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Barroco no Brasil Arte no período colonial Fernandes Elias Junior – Abril de 2018 História - contextualização Barroco, o que vem a ser? Segundo Gilles Deleuze na sua obra A dobra (1991, p.13): O barroco remete não a uma essência, mas sobretudo a uma função operatória, a um traço. Não pára de fazer dobras. Ele inventou essa coisa: há todas as dobras vinda do Oriente, dobras gregas, romanas, românicas, góticas e clássicas... Mas ele curva, recurva as dobras e leva-as ao infinito, dobra sobre dobra, dobra conforme dobra. O traço do barroco é a dobra que vai ao infinito. Primeiramente, ele diferencia as dobras segundo duas direções, dois infinitos, como se o infinito tivesse dois andares: as redobras da matéria e as dobras da alma. Gilles Deleuze. A dobra: Leibniz e o barroco. Campinas: Papirus, 1991. Mas, segundo Eduardo Etzel (1974, p.27): O barroco, longe de ser uma arte em decadência, como se acreditava até o fim do século XIX, revelou-se aos olhos dos que o estudaram sob um novo enfoque, como manifestação surpreendente de arte criadora, original e consentânea com a evolução do mundo ocidental dos séculos XVII e XVII. (...) Para melhor compreensão do fenômeno artístico do barroco entre nós, convém situá-lo no contexto da evolução das manifestações de arte no mundo ocidental. Assim, poderemos compreender melhor as implicações psicológicas responsáveis pelo seu desenvolvimento em nosso meio. Eduardo Etzel. O barroco no Brasil: psicologia e remanescentes em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. São Paulo: Melhoramentos, Ed. da Universidade de São Paulo, 1974. Um pouco da história A palavra barroco provém da língua francesa “baroque, que significa irregular, do latim “verruca” vem significar “irregular”. Do italiano “barocchio” que significa fraude, engano – hoje barocco. Do espanhol “berrueca” e na língua portuguesa Barroco – pedra irregular, pérola de forma irregular. Desde então, a sua palavra vem sendo associado a tudo que é irregular (sentido das formas), extravagante ou desigual, com ilusão, excesso de adereços e ornamentos. Desta forma, se cria um termo chamado Estilo Barroco, que vem dizer que tudo que for neste período artístico, cultural e social. Dicionário etimológico. Origem Em algumas pesquisas como encontramos no livro de German Bazin (2010): O barroco teve os seus primórdios no fim do século XVI em seu primeiro momento na Itália, neste período em que a igreja movimentava contra a Reforma em que Lutero fez com suas 95 teses contra a igreja e levava ao Castelo de Wittenberg em 1517, depois com Calvino e assim o Concílio de Trento, que atua com um íntimo renovamento na Igreja em 1545 a 1563. Difunde-se na Europa principalmente na Espanha, Portugal, França, Holanda, Alemanha entre outros. Com o desbravamento dos europeus pelas terras das Américas, mais precisamente na América do Sul e Central, o barroco no Brasil iniciou-se por entre os séculos XVI e XVII. Não devido somente a evangelização, mas por aqui na América, havia muita riqueza de minérios no período colonial. Contextualização: Material utilizado da aluna Daniela Biason Gomes Diana, licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). German Bazin. Barroco e Rococó. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. Abrindo este estilo não somente a arte colonial da arquitetura, imaginária (esculturas religiosas), mas também ao teatro, música e literatura. Embora encontremos na arquitetura os estilos: Manuelino vindo de Dom Manuel I (Portugal), o barroco Pombalino (advento do Marquês de Pombal (Portugal), o barroco tardio italiano, o barroco dos jesuítas vindo da Itália e mais tarde o rococó. Suas características: Destacam-se os temas religiosos e sacros, com uma enorme riqueza nos detalhes das formas, seja na pintura ou na escultura; Havia as expressões dramáticas dos seus personagens, em que haveria também o movimento ou o êxtase, digo, o contato sublime dos santos com Deus . Nas pinturas, nota-se a preferência pelas curvas, os contornos em geométricos e o fundo bem ilusório com função de iludir ou dar um crescimento espiritual. Havia também a importância da luz, fazendo assim o jogo de luz e sombra, bem como o italiano chiaro/oscuro. Vide as obras de Caravaggio San Tommaso, Caravaggio Outras características O barroco também trabalhava com a temática dos: Contrastes tanto nas obras de arte quanto na arquitetura, pois não havia espaço ou sensação espacial para colocar os elementos decorativos; também havia as dualidades e excessos de elementos fitomórfos (guirlandas, frutos, folhas de acanto e etc); Temas religiosos e profanos, onde havia uma sintonia e contraste entre o céu e o inferno, o sublime e o carnal; Vide Bernini nas suas esculturas na Itália e no Brasil, temos o Aleijadinho, grande escultor. Figuras de linguagem, na área da literatura: antítese, paradoxo (alegria e sofrimento), metáfora (usada muito para falar da morte ou do Amado), prosopopeia, também