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Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br BIBLIOTECA PARA O CURSO DE HISTÓRIA DAS RELIGIÕES Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões de temas para futuras pesquisas na área. Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como: www.scielo.br www.anped.org.br www.dominiopublico.gov.br SUGESTÕES DE TEMAS 1. HISTÓRIA DAS RELIGIÕES 2. POLITEÍSMO; 3. HINDUISMO; 4. BUDISMO; 5. RELIGIÕES AFRICANAS; 6. MITRAISMO; 7. JUDAISMO; 8. CRISTIANISMO; 9. A BÍBLIA; 10. ISLAMISMO. 11. TEORIA DA HISTÓRIA - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS 12. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA OS ANOS DE 1960; 13. O CONCEITO DE CULTURA; 14. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 15. EDUCAÇÃO E CULTURA 16. EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL; 17. A ESCOLA E SEUS SUJEITOS; 18. RELAÇÕES RACIAIS, CONDICIONANTES SOCIOCULTURAIS; 19. PAULO FREIRE, MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO POPULAR; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 20. ÉTICA E CIDADANIA. 21. RELIGIÕES NO BRASIL 22. RELIGIÕES NO BRASIL: A CHEGADA DE DIFERENTES RELIGIOSIDADES; 23. RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS; 24. O ESPIRITISMO; 25. O JUDAÍSMO; 26. O ISLAMISMO; 27. O CATOLICISMO HOJE; 28. O PROTESTANTISMO HOJE; 29. EVANGÉLICOS E A POLÍTICA. 30. RELIGIÕES MUNDIAIS 31. RELIGIÃO; 32. O QUE É E PORQUE ESTUDAR RELIGIÃO; 33. VÁRIOS OLHARES PARA A RELIGIÃO: 34. DA SOCIOLOGIA À TEOLOGIA, DO PSICOLÓGICO AO ANTROPOLÓGICO; 35. RELIGIÃO NO MUNDO ANTIGO; 36. O CRISTIANISMO NA ANTIGUIDADE; 37. CULTURAS PAGÃS – A PLURALIDADE DESDE O TEMPO ANTIGO; 38. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE EXTREMO; 39. BUDISMO; 40. HINDUÍSMO; 41. TAOÍSMO; 42. XINTOÍSMO; 43. CONFUCIONISMO; 44. RELIGIÕES COM BERÇO NO ORIENTE MÉDIO; 45. A REGIÃO; 46. O JUDAÍSMO; 47. O CRISTIANISMO; 48. O ISLAMISMO; 49. RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS; 50. OUTRAS RELIGIÕES; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 51. MEDIUNISMO E ANIMISMO; 52. ZOROASTRISMO; 53. HIERARQUIA ECLESIÁSTICA; 54. O MUNDO É PLURAL. 55. RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE AFRICANA 56. A ÁFRICA E SUAS RELIGIÕES; 57. O PRINCÍPIO DA VIDA; 58. AS RELIGIÕES ANCESTRAIS E OS CULTOS DOMÉSTICOS; 59. ÁFRICA E O CRISTIANISMO COPTA; 60. A ÁFRICA E O ISLAMISMO; 61. O PANTEÃO YORUBÁ; 62. A RELIGIOSIDADE NA DIÁSPORA ATLÂNTICA; 63. AS IRMANDADES CATÓLICAS NO BRASIL; 64. O VODU DO HAITI; 65. O CANDOMBLÉ E A UMBANDA NO BRASIL. 66. ARQUIVOLOGIA 67. EMENTA: ARQUIVOS E DOCUMENTOS; 68. FINALIDADE E FUNÇÃO; 69. CARACTERÍSTICAS; 70. PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS; 71. IMPORTÂNCIA DOS ARQUIVOS; 72. TIPOS DE ARQUIVOS; 73. CLASSIFICAÇÃO DE ARQUIVOS PÚBLICOS; 74. ARQUIVOS X BIBLIOTECAS X MUSEUS; 75. GESTÃO DE ARQUIVOS; 76. CICLO DE VIDA; 77. MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS; 78. ALFABÉTICO; 79. GEOGRÁFICO; 80. IDEOGRÁFICO; 81. NUMÉRICO; 82. ALFANUMÉRICO; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 83. ARQUIVOLOGIA X MEMÓRIA; 84. ARQUIVO X CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO; 85. LEGISLAÇÃO E ACESSIBILIDADE; 86. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – LEI Nº 12.527/11; 87. ARQUIVOS X HISTÓRIA; 88. AS DIMENSÕES DA DIDÁTICA DO PROFESSOR – BREVE CONSIDERAÇÃO PARA O “BOM PROFESSOR”; 89. DESPERTANDO O ALUNO PARA IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS DE ARQUIVO; 90. O USO DA IMAGEM E DA FOTOGRAFIA. 91. FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO 92. RELIGIÃO; 93. FILOSOFIA; 94. SOCIOLOGIA. 95. ÉTICA E FILOSOFIA 96. A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA; 97. ÉTICA SOFÍSTICA; 98. SÓCRATES; 99. PLATÃO; 100. ARISTÓTELES; 101. A ÉTICA NO PERÍODO HELENÍSTICO; 102. A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL; 103. A VIRTUDE CRISTÃ E A VIRTUDE PAGÃ; 104. A CIDADE DE DEUS; 105. A LIBERDADE DO CRISTÃO; 106. A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA; 107. BARUC ESPINOSA; 108. BLAISE PASCAL; 109. ROUSSEAU: A MORAL COMO RAZÃO E CONSCIÊNCIA; 110. O UTILITARISMO; 111. KANT E A ÉTICA DO DEVER; 112. ÉTICA CONTEMPORÂNEA; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 113. FRIEDRICH NIETZSCHE; 114. JEAN-PAUL SARTRE; 115. APEL: A ÉTICA DO DISCURSO. 116. A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES NAVEGAÇÕES; 117. O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES; 118. EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES; 119. ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL; 120. CICLO DO OURO; 121. CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS; 122. A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS, ELEVAÇÃO A REINO E FIM DA COLÔNIA. 123. O GOVERNO JOSÉ SARNEY (1985-1990); 124. O GOVERNO COLLOR DE MELLO (1990-1992); 125. O GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992-1994); 126. O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002); 127. O GOVERNO LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010); 128. O GOVERNO DILMA ROUSSEFF (2011 - ); 129. A HISTÓRIA NO CONTEXTO PÓS-MODERNO. 130. METODOLOGIA DO ENSINO DA HISTÓRIA 131. TEORIAS DA HISTÓRIA; 132. TEORIAS QUE NORTEARAM O SABER HISTÓRICO; 133. O MATERIALISMO HISTÓRICO; 134. O POSITIVISMO; 135. A ESCOLA DOS ANNALES E A NOVA HISTÓRIA; 136. A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 137. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA OS ANOS DE 1960; 138. O CONCEITO DE CULTURA; 139. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 140. AS FORMAS DE ESTADO, DE GOVERNO E SISTEMA DE GOVERNO; 141. OS ANTECEDENTES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA; 142. OS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA REPUBLICANA BRASILEIRA. 143. HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL REPUBLICANO 144. AS FORMAS DE ESTADO, DE GOVERNO E SISTEMA DE GOVERNO; 145. OS ANTECEDENTES DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA; 146. OS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA REPUBLICANA BRASILEIRA. 147. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 148. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO – FOCANDO NA ESTRUTURA DO NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL; 149. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS; 150. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS; 151. FUNDAMENTOS SOCIOECONÔMICOS; 152. FUNDAMENTOS ÉTICO-POLÍTICOS; 153. A DISCIPLINA “ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO ENSINO”; 154. NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO E LEGISLAÇÃO; 155. TÓPICOS ESPECIAIS DE HISTÓRIA BRASILEIRA 156. IDEIAS E CULTURA NO BRASIL: DA COLÔNIA AOS ANOS DE 1960; 157. O CONCEITO DE CULTURA; 158. CONCEPÇÕES E AÇÕES SOBRE CULTURA NO BRASIL. 159. ARQUIVOLOGIA Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 160. ARQUIVOS E DOCUMENTOS; 161. FINALIDADE E FUNÇÃO; 162. PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS; 163. IMPORTÂNCIA DOS ARQUIVOS; 164. TIPOS DE ARQUIVOS; 165. CLASSIFICAÇÃO DE ARQUIVOS PÚBLICOS; 166. ARQUIVOS X BIBLIOTECAS X MUSEUS; 167. GESTÃO DE ARQUIVOS; 168. CICLO DE VIDA; 169. MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS; 170. ALFABÉTICO; 171. GEOGRÁFICO; 172. IDEOGRÁFICO; 173. NUMÉRICO; 174. ALFANUMÉRICO; 175. ARQUIVOLOGIA X MEMÓRIA; 176. ARQUIVO X CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO; 177. LEGISLAÇÃO E ACESSIBILIDADE;178. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO – LEI Nº 12.527/11; 179. ARQUIVOS X HISTÓRIA; 180. AS DIMENSÕES DA DIDÁTICA DO PROFESSOR – BREVE CONSIDERAÇÃO PARA O “BOM PROFESSOR”; 181. DESPERTANDO O ALUNO PARA IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS DE ARQUIVO; 182. O USO DA IMAGEM E DA FOTOGRAFIA. 183. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 184. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 185. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 186. AS DECLARAÇÕES UNIVERSAIS DOS DIREITOS E OS TRATADOS INTERNACIONAIS; 187. AS DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS; 188. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS (PNEDH); 189. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-POLÍTICA E JUSTIFICATIVAS AO PLANO; 190. AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS; 191. OBJETIVOS GERAIS DA PNEDH; 192. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS; 193. NA EDUCAÇÃO BÁSICA; 194. NA EDUCAÇÃO SUPERIOR; 195. NA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL; 196. METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS; 197. ÉTICA, CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA E CIDADANIA - EIXOS TEMÁTICOS PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA; 198. ÉTICA; 199. CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA; 200. CIDADANIA; 201. OS DIREITOS DAS MINORIAS ÉTNICAS E RACIAIS; 202. POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO/AÇÕES AFIRMATIVAS; 203. POLÍTICA DE RECONHECIMENTO; 204. EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL RECONHECIDA COMO POLÍTICA PÚBLICA; 205. AÇÕES AFIRMATIVAS E A SEPPIR. 206. HISTÓRIA REGIONAL 207. DO ILUMINISMO À NOVA HISTÓRIA – UM LONGO CAMINHO; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 208. ILUMINISMO; 209. POSITIVISMO; 210. A TEORIA MARXISTA DA HISTÓRIA; 211. ESCOLA DOS ANNALES – AS TRÊS GERAÇÕES; 212. A DIMENSÃO DO RECORTE NA HISTORIOGRAFIA; 213. MACRO E MICRO HISTÓRIA – UMA INTEGRAÇÃO POSSÍVEL; 214. A MACRO-HISTÓRIA; 215. A MICRO-HISTÓRIA; 216. HISTÓRIA LOCAL, REGIONAL, URBANA E ORAL – ABRINDO POSSIBILIDADES; 217. O LOCAL E O REGIONAL; 218. A HISTÓRIA URBANA; 219. HISTÓRIA ORAL; 220. INTERDISCIPLINARIDADE E CONCEITOS BÁSICOS DE ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO; 221. AS FONTES HISTÓRICAS; 222. A HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA; 223. A LDB E OS PCNS PARA HISTÓRIA; 224. O REGIONAL EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO; 225. ALGUMAS EXPERIÊNCIAS E POSSIBILIDADES DE TRABALHO COM A HISTÓRIA REGIONAL/LOCAL; 226. ESCOLA, HISTÓRIA, MEMÓRIA, CIDADANIA. 227. BASES SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS DOS DESCENDENTES AFRICANOS E POVOS INDÍGENAS 228. ENTENDENDO A ANTROPOLOGIA; 229. CONCEITOS E RAMIFICAÇÕES; 230. DOS PRIMÓRDIOS DA ANTROPOLOGIA AO SÉCULO XIX; 231. FORMAÇÃO DO SUJEITO BRASILEIRO – AS NOSSAS RAÍZES; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 232. A NOSSA FORMAÇÃO ÉTNICO-RACIAL; 233. MIGRAÇÕES - FOCO NO BRASIL; 234. MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E A XENOFOBIA; 235. IMIGRANTES; 236. MIGRANTES BRASILEIROS; 237. ETNIA, RAÇA E MULTICULTURALISMO; 238. CLASSIFICAÇÃO DE COR E RAÇA DO IBGE; 239. ETNIA E RAÇA; 240. MULTICULTURALISMO: DEFINIÇÕES E SURGIMENTO; 241. CURRÍCULO, ETNIA E DIVERSIDADE CULTURAL; 242. QUILOMBOLAS; 243. AS COMUNIDADE QUILOMBOLAS; 244. COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA DE ORIGEM QUILOMBOLA; 245. IDENTIFICANDO A TERRA E LOCALIZANDO COMUNIDADES QUILOMBOLAS; 246. AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS MUNICÍPIOS PARA CADASTRAR FAMÍLIAS QUILOMBOLAS; 247. O PROGRAMA BRASIL QUILOMBOLA (PBQ); 248. POPULAÇÕES INDÍGENAS; 249. A REALIDADE, OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E AS TERRAS INDÍGENAS (TIS); 250. PROTEÇÃO SOCIAL – DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS; 251. O CADASTRAMENTO DAS FAMÍLIAS INDÍGENAS; 252. REVISITANDO A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES AFRICANAS; 253. A RELIGIÃO NA ÁFRICA; 254. AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS. 255. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ENSINO DE CIÊNCIAS: uma história de controvérsias http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/34-artigos-amaralia.pdf http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/34-artigos-amaralia.pdf Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 256. A HISTÓRIA DA ÁFRICA NOS BANCOS ESCOLARES: representações e imprecisões na literatura didática 257. FORMAÇÃO DA ALMA E DO CARÁTER NACIONAL: ensino de história na era Vargas 258. NOVOS TEMAS EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: instituições escolares e educação na imprensa 259. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA EO COTIDIANO DA SALA DE AULA 260. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações, 1978-1998 261. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações 262. CAMINHOS DA HISTÓRIA ENSINADA 263. HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA 264. CURRÍCULOS DE HISTÓRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: os programas de história do Brasil na escola secundária 265. CULTURA POLÍTICA E LEITURAS DO PASSADO: historiografia e ensino de história 266. OS INTELECTUAIS E A POLÍTICA NO BRASIL: entre o povo e a nação 267. O PROBLEMA NACIONAL BRASILEIRO 268. POPULAÇÕES MERIDIONAIS DO BRASIL: história, organização e psicologia 269. A EDUCAÇÃO PÚBLICA EM SÃO PAULO: problemas e discussões 270. A UNIVERSIDADE DA COMUNHÃO PAULISTA 271. A HISTÓRIA NA CULTURA CLÁSSICA 272. UM QUARTO DE SÉCULO DE PROGRAMAS E COMPÊNDIOS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO. 1931-1956. 273. HISTÓRIA DO BRASIL PARA A QUARTA SÉRIE FUNDAMENTAL 274. O HISTORIADOR E A CULTURA POPULAR: história de classe ou história do povo 275. HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA NO ENSINO: há muitas pedras nesse caminho 276. MEMÓRIA E HISTÓRIA PARA UMA NOVA VISÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-546X2003000300003&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-546X2003000300003&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200006&script=sci_arttext&tlng=en http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200006&script=sci_arttext&tlng=en http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA54&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIppM&sig=mw_GXlBiN6mqsjV1uhYYk45hptI http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA54&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIppM&sig=mw_GXlBiN6mqsjV1uhYYk45hptI http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=pJYCuNOynMMC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=M7H4_eU9Oi&sig=QXgSwJbKo5QxOZSqey3jhSzW4MU http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA28&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIsnS&sig=V5ggNl7R5lkAJyKMvPVRSh0X2Xg http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA28&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACIsnS&sig=V5ggNl7R5lkAJyKMvPVRSh0X2Xg http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=tG2gT1XSe3wC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=2Re_JRIAsP&sig=15BUPHN0xEQxulM8I3gYwg4DhCI http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=tG2gT1XSe3wC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=2Re_JRIAsP&sig=15BUPHN0xEQxulM8I3gYwg4DhCI http://www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br/include/getdoc.php?id=455&article=209&mode=pdf http://www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br/include/getdoc.php?id=455&article=209&mode=pdf http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/24-1/artpdf/a8.pdf http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/24-1/artpdf/a8.pdf http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo_links.php?link=http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691999000300012&lng=en&nrm=iso http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo_links.php?link=http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691999000300012&lng=en&nrm=isoRua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 277. PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA: história e atualidade 278. GEOGRAFIA E ENSINO: textos críticos 279. HISTÓRIA DO CONE SUL 280. POR QUE A HISTÓRIA POLÍTICA? 281. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL (1930/1973) 282. ESTUDOS DE HISTÓRIA DA CULTURA CLÁSSICA 283. INQUIETAÇÕES E MUDANÇAS NO ENSINO DA ARTE 284. HISTÓRIA AMBIENTAL NO BRASIL: pesquisa e ensino 285. PANORAMA DAS PESQUISAS NO ENSINO DE HISTÓRIA 286. CULTURA E HISTÓRIA SOCIAL: historiografia e pesquisa 287. VARIAÇÕES SOBRE UM VELHO TEMA: o ensino de história 288. OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO FUNDAMENTAL 289. ESCRAVIDÃO EM MINAS GERAIS 290. CINEMA E HISTÓRIA DO BRASIL 291. O SABER HISTÓRICO NA SALA DE AULA 292. DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA 293. ANÁLISE POLÍTICA NO ENSINO DE HISTÓRIA DO BRASIL 294. O ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL: trajetória e perspectivas 295. PÁTRIA, CIVILIZAÇÃO E TRABALHO: o ensino de história nas escolas paulistas, 1917-1939 296. HISTÓRIA NA SALA DE AULA: conceitos, práticas e propostas 297. REPRESENTAÇÕES E LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA 298. O ENSINO DE HISTÓRIA EA CRIAÇÃO DO FATO 299. REPENSANDO O ENSINO DE HISTÓRIA 300. A CRIAÇÃO DO FATO: que fato ensinar em classe? 301. O NEGRO NO ENSINO DE HISTÓRIA: temas e representações http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=HP1ee-tK2REC&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=8cJ1f1jzwv&sig=OmEfhZgvdPxAjbWxMEsljvu2kYY http://virtualbib.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/1975 http://anaejorge.dominiotemporario.com/doc/Inquietacoes.pdf http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/saeculum06-07_art09_zamboni.pdf http://www.nesp.unb.br/polrhs/Temas/os_param_curric_nac_ef.htm http://www.nesp.unb.br/polrhs/Temas/os_param_curric_nac_ef.htm http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=zocB4fsX7z0C&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0JaYACItjL&sig=HdaSJXD59J8KbIJGMCXxxeiw6GI http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=jkALc71ydOwC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=s5LWsEIhAd&sig=HBtns99LkPTfhXm0SCg0AiXRpvU http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=sjJaTRKly_AC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0oRb_t6ja9&sig=sm1KIQHexbJtSYOZwVwKCVQchQY http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=sjJaTRKly_AC&oi=fnd&pg=PA9&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=0oRb_t6ja9&sig=sm1KIQHexbJtSYOZwVwKCVQchQY http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=RzN6e2KxJCEC&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=-HBuPf_MDP&sig=Dj1zp89ltATkcnzYTVW-8XVapWc http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881998000200005&script=sci_arttext&tlng=en http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=ULHRMRVlq9gC&oi=fnd&pg=PA7&dq=TEMAS+DE+ENSINO+DE+HIST%C3%93RIA&ots=x6we2eWIas&sig=7QcTtIN3ZmPLSxFYgsapzcbDm6Q Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 302. HISTÓRIA, FILOSOFIA E ENSINO DE CIÊNCIAS: a tendência atual de reaproximação 303. EDUCAÇÃO, IDEOLOGIA E CONTRA-IDEOLOGIA ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE OU REFERÊNCIA Estudos Avançados On-line version ISSN 1806-9592 Estud. av. vol.18 no.52 São Paulo Sept./Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142004000300015 DOSSIÊ RELIGIÕES NO BRASIL O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso Reginaldo Prandi RESUMO DESDE os estudos de Roger Bastide, na década de 1940, muita coisa mudou no Brasil, também no âmbito das religiões e das religiões afro-brasileiras. Velhas tendências foram http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/12-3/artpdf/12-3.pdf#page=6 http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/12-3/artpdf/12-3.pdf#page=6 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-4014&lng=en&nrm=iso Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br confirmadas, novas direções foram se impondo. Religiões recém-criadas se enfrentam com as mais antigas, velhas religiões assumem novas formas e veiculam renovados conteúdos para enfrentar a concorrência mais acirrada no mercado religioso. Vou tratar aqui de um ramo religioso pequeno demograficamente, porém importante do ponto de vista de seu significado para a cultura brasileira e da visibilidade que transborda de seu universo de seguidores: as religiões afro-brasileiras. Trata-se de acompanhar as mudanças numéricas encontradas pelos censos para dimensionar os seguidores das religiões afro-brasileiras, e de examinar algumas de suas características, como cor e escolaridade, para então avançar, sem perder de vista as peculiaridades constitutivas e organizacionais dos cultos e terreiros, alguma explicação sobre mudanças pelas quais vêm passando essas religiões nos dias de hoje. ABSTRACT MUCH HAS changed in Brazil since the studies of Roger Bastide in the 1940s, including the religious milieu of the Afro-Brazilian religions. Old trends were confirmed, new directions imposed themselves. Newfangled religions confront the more established ones; old religions take on new forms and convey renewed contents to face increasingly strenuous competition in the religious marketplace. I will deal here with a demographically small religious faction that is nevertheless important in Brazilian culture because of the visibility of its followers: the Afro-Brazilian religions. I will examine the various census figures in an attempt to assess the breadth of Afro-Brazilian religions and will examine some traits of their followers - such as race and educational level. Then, without losing sight of the constitutional and organizational peculiarities of the cults and the terreiros [ritual grounds of the Candomble religion], I will attempt an explanation for the changes these religions are presently undergoing. As religiões afro-brasileiras em mudança Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br O CANDOMBLÉ - religião brasileira dos orixás e outras divindades africanas que se constituiu na Bahia no século XIX - e demais modalidades religiosas conhecidas pelas denominações regionais de xangô, em Pernambuco, tambor-de-mina, no Maranhão, e batuque, no Rio Grande do Sul, formavam, até meados do século XX, uma espécie de instituição de resistência cultural, primeiramente dos africanos, e depois dos afro- descendentes, resistência à escravidão e aos mecanismos de dominação da sociedade branca e cristã que marginalizou os negros e os mestiços mesmo após a abolição da escravatura. Eram religiões de preservação do patrimônio étnico dos descendentes dos antigos escravos. Assim foram conhecidas e analisadas por Roger Bastide que, entretanto, já observava a presença de brancos no candomblé no final da década de 1940, antecipando a transformação do candomblé e congêneres em religiões de caráter universal (Bastide, 1945, 1971, 1978). De lá para cá, muita coisa mudou, fazendo dessas religiões organizações de culto desprendidas das amarras étnicas, raciais, geográficas e de classes sociais. Não tardou e foram lançadas no mercado religioso, o que significa competir com outras religiões na disputa por devotos, espaço e legitimidade. No início do século XX, enquanto os cultos africanos tradicionais eram preservados em seus nascedouros brasileiros, uma nova religião se formava no Rio de Janeiro, a umbanda, síntese dos antigos candomblés banto e de caboclo transplantados da Bahia para o Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o XX, com o espiritismokardecista, chegado da França no final do século XIX. Rapidamente disseminada por todo o Brasil, a umbanda prometia ser a única grande religião afro-brasileira destinada a se impor como universal e presente em todo o País (Camargo, 1961). E de fato não tardou a se espalhar também por países do Cone Sul e depois mais além (Oro, 1993). Chamada de "a religião brasileira" por excelência, a umbanda juntou o catolicismo branco, a tradição dos orixás da vertente negra, e símbolos, espíritos e rituais de referência indígena, inspirando-se, assim, nas três fontes básicas do Brasil mestiço. No curso da década de 1960, entretanto, o velho candomblé surgiu como forte competidor da umbanda. Com sua lógica própria e sua capacidade de fornecer ao devoto uma rica e instigante interpretação do mundo, o candomblé foi se espalhando da Bahia para todo o Brasil, seguindo a trilha já aberta pela vertente umbandista. Foi se transformando e se adaptando a novas condições sociais e culturais. Religião que agora é de todos, o candomblé enfatiza a idéia de que a competição na sociedade é bem mais aguda do que se podia pensar, que é preciso chegar a níveis de conhecimento mágico e religioso muito mais densos e cifrados para melhor competir em cada instante da vida, que o poder religioso tem amplas possibilidades de se fazer aumentar. Ensina que não há Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br nada a esconder ou reprimir em termos de sentimentos e modos de agir, com relação a si mesmo e com relação aos demais, pois neste mundo podemos ser o que somos, o que gostaríamos de ser e o que os outros gostariam que fôssemos - a um só tempo (Prandi, 1991 e 1996). Como agência de serviços mágicos, que também é, oferece ao não-devoto a possibilidade de encontrar solução para problema não resolvido por outros meios, sem maiores envolvimentos com a religião. Sua magia passou a atender a uma larga clientela, o jogo de búzios e os ebós do candomblé rapidamente se popularizaram, concorrendo com a consulta a caboclos e pretos-velhos da umbanda. Parcela importante da legitimidade social que a cultura negra do candomblé desfruta hoje foi gestada a partir de uma nova estética formulada pela classe média intelectualizada do Rio de Janeiro e de São Paulo nas décadas de 1960 e 1970, que adotou e valorizou mais do que nunca aspectos negros da cultura baiana, seus artistas e intelectuais. Começava o que chamei de processo de africanização do candomblé (Prandi, 1991), em que o retorno deliberado à tradição significa o reaprendizado da língua, dos ritos e mitos que foram deturpados e perdidos na adversidade da Diáspora; voltar à África não para ser africano, nem para ser negro, mas para recuperar um patrimônio cuja presença no Brasil é agora motivo de orgulho, sabedoria e reconhecimento público, e assim ser o detentor de uma cultura que já é, ao mesmo tempo, negra e brasileira, porque o Brasil já se reconhece no orixá, o Brasil com axé. Em resumo, ao longo do processo de mudanças mais geral que orientou a constituição das religiões dos deuses africanos no Brasil, o culto aos orixás primeiro misturou-se ao culto dos santos católicos para ser brasileiro, forjando-se o sincretismo; depois apagou elementos negros para ser universal e se inserir na sociedade geral, gestando-se a umbanda; finalmente, retomou origens negras para transformar também o candomblé em religião para todos, iniciando um processo de africanização e dessincretização para alcançar sua autonomia em relação ao catolicismo. Nos tempos atuais, as mudanças pelas quais passam essas religiões são devidas, entre outros motivos, à necessidade da religião se expandir e se enfrentar de modo competitivo com as demais religiões. A maior parte dos atuais seguidores das religiões afro-brasileiras nasceu católica e adotou a religião que professa hoje em idade adulta. Não é diferente para evangélicos e membros de outros credos. Quantos são os de religião afro-brasileira? Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Segundo o recenseamento de 2000, apenas 0,3% da população brasileira adulta declaram-se pertencentes a uma das religiões afro-brasileiras, o que corresponde a pouco mais de 470 mil seguidores, embora pesquisas feitas com metodologia mais precisa indicam valores maiores, da ordem de pelo menos o dobro das cifras encontradas pelo censo (Pierucci e Prandi, 1996). Quando se trata das religiões afro-brasileiras, as estatísticas sobre os seguidores costumam oferecem números subestimados, o que se deve às circunstâncias históricas nas quais essas religiões surgiram no século XIX, quando o catolicismo era a única religião tolerada no País, a religião oficial, e a fonte básica de legitimidade social. Para se viver no Brasil, mesmo sendo escravo, e principalmente depois, sendo negro livre, era indispensável, antes de mais nada, ser católico. Por isso, os negros que recriaram no Brasil as religiões africanas dos orixás, voduns e inquices se diziam católicos e se comportavam como tais. Além dos rituais de seu ancestrais, freqüentavam também os ritos católicos. Continuaram sendo e se dizendo católicos, mesmo com o advento da República, no fim do século XIX, quando o catolicismo perdeu a condição de religião oficial e deixou de ser a única religião tolerada no país. Desde o início as religiões afro-brasileiras se fizeram sincréticas, estabelecendo paralelismos entre divindades africanas e santos católicos, adotando o calendário de festas do catolicismo, valorizando a freqüência aos ritos e sacramentos da Igreja católica. Assim aconteceu com o candomblé da Bahia, o xangô de Pernambuco, o tambor-de-mina do Maranhão, o batuque do Rio Grande do Sul e outras denominações, todas elas arroladas pelo censo do ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sob o nome único e mais conhecido: candomblé. Até recentemente, essas religiões eram proibidas e, por isso, duramente perseguidas por órgãos oficiais. Continuam a sofrer agressões, hoje menos da polícia e mais de seus rivais pentecostais, e seguem sob forte preconceito, o mesmo preconceito que se volta contra os negros, independentemente de religião. Por tudo isso, é muito comum, mesmo atualmente, quando a liberdade de escolha religiosa já faz parte da vida brasileira, muitos seguidores das religiões afro-brasileiras ainda se declararem católicos, embora sempre haja uma boa parte que declara seguir a religião afro-brasileira que de fato professa. Isso faz com que as religiões afro-brasileiras apareçam subestimadas nos censos oficiais do Brasil, em que o quesito religião só pode ser pesquisado de modo superficial. Com o tempo, as religiões afro-brasileiras tradicionais se espalharam pelo Brasil todo, passando por muitas inovações, mas quanto mais tradicionais os redutos pesquisados, mais os afro-brasileiros continuam se declarando, e se sentindo, católicos. Mais perto da Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br tradição, mais católico. Um mapeamento dos afro-brasileiros declarados nas diferentes regiões mostra isso muito bem: eles são em número relativamente pequeno no Nordeste, região em que a religião afro-brasileira tradicional se formou, o que pode parecer paradoxal, e em número bem maior nas regiões em que se instalou mais recentemente, já no século XX, e onde a mudança religiosa no campo afro-brasileiro tem se mostrado mais vigorosa, casos do Sudeste e do Sul. Até hoje o catolicismo é uma máscara usada pelas religiões afro-brasileiras, máscara que, evidentemente, as esconde também dos recenseamentos.Por sua vez, a umbanda é igualmente problemática quando se trata de quantificar seus seguidores. No início, a nova religião denominou-se espiritismo de umbanda, e