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História das Religiões

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Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
BIBLIOTECA PARA O CURSO DE HISTÓRIA DAS RELIGIÕES 
 
Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet 
onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias 
para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões 
de temas para futuras pesquisas na área. 
Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como: 
www.scielo.br 
www.anped.org.br 
www.dominiopublico.gov.br 
 
SUGESTÕES DE TEMAS 
1. HISTÓRIA DAS RELIGIÕES 
2. POLITEÍSMO; 
3. HINDUISMO; 
4. BUDISMO; 
5. RELIGIÕES AFRICANAS; 
6. MITRAISMO; 
7. JUDAISMO; 
8. CRISTIANISMO; 
9. A BÍBLIA; 
10. ISLAMISMO. 
11. TEORIA DA HISTÓRIA - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 
12. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA OS ANOS DE 1960; 
13. O CONCEITO DE CULTURA; 
14. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 
15. EDUCAÇÃO E CULTURA 
16. EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL; 
17. A ESCOLA E SEUS SUJEITOS; 
18. RELAÇÕES RACIAIS, CONDICIONANTES SOCIOCULTURAIS; 
19. PAULO FREIRE, MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO POPULAR; 
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
20. ÉTICA E CIDADANIA. 
21. RELIGIÕES NO BRASIL 
22. RELIGIÕES NO BRASIL: A CHEGADA DE DIFERENTES RELIGIOSIDADES; 
23. RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS; 
24. O ESPIRITISMO; 
25. O JUDAÍSMO; 
26. O ISLAMISMO; 
27. O CATOLICISMO HOJE; 
28. O PROTESTANTISMO HOJE; 
29. EVANGÉLICOS E A POLÍTICA. 
30. RELIGIÕES MUNDIAIS 
31. RELIGIÃO; 
32. O QUE É E PORQUE ESTUDAR RELIGIÃO; 
33. VÁRIOS OLHARES PARA A RELIGIÃO: 
34. DA SOCIOLOGIA À TEOLOGIA, DO PSICOLÓGICO AO ANTROPOLÓGICO; 
35. RELIGIÃO NO MUNDO ANTIGO; 
36. O CRISTIANISMO NA ANTIGUIDADE; 
37. CULTURAS PAGÃS – A PLURALIDADE DESDE O TEMPO ANTIGO; 
38. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE EXTREMO; 
39. BUDISMO; 
40. HINDUÍSMO; 
41. TAOÍSMO; 
42. XINTOÍSMO; 
43. CONFUCIONISMO; 
44. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE MÉDIO; 
45. A REGIÃO; 
46. O JUDAÍSMO; 
47. O CRISTIANISMO; 
48. O ISLAMISMO; 
49. RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS; 
50. OUTRAS RELIGIÕES; 
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
51. MEDIUNISMO E ANIMISMO; 
52. ZOROASTRISMO; 
53. HIERARQUIA ECLESIÁSTICA; 
54. O MUNDO É PLURAL. 
55. RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE AFRICANA 
56. A ÁFRICA E SUAS RELIGIÕES; 
57. O PRINCÍPIO DA VIDA; 
58. AS RELIGIÕES ANCESTRAIS E OS CULTOS DOMÉSTICOS; 
59. ÁFRICA E O CRISTIANISMO COPTA; 
60. A ÁFRICA E O ISLAMISMO; 
61. O PANTEÃO YORUBÁ; 
62. A RELIGIOSIDADE NA DIÁSPORA ATLÂNTICA; 
63. AS IRMANDADES CATÓLICAS NO BRASIL; 
64. O VODU DO HAITI; 
65. O CANDOMBLÉ E A UMBANDA NO BRASIL. 
66. ARQUIVOLOGIA 
67. EMENTA: ARQUIVOS E DOCUMENTOS; 
68. FINALIDADE E FUNÇÃO; 
69. CARACTERÍSTICAS; 
70. PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS; 
71. IMPORTÂNCIA DOS ARQUIVOS; 
72. TIPOS DE ARQUIVOS; 
73. CLASSIFICAÇÃO DE ARQUIVOS PÚBLICOS; 
74. ARQUIVOS X BIBLIOTECAS X MUSEUS; 
75. GESTÃO DE ARQUIVOS; 
76. CICLO DE VIDA; 
77. MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS; 
78. ALFABÉTICO; 
79. GEOGRÁFICO; 
80. IDEOGRÁFICO; 
81. NUMÉRICO; 
82. ALFANUMÉRICO; 
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
83. ARQUIVOLOGIA X MEMÓRIA; 
84. ARQUIVO X CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO; 
85. LEGISLAÇÃO E ACESSIBILIDADE; 
86. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – LEI Nº 12.527/11; 
87. ARQUIVOS X HISTÓRIA; 
88. AS DIMENSÕES DA DIDÁTICA DO PROFESSOR – BREVE 
CONSIDERAÇÃO PARA O “BOM PROFESSOR”; 
89. DESPERTANDO O ALUNO PARA IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS DE 
ARQUIVO; 
90. O USO DA IMAGEM E DA FOTOGRAFIA. 
91. FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO 
92. RELIGIÃO; 
93. FILOSOFIA; 
94. SOCIOLOGIA. 
95. ÉTICA E FILOSOFIA 
96. A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA; 
97. ÉTICA SOFÍSTICA; 
98. SÓCRATES; 
99. PLATÃO; 
100. ARISTÓTELES; 
101. A ÉTICA NO PERÍODO HELENÍSTICO; 
102. A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL; 
103. A VIRTUDE CRISTÃ E A VIRTUDE PAGÃ; 
104. A CIDADE DE DEUS; 
105. A LIBERDADE DO CRISTÃO; 
106. A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA; 
107. BARUC ESPINOSA; 
108. BLAISE PASCAL; 
109. ROUSSEAU: A MORAL COMO RAZÃO E CONSCIÊNCIA; 
110. O UTILITARISMO; 
111. KANT E A ÉTICA DO DEVER; 
112. ÉTICA CONTEMPORÂNEA; 
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
113. FRIEDRICH NIETZSCHE; 
114. JEAN-PAUL SARTRE; 
115. APEL: A ÉTICA DO DISCURSO. 
116. A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES 
NAVEGAÇÕES; 
117. O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES; 
118. EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES; 
119. ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL; 
120. CICLO DO OURO; 
121. CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS; 
122. A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS, ELEVAÇÃO A REINO E FIM 
DA COLÔNIA. 
123. O GOVERNO JOSÉ SARNEY (1985-1990); 
124. O GOVERNO COLLOR DE MELLO (1990-1992); 
125. O GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1994); 
126. O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002); 
127. O GOVERNO LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010); 
128. O GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011 - ); 
129. A HISTÓRIA NO CONTEXTO PÓS-MODERNO. 
130. METODOLOGIA DO ENSINO DA HISTÓRIA 
131. TEORIAS DA HISTÓRIA; 
132. TEORIAS QUE NORTEARAM O SABER HISTÓRICO; 
133. O MATERIALISMO HISTÓRICO; 
134. O POSITIVISMO; 
135. A ESCOLA DOS ANNALES E A NOVA HISTÓRIA; 
136. A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA; 
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
137. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA OS ANOS DE 1960; 
138. O CONCEITO DE CULTURA; 
139. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 
140. AS FORMAS DE ESTADO, DE GOVERNO E SISTEMA DE 
GOVERNO; 
141. OS ANTECEDENTES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA; 
142. OS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA REPUBLICANA 
BRASILEIRA. 
143. HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL REPUBLICANO 
144. AS FORMAS DE ESTADO, DE GOVERNO E SISTEMA DE 
GOVERNO; 
145. OS ANTECEDENTES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA; 
146. OS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA REPUBLICANA 
BRASILEIRA. 
147. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
148. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO – FOCANDO NA ESTRUTURA DO 
NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL; 
149. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS; 
150. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS; 
151. FUNDAMENTOS SOCIOECONÔMICOS; 
152. FUNDAMENTOS ÉTICO-POLÍTICOS; 
153. A DISCIPLINA “ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO”; 
154. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO E LEGISLAÇÃO; 
155. TÓPICOS ESPECIAIS DE HISTÓRIA BRASILEIRA 
156. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA AOS ANOS DE 1960; 
157. O CONCEITO DE CULTURA; 
158. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 
159. ARQUIVOLOGIA 
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160. ARQUIVOS E DOCUMENTOS; 
161. FINALIDADE E FUNÇÃO; 
162. PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS; 
163. IMPORTÂNCIA DOS ARQUIVOS; 
164. TIPOS DE ARQUIVOS; 
165. CLASSIFICAÇÃO DE ARQUIVOS PÚBLICOS; 
166. ARQUIVOS X BIBLIOTECAS X MUSEUS; 
167. GESTÃO DE ARQUIVOS; 
168. CICLO DE VIDA; 
169. MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS; 
170. ALFABÉTICO; 
171. GEOGRÁFICO; 
172. IDEOGRÁFICO; 
173. NUMÉRICO; 
174. ALFANUMÉRICO; 
175. ARQUIVOLOGIA X MEMÓRIA; 
176. ARQUIVO X CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO; 
177. LEGISLAÇÃO E ACESSIBILIDADE;178. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – LEI Nº 12.527/11; 
179. ARQUIVOS X HISTÓRIA; 
180. AS DIMENSÕES DA DIDÁTICA DO PROFESSOR – BREVE 
CONSIDERAÇÃO PARA O “BOM PROFESSOR”; 
181. DESPERTANDO O ALUNO PARA IMPORTÂNCIA DOS 
DOCUMENTOS DE ARQUIVO; 
182. O USO DA IMAGEM E DA FOTOGRAFIA. 
183. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 
184. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 
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185. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 
186. AS DECLARAÇÕES UNIVERSAIS DOS DIREITOS E OS TRATADOS 
INTERNACIONAIS; 
187. AS DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 
188. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 
(PNEDH); 
189. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-POLÍTICA E JUSTIFICATIVAS 
AO PLANO; 
190. AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS; 
191. OBJETIVOS GERAIS DA PNEDH; 
192. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS 
HUMANOS; 
193. NA EDUCAÇÃO BÁSICA; 
194. NA EDUCAÇÃO SUPERIOR; 
195. NA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL; 
196. METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS; 
197. ÉTICA, CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA E CIDADANIA - EIXOS 
TEMÁTICOS PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA; 
198. ÉTICA; 
199. CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA; 
200. CIDADANIA; 
201. OS DIREITOS DAS MINORIAS ÉTNICAS E RACIAIS; 
202. POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO/AÇÕES AFIRMATIVAS; 
203. POLÍTICA DE RECONHECIMENTO; 
204. EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL RECONHECIDA COMO POLÍTICA 
PÚBLICA; 
205. AÇÕES AFIRMATIVAS E A SEPPIR. 
206. HISTÓRIA REGIONAL 
207. DO ILUMINISMO À NOVA HISTÓRIA – UM LONGO CAMINHO; 
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208. ILUMINISMO; 
209. POSITIVISMO; 
210. A TEORIA MARXISTA DA HISTÓRIA; 
211. ESCOLA DOS ANNALES – AS TRÊS GERAÇÕES; 
212. A DIMENSÃO DO RECORTE NA HISTORIOGRAFIA; 
213. MACRO E MICRO HISTÓRIA – UMA INTEGRAÇÃO POSSÍVEL; 
214. A MACRO-HISTÓRIA; 
215. A MICRO-HISTÓRIA; 
216. HISTÓRIA LOCAL, REGIONAL, URBANA E ORAL – ABRINDO 
POSSIBILIDADES; 
217. O LOCAL E O REGIONAL; 
218. A HISTÓRIA URBANA; 
219. HISTÓRIA ORAL; 
220. INTERDISCIPLINARIDADE E CONCEITOS BÁSICOS DE ESPAÇO, 
TERRITÓRIO E REGIÃO; 
221. AS FONTES HISTÓRICAS; 
222. A HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA; 
223. A LDB E OS PCNS PARA HISTÓRIA; 
224. O REGIONAL EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO; 
225. ALGUMAS EXPERIÊNCIAS E POSSIBILIDADES DE TRABALHO 
COM A HISTÓRIA REGIONAL/LOCAL; 
226. ESCOLA, HISTÓRIA, MEMÓRIA, CIDADANIA. 
227. BASES SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DOS DESCENDENTES 
AFRICANOS E POVOS INDÍGENAS 
228. ENTENDENDO A ANTROPOLOGIA; 
229. CONCEITOS E RAMIFICAÇÕES; 
230. DOS PRIMÓRDIOS DA ANTROPOLOGIA AO SÉCULO XIX; 
231. FORMAÇÃO DO SUJEITO BRASILEIRO – AS NOSSAS RAÍZES; 
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
232. A NOSSA FORMAÇÃO ÉTNICO-RACIAL; 
233. MIGRAÇÕES - FOCO NO BRASIL; 
234. MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E A XENOFOBIA; 
235. IMIGRANTES; 
236. MIGRANTES BRASILEIROS; 
237. ETNIA, RAÇA E MULTICULTURALISMO; 
238. CLASSIFICAÇÃO DE COR E RAÇA DO IBGE; 
239. ETNIA E RAÇA; 
240. MULTICULTURALISMO: DEFINIÇÕES E SURGIMENTO; 
241. CURRÍCULO, ETNIA E DIVERSIDADE CULTURAL; 
242. QUILOMBOLAS; 
243. AS COMUNIDADE QUILOMBOLAS; 
244. COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA DE ORIGEM QUILOMBOLA; 
245. IDENTIFICANDO A TERRA E LOCALIZANDO COMUNIDADES 
QUILOMBOLAS; 
246. AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS MUNICÍPIOS PARA 
CADASTRAR FAMÍLIAS QUILOMBOLAS; 
247. O PROGRAMA BRASIL QUILOMBOLA (PBQ); 
248. POPULAÇÕES INDÍGENAS; 
249. A REALIDADE, OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL 
E AS TERRAS INDÍGENAS (TIS); 
250. PROTEÇÃO SOCIAL – DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS; 
251. O CADASTRAMENTO DAS FAMÍLIAS INDÍGENAS; 
252. REVISITANDO A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES AFRICANAS; 
253. A RELIGIÃO NA ÁFRICA; 
254. AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS. 
255. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ENSINO DE CIÊNCIAS: uma história de 
controvérsias 
http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/34-artigos-amaralia.pdf
http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/34-artigos-amaralia.pdf
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 
 
