 
Deus depois da queda no pecado, em razão de a 
terra, o homem, a mulher, e a serpente terem 
sido amaldiçoados. 
Assim, aquela árvore era uma prova para o 
homem. Ela era um teste da sua obediência. 
Não que houvesse qualquer coisa na árvore que 
fosse tóxica. 
A árvore era somente um teste. E se o homem 
comesse do seu fruto, o ato de desobediência 
seria o mal que ele experimentaria. 
Deus o amaldiçoaria então por causa daquela 
desobediência, e ele morreria. 
Antes do pecado, ainda que o homem não fosse 
um bebê, ele tinha a inocência de um bebê, pois 
não conhecia nem o bem, nem o mal. 
Mas no dia em que comeu do fruto o homem e 
sua mulher perderam a inocência, e passaram a 
ter uma consciência objetiva do mal a partir do 
momento que haviam desobedecido a Deus. 
Assim, o desfrutar da comunhão com Deus; a 
condição de habitar no maravilhoso jardim do 
39 
 
Éden, onde tudo era perfeito e agradável, 
dependeria de o homem vencer as tentações do 
diabo, e permanecer em obediência a Deus, 
passando pela prova dessa obediência que 
consistiria em não comer o fruto da árvore do 
conhecimento do bem e do mal. 
Para o homem que vence o pecado e é obediente 
a Deus em tudo, o lugar da sua habitação é 
eterno e maravilhoso, porque é isto o que Deus 
tem planejado para aqueles que O amam, para 
que possam se encantar e desfrutar todas as 
Suas bênçãos em perfeita comunhão com Ele. 
Esta será certamente a condição de todo cristão 
na glória, a de perfeita obediência a Deus, 
conforme Ele lhes tem prometido. 
Bem farão todos aqueles que se esforçarem para 
caminharem de modo obediente a Deus, 
mediante a Sua Palavra, por meio da graça do 
Senhor e do poder do Espírito. 
 
Detalhes sobre a Criação da Mulher 
(Gênesis 2.18-25) 
 
“18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o 
homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que 
lhe seja idônea. 
19 Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os 
animais do campo e todas as aves do céu, e os 
trouxe ao homem, para ver como lhes chamaria; 
e tudo o que o homem chamou a todo ser 
vivente, isso foi o seu nome. 
20 Assim o homem deu nomes a todos os 
animais domésticos, às aves do céu e a todos os 
40 
 
animais do campo; mas para o homem não se 
achava ajudadora idônea. 
21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado 
sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, 
então, uma das costelas, e fechou a carne em 
seu lugar; 
22 e da costela que o senhor Deus lhe tomara, 
formou a mulher e a trouxe ao homem. 
23 Então disse o homem: Esta é agora osso dos 
meus ossos, e carne da minha carne; ela será 
chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. 
24 Portanto deixará o homem a seu pai e a sua 
mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só 
carne. 
25 E ambos estavam nus, o homem e sua 
mulher; e não se envergonhavam.” 
 
Nós vimos no primeiro capítulo de Gênesis que 
Deus criou o homem à Sua imagem, e tendo 
feito o gênero humano, homem e mulher, 
ordenou-lhes que se multiplicassem e 
enchessem a terra (1.26-28). 
Agora, o segundo capítulo vai descrever o modo 
e o propósito da criação da mulher (2.18-25). 
Apesar de haver bilhões de pessoas na terra, 
todos viemos do relacionamento de um único 
casal (Adão e Eva), e podemos considerar que 
apesar de muitos, somos participantes de uma 
mesma família, designada por raça humana. 
Deus poderia ter criado todos os homens do 
mesmo modo que criou os anjos. Todos ao 
mesmo tempo, e sem que houvesse necessidade 
de se reproduzirem. Mas Ele criou laços de 
41 
 
