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Autor: Prof. André Ricardo Ramos Colaboradoras: Profa. Sabrina Martins Boto Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Química Interdisciplinar QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Professor conteudista: André Ricardo Ramos Químico, bacharel e mestre pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atuou como professor em cursinhos e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) lecionando Química e Física. Iniciou como professor do Ensino Superior em 2006 no ciclo básico dos cursos de Engenharia da Universidade Paulista (UNIP), ministrando diversas disciplinas nas áreas de Química, Física, Informática e Cálculo. Lecionou, ainda, Matemática Aplicada para o curso de Farmácia, além de ser professor conteudista dos cursos de Química e de Matemática da UNIP Interativa. Em seu período de formação trabalhou na área de desenvolvimento de catalisadores bioinorgânicos pela UFPR e realizou pesquisas no desenvolvimento de sensores eletroquímicos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui trabalhos apresentados em congressos nacionais e internacionais, bem como publicações em revistas especializadas nesses assuntos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R175q Ramos, André Ricardo. Química Interdisciplinar. / André Ricardo Ramos – São Paulo: Editora Sol, 2018. 116 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-041/18, ISSN 1517-9230. 1. Química interdisciplinar. 2. Processos químicos. 3. Ciência dos materiais. I. Título. CDU 54 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Juliana Mendes Ana Fazzio QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Sumário Química Interdisciplinar APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE QUÍMICA ............................................................................9 1.1 Tópicos de Química como ciência interdisciplinar: o Sistema Terrestre ........................ 11 1.1.1 Atmosfera................................................................................................................................................... 12 1.1.2 Hidrosfera ................................................................................................................................................... 18 1.1.3 Litosfera ...................................................................................................................................................... 20 1.1.4 Biosfera ....................................................................................................................................................... 23 2 TRATAMENTO DE EFLUENTES ...................................................................................................................... 24 2.1 Estações de tratamento de água (ETA) ........................................................................................ 24 2.2 Técnicas utilizadas em tratamentos de efluentes ................................................................... 25 2.2.1 Métodos físicos de tratamento ......................................................................................................... 25 2.2.2 Métodos químicos de tratamento ................................................................................................... 28 2.2.3 Métodos biológicos de tratamento ................................................................................................. 34 3 CORROSÃO ......................................................................................................................................................... 35 3.1 Reações de oxirredução e Eletroquímica .................................................................................... 36 3.2 Tipos de corrosão .................................................................................................................................. 39 3.2.1 Corrosão eletroquímica ........................................................................................................................ 40 3.2.2 Corrosão química .................................................................................................................................... 43 3.2.3 Corrosão eletrolítica .............................................................................................................................. 44 3.3 Taxa de corrosão ................................................................................................................................... 45 3.4 Revestimentos e prevenção ............................................................................................................. 47 3.4.1 Revestimentos orgânicos ..................................................................................................................... 47 3.4.2 Revestimentos inorgânicos não metálicos ................................................................................... 48 3.4.3 Revestimentos metálicos ..................................................................................................................... 48 4 COMBUSTÃO ..................................................................................................................................................... 50 4.1 Combustíveis e propriedades ........................................................................................................... 51 4.1.1 Combustíveis sólidos ............................................................................................................................. 52 4.1.2 Combustíveis líquidos ........................................................................................................................... 53 4.1.3 Combustíveis gasosos ........................................................................................................................... 56 4.2 Tipos de combustão ............................................................................................................................. 57 4.2.1 Estequiometria das reações de combustão .................................................................................. 57 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade II 5 BIOTECNOLOGIA E NANOTECNOLOGIA ...................................................................................................66 5.1 Conceitos e histórico da Biotecnologia....................................................................................... 66 5.2 Áreas de concentração da Biotecnologia e aplicações ......................................................... 67 5.2.1 Biotecnologia animal ............................................................................................................................ 67 5.2.2 Biotecnologia vegetal ........................................................................................................................... 68 5.2.3 Biotecnologia industrial ....................................................................................................................... 69 5.2.4 Biotecnologia da saúde ........................................................................................................................ 69 5.2.5 Biotecnologia ambiental ...................................................................................................................... 70 5.3 Conceitos e histórico da Nanotecnologia .................................................................................. 71 5.4 Aplicações da Nanotecnologia ....................................................................................................... 73 6 CIÊNCIA DOS MATERIAIS ............................................................................................................................. 75 6.1 Sólidos cristalinos e sólidos amorfos ........................................................................................... 76 6.2 Metais ........................................................................................................................................................ 79 6.2.1 Propriedades dos metais ...................................................................................................................... 80 6.3 Cerâmicas ................................................................................................................................................ 83 6.3.1 Propriedades das cerâmicas ............................................................................................................... 84 6.4 Polímeros ................................................................................................................................................. 87 6.4.1 Propriedades dos polímeros ............................................................................................................... 88 6.4.2 Propriedades mecânicas de polímeros ........................................................................................... 89 6.4.3 Propriedades elétricas de polímeros ............................................................................................... 89 6.5 Compósitos ............................................................................................................................................. 90 7 MÉTODOS DE ANÁLISE INSTRUMENTAIS ............................................................................................... 