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Educação indígena

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SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2 
 
2 PANORAMA HISTÓRICO 
......................................................................................................................................3 
 
3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO EDUCACIONAL ...................................... 6 
3.1 EDUCAÇÃO INDÍGENA X EDUCAÇÃO PARA O INDÍGENA .............................. 9 
 
4 PROPOSTA DO GOVERNO E EDUCAÇÃO INDÍGENA ATUAL ......................... 10 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 12 
 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 13 
 
 2 
1 INTRODUÇÃO 
 
Dada a importância da educação indígena no Brasil o presente trabalho 
abordará aspectos históricos, a fim de elucidar o contexto da aculturação dos nativos 
no período da colonização brasileira e como a educação indígena se estabeleceu 
através da catequização imposta pelos jesuítas e a forma que eles transmitiam 
conhecimento, bem como o desenvolvimento do processo educacional de maneira a 
acompanhar o passar das décadas com o objetivo de caracterizar o processo 
ensino-aprendizagem nas diferentes épocas, além de fazer diferir as expressões 
educação indígena e educação para os indígenas que, embora se assemelhem 
semanticamente, diferenciam-se em sua essência. 
Ademais, serão também apresentadas as propostas do governo federal com 
relação à educação dos povos indígenas quanto à formação de professores 
qualificados, com o objetivo de promover educação de qualidade que possibilite a 
continuidade dos estudos bem como a autonomia sociocultural e maior participação 
desses povos na sociedade brasileira. 
Em suma, esse trabalho se faz necessário para que sejam esclarecidos 
aspectos importantes da educação brasileira, em particular a educação indígena, 
para pensar e repensar conceitos antes não refletidos por alguns educadores, bem 
como desprender preconceitos construídos historicamente, dividindo-se em 
introdução que trará uma abordagem geral acerca do referido trabalho, num 
segundo capitulo será exposto um panorama geral e histórico sobre o tema discutido 
a fim de contextualizar o surgimento dessa temática, posteriormente trataremos do 
desenvolvimento do processo educacional e por fim a proposta governamental para 
resolução do problema inerente ao tema trabalhado, nos capítulos terceiro e quarto, 
respectivamente. 
 
 3 
 2 PANORAMA HISTÓRICO 
 
É de conhecimento geral que a educação indígena é tão antiga quanto a 
relação índio-colonizador que data da época em que terras brasileiras foram 
encontradas por Pedro Álvares Cabral e descritas por Pero Vaz de Caminha em 
favor da Coroa Portuguesa. Através da carta de Pero Vaz pode-se perceber que 
foram ressaltadas características físicas dos nativos, como força e, em alguns casos 
a beleza feminina, em detrimento da mente, então, sob perspectiva europeia, os 
índios eram ora objeto de valor, considerando atributos físicos, ora anti-objeto, 
considerando atributos mentais. 
Dessa forma, percebeu-se necessária a humanização, sob ótica dos padres 
jesuítas, uma catequese para os nativos que envolveram não só ordens religiosas, 
mas também o próprio Estado, que era laico, em parceria com missões evangélicas 
especializadas no processo de alfabetização indígena quando ainda datava o 
Império. 
Entretanto, as tentativas brasileiras que se referem à educação de índios nos 
moldes de nossa educação nacional nos últimos anos não obtiveram tanto êxito e 
têm cooperado determinadas vezes para a marginalização desses povos, enquanto 
a alfabetização bilíngüe-bicultural tem apresentado resultados favoráveis. 
Segundo Kindell e Jones, para argumentar: 
 
 [...] No Brasil, as tentativas de escolarização de índios, realizadas nos 
últimos 65 anos, pelas mais diversas instituições e em moldes da tradicional 
educação nacional, redundaram em completo fracasso. Tais tentativas têm 
contribuído, sobremaneira, para acentuar a marginalização dos povos tribais 
e agravar as acusações internacionais contra o Brasil, quando ao extermínio 
cultural dos povos acima referidos. 
Por outro lado, as experiências de educação bilíngüe-bicultural têm atingido 
resultados bastante positivos. Estes programas elaborados conforme 
necessidades e peculiaridades próprias dos grupos indígenas consistem 
basicamente em: 1) alfabetizar o índio em sua língua materna e utilizar a 
mesma como o meio de transmitir os primeiros conceitos de comunicação e 
expressão, estudos sociais e ciências, e 2) simultaneamente permitir a 
aprendizagem da língua portuguesa e dos valores culturais brasileiros 
(1978, p.7). 
 
