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FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO FMRP- USP ROTEIRO TEÓRICO-PRÁTICO SISTEMA TEGUMENTAR ELABORAÇÃO: PROF. DR. LUÍS FERNANDO TIRAPELLI 2020 SISTEMA TEGUMENTAR Os problemas cutâneos são encontrados com frequência. Como a pele espelha a condição geral do paciente, muitas patologias sistêmicas podem ser acompanhadas de manifestações dermatológicas. As condições e o aspecto da pele e de seus anexos influenciam significativamente a impressão subjetiva de um ser humano. Para os médicos, eles fornecem informações sobre a idade, estilo de vida, saúde e condições gerais, bem como o humor de uma pessoa (expressão facial pelos músculos da mímica). Tegumento é o conjunto de estruturas superficiais que reveste todo o corpo e que se dispõe em camadas em uma construção estratigráfica. Está constituído pela pele ou cútis (e seus anexos) e pela tela subcutânea ou hipoderme. Funcionalmente desempenha as seguintes funções: 1) É uma barreira mecânica contra agentes, protegendo o corpo contra agressões mecânicas, físicas e químicas; isolante térmico (constitui a interface com um ambiente interno que muitas vezes apresenta temperatura diferente da do meio externo. A camada papilar da derme é rica em vasos sanguíneos que se dilatam quando o corpo quer se resfriar e se contraem quando o corpo quer manter o calor. O pelo e o tecido adiposo da tela subcutânea contribuem para o isolamento. A regulação térmica também é feita através da secreção de suor, já que sua evaporação resfria o corpo); excesso de radiação (a divisão celular é muito sensível a qualquer tipo de radiação. A camada germinativa contém células pigmentadas que sintetizam a melanina capaz de absorver os raios ultravioletas. Durante a exposição excessiva ao sol, a síntese de melanina aumenta, aumento também causado por radiação ionizante, como por exemplo o raio x); dessecação e contra a invasão de agentes estranhos (defesa imunológica: barreira eficiente contra bactérias e outros microrganismos. Contudo, ferimentos levam rapidamente à inflamações e formações de pus. A superfície levemente ácida “capa ácida” da pele, também evita a penetração de bactérias. A pele também participa de reações de defesa, no caso de infecções comuns como por exemplo, as erupções nos casos de sarampo, rubéola, catapora, etc); 2) Mantém o equilíbrio hídrico (a pele minimiza a perda não controlada de água, evitando a desidratação. De forma adequada, o corpo perde cerca de meio litro de água diariamente e; por outro lado, evita, por exemplo, a entrada de água durante o banho) e térmico (por vasodilatação, vasoconstrição e sudorese); 3) Responde pelas percepções sensoriais como tato, pressão, dor e temperatura da superfície corpórea em relação ao meio. Assim, tato e dor informam o corpo sobre o perigo e desencadeiam as medidas de proteção; 4) Local de síntese de vitamina D que requer ativação de uma molécula precursora na pele por meio dos raios UV; 5) Local de excreção, eliminando substâncias do corpo (como água e eletrólitos) principalmente lipossolúveis como vitaminas, assim como substâncias tóxicas, como solventes orgânicos e metais pesados; 6) Abriga reserva energética na tela subcutânea, na escassez. Porém, em países industrializados, os indivíduos armazenam mais do que seria saudável. A pele ou cútis é formada por dois estratos superpostos: a epiderme (caracterizado por um epitélio estratificado queratinizado) e a derme ou cório (formado por tecido conjuntivo). Na pele são encontrados os anexos glandulares (glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias) e aglandulares (pelos e unhas). A tela subcutânea ou hipoderme constitui a camada mais profunda do tegumento e geralmente apresenta infiltração de gordura. Características gerais da pele A pele representa o órgão do corpo humano mais extenso, ocupando uma área de 1,5 a 2 m2. Pesa no total, em torno de 3 a 4kg e juntamente com o tecido adiposo subcutâneo, chega à aproximadamente 16kg. Sua espessura, de acordo com a região do corpo, varia entre 1 a 4mm. A pele reveste a superfície corpórea de forma contínua e relativamente impermeável e se continua com as mucosas nas aberturas externas dos órgãos dos sistemas digestório, respiratório e urogenital. Nas regiões de pele delgada possui entre 0,5 a 2mm e até 4mm nas regiões de pele espessa, como na palma da mão e planta do pé. Estrutura A pele ou cútis é formada pela epiderme e derme. EPIDERME A epiderme é avascular, representa o estrato mais superficial com espessura de 0,1mm na pálpebra e de até 1mm na palma da mão e planta do pé. Histologicamente é um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, constituído por um estrato basal germinativo e um estrato córneo mais superficialmente. Estratos secundários são encontrados entre eles: espinhoso, granuloso e lúcido. 