90 7.1 Espectrofotômetros e espectrometrias ....................................................................................... 91 7.2 Ressonância magnética nuclear .................................................................................................... 94 7.3 Difração de raios X ............................................................................................................................... 96 7.4 Cromatografia ........................................................................................................................................ 97 7.5 Espectroscopia de absorção atômica (AA) ...............................................................................101 8 PROCESSOS QUÍMICOS ...............................................................................................................................102 8.1 Catalisadores ........................................................................................................................................103 8.2 Tipos de catálise ..................................................................................................................................104 8.2.1 Catálise homogênea ............................................................................................................................104 8.2.2 Catálise heterogênea ...........................................................................................................................104 8.2.3 Catálise enzimática ..............................................................................................................................105 8.2.4 Catálise bioinorgânica ........................................................................................................................107 8.3 Envenenamento de catalisadores ................................................................................................108 7 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 APRESENTAÇÃO Talvez ao ler esta obra você reencontre aquela sensação que o levou a escolher o curso de Química. Aquela sensação de que a Química está em todos os lugares. E sim, realmente ela está. No tempo em que lecionei no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos sempre pedi aos alunos que se apresentassem e me dissessem o que faziam, se trabalhavam, se praticavam atividades esportivas e assim por diante. Feitas as apresentações, a seguinte pergunta surgia: “neste local de trabalho ou lazer existe Química?”. Em seguida tentávamos todos juntos identificar a presença de reações, processos ou coisas que só eram possíveis devido à existência da Química. Ao ler este material, tenha em mente que não se tornará um especialista em nenhum dos assuntos que aqui serão apresentados. Não se frustre! Ninguém sabe tudo. Você chegará a essa conclusão lá na frente, quando se tornar um professor licenciado em Química e seus alunos começarem a lhe perguntar sobre as coisas mais mirabolantes e malucas. Quando sua resposta for o “não sei”, provavelmente escutará de volta: “mas o senhor não é químico?” Isso já me aconteceu numerosas vezes, e acredite... Na maioria das vezes as perguntas estão relacionadas a superstições do tempo da vovó. Como exemplo: “professor, é verdade que manga com leite cria uma reação que mata?” Esta obra tem por objetivo ser informativa e mostrar ao leitor que ele estava certo: a Química está em todos os lugares. INTRODUÇÃO A Química está presente em todos os lugares e também em quase todas as ciências (se não em todas!). Durante o tempo que passarmos juntos nesta leitura você terá a oportunidade de conhecer um pouco da história e dos projetos para o futuro que envolvem a Química e que se relacionam a diversas áreas do conhecimento humano. Começaremos falando sobre alguns conceitos e aspectos da interdisciplinaridade que envolve a Química e a importância desta área em outras disciplinas. Abordaremos alguns processos naturais e iremos passeando por diversas ciências e tecnologias, até finalizarmos com alguns processos sintéticos e industriais. Teremos a oportunidade de levantar questões de importância ambiental, de voltar o olhar para situações do passado e buscar um futuro mais sustentável. Aproveitaremos para resgatar alguns conceitos que aprendemos ao longo de nossa formação educacional em ciências como Geografia, Biologia e Física, além de aplicarmos um pouco de Matemática para auxiliar na solução de alguns problemas. Vamos começar? Bons estudos! 9 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Unidade I 1 INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE QUÍMICA Desde a Antiguidade, o homem realizou a divisão dos estudos em diversas áreas e disciplinas. Foi na Grécia de Aristóteles e Platão que essa divisão se iniciou. A academia que Platãofundou era algo organizado e que possuía diretoria e salas de aula separadas onde se lecionava, por meio de questionamentos, disciplinas como Filosofia Natural, Matemática e Astronomia. Somente muito tempo depois, com o surgimento de novas formas de pensar, com homens como Galileu, Newton e Descartes, foi possível a ocorrência das primeiras revoluções científicas que abriram caminhos para novas áreas do conhecimento. O uso da palavra interdisciplinar está se tornando cada vez mais comum nas discussões pedagógicas das escolas e universidades, no meio científico e até mesmo nas mais diversas áreas de atuação profissional. Esse termo surgiu por volta do fim dos anos 1960 e reflete a grande necessidade e a importância de lembrar que, embora sejam muitas as áreas do conhecimento, existem inumeráveis relações entre elas. A palavra interdisciplinaridade vem da união de três termos: inter, disciplinar e dade, que nos levam a analisar e refletir sobre sua importância, atualmente, na educação, no avanço científico ou em ambientes profissionais. O prefixo inter, nessa palavra, estabelece uma ação recíproca, ou seja, a ação de A sobre B e também a de B sobre A, criando uma relação de causa e efeito sobre cada parte envolvida. De forma bastante evidente, disciplinar nos faz lembrar disciplinas, cuja tradução do latim significa aprender. Por fim, o termo dade está relacionado ao resultado de uma ação. Dessa maneira, bastante simplista, poderíamos entender a interdisciplinaridade como os resultados alcançados no processo de aprendizado que envolve simultaneamente diferentes aspectos do conhecimento humano. Para simplificar, pode-se entender que um determinado assunto é interdisciplinar quando este é comum, ao menos, a duas disciplinas ou áreas do conhecimento. Por exemplo, um médico cuja especialidade seja Hematologia deve ser um profissional com conhecimentos que relacionem a composição química do sangue, sua importância biológica e seu funcionamento no organismo, além de conhecer os agentes que podem causar doenças e as substâncias adequadas para o tratamento. Nesse exemplo fica claro que o médico em questão precisa ter conhecimentos relacionados à Química, Biologia e Farmacologia. 10 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Com certeza, em poucos minutos, todos podemos formular um ou dois outros exemplos que nos mostrem onde a Química pode estar presente e relacionada ao nosso cotidiano, em casa ou no trabalho. Indo além, é possível criar exemplos em que se observem ainda outras áreas do conhecimento se relacionando. Do ponto de vista interdisciplinar, a Química provavelmente seja a disciplina que nos permitiria transitar por praticamente todas as áreas do conhecimento humano, de uma forma ou de outra. No entanto, muitas vezes, é vista como “disciplina chata” ou “coisa difícil”. É muito comum escutar durante uma aula de Química a manifestação nada discreta de um aluno ao se lamentar dizendo “Deus me livre de Química!”. Talvez você mesmo tenha ouvido de um parente ou amigo algo do tipo “Você é louco!” ou “Credo!”, quando contou que havia escolhido fazer o curso de Química. Esse tipo de pensamento surge com facilidade na mente daqueles que foram apresentados a essa ciência de maneira antiga e tradicional, em que as matérias eram ensinadas de forma isolada e os alunos muito provavelmente não conseguissem enxergar ou não eram apresentados às mais diversas aplicações da Química. Por esse motivo, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) propostos pelo Ministério da Educação (MEC) visam criar um estímulo nas equipes escolares do Brasil, com a finalidade de despertar a reflexão sobre práticas diárias, auxiliar no preparo de aulas, elaborar os currículos escolares e, dessa forma, contribuir para a formação do conhecimento e para uma qualificação profissional sempre atualizada. Preocupada com a formação dos químicos do País, a Sociedade Brasileira de Química (SBC) debateu, na sua 26ª Reunião Anual, em maio de 2003, sobre os currículos dos profissionais da área e a importância de ampliar os conteúdos em áreas correlatas, criando uma formação mais interdisciplinar. Eletrônica Computação Matemática Química Biologia História Processos industriais Leis e ética Física Empreendedorismo Administração Figura 1 – Conteúdos necessários na formação do químico 11 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR No sistema tradicional de ensino, seja para o químico ou para o profissional de qualquer outra área, a formação estava limitada à sua área do conhecimento. Isso nos levou durante muitos anos à formação de profissionais, pesquisadores e doutores que eram especialistas em suas áreas, porém completamente