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BOTÂNICA AGRÍCOLA - CADERNO DIDATICO PARTE II

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS 
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOTÂNICA AGRÍCOLA 
 
PARTE 2 
 
 
 
 
Sônia Maria Eisinger 
Juçara Terezinha Paranhos 
 
 
 
CADERNO DIDÁTICO 
 
2019 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
2 
 
 E36b Eisinger, Sônia Maria. 
 Botânica agrícola : parte 2 / Sônia Maria Eisinger, Juçara Terezinha 
Paranhos. - Santa Maria : UFSM, CCNE, Departamento de Biologia, 
2019. 101 p. il. 30 cm – (Caderno didático). 
 
 
1. Biologia 2. Botânica 3. Classificação de plantas 
 4. Angiospermas 5. Gametogênese 6.Fecundação 7. Embriogênese I. 
Paranhos, Juçara Terezinha II. Título. III. Série. 
 
 
 CDU : 581 
 582.5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica elaborada por 
Denise Barbosa dos Santos CRB-10/145 
Biblioteca Central da UFSM. 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
3 
 
SSUUMMÁÁRRIIOO 
 
 
GRUPO DAS ANGIOSPERMAS ........................................................................... 
CARACTERÍSTICAS GERAIS .............................................................................. 
CICLO EVOLUTIVO: GAMETOGÊNESE, POLINIZAÇÃO, FECUNDAÇÃO 
E FORMAÇÃO DA SEMENTE .............................................................................. 
TAXONOMIA DAS ANGIOSPERMAS .................................................................. 
FFAAMMÍÍLLIIAASS DDEE AANNGGIIOOSSPPEERRMMAASS DDEE IINNTTEERREESSSSEE AAGGRROONNÔÔMMIICCOO .......................................... 
 MMAAGGNNOOLLIIDDEESS ((MMAAGGNNOOLLIIIIDDSS)) .................................................................................. 
Família Lauraceae ......................................................................................... 
EUDICOTILEDÔNEAS (EUDICOTS) .................................................................. 
Família Cucurbitaceae ................................................................................... 
Família Brassicaceae (Cruciferae) ................................................................. 
Família Moraceae .......................................................................................... 
Família Rosaceae ......................................................................................... 
Família Fabaceae (Leguminosae)................................................................... 
Família Myrtaceae ......................................................................................... 
Família Euphorbiaceae .................................................................................. 
Família Meliaceae .......................................................................................... 
Família Rutaceae ........................................................................................... 
Família Apiaceae (Umbelliferae).................................................................... 
Família Solanaceae ....................................................................................... 
Família Rubiaceae ......................................................................................... 
Família Asteraceae (Compositae).................................................................. 
MONOCOTILEDÔNEAS (MONOCOTS)........................................................ 
Família Poaceae (Gramineae)....................................................................... 
Família Liliaceae ........................................................................................... 
Famílias que sofreram novos arranjos segundo APG III................................ 
Família Amaryllidaceae .................................................................................. 
Família Asparagaceae ................................................................................... 
Família Xanthorrhoeaceae ............................................................................ 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA DA DISCIPLINA ............................................................ 
 
05 
07 
 
08 
11 
15 
16 
17 
19 
19 
23 
27 
31 
38 
49 
54 
58 
60 
64 
67 
72 
75 
81 
81 
94 
96 
96 
98 
99 
100 
 
33 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
4 
 
 
 
 
 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
GRUPO DAS ANGIOSPERMAS 
5 
 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
6 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
7 
 
CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS GGEERRAAIISS 
 
 As angiospermas incluem aproximadamente 300 famílias, 10.000 gêneros e 235.000 
espécies. Diferem das gimnospermas por possuírem frutos, isto é, suas sementes são 
protegidas e inclusas nos carpelos. Assim, as angiospermas são plantas que possuem as 
sementes protegidas pelo fruto. Neste caso, a folha carpelar fecha-se e após sofrer 
modificações, origina o carpelo que é constituído de estígma, estilete e ovário. O ovário 
desenvolvido, com ou sem a fecundação do óvulo, origina o fruto. Assim, os grãos de pólen 
atingem o óvulo através do estígma. 
 O tubo polínico (microprótalo) não forma espermatozóides; o saco embrionário 
(macroprótalo) fica reduzido a poucas células, sendo uma delas a oosfera e outra o 
mesocisto (núcleos polares), que originarão, respectivamente, o embrião (2n) e o 
endosperma (3n). 
 As angiospermas têm as mais variadas formas de hábito - desde enormes árvores 
(Eucalyptus) até minúsculas ervas aquáticas (Lemna e Wolffia); flores simples, até 
inflorescências bastante complexas. 
 A estrutura das flores pode apresentar-se a partir do receptáculo, sobre o qual se 
inserem os diferentes órgãos florais, tais como sépalas, pétalas, estames (androceu) e 
carpelos (gineceu). Estes verticilos florais inserem-se de maneira helicoidal (flores 
acíclicas), verticilada (flores cíclicas) ou ambas (flores hemicíclicas). Nas angiospermas 
predomina a disposição cíclica. O número de cada verticilo é variável e conforme a relação 
de simetria deles, distinguimos flores radiais ou actinomorfas, flores bilaterais ou zigomorfas 
e flores assimétricas. Cada verticilo tem estrutura e função bem determinada: flor sem 
verticilo de proteção - flor aclamídea (Salix); flor com apenas um verticilo de proteção - flor 
monoclamídea (Ricinus) e flor com dois verticilos de proteção – flor diclamídea. Neste caso, 
pode ocorrer diclamídea homoclamídea (pétalas e sépalas iguais), anteriormente 
conhecidas como tépalas (Polygonum) e diclamídea heteroclamídea (pétalas e sépalas 
diferentes) como por exemplo gênero Hibiscus. As sépalas e as pétalas podem ser livres ou 
conatas(dialissépalas e gamossépalas ou dialipétalas e gamopétalas). 
 O androceu é o órgão reprodutor masculino e é formado por um ou mais estames. O 
estame é constituído de antera e filete; apresenta as mais variadas formas e pode ser o 
único componente sexual de determinadas flores - flores unissexuais masculinas (Ricinus). 
Os estames podem sofrer transformações como nectários, estaminódios e petalóides. 
Podem ainda se apresentar livres ou unidos (dialistêmones ou gamostêmones). 
 O gineceu é o órgão reprodutor feminino e é formado por um ou mais carpelos. O 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
8 
carpelo é constituído de estígma, estilete e ovário. Cada carpelo contém um ou vários 
primórdios seminais (óvulos); gineceu pode apresentar uma diversidade de formas. Os 
carpelos podem se apresentar livres ou unidos (dialicarpelar ou gamocarpelar). 
As flores podem ser isoladas ou agrupadas formando inflorescências (definidas ou 
indefinidas), podendo ter posição axilar ou terminal. 
O fruto é um órgão que atinge grande diversificação nas angiospermas. É o produto 
do desenvolvimento do ovário, tendo o óvulo sidofecundado ou não. 
 
GGAAMMEETTOOGGÊÊNNEESSEE,, PPOOLLIINNIIZZAAÇÇÃÃOO,, FFEECCUUNNDDAAÇÇÃÃOO EE FFOORRMMAAÇÇÃÃOO DDAA 
SSEEMMEENNTTEE 
 
 O saco embrionário, uninucleado de início, sofre intenso desenvolvimento, ao 
mesmo tempo em que o núcleo haplóide do saco embrionário sofre três divisões 
consecutivas, formando oito núcleos. Estes ficam imersos no saco embrionário e, conforme 
sua posição e futura função, recebem nomes especiais, tais como sinérgidas, oosfera, 
antípodas e núcleos polares. Assim, tem-se uma estrutura com 7 células e 8 núcleos. 
 Na camada subepidermal do óvulo, uma célula da nucela se destaca pelo tamanho 
maior, tamanho do núcleo e a densidade do protoplasma; é a célula-mãe do macrósporo 
(2n). Esta divide-se duas vezes e forma quatro células, uma grande e três pequenas (n). A 
primeira divisão é redutora. A célula grande e bem desenvolvida é o macrósporo; as três 
pequenas são macrósporos abortivos que logo perecem. Neste estado começa a formação 
dos tegumentos que nascem da base da nucela. O núcleo do macrósporo sofre várias 
divisões. Primeiramente dá dois núcleos, depois quatro e, finalmente, oito. Ao mesmo 
tempo, o macrósporo aumenta em tamanho, até alcançar a extensão definitiva do saco 
embrionário. Nesta expansão destrói e absorve parte da nucela e os três macrósporos 
abortivos. Seus oito núcleos se distribuem nas sete células definitivas do saco embrionário, 
formando paredes separadoras entre si. Na extremidade, próxima à micrópila, formam-se 
três células, cada uma com um núcleo haplóide (n). Uma é a oosfera, as outras duas 
chamam-se sinérgidas. No centro há uma célula grande, o mesocisto, com vacúolos 
grandes e dois núcleos haplóides: o polar superior e o inferior. Perto da chalaza ficam mais 
três células pequenas, cada uma com um núcleo haplóide, chamadas antípodas (Figura 1). 
 O tubo polínico (gametófito masculino) surge ao germinar o grão de pólen sobre o 
estígma. Antes da abertura da antera, o núcleo de cada grão de pólen divide-se, formando 
uma grande célula vegetativa (célula do tubo polínico) e uma célula menor generativa 
(anteridial). Esta célula generativa divide-se, no tubo polínico em crescimento ou mesmo 
antes, em duas células espermáticas (fecundantes), de maneira que os grãos de pólen ao 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
9 
tempo da polinização têm duas ou três células. 
 Nas angiospermas ocorrem duas fecundações: a oosfera é fecundada por um núcleo 
das células espermáticas formando o embrião (2n) e o mesocisto (núcleos polares – n + n) 
é fecundado pela segunda célula espermática formando o endosperma secundário (3n). O 
embrião amadurece e conta com radícula, caulículo, gêmula e cotilédone(s). Mesmo antes 
do pró-embrião (zigoto) dividir-se pela primeira vez, o núcleo do endosperma (3n) começa a 
desenvolver-se intensamente, formando o tecido do endosperma que poderá servir de 
alimento ao embrião e extinguir-se em seguida, ou constituir-se num tecido de reserva da 
semente que somente mais tarde, quando esta germinar, será consumido pelo embrião. 
Quando a semente está madura cessam todos os processos fisiológicos da embriogênese. 
 Pode haver embriogênese sem ocorrer fecundação. Este caso chama-se de 
“apomixia”, isto é, fenômeno pelo qual se produz um embrião sem haver a fecundação 
prévia. Há dois tipos de apomixia: partenogênese e apogamia. 
- Partenogênese: é o fenômeno de formação de um embrião a partir de uma oosfera não 
fecundada. 
- Apogamia: é a produção de um embrião a partir de uma célula qualquer do gametófito 
distinta da oosfera, por exemplo as sinérgidas, as antípodas ou as células da nucela. 
- Embrionia adventícia: é qualquer embrião não proveniente da oosfera. 
- Poliembrionia: é a formação de vários embriões numa mesma semente. Ex. Citrus. 
 
