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ESTUDOS AMAZONICOS

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ESTUDOS AMAZÔNICOS
AULA 02
OS GRANDES PROJETOS E A ECONOMIA REGIONAL
Amazônia torna-se uma região-programa
A partir da década de 1950 houve, no Brasil, a consciência de que o Pará e a Amazônia não deviam mais ficar isolados do resto do país. A Amazônia, por sua enorme riqueza natural, começou a ser cobiçada por alguns países, que defendiam a tese de que a Amazônia era um patrimônio extraordinário, não explorado, e que devia ser internacionalizada: desta forma, um conjunto de países poderia supostamente gerenciar os recursos naturais da Amazônia. É assim que o Governo Federal teve a idéia de implantar um desenvolvimento planejado para a região.
Para desenvolver a Amazônia, marcar a presença do governo federal na região e protegê-la da cobiça internacional, foi criada a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVA), em 1954. Foi a primeira experiência no país de um plano governamental visando a valorização de uma região. Com o Primeiro Plano Qüinqüenal (1955-59), o governo federal queria constituir uma economia rentável e estável na região e converter a população extrativista numa sociedade assentada em uma economia de base agrícola. O governo não cogitou, de fato, de explorar a riqueza da floresta e dos rios da Amazônia, embora este propósito estivesse no Primeiro Plano Qüinqüenal:
1 – produção de alimentos, em uma proporção pelo menos equivalente as suas necessidades de consumo;
2 – produção de matérias-primas e produtos alimentares necessários à economia nacional e que o país precisa importar;
3 – exploração das riquezas extrativistas e minerais;
4 – conversão da economia extrativista e comercial numa economia agrícola, industrial e pecuária;
5 – aperfeiçoamento dos transportes;
6 – elevação do nível de vida e da cultura política e técnica de sua população.
O plano do governo federal possuía de fato diversos equívocos. A maior riqueza da região conhecida na época eram a floresta e os rios. Mas o plano visava dominar o meio de forma agressiva, isto é, derrubar a floresta a fim de produzir a agricultura e a pecuária, após a derrubada ou a queimada da mesma. Nesse período verifica-se o desenvolvimento do setor madereiro que teve como conseqüência a derrubada de grandes extenções de mata, sem qualquer preocupação com o reflorestamento. A produção de matérias-primas estava voltada para serem exportadas, ou seja, gerando lucros no exterior. De fato, o governo federal não aprendera a lidar com a Amazônia.
Nesse período criaram-se as universidades e centros de pesquisa científica como a Universidade Federal do Pará - UFPA, a Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - FCAP (atualmente UFRA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Estado do Pará – EMBRAPA, em Belém. Em Manaus foi criado o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA.
Os Grandes projetos
O Estado do Pará, pelo seu potencial energético e mineral, passou a ser foco de atenção. No Pará houve instalação de Grandes Projetos econômicos voltados para o mercado internacional ou destinados à produção de insumos para indústrias localizadas em outras regiões do país.
A década de 1970 no Brasil irá marcar um momento em que emerge no âmbito político e econômico brasileiro um novo padrão de desenvolvimento baseado na ocupação territorial, comandado pelo Estado e pelos Grandes Projetos, postos em ação no âmbito dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs). Isto surge inicialmente no governo do general Emilio Garrastazu Médici(1970-1974).
A estratégia de desenvolvimento do governo Médici, que buscava a recuperação econômica e a superação do subdesenvolvimento do Brasil, pretendia realizar isto através de uma política nacional que visava transformar o país em “nação desenvolvida” dentro de uma geração.
Texto e Contexto
“O objetivo síntese da política nacional é o ingresso do Brasil, até o fim do século, no mundo desenvolvido. Para isso, construir-se-á, no País, uma sociedade efetivamente desenvolvida, democrática e soberana, assegurando-se, assim, a viabilidade econômica, social e política do Brasil como grande potência.”
(SUDAM. Amazônia: política e estratégia de ocupação e desenvolvimento. Política Nacional. Belém-Pará: Sudam/Divisão de Documentação, 1973. p. 5.)
Médici foi sucedido, em 1974, pelo general Ernesto Geisel (1908-1996). O presidente Geisel, o quarto presidente da República (1974-1979) do ciclo militar, governou com dificuldades econômicas devido à crise mundial do petróleo.
Porém, Geisel optou por ampliar os programas de modernização econômica para consolidar a base industrial, energética e tecnológica do país.
Neste contexto, um conjunto de medidas começou a transformar a economia regional a fim de fomentar o tão pretendido desenvolvimento regional na Amazônia. Cria-se a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em substituição à SPVEA, e o Banco da Amazônia (BASA), em substituição ao antigo Banco de Crédito da Amazônia. Estruturas estas subordinadas diretamente à tecnocracia dos Ministérios e à ação do poder central. Com isto pretendia-se afastar a influência do poder local no tocante à tomada de decisões; isto mais um dos exemplos do autoritarismo do regime militar imposto à região.
A ação de desenvolvimento econômico para a região amazônica adotada pelo governo Geisel e consolidada no II Plano Nacional de Desenvolvimento e no II Plano de Desenvolvimento da Amazôniadestacou ênfases ao processo de desenvolvimento e modernização da economia regional, através da estrutura industrial juntamente com a preocupação da exploração dos recursos naturais. A finalidade desses planos era intensificar a integração da Amazônia na economia do país e promover a ocupação territorial e a elevação do nível de segurança na área por meio do alargamento da fronteira econômica e, com isto, realizar a manutenção de altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
De fato, a Amazônia era vista como uma região marcada negativamente pelo “rudimentarismo” de suas forças produtivas que a deixavam “à margem da evolução econômica” do país.