leigos com relação ao restante do conhecimento humano. Qual a principal consequência dessa mudança de visão? Graças aos métodos pedagógicos interdisciplinares de ensino, esse panorama tem sido modificado, mesmo que aos poucos. Saiba mais Com os resultados discutidos na reunião da SBQ, foi publicado na revista Química Nova um artigo sobre a formação dos químicos no Brasil. Para saber mais, leia: ANDRADE, J. B. de et al. A formação do químico. Quím. Nova, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 358-362, 2004. Se olharmos à nossa volta veremos um mundo que foi geograficamente descoberto, conquistado e que passou por numerosas transformações econômicas, políticas e tecnológicas. Vivemos em um mundo onde não é mais possível ficar preso ao passado, onde o futuro não pode ser apenas uma continuação daquilo que já foi vivido. As fronteiras que agora precisam ser desbravadas são as do próprio limite do conhecimento humano. Com o objetivo de formar novos profissionais da Química com uma visão crítica e analítica do mundo à nossa volta, capazes de identificar, avaliar e utilizar ferramentas da Química diante de fenômenos físicos e químicos presentes no nosso dia a dia, iremos nos deparar ao longo desta disciplina com um grande número de exemplos e aplicações. Você deverá estar sempre atento e buscando a cada novo conteúdo as formas pelas quais a Química está sendo relacionada às outras áreas do conhecimento. Sempre que possível, tente imaginar outras relações, mesmo quando não forem mencionadas, pois isso auxiliará a expandir sua visão e seu raciocínio sobre os temas abordados. 1.1 Tópicos de Química como ciência interdisciplinar: o Sistema Terrestre Já no Ensino Fundamental os estudantes começam a ser apresentados a diversos temas de Ciências. Em algum momento, disciplinas como Ciências Físicas e Biológicas são introduzidas em suas vidas. Em uma aula de Geografia, por exemplo, o chamado Sistema Terrestre é apresentado aos alunos. Mostrá-lo de forma tradicional acaba por limitar a visão do aluno. Porém, fazer isso de forma multidisciplinar pode proporcionar um grande número de interações. 12 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I De que é composto o chamado Sistema Terrestre? Se buscarmos pela memória, iremos nos lembrar de que o Sistema, apresentado geralmente de forma bastante simplificada, é formado por quatro diferentes esferas. Não são esferas reais, mas conjuntos de informações e propriedades que nos possibilitam estudar a estrutura e a vida no planeta Terra. As quatro esferas são conhecidas como litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera. Estudaremos cada uma delas procurando avaliar um pouco mais a fundo as características químicas, que geralmente são deixadas de lado no Ensino Fundamental, visto que nessa etapa alguns conceitos básicos da Química ainda não foram apresentados aos estudantes. 1.1.1 Atmosfera A atmosfera é uma camada gasosa que envolve nosso planeta. Com certeza, a vida como a conhecemos seria impossível sem sua existência, pois a atmosfera mantém o equilíbrio térmico da Terra,filtra os raios ultravioleta (UV) provenientes do Sol e protege contra possíveis impactos de meteoros. Com certeza o lado “sou um químico” de seu cérebro já despertou ansioso por estudar sobre composição química, moléculas, poluição do ar atmosférico etc. Mas que tal iniciarmos nossa abordagem da atmosfera relembrando alguns conceitos das aulas de Geografia? É importante lembrar que a atmosfera foi dividida em regiões diferentes, ou camadas. Vamos estudar agora cada uma delas. Na figura seguinte temos uma representação da organização dessas camadas. Exosfera Ionosfera Mesosfera Estratosfera Troposfera 20 km 50 km 85 km 350-800 km 200-1000 km Figura 2 – Camadas da atmosfera terrestre e espessuras aproximadas 13 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR 1.1.1.1 Troposfera Primeira camada da atmosfera, a troposfera está diretamente localizada sobre os solos e oceanos. Sua espessura pode variar de um lugar para outro, sendo mais fina nos polos, com aproximadamente 5 km de espessura, e apresentando em torno de 18 km em regiões próximas à Linha do Equador. Nas regiões intermediárias, considera-se uma altitude média de 12 km. A palavra troposfera significa “esfera turbulenta”, pois nessas altitudes ocorrem os principais fenômenos meteorológicos que definem o clima de nosso planeta. A composição química da troposfera é apresentada na tabela a seguir. Tabela 1 – Composição química do ar seco ao nível do mar Gás Concentração (ppm) Nitrogênio 780.900 Oxigênio 209.400 Argônio 9.300 Dióxido de carbono 315 Neônio 18 Hélio 5,2 Metano 1,0-1,2 Criptônio 1 Óxido nitroso 0,50 Hidrogênio 0,50 Xenônio 0,08 Dióxido de nitrogênio 0,02 Ozônio 0,01-0,04 Fonte: Tassinari (2006). Lembrete A unidade de concentração ppm (partes por milhão) indica o número de partes em massa de um componente em um milhão de partes, neste caso, de ar. Por exemplo, criptônio possui uma concentração no ar igual a 1 ppm, ou seja, se tivermos a quantidade de 1 g de argônio, ela estará dispersa em 1 milhão de gramas (1 tonelada) de ar. Como você pode notar, existem diversos gases na composição química da troposfera. Classicamente essa informação pode ser resumida, e costuma-se então dizer que a composição do ar atmosférico possui 78% de nitrogênio (N2), 21% de oxigênio (O2) e que 1% da composição é de outros gases. 14 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Mas o que mantém esses gases ao redor da Terra e os impede de fugir para o espaço cósmico? O mesmo que mantém todos os outros corpos presos ao chão, a força gravitacional. Sim, a mesma descoberta por Isaac Newton e tão presente nas aulas de Física. As massas das minúsculas moléculas dos gases também estão sofrendo a ação da força de atração gravitacional exercida pela massa de nosso planeta, que é de aproximadamente 5,97.1024 kg. 1.1.1.2 Estratosfera A segunda camada da atmosfera é a estratosfera. É a camada onde está concentrada a maior parte do ozônio (O3), um gás capaz de absorver boa parte dos raios UV presentes na luz solar que são nocivos aos animais e às plantas. Esses raios causam envelhecimento precoce, além de serem responsáveis pelo aumento da incidência de câncer de pele em humanos. O ozônio é formado quando uma molécula de oxigênio é exposta aos raios solares ou a descargas elétricas e se decompõe para formar oxigênios atômicos livres. O2(g) → 2O(g) Após a formação do oxigênio atômico, haverá uma colisão com outra molécula de oxigênio molecular para formar o ozônio. O(g) + O2(g) → O3(g) Após a formação do ozônio, este cumprirá seu papel na defesa de nosso planeta absorvendo os raios ultravioleta, que são aqueles com comprimento de onda (λ) na faixa de 200 nm a 400 nm. Quando o ozônio absorve essa radiação, ele sofre decomposição para gerar uma molécula de oxigênio e um átomo de oxigênio, ambos em estado excitado. Isso é representado pelo uso do asterisco (*) e indica que essas espécies possuem maior energia se comparadas aos seus estados fundamentais e, por esse motivo, são mais reativas. O3(g) --→ O * 2(g) + O * (g) λ Por fim, o oxigênio excitado que foi gerado na decomposição do ozônio atacará outra molécula de O3, que sofrerá reação para formar oxigênio molecular O2. O3(g) + O * (g) → 2O2(g) Você deve ter notado que na própria decomposição do ozônio o oxigênio excitado que se formou como produto de reação é capaz de degradar o ozônio sem que este cumpra totalmente seu papel de absorver raios UV. No entanto, na natureza as reações conseguem se manter em equilíbrio para que a camada de ozônio possa continuar a existir. 15 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Mesmo assim, no ano de 1977, um grupo de cientistas britânicos detectou a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. A principal responsável pelo surgimento dessa falha na estratosfera é a ação do homem. Com o espantoso crescimento industrial no século XX também aumentou o número de emissões de gases poluentes, dentre os quais alguns são os causadores diretos do aparecimento desse buraco. Entre eles destacamos os gases CFC (clorofluorcarbonos). Esses gases, ao atingirem altitudes elevadas passando da troposfera para a estratosfera, sofrem decomposição pela radiação UV e liberam radicais livres de halogênios (X·), que são capazes de agir como catalisadores que aceleram a decomposição de ozônio e danificam a camada protetora da Terra. As reações a seguir exemplificam esse processo. Cl*(g) + O3(g) --→ ClO*(g) + O2(g) ClO*(g) + O3(g) --→ 2O2(g) + Cl*(g) 203(g) --→ 3O2(g) Cl* Reação global Observação Existem outras maneiras de representar as reações entre os CFCs e o ozônio. Esta é apenas uma delas. Outras representações contendo um número maior de etapas ou reações paralelas também são frequentemente utilizadas. O termo usado para se referir ao rápido consumo do ozônio é depleção, que significa perda ou processo de extração de um componente de um fluido. Lembrete A degradação do ozônio na atmosfera é decorrente da produção de oxigênio molecular a partir do O3, catalisada pelos átomos de cloro, visto que esta é a primeira etapa do processo. Graças ao Protocolo de Montreal de 1987, o uso de gases como os CFCs foi proibido em muitos países. O Brasil se uniu a esses países em 1990 por meio do Decreto n. 99.280, de 16 de junho de 1990, no qual se comprometeu a eliminar totalmente suas emissões de CFCs. Mesmo com o esforço global para reverter a destruição da camada de