no campo da literatura religiosa as obras de São João da Cruz e outras obras que remetesse a saída espiritual. Bernini, o Êxtase de Santa Teresa D´Avila Aleijadinho, Cena: Cristo e Nossa Senhora das Dores Aleijadinho, Os profetas de pedra sabão – Santuário do Bom Jesus dos Matosinhos em Congonhas do Campo - MG Escultura e Pintura Barroca Na escultura, grande parte das obras barrocas são sacras, desta forma privilegiando e dando preferência aos materiais naturais, bem como o barro cozido (a escola dos jesuítas com imagens com características indígenas e no estilo da escola beneditina com delicadeza e sofisticação com Frei Agostinho da Piedade e Frei Agostinho de Jesus); Sem dizer das pequenas imagens conhecidas como “Paulistinhas” e os “Nós de pino” carregados pelos Bandeirantes pelo estado de São Paulo. Também havia o cedro e pedra-sabão, utilizado pelo Aleijadinho e outros santeiros mineiros, baianos, paulistas e também na Missão Jesuítica no Sul. A pintura temos o Mestre Ataíde e o Mestre Jesuíno do Monte Carmelo entre outros. Música Barroca A música surge como incremento tonal, explorando tons desarmônicos por dentro das escalas diatônicas como alicerce para as modulagens na peça musical, ou seja, a música barroca faz o do baixo contínuo, do contraponto e da harmonia tonal. Isso tudo em oposição aos modos gregorianos até então vigentes. Os nomes mais representativos da música barroca são: Antônio Vivaldi (1678-1741) Johann Sebastian Bach (1685-1750) Domenico Scarlatti (1685- 1757) No Brasil temos o Antônio José da Silva, o Judeu (1705- 1739). Literatura barroca Na literatura ela se diferencia pelo uso da linguagem dramática, bem como na arte. É encontrada principalmente no exagero de figuras de linguagem, como hipérboles, metáforas, anacolutos e antíteses. Elas buscam uma forma de proclamar o conflito entre o humanismo renascentista europeu e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval. Isso tudo, situada entre a razão e a fé, numa peleja entre o não-espiritual e o espiritual. Os principais autores do barroco literário são: Gregório de Matos (1636- 1695) Bento Teixeira Pinto (1561-1618) Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) Pe. Antônio Vieira (1608-1697) Frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704-1768) Pe. Antonio Vieira O Sermão de Santo Antônio aos peixes – famoso sermão pregado em São Luís do Maranhão, no dia 13 de junho de 1654, dia de Santo Antônio. Contendo: Capítulo I – Exórdio (parte introdutória); Capítulo II – Louvores em geral; Capítulo III – Louvores em particular; Capítulo IV – Repreensões em geral; Capítulo V– Repreensões em particular e Capítulo VI – Conclusão. Arquitetura Barroca A arquitetura barroca, deu-se ao movimento de contrarreforma da Igreja Católica, ou seja, quebra de paradigmas do Renascimento, iniciando com o Maneirismo (Michelangelo) e assim teremos Bernini e Borromini, também o jesuíta Giacomo da Vignola. A arquitetura barroca é observada principalmente em igrejas, catedrais e monastérios, devido a corte que estabelecia no Brasil e também a sociedade que vinha da Europa e queria manter os costumes, assim ocorria a imponência da arte cristã. Para os arquitetos barrocos, os edifícios religiosos eram como se fosse verdadeiras obras de arte, no caso, esculturas, umas vez que eles tinham o estilo barroco que atraía os fieis a estarem no céu e também o estilo predominante nestes séculos favoreciam os detalhes, ornamentos e bens móveis, como o órgão, o altar, os altares laterais, os oratórios entre outros. Complementando.... Vale ressaltar que a arquitetura colonial iniciou com a vinda dos portugueses, mas o estilo barroco teve sua influência com os jesuítas italianos, houve interferência do estilo português e mais tarde com o espanhol. Onde não havia a possibilidade de construir os mosteiros, abadias ou conventos, as pessoas da sociedade faziam uma igreja filiada a Ordem Primeira, tendo assim o crescimento das Ordens Terceiras. Principais lugares onde o Barroco floresceu no Brasil: Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraíba, Sergipe, Maranhão, Pará, Amazonas entre outros. Convento de Santo Antônio, Rio de Janeiro – Igreja de São Francisco da Penitência - Largo da Carioca (1619 / 1657-1733) Conjunto Arquitetônico de Ouro Preto – ciclo do ouro Mosteiro de São Bento – Rio de Janeiro Ordem Terceira de São Francisco – Salvador, Bahia Convento de Nossa Senhora do Monte Carmelo – Paraíba (1592) Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo – São Paulo Museu de Arte Sacra de São Paulo – Convento das Concepcionistas Museu de Arte Sacra de Paraty, Igreja de Santa Rita Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, Embu das Artes, São Paulo. Capela Dourada ou Capela dos Noviços, Capela da Ordem Terceira de São Francisco – no complexo do Convento de Santo Antônio – Recife, Pernambuco Igreja de São Francisco de Assis, São João del Rei, Minas Gerais
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