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Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Rita Maria Lino Tarcia Prof. Me. Geni Souza Revisão Textual: Prof.ª Me. Selma Cesarin Funções Cognitivas e estilos de aprendizagem 2 Funções Cognitivas e estilos de aprendizagem Funções Cognitivas e Estilos de AprendizagemUNIDADE Vamos continuar nossos estudos entendendo mais sobre as fun- ções cognitivas e sobre os estilos de aprendizagem já teorizados. Neste conteúdo, é importante complementar as teorias de apren- dizagem já aprendidas com os estilos a serem estudados e, assim, criar novos tipos de trilha de estudo e avaliações aos alunos. Funções Cognitivas e Estilos de Aprendizagem O estudo das funções cognitivas de retomada e reconstrução de significados se dá em função da nova realidade que se coloca com a existência e acesso ao ciberespaço. Sabe-se que os fenômenos cognitivos dependem dos mecanismos cerebrais, assim como o tratamento da informação por um programa informático depende dos circuitos eletrônicos de um computador. Nesse sentido, as Ciências Cognitivas preocupam-se em entender a forma como se dá a apropriação do conhecimento pelos indivíduos. Fonte: iStock/Getty Images Entende-se por Ciências Cognitivas, segundo Michel Imbert (1998, p. 55): “O estudo da inteligência, sobretudo inteligência hu- mana, da sua estrutura formal ao seu substrato biológico, passando por sua modelização, até as suas expressões psicológicas, linguísticas e antropológicas”. Logo, o estudo da inteligência humana vai desde sua estrutura for- mal e biológica até suas expressões psicológicas, antropológicas e lin- guísticas, portanto, só pode ser compreendida a partir de uma inter- -relação entre Ciências que estudam o cérebro, tais como a Psicologia, a Informática, a Antropologia, a Linguística e a Filosofia, entre outras. 2 Com essa definição, estamos novamente diante do problema de desvendar como nossas funções cognitivas são afetadas (e afetam) pelas novas representações da informação – e até mesmo da pesquisa – que a tecnologia nos proporciona. Importante! Todavia, não é suficiente saber do desenvolvimento das funções cognitivas do pas- sado, tampouco analisá-las com os mesmos instrumentos, mesmos conhecimentos e mesmas hipóteses. A memória, a imaginação, o raciocínio, a percepção e a compreensão deverão ser novamente estruturadas, a fim de poderem interpretar e recriar os novos fenômenos do conhecimento. Importante! Diante de funções cognitivas cada vez mais complexas, o ser hu- mano procura novos estilos de aprendizagem (learning styles). Isto é, Estilo de Aprendizagem é um método que uma pessoa usa para adquirir conhecimento. Cada indivíduo aprende do seu modo pessoal e único. Um Estilo de Aprendizagem não é o que a pessoa aprende, e sim o modo como ela se comporta durante o aprendizado. Vamos lembrar que os Estilos de Aprendizagem ajudam a expli- car as diferentes maneiras de se aprender a mesma coisa. Por exem- plo, uma criança pode aprender a dizer todo o alfabeto: • Após ler um livro de alfabetização; • Brincando com blocos de construção que tenham letras; • Cantando músicas como a Canção do ABC. Atualmente, existem pelo menos Sete Estilos de Aprendizagem identificados: 1. Físico (indivíduo que usa muito a expressão corporal); 2. Interpessoal (indivíduo extrovertido); 3. Intrapessoal (indivíduo introspectivo); 4. Linguístico (aqueles que se expressam melhor com palavras); 5. Matemático (os que usam mais o pensamento/raciocínio lógico); 6. Musical (interessam- se mais por sons e música); 7. Visual (exploram mais o aspecto visual das coisas). Tais estilos possuem o aporte teórico na teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner, sintetizada a seguir. 3 Funções Cognitivas e Estilos de AprendizagemUNIDADE A teoria desenvolvida por Gardner sugere a existência de pelo menos 8 inteligên- cias distintas, isto é, 8 distintas maneiras de perceber e “conhecer” o mundo e de as pessoas resolverem os problemas que surgem, correspondendo, de alguma forma, a 8 estilos de aprendizagem. Gardner define “Inteligência” como um conjunto de competências que: • É autônomo das outras capacidades humanas; • Tem um núcleo base de operações de “processamento de informação”; • Tem uma história diferenciada de desenvolvimento (estágios de desenvolvi- mento por que todas as pessoas passam); • Tem raízes prováveis na evolução filogenética e pode ser codificada num sistema de símbolos. As oito inteligências identificadas por Gardner são: • Verbal/Linguística: Habilidade para “brincar com as palavras”, contar histórias, ler e escrever. A pessoa com este estilo de aprendizagem tem facilidade em re- cordar nomes, lugares, datas e coisas semelhantes; • Lógica/Matemática: Capacidade para “brincar com as questões”, para o raci- ocínio e pensamento indutivo e dedutivo, para o uso de números e resolução de problemas matemáticos e lógicos; • Visual/Espacial: Habilidade para visualizar objetos e dimensões espaciais, para criar “imagens” internas. Esse tipo de pessoa adora desenhar, pintar, visitar ex- posições, visualizar , vídeos e filmes; • Somato/Quinestésica: Conhecimento do corpo e habilidade para controlar os movimentos corporais. As pessoas com este “tipo de inteligência” movem-se en- quanto falam, usam o corpo para expressar as suas ideias, gostam de dançar, de praticar desportos e outras atividades motoras; • Musical/Rítmica: Habilidade para reconhecer sons e ritmos; tratam-se de pessoas que gostam de ouvir música, de cantar e até de tocar algum instrumento musical; • Interpessoal: Capacidade de relacionamento interpessoal. São pessoas que es- tão sempre rodeadas de amigos e gostam de conviver; • Intrapessoal: Autorreflexão, metacognição e consciência das realidades espirit- uais. São pessoas que preferem “estar só” e são pouco dadas a convívio; • Naturalista: Alta sensibilidade para as questões ambientais. São pessoas com elevado interesse pelas ciências da natureza e particular dom para lidar com plantas e animais. De acordo com os estudos de Gardner e outros pesquisadores da Pedagogia moderna, as pessoas são dotadas de múltiplas inteligên- cias, e não apenas uma única. Cada pessoa desenvolve mais de um tipo de inteligência, conforme sua capacidade e formação. Algumas inteligências já fazem parte da natureza humana; outras são adquiridas pelos meios em que se vive, por exemplo, a escola e a família. 4 Conhecendo o Estilo de Aprendizagem de seus alunos, os for- madores poderão criar procedimentos educacionais que serão mais personalizados, mais motivantes e significativos no que diz respeito à eficácia, tendo resultados muito melhores. Os adultos adquirem conhecimento e absorvem o que aprende- ram quando aquele assunto ou habilidade em jogo lhes é ensi- nado de modo que há empatia entre eles e o tema abordado. Descobrir o Estilo de Aprendizagem do estudante é descobrir como lhe ensinar com mais eficiência e resultados. Conceitos importantes do sistema educativo convencional, como o de avaliação individual, avaliação da prática docente e atenção à diver- sidade podem e devem ter apoio conceitual e metodológico importan- te na avaliação e conhecimento das diferentes maneiras de aprender que os sujeitos possuem. Esse conhecimento permitirá adequar a programação docente aos estilos dos alunos em alguns casos e, em outros, a ajustar a programa- ção para melhorar aqueles estilos em que são mais deficitários, assim como auxiliar o professor a diversificar seu estilo de ensinar. O conhecimento da existência de diferentes inteligências e estilos de aprendizagem gera discussão mais ampla que envolve, além da revisão de conceitos, a criação e adaptação de recursos didáticos e metodologias de ensino que valorizem as características individuais dos alunos. O desenvolvimento de novas tecnologias, de modo espe- cial as TICs, acaba favorecendo esse processo de criação e adaptação. As TICs são facilitadoras do acesso e armazenamento de dados e da informação, permitindoa criação do conhecimento, que também é adquirido mediante o compartilhamento de ideias, diálogos com grupos de especialistas, numa relação de troca pessoa a pessoa ou mediante a existência de documentos e rotinas nas instituições educacionais. A informação em ambiência virtual possibilita o desenvolvimento de pesquisas personalizadas, interativas e amigáveis, promovendo o acesso e o uso da informação multimídia e a redução de barreiras físi- cas e temporais à construção do conhecimento. A Sociedade da Informação e do conhecimento acaba por gerar novos instrumentos e sistemas de aprendizagem, favorecendo: • Pró-atividade das pessoas; • Modelos mentais; • Visão sistêmica; • Trabalho em equipe e rede; 5 Funções Cognitivas e Estilos de AprendizagemUNIDADE • Elaboração de visões compartilhadas; • Capacidade de aprender com a experiência; • Desenvolvimento de criatividade; • Desenvolvimento de mecanismos de geração e difusão do conhe- cimento; • Mecanismos de busca da informação e de captação do conheci- mento preexistente; • Desenvolvimento de mecanismos de aprendizagem nos erros e acertos de experiências anteriores. Diante dessa nova realidade que as novas tecnologias proporcio- nam, acreditamos ser possível melhora considerável no processo edu- cativo como um todo, seja ele na modalidade presencial ou a distân- cia, e mais eficaz no caso de alunos portadores de deficiência física. Existem experimentos sendo realizados com alunos portadores de deficiência auditiva ou visual por meio do uso de TICs e recursos educacionais que valorizam os estilos de aprendizagem de tais alunos. Estamos vivendo um novo mundo, repleto de possibilidades que, em muitos casos, apenas eram pensadas no passado, nos filmes de ficção científica. Complementando o assunto abordado, deixo como sugestão o vídeo: Estilos de Aprendizagem, disponível em: http://goo.gl/eeKZWv Chegamos ao final deste tópico! Não deixe de pesquisar mais sobre o assunto, pois esse tema te ajudará bastante em suas práticas docentes. Vamos para o terceiro e último tópico desta fase: Neurociências e Processos Sensoriais 6 Referências ESTILOS de aprendizagem. Disponível em: <http://www.youtu- be.com/watch?v=cqxuVY6P9PM&feature=related> Acesso em: 14 jan.2016. KNOWLES, Malcolm. The Adult Learner: The Definitive Classic in Adult Education and Human Resource Development. 5 ed. Texas: Gulf Publishing Company/Houston, 1977. MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1992. 382 p. 7