 
256. A HISTÓRIA DA ÁFRICA NOS BANCOS ESCOLARES: representações e 
imprecisões na literatura didática 
257. FORMAÇÃO DA ALMA E DO CARÁTER NACIONAL: ensino de história na era 
Vargas 
258. NOVOS TEMAS EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: instituições 
escolares e educação na imprensa 
259. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA EO COTIDIANO DA SALA 
DE AULA 
260. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações, 1978-1998 
261. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações 
262. CAMINHOS DA HISTÓRIA ENSINADA 
263. HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA 
264. CURRÍCULOS DE HISTÓRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: os programas de 
história do Brasil na escola secundária 
265. CULTURA POLÍTICA E LEITURAS DO PASSADO: historiografia e ensino de 
história 
266. OS INTELECTUAIS E A POLÍTICA NO BRASIL: entre o povo e a nação 
267. O PROBLEMA NACIONAL BRASILEIRO 
268. POPULAÇÕES MERIDIONAIS DO BRASIL: história, organização e psicologia 
269. A EDUCAÇÃO PÚBLICA EM SÃO PAULO: problemas e discussões 
270. A UNIVERSIDADE DA COMUNHÃO PAULISTA 
271. A HISTÓRIA NA CULTURA CLÁSSICA 
272. UM QUARTO DE SÉCULO DE PROGRAMAS E COMPÊNDIOS DE 
HISTÓRIA PARA O ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO. 1931-1956. 
273. HISTÓRIA DO BRASIL PARA A QUARTA SÉRIE FUNDAMENTAL 
274. O HISTORIADOR E A CULTURA POPULAR: história de classe ou história do 
povo 
275. HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA NO ENSINO: há muitas pedras nesse 
caminho 
276. MEMÓRIA E HISTÓRIA PARA UMA NOVA VISÃO DA ENFERMAGEM NO 
BRASIL 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-546X2003000300003&script=sci_abstract&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-546X2003000300003&script=sci_abstract&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200006&script=sci_arttext&tlng=en
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200006&script=sci_arttext&tlng=en
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA54&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIppM&sig=mw_GXlBiN6mqsjV1uhYYk45hptI
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA54&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIppM&sig=mw_GXlBiN6mqsjV1uhYYk45hptI
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=pJYCuNOynMMC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=M7H4_eU9Oi&sig=QXgSwJbKo5QxOZSqey3jhSzW4MU
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA28&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIsnS&sig=V5ggNl7R5lkAJyKMvPVRSh0X2Xg
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA28&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIsnS&sig=V5ggNl7R5lkAJyKMvPVRSh0X2Xg
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=tG2gT1XSe3wC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=2Re_JRIAsP&sig=15BUPHN0xEQxulM8I3gYwg4DhCI
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=tG2gT1XSe3wC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=2Re_JRIAsP&sig=15BUPHN0xEQxulM8I3gYwg4DhCI
http://www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br/include/getdoc.php?id=455&article=209&mode=pdf
http://www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br/include/getdoc.php?id=455&article=209&mode=pdf
http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/24-1/artpdf/a8.pdf
http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/24-1/artpdf/a8.pdf
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo_links.php?link=http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691999000300012&lng=en&nrm=iso
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277. PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA: história e atualidade 
278. GEOGRAFIA E ENSINO: textos críticos 
279. HISTÓRIA DO CONE SUL 
280. POR QUE A HISTÓRIA POLÍTICA? 
281. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL (1930/1973) 
282. ESTUDOS DE HISTÓRIA DA CULTURA CLÁSSICA 
283. INQUIETAÇÕES E MUDANÇAS NO ENSINO DA ARTE 
284. HISTÓRIA AMBIENTAL NO BRASIL: pesquisa e ensino 
285. PANORAMA DAS PESQUISAS NO ENSINO DE HISTÓRIA 
286. CULTURA E HISTÓRIA SOCIAL: historiografia e pesquisa 
287. VARIAÇÕES SOBRE UM VELHO TEMA: o ensino de história 
288. OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO 
FUNDAMENTAL 
289. ESCRAVIDÃO EM MINAS GERAIS 
290. CINEMA E HISTÓRIA DO BRASIL 
291. O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA 
292. DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA 
293. ANÁLISE POLÍTICA NO ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL 
294. O ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL: trajetória e perspectivas 
295. PÁTRIA, CIVILIZAÇÃO E TRABALHO: o ensino de história nas escolas 
paulistas, 1917-1939 
296. HISTÓRIA NA SALA DE AULA: conceitos, práticas e propostas 
297. REPRESENTAÇÕES E LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA 
298. O ENSINO DE HISTÓRIA EA CRIAÇÃO DO FATO 
299. REPENSANDO O ENSINO DE HISTÓRIA 
300. A CRIAÇÃO DO FATO: que fato ensinar em classe? 
301. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações 
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=HP1ee-tK2REC&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=8cJ1f1jzwv&sig=OmEfhZgvdPxAjbWxMEsljvu2kYY
http://virtualbib.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/1975
http://anaejorge.dominiotemporario.com/doc/Inquietacoes.pdf
http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/saeculum06-07_art09_zamboni.pdf
http://www.nesp.unb.br/polrhs/Temas/os_param_curric_nac_ef.htm
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http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACItjL&sig=HdaSJXD59J8KbIJGMCXxxeiw6GI
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=jkALc71ydOwC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=s5LWsEIhAd&sig=HBtns99LkPTfhXm0SCg0AiXRpvU
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=sjJaTRKly_AC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0oRb_t6ja9&sig=sm1KIQHexbJtSYOZwVwKCVQchQY
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=sjJaTRKly_AC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0oRb_t6ja9&sig=sm1KIQHexbJtSYOZwVwKCVQchQY
http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=RzN6e2KxJCEC&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=-HBuPf_MDP&sig=Dj1zp89ltATkcnzYTVW-8XVapWc
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200005&script=sci_arttext&tlng=en
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302. HISTÓRIA, FILOSOFIA E ENSINO DE CIÊNCIAS: a tendência atual de 
reaproximação 
303. EDUCAÇÃO, IDEOLOGIA E CONTRA-IDEOLOGIA 
 