Texto e Contexto
Durante três séculos e meio, o eixo econômico da Amazônia se desenvolve em torno do rio, em cujas margens se instalaram as cidades e as comunidades rurais. Durante três séculos e meio, com a mentalidade dominante voltada quase exclusivamente para o extrativismo vegetal, dependendo tradicionalmente da coleta da borracha, da castanha, das madeiras, das peles de animais silvestres, a região se manteve à margem da evolução econômica brasileira.
(SUDAM. A Amazônia e seus problemas. Economia. Belém-Pará: Sudam/Divisão de Documentação, 1972. p. 16.)
Os Planos de Desenvolvimento para a região amazônica faziam parte da ideologia da ditadura militar no Brasil; uma “ideologia do desenvolvimento”. Traçaram e sustentaram as estratégias e os planos de crescimento nacional e regional marcado por uma euforia desenvolvimentista para preservar e legitimar a própria ditadura. Desempenharam um papel essencial na cantata “Brasil Grande”, “Brasil Potência”, e pela busca da manutenção do “Milagre Brasileiro”.
Em termos de realização de Grandes Projetos, os principais empreendimentos produtivos que se instalaram na região amazônica foram estes: a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT), sobre o rio Tocantins; o da Mineração Rio do Norte (MRN), de exploração de bauxita metalúrgica, a noroeste do Estado, no município de Oriximiná; o da Albrás e Alunorte de produção de alumínio e alumina, respectivamente, localizados nas proximidades de Belém, no município de Barcarena; o Projeto de Ferro Carajás (PFC), no sudeste do Estado, no município de Parauapebas.
Algumas informações:
1 – bauxita: esta rocha é a matéria-prima para a produção de alumínio (ela é o minério que dá origem ao alumínio);
2 – celulose: matéria-prima retirada da madeira e usada na produção de papel;
3 – caulim: argila necessária para a fabricação de papel;
4 – bauxita refratária: utilizada para tijolos de alto-fornos que funcionam com temperatura superior a 1 500 graus, onde o tijolo comum não resistiria;
5 – alumina:obtida da bauxita; é a base da fabricação do alumínio;
6 – alumínio: metal utilizado na fabricação de panelas, aviões, estruturas metálicas, janelas, etc.;
7 – silício metálico: amplamente utilizado em eletrônica (chips de computadores, etc.);
8 – minério de ferro: rocha que contem uma grande proporção de ferro;
9 – ferro-gusa: ferro simples;
10 – ferro-liga: ferro aliado ao manganês; fica mais resistente que o ferro;
11 – cobre: metal muito utilizado em material elétrico;
12 – manganês: metal utilizado em ligas metálicas;
A Amazônia brasileira se insere no contexto da ideologia de desenvolvimento regional e segurança nacional do regime militar. Era um período marcado pelo autoritarismo, repressão, perseguição policial e militar, supressão de direitos constitucionais e da liberdade de expressão nos meios de comunicação mediante a adoção da censura prévia. Porém, contraditoriamente, foi um momento também marcado por uma euforia desenvolvimentista.
A construção da rodovia Transamazônica e a implantação de Grandes Projetos industriais e infra-estruturais, como a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, tinham de certa forma um estreito relacionamento; faziam parte da estratégia geopolítica militar para a região. Isto representou um processo expansionista profundamente idealizado que buscava atingir o objetivo de ocupar os “espaços vazios” da região amazônica. As conseqüências sobre o meio ambiente, a rica biodiversidade regional e seus recursos naturais, e sobre o homem, em uma região de povos e culturas diversificadas, eram vistas como parte de um projeto maior.
Projeto ALBRAS-ALUNORTE
O Projeto Albras/Alunorte localiza-se no município de Barcarena e está voltado para a produção industrial de alumínio a partir das jazidas de bauxita do rio Trombetas (município de Oriximiná, Estado do Pará).
A origem dos projetos está na descoberta da jazida de bauxita no rio Trombetas, entre as melhores do mundo. O minério encontrava-se quase na superfície. Era retirada do estéril (as rochas sem valor) com uma “drag-line”, máquina que retira 8 milhões de toneladas por ano. O início da implantação da ALBRÁS/ALUNORTE foi dirigida pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) que comunicou ao governo do Pará sobre o projeto destinado à produção de alumina e alumínio tendo como sócios empresários japoneses que investiram no projeto.
A Bauxita.
A Alumina.
Lingotes de Alumínio na Albras.
O projeto Albras/Alunorte, criado durante o período do regime militar, inserido em um contexto de busca pelo desejado desenvolvimento regional, crescimento econômico e segurança nacional, gerou (e gera) graves danos ao meio ambiente e a população existente nas proximidades deste grande empreendimento industrial.
Na região de influência do Projeto Albrás-Alunorte, nas redondezas do município de Barcarena, ocorre com freqüência danos ao meio ambiente, como os casos de poluição do rio Murucupi, situado no município de Barcarena, que geraram envenenamento em suas águas, em decorrência de poluição provocada pela Alunorte, o que atingiu diretamente o meio ambiente e pescadores e ribeirinhos e suas relações de trabalho, a pesca, já que provocou a morte de várias espécies de peixes no rio.
Área de recomposicao de rejeito da bauxita da Alunorte Na época de chuvas intensas no Pará, é comum está área transbordar e provocar poluição em sua área de influência (ver em Texto Complementar).
Projeto Ferro-Carajás.