não é incomum, ainda atualmente, os umbandistas se chamarem de espíritas, quando não de católicos. A umbanda conservou do candomblé o sincretismo católico: mais que isto, assimilou preces, devoções e valores católicos que não fazem parte do universo do candomblé. Na sua constituição interna, a umbanda é muito mais sincrética que o candomblé. Voltemos à questão dos números. O crescimento das cifras de adeptos declarados do candomblé e da umbanda, de um censo para outro, poderia ser atribuído a duas fontes de variação. Primeiro, os números refletiriam um aumento real no número de seguidores; segundo, seria conseqüência do fato de que a expansão da liberdade de crença no Brasil faria com que mais adeptos do candomblé e umbanda, que antes se escondiam sob a rubrica de católicos e espíritas, se declarassem de religião afro- brasileira. Os números crescentes mostrariam que a religião cresce porque tem mais fiéis ou porque uma parcela maior dos antigos seguidores passa a se declarar abertamente. Feitas essas ressalvas, o que os dados disponíveis nos mostram é que o conjunto das religiões afro-brasileiras vem perdendo adeptos nos últimos vinte anos, os números são decrescentes. Considerando que, atualmente, são menos imperativas as razões que têm levado os afro-brasileiros a se declararem católicos ou espíritas, a queda recentemente observada só pode ser real, e pode até mesmo ser maior, uma vez que em censos anteriores as taxas de "escondidos" podiam ser maiores que as de agora. De todo modo, o pequeno contingente de afro-brasileiros declarados, em 1980, representava apenas 0,6% da população brasileira residente. Em 1991, eles eram 0,4% e agora, em 2000, são 0,3%. De 1980 a 1991, os afro-brasileiros perderam trinta mil seguidores declarados, perda que na década seguinte subiu para 71 mil. Ou seja, o segmento das religiões afro-brasileiras está em declínio. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Podem ser muitas as razões do declínio afro-brasileiro, mas certamente elas estão associadas às novas condições da expansão das religiões no Brasil no contexto do mercado religioso. A oferta de serviços que a religião é capaz de propiciar aos consumidores religiosos e as estratégias de acessar os consumidores e criar novas necessidades religiosas impõem mudanças que nem sempre religiões mais ajustadas à tradição conseguem assumir. É preciso, sobretudo, enfrentar-se com os concorrentes, atualizar-se. Para religiões antigas, podem ocorrer mudanças que mobilizam apenas um setor dos líderes e devotos, como, por exemplo, ontem, a fração das Comunidades Eclesiais de Base e, hoje, a parcela da Renovação Carismática do catolicismo (Prandi, 1997). Isso vale para os grandes grupos religiosos. No caso dos evangélicos, avançam os renovados pentecostais, mas declinam algumas das denominações históricas. Certamente, o sincretismo católico, que por quase um século serviu de guarida aos afro- brasileiros, não deve mais lhes ser tão confortável. Quando o próprio catolicismo está em declínio, a âncora sincrética católica pode estar pesando desfavoravelmente para os afro- brasileiros, fazendo-os naufragar. Por outro lado, é sabido como muitas igrejas neopentecostais têm crescido às custas das religiões afro-brasileiras, sendo que para uma de suas mais bem-sucedidas versões, a Igreja Universal do Reino de Deus, o ataque sem trégua ao candomblé e à umbanda e a seus deuses e entidades é constitutivo de sua própria identidade (Mariano, 1999). Mas se o conjunto dos afro-brasileiros está em declínio, essa queda é devida ao segmento umbandista, que cai, enquanto sobe o candomblé. Os censos de 1991 e 2000 fornecem dados separados para a umbanda e o candomblé, sendo que a classificação candomblé reúne as chamadas religiões afro-brasileiras tradicionais (candomblé, xangô, tambor-de-mina, batuque). Como, pelo menos desde a década de 1950, a umbanda tem sido majoritária no conjunto afro-brasileiro, seu peso maior reflete diretamente na estatística geral do conjunto, indicando declínio. Mas a participação relativa do candomblé tem aumentado. Em 1991, o candomblé já tinha conquistado 16,5% dos seguidores das diferentes denominações de origem africana. Em 2000, esse número passou a 24,4%. O candomblé cresceu para dentro e para fora do universo afro-brasileiro. Seus seguidores declarados eram cerca de 107 mil em 1991 e quase 140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 31,3% num período em que a população brasileira cresceu 15,7%. Sem dúvida, um belo crescimento. Por outro lado, a umbanda, que contava com aproximadamente 542 mil devotos declarados em 1991, viu seu contingente reduzido para 432 mil em 2000. Uma perda Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br enorme, de 20,2%. E porque o peso da umbanda é maior que o do candomblé na composição das religiões afro-brasileiras, registrou-se para este conjunto nada mais nada menos que um declínio de 11,9% numa só década. Na década anterior, fato para o qual Ricardo Mariano chamou a devida atenção (Mariano, 2001), as religiões afro-brasileiras já tinham sofrido uma perda de 4,5%, declínio que não somente se confirmou como se agravou na década seguinte. O conjunto encolheu, mas o candomblé cresceu. Sincretismo, magia e o enfrentamento com pentecostais Em seu processo de transformação em religião universal, isto é, religião que se oferece para todos, o candomblé conheceu o que chamamos de movimento de africanização, que implica certas reformas de orientação fortemente intelectual, como o reaprendizado das línguas africanas esquecidas ao longo de um século, a recuperação da mitologia dos deuses africanos, que em parte também se perdeu nesses anos todos de Brasil, e a restauração de cerimoniais africanos (Prandi, 1991 e 2000). Um elemento importante do movimento de africanização do candomblé e sua constituição como religião autônoma inserida no mercado religioso é o processo de dessincretização, com o abandono de símbolos, práticas e crenças de origem católica. É a descatolização do candomblé, que se descentra do catolicismo e se assume como religião autônoma. Esse processo de africanização, evidentemente, é muito desigual e depende das diferentes situações com que se depara aqui e ali. Podemos, contudo, afirmar com segurança que o candomblé que mais se espalha pelo Brasil, o que mais cresce, é esse que vai cada vez mais deixando de lado as ligações com o catolicismo. Um seguidor desse candomblé pode, se quiser, freqüentar ritos da igreja católica, mas essa participação já não será mais vista como parte do preceito obrigatório a que estavam sujeitos os membros dos candomblés mais antigos; já não é mais um dever ritual. Não é mais necessário mostrar-se católico para poder louvar os deuses africanos, assim como não é mais necessário ser católico para ser brasileiro. Um seguidor da umbanda está longe dessas preocupações. Ao contrário, em vez de fortalecer sua identidade religiosa, uma aspiração muito corrente entre os umbandistas é a de se iniciarem também no candomblé. Muitos o fazem e entre esses não são poucos os que acabam abandonando a umbanda definitivamente para se dedicar aos orixás segundo o rito do candomblé. Assim se enfraquece a autonomia umbandista. Nos ritos da umbanda, as preces católicas e a invocação de Jesus, Maria e santos da igreja nas letras Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.brdos cantos sagrados continuam indispensáveis. Num hipotético processo de dessincretização da umbanda, grande parte de seu hinário teria que ser abandonada, pois as referências às crenças católicas são muito explícitas. Umbanda e candomblé são religiões mágicas. Ambas pressupõem o conhecimento e o uso de forças sobrenaturais para intervenção neste mundo, o que