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Nutrição e ciclos da Vida Profª Rosimeire Barros Pós-graduação Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida A transição epidemiológica em curso no Brasil, fruto das mudanças no perfil demográfico e nutricional da população, vem promovendo profundas alterações no padrão de morbimortalidade e no estado nutricional em todas as faixas etárias e em todo o espaço geográfico – nas áreas urbana e rural das grandes e pequenas cidades. Embora o perfil de saúde da população brasileira possa ser caracterizado por decrescentes taxas de mortalidade em todas as faixas etárias, destacam-se ainda as altas prevalência e incidência de várias doenças infecciosas e parasitárias (BRASIL, 1999), estas de elevada ocorrência em países periféricos. Soma-se a esse panorama aquelas morbidades características dos países centrais. De uma maneira geral, o quadro de morbimortalidade desenhado na atualidade para o Brasil associa-se com a alimentação, a nutrição e o estilo de vida dos brasileiros (WORLD HEALTH, 1997). É importante refletirmos sobre o perfil de morbidade da gestante, caracterizado também pela dualidade do estado de saúde e nutrição. Por um lado, vemos aquele estado de saúde representado pelo peso inadequado ao gestar e baixo ganho de peso no processo gestacional, resultando em baixo peso ao nascer e suas consequências negativas para a sobrevivência do recém-nascido, e, por outro lado, vemos o estado caracterizado pelo sobrepeso, doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, os quais constituem riscos elevados de morbidade materna. Nesse cenário, o Brasil, ao colocar-se como signatário dos Fóruns Internacionais sobre Segurança Alimentar, assume os objetivos estratégicos da redução das prevalências da anemia ferropriva, da hipovitaminose A, da deficiência de iodo, do baixo peso ao nascer e de outras deficiências nutricionais que vêm comprometendo a qualidade de vida e a saúde do brasileiro. Ressaltamos, no entanto, que a falta de equidade em saúde e a distribuição heterogênea dos seus agravos permeiam todas as instâncias e todos os ciclos de vida da população brasileira, definindo-se nessa complexidade social o perfil nutricional e alimentar diretamente vinculado ao padrão de morbimortalidade desta comunidade. Diante desta situação, o Brasil vem buscando, especificamente a partir dos anos 90, reorganizar o modelo de atenção à saúde, de forma a superar a história de um sistema nacional de saúde modelado pela assistência médica curativa, de baixa resolutividade e inacessível à maioria da população. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi formulada a partir da luta e contribuições de pessoas de instituições governamentais e não governamentais com atuação no campo da alimentação e nutrição. Isso representa uma conquista no que se refere à legitimação das ações nesta área enquanto integrantes da Política Nacional de Saúde, sob responsabilidade dos três níveis de gestão do Sistema Único de Saúde. Esta política integra a Política Nacional de Saúde no contexto da segurança alimentar e nutricional. Compõe, portanto, o conjunto das políticas de governo voltadas à concretização do direito humano à alimentação adequada, com o propósito da garantia da qualidade dos alimentos colocados para o consumo no país, a promoção de práticas alimentares saudáveis e a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais, bem como o estímulo às ações intersetoriais que propiciem o acesso universal aos alimentos. O tema de segurança alimentar e nutricional se qualifica quando as ações começam a caminhar para uma abordagem integrada dos problemas de saúde, não mais dicotomizando a desnutrição e a obesidade como antagônicas, mas sim como faces de um mesmo problema epidemiológico, político, econômico e social. A fundamentação da política na garantia da segurança alimentar e nutricional e na concretização do direito humano à alimentação adequada é uma das qualidades que apresentam um leque de possibilidades de ações que não se limitam apenas ao setor saúde. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida O reconhecimento da alimentação saudável como um direito humano, conferindo-a o status de direito social, colocou as questões relacionadas à fome e à insegurança alimentar e nutricional no enfoque de políticas públicas. Percebe-se a necessidade de fortalecimento das relações intersetoriais para garantir o acesso da população aos alimentos, como a aquisição dos alimentos do pequeno produtor para a merenda escolar, o fortalecimento dos bancos de alimentos nos municípios e o estímulo à produção de alimentos entre pequenos produtores. A política trata da necessidade do redirecionamento e do fortalecimento das ações de vigilância sanitária na diretriz “Garantia da segurança e da qualidade dos alimentos e da prestação de serviços neste contexto”. A Redenutri sugere a modernização dos instrumentos de fiscalização, a formação de massa crítica para discussão sobre o tema, o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos, a responsabilidade das três esferas de governo e a ampliação de espaços de diálogo e negociação para que se possibilite a real implantação da PNAN e o avanço contínuo da garantia do acesso à alimentos saudáveis, adequados e seguros. Quanto à diretriz do “Monitoramento da situação alimentar e nutricional”, integrantes relatam tanto qualidades quanto limitações. Na diretriz de “Promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis”, a política reconhece a importância do estabelecimento de diretrizes técnicas sobre alimentação nas diferentes fases do ciclo de vida. A publicação dos guias alimentares tem papel fundamental na orientação dos profissionais de saúde para as ações de promoção e prevenção da saúde. Em 2005 foi publicado o primeiro Guia Alimentar para a População Brasileira. Também existe a necessidade de melhor articulação dos programas e ações da nutrição na atenção básica no escopo da atenção primária à saúde. Os programas nacionais de suplementação de ferro e de vitamina A são ainda implementados de maneira desarticulada das ações da Estratégia de Saúde da Família. Faz-se necessária a criação de mecanismos que provoquem uma integração melhor destes processos. Os Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASFS) têm potencial para o apoio para a concretização desta integração. A agenda única deve ser organizada a partir da caracterização clara do perfil epidemiológico da comunidade e dos espaços domiciliares com a identificação de riscos, problemas, prioridades, potencialidades e possibilidades de atuação e reconhecimento da situação de saúde, alimentação e nutrição das famílias, utilizando os diversos sistemas de informação da atenção básica – dentre os quais o Sisvan –, que servirão de base para a realização do diagnóstico no nível local até chegar na tomada de decisão em diferentes níveis de governo. A partir do diagnóstico local, é possível realizar o planejamento com vistas à estruturação das ações de prevenção e controle das carências nutricionais e de promoção da alimentação saudável no serviço, de forma a contemplar as peculiaridades e as diversidades locais, assim como definir os mecanismos de apoio e os espaços intersetoriais, com destaque para o papel das escolas, dos equipamentos da rede de assistência social e do desenvolvimento agrário como potenciais atores de atuação conjunta. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Saúde Pública As mudanças econômicas, sociais e demográficas ocorridas nas últimas décadas, em decorrência da modernização e crescente urbanização, alteraram os padrões de estado nutricional da população, gerando um aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade e diminuição da incidência de desnutrição, caracterizando assim um período de transição nutricional (MONTEIRO, 2000). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, nos próximos dez anos, a obesidade será a principal causa de morte evitável em todo o mundo, superando o número de óbitos causados pelo cigarro (WHO, 2003). A prevenção e o controle das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)e seus fatores de risco são fundamentais para evitar o crescimento epidêmico delas e suas consequências para a qualidade de vida e os sistemas de saúde. A Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (EG) propõe como medida a necessidade de fomentar mudanças socioambientais coletivas, para então favorecer as escolhas saudáveis do indivíduo, de forma a reverter este quadro ascendente de DCNT. A responsabilidade compartilhada entre sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a construção de modos de vida que tenham como objetivos centrais a promoção da saúde e a prevenção das doenças. Os direitos humanos consistem em respeito, igualdade, dignidade e valor e dizem respeito à oportunidade de todas as pessoas alcançarem seu pleno potencial. As desigualdades em saúde frequentemente refletem discriminação ou exploração subjacente. A obesidade e doenças relacionadas não são igualmente distribuídas e existem dimensões tanto socioeconômicas quanto étnicas envolvidas. A tendência de taxas de incidência mais altas entre grupos pobres e socialmente desfavorecidos em países desenvolvidos agora também parece estar ocorrendo nos países em desenvolvimento, principalmente em áreas urbanas, inclusive favelas (ENGESVEEN, 2005). As obrigações correspondentes dos Estados geralmente são classificadas em três níveis de obrigação: respeitar, proteger e cumprir, sendo este último subdividido em facilitação, provisão e promoção. As obrigações correspondentes dos Estados geralmente são classificadas em três níveis de obrigação: respeitar, proteger e cumprir. Este último geralmente é subdividido em facilitação, provisão e promoção. Entre as medidas de proteção está a regulação das atividades de terceiros, a fim de evitar a interferência nos direitos de outras pessoas à alimentação e a saúde. Isso depende das opções disponíveis e acessíveis, logo os Estados são responsáveis por criar ambientes propícios, cumprindo assim suas obrigações de facilitação dos direitos à alimentação e à saúde. Muitos estudos de caso sugerem que os governos podem encorajar escolhas melhores para a saúde das pessoas através de processos de regulamentação de determinados produtos que resultam em prejuízo para a saúde. Assim, intervenções governamentais que ajudem as pessoas a controlar comportamentos que coloquem sua própria saúde em risco não podem ser entendidas como restrições à liberdade de escolha individual. O avanço do conhecimento científico sobre riscos à saúde vem ampliando o debate sobre melhores medidas e ações que impactam a saúde pública mundial. È importante que os governos e atores não governamentais reconheçam sua responsabilidade conjunta pela realização do direito de todas as pessoas, em particular dos jovens, à alimentação adequada e ao padrão de saúde mais elevado possível (SCN, 2006). As DCNT em geral são doenças de longa duração e, como tais, estão entre as doenças que mais demandam ações, procedimentos e serviços de saúde. De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que os gastos do Sistema Único da Saúde (SUS) com as DCNT totalizam 69% dos gastos com atenção à saúde. Por outro lado, sabe-se que os principais fatores de risco para as DCNT são relacionados ao comportamento (má alimentação, inatividade física, baixo consumo de frutas, Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida legumes e verduras e uso de tabaco) e, portanto, passíveis de prevenção. Fortalecer as ações de promoção da saúde, com destaque para a promoção da alimentação saudável, representa aumentar a efetividade dos investimentos em saúde e nutrição adequada para reverter as elevadas prevalências destas doenças no país. Desse modo, partindo do conceito ampliado de saúde, marcado pela Constituição Federal de 1988, e dentro da perspectiva da promoção da saúde, são construídas estratégias intersetoriais de proteção à saúde e à vida, estimulando e desencadeando ações que favoreçam o compromisso da sociedade a tornar as escolhas saudáveis mais acessíveis a todos. O Ministério da Saúde ratifica, por meio da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), o compromisso brasileiro com as diretrizes de Estratégia Global, em plena consonância com a Política Nacional de Alimentação de Nutrição (PNAN) (BRASIL, 2003). Tomando como base os fundamentos norteadores das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, pode-se concluir que a efetivação da vigilância capaz de ultrapassar a abordagem do estado nutricional, abrangendo a dimensão alimentar, demanda também que sejam asseguradas a disponibilidade e as condições de acesso social e físico aos alimentos. O Programa Saúde da Família, a nutrição e o nutricionista Se, por um lado, esta questão estará estritamente ligada às condições estruturais