A Serra dos Carajás, serra do estado do Pará, ficou logo famosa pela imensa riqueza mineral, principalmente ferro, cujo volume foi cubado em 5.000.000 de toneladas. Formada de rochas cristalinas, corresponde a um planalto residual que tem expressão no setor meridional dos estados do Amazonas e Pará. Os planaltos residuais da Amazônia correspondem a um agrupamento de relevos interpenetrados pela superfície pediplanada da depressão amazônica. Em 1967, ricas jazidas de ferro foram descobertas na serra dos Carajás pela Companhia Meridional de Mineração, subsidiária da United States Steel Corporation. A importância da descoberta originou o interesse da participação da Companhia Vale do Rio Doce, tendo sido criada, em 1970, a Amazônia Mineração S/A para desenvolver o Projeto Carajás. Outras reservas foram descobertas: cobre, manganês, bauxita, níquel, estanho e ouro. Na região, logo se deu muitos conflitos pela posse de terras.
Jornal O Globo, 07/07/1974.
O Projeto Ferro-Carajás corresponde a exploração da região, localizada no Brasil, muito significativa em termos de riquezas minerais; uma das mais importante do mundo. Abrange o sudoeste do Pará, o norte de Tocantins e o oeste do Maranhão. A área tem potencial hidrelétrico, amplas florestas e condições que permitem o reflorestamento para produção de celulose e carvão vegetal. É cortada pelos rios Tocantins, Araguaia e Xingu. Foi em 1967, ano em que foram descobertas suas riquezas minerais, que a região se tornou extremamente valiosa. Essas riquezas, estimadas em aproximadamente 20 bilhões de toneladas, consistem em jazidas de cobre, estanho, ouro, bauxita, manganês e níquel, e são passíveis de exploração por meio de tecnologia simples, o que significa baratear o custo.
O minério de ferro, extraído na mina da Serra de Carajás, era então transportado para o Maranhão. Lá fazia-se os lingotes de ferro, que são exportados pelo porto de Itaqui. E o ferro ocupava, na época do início da implantação do projeto, o terceiro lugar na pauta dos produtos de exportação do Brasil. Daí vem a importância de Carajás e da sua Estrada de Ferro Carajás; esta última construída na década de 80, uma obra de 900 km, através da floresta.
Projeto Ferro Carajás na Serra dos Carajás.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT)
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT) foi construída pela Eletronorte no rio Tocantins, na mesorregião do Sudeste Paraense, a treze quilômetros de Tucuruí e a cerca de 350 quilômetros de Belém.
Rio Tocantins antes da formação do lago (16/06/1984). Imagem do Satélite Landsat. 
Rio Tocantins após a formação do lago (22/06/1992). Imagem do Satélite Landsat.
Texto e Contexto
O Govêrno Federal procurando evitar e superar todos os pontos de estrangulamento que retardam o desenvolvimento harmônico da área amazônica envidará, no triênio 1972/74, todos os esforços no sentido de dotar o setor Energia de um complexo compatível com as reais necessidades.
(SUDAM. Plano de Desenvolvimento da Amazônia (1972-1974). Capítulo 4, Serviços Básicos. Belém-Pará, 1971. p. 65.)
O objetivo de construir a Usina de Tucuruí foi para gerar energia elétrica para atender os projetos de extração mineral e a industrialização, principalmente, ao Distrito Industrial de Alumínio em Barcarena e ao Projeto de Ferro em Carajás.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Tucuruí, Pará.
A Barragem da UHE de Tucuruí no Rio Tocantins. Imagem de satélite do Google Earth.
ATIVIDADE
1- QUAL A IMPORTÂNCIA DESSES PROJETOS PARA A NOSSA REGIÃO?
2- ESCOLHA UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO E DESTAQUE OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DELE:
3- ESSES PROJETOS ESTÃO OCASIONANDO DEGRADAÇÃO AMBIENTAL? JUSTIFIQUE A SUA RESPOSTA.
4- O QUE PODEMOS DESTACAR SOBRE A ECONOMIA REGIONAL?
5- PESQUISE PROJETOS QUE NÃO FORAM CITADOS E FALE A SUA IMPORTÂNCIA:
6- QUAIS ENTES SÃO RESPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO DESSES PROJETOS?
7- NA SUA OPINIÃO, ESSES PROJETOS AJUDARAM A DESENVOLVER A NOSSA REGIÃO? JUSTIFIQUE. 
ESTUDOS AMAZÔNICOS
AULA 01
ADESÃO DO PARÁ
15 de agosto de 1823. A província do Grão-Pará se declara fiel ao Brasil. Havia se passado um ano desde que o Brasil proclamou a Independência de Portugal, mas a província do Grão-Pará permanecia ligada a Portugal, mesmo após o retorno da Corte portuguesa para Lisboa. Era momento de a província decidir se manteria aliança com o Brasil, ou se permaneceria ligada a Portugal.
Para conseguir a adesão, Dom Pedro I enviou tropas à província do Grão Pará no dia 11 de agosto daquele ano e, ao comando do almirante John Grenfell, chegou aos governantes do Estado um documento informando que uma esquadra, que estaria em Salinas, estava pronta para bloquear o acessoao porto da capital caso fossem contrários à adesão, isso isolaria a Província do restante do Brasil.
Acreditando na falsa informação, os governantes aceitaram e proclamaram a adesão ao Brasil. Quatro dias mais tarde, no dia 15 de agosto de 1823, foi assinado o documento que oficializava a adesão do Pará, isso ocorreu após uma assembleia no Palácio Lauro Sodré.
Muitos paraenses não aceitaram a adesão, o que provocou muitas revoltas populares, com a tragédia do Brigue Palhaço e a revolta da Cabanagem. Sendo a data um marco na história dos paraenses, há 18 anos foi criado o feriado para celebrar a adesão do Pará, por um projeto de Lei do então deputado estadual Zeno Veloso.