família para que as pessoas aprendessem a 
compartilhar a amizade, o amor, o 
relacionamento, o serviço mútuo, no seio 
familiar. 
Os maridos amariam suas respectivas esposas 
como Cristo ama a igreja, e as esposas também 
amariam e respeitariam os seus próprios 
maridos. 
Os filhos honrariam e obedeceriam a seus pais. 
Assim, dentro na família, se aprenderia o amor, 
respeito, honra e obediência que são 
principalmente devidos a Deus. 
O amor praticado no seio familiar seria 
estendido em auxílio e cooperação mútua entre 
as diversas famílias da terra. 
A raça humana seria um só corpo edificado no 
amor de Deus. 
Como o pecado impediu o cumprimento deste 
propósito com todas as famílias da terra, porque 
não são poucos os que resistem à Sua vontade e 
ao que planejou para a humanidade, Deus está 
formando uma grande família com pessoas de 
todas as tribos, povos e nações, na qual 
cumprirá este Seu propósito eterno (Ef 2.9; 
3.15). 
Por isso Deus disse depois de ter criado Adão 
que não era bom que o homem estivesse só, isto 
é, solitário. 
Ele deveria estar em companhia de outras 
pessoas, especialmente de quem lhe fosse 
íntimo, e não há maior relacionamento de 
intimidade do que o que há entre cônjuges, 
sendo seguido pelo que há entre pais e filhos. 
42 
 
Deus deu início aos tipos de relacionamentos, 
criando o mais íntimo e desinteressado de todos 
eles: o que há entre o homem e a mulher dentro 
do casamento. 
Deus deu uma só esposa para Adão que foi 
formada a partir da sua própria costela. Não 
criou mais de uma, a partir daquela costela. 
Poderia ter feito mais de uma se o quisesse, mas 
revelou que o homem deve ser esposo de uma 
só mulher, e a mulher, está ligada a um só 
marido, enquanto ambos viverem. 
Os laços do matrimônio são por isso 
indissolúveis, enquanto viverem os cônjuges. 
Este laço de relacionamento é o fundamento de 
todos os deveres mútuos e obrigações do 
matrimônio. 
Então, enquanto o laço permanecer, ninguém 
pode se abster legalmente de levar a cabo os 
próprios deveres do matrimônio, nem proibir o 
seu desempenho. 
A mulher não foi criada porque Deus viu que o 
homem estava só. Não. A criação da mulher já 
fazia parte do plano original de Deus de trazer as 
pessoas à existência através do relacionamento 
conjugal. 
Em Gên 1.27 a palavra “homem” em “Criou 
Deus, pois, o homem à sua imagem,”, é também 
“Adão”, Adam, no original hebraico, que tem 
também o sentido de gênero humano, incluindo 
tanto o homem quanto a mulher. 
Assim, a mulher seria uma “auxiliadora idônea” 
ao homem, porque com ela, associada ao 
homem, Deus poderia dar pleno cumprimento 
43 
 
ao Seu propósito de que o homem se 
relacionasse com o seu próximo e o amasse, e se 
multiplicasse sobre a terra. 
Esta auxiliadora ou ajudadora, idônea ou 
satisfatória, no hebraico é "êzer keneghdo", e 
significa um ajudante como ele, ou 
correspondente a ele. 
Alguém que é um ajuste perfeito para o gênero 
humano ser capaz de reproduzir e governar toda 
a criação, porque este governo geral foi dado a 
ambos, tanto ao homem quanto à mulher (Gên 
1.27,28). 
Entretanto, dentro do casamento, note bem: no 
matrimônio, Deus estabeleceu o marido como 
cabeça, istoé como líder, em relação à esposa, e 
por isso fez a mulher a partir do homem, e não o 
homem a partir da mulher. 
Assim, estando ainda no sexto dia da criação, 
depois de ter formado o homem do pó da terra, 
Deus iria agora formar a mulher, fazendo a 
primeira cirurgia do mundo, anestesiando o 
homem com um sono profundo para retirar 
uma de suas costelas, e tornou a fechar o lugar 
com carne (Gên 2.21). 
Quando Deus trouxe a mulher ao homem este 
entoou a primeira canção de amor quando 
disse: “Esta, afinal é osso dos meus ossos e carne 
da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto 
do varão foi tomada.” (Gên 2.23). 
O homem em sua admiração e emoção foi 
levado a compor esta poesia. 
Quanta alegria e felicidade lhe trouxeram o 
encontro com Eva. E foi Deus quem criou e 
44 
 
aproximou o primeiro casal, e Ele continua 
ainda aproximando casais pelo amor, 
especialmente quando oram a Ele lhe pedindo 
isto. 
 