 
 
 
ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE 
OU REFERÊNCIA 
 
 
 
Estudos Avançados 
On-line version ISSN 1806-9592 
Estud. av. vol.18 no.52 São Paulo Sept./Dec. 2004 
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142004000300015 
DOSSIÊ RELIGIÕES NO BRASIL 
 
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado 
religioso 
 
 
Reginaldo Prandi 
 
 
RESUMO 
DESDE os estudos de Roger Bastide, na década de 1940, muita coisa mudou no Brasil, 
também no âmbito das religiões e das religiões afro-brasileiras. Velhas tendências foram 
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confirmadas, novas direções foram se impondo. Religiões recém-criadas se enfrentam 
com as mais antigas, velhas religiões assumem novas formas e veiculam renovados 
conteúdos para enfrentar a concorrência mais acirrada no mercado religioso. Vou tratar 
aqui de um ramo religioso pequeno demograficamente, porém importante do ponto de 
vista de seu significado para a cultura brasileira e da visibilidade que transborda de seu 
universo de seguidores: as religiões afro-brasileiras. Trata-se de acompanhar as 
mudanças numéricas encontradas pelos censos para dimensionar os seguidores das 
religiões afro-brasileiras, e de examinar algumas de suas características, como cor e 
escolaridade, para então avançar, sem perder de vista as peculiaridades constitutivas e 
organizacionais dos cultos e terreiros, alguma explicação sobre mudanças pelas quais 
vêm passando essas religiões nos dias de hoje. 
 
ABSTRACT 
MUCH HAS changed in Brazil since the studies of Roger Bastide in the 1940s, including 
the religious milieu of the Afro-Brazilian religions. Old trends were confirmed, new 
directions imposed themselves. Newfangled religions confront the more established ones; 
old religions take on new forms and convey renewed contents to face increasingly 
strenuous competition in the religious marketplace. I will deal here with a 
demographically small religious faction that is nevertheless important in Brazilian culture 
because of the visibility of its followers: the Afro-Brazilian religions. I will examine the 
various census figures in an attempt to assess the breadth of Afro-Brazilian religions and 
will examine some traits of their followers - such as race and educational level. Then, 
without losing sight of the constitutional and organizational peculiarities of the cults and 
the terreiros [ritual grounds of the Candomble religion], I will attempt an explanation for 
the changes these religions are presently undergoing. 
 
 
 
As religiões afro-brasileiras em mudança 
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O CANDOMBLÉ - religião brasileira dos orixás e outras divindades africanas que se 
constituiu na Bahia no século XIX - e demais modalidades religiosas conhecidas pelas 
denominações regionais de xangô, em Pernambuco, tambor-de-mina, no Maranhão, e 
batuque, no Rio Grande do Sul, formavam, até meados do século XX, uma espécie de 
instituição de resistência cultural, primeiramente dos africanos, e depois dos afro-
descendentes, resistência à escravidão e aos mecanismos de dominação da sociedade 
branca e cristã que marginalizou os negros e os mestiços mesmo após a abolição da 
escravatura. Eram religiões de preservação do patrimônio étnico dos descendentes dos 
antigos escravos. Assim foram conhecidas e analisadas por Roger Bastide que, 
entretanto, já observava a presença de brancos no candomblé no final da década de 
1940, antecipando a transformação do candomblé e congêneres em religiões de caráter 
universal (Bastide, 1945, 1971, 1978). De lá para cá, muita coisa mudou, fazendo dessas 
religiões organizações de culto desprendidas das amarras étnicas, raciais, geográficas e 
de classes sociais. Não tardou e foram lançadas no mercado religioso, o que significa 
competir com outras religiões na disputa por devotos, espaço e legitimidade. 
No início do século XX, enquanto os cultos africanos tradicionais eram preservados em 
seus nascedouros brasileiros, uma nova religião se formava no Rio de Janeiro, a 
umbanda, síntese dos antigos candomblés banto e de caboclo transplantados da Bahia 
para o Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o XX, com o espiritismokardecista, chegado da França no final do século XIX. Rapidamente disseminada por todo 
o Brasil, a umbanda prometia ser a única grande religião afro-brasileira destinada a se 
impor como universal e presente em todo o País (Camargo, 1961). E de fato não tardou 
a se espalhar também por países do Cone Sul e depois mais além (Oro, 1993). Chamada 
de "a religião brasileira" por excelência, a umbanda juntou o catolicismo branco, a 
tradição dos orixás da vertente negra, e símbolos, espíritos e rituais de referência 
indígena, inspirando-se, assim, nas três fontes básicas do Brasil mestiço. 
No curso da década de 1960, entretanto, o velho candomblé surgiu como forte 
competidor da umbanda. Com sua lógica própria e sua capacidade de fornecer ao devoto 
uma rica e instigante interpretação do mundo, o candomblé foi se espalhando da Bahia 
para todo o Brasil, seguindo a trilha já aberta pela vertente umbandista. Foi se 
transformando e se adaptando a novas condições sociais e culturais. Religião que agora é 
de todos, o candomblé enfatiza a idéia de que a competição na sociedade é bem mais 
aguda do que se podia pensar, que é preciso chegar a níveis de conhecimento mágico e 
religioso muito mais densos e cifrados para melhor competir em cada instante da vida, 
que o poder religioso tem amplas possibilidades de se fazer aumentar. Ensina que não há 
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nada a esconder ou reprimir em termos de sentimentos e modos de agir, com relação a 
si mesmo e com relação aos demais, pois neste mundo podemos ser o que somos, o que 
gostaríamos de ser e o que os outros gostariam que fôssemos - a um só tempo (Prandi, 
1991 e 1996). Como agência de serviços mágicos, que também é, oferece ao não-devoto 
a possibilidade de encontrar solução para problema não resolvido por outros meios, sem 
maiores envolvimentos com a religião. Sua magia passou a atender a uma larga 
clientela, o jogo de búzios e os ebós do candomblé rapidamente se popularizaram, 
concorrendo com a consulta a caboclos e pretos-velhos da umbanda. 
Parcela importante da legitimidade social que a cultura negra do candomblé desfruta hoje 
foi gestada a partir de uma nova estética formulada pela classe média intelectualizada do 
Rio de Janeiro e de São Paulo nas décadas de 1960 e 1970, que adotou e valorizou mais 
do que nunca aspectos negros da cultura baiana, seus artistas e intelectuais. Começava o 
que chamei de processo de africanização do candomblé (Prandi, 1991), em que o retorno 
deliberado à tradição significa o reaprendizado da língua, dos ritos e mitos que foram 
deturpados e perdidos na adversidade da Diáspora; voltar à África não para ser africano, 
nem para ser negro, mas para recuperar um patrimônio cuja presença no Brasil é agora 
motivo de orgulho, sabedoria e reconhecimento público, e assim ser o detentor de uma 
cultura que já é, ao mesmo tempo, negra e brasileira, porque o Brasil já se reconhece no 
orixá, o Brasil com axé. 
Em resumo, ao longo do processo de mudanças mais geral que orientou a constituição 
das religiões dos deuses africanos no Brasil, o culto aos orixás primeiro misturou-se ao 
culto dos santos católicos para ser brasileiro, forjando-se o sincretismo; depois apagou 
elementos negros para ser universal e se inserir na sociedade geral, gestando-se a 
umbanda; finalmente, retomou origens negras para transformar também o candomblé 
em religião para todos, iniciando um processo de africanização e dessincretização para 
alcançar sua autonomia em relação ao catolicismo. Nos tempos atuais, as mudanças 
pelas quais passam essas religiões são devidas, entre outros motivos, à necessidade da 
religião se expandir e se enfrentar de modo competitivo com as demais religiões. A maior 
parte dos atuais seguidores das religiões afro-brasileiras nasceu católica e adotou a 
religião que professa hoje em idade adulta. Não é diferente para evangélicos e membros 
de outros credos. 
 