ozônio, a Nasa (National Aeronautics and Space Administration), que é a responsável mundial por monitorar o buraco na 16 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I estratosfera, publicou em 2015 em sua avaliação anual que o buraco apresentou sua quarta maior área, se comparada ao período entre 1991 e 2014. Portanto, lembre-se sempre da importância da utilização de protetor solar para a preservação de sua saúde. A figura seguinte apresenta a imagem publicada pelo relatório da Nasa. Figura 3 – Imagem do buraco na camada de ozônio publicada pela Nasa 1.1.1.3 Mesosfera A mesosfera é a terceira camada de nossa atmosfera e apresenta quantidades bem menores dos gases atmosféricos, visto que aproximadamente 99% dos gases ficaram na troposfera e na estratosfera. Embora os gases sejam rarefeitos nessa camada, ela é de extrema importância para a proteção do planeta contra o impacto de meteoros pequenos, pois é nela que eles sofrem combustão. Quando os meteoros se queimam na mesosfera, algumas vezes é possível observar o fenômeno conhecido como aeroluminescência que nada mais é do que o brilho que vemos à noite e chamamos de estrela cadente. Nessa camada da atmosfera a temperatura pode variar entre -15 ºC e -120 ºC aproximadamente,e as temperaturas serão menores quanto maiores forem as altitudes. Mas por que a temperatura é menor nesta camada? Na mesosfera as quantidades de gases são muito pequenas. Dessa forma, os gases que absorvem e armazenam calor proveniente do Sol não estão presentes, e por essa razão as temperaturas tendem a ser menores. 17 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR 1.1.1.4 Termosfera ou ionosfera A quarta camada pode receber dois nomes. O primeiro é termosfera, pois nessa faixa de altitude é possível observar temperaturas mais elevadas que podem atingir 1.000 ºC, uma vez que contém em sua composição o oxigênio atômico que absorve grandes quantidades da energia solar. O outro nome frequentemente utilizado é ionosfera. Como você pode ter percebido por associação, nessa camada existem íons formados do oxigênio atômico pela ação da radiação de raios cósmicos e da radiação solar que incide sobre o nosso planeta. Graças a essa ionização causada principalmente pela radiação do Sol, essa camada é rica em elétrons livres e reflete ondas de rádio em frequências de até 30 MHz. 1.1.1.5 Exosfera A exosfera é a camada mais externa da atmosfera e por esse motivo é considerada como a camada de transição entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior interplanetário. Sua composição química é basicamente formada por gases hidrogênio (H) e hélio (He), por serem pouco densos. Pode-se considerar que em suas elevadas altitudes não há influência significativa da força gravitacional e, por isso, apenas os gases mais leves fazem parte de sua composição. É a região onde estão orbitando os satélites artificiais meteorológicos e de comunicação. Já ouviu falar nos fenômenos das auroras boreal (hemisfério Norte) e austral (hemisfério Sul)? Pois bem, é nessa camada que eles acontecem. Embora levem nomes diferentes, dependendo do hemisfério em que acontecem, são a mesma coisa. Trata-se de um lindo fenômeno visual em que feixes de luzes coloridas podem se estender pelos céus em regiões mais próximas aos polos da Terra, como pode ser observado na figura seguinte. As auroras polares são decorrentes dos choques entre partículas que são trazidas pelos ventos solares, a exosfera e o campo magnético nas regiões dos polos do planeta. Durante os choques em altíssima velocidade, as partículas receberão grandes quantidades de energia e se ionizarão. Esse excesso energético é liberado na forma de energia luminosa ou fótons, e as cores diferentes dependem do tipo de átomos que deu origem aos íons. Temos na figura seguinte uma ilustração simplificada desse processo; lembre-se de que átomos diferentes possuem um espectro de cores diferentes também. (a) (b) Luz (fótons) Energia Elétron Núcleo Legenda Figura 4 – Absorção de energia (a) e liberação de energia na forma de fótons (b) 18 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Observação A representação na figura anterior é genérica e apenas ilustra os processos de absorção de energia e sua emissão na forma de luz (fótons). Átomos diferentes possuem quantidades de prótons e elétrons. O modelo apresentado é o de distribuição em camadas ou órbitas, proposto por Niels Bohr. A quantidade de energia absorvida por um tipo de átomo no estado fundamental que promove um elétron para uma camada mais externa (estado excitado) é quantizada e característica do elemento químico. Quando o elétron retorna para a camada original, a energia absorvida é liberada na forma de luz com um comprimento de onda λ específico, ou seja, com uma cor característica para aquele elemento. Nem o modelo de Bohr, nem equações, nem cores liberadas por cada elemento foram abordados aqui porque são temas frequentes em disciplinas de Química Geral ou Inorgânica. 1.1.2 Hidrosfera Vamos passar agora ao estudo da hidrosfera. Essa palavra tem origem grega e significa “esfera de água”. Como você já deve ter ouvido, a água é formada por duas partes de hidrogênio para uma de oxigênio (H2O) e é a substância essencial à vida. Nosso planeta é o único em nosso sistema solar que possui água na forma líquida. Quando falamos em hidrosfera, é muito importante ter em mente que estamos nos referindo a todas as formas em que ela é encontrada em nosso planeta: líquida (rios, mares, oceanos, chuva etc.), sólida (calotas polares, geleiras, neve etc.) ou ainda gasosa, presente na atmosfera na forma de vapores, umidade e nuvens. Algumas hipóteses sobre o surgimento da água em nosso planeta sugerem que a Terra passou por um período de sua formação em que foi bombardeada por um grande número de cometas e asteroides que possuíam grandes quantidades de gelo. Assim, ao longo de milhares de anos, a água foi se acumulando. Outros cientistas preferem a hipótese segundo a qual, durante a formação do planeta, as altas temperaturas fizeram vulcões expelirem gases e vapores de água, e as chuvas originadas acabaram por reduzir as temperaturas do ambiente. A superfície de nosso planeta é coberta por aproximadamente 70% de água. Coincidência ou não, a quantidade de água no corpo humano também está nessa faixa, entre 70% e 75%. Nem toda água existente no nosso ambiente é potável, ou seja, apropriada para ser bebida. Aproximadamente 97% da água é salgada, presente nos oceanos, mares e lagos de água salgada, e é imprópria para o consumo humano. 19 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Embora 3% da água do planeta seja doce, você poderá concluir pelo gráfico apresentado na figura seguinte que a quantidade disponível de forma viável é muito pequena, visto que a maior parte da água é inacessível à população mundial, por estar congelada ou abaixo do solo. 68,8% Calotas polares e geleiras 29,9% Águas subterrâneas 0,9% Outros reservatórios 0,3% Rios e lagos Figura 5 – Distribuição percentual de água doce na Terra Todos esses tipos de água formam uma sequência de equilíbrio dinâmico conhecido como ciclo da água ou ciclo hidrológico, no qual a água passará pelos três estados físicos da matéria. Essas passagens são processos naturais conhecidos como: �• Evaporação: nome dado ao processo em que a água da superfície passa para o estado de vapor e sobe para a atmosfera. • Condensação: os vapores se transformam em água líquida e tem início a formação de nuvens e nevoeiros. • Transpiração: é uma forma na qual a água existente em seres vivos é liberada para a atmosfera devido à elevação da temperatura externa. Além de devolver água ao ambiente, serve como recurso para resfriar e manter o equilíbrio térmico do organismo. • Precipitação: é o retorno da água presente na atmosfera para a superfície, na forma de chuva. • Escoamento: é o movimento da água que ocorre de forma superficial, sobre os solos, formando ribeirões e rios em direção aos oceanos. • Infiltração: refere-se à água que penetrou o solo em direção aos fluxos ou reservatórios subterrâneos. A junção de todos esses processos dá origem ao ciclo da água. Verifique agora a figura seguinte e procure identificar, em cada etapa do ciclo, qual deles está ocorrendo. Isso o ajudará na fixação desses conceitos. 20 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Figura 6 – Ciclo da água ou ciclo hidrológico A água possui um calor específico considerado como alto (c = 1cal/g.ºC), o que significa que apresenta a capacidade de absorver e liberar grandes quantidades de calor, mesmo quando sofre pequenas variações de temperatura. Por esse motivo, os oceanos mantêm as temperaturas do planeta relativamente estáveis. Em regiões de escassez de água, como nos desertos, as variações de temperatura são bem maiores quando medidas do dia para a noite. 