Então ele lhe dá um nome: “será chamada 
varoa", isto é, será chamada mulher, porque no 
hebraico, homem é "ish", e mulher é "ishah". 
Mas "ishah" não é da mesma raiz hebraica de 
"ish". 
Note que a palavra homem ish possui a 
consoante hebraica yodh com som de “i” na 
pronúncia, e a palavra mulher não possui este 
yodh, pois tem o “i” pronunciado como vogal, 
que não aparece portanto no texto, porque 
o hebraico não possuía vogal no texto escrito. 
Além disso, possui em sua raiz, a consoante hê, 
sendo assim de raízes completamente distintas. 
A palavra "ishah" vem de uma raiz que significa 
"suave, macio". 
Esta foi a primeira impressão dele sobre a 
mulher; ela era suave (Gên 2.23) 
Quando Adão procurou uma palavra para 
definir a mulher, ele a chamou de “suave”. 
Isto estava bem de acordo com o desígnio de 
Deus para a mulher, especialmente no seu papel 
dentro do casamento e mesmo na sociedade. 
À vista da satisfação do homem expressada na 
declaração que fez para a sua esposa, o Senhor 
acrescentou o que deve ocorrer portanto com os 
filhos em relação ao lar paterno, quando 
decidem se casar. 
45 
 
Eles devem deixar pai e mãe e se unirem, 
tornando-se uma só carne. Isto é dito em Gên 
2.24: “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une 
à sua mulher, tornando-se os dois uma só 
carne.”. 
Isto não significa que abandonarão para sempre 
seus pais, que os rejeitarão em sua condição de 
pais, ou que deixarão de honrá-los, mas isto 
significa que sairão de debaixo da dependência 
paterna e dirigirão o seu próprio lar, assim como 
seus pais edificaram o deles. 
Outra coisa importante que se aprende desta 
declaração de Deus em Gên 2.24 é que existe 
somente uma forma aprovada de 
relacionamento sexual perante Ele: a do homem 
com a mulher dentro do casamento. 
Então há um comentário final interessante no 
verso 25 de que "o homem e sua mulher, 
estavam nus, e não se envergonhavam.”. 
Veja que a referência é: “e sua mulher”, 
indicando a condição matrimonial entre Adão e 
Eva. 
Eles estavam nus e não estavam envergonhados 
porque não conheciam qualquer tipo de malícia. 
Eles não sabiam que os desejos sexuais 
poderiam ser usados para maus propósitos. 
Eles não sabiam que o desejo sexual pudesse ser 
pervertido e torcido. 
Eles não tinham um mínimo pensamento mau 
em suas imaginações. 
Eles se amavam profundamente, de modo 
íntimo mas respeitoso, sem mácula, sem 
agressividade, sem dominação. 
46 
 
A vergonha é produzida pela consciência do mal 
que possa existir em determinada coisa. 
Nós sentimos vergonha em nossas vidas como 
pecadores porque nós temos pensamentos 
maus, porque nós temos desejos maus. 
Mas isto não existia antes da queda. 
Havia uma beleza maravilhosa naquele 
matrimônio sem qualquer mácula. Eles 
desfrutaram em plenitude o que se recomenda 
em Hb 13.4: “Digno de honra entre todos seja o 
matrimônio, bem como o leito sem mácula; 
porque Deus julgará os impuros e adúlteros.”. 
Deus os uniu, e eles desfrutaram a alegria 
completa daquela relação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
Gênesis 3 
 
A Queda do Homem em Razão do Pecado 
(Gênesis 3.1-7) 
 
“1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os 
animais do campo, que o Senhor Deus tinha 
feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus 
disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 
2 Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das 
árvores do jardim podemos comer, 
3 mas do fruto da árvore que está no meio do 
jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele 
tocareis, para que não morrais. 
4 Disse a serpente à mulher: Certamente não 
morrereis. 
5 Porque Deus sabe que no dia em que comerdes 
desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis 
como Deus, conhecendo o bem e o mal. 
6 Então, vendo a mulher que aquela árvore era 
boa para se comer, e agradável aos olhos e sendo 
árvore desejável para dar entendimento, tomou 
do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele 
também comeu. 
7 Então foram abertos os olhos de ambos, e 
conheceram que estavam nus; pelo que 
coseram folhas de figueira, e fizeram para si 
aventais.” 
 