Em face das necessidades supracitadas surgiram projetos alternativos na 
década de 1970, entre eles destaca-se um modelo de educação escolar indígena 
contemporâneo que obteve seu reconhecimento jurídico com o advento da 
Constituição Federal promulgada em 1988, vigente ainda hoje, acrescida de 
legislação específica, tomando, assim, caráter de política de estado, isto é, política 
 4 
que determinado governo segue e que obedece ao argumento do bem comum, o 
que, ao final, foi denominado de educação diferenciada. 
Embora seja um projeto apoiado pelo governo deve-se lembrar que não está 
isento de dificuldades na efetivação, porque há uma multiplicidade de culturas e 
etnias, de línguas diferentes e que, por isso, carecem de especial atenção de modo 
individual, a fim de que as dificuldades sejam solucionadas caso a caso. 
Cabe ressaltar que se deve diferir educação indígena de educação escolar 
indígena, afinal a alfabetização dos nativos não deve começar e terminar no 
ambiente escolar, para que estes tenham uma formação integral e que possibilite a 
continuação dos estudos. A partir disso necessita-se desprender da concepção de 
que a educação está ligada tão somente à infância, aprendizado e disciplina. 
Assim nos confirma Cohn, para argumentar: 
 
A idéia mesmo de que deva haver um modelo de ensino especializado para 
as crianças, materiais específicos, profissionais especializados, e um 
espaço e um tempo para esse aprendizado são construções históricas, que 
dizem respeito a uma história particular, a ocidental. Ao transpor esse 
modelo a populações com outras histórias e culturas, vemo-nos sempre, por 
melhores que sejam as intenções e o esforço, com uma espécie de resíduo: 
o de que essa escola está ligada a uma idéia de infância, cultura, 
conhecimento, aprendizado e disciplina (2005, p. 485-515). 
 
Atualmente, o ideal da educação indígena tem como objetivo dar condições 
de educação de qualidade que possibilite aos índios a continuidade dos estudos a 
fim de que ao sair da escola diferenciada estejam aptos para ingressarem nas 
instituições educacionais não-diferenciadas, como é o caso do ensino superior e 
tudo isso tem encontrado respaldo em legislações como o Referencial Curricular 
Nacional para as escolas indígenas, fornecido pelo MEC, Ministério da Educação, 
além da Lei de Diretrizes e Bases que indica as especificidades da escola indígena 
em seu Artigo 78 do Título VIII. 
Dado o exposto, pode-se perceber uma considerável evolução acerca da 
educação dos índios visto que é antiga e começou ganhar proporções na década de 
1970 e respaldo jurídico com o advento da Constituição de 1988, ademais, de uma 
educação que era um projeto entre a Igreja e o Estado nos períodos anteriores 
surge hoje a escola indígena como um projeto dos próprios índios que prima não a 
uniformidade, mas antes a particularidade de cada etnia, vertendo para uma ideia de 
 5 
que os índios necessitam de conhecimentos- base, especialmente jurídicos, que 
norteiam nossas relações, a fim de que possam melhor viver em nossa nação. 
 