Quantos são os de religião afro-brasileira? 
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Segundo o recenseamento de 2000, apenas 0,3% da população brasileira adulta 
declaram-se pertencentes a uma das religiões afro-brasileiras, o que corresponde a 
pouco mais de 470 mil seguidores, embora pesquisas feitas com metodologia mais 
precisa indicam valores maiores, da ordem de pelo menos o dobro das cifras encontradas 
pelo censo (Pierucci e Prandi, 1996). Quando se trata das religiões afro-brasileiras, as 
estatísticas sobre os seguidores costumam oferecem números subestimados, o que se 
deve às circunstâncias históricas nas quais essas religiões surgiram no século XIX, 
quando o catolicismo era a única religião tolerada no País, a religião oficial, e a fonte 
básica de legitimidade social. Para se viver no Brasil, mesmo sendo escravo, e 
principalmente depois, sendo negro livre, era indispensável, antes de mais nada, ser 
católico. Por isso, os negros que recriaram no Brasil as religiões africanas dos orixás, 
voduns e inquices se diziam católicos e se comportavam como tais. Além dos rituais de 
seu ancestrais, freqüentavam também os ritos católicos. Continuaram sendo e se dizendo 
católicos, mesmo com o advento da República, no fim do século XIX, quando o 
catolicismo perdeu a condição de religião oficial e deixou de ser a única religião tolerada 
no país. 
Desde o início as religiões afro-brasileiras se fizeram sincréticas, estabelecendo 
paralelismos entre divindades africanas e santos católicos, adotando o calendário de 
festas do catolicismo, valorizando a freqüência aos ritos e sacramentos da Igreja católica. 
Assim aconteceu com o candomblé da Bahia, o xangô de Pernambuco, o tambor-de-mina 
do Maranhão, o batuque do Rio Grande do Sul e outras denominações, todas elas 
arroladas pelo censo do ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sob o nome 
único e mais conhecido: candomblé. Até recentemente, essas religiões eram proibidas e, 
por isso, duramente perseguidas por órgãos oficiais. Continuam a sofrer agressões, hoje 
menos da polícia e mais de seus rivais pentecostais, e seguem sob forte preconceito, o 
mesmo preconceito que se volta contra os negros, independentemente de religião. Por 
tudo isso, é muito comum, mesmo atualmente, quando a liberdade de escolha religiosa 
já faz parte da vida brasileira, muitos seguidores das religiões afro-brasileiras ainda se 
declararem católicos, embora sempre haja uma boa parte que declara seguir a religião 
afro-brasileira que de fato professa. Isso faz com que as religiões afro-brasileiras 
apareçam subestimadas nos censos oficiais do Brasil, em que o quesito religião só pode 
ser pesquisado de modo superficial. 
Com o tempo, as religiões afro-brasileiras tradicionais se espalharam pelo Brasil todo, 
passando por muitas inovações, mas quanto mais tradicionais os redutos pesquisados, 
mais os afro-brasileiros continuam se declarando, e se sentindo, católicos. Mais perto da 
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tradição, mais católico. Um mapeamento dos afro-brasileiros declarados nas diferentes 
regiões mostra isso muito bem: eles são em número relativamente pequeno no 
Nordeste, região em que a religião afro-brasileira tradicional se formou, o que pode 
parecer paradoxal, e em número bem maior nas regiões em que se instalou mais 
recentemente, já no século XX, e onde a mudança religiosa no campo afro-brasileiro tem 
se mostrado mais vigorosa, casos do Sudeste e do Sul. Até hoje o catolicismo é uma 
máscara usada pelas religiões afro-brasileiras, máscara que, evidentemente, as esconde 
também dos recenseamentos.Por sua vez, a umbanda é igualmente problemática quando se trata de quantificar seus 
seguidores. No início, a nova religião denominou-se espiritismo de umbanda, e não é 
incomum, ainda atualmente, os umbandistas se chamarem de espíritas, quando não de 
católicos. A umbanda conservou do candomblé o sincretismo católico: mais que isto, 
assimilou preces, devoções e valores católicos que não fazem parte do universo do 
candomblé. Na sua constituição interna, a umbanda é muito mais sincrética que o 
candomblé. 
Voltemos à questão dos números. O crescimento das cifras de adeptos declarados do 
candomblé e da umbanda, de um censo para outro, poderia ser atribuído a duas fontes 
de variação. Primeiro, os números refletiriam um aumento real no número de 
seguidores; segundo, seria conseqüência do fato de que a expansão da liberdade de 
crença no Brasil faria com que mais adeptos do candomblé e umbanda, que antes se 
escondiam sob a rubrica de católicos e espíritas, se declarassem de religião afro-
brasileira. Os números crescentes mostrariam que a religião cresce porque tem mais fiéis 
ou porque uma parcela maior dos antigos seguidores passa a se declarar abertamente. 
Feitas essas ressalvas, o que os dados disponíveis nos mostram é que o conjunto das 
religiões afro-brasileiras vem perdendo adeptos nos últimos vinte anos, os números são 
decrescentes. Considerando que, atualmente, são menos imperativas as razões que têm 
levado os afro-brasileiros a se declararem católicos ou espíritas, a queda recentemente 
observada só pode ser real, e pode até mesmo ser maior, uma vez que em censos 
anteriores as taxas de "escondidos" podiam ser maiores que as de agora. 
De todo modo, o pequeno contingente de afro-brasileiros declarados, em 1980, 
representava apenas 0,6% da população brasileira residente. Em 1991, eles eram 0,4% 
e agora, em 2000, são 0,3%. De 1980 a 1991, os afro-brasileiros perderam trinta mil 
seguidores declarados, perda que na década seguinte subiu para 71 mil. Ou seja, o 
segmento das religiões afro-brasileiras está em declínio. 
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Podem ser muitas as razões do declínio afro-brasileiro, mas certamente elas estão 
associadas às novas condições da expansão das religiões no Brasil no contexto do 
mercado religioso. A oferta de serviços que a religião é capaz de propiciar aos 
consumidores religiosos e as estratégias de acessar os consumidores e criar novas 
necessidades religiosas impõem mudanças que nem sempre religiões mais ajustadas à 
tradição conseguem assumir. É preciso, sobretudo, enfrentar-se com os concorrentes, 
atualizar-se. Para religiões antigas, podem ocorrer mudanças que mobilizam apenas um 
setor dos líderes e devotos, como, por exemplo, ontem, a fração das Comunidades 
Eclesiais de Base e, hoje, a parcela da Renovação Carismática do catolicismo (Prandi, 
1997). Isso vale para os grandes grupos religiosos. No caso dos evangélicos, avançam os 
renovados pentecostais, mas declinam algumas das denominações históricas. 
Certamente, o sincretismo católico, que por quase um século serviu de guarida aos afro-
brasileiros, não deve mais lhes ser tão confortável. Quando o próprio catolicismo está em 
declínio, a âncora sincrética católica pode estar pesando desfavoravelmente para os afro-
brasileiros, fazendo-os naufragar. Por outro lado, é sabido como muitas igrejas 
neopentecostais têm crescido às custas das religiões afro-brasileiras, sendo que para 
uma de suas mais bem-sucedidas versões, a Igreja Universal do Reino de Deus, o ataque 
sem trégua ao candomblé e à umbanda e a seus deuses e entidades é constitutivo de sua 
própria identidade (Mariano, 1999). 
Mas se o conjunto dos afro-brasileiros está em declínio, essa queda é devida ao 
segmento umbandista, que cai, enquanto sobe o candomblé. Os censos de 1991 e 2000 
fornecem dados separados para a umbanda e o candomblé, sendo que a classificação 
candomblé reúne as chamadas religiões afro-brasileiras tradicionais (candomblé, xangô, 
tambor-de-mina, batuque). Como, pelo menos desde a década de 1950, a umbanda tem 
sido majoritária no conjunto afro-brasileiro, seu peso maior reflete diretamente na 
estatística geral do conjunto, indicando declínio. 
Mas a participação relativa do candomblé tem aumentado. Em 1991, o candomblé já 
tinha conquistado 16,5% dos seguidores das diferentes denominações de origem 
africana. Em 2000, esse número passou a 24,4%. O candomblé cresceu para dentro e 
para fora do universo afro-brasileiro. Seus seguidores declarados eram cerca de 107 mil 
em 1991 e quase 140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 31,3% num 
período em que a população brasileira cresceu 15,7%. Sem dúvida, um belo crescimento. 
Por outro lado, a umbanda, que contava com aproximadamente 542 mil devotos 
declarados em 1991, viu seu contingente reduzido para 432 mil em 2000. Uma perda 
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enorme, de 20,2%. E porque o peso da umbanda é maior que o do candomblé na 
composição das religiões afro-brasileiras, registrou-se para este conjunto nada mais nada 
menos que um declínio de 11,9% numa só década. Na década anterior, fato para o qual 
Ricardo Mariano chamou a devida atenção (Mariano, 2001), as religiões afro-brasileiras 
já tinham sofrido uma perda de 4,5%, declínio que não somente se confirmou como se 
agravou na década seguinte. O conjunto encolheu, mas o candomblé cresceu. 
 