1) Estrato germinativo: responsável pela formação de novas células e renovação constante da pele; representa o plano mais profundo ou basal e está constituído por células prismáticas com núcleos ovoides com muitas mitocôndrias, que repousam sobre uma lâmina ou membrana basal. O citoesqueleto dessas células possui tonofilamentos que contém a proteína queratohialina que será transformada em queratina nas camadas mais superiores da epiderme; 2) Estrato espinhoso: formada por muitos planos, com células poliédricas mais largas que as células basais. Possuem prolongamentos curtos e delgados contendo tonofilamentos denominados processos espinhosos que servem de coesão entre as células e também com as células basais; 3) Estrato granuloso: três a cinco camadas de células achatadas e sobrepostas. Possuem grânulos citoplasmáticos escuros contendo a proteína queratohialina que transforma os tonofilamentos do citoesqueleto em queratina, assim como de grânulos lamelares que liberam lipídios entre as células; 4) Estrato lúcido: contém uma ou duas camadas de células achatadas e claras, além de grande quantidade de queratina. Transformação constantes de células em ceratoderma para fins de reposição da superfície do estrato córneo perdida por atrito. Está presente apenas na epiderme da pele espessa; 5) Estrato córneo: o mais superficial; está formado por diversas camadas de células achatadas que mais próximas à superfície são substituídas por queratina. Durante a queratinização, ocorre a condensação dos tonofilamentos e desidratação do estrato córneo. A secreção rica em lipídios liberada pelos grânulos lamelares das células granulosas está presente entre as células dos estratos lúcido e córneo, funcionando como uma barreira impermeável. Portanto, a corneificação da epiderme ocorre do estrato mais profundo para o superficial, com início na camada basal pela condensação dos tonofilamentos. O tempo médio para uma célula da porção superior do estrato granuloso atingir a superfície córnea na epiderme é de aproximadamente 30 dias. A epiderme possui ainda três tipos celulares: os melanócitos, ascélulas de Langerhans e as células de Merkel. Os melanócitos (cerca de 5% do total de células da epiderme) estão presentes no estrato germinativo e são responsáveis pela produção de melanina, o principal pigmento que dá coloração à pele. As células de Langerhans (entre 2 a 3% do total de células da epiderme) estão presentes em toda a epiderme, mas principalmente no estrato espinhoso. Fazem parte do sistema imunológico como células apresentadoras de antígenos aos linfócitos. As células de Merkel (menos de 1% do total de células da epiderme e presentes principalmente na planta do pé e palma da mão) estão no estrato germinativo e juntamente com o disco tátil de alguns neurônios sensitivos, estão relacionados com o tato (mecanorreceptores). DERME Constitui a parte mais extensa da pele, proporcionando elasticidade (resistência à tração) a esta, mantendo-a sob uma pressão constante. É uma camada de tecido conjuntivo firmemente aderido à epiderme. Na transição epiderme-derme existe uma membrana basal constituída por fibras reticulares dispostas em plexo e aderidas à parte basal das células do estrato germinativo. É dotada de um plexo capilar (subpapilar) próximo ao limite dermo-epidérmico e um plexo vascular profundo (subcutâneo) no limite derme-tela subcutânea. Os plexos servem não são ao suprimento sanguíneo, mas também à regulação da temperatura corporal. A derme contém duas camadas: papilar e reticular. A camada papilar é composta por tecido conjuntivo frouxo contendo fibras elásticas e apresenta as papilas ou cristas dérmicas, dispostas abaixo do estrato germinativo epidérmico. Definidas como elevações que partem de uma base comum da derme e