 6 
3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO EDUCACIONAL 
 
 
A criança,aprendiz dos missionários, nos primeiros tempos da evangelização 
nas aldeias indígenas recebiam os ensinamentos na própria tribo e depois auxiliava 
os demais interessados, além dos da sua casa a absorver os ensinamentos, e no 
período das missões continuou sendo peça fundamental nas engrenagens da 
evangelização. “O processo civilizador dos Jesuítas consistiu principalmente nesta 
inversão: o filho educar o pai; o menino servir de exemplo ao homem; a criança 
trazer ao caminho de Deus e dos europeus a gente grande” (FREYRE, 1987, P.147). 
A catequização indígena realizada pelos jesuítas era, também, uma atuação 
educativa, na medida em que formar o cristão era forjar uma parte importante e 
essencial da cultura ocidental, bem como o homem que dela era expressão. 
Compreender como se deu o processo inicial de colonização permite 
compreender as raízes tanto da educação quanto da cultura brasileira. Os indígenas 
passaram por um processo de aculturação, sendo despojados, em um primeiro 
momento de sua cultura e depois, vestidos com uma nova cultura, que era dos 
jesuítas, mas representava a cultura portuguesa no período. Não estamos à procura 
de vilões ou heróis, mas compreendemos, os dois lados como culturas diferentes, 
que foram se transformando pelo contato e convívio. Os jesuítas não foram 
destruidores de uma cultura, ao menos não de forma consciente, mas acreditando 
prestar um serviço ao cristianismo e à humanidade, promovendo a salvação das 
“almas perdidas” dos silvícolas geram essa aculturação. Utilizaram-se do ensino, 
como instrumento de catequese e deixaram seu legado, pois é impossível nos 
referirmos à educação no período colonial sem ao menos citar os missionários da 
Companhia de Jesus. 
Após a colonização dos Portugueses os índios brasileiros tiveram suas vidas 
profundamente modificadas tendo alterações no meio ambiente e em suas relações 
sociais e econômicas. 
Através deste acontecimento, os índios passaram a receber uma educação 
formal, que se deu em 1549 com a chegada dos Jesuítas, com a intenção de 
catequizar os nativos aniquilando a cultura indígena para lhes impor a mão-de-obra 
e assim se tornar um sujeito submisso ao colonizador. 
 7 
Desde então vem sendo criado meios e métodos de alfabetização de índios. 
Estes programas são elaborados conforme as necessidades próprias de grupos 
indígenas que visam, em primeiro momento, alfabetizar esses grupos em sua língua 
mãe para que através desta possam ser transmitidas outras formas de 
conhecimentos sociais e científicos e, numa segunda ótica, permitir a aprendizagem 
da língua portuguesa e dos valores culturais brasileiros. 
Procurando dar um ensino mais apropriado pra esses povos a UCDB – 
Universidade Católica Dom Bosco – criada em 1993 pela Portaria MEC n 1547, 
segundo Ieda Marques de Carvalho, elaborou a minuta de um convênio a ser 
firmado com a Associação de Educação Católica de Mato Grosso do Sul- (AEC/MS), 
tendo como objetivo oferecer aos índios do Estado do Mato Grosso do Sul um curso 
de formação e habilitação de professores de 1ª a 4ª série do ensino de 1° grau. 
Assim o índio poderia ter uma relação de transmissão e produção de conhecimento 
mais ampla, abrindo os horizontes não somente para os conhecimentos internos, 
mas também para os conhecimentos universais, podendo assim aprimorar o contato 
desses povos com a sociedade global. 
Atualmente, segundo dados do Censo Escolar Indígena de 2005, divulgados 
pelo MEC em 2006, existem 2.324 escolas indígenas de Ensino fundamental e 
Ensino Médio, atendendo estas 164 mil estudantes indígenas. Os métodos de 
ensino disponibilizados pelas mesmas visam desde a análise linguística e estudos 
sócio-culturais, que busca relacionar a aprendizagem da língua tribal com os 
aspectos da vida do índio, possibilitando estudos aprofundados e buscando 
conscientizar a comunidade do papel fundamental a ser desenrolado por ela para 
seu desenvolvimento, até a educação bilíngüe-bicultural que procura responder as 
necessidades do grupo indígena em sua situação lingüística, social e econômica. 
Essas escolas elaboram os materiais didáticos procurando atender as 
necessidades das crianças indígenas, proporcionando melhor aproveitamento de 
conhecimentos. Nesses materiais se encontram exercícios orais que buscam 
desenvolver a capacidade lingüística, exercícios áudio-visuais para formar uma 
relação entre sons e símbolos, e exercícios psicomotores. As cartilhas apresentam 
métodos de ensino bem simples, porém precisos. São exercícios que se baseiam na 
língua e cultura local, que utilizam figuras como o tatu, capivara, frutas, figuras que 
representam os pais, entre outros, e é através dessas figuras e palavras que a 
criança indígena aprende os fonemas, construção de sílabas através de analogia, 
 8 
comparação, contraste, formação de palavras, aprende a utilizar um desenho como 
ligação mnemônica da palavra com a vida real, focalizar a silaba tônica, entre outras 
funções gramaticais. O interessante é que todo material é feito na língua da tribo 
para que possam ter melhor compreensão, e em seguida, após esta primeira etapa 
de aprendizagem, a criança começa a ter contato com a língua portuguesa e a partir 
daí se coloca em prática todo conteúdo aprendido até o presente momento dando 
um grande passo para sua alfabetização. 
Porém, o fato de proporcionar uma oportunidade de alfabetização da palavra 
não substitui o conhecimento que deles é nato o qual é passado de geração em 
geração verbalmente. 
 
