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CADERNO 3 PREUNISSED LITERATURA - 2018

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Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
380 
 
PRÉ – MODERNISMO 
O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária 
que marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernismo 
e foi caracterizado pelas produções 
desde início do século até a Semana 
de Arte, me 1922. 
Para muitos estudiosos, esse 
período não deve ser considerado 
uma escola literária, uma vez que 
inúmeras produções artísticas e 
literárias distintas; em outras 
palavras um sincretismo estético, 
com a presença de características 
neorrealista, neo-parnasiana e neo-
simbolistas. 
 
Características brasileiras do Pré-Modernismo 
 Ruptura com o academicismo 
 Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana. 
 Linguagem coloquial e simples. 
 Exposição da realidade social brasileira. 
 Regionalismo e nacionalismo. 
 Marginalidade das personagens: o sertanejo, o caipira, o 
mulato. 
 Temas: históricos, políticos, econômicos e sociais. 
 
Representantes do Pré-Modernismo 
Nesse momento, os escritores assumem uma posição crítica em 
relação à sociedade e aos modelos anteriores. Por isso, muitos 
escritores pré-modernos rompem com a linguagem formal do 
Parnasianismo e, além disso, exploram temas históricos, visto que o 
Brasil passava por momentos como a República do Café-com-leite 
e inúmeras revoltas (Revolta da vacina, revolta da Chibata, 
Revolta Armada e a Revolta de Canudos). 
 
Os Pré-Modernista que se destacaram: 
Prosa 
 Euclides da Cunha – escritor, poeta, ensaísta, jornalista, 
historiador, sociólogo, geógrafo e engenheiro 
brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia 
Brasileira de Letras de 1903 a 1906. 
Publicou “Os Sertões: campanha de Canudos” 
em 1902, obra regionalista, dividida em três 
partes: 
 
Resumo de Os sertões 
Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da 
Cunha, mostrando todas as características do lugar, o clima, as 
secas, a terra, enfim. 
O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo 
Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação 
com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e 
costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o 
líder de Canudos. Apresenta se caráter, seu passado e relatos de 
como era a vida e os costumes de Canudos, como relatados por 
visitantes e habitantes capturados. Estas duas partes são 
essencialmente descritivas, pois na verdade "armam o palco" e 
"introduzem os personagens" para a Canudos, relatada na terceira 
parte, 
A Luta é uma descrição feita pelo 
jornalista e ser humano Euclides da 
Cunha, relatando as quatro expedições a 
Canudos, criando o retrato real só 
possível pela testemunha ocular da fome, 
da peste, da miséria, da violência e da 
insanidade da guerra. No final, foi apenas 
um massacre violento onde estavam 
todos errados e o lado mais fraco resistiu 
até o fim com seus derradeiros defensores - um velho, dois 
adultos e uma criança. 
 
 Graça Aranha - escritor e diplomata maranhense. Um dos 
fundadores da Academia Brasileira de Letras e 
um dos organizadores da Semana de Arte 
Moderna de 1922. Sua obra que merece 
destaque é "Canaã" publicada em 1902 cuja 
obra aborda a migração alemã no estado do 
espírito Santo. Outras obras que merecem 
destaque: Malazarte (1914), A Estética da Vida 
(1921) e Espírito Moderno (1925). 
 
Resumo de Canaã 
Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes 
alemães que se estabelecem em Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e 
antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a integração e a paz, 
admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando 
no dia que a Alemanha invadirá e conquistará aquela terra. Ainda 
assim, ambos se unem e trabalham 
juntos na terra e prosperam. Mais tarde 
aparece Maria, filha de imigrantes 
pobres, que é abandonada ao léu 
quando morre seu protetor e lhe 
abandona o amante, que pensava ser 
seu futuro marido. Vagando, tomada 
como louca e prostituta, é rejeitada até 
na igreja antes de ser salva por Milkau, 
quem conheceu uma vez em uma festa e vai morar numa fazenda. 
Lá continua a ser maltratada até que um dia seu filho é morto por 
porcos e ela é acusada de infanticídio. Na cadeia Milkau passa a 
visitá-la enquanto ela é repudiada pela cidade inteira. Por fim a 
salva com uma fuga no meio da noite. A história em si é apenas 
pano de fundo para as discussões ideológicas entre Milkau e Lentz, 
somando-se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta 
administração brasileira da época (notavelmente no capítulo VI). 
 
 Monteiro Lobato - escritor, editor, 
ensaísta e tradutor brasileiro. Um dos mais 
influentes escritores do século XX, Monteiro 
Lobato ficou muito conhecido por suas obras 
infantis de caráter educativo como, por 
exemplo, a sério de livros do Sítio do Pica 
pau Amarelo. 
 
Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea regionalista de contos e 
crônicas. Já em 1919 publica "Cidades Mortas" livro de contos 
que retrata a queda do Ciclo do Café. 
Resumo de Urupês 
 
O
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Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
381 
Urupês é uma coletânea de contos e crônicas de Monteiro Lobato, 
considerada sua obra-prima e publicada 
originalmente em 1918. Inaugura na 
literatura brasileira um regionalismo 
crítico e mais realista do que o praticado 
anteriormente, durante o romantismo. A 
crônica que dá título ao livro traz uma 
visão depreciativa do caboclo brasileiro, 
chamado pelo autor de "fazedor de desertos", estereótipo contrário 
à visão romântica dos autores modernistas 
 
Afonso Henriques de Lima Barreto, 
conhecido como Lima Barreto, foi escritor e 
jornalista brasileiro. Autor de uma obra critica 
veiculado aos temas sociais, o escritor rompe 
com o nacionalista ufanista e faz críticas ao 
positivismo. Sua obra que merece destaque é o 
"Triste Fim de Policarpo Quaresma" - escrito 
numa linguagem coloquial, o autor faz crítica à 
sociedade urbana da época. 
 
Resumo do Triste fim de Policarpo Quaresma 
O protagonista é o major Policarpo Quaresma, subsecretário no 
Arsenal de Guerra, que ama incondicionalmente sua pátria – o 
Brasil. Esse amor à pátria (nacionalismo) faz com que ele estude 
violão, um instrumento marginalizado no fim do século XIX, a língua 
tupi-guarani, o folclore e os usos e costumes dos silvícolas. Desses 
interesses ele se interessa tanto pelos estudos do tupi que manda à 
Câmara um requerimento recomendando a língua indígena como 
idioma oficial do Brasil. Logo mais, escreve 
em tupi um ofício que provoca grande 
confusão e por tudo isso é considerado 
louco, assim, internado em um manicômio. 
Ao ser considerado melhor, é solto e compra 
um sítio – “Sossego” – onde residirá com sua 
irmã Adelaide e o criado Anastácio. 
Com o tempo seus ideais nacionalistas voltam e ele começa a 
plantar em suas terras, acreditando estar na agricultura a chance do 
país ser a primeira nação do mundo, e enfrenta ervas daninhas e 
formigas, do mesmo modo que as intrigas políticas. 
Com a Revolta Armada, Floriano Peixoto integra Quaresma como 
major ao batalhão Cruzeiro do Sul. Quase no fim da revolta é 
designado a carcereiro dos presos políticos na ilha das Enxadas. 
Em determinada noite, o Itamarati envia alguém para retirar vários 
presos e fuzilá-los. Esse fato deixou Quaresma revoltado, portanto 
escreve uma violenta carta ao marechal Floriano Peixoto. Então é 
preso como traidor e condenado à morte, sem julgamento. Apenas 
Ricardo Coração dos Outros, tenta salvar Policarpo, ficando ele à 
espera do destino. 
Poesia 
Augusto dos Anjos foi um importante poeta 
brasileiro, deixou sua marca na literatura pelas 
inovações temáticas e de estilo. Chegou a ficar 
conhecido como “Poeta da morte”, pela obsessão 
que nutria pelo tema. “Versos Íntimos” é um dos 
poemas mais conhecidosdo escritor, que morreu 
muito jovem, com apenas 30 anos. O único livro publicado em vida 
foi “Eu”. 
 
Versos Íntimos 
Vês! Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de tua última quimera. 
Somente a Ingratidão – esta pantera – 
Foi tua companheira inseparável! 
 