aumenta sua área de superfície; são importantes na nutrição da epiderme por difusão, principalmente onde a pele é mais espessa, como o dorso e as extremidades. Também apresentam receptores táteis e terminações nervosas de dor e temperatura. Possui o plexo capilar subpapilar. A camada reticular está abaixo da papilar e acima da tela subcutânea. É formada por tecido conjuntivo denso não modelado (rico em fibras colágenas e elásticas), proporcionado resistência e grande capacidade de elasticidade e distensão. Contém vasos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas e terminações nervosas. Essa camada reticular da derme produz o couro após o curtimento. O estiramento excessivo da derme pode levar ao rompimento dessas fibras que são assim, notadas na superfície da pele como linhas brancas e/ou avermelhadas denominadas estrias. A derme é bastante vascularizada e inervada, abrigando uma série de receptores especializados como: 1) as células de Merkel para sensação de pressão; 2) os corpúsculos de Meissner para o tato (presentes na camada papilar da derme); 3) os corpúsculos de Ruffini para sensações de distensão (presentes na camada reticula da derme); 4) os corpúsculos de Vater-Paccini para sensação de vibração; e 5) as terminações nervosas livres para sensações mecânicas, térmicas e/ou de dor. Além disso, a derme possui nervos (firas simpáticas), vasos linfáticos, células do sistema imunológico, melanócitos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas, folículos pilosos e células musculares lisas. A elasticidade própria da pele permite os movimentos do corpo e garante sua continuidade e integridade total. É geralmente grande na criança e diminui progressivamente com a idade. A tensão da elasticidade apresenta variação de direção de acordo com a região corpórea, devido às variações na direção das fibras elásticas e principalmente colágenas da derme. São denominadas linhas de fenda ou de clivagem e devem ser acompanhada nas incisões da pele para facilitar a aproximação dos lábios da ferida. A superfície da pele possui relevos, sulcos, pregas e orifícios. Destacam-se os relevos da pele espessa, como nas palmas, nos dedos das mãos, nas plantas e dedos dos pés que formam cristas geralmente com disposições regulares retas ou apresentando curvas, separadas entre si por sulcos. A direção geral dos sulcos junto às articulações é denominada sulco de movimento. Nas regiões palmares das falanges distais são observadas cristas cutâneas dispostas no sentido longitudinal e circular, denominadas de impressões digitais. Caracterizam cada indivíduo e são importantes na realização de dactilogramas, com interesse em medicina legal e na prática forense. A espessura da pele possui variação nas diferentes regiões do corpo, tanto pelo aumento da espessura da epiderme quanto da derme. De uma forma geral, as faces de extensão são mais espessas do que as faces de flexão. No dorso, também atinge grande espessura. Tipos de pele A maior parte da superfície corpórea contém pelos. Somente em alguns locais com grande atrito mecânico e espessa camada queratinizada, como nas palmas das mãos e plantas, nos lábios, nos lábios maiores da vulva e no prepúcio, não existem pelos. Pele com pelos: a pele parece estar dividida por sulcos em pequenas áreas. Nestes sulcos encontram-se os pelos. 2) Pele glabra: a pele sem pelos das áreas palmares e plantares é fixada profundamente (conexões fibrosas), permitindo assim um aperto de mão forte e um posicionamento seguro do pé. Assim, formam-se sulcos (padrão congênito) na epiderme, que são características para cada indivíduo e; portanto, como já descrito, empregados na criminologia para a identificação (impressões digitais). Cor da pele A cor da pele é dada pela melanina, pela hemoglobina (pigmento sanguíneo que transporta oxigênio) e pelo caroteno presente no sangue. As variações na cor da pele dos grandes grupos raciais (branco, negro e amarelo) diferem na quantidade de melanina existente e não no número de melanócitos, pois este número é semelhante entre os indivíduos. Quando expostas às radiações, as células que contém a melanina aumentam sua quantidade e se expandem, dando uma cor característica à pele e protegendo o DNA da radiação UV. Os melanócitos estão em maior número principalmente nas mucosas, aréolas, papilas