 “a educação indígena corresponde á própria vida do grupo, no qual todos 
desempenham papéis de professores no decorrer dos trabalhos, rituais, das 
danças e das narrações. Ela não acontece em momentos formais ou 
especiais, aprende-se vivendo, participando.” (SILVA, 1981 apud 
CARVALHO, 1998, p. 65) 
 
Os avós passam para os netos e os pais passam para os filhos as 
experiências e conhecimentos adquiridos no decorrer dos séculos tais como 
artesanato, pesca, cultivo da terra, plantação, a arte da música, da pintura, da caça, 
os mitos, os rituais e cerimônias. Assim os curumins aprendem desde cedo a 
assumir as responsabilidades tendo como exemplo a vida de seus antepassados. 
Esses conhecimentos hereditários e os bons exemplos dos mais experientes 
são fundamentais para a construção do caráter, do comportamento, das atitudes, 
virtudes e habilidades que os fazem ter uma boa convivência social e individual. 
 
Os líderes das tribos prezam pelo ensino que seu povo recebe. Por esse 
motivo e, procurando conservar o máximo de seus costumes, o índio recebe uma 
preparação para que, sem sair dos parâmetros da sociedade indígena ele possa 
expandir os horizontes das futuras gerações fazendo a transição entre seus 
costumes e a cultura de outros povos. Assim o ensinante e o ensinando aprendem 
juntos novos conhecimentos. 
Tendo em vista, podemos equiparar estes dois métodos de ensino, a 
Educação Indígena e a Educação Para o Indígena: 
 
 
 9 
 
 
3.1 EDUCAÇÃO INDÍGENA X EDUCAÇÃO PARA O INDÍGENA 
 
 Dado o exposto supracitado se faz necessário caracterizar conceitos como 
educação indígena e educação para o indígena, já que se diferenciam 
principalmente no fato de um ter o índio como agente, sujeito do aprendizado e outro 
apresentar o indígena como mero espectador. 
 A educação indígena é informal, transmitida de forma oral que tem como 
escola a vida diária. Procura passar os valores da ação, do fazer, da família, do 
respeito, dos antepassados, a valorização do saber tradicional e a harmonia que o 
ser humano dever ter com o ciclo da vida. Esta educação se inicia no nascimento e 
vai se aprimorando ao longo da vida trazendo o amadurecimento do indivíduo, e só 
termina em seu ultimo suspiro. 
Já e educação para o indígena é formal, transmitida através de livros e tem 
como escola um prédio ou espaço apropriado para tal desenvolvimento. Procurapassar os valores da memorização, do aprender e do conhecimento. Esta educação 
perdura intensivamente por alguns anos, adestrando o indivíduo para “fazer coisas” 
que são transmitidas através de um especialista da educação. Diferente da 
Educação Indígena, a Educação Para o Indígena é findável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
4 A PROPOSTA DO GOVERNO E A EDUCAÇÃO INDÍGENA ATUAL 
 
A Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) 
do Ministério da Educação, elaborou uma proposta para garantir a educação escolar 
indígena de qualidade que é disposta da forma abaixo: 
 
1° Formação inicial e continuada de professores indígenas em nível 
médio (Magistério Indígena). Esses cursos têm em média a duração de 
cinco anos e são compostos, em sua maioria, por etapas intensivas de 
ensino e etapas de estudos autônomos, pesquisas e reflexão sobre a 
prática pedagógica nas aldeias. O MEC (Ministério da Educação) oferece 
apoio técnico e financeiro à realização dos cursos. 2° Formação de 
Professores Indígenas em Nível Superior. O objetivo principal é garantir 
educação escolar de qualidade e ampliar a oferta das quatro séries finais do 
ensino fundamental, além de implantar o ensino médio em terras indígenas. 
3° Produção de material didático específico em línguas indígenas, bilíngues 
ou em português. Livros, cartazes, vídeos, CDs, DVDs e outros materiais 
produzidos pelos professores indígenas são editados com o apoio financeiro 
do MEC e distribuídos às escolas indígenas. 4° Apoio político-pedagógico 
aos sistemas de ensino para a ampliação da oferta de educação escolar em 
terras indígenas. 5° Promoção do Controle Social Indígena. O MEC 
desenvolve, em articulação com a Funai (Fundação Nacional do Índio), 
cursos de formação para que professores e lideranças indígenas conheçam 
seus direitos e exerçam o controle social sobre os mecanismos de 
financiamento da educação pública, bem como sobre a execução das ações 
e programas em apoio à educação escolar indígena. 6° Apoio financeiro à 
construção, reforma ou ampliação de escolas indígenas. 
 