1.1.3 Litosfera Do grego, a palavra lithos significa pedra. A litosfera, portanto, corresponde à partesólida do nosso planeta. Na verdade, esse termo é empregado para se referir à camada mais externa da parte sólida, ou seja, a camada de rochas e minerais mais próximas da superfície terrestre. Sua espessura pode variar de uma região para outra e vai de 5 km a 100 km de profundidade. Essa camada, por ser a mais fina e a mais próxima da superfície, está em constante modificação, pela ação das chuvas, do vento e dos seres vivos em geral, principalmente o homem. A parte sólida do nosso planeta pode ser estudada de diferentes pontos de vista, sejam eles químicos, sejam eles físicos. A avaliação química está relacionada à composição do planeta e divide a estrutura sólida em três partes: crosta, manto e núcleo. Porém, com relação à avaliação das propriedades físicas da estrutura terrestre, costuma-se dividir a parte sólida em cinco partes: litosfera, astenosfera, mesosfera, núcleo externo e núcleo interno. Ambas as representações podem ser encontradas nos livros ou mesmo na internet, mas geralmente não ao mesmo tempo. Isso poderia causar um pouco de confusão, pelo excesso de termos pertencentes a diferentes áreas. Vejamos na figura seguinte duas representações propostas. Observe que em uma delas nos referimos à camada externa como crosta e na outra como litosfera. Considere na figura um corte transversal 21 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR na estrutura da Terra e lembre-se de que as camadas possuem espessuras que variam em toda a sua extensão e não são círculos perfeitos (ou esferas em 3-D). Crosta Manto Núcleo Litosfera Astenosfera Mesosfera Núcleo externo Núcleo interno Figura 7 – Diferentes representações das seções transversais da Terra O estudo da parte sólida do planeta faz parte das grades curriculares de cursos como Geografia e Geologia; porém, como nosso foco é apresentar esses conteúdos de forma interdisciplinar, vamos nos concentrar principalmente na Química da litosfera. Os elementos presentes em maior porcentagem de massa na litosfera são o oxigênio (O – 60%) e o silício (Si – 20%) e se combinam com elementos como alumínio, ferro, magnésio, cálcio, sódio e potássio para formar uma grande variedade de minérios. Na litosfera, a distribuição desses elementos é bastante heterogênea, diferentemente do que acontece com os gases da atmosfera ou com as substâncias dissolvidas nas águas dos mares, por exemplo. Existem ainda outros elementos formando minerais na litosfera, mas em menor quantidade. Você já deve ter ouvido em algum momento os termos minério e mineral. Existe diferença entre essas palavras? A resposta é sim. Utiliza-se a palavra mineral para se referir a qualquer substância que componha a parte sólida do planeta. Por esse motivo, é mais interessante utilizarmos a expressão “carvão mineral” do que “minério de carvão”, que é comumente empregada, mas de forma errônea. Já a palavra minério se emprega para designar metais puros ou formando substâncias compostas encontrados nos solos. Elementos como cálcio, sódio e o potássio estão presentes em uma grande variedade de compostos minerais graças às suas capacidades de formar espécies iônicas. Com certeza geólogos e estudantes dessa área se aprofundam muito no estudo dessas várias formas. Neste livro-texto, vamos mencionar apenas alguns poucos minérios encontrados na litosfera baseados nos elementos mais abundantes. No quadro a seguir são apresentados alguns minérios e seus principais constituintes que nos permitem obter alguns metais de grande importância industrial e econômica. 22 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Quadro 1 – Metais obtidos de minérios e constituintes químicos Minério Constituinte principal Fórmula Metal Bauxita Óxido de alumínio Al2O3* Alumínio Hematita Óxido de ferro III Fe2O3 Ferro Pirolusita Óxido de manganês MnO2 Manganês *Na bauxita, o óxido de alumínio pode ser encontrado também na forma hidratada. Que tal recordarmos um pouco de Química Geral e Inorgânica e verificarmos os estados de oxidação dos elementos presentes nos principais constituintes dos minérios apresentados no quadro anterior? Exemplo de aplicação Os óxidos de alumínio, ferro e manganês são os constituintes principais dos minerais bauxita, hematita e pirolusita, respectivamente. Determine quais são os estados de oxidação para Al, Fe e Mn nos minerais apresentados no quadro anterior. Resolução: todos os minérios mencionados são óxidos, e devemos lembrar que o estado de oxidação do oxigênio nos óxidos é -2. Bauxita: a fórmula apresentada (Al2O3) representa um óxido. Assim, temos três oxigênios multiplicando -2, totalizando -6 cargas. O alumínio contribuirá com as cargas positivas, e existem dois átomos de alumínio na fórmula. Dessa forma, se +6 cargas forem divididas entre os dois átomos, cada alumínio estará contribuindo com +3. 2Al + 3.O = 0 2Al + 3.(-2) = 0 2Al – 6 = 0 2Al = +6 Al = +6/2 Al = +3 Hematita: possui a fórmula Fe2O3 e segue o mesmo raciocínio. 2Fe + 3.O = 0 2Fe + 3.(-2) = 0 23 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR 2Fe – 6 = 0 2Fe = +6 Fe = +6/2 Fe = +3 Pirolusita: é um minério à base de óxido de manganês, de fórmula MnO2. Logo: Mn + 2.O = 0 Mn + 2.(-2) = 0 Mn – 4 = 0 Mn = +4 1.1.4 Biosfera Chegamos finalmente àquela que é a mais complexa das “esferas” do sistema terrestre. A biosfera pode ser definida como a interação envolvendo os seres vivos existentes em nosso planeta e cada uma das outras esferas estudadas, ou seja, engloba todas as relações entre os organismos e a atmosfera, a hidrosfera e a litosfera. Em resumo, biosfera é a soma de todas as áreas do planeta onde existe vida. Diante de tamanha diversidade de espécies de organismos existentes, seria grosseiro dizer que a Biologia é a única ciência a se ocupar de estudar tal área do conhecimento, mas, com certeza, é a mais abrangente e direcionada. As relações entre cada criatura e o ambiente que a cerca podem ser analisados de múltiplas formas e permitem ao homem investigar propriedades físicas e químicas características de cada espécie, bem como verificar comportamentos, evolução, papéis históricos importantes etc. Todas essas interações dos seres vivos com seus habitats criam numerosos ecossistemas que são de vital importância para a existência da vida e o equilíbrio da Terra. Por causa dessa grande diversidade, a biosfera costuma ser dividida em partes menores, que são: • Epinociclo: é a parte relacionada aos ecossistemas de terra firme, ou seja, todos os seres vivos e suas relações com a litosfera. São consideradas tanto as criaturas existentes na superfície como aquelas que existem abaixo dela, como minhocas, insetos, bactérias e fungos etc. • Talassociclo: também chamado de biociclo marinho, abrange todos os ecossistemas de água salgada. 24 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I • Limnociclo: está associado ao estudo de todas as espécies que vivem em água doce e suas relações com o ambiente. 2 TRATAMENTO DE EFLUENTES Como vimos em seções anteriores, o sistema terrestre é formado por atmosfera, hidrosfera e litosfera, e suas interações com os seres vivos compõem a biosfera. Resumidamente, a atmosfera é a parte gasosa do planeta, e a hidrosfera a parte líquida. O assunto que discutiremos neste tópico está diretamente relacionado a elas. Chamamos de efluentes os resíduos gerados pela ação do homem que são provenientes das indústrias, do esgoto e das redes pluviais, que estão na forma líquida ou gasosa e são descartados no ambiente natural. No Brasil, a legislação que prevê as formas de tratamento dos efluentes antes de serem devolvidos à natureza foi elaborada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e constantemente é atualizadacom a finalidade de minimizar os aspectos negativos da ação do homem. A forma de tratamento adequada dependerá da origem do efluente. Por exemplo, o tratamento para um certo efluente industrial pode requerer etapas diferentes daquelas empregadas para o tratamento do esgoto doméstico. É por esse motivo que neste tópico trataremos das técnicas empregadas de forma geral, sem nos prendermos a um único exemplo de efluente. Assim, você terá um conhecimento inicial mais amplo sobre esse assunto e conhecerá os meios para se aprofundar ainda mais, sempre que isso for necessário. 2.1 Estações de tratamento de água (ETA) Antes de conhecermos algumas das técnicas utilizadas no tratamento de efluentes, daremos destaque ao tratamento da água antes da utilização pelo homem. Como você deve se lembrar, nos estudos da hidrosfera vimos que nem toda água do planeta é apropriada para o consumo humano, para a agricultura ou a indústria. Muitas vezes, necessita de um tratamento prévio, realizado nas estações de tratamento de água (ETA). Isso é necessário porque a água está disponível em aspectos ou tipos diferentes, como: • Água salgada: é imprópria para ser bebida devido a elevadas quantidades de sais dissolvidos, principalmente o cloreto de sódio, conhecido como sal de cozinha. Aproximadamente 97% da água do nosso planeta é desse tipo e forma os mares e os oceanos e alguns lagos. As águas dessa classificação possuem salinidades superiores a 30 partes por mil. • Água salobra: possui coloração turva e quantidades de substâncias dissolvidas na faixa de 0,5 a 30 partes por mil. Como exemplo podemos citar as águas dos manguezais, as quais também são inapropriadas para o consumo humano. • Água doce: tem uma salinidade inferior a 0,5 partes por mil e corresponde a 2% da água existente no planeta. Quando devidamente tratada nas ETAs, pode ser bebida, bem como utilizada em agricultura e indústrias. 