mamárias, grandes lábios, escroto e pênis. O caroteno é o pigmento amarelo-laranja que no organismo é encontrado no estrato córneo da epiderme, também na derme e tela subcutânea. É precursor da vitamina A. Dentre os carotenoides, o β-caroteno é o pigmento presente em diversos alimentos. Uma dieta rica nesse pigmento auxilia na produção de vitamina A, já que ele é um precursor dessa vitamina, além de antioxidante. Outro carotenoide é o licopeno (antioxidante) encontrado no tomate, melancia e goiaba, com efeito protetor anti-câncer. As doenças sistêmicas podem afetar a cor da pele; por exemplo, quando existe pouca oxigenação do sangue, a pele pode mostrar-se azulada ou cianótica ; na presença de icterícia, pelo acúmulo de bilirrubina no sangue, é amarelo-esverdeada ou quando existe febre, inflamação ou reações alérgicas, pode tornar-se vermelho-ruborizada, caracterizando o eritema. Anexos da pele São os pelos, unhas e algumas glândulas exócrinas: sudoríparas, sebáceas, ceruminosase mamárias. Tem origem ou como invaginação do estrato basal da epiderme (os pelos e as glândulas) ou apenas como um espessamento do seu epitélio queratinizado (as unhas). Pelos Os pelos são pequenas hastes flexíveis de células corneificadas. Cobrem boa parte do corpo e estão ausentes nas palmas das mãos, plantas dos pés, pálpebras, lábios, face interna do prepúcio e dos pequenos e grandes lábios do pudendo e na glande do pênis; as denominadas áreas glabras. Característica dos mamíferos, são observados na fase fetal como uma cobertura aveludada, a lanugem. Em cada região, possuem características especiais e nomes diferentes: barba, bigode, cabelo, hircos, vibrissas, cílios, supercílios e púbicos. Possuem uma parte livre e visível na superfície, a haste; e outra implantada na pele, a raiz; sustentada e envolta por uma invaginação cutânea, o folículo piloso, sendo observado principalmente na derme, mas algumas vezes quando mais grossos, também na tela subcutânea. A haste possui três partes estruturais: a cutícula, o córtex e a medula. O córtex é a camada principal, sendo como a medula, pigmentada com melanina e possuindo quantidade variável de ar. Esses dois fatores influenciam a coloração dos pelos, sendo o pelo grisalho, decorrente da diminuição progressiva da enzima tirocinase, responsável pela produção de melanina. A raiz é implantada profundamente no bulbo do pelo e está envolvida por uma bainha radicular (camadas interna e externa). O bulbo possui uma camada germinativa denominada matriz e uma região escavada na sua base, a papila dérmica ou do bulbo piloso, responsável pela nutrição do folículo piloso em crescimento. Associados ao pelo existe uma glândula sebácea, um músculo liso (o músculo eretor do pelo) e, alguns pelos como os axilares, a presença de uma glândula sudorípara apócrina (que libera sua secreção com perda parcial do seu citoplasma). As glândulas sebáceas (as maiores estão na face e no couro cabeludo) compõem a estrutura do aparelho pilífero, estando quase sempre associados aos pelos. Contudo, existem regiões glabras contendo glândulas sebáceas: lábios, face interna do prepúcio (produzem o esmegma), glande, pequenos lábios e glândulas tarsais das pálpebras. Possuem uma parte secretora e o conduto excretor e são encontradas distribuídas amplamente pelo tegumento, exceto na pele espessa das faces palmares e plantares. São glândulas acinares ou alveolares e geralmente compostas. Algumas poucas são acinares simples, uma vez que suas células participam na formação do sebo cutâneo e são denominada de glândulas holócrinas (a célula toda se destaca da glândula ao levar consigo o produto de secreção acumulado). O sebo é composto por lipídios, proteínas e íons salinos, sendo liberado pelo ducto excretor, impermeabilizando assim o pelo e a superfície da epiderme, impedindo também a perda excessiva de água pela pele. Os pelos são considerados uma estrutura importante para efeitos de isolamento térmico, mas que foi evolutivamente perdendo e tornando-se pouco efetiva e regrediu. Hoje, contribuem para a aparência externa e conceitos estéticos. Também servem de proteção contra os raios UV e calor, além de sensações táteis. São resultado de um processo de queratinização que ocorre nos folículos pilosos que são invaginações da epiderme e em cuja base se encontram as