ATIVIDADE
1- QUANDO OCORREU A ADESÃO DO PARA?
2- CITE OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA ADESÃO DO PARÁ:
3- O Pará é uma unidade federativa brasileira. Portanto, ele integra uma das cinco Regiões do território nacional. Marque a alternativa que indica, corretamente, o complexo regional que abriga o estado paraense.
a) Sul
b) Norte
c) Centro-Oeste
d) Sudeste
e) Nordeste
4-O estado paraense possui, atualmente (2010), 143 municípios. Marque a alternativa que corresponde ao município que é a capital do Pará.
a) Palmas
b) Goiânia
c) Santarém
d) Porto Velho
e) Belém
5-Analise as afirmativas sobre os aspectos físicos do estado do Pará e marque (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas.
a) O território do Pará está situado na Zona temperada do sul, entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Ártico. Esse fato faz com que o clima do estado seja subtropical.
b) Localizado na Região Norte, o Pará possui fronteiras com estados das Regiões Centro-Oeste e Nordeste.
c) A formação do relevo paraense não é homogênea, ou seja, apresenta características distintas ao longo do território. Os principais tipos de relevo no Pará são planície, depressões e pequenos planaltos.
d) Com área de 1.247.689,515 quilômetros quadrados, o Pará é o segundo maior estado do Norte e o terceiro maior do Brasil, atrás somente do Amazonas e de Mato Grosso.
e) A vegetação estadual é marcada pela presença de vários biomas: mangues, campos, cerrado e floresta Amazônica.
6-Leia as alternativas sobre os aspectos da população paraense.
I – Conforme dados divulgados em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará possui 7,4 milhões de habitantes, sendo o segundo estado mais populoso da Região Norte.
II – O território paraense é superpovoado, ou seja, apresenta densidade demográfica elevada, não possuindo vazios populacionais.
III – A população paraense apresenta pouca diversidade étnica, visto que o território passou a ser habitado somente após os fluxos migratórios de paulistas, gaúchos e mineiros para a região, durante a década de 1950.
IV – A maioria dos habitantes reside em áreas urbanas e a cidade mais populosa é Belém, capital estadual.
V – Vários problemas de ordem socioeconômica afetam a população paraense, que sofre com o déficit dos serviços de saneamento ambiental, alta taxa de analfabetismo, etc.
Portanto, as alternativas corretas são:
a) I, III e V
b) Todas as alternativas
c) III, IV e V
d) IV e V
e) I e V
ESTUDOS AMAZÔNICOS
AULA 03
NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Partindo de um amplo acervo de fontes, escritas e orais, a presente coletânea alarga o campo de reflexão, num olhar multidisciplinar, sobre história, memória e práticas culturais ainda pouco visitadas a presença negra na região amazônica, em especial no estado do Amazonas. Os textos aqui reunidos resultam de investigações de um grupo de pesquisa, além do desdobramento de estudos realizados no âmbito de vários programas de pós-graduação, em especial da UFAM, que possibilitam olhar com mais acuidade para uma região que pode parecer mas não é " homogênea em sua paisagem e sua cultura. Este livro nos dá a conhecer uma destas significativas diferenças, ao tratar de experiências de negros escravos, livres e libertos, de suas representações culturais e identitárias. História a partir de vestígios recuperados que podem vencer o esquecimento, o ocultamento, o silêncio.
Ante o estudo de temáticas que abordam a presença negra na Amazônia, não raro o pesquisador é indagado: e ali houve escravidão?! O tom surpreso da pergunta revela não apenas um desconhecimento da história daquela região, mas também põe em relevo esta ausência na historiografia brasileira sobre o escravismo, que tem privilegiado as áreas de plantation e de mineração, onde a mão de obra escrava africana foi hegemônica. Um questionamento que revela a representação de uma Amazônia extrativista; das drogas do sertão coletadas pelos nativos e caboclos. Essa percepção de um espaço de cultura marcadamente indígena, fez com que a escravidão e a cultura africanas se deslocassem a um plano menor, constituindo um vazio na historiografia regional, o que fica mais evidente ao se buscar estudos sobre as comunidades negras, quilombolas ou não, que se constituíram ao longo da história.
Hoje este cenário historiográfico apresenta outro desenho.
neste novo contexto e soma-se àquelas que abordaram com pertinência a presença negra na Amazônia brasileira, em especial no Pará, onde Vicente Salles, a partir de documentação inédita, escreveu uma obra impar, O negro no Pará, publicada em 1971. Por ser um estudo abrangente, algumas questões foram pouco analisadas, mapeando, no entanto, sinais significativos para futuras pesquisas sobre o mundo criado pelos negros, escravos, libertos e livres naquela região. É, sem dúvida, um marco na historiografia regional sobre essa temática; leitura obrigatória para se começar a entender a presença da escravidão e da cultura negra na Amazônia.