A queda do homem descrita no terceiro capítulo 
de Gênesis não é apenas a sua própria queda, 
mas de todo o universo, porque mediante a sua 
48 
 
queda toda a criação foi sujeitada à maldição de 
Deus. 
Tudo envelhece e se corrompe pelo uso, desde 
então. 
Tudo perdeu o seu caráter eterno. 
O pecado do homem influenciou tudo o mais na 
criação. 
Gênesis 3 revela como a criação perfeita, boa, de 
Deus, se tornou corrompida e má. 
Satanás, que tinha sido expulso do céu por causa 
da sua rebelião, tentou Eva valendo-se de uma 
serpente. 
Ele entrou na serpente e falou através dela. 
Não é de se admirar que tenha entrado na 
serpente, pois vimos Jesus permitindo que 
demônios entrassem em porcos conforme lhe 
haviam rogado. Sem a permissão de Deus isto 
não pode suceder, muito menos o ato de falar 
por meio dos agentes que possuem, mas o fato é 
que isto foi concedido a Satanás, porque de 
outra sorte, a obediência da mulher e do homem 
não poderia ser provada. 
Este é um dos motivos porque Deus não nos livra 
de todas as tentações. 
Ele nos concede poder e graça para resistir e não 
cair nas tentações, mas de modo nenhum nos 
poupa, porque é exatamente por elas que a 
nossa fé, fidelidade, obediência, perseverança, 
são provadas, e o nosso caráter fortalecido e 
confirmado no bem. 
Ainda que Deus mesmo a ninguém tente e nem 
possa ser tentado. 
49 
 
Mas Satanás em seu ódio a Ele e a tudo o que 
criou, acaba servindo ao propósito de Deus de 
colocar a nossa fé à prova para que se firme e 
cresça, por meio das tentações. 
 
Satanás queria conduzir Eva e Adão ao pecado. 
Ele queria fazer com que eles desobedecessem a 
Deus. Ele queria corromper a criação boa de 
Deus. 
A estratégia usada por Satanás é a mentira, ou o 
engano. 
O que Satanás precisa fazer para efetuar o 
resultado esperado por ele é criar uma mentira 
na qual Eva creia. 
Ele tem que enganá-la para que ela venha a 
pecar. 
Por isso que Jesus em João 8:44 chama Satanás 
de “pai da mentira". 
Satanás mente sobre o caráter de Deus, e ele 
mente sobre a Palavra de Deus. 
É nisso onde o ataque dele se concentra 
inevitavelmente. 
Satanás que caiu e no momento que caiu levou 
um terço dos anjos juntamente com ele volta-se 
agora para atingir a criação mais alta de Deus no 
mundo natural: o homem. 
Ele se volta para Eva disfarçado na serpente, 
como se fosse um "anjo de luz", de acordo com 2º 
coríntios 11:14. Ele quer que você acredite que 
ele está lhe contando a verdade, e que o Deus da 
Bíblia é mentiroso. 
Essa é a sua estratégia. Se ele pode conseguir 
que você creia que o caráter de Deus não pode 
50 
 
ser confiável e, na Palavra de Deus como não 
sendo a verdade, e, portanto, não digna de ser 
aceita e confiada, mas que nele você pode 
confiar, naquilo que está afirmando, então ele 
alcança a sua meta. 
Ele conseguiu que Eva duvidasse do caráter de 
Deus, duvidasseda palavra de Deus, e 
acreditasse nele, Satanás. 
Satanás chega a Eva argumentando que se ela 
lhe ouvisse experimentaria alegrias das quais 
Deus gostaria de privá-la. 
Ele se esforça para que Eva rebaixe o conceito de 
Deus na visão dela, e então viesse a descrer na 
palavra de Deus, e a dar crédito não àquilo que 
Deus afirmou, mas àquilo que lhe apontava o 
seu próprio desejo e sentimentos. 
Satanás disse à mulher: “É assim que Deus disse: 
Não comereis de toda árvore do jardim?”. Como 
a dizer sutilmente: “Reflita sobre o significado 
real desta ordem. Ela é razoável? Você tem 
liberdade para questionar Deus; você tem 
liberdade para duvidar de Deus; você tem 
liberdade para desconfiar de Deus.” 
E isso conduziu Eva à desobediência. 
Quando fazemos a suposição de que aquilo que 
Deus disse está sujeito ao nosso julgamento, nós 
estamos a um passo de pecar, nos tornando 
desobedientes e incrédulos. 
Toda transgressão da vontade de Deus, todo 
pecado, traz em seu bojo esta ideia da 
relativização dos mandamentos de Deus, do 
questionamento ainda que indireto da Sua 
vontade soberana. 
51 
 