da sociedade e requer estudos para minimizar a problemática, por outro lado, é imperioso conhecer com profundidade os determinantes culturais dos hábitos alimentares, assim como compreender porque práticas alimentares regionais saudáveis vêm sendo substituídas por outras que agregam maiores prejuízos à saúde e, por vezes, também às finanças das famílias. Todo esse desafio é emoldurado, no âmbito da PNAN, pela educação alimentar e nutricional, a qual exige um profissional detentor de conhecimentos no campo da ciência da alimentação e da nutrição que, consequentemente, integre à sua prática ferramentas da epidemiologia, do planejamento, da educação e de outras disciplinas das ciências sociais e humanas. Além disso, o processo de adoecimento da população é explicado por uma rede complexa de determinantes biológicos, sociais, econômicos e culturais de difícil hierarquia na definição da situação de risco e de suas prioridades. Desse modo, a prevenção e o tratamento dos males que atingem os brasileiros requerem a disponibilidade de uma equipe multidisciplinar capaz de conceber a saúde na sua dimensão coletiva. Nesse sentido, toma-se como referência o discurso oficial do PSF: “O Programa Saúde da Família não é o Programa do Médico da Família, pois não é centrado no trabalho médico, mas de uma equipe multiprofissional, na qual todos os saberes são respeitados [...]” (BRASIL, 2000c). Tal afirmação, perfeitamente sustentada na compreensão da multideterminação dos problemas de saúde vivenciados pela população e amparada no conceito da interdisciplinaridade, evidencia que a implementação do programa prevê o envolvimento de profissionais qualificados, capazes de articularem no exercício de seu trabalho os conhecimentos específicos, construídos ao longo de sua formação profissional, com os saberes coletivos, na direção de uma prática social que transcenda a fragmentação e a especialização características das ações de saúde no país. Na atualidade, de acordo com o conhecimento científico acumulado, o controle, a prevenção e o tratamento das enfermidades aqui aludidas passam, necessariamente, pelo campo específico da ciência da nutrição, assim com as mudanças na qualidade de vida das pessoas, as quais são preconizadas em todo o mundo como uma das estratégias capazes de gerar impactos positivos no perfil epidemiológico das populações. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida A importância do componente alimentar e nutricional nas políticas públicas de corte social, particularmente no Brasil, é mais um indicador da relevância dessa área de saberes e práticas. Desde os anos 70, o Brasil vem buscando implementar programas nacionais de intervenção na área de alimentação e nutrição. Recentemente, contudo, tais ações passaram a ser descentralizadas. No presente, tanto quanto no passado, questões sobre avaliação do impacto dessas políticas e programas encontram-se na agenda do governo, não só pela inversão de recursos que representam, mas também pelo compromisso firmado por todos os governos e governantes com a redução da fome e da prevalência da desnutrição do povo brasileiro. A competência do nutricionista para integrar a equipe do Programa Saúde da Família está estabelecida em sua formação acadêmica, a qual o instrumentalizaa realizar diagnóstico nutricional da população, tornando-o, assim, o único profissional a receber uma instrução específica que lhe permite, a partir desse diagnóstico e da observação dos valores socioculturais, propor orientações dietéticas cabíveis e necessárias, adequando-as aos hábitos da unidade familiar, à cultura, às condições fisiológicas dos grupos e à disponibilidade de alimentos. Trata-se, portanto, de um profissional apto a participar efetivamente da recriação das práticas de atenção à saúde no Brasil. Por este caminho, pode-se afirmar que uma assistência à saúde da família brasileira cujo objetivo seja transformar a história das práticas e dos resultados das intervenções não poderá prescindir da atuação do nutricionista. A partir da integração do nutricionista à equipe do Programa Saúde da Família, estará conquistada a sua oportunidade de colocar à disposição da unidade familiar, de forma integrada com outros profissionais, os seus saberes específicos na direção de uma ação responsável sobre os problemas que afetam a saúde e a qualidade de vida da população brasileira. Alimentação baseada em grandes quantidades de alimentos industrializados, maior acesso aos confortos propiciados pela tecnologia (elevadores, carros, controles remotos, entre outros) e trabalho em um ritmo alucinante são fenômenos típicos dos processos de industrialização e urbanização. Os hábitos da modernidade vêm gerando brasileiros mais gordos, inativos e estressados do que nunca. Hábitos de vida e nutrição Para se ter uma ideia da importância desses hábitos da modernidade sobre a longevidade humana, de acordo com pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, dentre os fatores que pesam para que uma pessoa ultrapasse os 65 anos, o estilo de vida é o fator mais predominante (53%). A obesidade, por exemplo, tornou-se tão comum que acabou por transformar-se no mais grave problema de saúde pública do mundo, superando até mesmo a desnutrição e as doenças infecciosas. Os Estados Unidos já possuem 55% da sua população acima do peso. No Brasil, esse percentual gira em torno de 40%, do qual 11% é constituído por obesos. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Sem desprezar a influência dos fatores genéticos, que são consideráveis, o aumento da obesidade é um produto da sociedade moderna. Pela primeira vez, em séculos, o mundo ocidental tem abundância de alimentos (sobretudo de proteínas, carboidratos e gorduras), bem como alimentos industrializados amplamente distribuídos e anunciados de modo atraente, o que torna mais difícil convencer as pessoas a privilegiarem o consumo de frutas, verduras e legumes, apesar dos benefícios nutricionais evidentes destes alimentos. Soma-se a isto a ascensão de padrões sociais de beleza que induz as pessoas a buscarem cada vez mais um ideal de magreza, muitas vezes incompatível com a constituição física que lhes é característica. O cenário é de maior abundância de alimentos altamente calóricos aliada a uma exigência social cada vez maior pela magreza e pelo corpo perfeito. Como consequência, surgem problemas psíquicos e emocionais que se refletem em graves distúrbios alimentares, os quais não