Acostuma-te à lama que te espera! 
O Homem, que, nesta terra miserável, 
Mora entre feras, sente inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
 
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga, 
Escarra nessa boca que te beija! 
Augusto dos Anjos 
 
 
 
 
 
01. (UFC) 
Na manhã do dia seis 
Canudos foi destruída 
Com bombardeios e incêndios 
Não ficou nada com vida 
Dizem que o Conselheiro 
Tinha morrido primeiro 
Na Belo Monte Querida 
FRANÇA, A.Q. de; RINARÈ, R. do. Antônio Conselheiro e a Guerra de 
Canudos. Fortaleza; Tupynanquim, 2002, p. 32. 
Em relação aos movimentos como o de Canudos, é correto afirmar 
que: 
A) foram movimentos que se limitaram às regiões Norte e Nordeste 
do Brasil, marcadas pela presença dos latifúndios. 
 
NOME – O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo 
não foi propriamente uma escola literária. Não houve manifesto 
em jornais nem grupo de autores em torno de uma proposta 
una ou de um ideário. O nome, com o tempo, passou a 
designar a produção literária do Brasil nas duas primeiras 
décadas do século XX. 
PERÍODO ECLÉTICO – Depois do Realismo-Naturalismo-
Parnasianismo, o Brasil viveu um período eclético. As diversas 
tendências literárias misturaram-se. Os movimentos não se 
sucederam, eles passaram a coexistir. 
TENDÊNCIAS – Duas tendências básicas podem ser notadas 
entre os autores da época: 
a) Conservadora – Percebida na produção poética de Olavo 
Bilac (e de todos os outros parnasianos) e de Cruz e Sousa, 
representante da estética simbolista. A poesia é elaborada 
dentro dos moldes de perfeição, obediente a normas e presa a 
temas alheios à realidade brasileira. 
b) Inovadora – Presente nas obras de Euclides da Cunha, 
Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato, Afonso Arinos. 
As várias realidades do Brasil são expostas, e o leitor começa a 
perceber que vive em um país de contrastes. A linguagem 
pomposa e artificial começa a perder terreno para uma 
expressão mais simples, fiel à fala cotidiana. Nesse aspecto, 
Lima Barreto é o legítimo representante das classes iletradas
 
O triste fim de Policarpo Quaresma, de Paulo Thiago 
 
 
Ó abre alas, de Chiquinha Gonzaga 
 
 
LINK COM OUTRA DISCIPLINA 
História – Política do café com leite 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
382 
B) foram movimentos sem grande repercussão, visto que se 
situavam no campo e a maior parte dos trabalhadores do país 
encontrava-se nas cidades. 
C) no campo o domínio dos coronéis era absoluto, e esses 
movimentos sociais tiveram que se disfarçar como um 
movimento de conteúdo religioso, para evitar a repressão. 
D) foram movimentos nos quais se combinavam conteúdos 
religiosos e sociais, pois questionavam o poder das autoridades 
civis e religiosas. 
E) foram movimentos de conteúdo exclusivamente religioso, 
marcados pelo fanatismo, reprimidos por Pedro II e pelos 
republicanos que se esforçavam para construir um país 
civilizado. 
 
02. (FUVEST) A comunidade de Canudos, formada na década final 
do século XIX, contestava a distribuição de terras no sertão 
nordestino e buscava, com a formação do arraial, tirar parte da 
população sertaneja da situação de miséria e abandono em que se 
encontrava. À frente da comunidade havia um líder religioso 
conhecido como: 
A) monge José Maria B) João Maria C) João Campos 
D) Antônio Conselheiro E) Antônio Milagreiro. 
 
03. (FUVEST) Não é por acaso que as autoridades brasileiras 
recebem os aplausos unânimes das autoridades internacionais das 
grandes potências, pela energia implacável e eficaz de sua política 
saneadora [...]. O mesmo se dá com a repressão dos movimentos 
populares de Canudos e do Contestado, que, no contexto rural, [...] 
significam praticamente o mesmo que a Revolta da Vacina no 
contexto urbano. 
Nicolau Sevcenko. A Revolta da Vacina. 
De acordo com o texto, a Revolta da Vacina, o movimento de 
Canudos e o do Contestado foram vistos internacionalmente como: 
A) provocados pelo êxodo maciço de populações saídas do campo 
rumo às cidades logo após a abolição. 
B) retrógrados, pois dificultavam a modernização do país. 
C) decorrentes da política sanitarista de Oswaldo Cruz. 
D) indícios de que a escravidão e o Império chegavam ao fim para 
dar lugar ao trabalho livre e à República. 
E) conservadores, porque ameaçavam o capital norte-americano no 
Brasil. 
 
04. (UFRS) Leia o soneto a seguir. 
Psicologia de um vencido 
Eu, filho do carbono e do amoníaco, 
Monstro de escuridão e rutilância, 
Sofro, desde a epigênesis da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco. 
 
Profundissimamente hipocondríaco, 
Este ambiente me causa repugnância... 
Sobe -me à boca uma ânsia análoga à ânsia 
Que se escapa da boca de um cardíaco. 
 
Já o verme — este operário das ruínas 
Que o sangue podre das carnificinas 
Come, e à vida em geral declara guerra, 
 
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, 
E há-de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frialdade inorgânica da terra! 
Augusto dos Anjos, Eu, Rio de Janeiro, Livr. São José, 1965. 
A partir desse soneto, é correto afirmar: 
I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico 
desce ao limite inferior da materialidade biológica pois, 
pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas 
(amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma 
dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de 
espírito. 
II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o 
eu lírico, o homem é composto de corpo (carbono) e alma 
(amoníaco) e, no fim da vida, o corpo (orgânico) acaba, 
apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta. Faz 
parte da Escola Barroca 
III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina 
descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da 
vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença 
constante e ameaçadora da morte inevitável. 
Está(ão) correta(s): 
A) apenas II. B) apenas III. C) apenas I e II. 
D) apenas I e III. E) apenas II e III. 
 
05. (Mack-2004) Havia bem dez dias que o Major Quaresma não 
saía de casa. Estudava os índios. Não fica bem dizer “estudava”, 
porque já o fizera há tempos (...). Recordava (é melhor dizer assim), 
afirmava certas noções dos seus estudos anteriores, visto estar 
organizando um sistema de cerimônias e festas que se baseasse 
nos costumes dos nossos silvícolas e abrangesse todas as relações 
sociais. (...) A convicção que sempre tivera de ser o Brasil o primeiro 
país do mundo e o seu grande amor à pátria eram agora ativos e 
impeliram-no a grandes cometimentos. 
Lima Barreto 
No fragmento anterior, 
A) o protagonista, tecendo comentários livremente, apresenta ao 
leitor ações e intenções da personagem quixotesca. 
B) o narrador revela-se preocupado com a precisão ao relatar as 
ações do protagonista idealizador. 
C) o narrador manifesta suas dúvidas quanto aos fatos ocorridos, 
em virtude de seu desconhecimento do universo focalizado. 
D) o narrador-personagem, ao estabelecer paralelo entre o passado 
e o presente do Major, manifesta sua decepção pela 
ingenuidade do sonhador. 
E) o narrador-personagem anuncia o fim trágico do protagonista e 
ironiza seu perfil fantasioso e idealista. 
 
06. (FUVEST) No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, o 
nacionalismo exaltado e delirante da personagem principal motiva 
seu engajamento em três diferentes projetos, que objetivam 
“reformar” o país. Esses projetos visam, sucessivamente, aos 
seguintes setores da vidanacional: 
A) escolar, agrícola e militar; 
B) linguístico, industrial e militar; 
C) cultural, agrícola e político; 
D) linguístico, político e militar; 
E) cultura, industrial e político. 
 
 
 
07. (ENEM – 2002) “Narizinho correu os olhos pela assistência. Não 
podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na 
lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos 
cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
383 
de cintura fina – achando que era exagero usarem coletes tão 
apertados. 
Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as 
borboletas de toucados de gaze tinham com o pó das suas asas. 
Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários 
cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e 
caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, 
pequeninando e não mordendo.” 
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947. 
No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio 
que contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito. 
Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e 
“pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos de 
A) esvaziamento de sentido. 
B) monotonia do ambiente. 
C) estaticidade dos animais. 
D) interrupção dos movimentos. 
E) dinamicidade do cenário. 
 