Uma história que remonta às primeiras décadas da colonização, quando já era possível encontrar, em 1637, entre os poucos moradores de Belém algumas dezenas de escravos. Neste mesmo ano, a expedição comandada por Pedro Teixeira, que subiu o rio Amazonas, estava composta por alguns soldados, centenas de nativos e escravos africanos. Partindo de um balanço historiográfico e da análise de um corpus documental, em especial para a província de São José do Rio Negro, Patrícia Sampaio, no capítulo "Escravos e escravidão africana na Amazônia", discute a inserção do africano no mercado de trabalho. Um processo lento, resultado de apelos contínuos das autoridades locais pressionadas pelos colonos frente ao impedimento do emprego da mão de obra indígena, em razão da ação contrária da Igreja e da legislação governamental, processo que ademais enfrentou dificuldades devidas à economia ali desenvolvida, o extrativismo. Somava-se a isso o limitado poder aquisitivo dos colonos, já que essa atividade era, e é, flutuante, sazonal, sem alta rentabilidade e, em decorrência, resulta uma circulação monetária acanhada e a inexistência de bens que pudessem ser dados em hipoteca na aquisição de negros escravizados
As representações mais correntes sobre o mundo do escravo são marcadas pela despersonalização do indivíduo, pela visão do sofrimento e do desencanto, ou a polarização entre violência e rebeldia, ou seja, não se distingue na vida dos escravos sentimentos, família e relações sociais que escapem ao controle do senhor. No entanto, é necessário não esquecer a sua condição humana e que, como tal, viveram e sobreviveram à ordem escravista. Nesse sentido, eram passíveis de paixão, ódio, desejos, compreensão, e capazes de entender o momento de agir contra sua condição, negociar, ter reações explícitas, ou não, contra a ordem escravista. Portanto, tinham consciência do sistema em que viviam, e buscavam espaços em que pudessem legitimar suas ações e garantir direitos.
Assim, sabendo olhar, e querendo ver, se percebe que no seu cotidiano os escravos exploraram seus momentos de autonomia, relativa é claro, e fizeram destes um direito. O casamento (no caso da Amazônia muito frequente entre negros africanos e negros da terra), as relações sexuais, o nascimento de um filho foram expressões significativas desses momentos. Circular por propriedades vizinhas não constituía novidade para os cativosda região, pois eram frequentes os casos em que eles, a mando de seus senhores, se deslocavam a longas distâncias _ aliás, circular pelos rios, lagos e igarapés era típico de um escravo pescador, ou condutor de embarcação, por exemplo.
Esses aspectos não significam, de forma alguma, que houve uma aceitação tácita do escravo à sua condição social, nem uma benevolência explícita, ou mesmo implícita, dos senhores. A luta de classes não deixava de existir. Havia várias formas de fazê-la e era no cotidiano que o escravo construía a sua contra-ordem es­cravista. Experiências tais são destacadas por Provino Pozza Neto, ao analisar as alforrias, onerosas ou não, na província do Amazonas. O autor sugere que o escravo tem clareza da lógica da dominação e cria uma série de mecanismos capazes de lhe garantir espaços e de questionar os mecanismos de controle inerentes à escravidão. As fontes documentais têm demonstrado que o escravo, mesmo limitado por um estatuto social e outro legal, conseguia espaço para negociar, manifestar-se como agente histórico. Negociar a alforria, por exemplo. Tinha queixas do destino que lhe havia sido imposto e por isso buscava formas de superar adversidades, pois "é nessa micropolítica que o escravo tenta fazer a vida e, portanto, a história."
E por que fugiam? Bastaria dizer: porque eram escravos. É deste assunto que trata o capítulo de Ygor Olinto Cavalcante, "'Fugindo, ainda que sem motivo': escravidão, liberdade e fugas escravas no Amazonas imperial". Há uma série de razões decorrentes da sua condição, que levaram os cativos a apelar para a fuga. Estava na relação senhor/escravo uma das razões da fuga, mais do que no ato de sedução de "contrabandistas" ou de hábeis sedutores. Se o escravo conquistasse no seu cotidiano garantias de autonomia de ação e movimento, tendo a possibilidade, mesmo mínima, de gerenciar sua vida, ele com certeza pensaria duas vezes antes de fugir. Os escravos tinham noção clara do contexto e se valiam da conjuntura para forçar negociações, conseguir mais autonomia e flexibilidade de ação den­tro do próprio sistema escravista, tendo a fuga como principal arma engatilhada contra as ameaças às suas conquistas, ainda que precárias.
Aproveitando-se da complexidade da região, das longas distâncias e dos rios que constituíam caminhos naturais para a fuga, os escravos, ao se evadirem das propriedades de seus senhores, tinham como opção ir para outros centros urbanos ou se embrenharem nas matas. Nesse sentido, havia a possibilidade de grande mobilidade espacial para os cativos em fuga, que procuravam passar por libertos, misturando-se às camadas populares um tanto matizadas, onde um mulato podia passar por um tapuia, um curiboca, por um cafuzo. Assim, a qualidade da cor se diluía, quebrando um elemento a mais de identidade do escravo fujão, já que costumava tam­bém trocar de nome. Outra saída encontrada pelo escravo em fuga era valer-se de instrumentos legais que garantissem a ex-cativos o status de livre, e a partir daí encontrar mecanismos para preservar a condição de liberto.
Ajustando-se como tripulantes de barcos, ou neles se escondendo, os escravos em fuga circulavam ao longo dos rios, em especial pelo Amazonas, deslocando-se com certa facilidade entre o Baixo Amazonas, e Manaus, e vice-versa, como mostram os relatos observados nos anúncios de fuga analisados por Cavalcante. Assim, escravos fujões circulam pelos rios, igarapé e lagos da região.
Fugir, como se vê, não significava necessariamente ir diretamente para os quilombos, podiam circular pelos rios, se juntar a outros negros livres e libertos, como aqueles que chegaram ao Amazonas fugindo das secas que calcinavam o Nordeste. É o caso da comunidade negra constituída por descendentes de escravos de Sergipe que chegaram ao rio Pauni, o rio dos pretos, por volta de 1907. Através de narrativas orais, Emmanuel Almeida, no capítulo "Quilombolas no Amazonas: do rio dos pretos ao Quilombo do Tambor", adentra a história destes quilombolas, que materializam o sentido de liberdade, o direito à terra, a configuração de uma territorialidade, a afirmação de pertença e identidade.