Assim Eva é deslocada da firme posição de estar 
seguramente confiada na soberania de Deus 
para a sua provisão pessoal, para a de fazer valer 
aquilo que passaria a considerar como seus 
direitos. 
Satanás conseguira o seu intento, fazendo com 
que pensasse que a sua liberdade estava sendo 
tolhida, que Deus lhe estava impondo restrições. 
Colocou um desejo em seu coração e agora 
ordena que não o satisfaça. Qual é a lógica que 
há nisso? 
A da cruz que estava oculta aos olhos de Eva. 
A nossa vontade deve ser submetida a Deus. 
Importa que seja feita a vontade dele e não a 
nossa, ainda que seja muito grande o nosso 
desejo de ser ou obter algo. 
A cruz trata com o eu, e impõe o tom correto aos 
nossos desejos, fazendo com que deixemos que 
sejam governados pelo Senhor e não pela nossa 
própria vontade. 
O que o Senhor tem dito que é lícito e 
conveniente faremos, mas o que nos é vedado, 
ou mesmo que sendo lícito, seja inconveniente, 
isto não faremos, assistidos pela Sua graça que 
opera em nós, enquanto sujeitos à Sua santa 
vontade. 
Mas Eva e lembrou que havia uma penalidade 
atrelada ao ato da desobediência. 
Ela disse para Satanás que não deveria comer ou 
tocar no fruto da árvore que estava no meio do 
jardim, para que não morresse. 
E observando que já havia conseguido o intento 
de lançar a dúvida no coração da mulher em 
52 
 
relação à verdade da Palavra de Deus, Satanás foi 
ousado e direto contrariando diretamente a 
afirmação daquilo que Deus havia dito, dizendo: 
“é certo que não morrereis”, e para gerar 
convicção em Eva apresentou um argumento 
para sua afirmação: “Porque Deus sabe que no 
dia em que dele comerdes se vos abrirão os 
olhos e, como Deus, sereis conhecedores do 
bem e do mal.”. (Gên 3.3,4). 
O resultado imediato está relatado no verso 6: 
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se 
comer, agradável aos olhos, e árvore desejável 
para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e 
comeu, e deu também ao marido, e ele comeu.”. 
O admirável nisto tudo é que apesar de Eva ter 
conhecido o caráter de Deus, tendo experiência 
do Seu amor e bondade, ela deixou que o seu 
desejo falasse mais alto e não questionou 
Satanás em nada do que ele disse, e não levantou 
qualquer suspeita sobre as afirmações que ele 
estava fazendo; ainda que ela não soubesse que 
estava falando com um anjo caído, com o arqui-
Inimigo de Deus. 
Seria de se esperar que ela partisse em defesa de 
Deus, de Seu caráter, de Sua Palavra, e que 
permanecesse fiel e obediente à Sua vontade. 
Mas não é exatamente isto que se espera 
também de nós quando confrontados pela 
tentação e pelas cobiças que operam na nossa 
carne? 
Assim, o ponto é este: se o que fazemos não é 
completamente, de todo o coração, sem 
reservas, confiando na sabedoria e bondade de 
53 
 