 Essa proposta governamental tem extrema importância para garantir o direito 
e a formação efetiva de professores capacitados para trabalhar com a educação 
indígena e que possam promover educação de verdadeira qualidade a fim de 
possibilitar a continuação dos estudos por parte dos nativos. 
 Pesquisas mostram que hoje em média há 290.000 e 330.000 índios que 
habitam em terras indígenas, formando cerca de 210 grupos distintos, e mais de 170 
línguas diferentes pronunciadas pelos mesmos, não se encontram disponíveis dados 
sobre índios urbanizados, mesmo que muitos deles conservem suas tradições. O 
Brasil passou a reconhecer esses vários grupos étnicos diversificados, com direitos 
 11 
garantidos na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. 
Indubitavelmente, a educação indígena evoluiu, a proposta do governo para 
formação de professores levando ainda mais o conhecimento aos povos indígenas e 
materiais didáticos adequados, que antes as escolas em sua maior parte só 
ofereciam ensino de 1° a 4° série do 1° grau, com professores quase em sua 
totalidade leiga com distintos níveis de conhecimento, os índios, como todo cidadão 
brasileiro passa a ter direito a educação escolar e que a escola respeite seu 
processo próprio de ensino e aprendizado, sua cultura e sua língua. A educação tem 
como meta a conquista da autonomia cultural e socioeconômica de cada povoado e 
deve ser constituída por pedagogos, educadores, linguistas, que devem trabalhar 
juntos para o desenvolvimento de escolas indígenas, garantindo o ensino 
aprendizagem e assim ela se faz presente no cotidiano de muitas sociedades 
indígenas. 
A situação atual reflete uma descontinuidade, fragmentação e desarticulação, 
que o MEC vem tentado superar, com a formação de professores para levar um 
ensino de qualidade aos índios, para terem seu espaço no mundo moderno, lutando 
por seus direitos, e até mesmo entrando em universidades, tornando assim os 
futuros advogados, pedagogos, administradores. 
Recentemente foi aprovada a Lei das Cotas para ingresso em universidades 
públicas até 2016, 50% das vagas deverão ser reservadas para autodeclarados 
pretos, pardos e indígenas, inclui também estudantes que tenham cursado 
integralmente o Ensino Médio em escolas públicas e aos estudantes oriundos de 
famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita. É uma 
forma de incluir e incentivar a todos, inclusive os indígenas com a mesma 
capacidade, de ter além do Ensino Básico. 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em virtude do que foi apresentado acima conclui-se que há uma divergência 
entre educação indígena e educação para o indígena, entretanto, pode-se afirmar 
que as duas são fundamentais para o desenvolvimento do indígena perante o seu 
povo cultural mas também como um cidadão brasileiro. Com o objetivo de melhor 
exploração da mão de obra indígena os colonizadores trouxeram consigo jesuítas 
para catequizá-los. E hoje o governo brasileiro tenta incluir o povo nativo a 
sociedade, oferecendo a eles ensino de alfabetização, e assim, possibilitando-os a 
ingressarem na faculdade. 
Certamente há um ensino que os índios carregam consigo a séculos e 
continuará sendo passado e praticado de geração em geração. A educação indígena 
ainda é praticada, a pesar de em parte ter sido modificada e danificada pela 
interferência da colonização. No entanto, nota-se que ainda são preservados os 
costumes da cultura indígena dos antepassados, pois é ensinado os valores e rituais 
da tribo a todos desde crianças, e assim, passando por gerações. 
Através da ajuda do governo e de instituições governamentais e não 
governamentais vêm sendo capacitados profissionais com competências e 
especialidades para desenvolver métodos já praticados para a alfabetização deste 
povo indígena. Levando assim, a eles, recursos, ferramentas e instrumentos para 
adquirirem o conhecimento na própria terra indígena. Por lei, eles têm o direito 
também à cota universitária, e assim ampliando a possibilidade de ingressarem na 
faculdade. 
Em síntese, assim como houveram desafios encontrados para tornar possível 
a educação para o povo indígena, pode também afirmar-se que ainda haverá novos 
desafios, no entanto, certamente este vasto conhecimento a ser ensinado irá 
expandir-se aos poucos e assim alcançar mais tribos indígenas desenvolvendo o 
aprendizado mútuo entre os povos. 
 
 
 
 
 13 
REFERÊNCIAS 
 
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e cidadania ativa. Revista Perspectiva, p. 485-515, 2005. 
 
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Acesso em: 08 de abril. 2014. 
 
DE CARVALHO, Ieda Marques. Professor indígena: um educador do índio ou um 
índio educador. Univ. Católica Dom Bosco, 1998. 
 
 
 
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em: 04 de abril de 
2014. 
 
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