Sincretismo, magia e o enfrentamento com pentecostais 
Em seu processo de transformação em religião universal, isto é, religião que se oferece 
para todos, o candomblé conheceu o que chamamos de movimento de africanização, que 
implica certas reformas de orientação fortemente intelectual, como o reaprendizado das 
línguas africanas esquecidas ao longo de um século, a recuperação da mitologia dos 
deuses africanos, que em parte também se perdeu nesses anos todos de Brasil, e a 
restauração de cerimoniais africanos (Prandi, 1991 e 2000). Um elemento importante do 
movimento de africanização do candomblé e sua constituição como religião autônoma 
inserida no mercado religioso é o processo de dessincretização, com o abandono de 
símbolos, práticas e crenças de origem católica. É a descatolização do candomblé, que se 
descentra do catolicismo e se assume como religião autônoma. 
Esse processo de africanização, evidentemente, é muito desigual e depende das 
diferentes situações com que se depara aqui e ali. Podemos, contudo, afirmar com 
segurança que o candomblé que mais se espalha pelo Brasil, o que mais cresce, é esse 
que vai cada vez mais deixando de lado as ligações com o catolicismo. Um seguidor 
desse candomblé pode, se quiser, freqüentar ritos da igreja católica, mas essa 
participação já não será mais vista como parte do preceito obrigatório a que estavam 
sujeitos os membros dos candomblés mais antigos; já não é mais um dever ritual. Não é 
mais necessário mostrar-se católico para poder louvar os deuses africanos, assim como 
não é mais necessário ser católico para ser brasileiro. 
Um seguidor da umbanda está longe dessas preocupações. Ao contrário, em vez de 
fortalecer sua identidade religiosa, uma aspiração muito corrente entre os umbandistas é 
a de se iniciarem também no candomblé. Muitos o fazem e entre esses não são poucos 
os que acabam abandonando a umbanda definitivamente para se dedicar aos orixás 
segundo o rito do candomblé. Assim se enfraquece a autonomia umbandista. Nos ritos da 
umbanda, as preces católicas e a invocação de Jesus, Maria e santos da igreja nas letras 
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.brdos cantos sagrados continuam indispensáveis. Num hipotético processo de 
dessincretização da umbanda, grande parte de seu hinário teria que ser abandonada, 
pois as referências às crenças católicas são muito explícitas. 
Umbanda e candomblé são religiões mágicas. Ambas pressupõem o conhecimento e o 
uso de forças sobrenaturais para intervenção neste mundo, o que privilegia o rito e 
valoriza o segredo iniciático. Além do sacerdócio religioso, a magia é quase que uma 
atividade profissional paralela de pais e mães-de-santo, voltada para uma clientela sem 
compromisso religioso (Pierucci, 2001). Nesses termos, o candomblé é visto dentro do 
próprio segmento afro-brasileiro como fonte de maior poder mágico que a umbanda, o 
que atrai para o seio do candomblé muitos umbandistas. 
Para o candomblé, que está mais perto do pensamento africano que a umbanda, o bem e 
o mal não se separam, não são campos distintos. A umbanda, porém, quando se formou, 
se imaginou também como religião ética, capaz de fazer a distinção entre o bem e o mal, 
à moda ocidental, cristã. Mas acabou criando para si uma armadilha. Separou o campo 
do bem do campo do mal. Povoou o primeiro com seus guias de caridade, os caboclos, 
pretos-velhos e outros espíritos bons, à moda kardecista. Para controlar o segundo, 
arregimentou um panteão de exus-espíritos e pombagiras, entidades que não se 
acanham em trabalhar para o mal quando o mal é considerado necessário (Prandi, 
2001a). Ficou dividida entre dois campos éticos opostos, "entre a cruz e a encruzilhada", 
na feliz expressão de Lísias Nogueira Negrão (1996). 
Tratado durante muito tempo com discrição e segredo, o culto dos exus e pombagiras, 
identificados erroneamente como figuras diabólicas, veio recentemente a ocupar na 
umbanda lugar aberto e de realce (Prandi, 1996, cap. 4 e 2001). Era tudo de que 
precisava um certo pentecostalismo: agora o diabo estava ali bem à mão, nos terreiros 
adversários, visível e palpável, pronto para ser humilhado e vencido. O 
neopentecostalismo leva ao pé da letra a idéia de que o diabo está entre nós, incitando 
seus seguidores a divisá-lo nos transes rituais dos terreiros de candomblé e umbanda. 
Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, em cerimônias fartamente veiculadas 
pela televisão, submetem desertores da umbanda e do candomblé, em estado de transe, 
a rituais de exorcismo, que têm por fim humilhar e escorraçar as entidades espirituais 
afro-brasileiras incorporadas, que eles consideram manifestações do demônio (Mariano, 
1999). 
A umbanda e o candomblé, cada qual a seu modo, são bastante valorizados no mercado 
de serviços mágicos e sempre foi grande a sua clientela, mas ambos enfrentam hoje a 
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concorrência de incontáveis agências de serviços mágicos e esotéricos de todo tipo e 
origem, sem falar de outras religiões, que inclusive se apropriam de suas técnicas, 
sobretudo as oraculares. Concorrem entre si e concorrem com os outros. Por fim, foram 
deixados em paz pela polícia (quase sempre), mas ganharam inimigos muito mais 
decididos e dispostos a expulsá-los do cenário religioso, contendores que fazem da 
perseguição às crenças afro-brasileiras um ato de fé, o que se pode testemunhar tanto 
no recinto fechado dos templos como no ilimitado e público espaço da televisão e do 
rádio. Não foi um ato isolado e gratuito o discurso do pastor fluminense Samuel 
Gonçalves, da Assembléia de Deus, um dos apoiadores do candidato evangélico Anthony 
Garotinho à Presidência da República, em que afirmou que uma das "três maldições" do 
Brasil é a religião africana (Folha de S. Paulo, 30/7/2002, p. A6). 
 