Todavia, os espaços de autonomia não se limitavam a essas práticas. Eram buscados, também, nos folguedos religiosos. Momentos de lazer em que diferentes elementos culturais se mesclam, em que o sagrado e o profano se confundem e as manifestações se expressam através dos cantos, das danças e nos ritmos dos batuques e dos sons tirados do gambá, da marimba, da onça e da viola europeia
As festas constituíam, para os escravos, momentos de ruptura com a vida cotidiana. Oportunidade em que vestiam os seus melhores trajes. Geralmente as mulheres usavam vestidos bufantes e coloridos, esbanjavam sensualidade nas danças do lundu e do carimbo, ao som dos tambores. Momentos em que as relações antagônicas tornavam-se fragilizadas e em que livres e escravos faziam causa comum. O ciclo das festas natalinas era o tempo em que essas rupturas se acentuavam. Henry Bates, em 1851, presenciou dois momentos de festejos. Em Santarém, "os negros faziam uma grande apresentação semiteatral nas ruas", e na vila de Serpa, hoje Itacoatiara-AM,
à noite o povo se entregou a alegres folguedos por toda a cidade. Os negros, devotos de um santo que tinha a sua cor - São Benedito - fizeram a sua festa à parte e passaram a noite toda cantando e dançando ao compasso de um tambor comprido, chamado "gambá", e do "caracaxá".3
Uma festa ao santo negro que, mesmo quando ganha o espaço urbano, como relata Jamily Sousa da Silva em "A festa de São Benedito no bairro da praça 14", mantém elementos comuns àquelas das comunidades quilombolas da região amazônica uma festa de mastro, dança do lundu ao som dos tambores.
Valendo-se das festas religiosas, os escravos faziam devoções a seus santos, cantavam seus hinos e dançavam. Eram momentos em que as origens africanas se manifestavam, e novas identidades culturais se constituíam. Carimbó, lundu, boi-bumbá, marambiré, aiuê e outros folguedos se cristalizaram a partir de práticas culturais dos escravos, e hoje, como diz Vicente Salles, "a lúdica amazônica, no que tem de mais representativo, é essencialmente africana".4
As festas juninas constituíam outro ciclo festivo em que os folguedos religiosos possibilitavam alegrias aos negros. Era e é tempo do boi-bumbá, "uma estranha folia" aos olhos de viajantes do século XIX, como Henry Bates, Robert Avé-Lallemant e Sanches Frias. Um "boi" que vai marcando a calha do grande rio, uma festa de negro, lugar dos filhos de mãe Catirina e pai Francisco. Mais que um grande espetáculo televisivo, esta "estranha folia" tem sido elemento forte de uma cultura afro em terras manauaras. Danças e andanças de negros na Amazônia, como nos coloca Sérgio Ivan Gil Braga, que pergunta: por onde anda o filho de mãe Catirina? E pai Francisco, seria ele o Macunaíma de Mario de Andrade?
São cantos e danças que exprimem uma nova "estética musical". Sons, ritmos, palavras, cantos que vêm do outro lado do Atlântico, que se materializam, se mesclam em novas formas de expressão da cultura negra, em rodas de capoeira, por exemplo, como relata Luís Carlos de Matos Bonates em "A capoeiragem baré", onde apresenta a capoeira no Amazonas, com ou sem berimbau.
ATIVIDADE
1- QUAL FOI O PRINCIPAL PAPEL DOS NEGROS NA AMAZÔNIA?
2- COMO SE DEU A CHEGA DOS NEGROS NA AMAZÔNIA?
3- QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE OS NEGROS ENCONTRAM?
4- COMO ERA A RELAÇÃO CULTURAL DOS NEGROS?
5- QUAIS OS PRINCIPAIS PONTOS SOBRE A VINDA DOS NEGROS ARA A AMAZÔNIA?
6- QUAIS AS PRINCIPAIS ATIVIDADES QUE OS NEGROS DESEMPENHAVAM ?
7- ATUALMENTE, COMO ESTÃO VIVENDO OS NEGROS NO NOSSO ESTADO?
ESTUDOS AMAZÔNICOS
AULA 04
LENDAS AMAZÔNICAS
Os textos regionais possuem narrativas ou acontecimentos sociais de determinada região, criando identidade cultural através dos fatos ocorridos com pessoas da comunidade, em tempo cronológico que vem sendo repassado ou recriados, através da oralidade, por pessoas que ouviram ou são autoras dos relatos, que sevem para compreenderos fatos, épocas, cultura e sociedade, assim os acontecimentos de uma sociedade, são refletidas nas manifestações artísticas e literárias, além de servir como base para o estudo do passado dos povos, relaciona-se também à contemporaneidade em análise da evolução social no decorrer do tempo.
O regionalismo retrata os feitos dos povos via discurso literário das pessoas que na terra habitam. Nas narrativas regionalistas a visão de mundo centra-se no indivíduo e no meio em que ele é posto. A exaltação do ambiente como lugar ideal para se desenvolver uma vida sem rupturas transgressoras dirige a atenção para a vida no campo, vida limitada a uma rotina rica de experiências e mantenedora de tradições, expressando a realidade social e momentos históricos de determinada localização.
