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3 - Revolução Industrial

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Revolução Industrial 
 
 A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos 
séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho 
artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. 
 
 Até o final do século XVIII a maioria da população européia vivia no campo e produzia o que 
consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo. 
 
 Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, 
possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as 
tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura. 
A Revolução Industrial é um divisor de águas na história e quase todos os aspectos da vida 
cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por esse processo. A população começou a 
experimentar um crescimento sustentado sem precedentes históricos, com uma boa rendamédia. 
 
 A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: 
possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, 
o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados 
ultramarinos. 
 
 Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a 
trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também 
eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias. 
 
 Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho 
oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de 
máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o objetivo de defender o 
trabalhador. 
 
 O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de todo a técnica de fabricação 
passando a executar apenas uma etapa. 
 
A Primeira etapa da Revolução Industrial 
 
 
 Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o 
aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o 
aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução. 
 
A Segunda Etapa da Revolução Industrial 
 
 
 
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 A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como 
Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da 
energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da 
locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse 
período. 
 
A Terceira Etapa da Revolução Industrial 
 
 Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a 
terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam 
algumas das inovações dessa época. 
 
 
 
Pioneirismo Inglês 
 
Coalbrookdale, cidade britânicaconsiderada um dos 
berços da Revolução Industrial. 
 
 
 
 
 
 A Inglaterra foi pioneiro no 
processo da Revolução Industrial por 
diversos fatores: 
Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes da 
liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido 
sistema de guildas¹, razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica 
eram muito limitados. Com a liberação da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso 
tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de tempo. 
 
¹Guildas - Recebiam o nome de guildas ou corporações de ofício as associações formadas por 
artesãos profissionais e independentes, em igualdade de condições, surgidas na Baixa Idade 
Média (séculos XII ao XV) destinadas a proteger os seus interesses e manter os privilégios 
conquistados. 
 
 
 
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 O processo de enriquecimento 
britânico adquiriu maior impulso após 
a Revolução Inglesa, que forneceu ao 
seu capitalismo a estabilidade que faltava 
para expandir os investimentos e ampliar 
os lucros. 
Revolução Inglesa (1640) 
 A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses 
acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta portuguesa, 
em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado 
português. 
A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu subsolo, 
principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-obra em abundância 
desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se 
para os centros urbanos em busca de trabalho nas manufaturas. 
A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas 
e máquinas e contratar empregados. 
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se constatar que a 
taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano; já na China, onde praticamente 
não existia progresso econômico, a taxa de juros era de cerca de 30% ao ano. 
 
As Máquinas a Vapor 
 
As primeiras máquinas a vapor foram 
construídas na Inglaterra durante o século 
XVIII. Retiravam a água acumulada nas 
minas de ferro e de carvão e 
fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, 
a produção de mercadorias aumentou muito. 
E os lucros dos burgueses donos de fábricas 
cresceram na mesma proporção. Por isso, os 
empresários ingleses começaram a investir na 
instalação de indústrias. 
Máquina de Newcomen, para 
bombeamento da água. 
 
 
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O motor a vapor de James Watt, alimentado 
principalmente com carvão, impulsionou a 
Revolução Industrial noReino Unido e no resto 
mundo. 
As fábricas se espalharam 
rapidamente pela Inglaterra e provocaram 
mudanças tão profundas que 
os historiadores atuais chamam aquele 
período de Revolução Industrial. O modo 
de vida e a mentalidade de milhões de 
pessoas se transformaram, numa velocidade 
espantosa. 
O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou. 
 As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes 
quanto as máquinas que produziam tecidos. 
 
As carruagens viajavam a 12 km/h e os 
cavalos, quando se cansavam, tinham de ser 
trocados durante o percurso. Um trem da época 
alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de 
quilômetros. Assim, a Revolução Industrial 
tornou o mundo mais veloz. Como essas 
máquinas substituíam a força dos cavalos, 
convencionou-se em medir a potência desses 
motores em HP (do inglês horse power ou 
cavalo-força). 
 
 
Trem movido a vapor, Revolução Industrial. 
 
 
 
 
 
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As Fábricas e os Trabalhadores 
 
 
A Revolução Industrial foi um 
marco para desvalorização do trabalho 
manual, pois muitos foram substituídos por 
máquinas, e os que trabalhavam na fábrica, 
só participavam de determinada fase da 
produção. O trabalho se tornava algo 
contínuo, repetitivo, mecanizado, por 
exemplo, se a função era bater um prego 
em determinado local do produto, era só 
isso que se fazia o dia inteiro, na mesma 
velocidade e ritmo. Muitos não sabiam 
nem qual era o produto final, e essa função 
muitas vezes não correspondia ao valor do 
que ele era capaz de produzir. 
 
 
 
Linha de Produção na Fabrica 
 
Mas não haviam opções, o trabalho nas fábricas era o que dominava nas cidades da Inglaterra, e 
aos artesãos que desejavam continuar seu trabalho manual, não era mais possível, pois não tinham 
condições de concorrer no mercado com os capitalistas.As relações entre os indivíduos começou a ser 
controlada pelo mercado, não haviam mais laços e relações comunitárias. A divisão de classes era 
fundamental para a operação do sistema, ou seja, a classe dos proprietários, e a classe dos 
proletariados. 
 