Deus, nós estamos em dificuldade. Nós 
pecamos. 
Eva pecou, não quando ela comeu. Ela pecou 
quando ela deixou de acreditar que Deus era 
bom e somente bom. E que importava ser 
obedecido em tudo. Mas se achamos que pode 
haver alguma falha no caráter de Deus, é bem 
provável que não confiemos inteiramente na 
Sua Palavra. 
Antes do pecado ela poderia ter resistido a tudo 
pela graça divina que lhe seria concedida caso 
obedecesse à Palavra, sem a dificuldade que 
todos nós temos depois que o pecado entrou no 
mundo, porque, uma vez estando debaixo do seu 
senhorio, ele é muito mais forte do que a nossa 
própria vontade. 
O que queremos dizer é que Eva não tinha tanta 
impulsão para desobedecer no ato da 
desobediência original, quanto a que passou a 
ter depois que pecou, e juntamente com ela toda 
a humanidade, em razão do domínio e habitação 
do pecado em nossa natureza terrena. 
O pecado que reina na carne luta contra a nossa 
mente e diz que não é o que Deus quer que 
importa, mas o que nós queremos. 
Todo pecado em nós dá boa acolhida às 
mentiras de Satanás: de que há prazer lá fora; 
que há satisfação lá fora; que há diversão lá fora; 
que há alegria lá fora; que o mundo tem tudo o 
quanto possa nos satisfazer; e que Deus está 
sempre tentando nos restringir. 
54 
 
Nós pecamos quando pensamos que por causa 
de Deus estamos perdendo a nossa 
possibilidade de sermos livres e felizes. 
Temos dado crédito à mentira de Satanás 
quando afirma ousadamente que Deus é um 
mentiroso ao declarar que o salário do pecado é 
a morte, e afinal temos pecado e não temos 
morrido. Satanás cria a falsa ideia de que não há 
e não haverá qualquer julgamento contra o 
pecado. 
Esquecidos que já estamos naturalmente 
julgados e mortos espiritualmente falando, 
porque não temos real comunhão com Deus, a 
menos que Ele nos redima em Jesus Cristo. 
Assim Eva não chegou a conhecer o bem e o mal 
do modo que ela pensou que conheceria, isto é, 
tal como Satanás lhe mentira, dizendo que seria 
na exata forma como Deus os conhece. 
Deus conhece o bem e o mal, guardadas as 
devidas proporções, pois que seu conhecimento 
é perfeito e onisciente, do modo que um 
cirurgião de câncer sabe sobre o câncer que é 
muito diferente do modo que um paciente o 
conhece. 
E como Eva conheceu o mal? 
O mal estava no coração de Eva. 
Ela não conheceu o mal por algum efeito mágico 
na fruta, mas conheceu o mal no seu próprio 
coração. 
Ela tinha desconfiado do caráter de Deus. Ela 
tinha impugnado os motivos de Deus, e ela tinha 
desobedecido a Palavra de Deus. 
55 
 
Desde então, o homem ainda procura cobrir a 
vergonha do estado pecaminoso da sua alma, 
não mais com vestes de figueira, mas com 
apanágios psicológicos, com sistemas 
positivistas de pensamento, com sistema de 
autoajuda que procurem elevar a sua auto- 
estima. 
Mas perguntamos, qual é a eficácia destas 
coisas para limpar um coração corrompido pelo 
pecado, e de uma má consciência, que são as 
fontes onde residem e de onde brotam de fato, 
todos os nossos sentimentos de fraqueza, 
insucesso e toda sorte de perturbações da alma 
e do espírito? 
Vestes de figueira não cobrirão a vergonha da 
sua nudez diante de um Deus santo e temível. 
Esconder-se atrás das árvores, não mais do 
jardim do Éden, mas de uma má consciência, 
para fugir da presença de um Deus amoroso e 
fiel que nos busca para nos resgatar da condição 
má em que nos encontramos em nossa própria 
natureza, continua sendo um sentimento 
universal, produzido pelo pecado original. 
Por isso o caminho de volta para Deus, para o 
reino dos céus, desde o Éden e para sempre, 
deverá ser feito por meio de violência, ou seja, 
por esforço deliberado para o exercício de fé e 
obediência e sujeição ao Deus que nos procura 
para ter comunhão conosco. 
Então mais adiante vemos Adão não assumindo 
a sua culpa de modo responsável, ao contrário 
ele lançou a culpa no próprio Deus e não em Eva. 
Ele não disse “Essa mulher que me levou a fazer 
56 
 