apenas comprometem a qualidade de vida mas, sobretudo, a saúde das pessoas. A nutrição é um conjunto de processos que envolve a ingestão, digestão, absorção, metabolismo e excreção dos nutrientes, com a finalidade de produzir energia e manter as funções do organismo. Os nutrientes são substâncias contidas nos alimentos que fornecem energia para o funcionamento do corpo humano. Podemos dividi-los em macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes são os carboidratos, proteínas e lipídeos, e os micronutrientes são as vitaminas e minerais. Os carboidratos fornecem a energia necessária para que realizemos as atividades do dia-a-dia. As proteínas atuam na reestruturação de células e tecidos, crescimento e manutenção do esqueleto e síntese de enzimas e hormônios. Os lipídeos, por sua vez, atuam no transporte das vitaminas lipossolúveis A, D e K e também fornecem energia. As vitaminas e os minerais são substâncias reguladoras. Desempenham papel importante no bom funcionamento de intestino, contribuem na formação de ossos, dentes, cartilagens e no processo de absorção do organismo. Em cada fase da vida há uma demanda energética e nutricional diferente, de acordo com a necessidade orgânica. Em estados de doença, a necessidade nutricional muda e requer um cuidado alimentar diferenciado. A pirâmide alimentar é o mais moderno guia de alimentação aprovado pela Organização Mundial da Saúde. Substituiu a roda de alimentos, usada para explicitar os grupos de alimentos. Estes foram subdivididos para melhor garantir o consumo de todos os nutrientes nas quantidades adequadas. Pirâmide Alimentar Através da pirâmide podemos visualizar todos os grupos de alimentos e saber qual podemos ingerir mais e qual devemos evitar. Foram definidos oito grupos para manter a estrutura idealizada pela pirâmide americana. Cada grupo tem sua importância funcional no organismo: a base fornece energia; o segundo nível, as vitaminas, minerais e fibras; o terceiro, proteínas, ferro e cálcio; o topo, Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida gorduras e açúcares. Cada um desses nutrientes tem uma importância diferente no organismo, por isso a colocação deles dentro de uma pirâmide. Dessa forma, pode-se mostrar que os alimentos da base devem ser consumidos em maiores quantidades e os do topo em menores. • Variedade: é identificada pelo consumo de uma grande variedade de alimentos dentro e entre os maiores grupos. Em outras palavras, nenhum grupo é mais ou menos importante do que qualquer outro grupo; • Moderação: é definida por dois componentes: a) consumir alimentos no tamanho recomendado das porções, especialmente no caso daqueles ricos em gorduras e/ou açúcares; b) consumir gorduras, óleos e doces esporadicamente. • Proporcionalidade: é definida como consumir relativamente mais de grupos alimentares maiores, e menos de grupos menores. Os três conceitos principais de uma alimentação equilibrada são: Vejam quais são os alimentos de cada grupo e quantas porções, em geral, devemos consumir de cada um: • Grupo 1: os carboidratos (pão, batata, macarrão, arroz) - principais fontes imediatas de energia. São chamados energéticos. • Grupo 2 e 3: o das verduras, legumes e frutas - fontes de vitaminas, minerais e fibras (essenciais para o bom funcionamento do organismo). São denominados reguladores. • Grupo 4, 5 e 6: o das leguminosas e sua proteína vegetal (lentilha, ervilha, feijão, grão de bico e soja), das carnes (brancas, vermelhas, ovo) e sua proteína animal – muito bem utilizadas por nosso organismo para produção de tecidos, enzimas e compostos do sistema de defesa – e dos leites e derivados (iogurtes, queijos), que são os maiores fornecedores de cálcio. Todos eles têm a função de crescimento, desenvolvimento e formação de massa muscular. São chamados construtores. • Grupos 7 e 8: o dos óleos, gorduras, açucares e doces – o excesso deve ser evitado. São os chamados energéticos. As porções são quantidades dos alimentos em suas formas mais comuns de consumo pela população (fatia, colheres, unidades, copos, folhas etc.). Foram estabelecidas para os oito grupos alimentares, com definição dos pesos em gramas, quilocalorias e as medidas usuais de consumo de alimentos naturais, industrializados e preparações culinárias, para facilitar a transmissão das orientações dietéticas e o entendimento pela população. Todos os grupos de alimentos são importantes para suprir as necessidades de nutrientes dos indivíduos e manter sua saúde, por isso, todos devem ser consumidos em suas quantidades adequadas. Estas quantidades variam de acordo com as necessidades de cada indivíduo (PHILIPPI et al.,1999). A base da pirâmide deve ser composta por exercícios físicos e controle de peso. Os malefícios causados pelo sedentarismo já estão mais do que comprovados. Colocarem prática as recomendações da pirâmide pode diminuir significativamente o risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, em uma dieta balanceada não pode haver excessos e nem deficiência de alimentos. Portanto, nem todo carboidrato é bom, assim como nem todo óleo é ruim. A forma como eles são preparados e o horário em que serão ingeridos também devem ser levados em conta. De acordo como os princípios de uma alimentação saudável, todos os grupos de alimentos devem compor a dieta diária. A alimentação saudável deve fornecer água, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os quais são insubstituíveis e indispensáveis ao bom funcionamento do organismo. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico ou grupo de alimentos, isoladamente, é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e uma consequente manutenção da saúde. A ciência comprova aquilo que ao longo do tempo a sabedoria popular e alguns estudiosos, há séculos, apregoavam: a alimentação saudável é a base para a saúde. A natureza e a qualidade daquilo que se come e se bebe é de importância fundamental para a saúde e para as possibilidades de se desfrutar todas as fases da vida de forma produtiva e ativa, longa e saudável. A alimentação, quando adequada e variada, previne as deficiências nutricionais e protege contra as doenças infecciosas. Por ser rica em nutrientes, pode melhorar a função imunológica e contribuir para a proteção contra as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e potencialmente fatais, como diabetes, hipertensão (AVC), doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. Por esses motivos, a alimentação