08. (ENEM – 2009) 
Negrinha 
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, 
mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na 
senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos 
cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. 
Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. 
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada 
dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado 
no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na 
sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando 
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – 
“dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da 
moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia 
choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A 
excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. 
Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas 
ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca 
se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual. 
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos 
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento). 
A) narrativa focaliza um momento histórico-social de valores 
contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela 
B) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada 
com as amigas. 
C) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante 
para com as beatas. 
D) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as 
crianças. 
E) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los 
com castigos. 
 
 
09. (ENEM – 2010) 
Texto I 
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda intima não vos 
seria revelado por mim se não julgasse, e razoes não tivesse para 
julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado e 
partilhado por todos vos. Nós somos irmãos, nós sentimos 
parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não 
porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas 
porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. E este mesmo o 
sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria 
vida, resiste as idades e as épocas. 
RIO. J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2008 (fragmento). 
Texto II 
A rua dava-lhe uma forca de fisionomia, mais consciência dela. 
Como se sentia estar no seu reino, na região em que era rainha e 
imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das mulheres 
acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no ate. 
Dirigiu-se para a Rua do Catete com o seu passo miúdo e solido. 
[...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres de 
uma casa de cômodos da vizinhança. 
[...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela 
continuou o seu caminho, arrepanhando a saia, satisfeita que nem 
uma duquesa atravessando os seus domínios. 
BARRETO, L. Um e outro. in: Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito 
(fragmento). 
A experiência urbana e um tema recorrente em crônicas, contos e 
romances do final do século XIX e início do XX, muitos dos quais 
elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos I e II, 
a rua e vista, respectivamente, como lugar que 
A) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento. 
B) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos. 
C) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais. 
D) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal. 
E) promove o anonimato e a segregação social. 
 
10. (ENEM – 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe 
absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe 
importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... 
Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos herois do 
Brasil? Em nada... O importante e que ele tivesse sido feliz. Foi? 
Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, de folk-lore, das suas 
tentativas agrícolas.... Restava disso tudo em sua alma uma 
satisfação? Nenhuma! Nenhuma! 
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e 
levou-o a loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras 
não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra 
decepção. E, quando seu patriotismo se fizera combatente, o que 
achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? 
Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar 
prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma 
decepção, uma serie, melhor, um encadeamento de decepções. 
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no 
silencio de seu gabinete. 
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: 
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011. 
O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi 
publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do 
personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas 
evidencia que 
A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da 
natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas 
possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. 
B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de 
prosperidade e democracia que o personagem encontra no 
contexto republicano. 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
384 
C) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a 
cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, 
conduz a frustração ideológica. 
D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação 
de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere 
resguardar-se em seu gabinete. 
E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola 
incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal 
como foi difundido na época do autor. 
 
 
 
VANGUARDAS 
 
 
As vanguardas europeias foram manifestações artístico-literárias 
surgidas na Europa, nas duas primeiras décadas do Século XX, e 
vieram provocar uma ruptura da arte moderna  com a tradição 
cultural do século anterior. 
 
Contexto Histórico 
 
Com o advento da tecnologia, as consequências da Revolução 
Industrial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política que 
resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um sentimento 
nacionalista, um progresso espantoso das grandespotências 
mundiais, e uma disputa pelo poder. Várias correntes ideológicas 
foram criadas, como o nazismo, o fascismo e o comunismo, e 
também com a mesma terminação “ismo” surgiram os movimentos 
artísticos que chamamos de vanguardas. 
Todos pautavam-se no mesmo objetivo, que era: 
 o questionamento 
 a quebra dos padrões 
 o protesto contra a arte conservadora 
 a criação de novos padrões estéticos, que fossem mais coerentes 
com a realidade histórica e social do século que surgia. 
Vale ressaltar:  
Estas  manifestações  se 
destacaram  por  sua  radicalidade, 
a  qual  proporcionou  que 
influenciassem  a  arte  em todo  o 
mundo. 
 
No Brasil não poderia ser 
diferente, uma vez que este era 
o exato momento da história em 
que as manifestações artísticas 
estavam crescendo em nosso país, e que a maioria dos artistas se 
espelhava nas tendências europeias, fosse para imitá-las fosse para 
combater-lhes. 
 
Di Cavalcante – Carnaval 
As vanguardas europeias passaram também pela Literatura 
Brasileira deixando sua contribuição, especialmente ao somarem 
com a Semana de Arte Moderna e o movimento modernista, pois 
juntos vieram romper com a antiga estética que até então reinava 
em nosso país. 
 
As cinco correntes vanguardistas que mais influenciaram o 
fazer literário no Brasil foram: 
 
Cubismo 
Teve maior representatividade entre 
os anos de 1907 e 1914, mais 
especificamente na pintura. Seu 
propósito era decompor, fragmentar 
as formas geométricas. Investia na 
subjetividade de interpretação das 
obras, afirmando que um mesmo 
objeto poderia ser visto de vários 
ângulos. 
 
Picasso 
Na literatura, caracteriza-se pela 
representação de uma realidade fragmentada, que é retratada por 
palavras dispostas simultaneamente, com o objetivo de formar uma 
imagem. 
 
Os principais artistas que representaram esta vanguarda foram: 
 Pintura: Pablo Picasso, Fernand Léger, André de Lothe, Juan Gris 
e Georges Braque. 
 Literatura: Apollinaire e Cendras. 
 
Expressionismo 
Surgido em 1912, expressava a agitação e inquietação que buscava 
subverter a estética da época. Pela primeira vez apareceu na livraria 
de arte der Sturm, em Berlim, expressando, como o nome diz, a 
renovação cultural que já estava em curso na Alemanha e em toda a 
Europa. 
 
Sofrimento 
Como estou atrelado 
À carroça de carvão da minha dor! 
Repelente como uma aranha 
Rasteja sobre mim o tempo. 
Cai‐me o cabelo, 
 
Para lá do qual ceifa 
O último segador. 
O sono ensombra‐me os ossos. 
Morri no sonho já, 
Erva nascia do meu crânio 
De negra terra era minha cabeça 
             Albert Ehrenstein. Lasar Segall 
Surrealismo 
Esta vanguarda surgiu após a 
Primeira Guerra, na França, 
mais precisamente em 1924. 
Trouxe para a arte 
concepções freudianas, 
relacionadas à psicanálise. 
Segundo esta vanguarda, a 
arte deve surgir do 
inconsciente sem que haja 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
385 
interferências da razão. Trabalha frequentemente com elementos 
como a fantasia, o devaneio e a loucura. 
Dadaísmo 
Surgiu em 1916, em plena Primeira 
Guerra Mundial, a partir do encontro de 
alguns artistas refugiados que 
buscaram produzir algo que chocasse 
a burguesia. É mais um reflexo das 
emoções causadas pela Guerra, tais 
como revolta, agressividade e 
indignação. Na literatura, se 
caracteriza pela agressividade verbal, 
pela desordem nas palavras, a 
incoerência, a quebra da lógica e do 
racionalismo, e pelo abandono das regras formais do fazer poético: 
rima, ritmo, etc. 
 
Receita de poema dadaísta 
Pegue um jornal. 
Pegue a tesoura. 
Escolha  no  jornal  um  artigo  do  tamanho  que  você  deseja  dar  a  seu 
poema. 
Recorte o artigo. 
Recorte  em  seguida  com  atenção  algumas  palavras  que  formam  esse 
artigo e meta‐as num saco. 
Agite suavemente. 
Tire em seguida cada pedaço um após o outro. 
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. 
O poema se parecerá com você. 
E  ei‐lo  um  escritor  infinitamente  ORIGINAL  e  de  uma  sensibilidade 
graciosa, ainda que incompreendido do público.  
TZARA, Tristan. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e 
modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 132. (Fragmento) 
 
Futurismo 
Surgiu através do Manifesto Futurista, 
criado pelo italiano Tommaso Matinetti 
em 19  09. Suas proposições eram 
negar o passado, o academicismo e 
trazer o interesse ideológico, a 
pesquisa, a experimentação, a técnica 
e a tecnologia para a arte. Marinneti 
pregava o desapego ao 
tradicionalismo, especialmente quanto 
à sintaxe da língua. 
 