Organização e concorrência 
Candomblé e umbanda são religiões de pequenos grupos que se congregam em torno de 
uma mãe ou pai-de-santo, denominando-se terreiro também cada um desses grupos. 
Embora se cultivem relações protocolares de parentesco iniciático entre terreiros, cada 
um deles é autônomo e auto-suficiente, e não há organização institucional eficaz alguma 
que os unifique ou que permita uma ordenação mínima capaz de estabelecer planos e 
estratégias comuns na relação da religião afro-brasileira com as outras religiões e o resto 
da sociedade. As federações de umbanda e candomblé, que supostamente uniriam os 
terreiros, não funcionam, pois não há autoridade acima do pai ou da mãe-de-santo 
(Concone e Negrão, 1987). Além disso, os terreiros competem fortemente entre si e os 
laços de solidariedade entre os diferentes grupos são frágeis e circunstanciais. Não há 
organização empresarial e não se dispõe de canais eletrônicos de comunicação. 
Sobretudo, nem o candomblé em suas diferentes denominações nem a umbanda têm 
quem fale por eles, muito menos quem os defenda. Muito diferente das modernas 
organizações empresariais das igrejas evangélicas, que usam de técnicas modernas de 
marketing, que treinam seus pastores-executivos para a expansão e a prosperidade 
material das igrejas, que contam com canais próprios e alugados de televisão e rádio, e 
com representação aguerrida nos legislativos municipais, estaduais e federal. Mais que 
isso, a derrota das religiões afro-brasileiras é item explícito do planejamento 
expansionista pentecostal: há igrejas evangélicas em que o ataque às religiões afro-
brasileiras e a conquista de seus seguidores são práticas exercidas com regularidade e 
justificadas teologicamente. Por exemplo, na prática expansiva de uma das mais 
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dinâmicas igrejas neopentecostais, fazer fechar o maior número de terreiros de umbanda 
e candomblé existentes na área em que se instala um novo templo é meta que o pastor 
tem que cumprir. 
Grande parte da fraqueza das religiões afro-brasileiras advém de sua própria constituição 
como reunião não organizada e dispersa de grupos pequenos e quase domésticos, que 
são os terreiros. Num passado recente, entre as décadas de 1950 e 1970, as religiões de 
conversão se caracterizavam pela formação de pequenas comunidades, em que todos se 
conheciam e se relacionavam. A religião recriava simbolicamente relações sociais 
comunitárias que o avanço da industrialização e da urbanização ia deixando de lado. 
Tanto no terreiro afro-brasileiro como na igreja evangélica, o adepto se sentia parte de 
um pequeno e bem definido grupo. Ao contrário disso, a religião típica da década de 
1980 em diante é uma religião de massa. As reuniões religiosas são realizadas em 
grandes templos, situados preferencialmente nos lugares de maior fluxo de pessoas, com 
grande visibilidade, que funcionam o tempo todo - algumas 24 horas - e que reúnem 
adeptos vindos de todos os lugares da cidade, adeptos que podem freqüentar a cada dia 
um templo localizado em lugar diferente. Os crentes seguem a religião, mas já não 
necessariamente se conhecem. O culto também é oferecido dia e noite no rádio e na 
televisão e o acesso ao discurso religioso é sempre imediato, fácil. Os pastores são 
treinados para um mesmo tipo de pregação uniforme e imediatista. No catolicismo 
carismático, por sua vez, a constituição dos pequenos grupos de oração teve que se 
calçar na criação dos grandes espetáculos de massa das missas dançantes celebradas 
pelos padres cantores (Souza, 2001). Nesses vinte anos, mudou muito a forma como a 
religião é oferecida pelos mais bem-sucedidos grupos religiosos. São mudanças a que o 
candomblé e a umbanda não estão afeitos. Não são capazes de se massificar, mesmo 
porque a vida religiosa de um afro-brasileiro se pauta principalmente pelo desempenho 
de papéis sacerdotais dentro de um grupo de características eminentemente familiares. 
Não é à toa que o grupo de culto é chamadode família-de-santo. Mais que isso: as 
cerimônias secretas das obrigações e sacrifícios não são abertas sequer a todos os 
membros de um terreiro, havendo sempre uma seleção baseada nos níveis iniciáticos, 
não sendo concebível a sua exposição a todos, muito menos sua divulgação por meio 
televisivo. 
Além de se constituírem em pequenas unidades autônomas, reunindo, em geral, não 
mais que cinqüenta membros, os terreiros de candomblé e umbanda usualmente 
desaparecem com o falecimento da mãe ou pai-de-santo, tanto pelas disputas de 
sucessão como pelo fato bastante recorrente de que os herdeiros civis da propriedade e 
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demais bens materiais do terreiro, tudo propriedade particular do finado chefe, não se 
interessam pela continuidade da comunidade religiosa. A não ser em uma dúzia de casas 
que se transformaram em emblemas de importância regional ou mesmo nacional para a 
religião, dificilmente um terreiro sobrevive a seu fundador. Tudo sempre começa de 
novo, pouco se acumula. 
Fragmentada em pequenos grupos, fragilizada pela ausência de algum tipo de 
organização ampla, tendo que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do 
negro para a cultura negra, a religião dos orixás tem poucas chances de se sair melhor 
na competição - desigual - com outras religiões. Silenciosamente, assistimos hoje a um 
verdadeiro massacre das religiões afro-brasileiras. Sem um projeto novo de expansão e 
de reorientação num quadro religioso que se tornou extremamente complexo e 
competitivo, a umbanda talvez tenha menos recursos que o candomblé para enfrentar a 
nova conjuntura. Os dados dos censos mostram que é da umbanda que vem o 
encolhimento demográfico do segmento religioso afro-brasileiro, e o vigor do novo 
candomblé não tem sido suficiente para compensar as perdas. Nem seus líderes, em 
grande parte pouco escolarizados, têm sabido como reagir ou como se organizar, mais 
preocupados que estão em garantir o funcionamento de seus terreiros. A umbanda tem 
menos de cem anos de idade e parece não conseguir se adaptar às novas demandas que 
a sociedade apresenta. Já o candomblé, que é pelo menos um século mais antigo que a 
umbanda, porém renovado pelas mutações que vem sofrendo em sua expansão, tem se 
mostrado mais ágil para se adequar aos novos tempos. É mais uma demonstração de 
que a religião que não muda morre. 
De todo modo, a importância cultural da umbanda, do candomblé, do xangô, do tambor-
de-mina, do batuque e outras denominações menores no cenário cultural brasileiro tem 
sido sempre maior que seu alcance demográfico em termos da efetiva filiação de 
seguidores. Sua contribuição às mais diferentes áreas da cultura brasileira é riquíssima, 
como acontece também noutros países americanos em que se constituíram religiões de 
origem negro-africana. Mas, se se confirma que o Brasil vem se tornando religiosamente 
menos afro-brasileiro, a fonte viva de valores, visões de mundo, arranjos estéticos, 
aromas, sabores, ritmos etc., que são os terreiros de candomblé e umbanda, pode entrar 
em processo de extinção. Não seria um horizonte promissor para o cultivo da diferença 
cultural e do pluralismo religioso, cujo alargamento alimentou promessas do final do 
século XX de mais democracia, diversidade, tolerância e liberdade. 
 