células da matriz do pelo. São encontrados na vida pós-natal, dois tipos de pelos: 1) Velos: pelos macios que partem de folículos pilosos curtos em direção à epiderme. São delgados e quase não pigmentados, não possuem medula e correspondem aos pelos do lanugo ou lanugem fetal. Em crianças e mulheres cobrem a maior parte do corpo; 2) Pelos terminais: são rígidos e longos e mais escuros e grossos, cujos folículos pilosos chegam à tela subcutânea. São pigmentados, possuem medula e estão presentes nos pelos do couro cabeludo, cílios, sobrancelhas, pelos pubianos, axilares e faciais e diferem entre os diferentes grupos raciais. São divididos em curtos (cílios e sobrancelhas) e longos (os demais). Seu desenvolvimento é governado por hormônios produzidos pelas gônadas (pouco pelo púbico pela baixa produção) e suprarrenal (densa pelugem pelo aumento de produção pelo seu córtex). O pelo cresce a partir da extremidade inferior da raiz: o bulbo do pelo. Crescem cerca de 1cm ao mês e o tempo médio de vida dos pelos terminais é de 3 a 5 anos. Após esse período eles caem e uma nova raiz pilosa é formada. Funções dos pelos: 1) isolamento do calor: (entre os pelos retém-se um “colchão de ar” que evita a perda de calor; 2) liberação de calor: ao suar, a água evapora mais rapidamente da grande superfície formada por pelos, levando a um esfriamento mais rápido do corpo; 3) diminuição do atrito: em locais de dobras cutâneas, por exemplo na região axilar e proximidades do ânus; 4) aprimoramento da sensação de toque: pode funcionar como alavanca e transmitir os toques mais leves, de forma amplificada para os corpúsculos terminais dos nervos; 5) dimorfismo sexual: pelos na parte inferior do abdome e barba nos homens. As glândulas sudoríparas são mais numerosas que as sebáceas e distribuem-se por todo o corpo. São classificadas como tubulosas simples enoveladas e formadas por um corpo ou novelo localizado na derme e por um ducto excretor que se abre em um orifício na superfície da pele ou poro sudorífero. São glândulas merócrinas, sem destruição ou lesão celular durante a secreção ou excreção do suor e subdividida quanto ao tipo de secreção que vinculam em glândulas écrinas e apócrinas. As primeiras são mais comuns (aproximadamente dois milhões, de maior distribuição na pele do corpo e encontradas em regiões com pelos e glabras). Sua secreção é importante na termorregulação e para manter o equilíbrio hídrico do corpo. Também juntamente com a secreção das glândulas sebáceas, desempenha papel bactericida na superfície da pele. Já as glândulas sudoríparas apócrinas se restringem à axila, prega inguinal, contorno do ânus e genitais externos. São mais volumosas que as écrinas com atividade secretora dependente da atividade sexual. O suor apócrino tem odor mais acentuado que o écrino. Algumas glândulas sudoríparas modificadas são encontradas no meato acústico externo: as glândulas ceruminosas. Produzem o cerume, uma combinação das secreções das glândulas sebáceas e ceruminosas, importante para impedir a penetração de objetos estranhos na orelha externa. São aproximadamente 4000 glândulas que protegem a pele fina do meato acústico externo e sua secreção, a cera, retém e empurra a poeira, sujeira e inseto para o exterior e a cera também atua como uma substância que impede o crescimento de bactérias, por tornar a região ácida. As unhas (correspondem às garras e os cascos de outros vertebrados) são placas córneas protetoras localizadas nas extremidades das falanges distais das mãos e pés. A lâmina córnea ou unha é uma placa resistente, translúcida e ligeiramente convexa com três partes: 1) a raiz, implantada no sulco ungueal e na parteproximal do leito ungueal; 2) um corpo, que repousa sobre o leito ungueal e apresenta a lúnula (parte da matriz ungueal esbranquiçada e semilunar, na sua extremidade proximal) e; 3) a margem livre, que pode estender-se além da parte distal dos dedos onde é cortada. O leito ungueal é o local sobre o qual a unha repousa. Possui um estrato germinativo responsável pela reposição da lâmina ungueal. Que é espesso na raiz e lúnula e denominado de matriz ungueal. Abaixo da margem livre, o hiponíquio prende a unha junto à parte distal do dedo. O eponíquio ou cutícula se fixa na margem proximal da unha. As unhas protegem as pontas dos dedos e permitem