25 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Na figura a seguir você poderá conhecer as etapas presentes em uma estação de tratamento de água. Algumas das técnicas empregadas no tratamento da água doce também podem ser aplicadas em processos de tratamento de outros efluentes, portanto preste atenção e acompanhe, a partir desse ponto, cada processo apresentado. Reservatório Aplicação de cloro e flúor Aplicação de cal, carvão ativado, sulfato de alumínio Filtros Decantador Floculador Gradeamento Captação Distribuição Figura 8 – Processos existentes em uma ETA 2.2 Técnicas utilizadas em tratamentos de efluentes Como mencionado, estudaremos agora alguns métodos empregados no tratamento de efluentes. Alguns já foram nomeados na figura anterior, sobre estações de tratamento de água, e serão descritos mais detalhadamente agora, bem como outros tratamentos empregados para outros efluentes em situações diversas. Os métodos empregados podem ser classificados em métodos físicos, químicos ou biológicos de tratamento de efluentes. Vamos conhecer um pouco sobre alguns deles? 2.2.1 Métodos físicos de tratamento • Gradeamento: é o nome dado ao processo em que se utilizam grades ou telas com a finalidade de reter material sólido grosseiro que possa estar presente no efluente. Essas grades podem ser removíveis, e sua limpeza é realizada de forma manual. É um processo utilizado como pré-tratamento em ETAs e também em estações de tratamento de esgoto (ETEs). As grades podem ser mais finas ou mais grossas e possuir formas diferentes, dependendo da finalidade à qual se destinam. • Peneiramento: é uma técnica pouco utilizada no tratamento de efluentes. Isso porque se destina à separação física em sistemas sólido-sólido. A separação da mistura de sólidos nesse processo 26 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I ocorre devido à diferença no tamanho das partículas. As maiores ficarão retidas no peneirador, deixando passar as de tamanho menor. • Sedimentação: é a separação de um sólido e um líquido devido à ação da gravidade sobre as partículas sólidas. A mistura permanece em repouso em tanques com grandes dimensões para que as partículas se depositem no fundo, formando o sedimento. A figura seguinte representa a formação de um sedimentado em um béquer. Você pode extrapolar esse raciocínio para grandes tanques contendo efluentes. Figura 9 – Representação da separação de sólidos e líquidos por sedimentação • Filtração e microfiltração: são processos que removem do líquido efluente as partículas que lhe conferem turbidez e cor. A presença dessas partículas comprometeria outros estágios de tratamento em que são feitas a desinfecção e a destruição de microrganismos. Existem diversos tipos de filtros, e a escolha leva em consideração as características daquilo que se deseja filtrar. Os filtros podem ser verticais ou horizontais, com escoamento ascendente ou descendente e funcionar basicamente pela ação da gravidade ou, em certos casos, com uso de pressão. O meio filtrante empregado pode ser formado por camadas de cascalho, pedregulhos ou até mesmo membranas porosas formadas por materiais poliméricos. A escolha do meio filtrante está baseada em um conjunto de características, como tamanho e distribuição dos grãos, porosidade do material, esfericidade, densidade e dureza. Além disso, lembramos que também se leva em consideração o tamanho das partículas em suspensão e o tipo de líquido efluente. Na figura seguinte são apresentados um modelo simples de filtro vertical (12 a) por ação de gravidade e um filtro horizontal (12 b) com escoamentos ascendentes e descendentes. 27 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR (b) (a) Entrada Entrada Entrada Saída Saída Saída Fluxo ascendente Fluxo descendente Figura 10 – Filtros verticais: (a) com fluxo ascendente (esquerda) e fluxo descendente (direita) e filtro horizontal; (b) com fluxos mistos • Radiação ultravioleta: também é uma técnica física e utiliza a radiação do tipo UV emitida por lâmpadas que são posicionadas dentro do efluente que está sendo tratado. Alguns microrganismos são rapidamente neutralizados quando expostos a esse tipo de radiação, e a dosagem aplicada deve ser letal para a eficiência do método. Bactérias, vírus, protozoários e vermes podem ser eliminados com essa técnica, garantindo elevação da qualidade da água tratada, por exemplo; mas a técnica também pode ser empregada em tratamento de esgoto ou em outras situações nas quais se deseja eliminar esses microrganismos. Em casos como o do tratamento da água, a turbidez deve ser menor que 5 NTU (do inglês; Nephelotric Turbidity Unit), e a concentração de sólidos em suspensão não pode exceder 10 mg/L. • Flotação: é um processo que pode ser considerado como o inverso da sedimentação. Nesse método é borbulhado ar no efluente para que se formem bolhas, e os materiais em suspensão aderem a essas bolhas formando uma espuma na superfície do líquido. Dessa forma, a espuma pode ser removida e acaba por arrastar consigo boa parte das partículas presentes no efluente. Exemplo de aplicação A flotação é uma técnica empregada na mineração do cobre a partir do minério calcopirita, cuja fórmula é representada por CuFeS2. Inicialmente o minério é pulverizado e posteriormente é colocado em uma mistura formada por água, detergente e óleo. 28 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Quando o ar é borbulhado nessa mistura, a espuma formada carrega para a superfície o sulfeto mineral que está recoberto pelo óleo. A espuma então é recolhida e encaminhada para as próximas etapas. O resíduo (conhecido como ganga) que vai para o fundo do recipiente é pobre em cobre e é descartado. 2.2.2 Métodos químicos de tratamento O uso de reagentes químicos no tratamento de efluentesé bastante comum e necessário para remoção ou redução de poluentes. Você, como futuro químico ou profissional atuante na área, certamente já ouviu falar e sabe da importância do controle dos poluentes emitidos pelas indústrias no meio ambiente. Vamos ver um pouco sobre alguns dos tratamentos químicos empregados? Eles envolvem o uso de agentes de coagulação, neutralização de pH, floculação e desinfecção. Muitas vezes, são necessárias reações de oxidação e redução, e pode ser um bom momento para recordar um pouco desse assunto. • Coagulação e floculação: são dois termos que geralmente são tratados na literatura como sinônimos, mas, na verdade, podem se referir a duas etapas de um processo em que um agente químico é adicionado ao efluente para precipitar compostos em suspensão ou desestabilizar suspensões coloidais de partículas de sólidos presentes no efluente. Na primeira etapa, a adição rápida de um agente químico reduzirá as forças que mantêm as partículas separadas e promoverá a coagulação. Em seguida, a mistura é agitada lentamente e as partículas colidirão para formar flocos maiores e visíveis a olho nu, em um processo chamado floculação. Agitador Tanque de flotaçãoTanque com agente coagulante Figura 11 – Mecanismo de coagulação (esquerda) e flotação (direita) Os agentes coagulantes podem ser sais metálicos inorgânicos e orgânicos conhecidos como polieletrólitos. Dos sais inorgânicos mais utilizados destacamos o sulfato de alumínio na forma Al2(SO4)3.14H2O, que é empregado no tratamento da água; mas geralmente ele é substituído por aluminato de sódio (Na2Al2O4) nos casos em que a água apresenta baixa alcalinidade e muita coloração. A reação apresentada a seguir nos mostra como esse processo ocorre. Al2(SO4)3 + 6H2O → 2Al(OH)3(S) + 6H + + 3SO4 2- 29 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR O hidróxido de alumínio que se forma – Al(OH)3 – é sólido, como visto na equação. Durante sua coagulação e floculação, carregará as partículas de sujeira consigo. Técnicas como a remoção de fosfatos e sais (remoção de nutrientes) muitas vezes são baseadas no uso desses sais de alumínio ou compostos de ferro. Observação Você deve ter notado, pela reação do sulfato de alumínio com a água, que a espécie ácida H+ se formou como subproduto da reação. Então, pode estar se perguntando sobre o que é feito durante o método para impedir que esse ácido interfira, por exemplo, em um tratamento de água ou de outro efluente. A adição da cal (CaO) ao processo promove o controle do pH. Na presença de água, a cal formará uma base que neutralizará os H+ formados e assim controlará o pH do meio, conforme a reação a seguir nos apresenta: CaO + H2O → Ca(OH)2 A base formada, hidróxido de cálcio, é utilizada para neutralizar a acidez do meio. Outras substâncias podem estar presentes, como carbonatos, e nesses casos outras reações poderão ocorrer paralelamente. • Precipitação de metais tóxicos: seja no tratamento da água ou no de efluentes, a remoção de metais tóxicos é de extrema importância, pois estes são poluentes agressivos ao homem e às formas de vida presentes no meio ambiente. Em geral, aplica-se um agente químico que precipita o metal, fazendo-o formar um composto insolúvel que pode ser separado posteriormente por sedimentação ou flotação. Portanto, para remover metais, como chumbo (Pb), cádmio (Cd), níquel (Ni), cobalto (Co) e mercúrio (Hg), é preciso conhecer sobre a solubilidade de seus compostos em água. O quadro a seguir nos apresenta informações simplificadas sobre solubilidade de algumas substâncias, levando em consideração ânions ligados aos cátions metálicos. Alguns metais foram destacados em negrito, para facilitar a visualização dos itens mencionados no início deste parágrafo. 