deve ser planejada, com alimentos de todos os tipos e de procedência conhecida. As recomendações são de que esses alimentos: • devem ser consumidos preferencialmente em sua forma natural; • devem ser adequados qualitativa e quantitativamente; • pertençam ao hábito alimentar; • sejam preparados de forma a preservar os valores nutritivos e os aspectos sensoriais; • sejam seguros sob o ponto de vista higiênico-sanitário. Assim, observamos que somente a mudança de hábitos alimentares, a reformulação e adequação da nossa dieta com o modelo proposto pela pirâmide alimentar e a prática constante de exercícios físicos permitirão alcançar uma boa saúde e uma alimentação com qualidade. Dos vários neurotransmissores, a serotonina exerce grande influência no estado de humor. Ela é também conhecida como uma substância “mágica” e sedativa que melhora o humor de um modo geral, principalmente nas pessoas com depressão. Os níveis cerebrais de serotonina são dependentes da ingestão de alimentos fontes de triptofano (aminoácidos precursor da serotonina) e de carboidratos. Nutrição Inteligente • Fontes de triptofano: carnes magras, peixes, leite e iogurte desnatados, queijos brancos e magros, nozes e leguminosas. • Fontes de carboidratos: pães, cereais integrais, biscoitos integrais, massas integrais, arroz integral e selvagem, frutas, legumes e chocolate amargo (com moderação). O processo de digestão das proteínas fornece os aminoácidos para o nosso corpo formar suas próprias proteínas. Um aminoácido conhecido como tirosina está relacionado com a produção de dopamina e adrenalina, ambos neurotransmissores que promovem o estado de alerta, o “pique” e a alegria. Como fontes de tirosina podemos citar peixes, carnes magras, aves sem pele, ovos, leguminosas, nozes e castanhas, leite e iogurte desnatados, queijos magros e tofu. O cálcio deve fazer parte do cardápio diário de homens e mulheres para garantir ossos e dentes saudáveis e ainda de “quebra” doses extras de bom humor. Como fontes de cálcio citamos: leite e iogurte desnatados e queijos magros. O magnésio, grande colaborador do cálcio, está também envolvido na regulação dos níveis de serotonina. Participa da produção de energia, da contração muscular, da manutenção da função cardíaca normal e da transmissão dos impulsos nervosos. As principais fontes de magnésio são: tofu, soja, caju, tomate, salmão, espinafre, aveia e arroz integral. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Tudo indica que o selênio, um mineral magistral, tem grande participação no estado de humor. Pessoas que têm carência de selênio são mais depressivas, irritadas e ansiosas. Citamos as seguintes fontes de selênio: castanha-do-pará, nozes, amêndoas, atum, semente de girassol, trigo integral e peixes. Para compor uma alimentação equilibrada, que tenha condições de fornecer os nutrientes necessários para o crescimento e manutenção do organismo da criança, deve haver: Alimentação saudável e o significado dos alimentos • Alimentos de todos os grupos • Proporção adequada de alimentos • Variar ao máximo os alimentos As proteínas são matéria-prima para formação de novas células, por isso são fundamentais no processo de crescimento, mas a ingestão pode ser prejudicial a saúde, sobrecarregando os rins e o fígado. Os minerais são conhecidos como micronutrientes, pois estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades, mas têm função muito importante na regulação do bom funcionamento do organismo. A criança que ingere vitaminas e minerais em quantidade inadequada ficam sensíveis a doenças contagiosas e outras. Algumas doenças causadas por carências nutricionais muito comuns em crianças são: anemia ferropriva, hipovitaminose A e bócio endêmico. Esses são os principais problemas carênciais, com recomendações de ações específicas de saúde pública. O pré-escolar Nessa fase a criança aprende a usar os cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar para relacionar-se com o mundo, inclusive com a alimentação. Uma situação comum nessa fase é a criança manipular os alimentos antes de comer. Ao amassar uma banana entre os dedos antes de comê-la, a criança está “aprendendo” aquele alimento com todas as sensações que ele pode dar. O pré-escolar vai aos poucos descobrindo seu poder de decisão na escolha de sua dieta. Outra característica importante nessa fase é a limitada capacidade de atenção, tanto para comer quanto para brincar, por isso, quando estão com fome, concentram-se nessa sensação e comem, mas se estão saciados interessam-se por outros alimentos rapidamente. Uma situação comum é a criança brincar com os talheres e com a comida quando não tem mais fome, o que não requer preocupação. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Nessa fase também é importante que a criança perceba a rotina na alimentação, com horários regulares, pratos e talheres adequados para cada idade e que possibilitem a convivência, tanto em família quanto na escola com os amigos. Fase escolar O crescimento dos 6 aos 12 anos é lento mas estável, com um aumento na ingestão de alimentos. Nessa fase, a criança começa a passar parte de seu tempo na escola. Sua vida social é mais intensa e a convivência com outras crianças e adultos que não fazem parte do círculo familiar começa a influenciar seus hábitos de vida. A criança tem agora maior prazer em se alimentar para aliviar a fome e obter satisfação social. Os conceitos sobre alimentação saudável devem ser trabalhados do nascimento até a fase escolar com maior ênfase, pois a criança assimila mais facilmente ficando com uma boa base para enfrentar a adolescência e aceitar melhor a fase adulta. Os conceitos sobre nutrição são abstratos para as crianças da pré-escola e escolar, por isso devem ser fixados através de experiências significantes, para obter resultados positivos. Atividades que envolvam preparo de alimentos dão às crianças uma oportunidade de praticar e fortalecer seu conhecimento nutricional. Estudos apontam que o café da manhã influencia no raciocínio escolar, por isso os programas de merenda escolar devem incluir em seus estudos não só a quantidade e qualidade do alimento servido, mas também o horário no qual essa refeição é oferecida. isso os programas de merenda escolar devem incluir emseus estudos não só a quantidade e qualidade do alimento servido, mas também o horário no qual essa refeição é oferecida. isso os programas de merenda escolar devem incluir em seus estudos não só a quantidade e qualidade do alimento servido, mas também o horário no qual essa refeição é oferecida. Preocupações nutricionais Obesidade infantil Com aumento visível na população, não só infantil como adulta também, a obesidade não tem nível socioeconômico. Ela aparece em todas as camadas sociais e já é considerada o mal do século. Juntamente com a obesidade se instalam outras doenças associadas, como diabetes, hipertensão e dislipidemias. Além dessas patologias, existem consequências psicossociais, como discriminação, baixa da auto-estima, depressão e socialização diminuída. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida É difícil determinar se uma criança em crescimento está ou não obesa. A criança na pré-puberdade pode pesar mais devido às suas mudanças fisiológicas, por isso necessitará de uma reserva. Situar essa criança na curva do crescimento e acompanhá-la faz com que a obesidade ou o sobrepeso seja identificado, assim fica mais fácil determinar ações preventivas. Nessa faixa etária é mais prudente a correção de erros alimentares, como na retirada de alimentos muito energéticos (bolachas recheadas, sorvetes, salgadinhos, balas, doces, chocolates etc.), e o aumento da atividade física, com incentivo à prática esportiva. A perda de peso, a ausência do ganho de peso ou dificuldades em se desenvolver podem ser indicadores de uma patologia aguda ou crônica. Crianças pré-adolescentes que se preocupam em demasia com o corpo podem apresentar baixo peso, baixa estatura e puberdade atrasada por ingerirem quantidades de alimentos menores do que as necessárias. Baixo peso e dificuldades no desenvolvimento A baixa ingestão de fibras leva à constipação e o mau funcionamento intestinal faz com que a criança tenha menor apetite. Comendo menos, seu desenvolvimento fica comprometido. A baixa estatura deve ser investigada. Se não há fatores genéticos, poderá a criança estar com uma deficiência de zinco, mineral importante e necessário para o crescimento. Entre os seus alimentos fonte, podemos citar os peixes e frutos do mar. Hortaliças e verduras também contém o nutriente, mas em quantidades menores. A deficiência de ferro em crianças escolares é maior em populações de baixa renda e nas quais o nível de escolaridade dos pais é baixo, o acesso médico é precário e a ingestão é a de alimentos de baixa e má qualidade. Deficiência de ferro A deficiência de ferro leva à anemia, que pode comprometer o aprendizado do escolar. Alimentos que contenham ferro devem fazer parte da alimentação do escolar, como carnes, peixes e aves. Para obter ferro de origem vegetal (espinafre, couve, brócolis etc.), devem ser ingeridos alimentos que contenham a vitamina C (laranja, acerola, goiaba), pois ela facilita a absorção do ferro dos vegetais. Para obter ferro de origem vegetal (espinafre, couve, brócolis etc.), devem ser ingeridos alimentos que contenham a vitamina C (laranja, acerola, goiaba), pois ela facilita a absorção do ferro dos vegetais. Adolescência Nesta fase a velocidade de crescimento é realmente aumentada. Em período curto de tempo, o adolescente ganha cerca de 20% de sua altura adulta e 50% de seu peso. Esse período também é chamado de estirão do crescimento, cuja ocorrência se dá em idades diferentes para cada indivíduo. Em geral, as meninas maturam mais cedo do que os meninos. Na fase pré-puberal (aquela em que acontece a maturação sexual), os meninos e as meninas tendem a ser iguais em gordura corporal (15-19%), enquanto na fase puberal (onde a capacidade de reprodução já foi atingida) e adulta há um ganho de tecido magro dos meninos duas vezes maior que o das meninas. O adolescente passa por um desenvolvimento cognitivo e emocional que pode ser dividido em inicial, intermediário e final. O aconselhamento nutricional deve ser diferenciado de acordo com a fase em que o adolescente está. Na fase inicial o adolescente apresenta as seguintes características: é preocupado com a sua imagem corporal, confia e respeita os adultos e é ansioso quanto à sua relação com os colegas. São desejosos em fazer ou experimentar qualquer coisa que melhore sua imagem corporal de maneira rápida. O adolescente, na fase intermediária, é muito influenciado pelo grupo de colegas, desconfia dos adultos, tem a independência como algo muito importante e experimenta um desenvolvimento cognitivo significante. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida O impulso para a independência faz com que tenham repulsa pelos hábitos alimentares da família. A orientação alimentar deve ser focada para os cuidados que se deve ter ao alimentar-se fora de casa. A fase final é aquela em que o adolescente já estabeleceu sua imagem corporal, pensa no futuro e faz planos, está mais independente e desenvolve intimidade e relações permanentes. Nessa fase, a imagem corporal é um amadurecimento intelectual e emocional mesclado por considerações nutricionais. O adolescente se sente incomodado com as alterações sofridas pelo corpo, em relação a estarem ou não atendendo padrões impostos pelo grupo em que convive. Nessa fase, a alimentação e o exercício físico do adolescente devem ser observados e orientados por profissionais que possam identificar possíveis problemas de imagem corporal. Transtornos alimentares como bulimia, anorexia e alimentação compulsiva são distúrbios que envolvem a imagem corporal. A ingestão excessiva de proteínas pode interferir no metabolismo do cálcio e também aumentar a necessidade de líquidos. Em atletas adolescentes, deve-se dobrar a vigilância no que diz respeito à desidratação. Na adolescência, as necessidades de proteínas e energia se correlacionam mais com o padrão de crescimento do que com a idade cronológica. A ingestão insuficiente de proteína na adolescência é rara, mas se por algum motivo a ingestão calórica estiver abaixo do recomendado, sua ingestão estará comprometida. A ingestão de cálcio tende a diminuir na adolescência devido ao alto consumo de refrigerantes. As meninas adolescentes possuem maior risco de ingestão inadequada de cálcio. O risco de desenvolverem osteoporose na fase adulta dependerá parcialmente da quantidade de depósito de cálcio ósseo se teve nessa fase. Uma necessidade de ferro maior é justificada pelo aumento da massa muscular, principalmente nos meninos, e o início da menstruação nas meninas. Sua deficiência pode levar a uma anemia, prejudicar a resposta imunológica e afetar o aprendizado, pois causa problemas de memória