COMPARAÇÃO ENTRE REPRODUÇÃO NAS GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS 
1 - Os óvulos, e portanto as sementes, ocorrem no interior de macrosporófilos 
(angiospermas) ao invés de ficarem expostas em suas superfícies (gimnospermas); 
2 - Os próprios gametófitos são menores e mais simples nas angiospermas; 
3 - A polinização nas angiospermas envolve o transporte de grãos de pólen dos 
microsporângios (antera) à superfície receptiva do macrosporófilo (estígma), e não à 
micrópila do óvulo como nas gimnospermas; 
4 - Dupla fecundação ocorre somente nas angiospermas; 
5 - O embrião das angiospermas é alimentado pelo endosperma secundário (3n), um tecido 
especial que surge após a fecundação, ao contrário das gimnospermas, cujo embrião é 
alimentado pelo endosperma primário (n); 
6 - O óvulo das angiospermas não aumenta até o tamanho da semente a não ser após a 
fecundação, ao contrário do que ocorre nas gimnospermas; 
7 - As sementes das angiospermas estão encerradas dentro de frutos, que são ovários 
desenvolvidos após a fecundação; os frutos algumas vezes se associam a outras partes da 
flor. Nas gimnospermas não ocorrem estruturas deste tipo, uma vez que o macrosporófilo 
não envolve a semente. 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
10 
 
 
 
 
Figura 1: Macrosporogênese (Morandini, s.d). 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
11 
TAXONOMIA DAS ANGIOSPERMAS 
 
As angiospermas são as plantas terrestres dominantes. Representam mais de 220 
mil espécies, as quais estão agrupadas em mais de 10 mil gêneros e aproximadamente 300 
famílias. 
 O Sistema de Engler, modificado por Melchior em 1964, divide as angiospermas nas 
classes: Dicotyledoneae e Monocotyledoneae. A primeira classe compreende duas 
subclasses, Archichlamideae (flores aclamídeas; monoclamídeas e diclamídeas dialipétalas) 
e Metachlamideae (flores diclamídeas gamopétalas). 
 No Sistema de Cronquist (1988), a divisão Magnoliophyta abrange duas classes: 
Magnoliopsida (dicotiledôneas) e Liliopsida (monocotiledôneas). A primeira classe é 
subdividida em seis subclasses, enquanto a segunda inclui cinco subclasses. O Quadro 1 
apresenta as diferenças entre dicotiledôneas e monocotiledôneas. 
 
Quadro 1 - Diferenças entre dicotiledôneas e monocotiledôneas . 
Características Dicotiledôneas Monocotiledôneas 
Cotilédones 
Nervação da folhas 
Câmbio 
Feixes do caule 
Raiz 
Flor 
Pólen 
2 
reticulada 
presente 
organizados 
pivotante 
2-4 ou 5-meras 
3 aberturas 
1 
paralela 
ausente 
espalhados 
fasciculada 
trímeras 
1 abertura 
 
Em torno do ano de 2000, trabalhos de filogenia baseados em sequências de 
rRNA, rbcl e atpβ foram iniciados por um grupo de especialistas denominado APG 
(Angiosperm Phylogenetic Group), os quais resultaram numa nova proposta de 
classificação das Angiospermas, conhecido como sistema APG. Em 2003 surgiu uma nova 
versão do sistema denominado APG II, conforme visto no Caderno Didático Parte I e 
segundo esta proposta, as Angiospermas constituem um grupo monofilético, o que é 
sustentado por vários autores, e provavelmente um grupo irmão de Gnetophyta. Estudos 
cladísticos, baseados em morfologia e biologia molecular, não sustentam a tradicional 
divisão em apenas Monocotiledôneas e Dicotiledôneas. Enquanto a monofilia das 
Monocotiledôneas é aceita, as Dicotiledôneas formam grupos parafiléticos. De acordo com 
esta classificação, as Angiospermas apresentam entre outros grupos as Angiospermas 
basais (Ceratophyllales, Laurales, Magnoliales e Piperales), as Monocotiledôneas e as 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
12 
Eudicotiledôneas que contém as Eudicotiledôneas Core formadas principalmente por 
Rosídeas e Asterídeas. Estes grupos não apresentam equivalências em relação às 
categorias anteriormente estabelecidas, como por exemplo, Classes e Subclasses. 
Em 2009 foi publicada uma terceira versão denominada APG III (Figura 2). Nesta 
foram adicionadas novas ordens como Amborellales, Nymphaeales, Chloranthales entre 
outras (assinaladas na figura com uma “cruz” à direita das mesmas) e incluíram-se gêneros 
em famílias e famílias em ordens. 
Em 2016, sete anosapós o seu predecessor, o sistema APG III e 18 anos após 
o sistema APG original, foi apresentada uma atualização da classificação do Angiosperm 
Phylogeny Group (APG) denominado APG IV (Figura 3). Neste, cinco novas ordens são 
reconhecidas: Boraginales, Dilleniales, Icacinales, Metteniusiales e Vahliales (marcadas 
com uma “cruz” à direita das mesmas), bem como algumas novas famílias, resultando num 
total de 64 ordens e 416 famílias de angiospermas. Foram propostos também dois novos 
clados, informais e superiores: Superrosídeas e Superasterídeas, cada um incluindo 
outras ordens além das que pertencem aos grupos Rosídeas e Asterídeas. 
Nestes sistemas de classificação denominados APG, a maioria das famílias 
tradicionalmente reconhecidas não sofreram alterações em suas circunscrições, como por 
exemplo, Poaceae (Gramineae), Cyperaceae, Asteraceae (Compositae), Fabaceae 
(Leguminosae), Myrtaceae, Bignoniaceae, Rubiaceae, Cucurbitaceae, etc. As principais 
mudanças ocorreram exatamente naqueles grupos que já eram claramente reconhecidos 
como artificiais, como é o caso de Euphorbiaceae, Liliaceae, etc. Exemplificando, na família 
Euphorbiaceae, o gênero Phyllanthus passa a fazer parte da família Phyllanthaceae. Na 
Liliaceae, o maior número de gêneros foram transferidos para outras famílias já existentes 
ou então, para novas famílias, como será apresentado no final deste caderno, quando 
tratarmos desta família. 
 
 
 
TERMOS UTILIZADOS EM ESTUDOS FILOGENÉTICOS 
 
Monofilético: Em cladística, chama-se monofilético a um clado (que pode ser um taxon no 
sentido da taxonomia de Lineu) que, de acordo com o conhecimento mais recente sobre as 
suas características anatômicas e genéticas, inclui todas as espécies derivadas de uma 
única espécie ancestral, incluindo esse mesmo ancestral, ou seja, quando o grupo é 
formado por descendentes de um ancestral comum em uma filogenia. 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
13 
Exemplo: O agrupamento dos répteis e aves formam um grupo monofilético porque 
descendem de um ancestral comum. 
Parafilético: Em cladística, chama-se parafilético a um clado (taxon) que inclui um grupo 
de descendentes de um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes 
desse ancestral, porém não todos eles, ou seja, quando o grupo não inclui todos os 
descendentes de um ancestral. 
Exemplo: O grupo dos répteis não inclui as aves que apresentam o mesmo ancestral 
comum. Se acrescentar as aves tornar-se-á um grupo monofilético. 
 
Cladística – Método de análise das relações evolutivas entre grupos de seres vivos, de 
modo a obter a sua genealogia. 
A seguir serão apresentadas as principais famílias de interesse agronômico, não 
seguindo nenhum dos sistemas de classificação apresentados. 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
14 
 
Figura 2: Esquema do Sistema de Classificação segundo APG III (Angiosperm 
Phylogenetic Group), 2009. (Botanical Journal of the Linnean Society. Vol. 161, p.105-
121. Copyright © 2009. The Linnean Society of London). 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
15 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
16 
 
 
 
 
 
 
FFAAMMÍÍLLIIAASS DDAASS AANNGGIIOOSSPPEERRMMAASS DDEE 
IINNTTEERREESSSSEE AAGGRROONNÔÔMMIICCOO 
 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
17 
 
 MMAAGGNNOOLLIIDDEESS ((MMAAGGNNOOLLIIIIDDSS)) 
FAMÍLIA LAURACEAE 
 
 Ao redor de 2500 espécies distribuídas em 50 gêneros; 350 espécies sul-americanas 
e de classificação, a campo, muito difícil. No Brasil é representada por 25 gêneros e cerca 
de 400 espécies. São originárias de regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, 
especialmente nas florestas da América Central, América do Sul, África e parte da Ásia. 
 Plantas de porte arbóreo (maioria) e arbustivo. 
 Folhas simples, alternas, membranáceas ou coriáceas, com ou sem domácias, 
dotadas de cheiro característico proveniente de células cheias de óleos e essências 
aromáticas voláteis. O Sassafras apresenta folhas lobadas. 
 Flores pequenas, cíclicas, homoclamídeas, actinomorfas, trímeras, geralmente 
hermafroditas e, às vezes, unissexuais por aborto; plantas monóicas ou dióicas; apresentam 
perigônio, androceu polistêmone com 3 a 5 verticilos de 3 estames cada um, possuem 
estaminódios, anteras de deiscência valvar, ovário súpero de 1 a 3 carpelos concrescidos, 
unilocular e uniovular. 
 FÓRMULA FLORAL: K 3 C3 A 3-15 G (1-3) ↑ * 
Fruto baga ou drupa. 
 