isto”,mas “a mulher que você me deu”. Em 
outras palavras: a culpa é sua por ter criado e me 
dado esta mulher. 
Não houve o mínimo arrependimento traduzido 
em atitude voltada para a mudança e correção 
do erro, pela aceitação responsável do erro, pelo 
reconhecimento sincero da culpa e pela 
confissão da maldade. 
Mas ao contrário disto vemos vergonha, fuga, 
desculpa esfarrapada. E então Deus pronuncia 
uma maldição neles. Deus os amaldiçoou. E o 
universo inteiro sentiu as consequências desta 
maldição. 
Então ambos foram expulsos do jardim. 
Deus deixou uma porta aberta para que o 
pecador pudesse entrar por ela na Sua presença. 
Cristo é esta porta e não há nenhuma outra para 
tal propósito. 
Deus pode perdoar os pecadores em Cristo. E 
não é maravilhoso saber isso, que apesar da 
realidade de tudo aquilo que somos, que Deus 
perdoa os pecadores? Essa é a glória do 
evangelho. 
Deus colocou nossa iniquidade em Cristo. 
Grande realidade. Ele carregou nossos pecados 
no Seu próprio corpo. Ele foi feito pecado por 
nós, e assim Deus O castigou no nosso lugar, 
para que possamos ser levantados da queda a 
que nos sujeitou Adão em razão do pecado. 
O homem foi criado em estado perfeito por Deus 
e foi colocado no topo da criação. Mas o pecado 
o derrubou das alturas em que havia sido 
colocado por Deus, mas pela Sua exclusiva graça 
57 
 
e misericórdia, Ele tem levantado os pecadores 
que creem por intermédio de Cristo, para que 
estejam para sempre, em Sua santa presença. 
 
Deus Vem ao Encontro do Homem Caído 
(Gênesis 3.8-13) 
 
“8 E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que 
passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o 
homem e sua mulher da presença do Senhor 
Deus, entre as árvores do jardim. 
9 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e 
perguntou-lhe: Onde estás? 
10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no 
jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-
me. 
11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou 
que estavas nu? Comeste da árvore de que te 
ordenei que não comesses? 
12 Ao que respondeu o homem: A mulher que 
me deste por companheira deu-me a árvore, e 
eu comi. 
13 Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto 
que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente 
enganou-me, e eu comi.” 
 
Devemos aprender do que Deus fez no Éden logo 
depois que o primeiro casal pecou. Aprender do 
diálogo que o Senhor teve com o homem e com 
a mulher logo depois da queda, e que antecedeu 
o proferimento da maldição da serpente, da 
mulher, do homem e da terra por causa do 
pecado. 
58 
 