A Dona Branca Clara 
Tome‐se duas dúzias de beijocas 
Acrescente‐se uma dose de manteiga do Desejo 
Adicione‐se três gramas de polvilho de Ciúme 
Deite‐se quatro colheres de açúcar da Melancolia 
Coloque‐se dois ovos 
Agite‐se com o braço da Fatalidade 
E dê de duas em duas horas marcadas 
No relógio de um ponteiro só! 
Oswald de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
01. (UCDB – MS) Itaoca é uma grande família com presunção de 
cidade, espremida entre as montantes, lá nos confins do judas, 
precisamente no ponto onde o demo perdeu as botas. Tão isolada 
vive do resto do mundo, que escapam à compreensão dos 
forasteiros muitas palavras e locuções de uso local, puros 
itaoquismos. Entre eles este, que seriamente impressionou um 
gramático em trânsito por ali: Maria, dá cá o pito! 
Usando em sentido pejorativo para expressar decepção ou pouco 
caso, e aplicado ao próprio gramático, mal descobriram que ele era 
apenas isso e não influência política, como supunham, descreve-se 
aqui o fato que lhe deu origem. E pede-se perdão aos gramáticos de 
má morte pelo crime de introduzir a anedota na tão sisuda quão 
circunspecta ciência de torturar crianças e ensandecer adultos. 
Monteiro Lobato. Cidades mortas. São Paulo, Brasileiense,1972 
O narrador 
A) vê de forma irreverente a gramática e os gramáticos. 
B) revela o despreparo dos habitantes de Itaoca no uso do idioma. 
C) critica os habitantes de Itaoca pelo uso de regionalismo. 
D) apresenta Itaoca como uma pequena cidade que, por sua 
localização, atraem visitantes. 
E) submete-se às normas gramaticais, daí sentir-se constrangido 
por usar expressões coloquiais. 
 
02. (UFBA) No quadro O grande masturbador (1929), de Salvador 
Dali, uma figura feminina 
desnuda surge na parte 
posterior da cabeça, o que 
pode significar a fantasia 
erótica sugerida pelo título da 
obra. A boca da figura feminina 
se encontra próxima ao saco 
escrotal de uma figura 
masculina pintada na parte superior esquerda da tela, o que sugere 
a possibilidade de sexo oral. 
 
O Cubismo, de Pablo Picasso, rompeu com a ideia de perspectiva 
para colocar todas as partes do objeto no mesmo plano. 
“Picasso faz a quebra de um dos elementos da tradição, que é 
exatamente a perspectiva. Ele trabalha com formas geométricas e 
com a movimentação do observador, de forma que a perspectiva 
não fica perfeita, ela fica diferente”, diz Suassuna. 
 
 
Vanguardas, o filme 
 
 
http://oaluadorig.blogspot.com.br/ 
 
LINK COM OUTRA DISCIPLINA: 
Arte: As vanguardas 
História: primeira guerra Mundial 
SUGESTÕES DE LEITURAS: 
 Texto 78: Entendendo Picasso 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
386 
A pintura DALI, Salvador, O grande masturbador, 1927. Madri. 
 
A) surrealista, representa as atitudes conflituosas do pintor em 
relação ao ato sexual. 
B) ilustra a obsessão de Dali em pintar a nudez feminina em vários 
planos geométricos. 
C) surrealista, evidencia a orientação homoafetiva do autor, quando 
expõe a sugestão do sexo oral. 
D) foi pintada na fase cubista do pintor. Ela evidencia a 
fragmentação do ser humano diante das atrocidades da 
Segunda Guerra (1939– 1945) 
E) apresenta um grande gafanhoto abaixo da cabeça, próximo à 
boca, inseto admirado pelo pintor. 
 
 
03. (ENEM- 2010) A pós estudar na 
Europa, Anita Malfatti retornou ao 
Brasil com uma mostra que abalou a 
cultura nacional do início do século 
XX. Elogiada por seus mestres na 
Europa, Anita se considerava pronta 
para mostrar seu trabalho no Brasil, 
mas enfrentou as duras críticas de 
Monteiro Lobato. 
Com a intenção de criar uma arte que 
valorizasse a cultura brasileira, Anita 
Malfatti e outros artistas modernistas 
A) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas 
europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas 
nacionais. 
B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então 
utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional. 
C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a 
natureza, tendo como finalidade a pratica educativa. 
D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, 
defendendo uma liberdade artística ligada a tradição acadêmica. 
E) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, 
respeitando limites de temas abordados. 
 
04. (ENEM – 2010) 
O Modernismo brasileiro teve 
forte influência das vanguardas 
europeias. A partir da Semana de 
Arte Moderna, esses conceitos 
passaram a fazer parte da arte 
brasileira definitivamente. 
Tomando como referência o 
quadro O mamoeiro, identifica-
se que, nas artes plásticas, 
A) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. 
B) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. 
C) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. 
D) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. 
E) forma apresenta contornos e detalhes humanos 
 
 
 
 
 
05. (ENEM – 2012) 
 
O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, 
representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da 
arte no início do século XX. 
 
 
Essa nova tendência se caracteriza pela 
A) pintura de modelos em planos irregulares. 
B) mulher como temática central da obra. 
C) cena representada por vários modelos. 
D) oposição entre tons claros e escuros. 
E) nudez explorada como objeto de arte. 
 
06. (ENEM / 2011) 
 
PICASSO.P.Guernica.Óleo sobre tela, Espanha 1937 
 
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais 
valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto 
histórico, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à 
pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o 
Salão Internacional de Artes Plásticas de paris, percorreu toda a 
Europa, chegando nos EUA e instalando-se no MoMA de onde 
sairia em 19981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos 
identificados pelo 
A) painel ideológico, monocromático, que enfoca várias dimensões 
de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em frontal 
ao expectador. 
B) horror da guerra de uma forma fotográfica, com o uso da 
perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo 
brutal de crueldade do ser humano. 
C) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoções e 
expressões, despreocupado com o volume, a perspectiva e a 
sensação escultórica 
D) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, 
minimizando a dor humana a serviço da objetividade, observada 
pelo uso de claro-escuro. 
E) uso de vários ícones que representam personagens 
fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica livre de 
sentimentos. 
 
 
 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
387 
 
 
MODERNISMO de 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
No início do século XX desenvolveu-se na Europa um conjunto de 
correntes artísticas (dadaísmo, surrealismo, expressionismo, 
futurismo) que formaria a arte moderna. Artistas brasileiros, em suas 
idas ao exterior, voltavam com estas novas influências que, 
somadas ao desejo de instaurar uma arte moderna brasileira, longe 
da imitação de padrões europeus, com valorização do nacional, 
possibilitou o início do Modernismo no Brasil. 
 
Arte Moderna 
A Semana de Arte Moderna 
ocorreu no Teatro Municipal de 
São Paulo, em 1922, tendo como 
objetivo mostrar as novas 
tendências artísticas que já 
vigoravam na Europa. Esta nova 
forma de expressão não foi 
compreendida pela elite paulista, 
que era influenciada pelas formas 
estéticas europeias mais 
conservadoras. 
O idealizador deste evento 
artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti  
 
No Brasil, o descontentamento com o estilo anterior foi bem mais 
explorado no campo da literatura, com maior ênfase na poesia. 
Entre os escritores modernistas destacam-se: Oswald de Andrade, 
Mário de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira. 
Na pintura, destacou-se Anita Malfatti, que realizou a primeira 
exposição modernista brasileira em 1917. Suas obras, influenciadas 
pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a 
sociedade da época. 
 
Vale ressaltar 
Monteiro Lobato não poupou críticas à pintora, contudo, este 
episódio serviu como incentivo para a realização da Semana de Arte 
Moderna. 
 