Exemplos: 
 - Sassafras officinalis: sassafrás. Árvore de 15 a 25m de altura, caducifólio, 
fornece a “essência de sassafrás” colhida no outono, empregada para aromatizante de 
sabões, fumos, dentifrício, goma de mascar, perfumes, etc. Originária da América do Norte, 
multiplica-se por sementes. 
 - Laurus nobilis: louro, loureiro. Árvore ou arbusto perenifólio de 10 a 20 m de 
altura, floresce em fins de inverno à primavera. Originária do Mediterrâneo, é uma planta 
ornamental, aromática e medicinal, usada como símbolo da vitória. Reproduz-se por 
sementes, estacas com folhas, perfilhos e alporquia. No 
Brasil não frutifica. As folhas são usadas como condimento no mundo todo; os frutos 
maduros e prensados são usados no preparo de licores; o óleo essencial dos frutos e folhas 
é empregado em perfumaria e produtos farmacêuticos. Os princípios ativos do louro são 
laurina, ácido laurínico, geranol e estearina. O chá das folhas é usado como digestivo, 
emenagogo e carminativo. 
 - Cinnamomum camphora: canforeira. Árvore de grande porte, pode atingir até 25 
metros de altura, originária da China e Japão e encontra-se espalhada no mundo em 
regiões tropicais e temperadas como planta ornamental, medicinal e industrial. Fornece óleo 
 
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18 
de cânfora e madeira; usada na fabricação da nitrocelulose e celulóide; multiplica-se por 
sementes, floresce na primavera, apresenta um crescimento lento. 
 - Cinnamomum zeylanicum: canela-de-cheiro, canela-do-ceilão. Naturalmente é 
uma planta de pequeno porte (10m de altura), arbusto em cultivo comercial. Natural do 
Ceilão; empregada na culinária, medicina e perfumaria devido as suas propriedades tônicas, 
aromáticas e estimulantes; tem 65% de aldeído cinâmico. Derivados da canela: cânfora, 
cera de canela, eugenol, essência de canela e canela em rama. Exploração comercial a 
partir do 3° ano até 15 anos. Multiplica-se por sementes, alporquia e estaquia (estacas com 
cerca de 30 cm, retiradas de ramos novos de plantas adultas). 
 - Persea americana: abacateiro. Originária do México e América Central; 
considerado como “legume” na maioria dos países, sendo consumido sob forma de 
conserva, saladas e sopas. O fruto, popularmente, é tido como afrodisíaco, tem grande 
valor alimentício em função dos ácidos graxos, proteínas, vitaminas A, B, C, D e E. O óleo 
do fruto tem grande aplicação na cosmetologia; as cascas são vermífugas; a semente é 
usada contra o reumatismo em medicamentos caseiros; folhas e brotos são diuréticos, 
estomáquicos, carminativo e emenagogo (usados depois de seco) e são considerados 
também antidiarréicos. Brasil consome variedades com baixo teor de óleo. É uma árvore de 
grande porte em ambiente natural e arbustos ou pequena árvore quando em cultivo. 
Apresenta um grande número de flores por panícula e é na flor que reside todo o mistério 
de produção ou não de frutos. Cada flor hermafrodita abre duas vezes, isto é 
, tem dois estágios de maturação: 1° abertura ocorre quando o gineceu (estígma) está apto 
(maduro) para receber o pólen e a 2° abertura,quando o androceu está maduro, liberando o 
pólen; estas aberturas ocorrem em períodos diferentes dentro de plantas de uma mesma 
raça como em plantas de raças diferentes. 
 Entre as lauráceas nativas devemos mencionar algumas espécies pertencentes aos 
gêneros Ocotea, Nectandra, Cryptocaria e Aiouea, os quais encerram a maioria das canelas 
ou imbuias, antes bastante comuns em nossas formações florestais. Todas multiplicam-se 
por sementes e são perenifólias. 
 - Ocotea puberula: canela guaicá, guacá. 
 - Ocotea porosa: imbuia, embuia. 
 - Ocotea odorifera: canela sassafrás, sassafrás. 
 - Ocotea pulchella: canela lageana, canela miúda. 
 - Nectandra megapotamica: canela ferrugem, canela preta, canela louro. 
 - Nectandra lanceolata: canela amarela, canela-do-brejo. 
 - Aiouea saligna: canela anuíba, canela amarela, canela-do-Rio Grande. 
 - Phoebe stenophylla: canela crespa. 
 
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19 
 
EUDICOTILEDÔNEAS (EUDICOTS) 
FAMÍLIA CUCURBITACEAE 
 
 
 Deriva do latim “cucurbita” = a aboboreira. 
 Família com cerca de 1250 espécies e 120 gêneros originários de regiões tropicais; 
no Brasil encontramos 30 gêneros com aproximadamente 200 espécies. 
 São plantas herbáceas, trepadeiras ou rastejantes, com ou sem gavinhas. Os caules 
apresentam vasos bicolaterais (característica anatômica marcante na família) e quando 
rastejantes, emitem raízes adventícias em cada nó. Apresentam indumento de cerdas 
rígidas que as tornam, normalmente, ásperas. 
 Folhas alternas, simples, inteiras ou profundamente lobadas e até fendidas, às 
vezes, de pecíolo ôco. 
 Flores unissexuais, geralmente brancas ou amarelas; plantas monóicas ou dióicas; 
geralmente grandes e vistosas ou pequenas e reunidas em inflorescências axilares. Flor 
masculina com 2 a 5 estames iguais, livres e anteras grandes e sigmóides. Flor feminina 
tem ovário ínfero, grande, tricarpelar, unilocular, às vezes com grande desenvolvimento da 
placenta carnosa e com muitos óvulos. A polinização é realizada por abelhas ou vespas. 
 
FÓRMULA FLORAL: K (5) C (5) A 2-5 
*
 ou K 5 C 5 A 2-5 
*
 Flor masculina 
 K (5) C (5) G (3) ↓ 
*
 ou K 5 C 5 G (3) ↓ 
*
 Flor feminina 
 
 Fruto típico carnoso, indeiscente denominado pepônio (Cucurbita). Podem ainda ser 
do tipo cápsula fibrosa, operculada (Luffa), baga (Sechium) ou .carnoso deiscente 
(Momordica). Muitas sementes por frutos, com exceção do chuchuzeiro. 
Propagação por sementes, fruto ou divisão de raízes. 
 Importância econômica principal são os frutos comestíveis. 
 
Exemplos: 
Gênero Cucurbita: Inclui plantas herbáceas, anuais ou perenes, trepadeiras ou 
decumbentes, providas de gavinhas, caules rugosos e ásperos, folhas grandes e 
suborbiculares, flores amarelas comumente solitárias, fruto pepônio com alto conteúdo de 
carboidratos e vitaminas. Sementes ricas em óleo, proteína e com propriedades vermífugas. 
Ao redor de 26 espécies originárias da América tropical. O centro de origem é a fronteira do 
México e Guatemala. As espécies mais cultivadas são Cucurbita pepo, C. maxima e C. 
moschata podendo haver híbridos entre elas. As diferenças entre as espécies estão no 
Quadro 2. 
 
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 O uso das aboboreiras como plantas medicinais não considera a individualidade das 
espécies. De um modo geral todas têm o mesmo emprego. Folhas e flores friccionadas 
sobre a pele combatem a erisipela; folhas amassadas são usadas em queimaduras leves; 
polpa crua ou cozida em cataplasmas é antiinflamatória; sementes frescas ingeridas em 
jejum combatem vermes intestinais, inclusive a tênia; raiz é febrífuga e para lavar feridas; 
suco da polpa para prisão de ventre; sementes trituradas contra inflamações das vias 
urinárias. 
 
Quadro 2 – Comparação entre as espécies de Cucurbita. 
 
 
 
C. moschata C. pepo C. maxi ma 
Nomes 
populares 
Abóbora-menina, abóbora-
de-pescoço 
Abobrinha-italiana Moranga 
Hábito Herbáceo rastejante Herbáceo ereto Herbáceo rastejante 
Folhas 
Cordiformes ou 
reniformes; com manchas 
prateadas 
Cordiformes; com manchas 
prateadas 
Cordiformes; sem manchas 
prateadas 
Pedicelo 
5 ângulos bem marcados. 
Disco basal com 5 lóbulos 
dilatados na inserção com 
o fruto 
5 ângulos profundos. Disco 
basal com lóbulos pouco 
dilatados na inserção com o 
fruto 
Cilíndrico, suberoso e 
estriado; sem ângulos e sem 
disco basal 
 
Frutos 
Formato alongado 
(pescoço) com uma das 
extremidades globular, 
onde se alojam as 
sementes, de cor 
alaranjada. 
Cilíndrico, estreitando-se em 
ambas as extremidades. De 
cor verde-clara com estrias 
verde-escuras 
Depende da cultivar: 
a) achatados com gomos 
pronunciados, vermelho-
coral; 
b) achatados, com gomos 
pouco pronunciados, 
cinza-claro 
Colheita 
dos frutos 
120-150 dias 45-80 dias 90-150 dias 
 
 
Espécies de outros gêneros: 
- Cucumis melo: melão. Originária da Ásia e Africa; já conhecido dos egípcios e 
romanos, chegando à Europa no século XVII e, hoje, é cultivado no mundo inteiro; pepônio 
polimorfo, pubescente ou glabro, liso, canaliculado ou reticulado, perfumado ou quase 
inodoro. Folhas usadas contra doenças da bexiga; fruto é rico em sódio, potássio, cálcio, 
 
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magnésio, ferro, vit. A e C. É cultura de verão apresentando as seguintes variedades: 
- Cucumis melo var. inodorus: melão-valenciano, melão-espanhol. A cultivar 
Valenciano-amarelo é produzida no Brasil principalmente em São Paulo, vale do São 
Francisco e sul do Pará. Os frutos tem casca amarelo, fina, porém resistente; a polpa é 
esverdeada a branca, sem odor. Colheita em 80-90 dias após a semeadura. A cultivar 
Valenciano-verde é pouco produzida no Brasil; frutos com casca verde, mesmo quando 
maduros, espessa e enrugada. 
- Cucumis melo var. reticulatus: melão-cantalupo (americano). De cultivo limitado, 
são menos resistentes ao transporte e armazenamento; frutos de cor palha, com casca 
coberta por uma rede branca, polpa salmão, perfumada. 
- Cucumis melo var. odoratus: melão-gaúcho. Fruto com polpa perfumada, rosada 
e casca lisa, em gomos. 
 - Cucumis sativus: pepino. Origem indiana, planta trepadeira ou não, anual; 
cultivada a mais de 4 mil anos entre os hebreus, egípcios e gregos; frutos variados de 
acordo com a cultivar: com casca clara, utilizados para saladas e para picles, quando 
colhidos novos; com casca verde-escura para saladas e para picles, semelhantes aos com 
casca clara, porém bem menores. Os frutos tem alto teor d’água (± 96%), baixo conteúdo 
vitamínico e protéico; é diurético (ácido úrico) e usado como cosméticos, no tratamento da 
pressão alta ou baixa; rodelas de pepino contra sarna, coceira e inflamações dos olhos. 
Propagação por sementes. 
 - Cucumis anguria: maxixe. De origem africana, não é cultivado no sul do Brasil; no 
nordeste e Mato Grosso os frutos são utilizados cozidos ou para picles, após a raspagem 
dos espinhos macios. É menos indigesto comparado com o pepino. É anti-helmíntico e 
emoliente. 
 - Citrullus lanatus: melancia. Originária da África Tropical; planta herbácea, 
rastejante, anual, muito ramificada, com folhas profundamente recortadas. Frutos com polpa 
vermelha, rica em água e açúcares. As cultivares americanas produzem frutos alongados, 
com casca verde-clara com finas riscas verde-escura, enquanto que as japonesas tem a 
mesma coloração, porém os frutos globulares e menores. Os pepônios, que podem atingir 
até 25 kg, tem cálcio, fósforo, ferro, proteínas, vit. A, B1, B2, B5 e C. São diuréticas, usadas 
para afecções renais em geral, levemente laxante (bem madura); combate reumatismo, 
artritismo e acidez estomacal; as sementes são diuréticas e vermífugas. Citrullus lanatus 
var. citroides: melancia-de-porco. Fruto com casca verde-escura com manchas mais 
claras,polpa branca usada para doces. 
- Sechium edule: chuchu. Originária da América Tropical; trepadeira perene, com 
gavinhas, muito sensível ao frio; sistema subterrâneo tuberoso. Propagação através do 
fruto, que contém uma única semente. Usada para diversos fins: frutos comestíveis, 
 