A palavra lenda provém do baixo latim, “legenda”, que significa “o que deve ser lido.” A lenda é uma narrativa oral ou escrita, vivenciada por pessoas de maneira visual, elas são passadas através da oralidade de forma subjetiva, de caráter maravilhoso, pois consiste geralmente estória heroicas, em que o real e o fantástico se misturam, tornando quase impossível saber onde termina a verdade e começa a fantasia, prevalecendo o relato como testemunho do acontecimento validando a narrativa, definição apresentada por Cascudo (1976). “As lendas são episódio heroicos ou sentimentais, com elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral e popular, localizável no espaço e no tempo. De origem letrada, lenda, legenda, “legere” possui características de fixação geográfica e pequena deformação e conserva-se as quatro características do conto popular: antiguidade, persistência, anonimato e oralidade. As lendas têm como função básica historiar ou explicar fatos como a origem das coisas, fenômenos naturais, figuras sobrenaturais, as lendas fazem parte da vida social das pessoas. Toda narrativa é um fato histórico e se amplia e se transforma decorrente ao tempo e surgem novas lendas, porque o homem é o fator determinante na produção da cultura e do repasse podendo ser de maneira oral ou escrita.
A lenda, por sua vez, possui referências geográficas do local em ocorre os fatos. É muito comum as ocorrências dos fatos sobrenaturais serem nas florestas, em águas, principalmente as narrativas amazônicas. Para Lima (2003, p.56), o homem e a natureza se confundem numa relação de dependência no ato interpretativo da ocorrência de fenômenos naturais. As lendas se caracterizam diante da dependência da natureza para sobrevivência das pessoas constituídas ao redor das florestas, tornando os acontecimentos como verdade e crença. Moisés (1978, p. 305), define que “as lendas fazem parte da realidade das pessoas, as crenças fazem que elas adaptem seus modos de vivência as seus costumes”. Em sua maioria, as lendas possuem uma localização geográfica e transcorrem em um tempo determinado, muitas vezes ultrapassando as barreiras locais inserindo-se no meio urbano começando a fazer parte da cultura de outros povos, as lendas buscam de explicar os fenômenos sobrenaturais ocorridos nas localidades, onde os rios e florestas fazem parte da vida dos moradores.
Lenda de Iara
É uma das histórias mais conhecidas da Amazônia. A Iara é descrita como uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos. Ela exerce grande fascínio nos homens e aqueles que a vêem banhar-se nos rios não conseguem resistir aos seus encantos e atiram-se nas águas. Eles nem sempre voltam vivos e os que sobrevivem, ficam assombrados, falando em castelos, séquitos e cortes de encantados.É preciso muita reza e pajelança para quebrar o encantamento. Alguns descrevem Iara com uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens.Acredita-se também que ela tem forma de peixe na parte inferior do corpo, outros dizem que é apenas um vestido, ou uma espécie de saia que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher, metade peixe. Em certos locais, dizem que a Iara é um boto-fêmea. Em outros lugares dizem ser a própria boiúna (cobra grande).
Lenda da Cobra Grande
A Cobra Grande, ou Boiúna, é uma lenda amazônica que fala de uma imensa cobra que cresce de forma desmensurada e ameaçadora, abandonando a floresta e passando a habitar a parte profunda dos rios. Ao rastejar pela terra firme, os sulcos que deixa se transformam nos igarapés.Conta a lenda que a Cobra Grande pode se transformar em embarcações ou outros seres. Ela está presente em diversos contos indígenas, um deles conta que em uma certa tribo, uma índia, grávida da Boiúna, deu à luz a duas crianças gêmeas. Uma delas, má, atacava os barcos, naufragando-os. A história tornou-se célebre no poema Cobra Norato, de Raul Bopp, sendo encenado inclusive, em teatros de vários países.No mundo real, a verdadeira cobra grande é na verdade a sucuriju, ou sucuri, a temida anaconda. O animal pode atingir mais de 10 metros de comprimento. Ela mata as presas por constrição, apertando-as até a morte.Celebrizada em filmes de terror, é temida pela população ribeirinha, pois habita as áreas inundáveis e é dotada de grande força, sendo capaz de neutralizar qualquer tentativa de defesa da vítima.
Lenda do Curupira
O Curupira é o guardião das florestas e dos animais. Possui traços indígenas, cabelo de fogo e os pés virados para trás. Dizem que possui o dom de ficar invisível.O curupira é o protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza, utilizando-a apenas para a sua sobrevivência. O homem que derruba árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou ainda, para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, tem a proteção do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam indiscriminadamente, estes têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo em suas armadilhas. Para se vingar-se, o Curupira se transforma em caça. Pode ser uma paca, onça ou qualquer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta, fazendo-o perder a noção de seu rumo e ficar dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar. Outra forma de atingir os maus caçadores é fazendo com que sua arma não funcione ou fique incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a caça. Na realidade, a lenda do Curupira revela a relação dos índios brasileiros com a mata. Não é uma relação de exploração, de uso indiscriminado, mas de respeito pela vida.
Lenda do Guaraná
Um casal de índios pertencente a tribo Maués vivia junto por muitos anos sem ter filhos. Um dia eles pediram a Tupã para dar a eles uma criança para completar suas vidas. Tupã, sabendo que o casal era bondoso, lhes atendeu o desejo dando a eles um lindo menino. O tempo passou e o menino cresceu bonito, generoso e querido por todos na aldeia. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão e do mal, sentia muita inveja do menino e decidiu matá-lo. Certo dia, o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari aproveitou a ocasião para lançar sua vingança. Ele se transformou em uma serpente venenosa que atacou e matou o menino. A triste notícia se espalhou rapidamente. Neste momento, trovões ecoaram e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe, que chorava em desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que deveriam plantar os olhos da criança e que deles uma nova planta cresceria dando saborosos frutos. Assim foi feito e os índios plantaram os olhos da criança. No lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras rodeadas por uma película branca, muito semelhante ao olho humano.