 
Filme Tempos Modernos de Charles Chaplin 
 
 
 As fábricas não eram ambientes adequados de 
trabalho, tinham péssimas condições de iluminação e 
ventilação. Não haviam medidas nem equipamentos de 
segurança para os operários, muitos se acidentavam e 
contraíam graves doenças. A média de vida dos 
trabalhadores era muito baixa comparada à de hoje. A 
jornada de trabalho chegava até 16 horas por dia, sem 
direito a descansos e férias. Os salários eram 
baixíssimos, garantindo ainda mais lucros aos 
proprietários, e a disciplina era rigorosa para manter o 
aumento da produção. 
 
 
 
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Os trabalhadores não tinham direitos e nem o amparo social. Mulheres e crianças trabalhavam 
da mesma maneira que os homens, nas mesmas condições, mas o salário pago a eles era bem mais 
baixo. Portanto, era muito mais lucrativo contratá-los. E pelos baixos valores oferecidos, era 
fundamental que todos da família trabalhassem. 
 
As condições de vida e de trabalho eram precárias, e por serem submetidos à tantas situações 
difíceis e sem escolha, os operários se uniram e começaram a organizar movimentos e revoltas. 
 
 
 
Por tantas adversidades, os trabalhadores chegaram à conclusão que precisavam começar a 
lutar por seus direitos. 
 
Ludismo 
O Ludismo estourou em 1811, foi 
uma das primeiras revoltas dos operários 
que eram contra os avanços tecnológicos, 
que substituíam homens por máquinas, e o 
nome deriva de um dos líderes, Ned Ludd. 
Eram revoltas radicais, onde os 
trabalhadores invadiam as fábricas, e 
destruíam as máquinas, ficando conhecidos 
como “quebradores de máquinas”. 
 
 
Ilustração do Movimento de Ludismo (1811) 
 
Existiam esquadrões luditas, que andavam armados com martelos, pistolas, lanças, e durante a 
noite, andavam de um distrito ao outro, destruindo tudo que encontravam. Porém, muitos 
manifestantes foram condenados à prisão, à morte, à deportação e até à forca. 
 
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O Ludismo ocorreu durante alguns anos, mas aos poucos os manifestantes constataram que não 
eram contra as máquinas que deveriam reagir, e sim ao uso que os proprietários faziam delas, 
abusando da mão-de-obra dos operários. 
 
 
 
 
 
Ilustração do Movimento Cartista (1836) 
Cartismo 
De maneira mais organizada, em 1836 
surgiu o Cartismo, constituído pela 
“Associação dos Operários” e liderado por 
Feargus O’Connor e William Lovett. 
Reinvidicavam direitos políticos, como o 
sufrágio universal (direito de voto), o voto 
secreto, melhoria das condições e jornadas de 
trabalho. Redigiram a “Carta da Povo”, onde 
pediam um conjunto de reformas junto ao 
Parlamento. 
 
 
Inicialmente, as exigências não foram aceitas pelo Parlamento, havendo grandes movimentos e 
revoltas por parte dos operários. 
Depois de muitas tentativas e lutas, o Cartismo foi se dissolvendo até chegar ao fim. Porém, o 
espírito do movimento não se perdeu e ganhou maior presença política depois de um tempo, fazendo 
com que algumas leis trabalhistas fossem criadas. 
 
 
 
 
Dessa forma, o Cartismo 
teve seu direcionamento focado na 
política, por meio da qual 
conseguiu conquistar diversos 
direitos políticos para o grupo de 
trabalhadores 
 
 
Cartismo voltado a Política 
 
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Primeiros Movimentos Sindicais 
 
Trade Unions 
 (Formação de Sindicatos) 
Os operários chegaram à conclusão 
de que a união era fundamental para se 
contrapor ao poder burguês, então criaram 
os “trade-unions”, associações formadas 
pelos operários, mas que possuíam uma 
evolução muito lenta nas reinvindicações 
que faziam. Porém, evoluíram e formaram 
os sindicatos, que eram sistemas de 
organização que defendiam seus direitos, 
eram os focos de resistência à exploração 
capitalista. Mas diferente dos sindicatos de 
hoje, tinham muita dificuldade de atuação. 
 
A burguesia via um grande perigo 
nessas associações e os sindicatos eram 
ameaçados pela violência. Portanto, as 
reuniões tinham que ser secretas, não 
havendo sedes sindicais. Mas aos poucos 
foram se organizando e realizando greves e 
protestos. E os proprietários levavam 
prejuízo, pois não tinha quem trabalhasse 
durante as manifestações. 
 
 
 
Conflitos em movimentos Sindicais 
 
Em 1824, diante de todo esse crescimento das lutas operárias, a Inglaterra acabou aprovando a 
primeira lei, que permitiu a organização sindical dos trabalhadores. Depois dessa conquista, o 
sindicalismo se fortaleceu ainda mais. 
A partir desse momento, começaram a surgir organizações de federações que unificavam várias 
categorias dos trabalhadores e em 1830 foi fundada a primeira entidade geral dos operários ingleses. 
Chegou a ter cerca de 100 mil membros. 
Em 1866, ocorreu o primeiro congresso internacional das organizações de trabalhadores de 
vários países, que representou um grande avanço na unidade dos assalariados, onde surge a fundação 
da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). 
Mas a burguesia sempre achava novos meios de interferir e reprimir os sindicatos. A história da 
legislação trabalhista dependeu de muitas lutas, os operários e sindicatos resistiram à muita pressão 
para que hoje, todos pudessem ter os direitos trabalhistas.

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