Como foi 
A Semana, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, foi a 
explosão de ideias inovadoras que aboliam por completo a perfeição 
estética tão apreciada no século XIX. Os artistas brasileiros 
buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão; com 
este propósito, experimentavam diferentes caminhos sem definir 
nenhum padrão. Isto culminou com a incompreensão e coma 
completa insatisfação de todos que foram assistir a este novo 
movimento. Logo na abertura, Manuel Bandeira, ao recitar seu 
poema Os sapos, foi desaprovado pela 
plateia através de muitas vaias e gritos. 
Embora tenha sido alvo de muitas críticas, 
a Semana de Arte Moderna só foi adquirir 
sua real importância ao inserir suas ideias 
ao longo do tempo. 
 
O movimento modernista no Brasil contou 
com duas fases: a primeira foi de 1922 a 
1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se 
pelas tentativas de 
solidificação do 
movimento renovador 
e pela divulgação de 
obras e ideias 
modernistas. 
Os escritores de 
maior destaque 
dessa fase 
defendiam estas propostas: 
 Reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; 
 Promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de 
nossas tradições culturais; 
 Eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, 
apegados a valores estrangeiros. 
Portanto, todas elas estão relacionadas 
com a visão nacionalista, porém crítica, da 
realidade brasileira. 
Várias obras, grupos, movimentos, 
revistas e manifestos ganharam o cenário 
intelectual brasileiro, numa investigação 
profunda e por vezes radical de novos 
conteúdos e de novas formas de 
expressão. Entre os fatos mais 
importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada 
para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias 
modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o 
Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta. 
 
 Movimento Pau-Brasil, O 
movimento exaltava a inovação 
na poesia, o primitivismo e a era 
presente, ao mesmo tempo em 
que repudiava a linguagem 
retórica na poesia. Convivem 
dialeticamente o primitivo e o 
moderno, o nacional e o 
cosmopolita, sendo ideologicamente a raiz do Movimento 
Antropofágico. 
 Verde-Amarelismo e Grupo da Anta, foi um movimento cultural 
decorrentes da Semana de Arte moderna em 1922. Na literatura 
tem por característica textos patrióticos, ufanista e a idealização 
do país. Características formais, versos livres, sem rima, sem 
métrica, em estrofação e discurso não linear. Recusando todo e 
qualquer contágio com ideias europeias, este movimento é uma 
reação às intenções primitivas do Pau – Brasil. 
 
 Movimento Antropofágico, foi um marco no Modernismo 
brasileiro, poisnão somente mudou a forma do brasileiro de encarar 
o fluxo de elementos culturais do mundo, mas também colocou em 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
388 
evidência a produção própria, a característica brasileira na arte, 
ascendendo uma identidade tupiniquim no cenário artístico mundial. 
Todo novo movimento artístico é uma 
ruptura com os padrões utilizados pelo 
anterior, isto vale para todas as formas 
de expressões, sejam elas através da 
pintura, literatura, escultura, poesia, etc. 
Ocorre que nem sempre o novo é bem 
aceito, isto foi bastante evidente no 
caso do Modernismo, que, a princípio, 
chocou por fugir completamente da 
estética europeia tradicional que 
influenciava os artistas brasileiros. Tarsila do Amaral – Abapuru 
 
Curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna: 
 Durante a leitura do poema "Os Sapos", de Manuel 
Bandeira (leitura feita por Ronald de Carvalho), o público presente 
no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta 
forma a desaprovação. 
 No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação 
musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um 
chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e 
desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta 
forma, pois estava com um calo no pé. 
 
Primeira fase Modernista 
 
É a fase mais radical justamente em consequência da necessidade 
de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. 
Caráter anárquico e forte sentido destruidor. 
 
Características 
 Busca do moderno, original e polêmico 
 Nacionalismo em suas múltiplas facetas 
 Volta às origens e valorização do índio verdadeiramente 
brasileiro 
 Língua brasileira” - falada pelo povo nas ruas 
 Paródias - tentativa de repensar a história e a literatura 
brasileiras 
 A postura nacionalista apresenta-se em duas vertentes: 
 Nacionalismo crítico, consciente, de denúncia 
da realidade, identificado politicamente com as 
esquerdas. 
 Nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, 
identificado com as correntes de extrema 
direita. 
Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de 
Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti 
del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio 
Salgado 
 
Manuel Bandeira 
É uma das figuras mais importantes da poesia brasileira e um dos 
iniciadores do Modernismo. Do penumbrismo pós-simbolista de A 
Cinza das Horas às experiências concretas da década de 60 de 
Composições e Ponteios, a poesia de Bandeira destaca-se pela 
consciência técnica com que manipulou o verso livre. Participa 
indiretamente da SAM, quando Ronald de Carvalho declama seu 
poema Sapos. 
 
Os Sapos 
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
 
Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi à guerra!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". 
 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - "Meu cancioneiro 
É bem martelado 
 M. Bandeira 
 
Sempre pensando que morreria cedo (tuberculoso), acabou vivendo 
muito e marcando a literatura brasileira. Morte e infância são as 
molas propulsoras de sua obra. Ironizava o desânimo provocado 
pela doença. Além de ser um poeta fabuloso, também foi ensaísta, 
cronista e tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do 
"gosto humilde da tristeza". 
 
Mário de Andrade 
Um dos organizadores do 
Modernismo e da SAM, foi o 
que apresentou projeto mais 
consistente de renovação. 
Começou escrevendo críticas 
de arte e poesia (ainda 
parnasiana) com o pseudônimo de Mário Sobral. Rompeu com o 
Parnasianismo e o passado com Paulicéia Desvairada e a Semana, 
da qual participou ativamente. 
Injetou em tudo que fez um senso de problemático brasileirismo, daí 
sua investida no folclore. De jeito simples, sua coloquialidade 
desarticulou o espírito nacional de uma montanha de preconceitos 
arcaicos. Lutou sempre por uma literatura brasileira e com temas 
brasileiros. 
 
INSPIRAÇÃO 
São Paulo! comoção da minha vida... 
Os meus amores são flores feitas de original... 
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e Ouro... 
Luz e bruma... Forno e inverno morno... 
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes... 
Perfumes de Paria... Arys! 
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal! 
São Paulo! comoção de minha vida... 
Galicismo a berrar nos desertos da América! 
Mário de Andrade 
 
Oswald de Andrade 
Foi poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo. Figura de muito 
destaque no Modernismo Brasileiro, ele 
trouxe de sua viagem à Europa o 
Futurismo. 
Foi um dos principais artistas da Semana 
de Arte Moderna e lançou o Movimento 
Pau-Brasil e a Antropofagia, corrente que 
pretendia devorar a cultura europeia e 
brasileira da época e criar uma verdadeira cultura brasileira. 
Fazendeiro de café, perdeu tudo e foi à falência em 1929 com o 
crash da Bolsa de Valores. 
 
Canto de regresso à pátria 
 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
389 
Minha terra tem palma 
Onde gorjeia o mar 
Os passarinhos daqui 
Não cantam como os de lá 
Minha terra tem mais rosas 
E quase que mais amores 
Minha terra tem mais ouro 
Minha terra tem mais terra 
Ouro terra amor e rosas 
Eu quero tudo de lá 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte para lá 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte pra São Paulo 
Sem que veja a Rua 15 
E o progresso de São Paulo. 
Oswald de Andrade 
 
 
 
O poema O sapo ficou famoso ao ser declamado por Ronald de 
Carvalho, na noite de 18 de fevereiro de 1922. 
O poema, que faz parte da obra Carnaval, publicado em 1919 
por Manuel Bandeira, satirizava violentamente o ritmo da poesia 
parnasiana e comparava os seus poetas de sapos coaxando. 
 
Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade 
Eternamente Pagu, de Norma Bengell 
 
 
LINCK COM OUTRAS DISCIPLINAS 
Um afro-brasileiro, Caderno Thétís 
Arte Moderna Brasileira, Caderno de Arte 
Oligarquias, caderno de Humanas (História) 
 
 
01. (ENEM – 2009) 
Canção do vento e da minha vida 
O vento varria as folhas, 
O vento varria os frutos, 
O vento varria as flores... 
 E a minha vida ficava 
 Cada vez mais cheia 
De frutos, de flores, de folhas. [...] 
O vento varria os sonhos 
E varria as amizades... 
O vento varria as mulheres... 
 E a minha vida ficava 
 Cada vez mais cheia 
De afetos e de mulheres. 
O vento varria os meses 
E varria os teus sorrisos... 
O vento varria tudo! 
 E a minha vida ficava 
 Cada vez mais cheia 
De tudo. 
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. 
Na estruturação do texto, destaca-se 
A) a construção de oposições semânticas. 
B) a apresentação de ideias de forma objetiva. 
C) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o 
eufemismo. 
D) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes. 
E) a inversão da ordem sintática das palavras. 
 