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Religião e seguidores em mudança 
Houve tempo em que a mudança de religião representava uma ruptura social e cultural, 
além de ruptura com a própria biografia, com adesão a novos valores, mudança de visão 
de mundo, adoção de novos modelos de conduta etc. A conversão era um drama, 
pessoal e familiar, representava uma mudança drástica de vida. O que significa hoje 
mudar de religião, quando a mudança religiosa parece não comover ninguém, como se 
mudar de religião fosse já um direito líquido e certo daquele que se transformou numa 
espécie de consumidor, consumidor religioso, como já se chamou esse converso? 
Certamente o drama é menos profundo (Pierucci e Prandi, 1996 e Prandi, 2001b). 
As mais díspares religiões, assim, surgem nas biografias dos adeptos como alternativas 
que se pode pôr de lado facilmente, que se pode abandonar a uma primeira experiência 
de insatisfação ou desafeto, a uma mínima decepção. São inesgotáveis as possibilidades 
de opção, intensa a competição entre elas, fraca sua capacidade de dar a última palavra. 
A religião de hoje é a religião da mudança rápida, da lealdade pequena, do compromisso 
descartável. 
Mas não somente o crente muda de um credo para outro, desta para aquela religião. As 
religiões mudam também e mudam muito rapidamente, muitas vezes suas 
transformações apontando para um outro público-alvo, visando a uma clientela 
anteriormente fora do alcance de sua mensagem. É verdade que a religião muda a 
reboque da sociedade, sobretudo no que diz respeito aos modelos de conduta que prega 
e valores que propaga, freqüentemente adaptando-se a transformações sociais e 
culturais já plenamente em curso, num esforço para não perder o trem da história, como 
tem ocorrido especialmente com a igreja católica. Hoje, provavelmente, muitas das 
mudanças contemplam não especificamente a sociedade em transformação, mas o 
conjunto das diferentes religiões que se oferecem como alternativas sacrais, o que 
significa que a religião muda para poder melhor competir com as outras crenças em 
termos da adesão de fiéis, e não em razão de se pôr numa posição axiológica mais 
compatível com os avanços da sociedade, embora isso também possa ser importante e 
às vezes pressuposto na dinâmica do próprio mercado religioso. Posições anteriormente 
alcançadas, tanto no plano da filosofia religiosa como no das conseqüências políticas e de 
orientação na vida cotidiana, que derivam dos valores então assumidos, podem ser 
completamente abandonadas, com a busca de novos modelos que possam melhor 
apetrechar aquela religião na concorrência com as demais. 
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Grupos religiosos, igrejas e denominações cindem-se e se multiplicam, ampliando ainda 
mais a oferta. Outras apresentam facetas múltiplas, mantendo a unidade institucional, 
mas sendo capazes de atender a demandas variadas a partir de mensagens diferentes e 
movimentos particulares, embora gostem de advogar que a diversidade que contemplam 
e produzem repousa em verdades teológicas únicas. É bastante notória a facilidade com 
que um adepto do candomblé muda de terreiro, de nação, de grupo religioso, sempre à 
procura de soluções que acredita poder encontrar fora da comunidade de culto em que se 
iniciou, trafegando pela enorme variedade de modos de proceder o culto existente no 
interior do próprio candomblé. Quando não abandona a própria religião para 
experimentar as mesmas promessas de conforto e felicidade em território pentecostal, 
por exemplo, o que tem sido uma tendência nada desprezível do trânsito religioso 
brasileiro nas duas últimas décadas. 
Evidentemente, os motivos que reforçam a diversidade religiosa não se encontram 
somente no âmbito dos crentes seguidores, os consumidores de religião, agindo, 
sobretudo, no interior da própria organização religiosa. Mudanças internas da religião não 
significam necessariamente perigo para a sua sobrevivência institucional, não implicam 
apenas separação e ruptura. Ao contrário, quem não muda não sobrevive. Interesses 
vários podem então ser exercitados com maior liberdade, numa competição interna cujo 
sucesso se mede não pelos alcances teológicos possíveis, mas pela adesãode crentes. A 
própria carreira sacerdotal se vê compelida a incorporar novas habilidades, como aquelas 
até bem pouco mais apropriadas aos homens de negócios e mais marcadamente 
atributivas de artistas, ginastas e estrelas de TV, entre outras qualidades. Vejam-se, por 
exemplo, as mudanças profundas que o movimento de Renovação Carismática introduziu 
no modelo do clérigo católico brasileiro (Prandi, 1997). 
Se isso ocorre em religiões unificadas institucionalmente, pode-se imaginar o que 
acontece em religiões sem unidade administrativa e doutrinária, como as afro-brasileiras, 
em que cada terreiro tem para com os demais obrigações apenas protocolares, cada um 
com seu governo independente. 
Mesmo em se tratando de religiões severamente consolidadas em termos de organização 
sacerdotal e obrigações hierárquicas, surgem novos horizontes de mobilidade social 
baseada na capacidade pessoal de inovação e empreendimento do sacerdote. Nas 
grandes igrejas, muitas das quais atuando como conglomerados empresarias de 
acumulação econômica internacional, assim como nas religiões em que a unidade 
administrativa e sacerdotal é reduzida, fraca ou inexistente, como ocorre em todo o 
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segmento afro-brasileiro, em certas correntes evangélicas e no conjunto das práticas 
esotéricas, o sucesso do líder religioso, e por conseguinte da sua religião ou modalidade 
religiosa, depende da sua capacidade de atrair devotos e clientes e gerar renda 
necessária à expansão daquela denominação. 
Tanta oferta, que é crescente, depende de demanda grande e diversificada. Aquilo que se 
entende por religião deve contemplar necessidades, gostos e expectativas que escapam 
às velhas definições da religião, surgindo as mais inusitadas formas de acesso ao sagrado 
e sua manipulação mágica, como ocorre com muita propriedade no vasto e pouco 
definido universo do esoterismo. 
Experimentar novos sentimentos e formas da religião, contudo, não significa 
necessariamente mudar de religião. Não é preciso sair da religião que se professa para 
provar da mudança religiosa. Quantas vezes não ouvimos pessoas mais velhas do 
candomblé reclamar que sua religião não é mais como costumava ser nos seus tempos 
de juventude? Para os mais velhos, que sentem a mudança como perda, a religião certa 
é a que não muda. As próprias religiões costumam se apresentar como verdades eternas 
e imutáveis. "Assim como era no princípio, agora e sempre", afirma o Credo católico, 
oração afirmativa de uma religião em constante transformação. 
Tudo isso vale igualmente para o candomblé e a umbanda. Os seguidores dos orixás 
também acreditam na eternidade das verdades religiosas e na perenidade dos ritos. 
Sabem que muito se perdeu e se modificou ao longo da história do culto dos orixás no 
Brasil, quer em razão das adversidades sociais e culturais que enfrentou, a começar da 
própria escravidão, que por causa da displicência dos sacerdotes mais antigos, que 
teriam levado para o túmulo muito conhecimento que preferiram não passar adiante. É o 
que se imagina. Pois bem, esse conhecimento perdido, esquecido, escondido existe em 
algum lugar, e é imperativo recuperá-lo, para o revigoramento da própria religião e o 
fortalecimento do poder de seus rituais, é o que se acredita. 
A idéia de que é preciso recuperar o mistério perdido ao longo da história da religião no 
Brasil (língua, rezas, cantigas, oriquis, mitos, odus, ebós, tabus etc.) parte do suposto de 
que em algum lugar existe sobrevivência ou registro do que se perdeu, que alguém de 
grande conhecimento é capaz de ensinar a fórmula almejada, que algum processo 
iniciático em outro templo, nação ritualística, cidade ou país pode resgatar o patrimônio 
que as gerações anteriores de pais e mães-de-santo, por impedimento sociocultural, 
egoísmo e desleixo, não souberam transmitir às gerações seguintes. Recobrar segredos 
guardados é imperativo para restaurar o grande poder mágico da religião. O livro é uma 
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das fontes possíveis, viagens à África e consultas com africanos ou mesmo com velhos 
sacerdotes brasileiros é outra. Em geral se paga por um segredo guardado, cujo acesso 
quase sempre depende de submissão a alguma obrigação iniciática. No candomblé, o que 
é pago é mais valorizado; sem dinheiro não há axé, não há fluxo da força sagrada. Mas a 
adoção de fórmulas ou elementos recuperados se faz de acordo com a interpretação 
pessoal, a vontade e o interesse de cada pai ou mãe-de-santo, e se dá de modo diferente 
em cada terreiro. Assim, recuperar o passado perdido também significa adaptar, inovar, 
criar. 
Uma das mais profundas mudanças observadas no candomblé nas últimas décadas do 
século XX foi sua universalização, quando passou de religião étnica a religião de todos, 
com a incorporação, entre seus seguidores, de novos adeptos de classe média e de 
origem não africana. Segundo o censo demográfico do ibge, apenas 16,7% dos 
umbandistas se constituíam, no ano 2000, de pessoas que declararam ser de cor preta, 
cifra que para os dos adeptos do candomblé também foi expressivamente pequena: 
22,8%. Surpreendentemente, o censo de 2000 mostrou também que as religiões afro-
brasileiras apresentaram a segunda maior média de anos de escolaridade de seus 
seguidores declarados, ficando atrás apenas do espiritismo kardecista, religião 
sabidamente de classe média e de seguidores com escolaridade elevada. Para o ano 
2000, a média de anos de escolaridade dos membros declarados do candomblé e da 
umbanda foi de 7,2 anos, quando a média da população total do Brasil era igual a 5,9 
anos, a dos espíritas kardecistas 9,6 anos, a dos católicos 5,8 anos e a dos evangélicos 
pentecostais 5,3 anos. São indicadores inequívocos da penetração da classe média 
branca escolarizada. Certamente esse segmento, que não é a maioria, declara-se afro-
brasileiro no quesito de religião do censo com maior freqüência que os pobres e negros. 
 
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De fato, a base social do candomblé mudou, e mudou muito. Grande parte, certamente a 
maioria ainda, é de gente pobre, com muitas dificuldades para arcar com os gastos 
financeiros impostos pela exuberância e complexidade dos ritos iniciáticos. Mas a classe 
média branca e escolarizada já está no terreiro, muitas vezes competindo com os negros 
pobres, que evidentemente, pela sua condição de afro-descendentes, se sentem com 
freqüência os legítimos donos das tradições dos orixás. Disputam cargos, regalias e 
posições de mando e de prestígio no intrincado jogo de poder dos terreiros. Levam 
consigo valores, costumes e aspirações próprios de sua condição social. O hábito de 
leitura, o gosto pelo estudo, o prazer do consumo descortinam um mundo de novidades a 
serem buscadas nos livros, nas revistas, na internet, nas atividades universitárias, no 
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mercado de artigos religiosos. No terreiro aprendem o quanto é valorizado o saber 
religioso. Há tesouros a descobrir em termos da mitologia e dos ritos, segredos perdidos 
a recuperar. Freqüentemente, vem a decepção: os segredos são de polichinelo, 
acrescentam pouco ou quase nada ao que se sabia e praticava antes. Pior que isso: mais 
saber religioso não confere necessariamente mais poder, seja o poder de mando seja o 
de manipulação mágica. A procura, entretanto, não cessa, outros caminhossão 
buscados. 
Nas religiões dos orixás, cada terreiro tem plena autonomia administrativa, ritual e 
doutrinária, e tudo depende das decisões pessoais da mãe ou pai-de-santo. O controle 
social exercido entre terreiros, no conjunto geral do chamado povo-de-santo, se faz por 
redes informais de comunicação, em que a fofoca ocupa lugar privilegiado (Braga, 1998), 
sem que a independência do sacerdote-chefe de terreiro, contudo, sofra realmente 
qualquer limitação eficaz. É costume se dizer que no candomblé "nada pode e tudo pode" 
e que tabus são para ser quebrados (Augras, 1987). Assim, cada comunidade de culto é 
livre para experimentar inovações ou retornar a formas anteriores, incorporando práticas 
que para outros da mesma religião podem não fazer o menor sentido. Cada terreiro 
exerce o direito de copiar e incorporar novidades, mas costuma dotá-las de outros 
significados. Pode mudar, afirmando que se mantém na rígida tradição. Terreiros nascem 
uns dos outros, mas não há dois iguais, mesmo quando se observam os terreiros mais 
antigos, surgidos da mesma matriz fundante. 
Os seguidores são unânimes, entretanto, ao acreditar que o futuro da religião depende 
tanto da manutenção das velhas tradições, das quais os centenários terreiros da Bahia 
ainda representam a fonte mais legítima, como da recuperação do conhecimento que se 
perdeu desde que os velhos fundadores foram arrancados de suas famílias e cidades 
africanas para serem brutalmente escravizados no Brasil. Pensam o futuro da religião em 
termos estritamente religiosos e atribuem o progresso ou declínio de seus cultos não em 
função de planos, políticas e estratégias institucionais, mas à vontade dos orixás. 
Acreditam que sempre é tempo de recuperar a tradição que não chegou até os dias de 
hoje, adaptando-a para o presente da religião, pois em algum lugar ainda existe, 
conforme repetem com muito freqüência, muitos segredos guardados. 
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Reginaldo Prandi é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São 
Paulo e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
(CNPq). Ocupa atualmente o cargo de representante da Área de Sociologia na Capes. É 
autor, entre outros livros, de Os candomblés de São Paulo(Hucitec, 1991), A realidade 
social das religiões no Brasil (com Antônio Flávio Pierucci, Hucitec, 1996),Herdeiras do 
axé (Hucitec, 1996), Um sopro do Espírito (Edusp, 1997), Mitologia dos 
orixás (Companhia das Letras, 2000), Encantaria brasileira (organizador, Pallas, 
2001), Os príncipes do destino (Cosac & Naify, 2001),Ifá, o Adivinho (Companhia das 
Letrinhas, 2002), Xangô, o Trovão (Companhia das Letrinhas, 2003) e Minha querida 
assombração (Companhia das Letrinhas, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Estudos Avançados 
On-line version ISSN 1806-9592 
Estud. av. vol.18 no.52 São Paulo Sept./Dec. 2004 
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142004000300016 
DOSSIÊ RELIGIÕES NO BRASIL 
 