Lenda da Matinta Perera
Conta a lenda, que à noite, um assobio agudo perturba o sono das pessoas e assusta as crianças, ocasião em que o dono da casa deve prometer tabaco ou fumo. Ao ouvi-lo, o morador diz: - Matinta, pode passar amanhã aqui para pegar seu tabaco. No dia seguinte uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo. A velha é uma pessoa do lugar que carregaria a maldição de 'virar' Matinta Perera, ou seja, à noite transformar-se neste ser indescritível queassombra as pessoas. A Matinta Perera pode ser de dois tipos: com asa e sem asa. A que tem asa pode transformar-se em pássaro e voar nas cercanias do lugar onde mora. A que não tem, anda sempre com um pássaro, considerado agourento, e identificado como sendo 'rasga-mortalha'. Dizem que a Matinta, quando está para morrer, pergunta: "Quem quer? Quem quer?". Se alguém responder "eu quero", pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou jóias, recebe na verdade a sina de 'virar' Matinta Perera.
Lenda da Vitória Régia
Há muitos anos, nas margens do majestoso rio Amazonas, as jovens e belas índias de uma tribo, se reuniam para cantar e sonhar seus sonhos de amor. Elas ficavam por longas horas admirando a beleza da lua branca e o mistério das estrelas sonhando um dia ser uma delas. Enquanto o aroma da noite tropical enfeitava aqueles sonhos, a lua deitava uma luz intensa nas águas, fazendo Naiá, a mais jovem e mais sonhadora de todas, subir numa árvore alta para tentar tocar a lua. Ela não obteve êxito. No dia seguinte, ela e suas amigas subiram as montanhas distantes para sentir com suas mãos a maciez aveludada da lua, mas novamente falharam. Quando elas chegaram lá, a lua estava tão alta que todas retornaram à aldeia desapontadas. Elas acreditavam que se pudessem tocar a lua, ou mesmo as estrelas, se transformariam em uma delas. Na noite seguinte, Naiá deixou a aldeia esperando realizar seu sonho. Ela tomou o caminho do rio para encontrar a lua nas negras águas. Lá, imensa, resplandescente, a lua descansava calmamente refletindo sua imagem na superfície da água. A índia, em sua inocência, pensou que a lua tinha vindo se banhar no rio e permitir que fosse tocada. Naiá mergulhou nas profundezas das águas desaparecendo para sempre. A lua, sentindo pena daquela jovem vida perdida, transformou a índia em uma flor gigante - a Vitória Régia - com um inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua.
ATIVIDADE
1- O QUE É UMA LENDA?
2- QUAL A IMPORTANCIA DAS LENDAS PARA A NOSSA CULTURA?
3- PESQUISE UMA LENDA QUE NAO FOI CITADA E CONTE SUA HISTORIA?
4- VOCÊ CONSEGUE DISTINGUIR QUAIS DESSAS LENDAS FORAM CRIADAS POR INDIOS? PORQUE?
REVISÃO
1- QUAL FOI O PRINCIPAL PAPEL DOS NEGROS NA AMAZÔNIA?
2- COMO SE DEU A CHEGA DOS NEGROS NA AMAZÔNIA?
3- QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE OS NEGROS ENCONTRAM?
4- COMO ERA A RELAÇÃO CULTURAL DOS NEGROS?
5- QUANDO OCORREU A ADESÃO DO PARA?
6- CITE OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA ADESÃO DO PARÁ:
7- O Pará é uma unidade federativa brasileira. Portanto, ele integra uma das cinco Regiões do território nacional. Marque a alternativa que indica, corretamente, o complexo regional que abriga o estado paraense.
a) Sul
b) Norte
c) Centro-Oeste
d) Sudeste
e) Nordeste
8-O estado paraense possui, atualmente (2010), 143 municípios. Marque a alternativa que corresponde ao município que é a capital do Pará.
a) Palmas
b) Goiânia
c) Santarém
d) Porto Velho
e) Belém
CENTRO EDUCACIONAL NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
DIRETORA: DJANIRA NUNES
ALUNO(A): ___________________________________________ SERIE: _____________
3ª AVALIAÇÃO DE ESTUDOS AMAZÔNICOS
1-Leia as alternativas sobre os aspectos da população paraense.
I – Conforme dados divulgados em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará possui 7,4 milhões de habitantes, sendo o segundo estado mais populoso da Região Norte.
II – O território paraense é superpovoado, ou seja, apresenta densidade demográfica elevada, não possuindo vazios populacionais.
III – A população paraense apresenta pouca diversidade étnica, visto que o território passou a ser habitado somente após os fluxos migratórios de paulistas, gaúchos e mineiros para a região, durante a década de 1950.
IV – A maioria dos habitantes reside em áreas urbanas e a cidade mais populosa é Belém, capital estadual.
V – Vários problemas de ordem socioeconômica afetam a população paraense, que sofre com o déficit dos serviços de saneamento ambiental, alta taxa de analfabetismo, etc.
Portanto, as alternativas corretas são:
a) I, III e V
b) Todas as alternativas
c) III, IV e V
d) IV e V
e) I e V
2-COMO ERA A RELAÇÃO CULTURAL DOS NEGROS?
3- QUAIS OS PRINCIPAIS PONTOS SOBRE A VINDA DOS NEGROS ARA A AMAZÔNIA?
4- QUAIS AS PRINCIPAIS ATIVIDADES QUE OS NEGROS DESEMPENHAVAM ?
5- FALE SOBRE A ADESÃO DO PARA?

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