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forragem, verdura (folhas), brotos substituem o aspargo, palha para cestos, chapéus e 
papel. Os frutos são fonte de vitamina A, B e C, sais minerais e aminoácidos, bom para 
dietas, distúrbios estomacais, circulatórios e hipertensão. As folhas são diuréticas e abaixam 
a pressão. 
 - Luffa cylindrica: esfregão, bucha. Originária da África Tropical e Subtropical; 
planta herbácea anual, escandente; frutos maduros (cápsulas operculadas) contém um 
tecido esclerenquimático muito resistente, com muitas sementes, podendo alcançar 60 cm 
de comprimento. Propagação por sementes. Os frutos novos são comestíveis e os maduros 
fornecem a “esponja vegetal”; as sementes em infusão são laxantes e vermífugas. 
 - Lagenaria siceraria: porongo, cabaça, cuia. Origem duvidosa, regiões tropicais da 
América ou da África, não são conhecidas populações silvestres. Planta herbácea 
escandente, anual. O fruto é um clamidocarpo lenhoso, impermeável, utilizado como 
recipiente. É planta ornamental na Europa e Extremo Oriente. A polpa do fruto maduro é 
fortemente purgativa, podendo ser tóxica. Propagação por sementes. 
 - Momordica charantia: melão-de-são-caetano, melão japonês. Originária da África 
e naturalizada no Brasil. Herbácea, anual, muito ramificada. As bagas são deiscentes, de 
cor abóbora, verrugosas, com polpa amarela, de 5-15 cm de comprimento, e as sementes 
apresentam arilo vermelho. Ornamental, medicinal e tóxica. Frutos usados como 
condimento; brotos novos cozidos substituem o espinafre; frutos usados como picles e 
sementes são componentes do “Curry”; caule e folhas trituradas, enquanto verdes, servem 
para clarear e tirar manchas das roupas; caule seco tem fibras macias com vários usos no 
meio rural (Brasil Central e Norte); é purgativo, febrífugo e anti-helmintico; polpa do fruto 
maduro usada contra furúnculo; na homeopatia, usada contra diarréias e reumatismo. 
Propagação por sementes. 
 
 
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FAMÍLIA BRASSICACEAE (CRUCIFERAE) 
 
 Possui cerca de 400 gêneros e 4000 espécies cosmopolitas, originárias do 
hemisfério norte e distribuídas nas zonas temperadas de todo o mundo. Poucos 
representantes no Brasil, sete gêneros e 50 espécies subespontâneas; em geral plantas 
ruderais, encontradas em terrenos baldios. 
 Plantas herbáceas de importância agrícola, ornamental, ruderais e/ou invasoras. 
 Folhas simples e alternas; as basais rosuladas, inteiras a fortemente recortadas. 
 Flores tetrâmeras, perfeitas, brancas, amarelas ou róseo-violáceas. As pétalas estão 
dispostas em cruz alternadamente com as sépalas, daí o nome alternativo da família. 
Androceu tetradínamo (às vezes reduzido a 2 ou 4 estames). Apresentam nectários; 
polinização entomófila; pode ocorrer auto-fecundação. 
 FÓRMULA FLORAL: K4 C4 A 2-6 G (2) ↑ * 
 Fruto síliqua e sementes sem endosperma, com alto teor de óleo, e algumas com 
glicosídeos que se hidrolizam por ações enzimáticas, dando um forte cheiro e sabor de 
compostos sulfurados (mostarda), sendo tóxicas para o gado. A maioria das espécies são 
usadas na alimentação humana, tendo propriedades medicinais, principalmente 
anticancerígenas. 
 Multiplicação por sementes. 
 
Exemplos: 
 
ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS: 
 O gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola é Brassica. Apresenta 
plantas anuais, bianuais ou perenes; síliqua cilíndrica, flores amarelas, raíz polimorfa. Todas 
as espécies do gênero Brassica são alógamas e todas as variedades ou formas que 
pertencem a uma dada espécie se intercruzam perfeitamente; além deste cruzamento 
rápido podem surgir cruzamentos entre espécies diferentes com uma freqüência, que é 
necessário praticar o isolamento quando se cultivam estas espécies para a produção de 
sementes. A multiplicação das espécies, variedades e formas é por sementes. Espécies da 
Europa e Ásia, das quais as mais cultivadas são: 
 - Brassica napus var. oleifera (= var. arvensis f. annua): colza, canola. Originária 
da Europa, é planta anual de inverno. Sementes contem 22% de proteína e 45% de óleo, 
que pode ser usado na alimentação, lubrificação e sabão. Sementes usadas como matéria 
prima para fabricação de margarina e maionese; a torta e o farelo são ótimos para rações. 
As plantas contem ácido erúcico que provoca lesões no coração e glucosinato que causam 
 
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problemas de tireóide. No Canadá foi criada a cultivar “canola”, produtora de azeite de baixo 
teor de ácido erúcico, diferente do óleo de colza natural. Planta invasora, melífera. 
 - Brassica rapa (=B. napus var. napobrassica): nabo branco, nabo. Planta bianual; 
as partes comestíveis são o hipocótilo e a raiz, engrossados e carnosos; ricos em vitaminas 
A, C e cálcio; o chá das folhas e das raízes é antifebril e combate problemas renais. 
 - Brassica alba: mostarda branca ou amarela. Sementes brancas ou amarelas 
claras, 3mm de diâmetro em síliquas de 2cm, flores auto-estéreis. Nativa da Bacia do 
Mediterrâneo e é a mais cultivada no Brasil. Forrageira e adubação verde. 
 - Brassica nigra: mostarda preta ou alemã. Sementes marrom-escuras (pretas), 1,5 
mm de diâmetro em síliquas de 2cm de comprimento; flores auto-estéreis. Nativa da 
Eurásia. Contém 28% de óleo e 1% de óleo volátil. 
 - Brassica juncea: mostarda da China ou mostarda parda. Sementes marrom 
escuras, 2mm de diâmetro em síliquas de até 8 cm de comprimento, flores auto-férteis. 
Possivelmente nativa da África e naturalizada na Ásia. É a mais picante (maior grau de 
pungência) das três espécies, contém 35% de óleo comestível, é pouco cultivada no Brasil. 
 As três espécies de mostarda, são anuais de 1 m de altura, pubescentes e contém 
óleo que é extraído das sementes. As sementes moídas fornecem o condimento mostarda 
em forma de pó. São melíferas e as folhas são ricas em vitaminas A e C e para comê-las 
basta passar água quente a fim de diminuir o gosto amargo pronunciado que apresenta. 
Cataplasma de mostarda branca e preta são usadas como anti-inflamatórios (crises de 
bronquite e dores reumáticas); as sementes das mostardas têm longo período de vida 
latente, e por isso, às vezes, tornam-se plantas invasoras. 
 - Brassica campestris: nabo selvagem, colza poloneza. Originária da Europa. 
Possui flores amarelas; invasoras de inverno; melífera. A raíz é fortificante e indicada para 
infecções da bexiga,. 
 - Brassica chinensis (B. campestris var. chinensis): couve-da-china. Erva anual, 
pode atingir até 1,20 m de altura, bastante precoce (aos 70 dias produz sementes), possui 
propriedades nutritivas superiores ao repolho. É a couve mais cultivada na China e é pouco 
cultivada no Brasil; as folhas formam uma cabeça alongada. 
 - Brassica oleracea e suas variedades: é ignorado o lugar e a época em que as 
variedades começaram a ser cultivadas, há mais de 2000 anos, algumas formas já eram 
cultivadas nas costas do Mediterrâneo e quase todas são bianuais. As variedades são 
determinadas conforme a parte da planta que se desenvolve e levando-se em conta o 
crescimento vegetativo e o grau de suculência das partes comestíveis; as diferentes 
variedades representam a modificação de alguma parte da planta; todas as variedades são 
muito semelhantes na flor, fruto, estádio plantular e no aspecto das sementes, sendo 
impossível, muitas vezes, diferenciá-las nesses estádios. As mais importantes são: 
 
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 - Brassica oleracea var. capitata: repolho. Bianual, caule curto e grosso, folhas 
verdes ou arroxeadas, côncavas, imbricadas, densamente apertadas entre si, formando 
uma cabeça compacta esférica, oval ou alongada, que pode atingir 50 cm de diâmetro. As 
subvariedades são divididas conforme a forma e a coloração das cabeças, originário da 
Europa e Ásia Ocidental, são ótimas fontes de vitaminas C, B1 e B2, ferro e cálcio. 
 - Brassica oleracea var. acephala: couve. Não forma “cabeça”. Pode crescer 
durante 4 anos consecutivos. Caule grosso e cilíndrico até 3m de altura com um capitel de 
folhas (parte comercial) brancas, verdes ou roxas. Pertencem a esta variedade as couve 
comuns (tipo manteiga) e as couves forrageiras. Propaga-se facilmente por galhos, método 
mais comum, e por sementes. Contém as vitaminas U e K que aceleram cicatrização, 
combate hemorragias: nariz, pele e fígado; protetoras das mucosas. 
 - Brassica oleracea var. gongylodes: couve-rábano. Planta anual ou bianual. O 
caule (hipocótilo) forma um bulbo arredondado ou fusiforme, com medula desenvolvida, 
utilizado como hortaliça e forrageira. 
 - Brassica oleracea var. italica (=B. oleracea var. botrytis subvar. cymosa): 
brócolis. As partes comestíveis são os botões florais e os pedúnculos das inflorescências; 
excelentes fontes de vitamina A e cálcio. 
 - Brassica oleracea var. botrytis (= B. oleracea var. botrytis subvar. cauliflora): 
couve-flor. Anual, com numerosas cultivares que podem ser cultivadas em diferentes 
épocas do ano. A parte comercializada é a inflorescência ramificada com pedúnculos 
espessos e curtos, com flores atrofiadas. Apresenta um razoável teor de proteínas, rico em 
vitamina A, B1 e C e minerais. Combate a acidez estomacal e tem ação anti-cancerígena. 
 - Brassica oleracea var. gemmifera: couve-de-bruxelas. Erva anual de até 80 cm 
de altura, que produz pequenos repolhos ao longo do caule a partir de gemas nas axilas 
das folhas. Apresenta vitaminas A, B1, B2 e C. 
 