privilegia o rito e valoriza o segredo iniciático. Além do sacerdócio religioso, a magia é quase que uma atividade profissional paralela de pais e mães-de-santo, voltada para uma clientela sem compromisso religioso (Pierucci, 2001). Nesses termos, o candomblé é visto dentro do próprio segmento afro-brasileiro como fonte de maior poder mágico que a umbanda, o que atrai para o seio do candomblé muitos umbandistas. Para o candomblé, que está mais perto do pensamento africano que a umbanda, o bem e o mal não se separam, não são campos distintos. A umbanda, porém, quando se formou, se imaginou também como religião ética, capaz de fazer a distinção entre o bem e o mal, à moda ocidental, cristã. Mas acabou criando para si uma armadilha. Separou o campo do bem do campo do mal. Povoou o primeiro com seus guias de caridade, os caboclos, pretos-velhos e outros espíritos bons, à moda kardecista. Para controlar o segundo, arregimentou um panteão de exus-espíritos e pombagiras, entidades que não se acanham em trabalhar para o mal quando o mal é considerado necessário (Prandi, 2001a). Ficou dividida entre dois campos éticos opostos, "entre a cruz e a encruzilhada", na feliz expressão de Lísias Nogueira Negrão (1996). Tratado durante muito tempo com discrição e segredo, o culto dos exus e pombagiras, identificados erroneamente como figuras diabólicas, veio recentemente a ocupar na umbanda lugar aberto e de realce (Prandi, 1996, cap. 4 e 2001). Era tudo de que precisava um certo pentecostalismo: agora o diabo estava ali bem à mão, nos terreiros adversários, visível e palpável, pronto para ser humilhado e vencido. O neopentecostalismo leva ao pé da letra a idéia de que o diabo está entre nós, incitando seus seguidores a divisá-lo nos transes rituais dos terreiros de candomblé e umbanda. Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, em cerimônias fartamente veiculadas pela televisão, submetem desertores da umbanda e do candomblé, em estado de transe, a rituais de exorcismo, que têm por fim humilhar e escorraçar as entidades espirituais afro-brasileiras incorporadas, que eles consideram manifestações do demônio (Mariano, 1999). A umbanda e o candomblé, cada qual a seu modo, são bastante valorizados no mercado de serviços mágicos e sempre foi grande a sua clientela, mas ambos enfrentam hoje a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br concorrência de incontáveis agências de serviços mágicos e esotéricos de todo tipo e origem, sem falar de outras religiões, que inclusive se apropriam de suas técnicas, sobretudo as oraculares. Concorrem entre si e concorrem com os outros. Por fim, foram deixados em paz pela polícia (quase sempre), mas ganharam inimigos muito mais decididos e dispostos a expulsá-los do cenário religioso, contendores que fazem da perseguição às crenças afro-brasileiras um ato de fé, o que se pode testemunhar tanto no recinto fechado dos templos como no ilimitado e público espaço da televisão e do rádio. Não foi um ato isolado e gratuito o discurso do pastor fluminense Samuel Gonçalves, da Assembléia de Deus, um dos apoiadores do candidato evangélico Anthony Garotinho à Presidência da República, em que afirmou que uma das "três maldições" do Brasil é a religião africana (Folha de S. Paulo, 30/7/2002, p. A6). Organização e concorrência Candomblé e umbanda são religiões de pequenos grupos que se congregam em torno de uma mãe ou pai-de-santo, denominando-se terreiro também cada um desses grupos. Embora se cultivem relações protocolares de parentesco iniciático entre terreiros, cada um deles é autônomo e auto-suficiente, e não há organização institucional eficaz alguma que os unifique ou que permita uma ordenação mínima capaz de estabelecer planos e estratégias comuns na relação da religião afro-brasileira com as outras religiões e o resto da sociedade. As federações de umbanda e candomblé, que supostamente uniriam os terreiros, não funcionam, pois não há autoridade acima do pai ou da mãe-de-santo (Concone e Negrão, 1987). Além disso, os terreiros competem fortemente entre si e os laços de solidariedade entre os diferentes grupos são frágeis e circunstanciais. Não há organização empresarial e não se dispõe de canais eletrônicos de comunicação. Sobretudo, nem o candomblé em suas diferentes denominações nem a umbanda têm quem fale por eles, muito menos quem os defenda. Muito diferente das modernas organizações empresariais das igrejas evangélicas, que usam de técnicas modernas de marketing, que treinam seus pastores-executivos para a expansão e a prosperidade material das igrejas, que contam com canais próprios e alugados de televisão e rádio, e com representação aguerrida nos legislativos municipais, estaduais e federal. Mais que isso, a derrota das religiões afro-brasileiras é item explícito do planejamento expansionista pentecostal: há igrejas evangélicas em que o ataque às religiões afro- brasileiras e a conquista de seus seguidores são práticas exercidas com regularidade e justificadas teologicamente. Por exemplo, na prática expansiva de uma das mais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br dinâmicas igrejas neopentecostais, fazer fechar o maior número de terreiros de umbanda e candomblé existentes na área em que se instala um novo templo é meta que o pastor tem que cumprir. Grande parte da fraqueza das religiões afro-brasileiras advém de sua própria constituição como reunião não organizada e dispersa de grupos pequenos e quase domésticos, que são os terreiros. Num passado recente, entre as décadas de 1950 e 1970, as religiões de conversão se caracterizavam pela formação de pequenas comunidades, em que todos se conheciam e se relacionavam. A religião recriava simbolicamente relações sociais comunitárias que o avanço da industrialização e da urbanização ia deixando de lado. Tanto no terreiro afro-brasileiro como na igreja evangélica, o adepto se sentia parte de um pequeno e bem definido grupo. Ao contrário disso, a religião típica da década de 1980 em diante é uma religião de massa. As reuniões religiosas são realizadas em grandes templos, situados preferencialmente nos lugares de maior fluxo de pessoas, com grande visibilidade, que funcionam o tempo todo - algumas 24 horas - e que reúnem adeptos vindos de todos os lugares da cidade, adeptos que podem freqüentar a cada dia um templo localizado em lugar diferente. Os crentes seguem a religião, mas já não necessariamente se conhecem. O culto também é oferecido dia e noite no rádio e na televisão e o acesso ao discurso religioso é sempre imediato, fácil. Os pastores são treinados para um mesmo tipo de pregação uniforme e imediatista. No catolicismo carismático, por sua vez, a constituição dos pequenos grupos de oração teve que se calçar na criação dos grandes espetáculos de massa das missas dançantes celebradas pelos padres cantores (Souza, 2001). Nesses vinte anos, mudou muito a forma como a religião é oferecida pelos mais bem-sucedidos grupos religiosos. São mudanças a que o candomblé e a umbanda não estão afeitos. Não são capazes de se massificar, mesmo porque a vida religiosa de um afro-brasileiro se pauta principalmente pelo desempenho de papéis sacerdotais dentro de um grupo de características eminentemente familiares. Não é à toa que o grupo de culto é chamadode família-de-santo. Mais que isso: as cerimônias secretas das obrigações e sacrifícios não são abertas sequer a todos os membros de um terreiro, havendo sempre uma seleção baseada nos níveis iniciáticos, não sendo concebível a sua exposição a todos, muito menos sua divulgação por meio televisivo. Além de se constituírem em pequenas unidades autônomas, reunindo, em geral, não mais que cinqüenta membros, os terreiros de candomblé e umbanda usualmente desaparecem com o