a curto prazo. O zinco é essencial para o crescimento e maturação sexual. A retenção desse mineral no organismo aumenta significativamente no estirão de crescimento físico. Na fase adulta, a alimentação é voltada para uma nutrição defensiva, isto é, uma nutrição que enfatiza escolhas de alimentos saudáveis para promover o bem-estar e prover os sistemas orgânicos de maneira que tenham um funcionamento ótimo durante o envelhecimento. É uma nutrição baseada no consumo de frutas, hortaliças, grãos integrais, nozes, leguminosas, peixes, ovos e aves. O consumo de carne vermelha deve ser limitado. As gorduras saudáveis que devem ser ingeridas (ácido graxo ômega 3 e ômega 6) são encontradas nos óleos vegetais, de oliva e nos peixes de água fria. As gorduras não saudáveis, saturadas e trans, como as gorduras de origem animal (manteiga e carnes gordurosas) e as de origem vegetal que sofrem saturação (margarina e recheio de bolachas) devem ser evitadas. As vitaminas têm suas necessidades aumentadas, mas deve-se destacar o ácido fólico, que deve ser suplementado na fase em que as mulheres podem engravidar, ou através de alimentos fortificados e suplementos orais. A deficiência, de outro modo, pode causar uma má formação no tubo neural do feto. Idade Adulta Uma dieta de base predominante vegetal, aliada a exercícios físicos bem dosados pode ter um impacto positivo sobre o envelhecimento,pela redução do risco de doenças cardiovasculares, obesidade, câncer e diabetes. É importante enfatizar as diferenças – principalmente as hormonais – entre homens e mulheres. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida As perdas hormonais não acometem o homem de maneira tão significativa como no sexo feminino, mas os problemas cardiovasculares, o câncer de próstata e o câncer de pulmão têm preocupado a saúde pública. Homens A alimentação saudável pode colaborar para que esse quadro seja revertido. O licopeno é uma substância encontrada no tomate e é mais bem absorvido se for consumido em forma de molho. O consumo habitual desse nutriente tem demonstrado uma diminuição nos índices de câncer de próstata e de doenças cardiovasculares. O aumento de ingestão de frutas e hortaliças, a diminuição da ingestão de álcool, a diminuição no consumo de carnes vermelhas e a prática diária de exercícios físicos são essenciais para a promoção da saúde. Na idade fértil, as mulheres podem ter mudanças de humor nos períodos menstruais. A síndrome pré-menstrual (SPM) está presente na vida da mulher. Identificar os seus sintomas pode facilitar os relacionamentos. Mulheres Apesar de nenhum estudo ter demonstrado deficiências de nutrientes no período pré-menstrual, teorias sugerem que as alterações hormonais ocorridas nesse período podem favorecer deficiências de B6 e cálcio. A alimentação saudável, com frutas e hortaliças (principalmente de folhas escuras), grãos integrais, leguminosas, gorduras e proteínas de boa qualidade e a prática de exercícios físicos podem ajudar a diminuir os sintomas de SPM. No início do 50 anos, começa em geral a fase da menopausa, momento que sinaliza o final do período reprodutivo. A produção do hormônio estrogênio fica diminuída e algumas mulheres apresentam sintomas indesejáveis, como calor e depressão. Nesse período podem surgir problemas de osteoporose, aumento de peso corporal e dislipidemias. É aconselhável acrescentar soja na alimentação para diminuir os sintomas, pois esse vegetal possui o estrógeno natural que tende a diminuir esses sintomas, lembrando que alimentos de soja são bons substitutos proteicos e não fontes de cálcio como leite e derivados. A qualidade do envelhecimento é determinada pela vida pregressa do indivíduo. A necessidade nutricional, além de levar em conta o sexo e a idade, deve se ater na atividade física do idoso, de extrema importância nesse período. Algumas alterações no paladar, olfato e trato gastrintestinal devem ser consideradas, pois afetarão diretamente o hábito alimentar do idoso. Envelhecimento Energia As necessidades energéticas vão diminuindo com o passar dos anos. A massa muscular (consumidora de energia) diminui e a gordura corporal tende a aumentar, modificando assim a composição corporal do idoso. Limitações nos movimentos também ocorrem, já que a flexibilidade diminui e o equilíbrio também fica comprometido. O peso corporal deve ser controlado, pois se sabe que tanto a obesidade como o baixo peso para idosos apresentam riscos iguais para o desenvolvimento de patologias. O quadro abaixo sugere o IMC (índice de massa corporal) por idade. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Índice de massa corporal desejável por idade Idade IMC 19-24 19-24 20-34 20-25 35-44 21-26 45-54 22-27 55-64 23-38 >65 24-29 A ingestão calórica é de 2000cal/dia para idosos e 1600cal/dia para idosas. Há uma sugestão de que ingestões menores que 1500cal/dia podem causar problemas de saúde. A ingestão de proteína torna-se mais importante no envelhecimento devido à perda de massa muscular. Hábitos como sedentarismo, baixo consumo alimentar e depressão podem levar o idoso a uma desnutrição e deficiência de proteínas e micronutrientes. Proteínas A deficiência de proteínas faz com que o idoso não tenha como processar os aminoácidos essenciais que participam das reações metabólicas a nível celular. Essas reações têm um papel importante no bom funcionamento do organismo. Uma ingestão segura de proteínas fica em torno de 1-1,5g/kg de peso. Carboidratos Cerca de 45-65% das calorias diárias devem vir dos carboidratos. Essa quantidade deve ser garantida para que não se utilize a proteína como fonte de energia. As fontes devem ser de carboidratos complexos como grãos integrais, leguminosas e hortaliças. As frutas têm um importante papel no fornecimento das fibras. Lipídios É recomendada a ingestão de lipídeos em torno de 25-35% das calorias diárias totais, enfatizando a redução no consumo de gorduras saturadas e a importância das monoinsaturadas e polinsaturadas. Dietas com porcentagens de gorduras menores que 20% podem afetar o paladar, a sociedade e a digestão. Minerais O estado precário de minerais em pessoas idosas pode ser atribuído à ingestão inadequada de alimentos. A diminuição na secreção de lactase (enzima que degrada a lactose – açúcar do leite) pode levar o idoso a uma intolerância de leite. A falta de ingestão da principal fonte de cálcio, aliada a uma diminuição na capacidade de absorção do cálcio, pode levar esse idoso a uma osteoporose. O cálcio é um mineral de extrema importância na alimentação do idoso. Está presente em todas as contrações musculares e sua deficiência. Juntamente à falta de vitamina D e de exposição ao sol por parte da população idosa, leva à osteoporose, por isso é recomendada a ingestão de 1200mg/dia para ambos os sexos. A deficiência de zinco na população idosa pode ocorrer naqueles que não se alimentam de carnes e peixes, pois os vegetais não são fontes importantes desse mineral. Sua falta está associada à função prejudicada do sistema imunológico, anorexia (falta de apetite), perda da sensação de paladar e cicatrização demorada. A recomendação sugerida para ingestão é de 11mg/dia para idosos e 8mg/dia para idosas. O sódio deve ser ingerido de maneira controlada devido à hipertensão. É recomendada a ingestão de 2-4g/dia. A redução do sal de cozinha no preparo dos alimentos geralmente diminui essa ingestão. Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida Existe uma real necessidade desse nutriente na dieta do idoso. Processos oxidativos (aqueles que aceleram o envelhecimento) influenciam e muito na velocidade do envelhecimento e na qualidade de vida. Assim, as vitaminas com funções antioxidantes têm sido utilizadas para a melhoria da qualidade desse envelhecimento. São as vitaminas C, E e A (preferencialmente os carotenoides). A vitamina A está relacionada a uma adequada resposta imunológica, hortaliças verde-escuras, cenoura, pimentão, tomate, mamão e abóbora são alimentos com boas quantidades de carotenoides. Vitaminas Os carotenoides são pigmentos naturais dos alimentos que podem ser transformados em vitamina A pelo organismo. Sua vantagem é a de que o organismo só os utiliza se houver necessidade, e o excesso fica depositado na derme. É recomendada a ingestão de vitamina A para idoso de 900mg e para idosas de 700mg. • Vitamina C: tem como recomendação diária 90mg para sexo masculino e 75mg para o sexo feminino. O aparecimento de catarata está relacionado aos níveis baixos de vitamina C. Os alimentos fonte laranja, goiaba, acerola e hortaliças folhosas verdes também apresentam grande quantidade desse nutriente. O estresse, o fumo e alguns medicamentos podem comprometer a absorção de vitamina C. • Vitamina E: é facilmente encontrada em óleos vegetais. Uma dieta equilibrada faz com que sua recomendação seja atendida. Na medida de 15mg/dia, seu efeito antioxidante pode auxiliar na redução de risco para doenças cardiovasculares. • Vitamina D: tem sua síntese diminuída em 60% nos idosos e é independente das quantidades ideais de cálcio e fósforo, além de necessitar da exposição do idoso ao sol. Idosos que não conseguem tomar sol e têm uma alimentação desequilibrada devem receber suplementação de cálcio e vitamina D. • Vitamina B12: a deficiência afeta cerca de 10-15% dos idosos, o que ocorre devido a alterações metabólicas do trato gastrintestinal. A recomendaçãodiária é de 2,4mg/dia, enquanto sua suplementação destina-se aos idosos em geral. Alimentos que contenham B12, como carnes, devem ser fornecidos. • A água é responsável por cerca de 50% do peso de um idoso. Diferentemente do adulto jovem, cuja porcentagem é de 60%, sua sede é diminuída, a quantidade hídrica é menor, há incontinência urinária e diminuição na função renal, fatores que aumentam o risco de desidratação. A desidratação é muito comum em idosos. Alguns sintomas como cefaleia, constipação, efeitos alterados de medicamentos, sede, perda de elasticidade da pele, perda de peso, perda de funções cognitivas, tontura, boca e mucosas do nariz secas, alterações na pressão arterial, olhos fundos, débito urinário e dificuldade na fala podem indicar desidratação. Ações conjuntas voltadas para a segurança alimentar e nutricional Afirma-se, hoje, que atividades educativas em nutrição podem e devem ser utilizadas como um importante instrumento de apoio na promoção da saúde, especialmente no âmbito da escola, espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas atividades (COSTA, RIBEIRO; RIBEIRO, 2001). A escola tem sido, desde as épocas mais remotas, um espaço propício e privilegiado para o desenvolvimento de programas de intervenção junto à população. Sua abrangência não se restringe ao ensino, mas inclui também, nas ações de promoção da saúde, as relações lar-escola-comunidade, a prestação de serviços, como o da alimentação escolar e a promoção do ambiente escolar saudável (físico e emocional). O ambiente de ensino, ao articular de forma dinâmica alunos, familiares, professores e funcionários, proporciona condições para desenvolver Pós-graduação Nutrição e ciclos da Vida atividades que reforçam a capacidade da escola de se transformar em um local favorável à convivência saudável, ao desenvolvimento psicoafetivo, ao aprendizado e ao trabalho de todos os envolvidos nesse processo, podendo, como consequência, constituir-se em núcleo de promoção de saúde local. A promoção da saúde no âmbito escolar parte de uma visão integral, multidisciplinar, do ser humano, que considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário e social. Procura desenvolver conhecimentos, habilidades e destrezas para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas as oportunidades educativas. Fomenta uma análise crítica e reflexiva sobre os valores, condutas, condições sociais e estilos de vida, buscando fortalecer tudo aquilo que contribui para a melhoria da saúde e do desenvolvimento humano. Facilita a participação de todos os integrantes da comunidade educativa na tomada de decisões. Colabora na promoção de relações socialmente igualitárias entre as pessoas, na construção da cidadania e democracia, e reforça a solidariedade, o espírito da comunidade e os direitos humanos. A educação nutricional, que tem o papel importante na promoção de hábitos alimentares saudáveis, desde a infância, é considerada uma medida de alcance coletivo com o fim primordial de “[...] proporcionar os conhecimentos necessários e a motivação coletiva para formar atitudes e hábitos de uma alimentação sadia, completa, adequada e variada” (FREITAS, 1997). Mais do que transmitir normas alimentares, a educação nutricional deve “[...] ajudar os indivíduos e estabelecerem práticas e hábitos alimentares adequados às necessidades nutricionais do organismo e adaptados ao padrão cultural e aos recursos alimentares da área em que vivem” (BOOG, 1997).
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