A difícil viagem de retorno à aldeia1 
 
 
Oswaldo Elias Xidieh 
 
 
 
RESUMO 
ESTUDO do movimento dos migrantes, despojados de sua terra, de sua cultura e das 
formas de convivência com as quais se afeiçoaram, para irem se colocar em cidades do 
Estado de São Paulo, entre as quais Marília. Parte destes andantes depositaram suas 
esperanças e seus pedidos na Umbanda, nem sempre se convertendo, embora ali 
tivessem encontrado soluções ou encaminhamentos para seus problemas de trabalho, 
saúde, moradia e segurança. Outros se apegaram ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, 
que prestava serviços e oferecia possibilidades de acomodação e relativo ajustamento. 
Houve também quem se aproximasse de ramificações mais abertas da Igreja 
Protestante, capazes de confortar, converter e oferecer redes de auxílio-mútuo. 
Depoimentos colhidos pelo autor mostram a dor, a luta e o arrimo que os errantes 
encontraram nesta andança. 
 
ABSTRACT 
THIS ESSAY is a study of the movements of migrants. Deprived of their land, culture and 
forms of relationship with which they were familiar, they seek to find placement in the 
cities of the state of São Paulo, including Marília. Part of these vagrants placed their 
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hopes and entreaties in Umbanda, albeit not always becoming converts, even if they 
found in that religion solutions or amendments for their work, health, housing and safety 
problems. Others attached themselves to the Rural Laborers Union, which provided 
services, lodging facilities and relative adjustment. There were also those who 
approached the more open-minded ramifications of the Protestant Church, providing 
comfort, conversion and mutual aid networks. Testimonies given to the author show the 
pain, struggle and support these vagrants found in their wanderings. 
 
 
 
Não procurei rastrear a presença do oprimido na literatura popular, nem na erudita. 
Ocorreu-me, apenas, um intenso desejo de apresentar-lhes alguma coisa viva, 
pulsante, latejante, dolorosa: o migrante. Vocês ouvirão, como desde agora eu oiço, 
ele sendo contado, recitado, cantado por milhares de bocas anônimas - caipiras, 
piraquaras, capiaus, tabaréus, peões, crias, mumbavas - destes Brasis sem fim. 
Que se aproximem os senhores da outra literatura, que se acheguem e aportem 
com mão limpa e olhos despidos e escrevam, pelo amor ao povo, 
não outras vinhas da ira, o Horto da Agonia, meus senhores, sim. 
Oswaldo E. Xidieh 
 
FAZ MUITOS ANOS, em fins da década de 1960, ao escrever o primeiro texto de Semana 
Santa cabocla2, duas preocupações instigantes se me propuseram: o destino da cultura 
popular ao embate das mudanças de todos os tipos que, de há tempos, se 
desencadearam no Estado de São Paulo e a destinação do trabalhador braçal em crise 
existencial, alijado do seu espaço, acuado para outra esfera de relacionamento social - a 
sociabilidade formal da sociedade hegemônica - e que, desgarrado do seu sistema 
cultural, pedra básica do seu comportamento e da sua representação no mundo, passa a 
ser simplesmente o outro, o indivíduo e não mais pessoa. 
Quanto à primeira preocupação, ignorando quaisquer impulsos sentimentalistas e 
saudosistas, que, na verdade, apenas encobrem e dissimulam tendências pessoais e 
reacionárias; examinando, doutro lado, todo o elenco das injunções que se exercem 
sobre a cultura popular de modos a esvanecê-la e a reduzir os grupos populares aos 
objetivos e interesses da sociedade hegemônica (a cultura de massa ou a indústria 
cultural), o problema se clarifica. 
A cultura de massa, já velha de cento e tantos anos3, veicula valores, modelos de 
comportamento, padrões estéticos e cria necessidades dosadas para as diferentes classes 
sociais a fim de mantê-las nos seus devidos lugares, satisfeitas e participantes dos bens 
de consumo e das benesses do sistema capitalista - mas isso não se constitui numa 
exclusividade desse sistema... Quando acionada, também de fora para dentro, por 
grupos de vanguarda, pretendendo ensinar o povo a produzir a verdadeira arte popular 
(o que não significa apenas arte) é timidamente ideológica e 
utopicamente revolucionária4. 
É normal que o sistema capitalista deva cumprir-se em todo o seu processo no qual se 
inclui o nivelamento-absorção constante de formas e forças que lhe são antagônicas. No 
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entanto, os bens e as idéias propostos ao consumo não chegam às classes básicas, 
inclusive aos "bóia-fria", que não têm, por impossibilidade econômica, chances de 
usufruir muitos deles. Resta, então, uma esperança para a cultura popular... 
É curioso que muitos grupos de vanguarda tenham uma visão obliterada do que no Brasil 
costumam definir como povo alienado. Quem é o alienado historicamente no Brasil: o 
povo ou o Estado? Quem deve ser alinhado? Não estaria essa vanguarda intelectual, 
espécie de nova aristocracia, assumindo a posição dos socialistas feudais aos moldes de 
1838? 
Mas, deixemos de lado essa primeira preocupação e partamos de dados concretos e, no 
momento atual, irreversíveis. Mudanças extensas e profundas processaram-se no 
sistema de trabalho e de produção, de posse e uso da terra, da circulação de bens; na 
transformação do trabalhador braçal em operário desvinculado de qualquer fixação à 
terra e de compromissos patronais e na sua urbanização; na destruição sistemática da 
natureza fornecedora de bens materiais e das comunidades em que se perpetuavam usos 
e costumes, crenças e cerimônias tradicionais. Assim foi que a cultura popular recebeu 
sérios golpes, mas, nem por isso, desapareceu. 
Quando desaparecerá? Só mesmo invadindo o campo da utopia ou da literatura 
tipo Admirável mundo novo e1984: superestruturas sociais altamente racionalizadas, no 
último limite de especialização das suas ciências e tecnologias, isto é, no patamar ideal 
das suas ideologias, em computadores especiais, tabulariam todas as necessidades 
humanas e programariam as satisfações permissíveis. Simultaneamente, em laboratórios 
de genética-corretiva, preparar-se-iam espermas que, inseminados em mulheres (talvez 
mesmo isso seria dispensável) resultassem na produção pacífica e em série dos que 
deveriam ser peças utilizáveis na estratificação e na estrutura sociais. Seria a glória final 
de ambos os sistemas políticos hoje senhores do mundo se chegassem, ao lado daquelas 
conquistas, a neutralizar o processo da dinâmica social e a destruir, com lavagens 
cerebrais e drogas específicas, as dimensões do homem... 
Não nos preocupemos, portanto, com o destino da cultura popular. Pã não morreu. Pã é 
a natureza humana, criadora de signos, símbolos, mitos e vida. Ele é a variedade, a 
diferenciação, a ambigüidade; é ser-não-ser-estar-sendo e, acima de tudo, irracional em 
oposição à racionalidade instituída e imposta... 
 
Os bóias-frias de Marília 
A segunda preocupação procede e, no dia-a-dia, nestes últimos vinte e tantos anos, 
acompanhando a vinda e a ida de grupos de trabalhadores braçais em Marília5, em busca 
de trabalho junto às propriedades agrícolas e pastoris da região, foi possível estabelecer 
as etapas da sua odisséia. 
Em 1962, já sabíamos alguma coisa a respeito dos retirantes. Eram pequenos grupos 
que, de início, procuravam a delegacia de polícia da rua Gonçalves Dias, pedindo abrigo, 
encaminhamento ao Albergue Noturno e auxílio para viajar. Aos poucos, entre 1963 e 
1964, esses grupos se avolumaram e passaram a se acomodar sob o telheiro de um 
antigo armazém na rua Bahia junto à estrada de ferro - a'"Flor Roxa". É a partir, 
principalmente dessa época, que os agricultores da região se interessam por essa mão-
de-obra flutuante, mormente por ocasião das colheitas, e que se configura o tipo de 
intermediário agenciador de mão-de-obra para os fazendeiros: o "gato". Ademais, 
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coincide com a aparição dos "bóias-frias" a saída das fazendas de uma mão-de-obra mais 
capacitada (pedreiros, tratoristas, "paus para toda a obra"), atendendo às solicitações 
urbanas na indústria, na construção e nos empregos junto às repartições públicas. Sobre 
tudo isso pairam os dispositivos de uma legislação trabalhista não muito clarificadores 
nem abrangentes6. 
Os proprietários optam por aceitar trabalhadores que não se fixam no local de trabalho; 
os "prestadores de serviço" se acomodam em bairros periféricos da

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