falecimento da mãe ou pai-de-santo, tanto pelas disputas de sucessão como pelo fato bastante recorrente de que os herdeiros civis da propriedade e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br demais bens materiais do terreiro, tudo propriedade particular do finado chefe, não se interessam pela continuidade da comunidade religiosa. A não ser em uma dúzia de casas que se transformaram em emblemas de importância regional ou mesmo nacional para a religião, dificilmente um terreiro sobrevive a seu fundador. Tudo sempre começa de novo, pouco se acumula. Fragmentada em pequenos grupos, fragilizada pela ausência de algum tipo de organização ampla, tendo que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do negro para a cultura negra, a religião dos orixás tem poucas chances de se sair melhor na competição - desigual - com outras religiões. Silenciosamente, assistimos hoje a um verdadeiro massacre das religiões afro-brasileiras. Sem um projeto novo de expansão e de reorientação num quadro religioso que se tornou extremamente complexo e competitivo, a umbanda talvez tenha menos recursos que o candomblé para enfrentar a nova conjuntura. Os dados dos censos mostram que é da umbanda que vem o encolhimento demográfico do segmento religioso afro-brasileiro, e o vigor do novo candomblé não tem sido suficiente para compensar as perdas. Nem seus líderes, em grande parte pouco escolarizados, têm sabido como reagir ou como se organizar, mais preocupados que estão em garantir o funcionamento de seus terreiros. A umbanda tem menos de cem anos de idade e parece não conseguir se adaptar às novas demandas que a sociedade apresenta. Já o candomblé, que é pelo menos um século mais antigo que a umbanda, porém renovado pelas mutações que vem sofrendo em sua expansão, tem se mostrado mais ágil para se adequar aos novos tempos. É mais uma demonstração de que a religião que não muda morre. De todo modo, a importância cultural da umbanda, do candomblé, do xangô, do tambor- de-mina, do batuque e outras denominações menores no cenário cultural brasileiro tem sido sempre maior que seu alcance demográfico em termos da efetiva filiação de seguidores. Sua contribuição às mais diferentes áreas da cultura brasileira é riquíssima, como acontece também noutros países americanos em que se constituíram religiões de origem negro-africana. Mas, se se confirma que o Brasil vem se tornando religiosamente menos afro-brasileiro, a fonte viva de valores, visões de mundo, arranjos estéticos, aromas, sabores, ritmos etc., que são os terreiros de candomblé e umbanda, pode entrar em processo de extinção. Não seria um horizonte promissor para o cultivo da diferença cultural e do pluralismo religioso, cujo alargamento alimentou promessas do final do século XX de mais democracia, diversidade, tolerância e liberdade. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Religião e seguidores em mudança Houve tempo em que a mudança de religião representava uma ruptura social e cultural, além de ruptura com a própria biografia, com adesão a novos valores, mudança de visão de mundo, adoção de novos modelos de conduta etc. A conversão era um drama, pessoal e familiar, representava uma mudança drástica de vida. O que significa hoje mudar de religião, quando a mudança religiosa parece não comover ninguém, como se mudar de religião fosse já um direito líquido e certo daquele que se transformou numa espécie de consumidor, consumidor religioso, como já se chamou esse converso? Certamente o drama é menos profundo (Pierucci e Prandi, 1996 e Prandi, 2001b). As mais díspares religiões, assim, surgem nas biografias dos adeptos como alternativas que se pode pôr de lado facilmente, que se pode abandonar a uma primeira experiência de insatisfação ou desafeto, a uma mínima decepção. São inesgotáveis as possibilidades de opção, intensa a competição entre elas, fraca sua capacidade de dar a última palavra. A religião de hoje é a religião da mudança rápida, da lealdade pequena, do compromisso descartável. Mas não somente o crente muda de um credo para outro, desta para aquela religião. As religiões mudam também e mudam muito rapidamente, muitas vezes suas transformações apontando para um outro público-alvo, visando a uma clientela anteriormente fora do alcance de sua mensagem. É verdade que a religião muda a reboque da sociedade, sobretudo no que diz respeito aos modelos de conduta que prega e valores que propaga, freqüentemente adaptando-se a transformações sociais e culturais já plenamente em curso, num esforço para não perder o trem da história, como tem ocorrido especialmente com a igreja católica. Hoje, provavelmente, muitas das mudanças contemplam não especificamente a sociedade em transformação, mas o conjunto das diferentes religiões que se oferecem como alternativas sacrais, o que significa que a religião muda para poder melhor competir com as outras crenças em termos da adesão de fiéis, e não em razão de se pôr numa posição axiológica mais compatível com os avanços da sociedade, embora isso também possa ser importante e às vezes pressuposto na dinâmica do próprio mercado religioso. Posições anteriormente alcançadas, tanto no plano da filosofia religiosa como no das conseqüências políticas e de orientação na vida cotidiana, que derivam dos valores então assumidos, podem ser completamente abandonadas, com a busca de novos modelos que possam melhor apetrechar aquela religião na concorrência com as demais. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Grupos religiosos, igrejas e denominações cindem-se e se multiplicam, ampliando ainda mais a oferta. Outras apresentam facetas múltiplas, mantendo a unidade institucional, mas sendo capazes de atender a demandas variadas a partir de mensagens diferentes e movimentos particulares, embora gostem de advogar que a diversidade que contemplam e produzem repousa em verdades teológicas únicas. É bastante notória a facilidade com que um adepto do candomblé muda de terreiro, de nação, de grupo religioso, sempre à procura de soluções que acredita poder encontrar fora da comunidade de culto em que se iniciou, trafegando pela enorme variedade de modos de proceder o culto existente no interior do próprio candomblé. Quando não abandona a própria religião para experimentar as mesmas promessas de conforto e felicidade em território pentecostal, por exemplo, o que tem sido uma tendência nada desprezível do trânsito religioso brasileiro nas duas últimas décadas. Evidentemente, os motivos que reforçam a diversidade religiosa não se encontram somente no âmbito dos crentes seguidores, os consumidores de religião, agindo, sobretudo, no interior da própria organização religiosa. Mudanças internas da religião não significam necessariamente perigo para a sua sobrevivência institucional, não implicam apenas separação e ruptura. Ao contrário, quem não muda não sobrevive. Interesses vários podem então ser exercitados com maior liberdade, numa competição interna cujo sucesso se mede não pelos alcances teológicos possíveis, mas pela adesãode crentes. A própria carreira sacerdotal se vê compelida a incorporar novas habilidades, como aquelas até bem pouco mais apropriadas aos homens de negócios e mais marcadamente atributivas de artistas, ginastas e estrelas de TV, entre outras qualidades. Vejam-se, por exemplo, as mudanças profundas que o movimento de Renovação Carismática introduziu no modelo do clérigo católico brasileiro (Prandi, 1997). Se isso ocorre em religiões unificadas institucionalmente, pode-se imaginar o que acontece em religiões sem unidade administrativa e doutrinária, como as afro-brasileiras, em que cada terreiro tem para com os demais obrigações apenas protocolares, cada um com seu governo independente. Mesmo em se tratando de