30 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Quadro 2 – Regras de solubilidades em água simplificadas e exceções Compostos Regra Exceções NH4 +, Li+, Na+, K+, Rb+, Cs+ Solúveis - Nitratos (NO3 -) e percloratos (ClO4 -) Solúveis KClO4 Acetatos(CH3COO -) e nitritos (NO2 -) Solúveis Ag(CH3COO) Haletos (F-, Cl-, Br-, I-) Solúveis Ag+, Hg+, Pb2+ Sulfatos (SO4 2-) Solúveis Sr2+, Ba2+, Ca2+, Ra2+, Pb2+ Sulfetos (S2-) Insolúveis NH4 +, Li+, Na+, K+, Rb+, Cs+, Ca2+, Mg2+, Sr2+, Ba2+ Hidróxidos, óxidos, oxalatos (C2O4 2-), carbonatos (CO3 2-), fosfatos (PO4 3-) Insolúveis NH4 +, Li+, Na+, K+, Rb+, Cs+ Adaptado de: Feltre (2004, p. 209. v. 1).. Exemplo de aplicação Durante uma aula de Química Analítica Qualitativa, um grupo de alunos do curso de Química recebeu uma amostra de água contaminada com os metais Pb2+, Cd2+ e Zn2+. O professor da disciplina forneceu também as seguintes soluções: nitrato de potássio (KNO3) 0,5 mol/L, ácido clorídrico (HCl) 3,0 mol/L e ácido sulfídrico (H2S) 1,0 mol/L. Como objetivo do experimento de precipitação, os alunos deveriam utilizar o menor número de soluções para realizar a remoção dos metais presentes na amostra. Quais foram as soluções escolhidas? Justifique a escolha dos alunos. Resolução: de acordo com as tabelas de solubilidade, todos os nitratos são solúveis, e por isso a solução de KNO3 não foi usada. Os únicos cloretos considerados insolúveis são os de prata, mercúrio e chumbo, que são conhecidos em Química Analítica como metais do Grupo I. Porém, a solução de ácido clorídrico também não foi utilizada, pois o chumbo também precipita na presença de sulfetos, formando o sulfeto de chumbo PbS. Assim, os alunos utilizaram uma única solução, que é a de ácido sulfídrico, para precipitar os metais em solução na forma dos sulfetos PbS, CdS e ZnS, todos insolúveis. • Cloração: é uma técnica que se utiliza do cloro (Cl) como agente químico de desinfecção. Esse elemento é usado porque pode ser obtido facilmente como gás, na forma Cl2, e como líquido, na forma de hipoclorito de sódio (NaClO) ou na forma sólida de hipoclorito de cálcio (Ca(ClO)2). São substâncias consideradas baratas, e isso favorece o seu uso. Após sua aplicação, uma quantidade de cloro deve permanecer em solução com a finalidade de proteger a água tratada, motivo pelo qual a água que chega às torneiras de sua casa possui pequenas quantidades dessa substância. Essa quantidade deve impedir que a água seja novamente infectada por agentes biológicos e, ao mesmo tempo, não ser prejudicial à saúde do homem. É muito importante lembrar que o cloro é um gás tóxico e também corrosivo; por esse motivo, deve ser manuseado com cuidado. Quando presente no ar em uma concentração de 0,1% em 31 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR volume, o cloro pode matar, e por ser corrosivo suas concentrações na fase líquida não devem ser elevadas, para preservar ao máximo as tubulações metálicas da rede de distribuição. Saiba mais Caso você se interesse pelo processo de cloração e pelos equipamentos (chamados cloradores) que são empregados em desinfecção de água e efluentes, sugerimos a leitura: RICHTER, C. A. Água: métodos e tecnologia de tratamento. São Paulo: Blucher, 2009. p. 283-306. É uma leitura agradável e de fácil compreensão que apresenta o processo de cloração com riqueza de detalhes. Eletrofloculação: como o próprio nome sugere, essa técnica consiste na utilização de eletricidade para realizar a floculação de espécies em solução e que poderão ser posteriormente removidas por uma técnica física adequada, como filtração ou flotação. Estudos da aplicabilidade dessa técnica vêm ganhando espaço visando ao tratamento de águas residuais das indústrias têxteis, para que corantes possam ser removidos antes da devolução do efluente tratado ao meio ambiente. Durante o processo de eletrofloculação, aplica-se corrente elétrica para forçar o aparecimento e o crescimento de flóculos (flocos) de substâncias insolúveisem água. Durante o crescimento dessas partículas, os corantes são capturados e retirados da fase líquida. Um dos procedimentos de eletrofloculação mais simples envolve o uso de anodos de ferro para liberar íons metálicos em solução e formar o hidróxido de ferro (II ou III), que é insolúvel. No catodo, por sua vez, formam-se bolhas de gás hidrogênio que, ao se desprenderem, auxiliam arrastando as partículas formadas para a superfície. Essa reação eletroquímica pode ser acompanhada a seguir. Reação no anodo: Fe(s) → Fe 2+ (aq) + 2e - Fe2+(aq) + 2OH - (aq) → Fe(OH)2(s) Reação no catodo: 2H2O(l) + 2e - → H2(g) + 2OH - (aq) De forma global, a reação pode ser representada apenas como a reação do ferro metálico e da água na presença de eletricidade para formar o hidróxido de ferro II e a liberação de hidrogênio gasoso. 32 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Lembrete Em células eletroquímicas, os eletrodos recebem nomes para identificar o tipo de semirreação que está ocorrendo. Portanto, lembre-se de que a reação global é: Fe(s) + 2H2O(l) → Fe(OH)2(s) + H2(g) Anodo é o eletrodo onde ocorre a oxidação. Catodo é o eletrodo onde ocorre a redução. Osmose reversa: para que possamos entender esse processo e sua aplicabilidade, discutiremos primeiramente o processo de osmose direta no qual ocorre a passagem do solvente de uma solução mais diluída através de uma membrana semipermeável em direção a uma solução mais concentrada, até que as duas possuam a mesma pressão de vapor. Via de regra, a pressão de vapor de uma solução diluída é menor que a pressão de vapor de uma solução concentrada. Na figura seguinte, observamos uma representação desse processo de forma direta. A A B B Água ou solvente Soluto Figura 12 – Representação do processo de osmose direta A chamada osmose reversa também pode ser muito útil e aplica-se em técnicas de tratamento quando desejamos realizar o processo contrário. Nesses casos, o solvente é forçado a realizar o caminho 33 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR contrário, deslocando-se no sentido da solução mais diluída, como apresentado na próxima figura. A pressão necessária para realizar tal procedimento é conhecida como pressão osmótica. A B Figura 13 – Representação do processo de osmose reversa A pressão osmótica deve ser a quantidade de pressão exercida sobre a superfície da solução de maior concentração para impedir que o solvente atravesse a membrana. Se uma pressão maior for exercida, a osmose reversa será obtida. Seu cálculo é baseado em uma adaptação da equação de Clapeyron para os gases e pode ser representado da seguinte forma: n .V n.R.T .R.T M.R.T V π = ←→π = ←→π = Onde: π = pressão osmótica (atm). V = volume de solução (L). n = quantidade de soluto (mol). R = constante geral dos gases (0,082 L.atm.mol-1.K-1). T = temperatura absoluta (K). M = n/V = concentração molar (mol/L). Como a osmose reversa pode ser aplicada em situações práticas? Provavelmente essa pergunta tenha passado pela sua mente a essa altura. Uma técnica de tratamento que vem sendo empregada em países e localidades com dificuldade de acesso à água potável é chamada dessalinização. Esse processo nada mais é que a aplicação da osmose reversa para remover os sais presentes na água salgada e/ou salobra a fim de que se transformem em água boa para processos, por exemplo, industriais e de irrigação. Durante a utilização da técnica, uma pressão é exercida sobre água salgada, que passará por membranas para ficar mais pura. 34 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I 2.2.3 Métodos biológicos de tratamento Os tratamentos biológicos são considerados como alternativas muito eficientes para degradar matéria orgânica presente em efluentes biodegradáveis, além de serem técnicas positivas do ponto de vista econômico. Podem ser utilizadas, por exemplo, bactérias, algas ou plantas capazes de consumir a matéria orgânica do efluente. 2.2.3.1 Processos aeróbicos São aqueles processos em que organismos heterótrofos e aeróbicos são utilizados. Eles precisam de oxigênio e de um alimento. Esse alimento será a matéria orgânica que existe no efluente. As técnicas mais empregadas são as lagoas aeradas, os filtros biológicos e os sistemas de lodos ativados. Os efluentes devem estar sob condições de temperatura adequadas e ter pH adequado a cada tipo de organismo que será escolhido como agente biológico. Por se tratar de técnicas que auxiliam na remoção de material de origem orgânica, são especialmente recomendadas para ETEs. Além da indústria, as comunidades em geral podem utilizar esse tipo de tratamento em águas de lagos em parques, como ilustrado na figura seguinte. Pode-se observar que o excesso de material orgânico no lago gerou uma proliferação de plantas aquáticas. Caso a manutenção adequada seja realizada e o excesso de plantas seja removido, as águas do lago ficarão mais limpas; mas, caso esse excesso não seja controlado, quando as plantas morrerem, toda essa matéria orgânica voltará a contaminar o lago. Figura 14 – Proliferação de plantas aquáticas no Parque das Águas em Campinas, SP, devido ao excesso de matéria orgânica no lago 35 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Uma desvantagem desse processo é a necessidade de grandes áreas para sua implantação. Suas principais vantagens são o fato de ser econômico e ter valores de eficiência superiores a 90%. 2.2.3.2 Processos anaeróbicos Em um processo anaeróbico, a matéria orgânica é convertida em gases como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), água e um lodo (biomassa). A geração de carbono é um dos principais causadores do efeito estufa, pois este acaba retendo calor na atmosfera, tornando necessário o uso de queimadores para reduzir o metano emitido, capaz de reter calor 21 vezes mais que o gás carbônico. Por não haver a necessidade de injeção de ar no efluente, esse processo acaba tendo as vantagens de ser mais barato e não requerer uso de maquinários. Suas desvantagens são a necessidade de manter o meio com temperaturas entre 30 ºC e 35 ºC e o fato de necessitar de longos períodos para que ocorra o crescimento das bactérias produtoras de metano. 