arranhar. Também oferecem transmissão aos corpúsculos nervosos, aumentando a sensação tátil. Possuem 0,5mm de espessura. Também colaboram na apreensão de objetos. A unha se forma a partir do hiponíquio, mais precisamente da parte clara, a lúnula. Ela cresce de 1 a 3mm por semana. Distúrbios no suprimento sanguíneo como em doenças graves, prejudicam a formação da unha. Consequentemente, aparecem linhas horizontais e colorações que ao longo do crescimento se deslocam em direção à margem livre. As manchas brancas nas unhas podem ser são causadas por variações hormonais, pequenos traumas na matriz ungueal, como efeito colateral após quimioterapia, por vitiligo, por efeito colateral de antibióticos, hanseníase, cirrose, tuberculose, entre outras. Quando se corta a unha de forma inadequada, uma ponta na margem livre pode encravar na pele (principalmente no pé). Isso gera uma porta de entrada para bactérias que causam inflamações dolorosas e ás vezes a formação de pus, requerendo intervenção cirúrgica. As pontas das unhas devem sobressair do leito da unha (hiponíquio). A transparência da unha e a riqueza de vasos sanguíneos do leito ungueal, conferem a cor rósea característica. Alterações de oxigenação sanguínea são observadas pela cor do leito ungueal. As glândulas mamárias também são glândulas sudoríparas modificadas do tipo tubuloalveolar composta responsáveis pela lactação. Estão localizadas na parede anterior do tórax (entre a 2a e 6a costelas) sobre os músculos peitoral maior e serrátil anterior e fixa pela fáscia peitoral, o ligamento retromamário. Cada mama possui 15 a 20 lobos separados por tecido adiposo e sustentados por tecido conjuntivo, o ligamento suspensor da mama (= de Cooper). A mama pode apresentar o processo axilar, região também com tecido glandular. Em cada lobo são encontrados compartimentos menores, os lóbulos, que possuem um conjunto de glândulas secretoras, os alvéolos. Quando produzido, o leite é conduzido dos alvéolos por uma série de ductos intralobulares e destes para os ductos lactíferos que então se abrem na papila mamária. Os ductos lactíferos possuem expansões denominadas seios lactíferos, que armazenam parte do leite a ser ejetado. No sexo feminino, o aumento do volume das mamas ocorre a partir da puberdade (pelo aumento das taxas de hormônios ovarianos e também pela proliferação dos ductos durante o ciclo menstrual pelo estrógeno), pelo aumento do número de ductos lactíferos, do tecido conjuntivo e acúmulo de tecido adiposo. TELA SUBCUTÂNEA = HIPODERME Camada mais profunda do tegumento com espessura variável, dependendo do grau de infiltração de gordura, denominada de panículo adiposo. No homem, é maior na regiões glútea, raiz da coxa e parede ântero-lateral do abdome. Geralmente sua espessura aumenta com a idade nos dois sexos. Nessa camada são encontradas muitas veias, formando plexos venosos além de nervos cutâneos sensitivos. Histologicamente, a tela subcutânea é formada por tecido conjuntivo frouxo com fibras colágenas e elásticas que delimitam lóbulos adiposos caracterizando um sistema de lamelas dispostas verticalmente, obliquamente e transversalmente. Possui três camadas: 1) areolar: mais superficial e formada por traves conjuntivas dispostas perpendicularmente à superfície cutânea. Essas traves delimitam espaços ou lojas que contém tecido adiposo, importante na mobilidade da pele e no isolamento térmico do corpo. A variabilidade na distribuição de gordura dessa camada está associada aos fatores gerais de variação como idade. Sexo, biótipo e condição nutricional. Essa camada está praticamente ausente na pálpebra, no pescoço e no escroto, atingindo o máximo desenvolvimento na mama; 2) fáscia superficial: é uma lâmina fibrosa de desenvolvimento variável. Pode ser espessa, delgada ou estar ausente ou pode ser substituída por musculatura cutânea lisa como o músculo dartos no escroto e aréolo-mamilar ou musculatura estriada esquelética cutânea como os músculos da mímica ou da expressão facial; 3) lamelar: é a mais profunda, possui fibras conjuntivas oblíquas entre a fáscia superficial e a fáscia muscular ou profunda. É mais facilmente identificada onde a pele possui mais mobilidade como nas faces extensoras. A gordura dessa camada é muito lábil pois é prontamente utilizada nas solicitações do organismo. Constitui