Quando Deus confrontou Adão e Eva no Éden 
depois da queda, e os amaldiçoou, bem como a 
serpente e toda a terra, não foi por um pequeno 
motivo. 
O pecado conturbaria o propósito de Deus para 
a criação. 
A humanidade sujeitada ao pecado e ao diabo 
passaria a ser, destrutiva, mentirosa, assassina 
das coisas boas e eternas, que Deus havia criado 
e especialmente aquelas que estavam sendo 
cultivadas no espírito do homem, como o amor, 
a bondade, a paz, a alegria, o domínio próprio, 
enfim, todas as virtudes que fazem parte do 
caráter do próprio Deus. 
Quando Adão e Eva ouviram a voz do Senhor 
Deus, que andava no jardim pela viração do dia, 
esconderam-se da Sua presença entre as 
árvores do jardim (Gên 3.8). 
Isto representava uma mudança dramática no 
relacionamento deles com Deus. 
O endurecimento produzido pelo pecado se 
revelou no conteúdo e no modo das respostas 
que ambos deram a Deus, quando foram 
confrontados por Ele. 
Nenhum dos dois mostrou arrependimento ou 
lamentou pelo que haviam feito. 
Não demonstraram tristeza diante de Deus. 
Não assumiram a própria culpa declarando-se 
culpados, ao contrário, deram respostas 
evasivas e com troca de acusações. 
O pecado faz com que atribuamos os nossos 
fracassos a outros e não a nós mesmos. 
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Faz com que tentemos nos justificar 
condenando a outros. 
Foi o que Adão e Eva fizeram quando foram 
confrontados por Deus. Eles haviam duvidado 
da bondade de Deus, e agora, no estado de 
pecado não creram, não confiaram na Sua graça 
e misericórdia para serem perdoados através do 
arrependimento e confissão da sua culpa. 
Assim, eles ofenderam duplamente a Deus, 
quando fugiram da Sua presença, quando 
ouviram a Sua voz no jardim. 
Eles o consideraram como alguém mal e 
disposto a destruí-los, e foi por isso que fugiram. 
Eles tiveram medo de Deus porque viram que 
estavam nus. 
Tinham vergonha de estarem nus, porque agora 
estavam sendo dominados por maus 
pensamentos. 
Eles conheciam a santidade e pureza de Deus. 
Na verdade, eles queriam evitar Deus, se fosse 
possível. Mas o Senhor não os deixou entregues 
à própria sorte, e veio confrontá-los e prestar 
contas juntamente com eles dos atos que 
haviam praticado e das coisas que estavam 
sentindo. 
Eles estavam endurecidos pelo pecado, 
conforme demonstraram em suas atitudes e 
respostas, e de nada adiantaria Deus 
argumentar com eles para convencê-los acerca 
da Sua graça e misericórdia. 
Aquela era a hora das trevas, Satanás havia 
triunfado em seu intento de induzir o homem e 
a mulher ao pecado, e não restou a Deus senão a 
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alternativa de punir o pecado, naquele 
momento, com a morte espiritual, pela quebra 
da comunhão de Adão e Eva com Ele, e pela 
punição da falta com o proferimento de 
maldições, e com a expulsão do homem e da 
mulher do jardim. 
O pecado manifestou a sua face terrível e o seu 
poder de manter escravizada a alma humana. 
Uma vez debaixo da escravidão do pecado, o 
homem fica dependente de que Deus use os 
meios de graça necessários para conduzi-lo ao 
arrependimento, para que possa ser libertado. 
Somente o poder da graça de Deus pode libertar 
o homem da escravidão do pecado. 
Somente o Filho Unigênito de Deus pode 
libertar aqueles que são escravos por natureza 
deste inimigo terrível que conduz o homem 
tanto à morte física, quanto espiritual e eterna. 
O pecado é como um vício terrível ligado à alma 
humana, e do qual o homem não pode se livrar 
por si mesmo. 
Ele pode entender que o que tem feito é errado. 
Pode sentir vergonha da sua condição em 
pecado, tal como Adão e Eva sentiram. 
Pode reconhecer que Deus é santo e que não 
pode estar em comunhão com Ele enquanto 
estiver escravizado ao pecado. 
Pode saber que há um julgamento de Deus sobre 
o pecado. 
Pode sentir a sua consciência culpada. 
Pode fazer resoluções de mudar sua vida e 
deixar de fazer as coisas erradas que faz, mas 
não pode parar de pecar, nem pode se 
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arrepender honestamente, porque o poder do 
pecado é maior do que todos os poderes que 
existem na natureza humana. 
Somente o poder de Deus pode vencer o pecado. 
Para tanto, o homem deve se sujeitar a Deus. 
Deve pedir-lhe humildemente que o ajude a se 
livrar dessa escravidão que é mais forte do que 
tudo o que há no mundo. 
Por isso a Bíblia indica ao homem qual é o 
caminho que ele deve seguir para obter o favor, 
a graça de Deus. Ele deve lamentar, chorar as 
suas misérias humildemente diante do Senhor, 
esperando que Ele estenda a Sua mão poderosa, 
e o liberte e o abençoe. 
Adão e Eva tentaram cobrir a vergonha da sua 
nudez com folhas de figueira, mas isto não foi 
suficiente, porque a nudez do pecado é sentida 
no coração, e não pode ser acobertada. 
Somente pela fé e pelo arrependimento é que 
pode ser coberta pelo sangue de Jesus. 
Não há outro modo para se livrar da culpa do 
pecado, e alcançar uma boa consciência diante 
de Deus. 
Conseguimos esta boa consciência pela certeza 
de que fomos de fato perdoados de todos os 
nossos pecados e que toda a nossa culpa foi 
removida, pelo sacrifício de Jesus, para o ato de 
justificação que nos reconciliou para sempre 
com Deus. 
Aquele foi o pôr de sol mais triste já 
testemunhado pela história do mundo. 
Pois foi naquele entardecer que a criação foi 
amaldiçoada por Deus. 
62 
 
Foi quando a amizade foi rompida e toda a 
humanidade passou a estar debaixo

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