OUTRAS ESPÉCIES DE OUTROS GÊNEROS USADOS NA ALIMENTAÇÃO: 
 - Raphanus sativus var. radicula: rabanete. É a hortaliça mais precoce, em apenas 
30 dias proporciona colheita; originária da Ásia Central e Oriental; anual ou bianual; a parte 
comestível são as raízes tuberosas vermelha e branca; as raízes e as folhas tem alto teor 
de vitaminas A, C, cálcio e fósforo. É expectorante e as folhas estimulam o apetite e as 
funções digestivas em geral; é usado no tratamento de artrite, tranqüilizante e tônico 
muscular; as sementes são usadas contra vermes. 
 - Eruca sativa: rúcula, pinchão. Anual ou bianual, originário do Mediterrâneo, as 
folhas são acres e picantes, ricas em vitamina A e C, e iodo; melífera e diurética; as folhas e 
sementes são usadas como condimentos; proporciona vários cortes (colheitas). para a 
multiplicação as sementes são colhidas aos 35 a 40 dias. 
 
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 - Nasturtium officinale: agrião, agrião-d´água. Planta aquática ou palustre 
(higrófila), perene, originária da Europa e naturalizada em todo o mundo; ótima fonte de 
vitaminas e excelentes propriedades medicinais; fonte de vitamina A, C, iodo e ferro; é anti-
anêmica, diurética, tônica, estimulante, expectorante e baixa o teor de açúcar no sangue. 
Seu uso excessivo pode provocar cistite, irritações no estômago, sendo laxativo, vermífugo 
e provavelmente abortivo. multiplica-se por sementes e ramos. 
 - Lepidium sativum: mastruço, mentruz, agrião-da-terra. Anual, rosulada, originária 
do Irã, Egito e Oriente; possui sabor picante e agradável, usada como salada. 
 - Lepidium ruderale: agrião-do-seco, mestruz, agrião bravo. Erva anual de até 50 
cm de altura, ruderal e invasora, originária da América do Sul, usada em infusão contra 
febre; uso externo no tratamento de hemorróidas; cataplasma em luxações; suco das folhas 
contra doenças do estômago, vermes e tratamento de doenças do aparelho respiratório.
 - Armoracia rusticana (= A. lapathifolia): crem, raiz-forte, crem alemão. Originária 
do Sudeste da Europa. Erva perene com raíz geminífera profunda, grossa e cilíndrica, 
pouco ramificada, de sabor picante; A raíz fresca ralada é um excelente condimento para 
vários pratos, indústria de linguíça e salsichas; usa-se também o pó das raízes (USA); o 
aroma e a pungência são devidos a sanigrina; é rica em vitamina C. Como geralmente não 
produz semente, multiplica-se por estacas de raíz. 
 
ESPÉCIES INVASORAS DE CULTIVOS: 
 - Raphanus raphanistrum: nabiça, nabo selvagem. Anual, invasora e forrageira, 
multiplica-se por sementes. 
 - Capsella bursa-pastoris : bolsa-de-pastor. 
 
ESPÉCIES ORNAMENTAIS: 
 - Iberis umbellata e I. sempervirens: flor de neve, assembléia, flor de mel. Erva 
anual e perene, respectivamante, ornamental para tapetes, bordadura ou flor de corte, 
originária da Europa, multiplica-se por sementes no lugar definitivo. 
 - Mathiola incana e M. bicornis: goivos. Ervas anuais e bianuais com flores rosa, 
branca, laranja, púrpura, azul, violeta, alfazema e amarela, originária de orla e ilhas do 
Mediterrrâneo; multiplica-se por sementes; são ornamentais. 
 
 
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FAMÍLIA MORACEAE 
 
 O nome deriva de “morus” = amoreira. Importante pelo número de espécies (1500 
spp. pertencentes a 50 gêneros) e pela participação econômica das espécies. 
 Clima tropical (Artocarpus) e subtropical. Encontram-se nas Américas Central e Sul, 
Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia. No Brasil encontram-se 27 gêneros e 250 espécies, 
sendo a maioria da região amazônica. 
 Maioria árvores de grande porte (figueira-do-mato); arbustos (figueira comum), ervas 
(figueirilha), às vezes, epífitos. Em geral latescentes, podendo apresentar cistólitos. 
Folhas simples; alternas, raramente opostas; geralmente pecioladas; com estípulas 
intrapeciolares ou terminais e caducas. 
 Flores unissexuais, pequeníssimas, monóicas, nuas ou monoclamídeas dispostas 
em inflorescências características, visíveis. Flores masculinas, de um até 15 estames, livres 
ou não e flores femininas com ovário súpero, bicarpelar, unilocular, uniovular. 
 FÓRMULA FLORAL: K 4-5 (- 8) A 1-5 (-15) 
*
 Flor masculina 
 K 4-5 (- 8) G (2) ↑ * Flor feminina 
 Fruto do tipo aquênio ou drupas. Às vezes o aquênio está concrescido num 
receptáculo carnoso em forma de urna - sicônio - (Ficus) ou aberto (Dorstenia). 
 Multiplicação por sementes, estaquia, alporquia ou enxertia. 
 
Exemplos: 
Gênero Morus: inclui espécies arbóreas exóticas, com ramos pêndulos ou não; folhas 
simples, recortadas ou não, glabras ou pubescentes. A chave abaixo identifica as espécies 
e categorias infra-específicas do gênero Morus mais cultivadas: 
 A - Face inferior da folha glabra ou sub-glabra; lâmina inteira ou profundamente lobada; perigônio e estígmas 
glabros: 
 B - ramos não pêndulos. 
 C - folhas pequenas ou medianas, planas, tronco sem nodosidades. 
D - folhas medianas até 10 cm de comprimento 
E - fruto branco, claro ou vermelho ......................................................... 
EE - fruto preto.......................................................................................... 
DD - folhas pequenas, menos de 8 cm..................................................... 
CC - folhas muito grandes 
D - folhas planas, de 15 - 25 cm de comprimento................................... 
DD - folhas abauladas............................................................................. 
BB - ramos pêndulos................................................................................. 
AA - Face inferior da folha mais ou menos densamente pubescente; 
lâmina raramente lobada; perigônio e estígmas densamente pilosos......... 
 
Morus alba var. alba 
Morus alba var. alba f. nigro bacca 
Morus alba var. alba f. tatarica 
 
Morus alba var.alba f. macrophylla 
Morus alba var. alba f. multicaulis 
Morus alba var. alba f. pendula 
 
Morus nigra 
 
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 - Morus nigra: amoreira preta. Ásia Menor e Irã. Tem frutos enegrecidos, folhas 
pubescentes na face inferior e limbo raramente lobado; drupas organizadas num fruto 
composto (coletivo) - infrutescência. 
 - Morus alba: amoreira branca. China. É a espécie que serve de alimento para o 
bicho da seda (sirgárias) e em menor escala forragem para ovinos e caprinos; serve 
também para quebra-ventos, sombras, etc; frutos amarelo âmbar; folhas glabras e, 
normalmente, lobadas; planta caducifólia; multiplica-se por sementes (dispersão por 
pássaros), estacas de ramos, enxerto, divisão da touceira (perfilhos). Fruto drupa, forma 
infrutescência. 
 As duas espécies acima citadas têm lenho duro, podendo ser usado como madeira 
em obras de marcenaria e carpintaria; as folhas são adstringentes e são antifebris, usa-se 
externamente em gargarejos para aftas, inflamações da garganta, das amídalas, faringite; o 
xarope de amoras teria estes mesmos empregos; a geléia tem ação refrescante sobre os 
intestinos; chá da casca é purgativo. 
 
Gênero Ficus: Nome vem do latim que significa “figueira”. É um gênero com cerca de 1000 
espécies originárias de regiões tropicais e sub-tropicais; são árvores ou arbustos 
latescentes, eretos ou trepadeiras; às vezes hemi-epífitas de folhas persistentes ou 
caducas. Além de Ficus carica - figueira comum - a outra única espécie cultivada pelos seus 
frutos é Ficus sycomorus - o sicômoro das escrituras sagradas que cresce no Egito e Israel. 
Neste gênero encontram-se os sicônios. O sicônio é uma inflorescência de receptáculo 
côncavo e carnoso, com flores diminutas na parte interna. Neste, encontram-se flores de 
três tipos: flores femininas longistilas e brevistilas (braquistilas) e masculinas. A polinização 
das espécies de Ficus é geralmente feita por vespas do gênero Blastofaga, formadoras de 
galhas que fazem a postura dos ovos no ovário das flores femininas brevistilas. Nas 
brevistilas normalmente não se formam papilas estigmáticas e estão adaptadas a sua 
função de participar na reprodução do inseto. São nessas que o inseto deposita os ovos e 
por isso são chamadas “galícolas”. As flores longistilas são as produtoras de aquênios (fruto 
verdadeiro). Os frutos (aquênios) encontram-se alojados no sicônio. Em algumas espécies 
de Ficus, os três tipos de flores se reúnem num mesmo sicônio; em outras espécies as 
flores brevistilas e as masculinas ficam num receptáculo e as longistilas em outro. 
 - Ficus carica: O sul da Arábia é o centro de origem e a ela pertencem todas as 
variedades de figos comestíveis. A polinização é entomófila e a fecundação poderá resultar 
em fruto ou não. É uma frutífera de grande longevidade - 30 a 100 anos; arbusto que 
quando não podado pode atingir 6m de altura; na base do pecíolo poderá ter duas gemas e 
é esta característica que permite três produções de figos: a primeira em meados da 
 