o plano de escorregamento da pele e quanto menor a quantidade de gordura, maior será a mobilidade da pele no local. Na face e pescoço, a quantidade de gordura é mínima e ela pode se confundir com a fáscia superficial. Nessas regiões há maior deslizamento cutâneo sobre os músculos, favorecendo a expressão facial. Em algumas regiões como a fronte, os estratos areolar e lamelar não apresentam infiltração adiposa e se confundem com a fáscia superficial, formando uma membrana única denominada gálea aponeurótica. O tegumento é irrigado por artérias cutâneas e/ou por ramos arteriais musculares. Esses ramos formam uma rede subdérmica muito desenvolvida, considerada a principal rede arterial cutânea. Essa rede também nutre a tela subcutânea. A partir dela partem ramos que atingem as papilas dérmicas e constituem a rede papilar, que formam os vasos próprios das papilas e por difusão também irrigam a epiderme. As pequenas veias e vênulas com origem nas papilas constituem a primeira rede venosa subpapilar que se unem a outras redes dérmicas e no seu limite inferior, recebe a drenagem venosa hipodérmica. No nariz, polpa dos dedos, leito ungueal, palmas das mãos, plantas dos pés e pavilhão auditivo, são observadas as anastomoses arteriovenosas, um eficiente mecanismo termorregulador. Os vasos linfáticos cutâneos formam a rede linfática subpapilar no limite derme-tela subcutânea, subpapilar e uma terceira na camada profunda da tela subcutânea. Essa última transporta a linfa cutânea aos linfonodos superficiais. A inervação do tegumento possui fibras mielínicas e amielínicas. As fibras amielínicas são autônomas e principalmente simpáticas para a musculatura eretora do pele e para os vasos e glândulas sudoríparas. As fibras mielínicas são na maioria sensitivas com papel neurosensorial do trato epicrítico ou discriminativo e do trato protopático ou grosseiro, além da sensibilidade térmica e dolorosa. QUESTÕES – AULA: SISTEMA TEGUMENTAR 1. Após uma queda de bicicleta, umrapaz de 16 anos feriu seu escalpo. O ferimento tinha apenas 1,5cm de comprimento, mas em poucos minutos ele estava sentado em uma poça de sangue. O escalpo sangra tão profusamente de um ferimento pequeno pela presença de um grande número de artérias em uma das camadas do tegumento. Em qual camada estão localizadas essas artérias? A. Papilar da derme; B. Areolar da tela subcutânea; C. Reticular da derme; D. Lamelar da tela subcutânea. 2. As anastomoses arteriovenosas localizadas na derme possuem importante função associada: A. À regulação térmica; B. À perda excessiva de água; C. À proteção contra o calor; D. À pigmentação da pele. 3. Como o tegumento espelha a condição geral do paciente, muitas patologias sistêmicas podem ser acompanhadas de manifestações na superfície corpórea. Assim: a) as estrias; b) as varizes e; c) a termorregulação para a espermatogênese, estão associadas às seguintes camadas do tegumento, respectivamente: A. Papilar da derme - lamelar da tela subcutânea - epiderme; B. Areolar da tela subcutânea – reticular da derme - lamelar da tela subcutânea; C. Derme – areolar da tela subcutânea - lamelar da tela subcutânea; D. Epiderme – derme – areolar da tela subcutânea. 4. Um jovem de 20 anos chega à emergência com uma lesão perfurante por arma branca no antebraço. Ao avaliar, o médico chama o residente e lhe diz que é “uma lesão superficial”. Como isso pode ser interpretado? A. Como uma lesão que atinja apenas a pele; B. Como uma lesão que atinja apenas o tegumento; C. Como uma lesão que atinja a fáscia muscular ou epimísio; D. Como uma lesão que atinja os vasos sanguíneos da derme. RESPOSTAS: 1.b; 2.a; 3.c; 4.b. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁTICAS AUMULLER. G et al. Anatomia. 1aed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan SA, 2009. DRAKE, R.L., VOGL, W., MITCHELL, A.W.M. Gray׳s. Anatomia para estudantes. 1ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2005. GARDNER E; GRAY, DJ; O'RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4aed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan SA, 1978. GRAY’S ANATOMIA. A base anatômica da prática clínica. 40aed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2011. HANKIN MH; MORSE, DE; BENNETT-CLARKE CA. Anatomia clínica. 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