02. (ENEM- 2011) 
Estrada 
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho, 
Interessa mais que uma avenida urbana. 
Nas cidades todas as pessoas se parecem. 
Todo mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente. 
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma. 
Cada criatura é única. 
Até os cães. 
Estes cães da roça parecem homens de negócios: 
Andam sempre preocupados. 
E quanta gente vem e vai! 
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: 
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho 
manhoso. 
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos, 
Que a vida passa! que a vida passa! 
E que a mocidade vai acabar. 
BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. 
A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados 
profundos a partir de elementos do cotidiano. 
No poemaEstrada, o lirismo presente no contraste entre campo e 
cidade aponta para 
A) desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros 
urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade. 
B) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela 
observação da aparente inércia da vida rural. 
C) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de 
meditação sobre a sua juventude. 
D) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera 
insegurança. 
E) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da 
morte. 
 
03. (ENEM-2012/PPL) 
Sambinha 
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras. 
Afobadas braços dados depressinha 
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua. 
As costureirinhas vão explorando perigos... 
Vestido é de seda. 
Roupa-branca é de morim. 
 
Falando conversas fiadas 
As duas costureirinhas passam por mim. 
— Você vai? 
— Não vou não! 
Parece que a rua parou pra escutá-las. 
Nem trilhos sapecas 
Jogam mais bondes um pro outro. 
E o Sol da tardinha de abril 
Espia entre as pálpebras sapiro quentas de duas nuvens. 
As nuvens são vermelhas. 
A tardinha cor-de-rosa. 
 
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390 
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas... 
Fizeram-me peito batendo 
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras! 
Isto é… 
Uma era ítalo-brasileira. 
Outra era áfrico-brasileira. 
Uma era branca. 
Outra era preta. 
ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988. 
Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, 
procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de 
seu projeto de configuração de uma identidade linguística e 
nacional. 
No poema de Mário de Andrade esse projeto revela-se, pois 
A) o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar de duas 
costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas o andamento dos 
versos é truncado, o que faz com que o evento perca a 
naturalidade. 
B) a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento 
dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última 
instância, representam um Brasil de “todas as cores”. 
C) o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar regras 
gramaticais, como as de pontuação, prejudica a compreensão 
do poema. 
D) a sensibilidade do artista não escapa do viés machista que 
marcava a sociedade do início do século XX, machismo 
expresso em “que até dão vontade pros homens da rua”. 
E) o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças “tão 
modernas, tão brasileiras”, pois faz questão de afirmar as 
origens africana e italiana das mesmas. 
 
04. (ENEM-2012/PPL) 
Bem sei que, muitas vezes, 
O único remédio 
É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, 
A dívida, o divertimento, 
O pedido de emprego, ou a própria alegria. 
A esperança é também uma forma 
De contínuo adiamento. 
Sei que é preciso prestigiar a esperança, 
Numa sala de espera. 
Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, 
Esperança sentada. 
Não abdicação diante da vida. 
 
A esperança 
Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. 
Nunca é figura de mulher 
Do quadro antigo. 
Sentada, dando milho aos pombos. 
RICARDO, C. Disponível em: www.revista.agulha.nom.br. Acesso em: 2 
jan. 2012. 
O poema de Cassiano Ricardo insere-se no Modernismo brasileiro. 
O autor metaforiza a crença do sujeito lírico numa relação entre o 
homem e seu tempo marcada por 
A) um olhar de resignação perante as dificuldades materiais e 
psicológicas da vida. 
B) uma ideia de que a esperança do povo brasileiro está vinculada 
ao sofrimento e às privações. 
C) uma posição em que louva a esperança passiva para que 
ocorram mudanças sociais. 
D) um estado de inércia e de melancolia motivado pelo tempo 
passado “numa sala de espera”. 
E) uma atitude de perseverança e coragem no contexto de 
estagnação histórica e social. 
 
05. (ENEM- 2012/PPL) 
O bonde abre a viagem, 
No banco ninguém, 
Estou só, stou sem. 
Depois sobe um homem, 
No banco sentou, 
Companheiro vou. 
O bonde está cheio, 
De novo porém 
Não sou mais ninguém. 
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. 
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e 
linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e 
conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao poema 
de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso formal e um 
aspecto da significação do texto é 
A) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de 
cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem. 
B) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que 
acentua o ritmo acelerado da modernidade. 
C) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que 
reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e 
retomadas de movimento. 
D) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que 
representa a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem. 
E) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos 
modernistas, que aproxima a linguagem do poema da 
linguagem cotidiana. 
 
06. (ENEM–2012) 
mim do asperamente 
dos homens das primeiras eras ... 
As primaveras de sarcasmo 
intermitentemente no meu coração arlequinal ... 
Intermitentemente ... 
Outras vezes e um doente, um frio 
na minha alma doente como um longo som redondo ... 
Cantabona! Cantabona! 
Dlorom ... 
Sou um tupi tangendo um alaude! 
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de 
Mario de Andrade. Belo Horizonte: Itatiais, 2005. 
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional e recorrente 
na prosa e na poesia de Mario de Andrade. Em 
O trovador, esse aspecto e a 
A) abordado subliminarmente, por meio de expressões como 
“coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete a 
brasilidade. 
B) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, 
estudados por Mario de Andrade em suas viagens e pesquisas 
folclóricas. 
D) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como 
“Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma 
doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9). 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
391 
D) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), 
apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto 
Antropófago, de Oswaldo de Andrade. 
E) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens 
das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas 
raízes indígenas. 
 
07. (ENEM–2014) 
Evocação do Recife 
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil 
Ao passo que nós 
O que fazemos 
É macaquear 
A sintaxe lusíada… 
LC - 2º dia | Caderno 6 - CINZA - Página 12 BANDEIRA, M. Estrela da vida 
inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. 
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas 
originárias das classes populares devem ser 
A) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no 
Brasil ferem a língua portuguesa autêntica. 
B) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua 
portuguesa. 
C) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a 
referência de correção linguística. 
D) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por 
meio da fala do povo. 
E) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa 
original. 
 
08. (ENEM–2014) 
Cena 
O canivete voou 
E o negro comprado na cadeia 
Estatelou de costas 
E bateu coa cabeça na pedra 
ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001. 
O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e 
temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses 
aspectos, o que caracteriza o poemaCena como modernista é o(a) 
A) construção linguística por meio de neologismo. 
B) estabelecimento de um campo semântico inusitado. 
C) irônico. 
D) subversão de lugares-comuns tradicionais. 
E) uso da técnica de montagem de imagens justapostas. 
 
09. (ENEM–2014) 
Camelôs 
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: 
O que vende balõezinhos de cor 
O macaquinho que trepa no coqueiro 
O cachorrinho que bate com o rabo 
Os homenzinhos que jogam boxe 
A perereca verde que de repente dá um pulo que 
engraçado 
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa 
alguma. 
 
Alegria das calçadas 
Uns falam pelos cotovelos: 
- “O cavaleiro chega em casa e diz: Meu filho, vai 
buscar um 
pedaço de banana para eu acender o charuto. 
Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” 
 
Outros, coitados, têm a língua atada. 
 
Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino 
ingênuo de demiurgos de inutilidades. 
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice... 
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes 
uma lição de infância. 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. 
LC - 2º dia 
Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do 
cotidiano como matéria de inspiração tendência e alcança 
expressividade porque 
A) realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da 
criança brasileira. 
B) dos centros urbanos. 
C) traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos 
D) introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma 
poética nova. 
E) constata a condição melancólica dos homens distantes da 
simplicidade infantil. 
 
10. (ENEM–2015) 
TEXTO I 
Versos de amor 
A um poeta erótico 
Oposto ideal ao meu ideal conservas. 
Diverso é, pois, o ponto outro de vista 
Consoante o qual, observo o amor, do egoísta 
Modo de ver, consoante o qual, o observas. 
 