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primavera, a segunda e a terceira no outono. Estas duas últimas em ramos do ano. No 
interior do sicônio existem três tipos de flores: masculinas que se agrupam ao redor do 
ostíolo, preferencialmente; femininas de estilete longo (longistilas) em número aproximado 
de 1600, podendo produzir aquênios; femininas de estilete curto (brevistilas), denominadas 
“galícolas”. 
Tipos de figos: 
 1) Caprifigos: não são comestíveis e são os mais primitivos dentro da espécie. 
 2) Smirra ou smyrra: sicônios amadurecem se houver polinização; sem estímulo da 
polinização os sicônios caem com 2 cm de tamanho. 
 3) Comum: é o tipo mais freqüente entre as variedades e cultivares usadas em 
fruticultura. É o tipo em que o figo pode formar-se partenocarpicamente, porém, se 
polinizados, produzem sementes e amadurecem normalmente. 
 A figueira comum multiplica-se por estacas, enxertia e sementes. Exige poda para 
produzir comercialmente; frutifica a partir do primeiro ano e após o quinto ano sua produção 
é rentável. Preparam-se licores, vinhos e xaropes de figo; alto valor nutricional. É usado 
como laxativo, afecções respiratórias (gripe, bronquite, tosse, etc.); látex cáustico usado no 
tratamento de verrugas e calos. 
- Ficus pumila: falsa hera, hera miúda. China. Trepadeira volúvel, muito ramificada, 
firmando-se em muros ou paredes pela emissão de raízes adventícias; multiplicação por 
alporquia, ramos e estacas; difundida em todo o mundo como planta ornamental. 
 - Ficus benjamina: figueira benjamim, ficus benjamina. Índia. Árvore compacta, 
escura e ramos com inúmeras raízes adventícias pendentes. Frutos (sicônios) de 1cm de 
diâmetro, cor púrpura, geminados e sésseis; Usada para sombra, ótimo abrigo para 
pássaros e quebra vento; muito usada como ornamental. Multiplicação por estacas. 
- Ficus elastica: figueira-da-índia, seringueira, falsa seringueira. Norte da Índia e 
Malásia; multiplicação por galhos ou ramos ou alporquia (mais eficiente); crescimento 
rápido, grande desenvolvimento vegetativo, o que a recomenda como ornamental para 
grandes áreas; fornece a borracha de Assam de qualidade inferior a de Hevea brasiliensis 
(Euphorbiaceae). 
 - Ficus organensis: figueira da praia, gameleira, mata pau, figueira do mato. Nativa 
no litoral do RS e sedimentos quaternários (região da Lagoa dos Patos e Mirim); é a maior das 
figueiras do RS; folhas pequenas (5 x 2,5 cm). 
 - Ficus enormis: figueira miúda; figueira-do-mato, figueira, mata pau. Nativa do RS 
e SC; folhas grandes (25 x 11 cm). 
 - Ficus luschnathiana: figueira, figueira-do-mato. Nativa do RS. Folhas medianas 
(15 x 7 cm). 
Estas espécies de figueiras nativas do Rio Grande do Sul, assim como outras 
 
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nativas de Ficus, são protegidas por lei no RS. Multiplicam-se por sementes, ramos e 
estacas (mais difícil); têm suas sementes dispersadas por pássaros e estas caem sobre 
outras plantas ou substratos, onde germinam e crescem sobre os mesmos. Assim, em sua 
fase jovem são epifíticas (desenvolvem-se sobre plantas) ou epilíticas (desenvolvem-se 
sobre rochas). Normalmente não se encontram figueiras jovens diretamente no solo. Ao 
longo do seu crescimento, a figueira acaba matando o seu “suporte”, por competição ou 
estrangulamento. Estas figueiras são usadas como ornamentais em lugares amplos e sua 
madeira, economicamente insignificante, empregada na fabricação de gamelas, caixotaria, 
etc. 
 
 
Gênero Dorstenia: Este gênero inclui as espécies conhecidas pelo nome de “figueirilha” ou 
“carapiá”. São ervas rasteiras com roseta basilar, apresentando um receptáculo semelhante 
a um figo aberto. Apresentam xilopódio com propriedades medicinais; a folha substitui a 
folha de Ficus carica em xaropes caseiros. Espécie mais encontrada no Rio Grande do Sul 
é D. brasiliensis (D. montevidensis) em áreas de campo. 
 
 
 
 
 
 
 
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FAMÍLIA ROSACEAE 
 
 O nome provém de "rosa" (latim) = a rosa ou do grego " Rous" = vermelho. 
 Importante porque encerra várias espécies frutíferas, ornamentais e florestais. 
 Compreende 100 gêneros e 3.000 espécies cosmopolitas, distribuídas, 
principalmente nas regiões temperadas do hemisfério norte. No Brasil encontram-se oito 
gêneros e cerca de 25 espécies, destacando-se os gêneros Prunus e Rubus. 
 Plantas de hábito variado – árvores, arbustos, subarbustos, ervas e trepadeiras; 
caule com ou sem acúleos. 
Folhas com estípulas (exceção gênero Spiraea), alternas, simples ou compostas. 
 Flores completas, pentâmeras, hermafroditas, em geral vistosas. Androceu iso, poli e 
diplostêmones; apresentam desdobramento (Rosa e Spiraea); receptáculo bem 
desenvolvido, elevado (Rubus) ou afundado em relação aos demais verticilos (Rosa, Pyrus); 
cálice persistente; gineceu com um a muitos carpelos (Prunus e Fragaria,respectivamente). 
Os carpelos têm disposição variável em relação ao receptáculo: pode estar no fundo 
(Rosa), na face interna (Malus) ou sobre ele (Fragaria). As sementes carecem de 
endosperma. 
 Inflorescências variadas e espécies que não formam inflorescências. 
 Fruto: drupa, aquênio, folículo, baga e pseudo-frutos: pomo e cinorrodo (fruto 
múltiplo = agregado). 
 Propagação por sementes, estaquia ou enxertia. 
 
Observação: 
Apesar do sistema de classificação APG III não dividir Rosaceae em subfamílias, 
para fins didáticos, serão consideradas as subdivisões. Conforme a forma do receptáculo 
floral, posição do ovário, número e soldadura dos carpelos, consideramos quatro 
subfamílias: 
 
Subfamília Spiraeoideae 
FÓRMULA FLORAL: K5 C5 An G5 ↑↑↑↑ * ou G5 →→→→ * 
Porte arbustivo, folhas simples, sem estípulas; cinco carpelos livres em receptáculo 
plano ou levemente côncavo; ovário súpero ou semi-ínfero frutos do tipo folículo. 
 
Gênero Spiraea: Encerra cerca de 60 espécies do hemisfério norte (China e Japão), 
normalmente usadas como ornamentais de flores brancas, rosadas; simples ou dobradas; 
multiplicam-se por galhos ou divisão da touceira (perfilhos). 
 - Spiraea spp.: grinalda-de-noiva, flor-de-noiva. 
 
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Subfamília Rosoideae 
 FÓRMULA FLORAL: K5 C5 An Gn ↑↑↑↑ * ou Gn →→→→ * 
 Arbustos, subarbustos e ervas, aculeados ou não, folhas compostas, com estípulas. 
 
A) Receptáculo côncavo: em forma de urna, encerrando vários carpelos livres 
(gineceu apocárpico). 
 
Gênero Rosa: encerra arbustos eretos, sarmentosos ou volúveis; ervas e trepadeiras, 
dotados de acúleos e flores grandes e vistosas (normalmente dobradas). Inclui todas as 
espécies de roseiras cultivadas. O fruto múltiplo (=agregado) é denominado cinorrodo (urna 
côncava e seca, cujas paredes se tornam coloridas com o amadurecimento dos frutos). Os 
frutos verdadeiros são pequenos aquênios. 
As espécies do gênero Rosa são consideradas as mais antigas plantas em cultivo. 
Existem cerca de 250 espécies originárias do hemisfério norte e provavelmente milhares de 
variedades e híbridos cultivados como ornamentais. Algumas espécies são importantes na 
indústria de cosméticos, por serem fonte de água-de-rosas e do óleo-de-rosa-mosqueta, por 
exemplo. As roseiras são usadas também na alimentação (pétalas e infrutescências) como 
doces, conservas, saladas; as pétalas são usadas em licores e vinhos. São ricas em vitamina 
C, B, E, K, taninos, sendo empregadas no tratamento dos rins, diarréias e infecções 
intestinais; água de rosas utilizadas como colírio e contra inflamações dos olhos; são 
digestivas, combatem a prisão de ventre, úlceras e inflamações na boca. 
 A multiplicação ocorre por estaquia, alporquia, enxertia e sementes. A maioria das 
espécies realiza “o desdobramento” dos estames em pétalas, originando as inúmeras 
espécies e variedades de flores dobradas. 
As principais espécies são: R. canina, R. damascena, R. gallica, R. centifolia, R. 
sempervirens, R. chinensis, R. odorata, R. gigantea, R. villosa e R. spinosissima. 
 - Rosa canina: roseira primitiva; corola simples; infrutescências para conservas; 
porta enxerto. 
 - Rosa chinensis: roseira-da-china. 
 - Rosa gallica: roseira francesa, roseira vermelha; é muito resistente; é a espécie 
mais apropriada para fins terapêuticos. 
 - Rosa multiflora: roseira miúda, usada em conservas. 
 
B) Receptáculo convexo: com consistência carnosa, com vários carpelos livres 
(gineceu apocárpico) que depois de maduros transformam-se em pequenas drupas 
concrescidas entre si apenas na base (Rubus) ou em aquênios (Fragaria). Os pseudofrutos 
 
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são múltiplos ou agregados. 
 
Gênero Rubus: encerra as framboesas, as amoreiras selvagens ou salsamorras, amoras 
do campo, amoreira do mato. Ervas ou subarbustos, cujos caules morrem após o ciclo 
anual, rebrotando de rizomas ou xilopódios na primavera seguinte. Fruto múltiplo 
(=agregado) procedente de muitos ovários livres inseridos num receptáculo elevado. Os 
frutos verdadeiros são drupas enegrecidas ou avermelhadas. 
 - Rubus idaeus: framboesa, framboesa européia. Origem da Europa e Ásia; arbusto 
decumbente, apresenta rizomas; espécie extremamente resistente ao frio (cultivada na 
Sibéria, no Alaska e no Canadá); multiplicação através de estaquia (parte aérea e rizoma); 
pseudo-fruto vermelho intenso comestíveis; combatem a febre e prisão de ventre. 
 - Rubus occidentalis: framboesa. Originária da região oriental da América do Norte; 
arbusto sarmentoso, pseudo-frutos pretos,; multiplicação como a espécie anterior. 
- Rubus rosaefolius: amora vermelha, framboesa, morango silvestre, amora do 
mato. Subarbustiva originária do Japão, China e Índia. Naturalizada no sul do Brasil. É a 
espécie mais cosmopolita; multiplica-se por galhos, estacas de caule e de raíz, perfilhos e 
sementes. 
 - Rubus hassleri: amoreira preta. Ocorre desde MG até o RS formando maciços 
densos em lugares de culturas abandonadas, capoeira, etc. Os pseudo-frutos são pretos ou 
escuros; maduros a partir de outubro até fevereiro; planta caducifólia; multiplicação por 
sementes, galhos, estacas, perfilhos e estacas de raíz. 
 - Rubus brasiliensis: amoreira do mato, amoreira branca. Semelhante a anterior, 
porém de pseudo-frutos branco/creme; ocorre desde MG até o RS. 
 Estas três últimas espécies de Rubus são usadas como antidiarréicos poderosos, 
empregando-se folhas e/ou brotos; entram na elaboração de licores, geléias, tortas e xaropes. 
 