3 CORROSÃO Certamente, ao ouvir que algo está corroído ou que sofreu corrosão, automaticamente lhe vem à cabeça a imagem da ferrugem sobre um objeto de metal. No entanto, outros materiais também passam por processos de degradação que levam o nome de corrosão, como polímeros, e concreto. Em Química, utilizamos o termo corrosão para nos referir à destruição parcial ou completa de um material devido a uma ação do meio em que se encontra. Dessa forma, pode-se dizer que um material sofreu corrosão causada por um agente que estava no mesmo meio, que pode ser um ambiente atmosférico, aquático, no solo, ou então por estar diretamente exposto a produtos químicos. Infelizmente, esse processo espontâneo de deterioração causa modificações prejudiciais que podem comprometer totalmente o uso de certo material em uma dada aplicação, como estruturas metálicas de edificações, meios de transporte, equipamentos eletrônicos ou mecânicos e instalações industriais. A corrosão impacta direta e indiretamente a economia. De forma direta, gera a necessidade de manutenção e substituição de peças, os custos com mão de obra, o consumo energético ou mesmo a reposição de equipamentos completos, gastos que podem ser ditos inevitáveis. De forma indireta, outros custos podem surgir, como a paralisação de uma linha de produção para limpeza e manutenção preventiva, a redução da eficiência nos processos em que o material corroído pode interferir causando entupimento de canos, a interferências em processos de troca de calor,além dos riscos à segurança dos funcionários e muitas vezes do ambiente. O conhecimento científico que envolve os fenômenos de corrosão está baseado na Eletroquímica e nas reações de oxirredução (reações redox). Por esse motivo, daremos início a esse tópico relembrando alguns conceitos importantes para nos aprofundarmos nos mecanismos envolvidos. 36 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I 3.1 Reações de oxirredução e Eletroquímica Como você deve lembrar, as reações químicas podem ser classificadas de acordo com a complexidade das substâncias envolvidas. Para recordar, veja alguns exemplos para: • Reações de síntese ou adição: os produtos têm maior complexidade, ou seja, maior número de elementos em sua composição que as moléculas dos reagentes separadamente. A + B → AB • Reações de análise ou decomposição: os reagentes têm maior complexidade que os produtos, ou seja, estes são moléculas com número de átomos menor quando comparados às moléculas dos reagentes. AB → A + B Frequentemente, as reações de adição e de decomposição podem ser desencadeadas por luz (fotólise), calor (pirólise) ou eletricidade (eletrólise). A fotólise pode ser indicada na equação de uma reação química pelo uso de λ (letra grega lambda), enquanto nas pirólises utilizamos ∆ (letra grega delta), como apresentamos nas equações a seguir. Nas equações de eletrólise, costuma-se representar a quantidade de elétrons transferidos entre as espécies na própria reação, bem como as respectivas variações de número de oxidação das espécies. São as reações de oxirredução, de fundamental importância para os estudos da corrosão. Além dessa classificação, existem as chamadas reações de simples troca e de dupla troca. A + BC → AB + C AB + CD → AD + CB (Reação de simples troca) (Reação de dupla troca) Para manter o foco nas reações de oxirredução, que são de extrema importância em processos de corrosão e em Eletroquímica, vamos relembrar algumas regras para determinar o número de oxidação? 37 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Lembrete Regras para determinar o número de oxidação (Nox): • O Nox de elementos livres ou em substâncias puras é zero. Exemplos: O2, H2, N2, Fe, Cu, S8, Al. • O Nox do hidrogênio vale +1, exceto nos hidretos iônicos, como NaH, CaH2 e KH. Nos hidretos, o Nox do hidrogênio é -1. • O Nox do oxigênio é -2. Exceções: em peróxidos, o Nox do oxigênio vale -1 (Na2O2 e H2O2); nos superóxidos, o Nox vale -1/2 (CsO2 e RbO2); e, por fim, na substância fluoreto de oxigênio OF2, o Nox vale +2. • Os halogênios em compostos binários possuem Nox = -1, exceto os oxigenados. Em compostos binários formados entre halogênios diferentes e em compostos ternários, os números de oxidação podem variar entre +1 e +7. • Metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs e Fr) possuem Nox = +1. • Metais alcalino-terrosos (Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra) possuem Nox = +2. • Alumínio possui Nox fixo em +3. • O Nox total de um elemento é calculado pela multiplicação do seu número de oxidação pela quantidade desse elemento na fórmula. • A soma algébrica dos Nox de todos os elementos em um composto é zero. Caso a soma seja feita sobre uma molécula ionizada, a soma será igual à carga do íon. Em uma reação de oxirredução, a espécie que perde elétrons foi oxidada e é chamada de agente redutor, enquanto a espécie que ganha elétrons sofreu redução e é chamada de agente oxidante. Durante o balanceamento das reações redox, também é preciso estar atento ao balanceamento do número de elétrons envolvidos, para que não faltem nem apareçam inexplicavelmente. Os exemplos a seguir servem como roteiro para que você pratique o balanceamento de reações redox. Primeiramente, faremos o balanceamento da reação entre a prata metálica (Ag) e o gás cloro (Cl 2), para produzir o cloreto de prata (AgCl). Você pode realizar a contagem da quantidade de cada elemento representado nos lados de reagentes e produtos e verificar que há necessidade de balanceamento. Ag + Cl2 → AgCl 38 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 Unidade I Em seguida, escreva acima ou abaixo do símbolo de cada elemento o Nox correspondente, respeitando as regras. Então faça uma seta para indicar o par onde ocorreu a oxidação (aumento do Nox) e uma seta para indicar o par que sofreu redução (diminuição do Nox). Ag Cl AgCl 0 2 0 1 1 � ��� � � Oxidação Redução Figura 15 A prata é o agente redutor, pois sofreu oxidação: Ag (0 → +1). Em outras palavras, o átomo de prata perdeu um elétron. O gás cloro é o agente oxidante, pois sofreu redução: Cl2 (0 → -1). Dito de outra forma, cada átomo de cloro recebeu um elétron. Como temos dois átomos de cloro na molécula, teremos 2. (-1) = -2. Em outras palavras, a molécula de Cl2 precisará receber dois elétrons, mas a prata só pode doar um elétron. É preciso dobrar a proporção de prata. Teremos então a seguinte proporção: 2Ag : 1Cl2 : 2 AgCl. Essa proporção indica os coeficientes que devem ser escritos na equação: 2Ag + Cl2 → 2AgCl Para praticar um pouco mais, acompanhe o exemplo a seguir. Exemplo de aplicação O cromo é um elemento utilizado como camada protetora contra corrosão através de um processo em galvânicas conhecido como cromagem. Além de conferir brilho metálico à peça cromada, o cromo reage com o oxigênio de forma superficial formando uma camada fina de óxido de cromo que é impermeável ao oxigênio, impedindo que o gás se difunda e ataque o metal que está abaixo da camada protetora de cromo. Realize o balanceamento da equação: Cr + O2 → Cr2O3 Resolução: escreva o Nox acima ou abaixo de cada elemento. Lembre-se de que o produto da reação é um óxido e, portanto, teremos para o oxigênio Nox = -2. Vejamos o que acontece com o Nox do cromo. 2Cr + 3.O = 0 2Cr +3.(-2) = 0 2Cr – 6 = 0 2Cr = +6 39 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8 QUÍMICA INTERDISCIPLINAR Então, Nox do cromo (Cr) = +3. Oxidação Redução Cr O CRO 0 2 0 3 3 2 � ��� � Figura 16 Em alguns casos, mesmo após determinar o Nox de cada elemento, você ainda poderá encontrar alguma dificuldade para estabelecer a proporção das substâncias da reação. Uma dica é utilizar uma técnica conhecida como inversão dos coeficientes através da variação do Nox. Você usará para isso uma pequena fórmula, n.∆Nox, onde n é o coeficiente do reagente antes do balanceamento e ∆Nox representa o módulo da variação do número de oxidação. Para esse caso, temos n = 1 para o cromo, e sua variação de Nox vai de 0 → 3. Logo, n.∆Nox = 1 x 3 = 3, e pela inversão esse número deve ser escrito na frente do oxigênio reagente. Para o oxigênio, existem dois átomos na molécula O2 e n = 2. A variação de seu Nox é de 0 → -2, ou seja, ∆Nox = 2. Logo, n.∆Nox = 2 x 2 = 4, e pela regra da inversão esse número deve ser escrito na frente do cromo reagente. Finalmente, escritos esses números (4 e 3) como coeficientes dos reagentes, realize a contagem e observe que ficará muito mais fácil balancear o produto da reação, bastando multiplicar o produto por 2. 4Cr + 3O2 → 2Cr2O3 Esse seria um exemplo em que a corrosão do metal – no caso, o cromo – pode ser benéfica e utilizada como revestimento protetor. Falaremos sobre alguns revestimentos mais adiante. 3.2 Tipos de corrosão Quimicamente, a corrosão é um processo heterogêneo que acontece entre a superfície de um metal e o meio corrosivo que se encontra ao seu redor. Na metalurgia, um minério recebe uma quantidade de energia e tratamentos necessários para formar um metal que pode ser manuseado, por exemplo, na forma de placas, canos e fios. Esses processos não são espontâneos, pois requerem a entrada de energia no sistema. 40 QU IM - R ev isã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 3/ 01 /2 01 8
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