Porque o amor, tal como eu o estou amando, 
É Espírito, é éter, é substancia fluida, 
É assim como o ar que a gente pega e cuida, 
Cuida, entretanto, não o estar pegando! 
 
É a transubstanciação de instintos rudes, 
Imponderabilíssima, e impalpável, 
Que anda acima da carne miserável 
Como anda a garça acima dos açudes! 
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996 (fragmento). 
 
TEXTO II 
Arte de amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua 
alma. 
A alma é que estraga o amor. 
Só em Deus ela pode encontrar satisfação. 
Não noutra alma. 
Só em Deus — ou fora do mundo. 
As almas são incomunicáveis. 
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. 
Porque os corpos se entendem, mas as almas não. 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 
Os Textos I e II apresentam diferentes pontos de vista sobre o tema 
amor. Apesar disso, ambas definem sentimento a partir da oposição 
entre 
A) satisfação e insatisfação. 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
392 
B) egoísmo e generosidade. 
C) felicidade e sofrimento. 
D) corpo e espírito. 
E) ideal e real. 
 
 
11. (ENEM – 2016) 
O bonde abre a viagem, 
No banco ninguém, 
Estou só, stou sem. 
Depois sobe um homem, 
No banco sentou, 
Companheiro vou. 
O bonde está cheio, 
De novo porém 
Não sou mais ninguém. 
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993. 
O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente 
concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças 
importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No 
poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida 
na metrópole aparece representada pela contraposição entre 
A) a solidão e a multidão. 
B) a carência e a satisfação. 
C) a mobilidade e a lentidão. 
D) a amizade e a indiferença. 
E) a mudança e a estagnação. 
 
12. (ENEM – 2016) 
Descobrimento Abancado à escrivaninha em São Paulo 
 Na minha casa da rua Lopes Chaves 
De sopetão senti um friúme por dentro. 
Fiquei trêmulo, muito comovido 
Com o livro palerma olhando pra mim. 
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito longe de 
mim, 
Na escuridão ativa da noite que caiu, 
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos 
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, 
Faz pouco se deitou, está dormindo. 
Esse homem é brasileiro que nem eu... 
ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987. 
 O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura 
nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. 
Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção 
poética problematiza a representação nacional a fim de 
A) resgatar o passado indígena brasileiro. 
B) criticar a colonização portuguesa no Brasil. 
C) defender a diversidade social e cultural brasileira. 
D) promover a integração das diferentes regiões do país. 
E) valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros. 
 
13. (ENEM – 2016) 
Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador 
de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem 
número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1980. 
 No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de 
elementos da função referencial da linguagem pela 
A) atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada 
em jornal. 
B) utilização de frases curtas, características de textos do gênero 
jornalístico. 
C) indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da 
cena narrada. 
D) enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à 
personagem do texto. 
E) apresentação de elementos próprios da notícia, tais como quem, 
onde, quando e o quê. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 
1922, foi um divisor de águas para a Literatura brasileira. 
Apresentou, entre outros representantes das diversas áreas da arte, 
alguns dos expoentes da Literatura modernista que romperiam 
drasticamente com o modelo literário vigente. 
 
Em sua segunda fase, entre os anos de 1930 a 1945, a poesia 
modernista alargou seus horizontes temáticos e consolidou-se 
graças às conquistas de seus precursores. 
A segunda geração foi marcada pelo 
 Amadurecimento e pela ruptura com a fase polêmica de 
suas primeiras manifestações. 
 A poesia continuou adotando o verso livre, mas resgatou 
também formas como o soneto ou o madrigal sem que isso fosse 
necessariamente um retorno às estéticas do passado, tão 
questionadas pelos poetas que ganharam projeção na Semana de 
Arte Moderna. 
 
Soneto de Fidelidade 
De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento. 
 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
393 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
Vinicius de Morais 
 
A Rua dos Cataventos 
 
Da vez primeira em que me assassinaram, 
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. 
Depois, a cada vez que me mataram, 
Foram levando qualquer coisa minha. 
 
Hoje, dos meu cadáveres eu sou 
O mais desnudo, o que não tem mais nada. 
Arde um toco de Vela amarelada, 
Como único bem que me ficou. 
 
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada! 
Pois dessa mão avaramente adunca 
Não haverão de arrancar a luz sagrada! 
 
Aves da noite! Asas do horror! Voejai! 
Que a luz trêmula e triste como um ai,A luz de um morto não se apaga nunca. 
Mário Quintana 
 
A poesia estava em sintonia com as 
diversas manifestações artísticas e com 
outras esferas culturais e, por esse 
motivo, é possível encontrar influências 
do Surrealismo e até mesmo da 
psicanálise, que dilataram o campo de 
experimentações poéticas. Podemos 
observar essa característica nos versos 
do poema “O Pastor Pianista”, de Murilo 
Mendes: 
O Pastor Pianista 
Soltaram os pianos na planície deserta 
Onde as sombras dos pássaros vêm beber. 
Eu sou o pastor pianista, 
Vejo ao longe com alegria meus pianos 
Recortarem os vultos monumentais 
Contra a lua. 
Acompanhado pelas rosas migradoras 
Apascento os pianos: gritam 
E transmitem o antigo clamor do homem 
Que reclamando a contemplação, 
Sonha e provoca a harmonia, 
Trabalha mesmo à força, 
E pelo vento nas folhagens, 
Pelos planetas, pelo andar das mulheres, 
Pelo amor e seus contrastes, 
Comunica-se com os deuses. 
Murilo Mendes 
 
Quanto à temática da poesia modernista da segunda fase, podemos 
observar a preocupação dos poetas não apenas com a abordagem 
do cotidiano, bastante denotada naquilo que alguns estudiosos 
chamaram de “momento poético”, mas também com problemas 
sociais e históricos. Drummond apropriou-se dessas características, 
que podem ser observadas no poema “Congresso Internacional do 
Medo”. 
 
Congresso Internacional do Medo 
Provisoriamente não cantaremos o 
amor, 
que se refugiou mais abaixo dos 
subterrâneos. 
Cantaremos o medo, que esteriliza 
os abraços, 
não cantaremos o ódio porque esse não existe, 
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, 
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, 
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, 
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, 
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, 
depois morreremos de medo 
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas. 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Outra característica presente nesse momento da poesia modernista 
foi a retomada de elementos simbolistas, sem que isso, novamente, 
representasse um amplo resgate da produção literária pré-
modernista. Essa apropriação de elementos de outras vertentes da 
Literatura aconteceu em virtude de um alargamento do campo 
temático, que contemplava aspectos sociais e inquietações 
religiosas. 
 
Depois do sol… 
Fez-se noite com tal mistério, 
Tão sem rumor, tão devagar, 
Que o crepúsculo é como um luar 
Iluminando um cemitério . . . 
Tudo imóvel . . . Serenidades 
Que tristeza, nos sonhos meus! 
E quanto choro e quanto adeus 
Neste mar de infelicidades! 
 
Oh! Paisagens minhas de antanho 
Velhas, velhas . . . Nem vivem mais 
— As nuvens passam desiguais, 
Com sonolência de rebanho 
Seres e coisas vão-se embora 
E, na auréola triste do luar, 
Anda a lua, tão devagar, 
Que parece Nossa Senhora 
Pelos silêncios a sonhar... 
Cecília Meireles 
 
Os poetas da segunda geração do modernismo deram 
continuidade às conquistas dos primeiros modernistas e criaram 
novas possibilidades temáticas, perpetuando a nova concepção de 
Literatura defendida por seus antecessores e levando adiante o 
projeto de liberdade de expressão que possibilitou até mesmo uma 
revisitação da Literatura clássica. 
 
 
 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
394 
 
 
 
 
 Também chamada de “Fase de Consolidação”, a 
literatura brasileira estava vivendo uma fase de 
maturação, com a concretização e afirmação dos 
novos valores modernos. 
Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos 
literatos. Temas nacionais, sociais e históricos foram 
os preferidos pelos escritores dessa fase. 
 