Gênero Fragaria: encerra plantas herbáceas, perenes, rastejantes (rizomatosas ou 
estoloníferas); folhas longopecioladas e trifolioladas; flores brancas com brácteas formando 
um calículo. Fruto múltiplo (=agregado) com receptáculo carnoso muito desenvolvido e 
numerosos aquênios periféricos, superficiais ou em pequenas concavidades. Multiplicam-se 
por perfilhos ou divisão da muda matriz, estolões ou estolhos. 
 - Fragaria vesca: moranguinho, morango (morangos mais saborosos). Silvestre na 
Eurásia. Os aquênios não se encontram em concavidades do receptáculo. 
 - Fragaria chiloensis: moranguinho, morango. Originário do Chile. 
 - Fragaria virginiana: morango. Originária da América do Norte. Estas duas últimas 
espécies diferem da F. vesca por estarem os aquênios dispostos em pequenas escavações 
do receptáculo. 
 
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- Fragaria x ananassa: moranguinho. Híbrido mais cultivado no mundo; os aquênios 
inseridos em pequenas cavidades do receptáculo; frutos grandes, suculentos, embora 
menos aromáticos. 
 
Uso das espécies de morango: frutos múltiplos comestíveis; essência usada na 
cosmetologia, aromatização de medicamentos e alimentos; frutos úteis na digestão, 
estimulantes das funções hepáticas e do apetite; os rizomas e as folhas possuem taninos 
com propriedades adstringentes, diuréticas e combatem o ácido úrico. 
 
Subfamília Maloideae (Pomoideae) 
 FÓRMULA FLORAL: K5 C5 An G(2-5) ↓↓↓↓ * 
Ovário ínfero, com 2-5 carpelos concrescidos entre si e unidos ao receptáculo 
côncavo. Ao amadurecer, o receptáculo torna-se carnoso, envolvendo os carpelos e 
formando um pseudofruto chamado pomo. 
Árvores ou arbustos de folhas simples, estípulas caducas. 
 
Exemplos de vários gêneros: 
 - Malus sylvestris (Malus domestica, Pyrus malus): macieira. Árvore de copa 
arredondada, folhas verde-escuras, caducas e denteadas, aparecem na primavera com as 
flores. Flores branco-rosadas, reunidas em umbelas simples. Originária do hemisfério Norte 
– Europa e Ásia. A macieira cultivada é de origem híbrida, provavelmente derivada de 
Malus sylvestris com outras espécies de Malus. O número de cultivares em todo o mundo 
é muito grande. Além do fruto comestível, fornece óleo, essências aromáticas e medicinal, 
usado também na fabricação de bebidas (cidra e conhaques), vinagres, xaropes,doces, pó 
de maçã, passas, etc. Flores melíferas. Multiplica-se por enxertia (começa a produzir após 3 
anos do plantio) e sementes. 
 - Pyrus communis: pereira. Originária das florestas mistas da Europa Central e 
Oeste da Ásia. Árvore de copa vertical, caducifólia. Folhas de cor verde vivo, coriáceas, 
glabras, de bordo fracamente serrilhado, aparecendo na primavera junto com as flores. 
Flores brancas, solitárias ou em fascículos. Os carpelos no pseudofruto maduro são 
rodeados por uma camada de células pétreas. “Fruto” mais suculento e mais doce que a 
maçã, porém menos resistente ao armazenamento. Floresce na primavera e frutifica no 
verão e/ou no outono conforme a var. e a cv. O número de cultivares em todo o mundo é 
muito grande. No RS cultiva-se P. pyrifolia, que apresenta polpa dura e arenosa. Multiplica-
se por enxerto, estacas e sementes. 
 - Cydonia oblonga: marmeleiro comum. Arbusto caducifólio, nativo do Oeste da 
Ásia. O fruto "in natura" não é consumido normalmente. Multiplica-se por sementes, 
 
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estacas, enxertia e mergulhia. O marmeleiro precisa de polinização cruzada para frutificar. 
Usos: Ornamental, xarope adstringente e peitoral; fruto para diarréia e prisão de ventre; 
melífera e porta enxerto para a pereira. Há três formas cultivadas: f. pyriformes, f. maliformis 
e f. lusitanica. 
 - Eriobotrya japonica: nespereira, ameixeira-do-Japão. Arbusto ou arvoreta 
perenifólia; floresce de maio a julho e frutifica em meados do inverno e ínicio da primavera; 
“frutos” comestíveis de mesa e usados contra prisão de ventre. Multiplica-se por sementes e 
enxertos. 
 - Chaenomeles sinensis: marmeleiro-do-Japão, marmeleiro-da-China. Árvore ou 
arbusto muito ramificado, caducifólio; ornamental e frutífera; frutos pesam ao redor de 1 Kg; 
sementes, enxertia, galhos e alporquia; planta rústica. 
 - Chaenomeles lagenaria e C. japonicum: marmeleiro-de-jardim. Arbusto 
caducifólio; ornamental pelo grande número de flores rosas ou vermelhas (que surgem 
antes das folhas em meados do inverno e início da primavera), pelo período de floração 
muito grande e a grande quantidade de ramos floríferos; multiplica-se por estacas, 
sementes e perfilhos; planta rústica. 
 
Subfamília Prunoideae 
 FÓRMULA FLORAL: K5 C5 An G1 ↑↑↑↑ * ou G1 →→→→ * 
Árvores e arbustos de folhas simples e estípulas caducas. 
 Ovário súpero ou semi-ínfero, constituído de um só carpelo, um só lóculo e um 
rudimento seminal; receptáculo côncavo. Fruto drupa, monosperma, com mesocarpo 
carnoso e endocarpo endurecido (lenhoso). 
 
Gênero Prunus: apresenta árvores e arbustos perenifólios e caducifólios. Flores solitárias 
ou em fascículos ou cachos. Polistêmones com os estames inseridos num receptáculo em 
forma de cúpula; multiplicam-se por sementes, enxerto, estaquia ou alporquia. 
 - Prunus persica: pessegueiro comum. Arbusto muito ramificado com os ramos 
arroxeados ou cinzentos; folhas lanceoladas, serrilhadas, sem pêlos, com os pecíolos 
glandulares; flores rosadas dispostas, solitariamente ou duplas ao longo do ramo de ano 
(aparecem antes que as folhas, porque as gemas floríferas exigem menor número de horas 
de baixas temperaturas que as gemas vegetativas); frutos pilosos; endocarpo lenhoso e 
sulcado, aderente ou não ao pericarpo; floresce em fins do inverno e frutifica no início da 
primavera e a colheita pode ir de outubro a abril; originário da China e introduzido no Brasil 
em 1523 em São Vicente (SP) por Martim A. de Souza. Esta espécie apresenta três 
variedades mais cultivadas, além de outras ornamentais: Prunus persica var. typica que 
encerra as cultivares de maior valor econômico e consumo “in natura” e os frutos têm a 
 
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polpa aderida ao caroço; Prunus persica var. nectarina (ou var. nucipersica) - nectarina, 
pêssego pelado, pêssego ameixa (fruto sem pêlos com casca fina e lisa, vermelha, com 
polpa amarela) e Prunus persica var. aganopersica, pessegueiro molar. Há dois tipos 
genéricos de pêssego: o “de mesa”, que tem polpa com caroço aderente e o “de conserva” 
que tem polpa com caroço solto. A EMBRAPA/CPACT produz variedades que poderão ser 
comercializadas para consumo “in natura” como utilizadas para conservas e também 
pessegueiros ornamentais (20 a 25 pétalas por flor) e o anão, que quando adulto tem cerca 
de 40 cm de altura e produz poucos frutos por ano (mais ou menos 20 frutos). Planta 
melífera e ornamental. O chá das folhas é empregado contra problemas de estômago. 
- Prunus domestica: ameixeira comum, ameixeira européia. Oeste da Ásia e 
Europa (Eurásia); arbusto caducifólio; flores solitárias ou geminadas; fruto globoso, 
purpúreo, violáceo, vermelho ou amarelo (mais comum) e doce (suculento); caroço liso e 
comprimido; o fruto tem propriedades laxativas e acalmam a tosse; comercialmente usada 
seca (ameixa seca, ameixa preta); madeira compacta, dura e grã-fina; multiplica-se por 
enxertia. 
- Prunus insititia: ameixeira. Originária da Eurásia. Arbusto ou árvore de até 6 
metros, com os ramos novos, densamente pubescentes; flores brancas; fruto pêndulo, 
enegrecido e polpa doce. - P. insititia var. syriaca: ameixeira mirabela. Frutos amarelos; 
P. insititia var. italica: ameixeira Rainha Claudia; fruto globoso, parcialmente tingido de 
púrpura ou completamente purpúreo. 
 - Prunus cerasifera: mirabolão. Arbusto ou arvoreta originária da Ásia; flores 
brancas, solitárias; fruto de 2 a 3 cm de diâmetro, polpa amarela e o endocarpo aderido à 
polpa; cor do fruto varia de rosa a amarelo e sem sutura lateral; rústica; porta enxerto de 
outras espécies de ameixeiras; indicada como planta ornamental. 
- Prunus amygdalus var. sativa: amendoeira doce, amêndoa. Desta espécie se 
aproveita a semente- amêndoa que é doce; floresce em pleno inverno; é a primeira espécie 
do gênero a florescer; óleo das amêndoas usado em farmácia e na cosmética como 
emoliente e rejuvenecedor. 
- Prunus amygdalus var. amara : amendoeira amarga. Cianogênica (amigdalina). 
 - Prunus avium: cerejeira, cereja. Árvore de grande porte, caducifolia, Originária da 
Eurásia, cultivada em regiões de clima frio e temperado; flores brancas em densos 
fascículos umbeliformes; fruto de 1,5 - 2,5 cm de diâmetro de cor vermelha ou purpúrea, 
polpa aderente ao endocarpo. Cultivada para a indústria de licores e para a confeitaria. 
Madeira dura, compacta, fibra fina e reta (ótima madeira). Ocorrem quatro formas cultivadas 
como ornamentais: f. plena, f. juliana, f. duracina e f. pendula. 
- Prunus serrulata: sakura japonesa, cerejeira do Japão. Planta ornamental. 
 
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 - Prunus myrtifolia (Prunus sellowii): pessegueiro do mato. Árvore nativa das 
matas sul brasileiras; ótima madeira com diversos empregos dada sua consistência, padrão 
de fibra e durabilidade; tóxica para o gado; as folhas têm forte cheiro de amêndoas, 
apresentando a maioria das vezes duas glândulas basais; sementes são de fácil difusão 
pelos pássaros; planta de crescimento rápido, indicado para reflorestamento de margens de 
rios e barragens, pois adapta-se a diversos tipos de solo. 
 
Observação 
 
Existem dois gêneros pertencentes a duas famílias distintas, com espécies nativas 
ou cultivadas no Brasil, que são popularmente conhecidas como amora ou amoreira do 
mato. No quadro abaixo estão descritas as principais diferenças. 
 
Quadro 3 - Principais diferenças entre as espécies dos gêneros Rubus e Morus. 
 Rubus spp. Morus spp. 
Família Rosaceae Moraceae 
Hábito 
Arbustiva apoiante (trepadeira) ou 
herbácea 
Arbórea 
Folha Composta Simples 
Flor 
Brancas ou rosadas, hermafrodita 
K5 C5 An Gn ↑ * 
 
Verdes, estaminadas ou pistiladas 
Masculinas: K4 A4 * 
Femininas: K4 G(2) * ↑ 
Inflorescência Panícula 
Masc.: Amentilho 
Fem.: Glomérulo 
Fruto Múltiplo ou agregado Infrutescência ou fruto composto 
Presença de 
acúleo 
Presente,inclusive na face dorsal 
das folhas 
Ausente 
 
 
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FAMÍLIA FABACEAE (LEGUMINOSAE) 
 
 Para BENTHAM (1865) o grupo pertence à ordem Rosales e é tratado como família 
Leguminosae, com três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae. 
 HUTCHINSON (1964), TAKHTAJAN (1973) e CRONQUIST (1988) consideram três 
famílias independentes: Mimosaceae, Caesalpiniaceae e Fabaceae ou Papilionaceae. 
 Segundo POLHILL & RAVEN (1981) há um consenso entre os leguminólogos, que 
consideram a família Leguminosae (ou Fabaceae) dentro da ordem Leguminales, 
subdividida em três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae ou 
Faboideae. 
Os estudos filogenéticos atuais (APG III) consideram a família Fabaceae 
(=Leguminosae) incluída na ordem Fabales e vem apontando para o reconhecimento de 
maior número de subgrupos: duas subfamílias (Mimosoideae e Faboideae), um grupo ou 
clado denominado Cercideae (incluído anteriormente em Caesalpinioideae), monofiléticos e 
uma “subfamília” Caesalpinioideae, parafilética, o que representa uma incoerência, pois 
justificaria uma família à parte. Por razões práticas, entretanto, até o momento, tem-se 
mantido como subfamília Caesalpinioideae. 
 A família Leguminosae (Fabaceae) possui cerca de 650 gêneros e 19.000 espécies, 
com ampla distribuição mundial (cosmopolitas). Representa uma das maiores famílias das 
Angiospermas e de grande importância econômica. No Brasil ocorrem cerca de 200 
gêneros e 2700 espécies, correspondendo a maior família em termos de número de 
espécies no país. 
 Hábito bastante variável, desde minúsculas ervas, arbustos, trepadeiras até 
gigantescas árvores. Vegetam em diferentes ambientes: campos, matas, desertos, neves, 
brejos, etc. 
 O sistema radicular embrionário adquire, geralmente, grande desenvolvimento; 
predomina uma raíz pivotante que pode penetrar vários metros de profundidade no solo 
(alfafa). Raízes adventícias predominam nas espécies herbáceas; há raízes gemíferas 
(espinilho, pata-de-vaca). As raízes de quase todas as leguminosas possuem nodosidades, 
apresentando simbiose com bactérias dos gêneros Bradirhizobium e Rhizobium, que têm a 
capacidade de, por quimiossíntese, fixar o nitrogênio atmosférico. Este nitrogênio será 
utilizado na formação de moléculas proteicas, as quais serão aproveitadas também pela 
leguminosa. Em contrapartida, as bactérias utilizam açúcares produzidos durante a 
fotossíntese pela leguminosa, para a sua nutrição. Vivendo em simbiose ambos os 
organismos se multiplicam abundantemente, mesmo em solos com baixa fertilidade ou em 
solos muito pobres em nitrogênio e em matéria orgânica, a tal ponto que outros vegetais 
 
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mal podem competir com eles. Separadamente, cada um levaria uma vida precária e/ou 
sucumbiria. As nodosidades são mais freqüentes nas leguminosas da subfamília 
Papilionoideae (Faboideae). 
 Caule extremamente variado. 
Folhas alternas espiraladas, compostas, às vezes, unifoliolada, apresentam pulvino, 
pulvínulo, estípulas, estipelas, pecíolo, pecíolulo, raquiz, raquílula; podem apresentar 
nectários ou glândulas e gavinhas; algumas espécies apresentam filódios (acácia-mimosa). 
O tipo de folha auxilia a caracterização das subfamílias. 
 Flores hermafroditas, completas, 4-5, vistosas, reunidas em inflorescências; a corola 
é diali ou gamopétala, actino ou zigomorfa; o androceu é diali ou gamostêmone, podendo 
ser oligo(raro), diplo ou polistêmone, podem ocorrer estaminódios; o gineceu unicarpelar, 
súpero é característico de toda família. 
 Fruto característico vagem ou legume, podendo ocorrer: folículo (Trifolium repens), 
lomento (Desmodium incanum), sâmara (Tipuana tipu) e aquênio (Stylozanthes). 
 Predomina a multiplicação por sementes; a vegetativa não é uma forma muito 
comum entre as leguminosas. 
 Dentro deste grupo existem espécies extremamente úteis: alimentícias (feijão, 
lentilha, ervilha); forrageiras (trevos, ervilhacas, alfafa); utilizadas para adubo verde 
(tremoços, guandú); melíferas (trevo-de-cheiro, maricá); tânicas (acácia-negra); oleaginosas 
(soja, amendoim); medicinais (pata-de-vaca, giesta); ornamentais (flamboyant, chuva-de-
ouro, corticeira); produtoras de celulose (bracatinga), etc. 
 
Considerando as subfamílias Mimosoideae, Caesalpinioideae, Papilionoideae 
(Faboideae) e o grupo Cercideae, estes têm em comum: ovário súpero, unicarpelar, 
legume e a capacidade de apresentar nodosidades nas raízes. 
 
Subfamília Mimosoideae 
FÓRMULA FLORAL: K (5) C (5) A 5+5, 5, (5-n) G 1 ↑ * 
É a menor dentre as leguminosas: 50-60 gêneros e 2800 espécies. Apresenta folhas 
bipinadas; flores actinomorfas com corola diminuta, diplostêmones ou polistêmones, filetes 
compridos e coloridos constituindo o atrativo das flores; inflorescência capituliforme 
(predominante) ou espiciforme. Corola com pré-floração valvar. 
 
Exemplos: 
Gênero Inga: ingazeiros. Árvores ou arbustos de folhas penadas, raquiz alada e com 
glândulas entre folíolos; várias espécies nativas no RS; ótimas plantas para reflorestamento 
de áreas úmidas; crescimento rápido; melíferas; pouco estudadas sob o aspecto medicinal; 
 
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a casca é usada para curar feridas crônicas e diarréia. A polpa abundante e adocicada que 
envolve as sementes é comestível; podem ter madeira dura para obras rurais ou carvão. 
Algumas espécies do RS. 
 - Inga marginata: ingá-feijão. É o mais comum no RS. 
 - Inga uruguensis: ingá-banana, ingá-do-brejo. 
 - Inga sessilis: ingá-macaco, ingá-ferradura. 
 
Gênero Calliandra: 
 - Calliandra tweediei: topete-de-cardeal, caliandra. Arbusto ornamental nativo do 
RS, capítulos vermelhos, semelhantes a um pincel, folhas de 3 a 5 jugas, legumes pilosos; 
sementes. 
- Calliandra brevipes: caliandra, quebra-foice, cabelo-de-anjo. Semelhante ao 
anterior do qual se diferencia pelos estames cor de rosa no ápice e brancos na base, folhas 
unijugas, legumes glabros; ornamental e cercas vivas; Sul do Brasil; sementes. 
 
Gênero Acacia: Em torno de 1000 espécies, distribuídas na Austrália e África. Espécies da 
América tropical e subtropical que, anteriormente pertenciam a este gênero, passaram para 
outros como Vachellia e Senegalia. São cultivadas por sua madeira, lenha, tanino, gomas, 
perfumes, flores, ornamentais, fixação de dunas, cercas-vivas, melíferas, etc. No 
vocabulário hortícula ou popular, se designam como acácias várias outras leguminosas que 
não pertencem a este gênero; algumas espécies cultivadas e/ou nativas. Na Austrália tem-
se manifestado um extraordinário endemismo e uma variação evolutiva intensa de espécies 
com filódios. 
- Acacia mearnsii: acácia-negra. Árvore Australiana; ornamental pela forma da copa 
e flores creme perfumadas em vistosas inflorescências. Casca produz tanino usado na 
curtição de couros; tronco para lenha ou celulose; crescimento rápido, porém de pouca 
longevidade; quebra ventos temporários; sementes. 
 - Acacia podalyriaefolia: acácia-mimosa. Arvoreta ornamental graças aos seus 
filódios cinza e suas inflorescências em densos cachos de capítulos de flores amarelas; 
sementes; Austrália; flores de inverno; os filódios e os brotos pubescentes. 
 
Gênero Senegalia: 
- Senegalia bonariensis (Acacia bonariensis): unha de gato, nhapindá; arbustos ou 
arbustos lianosos com flores brancas ou creme, nativos do Cone Sul; cercas vivas e lenha; 
sementes. 
 
 
Departamento de Biologia - UFSM 
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Gênero Vachellia 
 - Vachellia caven (Acacia caven): espinilho, aromita. Nativa do Cone Sul 
(americanas); flores amarelo-douradas em capítulos globosos, muito aromáticas; ótima 
lenha, melífera e madeira dura; na fronteira oeste do RS está a maior concentração. A raíz 
é purgativa, emética e diurética; a casca da raíz é usada para cicatrizar feridas, úlceras e 
escoriações; folhas são cicatrizantes;

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