 
O poeta de sete faces, de Paulo Thiago 
 
 
LINCK COM OUTRAS DISCIPLINA 
História: A era Vargas 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. (PUC/CAMP) 
SENTIMENTAL 
Ponho-me a escrever teu nome 
com letras de macarrão. 
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas 
E debruçados na mesa todos contemplam 
esse romântico trabalho. 
Desgraçadamente falta uma letra, 
uma letra somente 
para acabar teu nome! 
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! 
Eu estava sonhando... 
E há em todas as consciências um cartaz amarelo: 
Neste país é proibido sonhar. 
Carlos Drummond de Andrade 
Esse poema é caracteristicamente modernista, porque nele: 
A) uniformidade dos versos reforça a simplicidade dos sentimentos 
experimentados pelo poeta. 
B) tematiza-se o ato de sonhar, valorizando-se o modo de 
composição da linguagem surrealista. 
C) satiriza-se o estilo da poesia romântica, defendendo os padrões 
da poesia clássica. 
D) a linguagem coloquial dos versos livres apresenta com humor o 
lirismo encarnado na cena cotidiana. 
E) o dia a dia surge como novo palco das sensações poéticas, sem 
imprimir a alteração profunda na linguagem lírica. 
 
02. (UFSCAR) 
Reinvenção 
A vida só é possível 
reinventada. 
Anda o sol pelas campinas 
e passeia a mão dourada 
pelas águas, pelas folhas ... 
Ah! tudo bolhas 
que vêm de fundas piscinas 
de ilusionismo ... - mais nada. 
Mas a vida, a vida, a vida 
a vida só é possível 
reinventada. […] 
(Cecília Meireles) 
Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, 
encontramos traços de seu estilo 
A) sempre marcado pelo momento histórico. 
B) ligado ao vanguardismo da geração de 22. 
C) inspirado em temas genuinamente brasileiros. 
D) vinculado à estética simbolista. 
E) de caráter épico, com inspiração camoniana. 
 
03. (UFSCAR) 
Soneto de fidelidade 
De tudo, ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento. 
 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
(Vinicius de Moraes) 
Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, 
delineia-se a ideia de que o poeta 
A) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas. 
B) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível 
apaixonar-se por outra e trocar de amor. 
C) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de 
duas pessoas. 
D) concebe o amor como um sentimento intenso a ser 
compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza. 
E) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para 
as pessoas se entregarem ao amor 
 
 
 
04. (ENEM – 2010) 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade e 
[comunicação. 
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, 
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e 
[sem horizontes. 
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana. 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: 
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, 
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; 
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa... 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
395 
Tive ouro, tive gado, tive fazendas. 
Hoje sou funcionário público. 
Itabira é apenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói! 
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento 
modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma 
do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas 
humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal 
e o particular, como se percebe claramentena construção do poema 
Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de 
construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, 
conclui-se que o poema acima 
A) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom 
contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos 
típicos da oralidade. 
B) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a 
apresentação objetiva de fatos e dados históricos. 
C) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, 
por intermédio de imagens que representam a forma como a 
sociedade e o mundo colaboram para a constituição do 
indivíduo. 
D) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade 
do poeta e da poesia em comparação com as prendas 
resgatadas de Itabira. 
E) apresenta influências românticas, uma vez que trata da 
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra 
natal, por meio de recursos retóricos pomposos. 
 
05. (ENEM – 2012) 
Ai, palavras, ai, palavras, / que estranha potência a vossa! 
Todo o sentido da vida/ principia a vossa porta: 
o mel do amor cristaliza / seu perfume em vossa rosa; 
sois o sonho e sois a audácia, / calúnia, fúria, derrota... 
A liberdade das almas, / ai! com letras se elabora... 
E dos venenos humanos / sois a mais fina retorta: 
frágil, frágil, como o vidro / e mais que o aço poderosa! 
Reis, impérios, povos, tempos, / pelo vosso impulso rodam... 
MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 
(fragmento). 
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da 
Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico 
da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão 
mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: 
A) A força e a resistência humanas superam os danos provocados 
pelo poder corrosivo das palavras. 
B) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu 
equilíbrio vinculado ao significado das palavras. 
C) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa 
a grandeza da luta do homem pela vida. 
D) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às 
gerações perpetuar seus valores e suas crenças. 
E) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu 
alcance limitado pelas intenções e gestos. 
 
06. (ENEM–2012) 
Verbo ser 
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando 
em redor. Que e ser? E ter um corpo, um jeito, um nome? 
Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? 
Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a 
ser quando cresce? E terrível, ser? Doí? E bom? E triste? 
Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? 
Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? 
Sou obrigado a? Posso escolher? Não da para entender. 
Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. 
Sem ser. Esquecer. 
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. 
A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a 
sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que tem 
origem 
A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de 
ser autêntico e singular. 
B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência 
de outros. 
C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas 
familiares. 
D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por 
seus antepassados. 
E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares 
 
07. (ENEM–2013) 
Ola! Negro 
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e a quinta 
gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! 
E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem 
execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! 
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, negro-fujão, negro cativo, negro 
rebelde negro cabinda, negro congo, negro íoruba, negro que foste 
para o algodão de USA para os canaviais do Brasil, para o tronco, 
para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo; 
eu melhor compreenda agora os teus blues nesta hora triste da raça 
branca, negro! 
Olá, Negro! Olá. Negro! 
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro! 
LIMA. J, Obras completas. Rio de Janeiro Aguilar, 1958 (fragmento). 
O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu 
lírico, um contexto social assinalado por 
A) modernização dos modos de produção e consequente 
enriquecimento dos brancos. 
B) preservação da memória ancestral e resistência negra à apatia 
cultural dos brancos. 
C) superação dos costumes antigos por meio da incorporação de 
valores dos colonizados. 
D) nivelamento social de descendentes de escravos e de senhores 
pela condição de pobreza. 
E) antagonismo entre grupos de trabalhadores e lacunas de 
hereditariedade. 
 
08. (ENEM–2014) 
Mãos dadas 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
 
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história. 
Pré-Universitário/SEED Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Literatura 
 
396 
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela. 
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida. 
 
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os 
homens presentes, 
a vida presente. 
ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. 
Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado 
pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra 
Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico 
A) considera que em sua época o mais importante é a 
independência dos indivíduos. 
B) desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em 
sociedade. 
C) sociedade oprimida. 
D) escolhe a realidade social e seu alcance individual como matéria 
poética. 
E) critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos 
 
 
09. (ENEM – 2015) 
Carta ao Tom 74 
Rua Nascimento Silva, cento e sete 
Você ensinando pra Elizete 
As canções de canção do amor demais 
Lembra que tempo feliz 
Ah, que saudade, Ipanema era só felicidade 
Era como se o amor doesse em paz 
Nossa famosa garota nem sabia 
A que ponto a cidade turvaria 
Esse Rio de amor que se perdeu 
Mesmo a tristeza da gente era mais bela 
E além disso se via da janela 
Um cantinho de céu e o Redentor 
É, meu amigo, só resta uma certeza, 
É preciso acabar com essa tristeza 
É preciso inventar de novo o amor 
MORAES, V.; TOQUINHO. Bossa Nova, sua história, sua gente. São Paulo: 
Universal; Philips,1975 (fragmento). 
O trecho da canção de Toquinho e Vinícius de Moraes apresenta 
marcas do gênero textual carta, possibilitando que o eu poético e o 
interlocutor 
A) compartilhem uma visão realista sobre o amor em sintonia com o 
meio urbano. 
B) troquem notícias em tom nostálgico sobre as mudanças ocorridas 
na cidade. 
C) façam confidencias, uma vez que não se encontram mais no Rio 
de Janeiro. 
D) tratem pragmaticamente sobre os destinos do amor e da vida 
citadina. 
E) aceitem as transformações ocorridas em pontos turísticos 
específicos. 
 
10. (ENEM–2015) 
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro 
um barato. — Barato? Admito que você compre uma lembrancinha 
barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso de mim. 
— Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é 
o melhor que tem, é um barato! — Deixe eu escolher, deixe... — 
Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me 
deu no Natal! — Sua porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe 
lhe deu um blazer furado? — Viu? Não sabe nem o que é furado? 
Aquela cor já era, mãe, já era! 
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998 
O modo como o filho qualifica

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