religiões severamente consolidadas em termos de organização sacerdotal e obrigações hierárquicas, surgem novos horizontes de mobilidade social baseada na capacidade pessoal de inovação e empreendimento do sacerdote. Nas grandes igrejas, muitas das quais atuando como conglomerados empresarias de acumulação econômica internacional, assim como nas religiões em que a unidade administrativa e sacerdotal é reduzida, fraca ou inexistente, como ocorre em todo o Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br segmento afro-brasileiro, em certas correntes evangélicas e no conjunto das práticas esotéricas, o sucesso do líder religioso, e por conseguinte da sua religião ou modalidade religiosa, depende da sua capacidade de atrair devotos e clientes e gerar renda necessária à expansão daquela denominação. Tanta oferta, que é crescente, depende de demanda grande e diversificada. Aquilo que se entende por religião deve contemplar necessidades, gostos e expectativas que escapam às velhas definições da religião, surgindo as mais inusitadas formas de acesso ao sagrado e sua manipulação mágica, como ocorre com muita propriedade no vasto e pouco definido universo do esoterismo. Experimentar novos sentimentos e formas da religião, contudo, não significa necessariamente mudar de religião. Não é preciso sair da religião que se professa para provar da mudança religiosa. Quantas vezes não ouvimos pessoas mais velhas do candomblé reclamar que sua religião não é mais como costumava ser nos seus tempos de juventude? Para os mais velhos, que sentem a mudança como perda, a religião certa é a que não muda. As próprias religiões costumam se apresentar como verdades eternas e imutáveis. "Assim como era no princípio, agora e sempre", afirma o Credo católico, oração afirmativa de uma religião em constante transformação. Tudo isso vale igualmente para o candomblé e a umbanda. Os seguidores dos orixás também acreditam na eternidade das verdades religiosas e na perenidade dos ritos. Sabem que muito se perdeu e se modificou ao longo da história do culto dos orixás no Brasil, quer em razão das adversidades sociais e culturais que enfrentou, a começar da própria escravidão, que por causa da displicência dos sacerdotes mais antigos, que teriam levado para o túmulo muito conhecimento que preferiram não passar adiante. É o que se imagina. Pois bem, esse conhecimento perdido, esquecido, escondido existe em algum lugar, e é imperativo recuperá-lo, para o revigoramento da própria religião e o fortalecimento do poder de seus rituais, é o que se acredita. A idéia de que é preciso recuperar o mistério perdido ao longo da história da religião no Brasil (língua, rezas, cantigas, oriquis, mitos, odus, ebós, tabus etc.) parte do suposto de que em algum lugar existe sobrevivência ou registro do que se perdeu, que alguém de grande conhecimento é capaz de ensinar a fórmula almejada, que algum processo iniciático em outro templo, nação ritualística, cidade ou país pode resgatar o patrimônio que as gerações anteriores de pais e mães-de-santo, por impedimento sociocultural, egoísmo e desleixo, não souberam transmitir às gerações seguintes. Recobrar segredos guardados é imperativo para restaurar o grande poder mágico da religião. O livro é uma Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br das fontes possíveis, viagens à África e consultas com africanos ou mesmo com velhos sacerdotes brasileiros é outra. Em geral se paga por um segredo guardado, cujo acesso quase sempre depende de submissão a alguma obrigação iniciática. No candomblé, o que é pago é mais valorizado; sem dinheiro não há axé, não há fluxo da força sagrada. Mas a adoção de fórmulas ou elementos recuperados se faz de acordo com a interpretação pessoal, a vontade e o interesse de cada pai ou mãe-de-santo, e se dá de modo diferente em cada terreiro. Assim, recuperar o passado perdido também significa adaptar, inovar, criar. Uma das mais profundas mudanças observadas no candomblé nas últimas décadas do século XX foi sua universalização, quando passou de religião étnica a religião de todos, com a incorporação, entre seus seguidores, de novos adeptos de classe média e de origem não africana. Segundo o censo demográfico do ibge, apenas 16,7% dos umbandistas se constituíam, no ano 2000, de pessoas que declararam ser de cor preta, cifra que para os dos adeptos do candomblé também foi expressivamente pequena: 22,8%. Surpreendentemente, o censo de 2000 mostrou também que as religiões afro- brasileiras apresentaram a segunda maior média de anos de escolaridade de seus seguidores declarados, ficando atrás apenas do espiritismo kardecista, religião sabidamente de classe média e de seguidores com escolaridade elevada. Para o ano 2000, a média de anos de escolaridade dos membros declarados do candomblé e da umbanda foi de 7,2 anos, quando a média da população total do Brasil era igual a 5,9 anos, a dos espíritas kardecistas 9,6 anos, a dos católicos 5,8 anos e a dos evangélicos pentecostais 5,3 anos. São indicadores inequívocos da penetração da classe média branca escolarizada. Certamente esse segmento, que não é a maioria, declara-se afro- brasileiro no quesito de religião do censo com maior freqüência que os pobres e negros. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br De fato, a base social do candomblé mudou, e mudou muito. Grande parte, certamente a maioria ainda, é de gente pobre, com muitas dificuldades para arcar com os gastos financeiros impostos pela exuberância e complexidade dos ritos iniciáticos. Mas a classe média branca e escolarizada já está no terreiro, muitas vezes competindo com os negros pobres, que evidentemente, pela sua condição de afro-descendentes, se sentem com freqüência os legítimos donos das tradições dos orixás. Disputam cargos, regalias e posições de mando e de prestígio no intrincado jogo de poder dos terreiros. Levam consigo valores, costumes e aspirações próprios de sua condição social. O hábito de leitura, o gosto pelo estudo, o prazer do consumo descortinam um mundo de novidades a serem buscadas nos livros, nas revistas, na internet, nas atividades universitárias, no Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br mercado de artigos religiosos. No terreiro aprendem o quanto é valorizado o saber religioso. Há tesouros a descobrir em termos da mitologia e dos ritos, segredos perdidos a recuperar. Freqüentemente, vem a decepção: os segredos são de polichinelo, acrescentam pouco ou quase nada ao que se sabia e praticava antes. Pior que isso: mais saber religioso não confere necessariamente mais poder, seja o poder de mando seja o de manipulação mágica. A procura, entretanto, não cessa, outros caminhossão buscados. Nas religiões dos orixás, cada terreiro tem plena autonomia administrativa, ritual e doutrinária, e tudo depende das decisões pessoais da mãe ou pai-de-santo. O controle social exercido entre terreiros, no conjunto geral do chamado povo-de-santo, se faz por redes informais de comunicação, em que a fofoca ocupa lugar privilegiado (Braga, 1998), sem que a independência do sacerdote-chefe de terreiro, contudo, sofra realmente qualquer limitação eficaz. É costume se dizer que no candomblé "nada pode e tudo pode" e que tabus são para ser quebrados (Augras, 1987). Assim, cada comunidade de culto é livre para experimentar inovações ou retornar a formas anteriores, incorporando práticas que para outros da mesma religião podem não fazer o menor sentido. Cada terreiro exerce o direito de copiar e incorporar novidades, mas costuma dotá-las de outros significados. Pode mudar, afirmando que se mantém na rígida tradição. Terreiros nascem uns dos outros, mas não há dois iguais, mesmo quando se observam os terreiros mais antigos, surgidos da mesma matriz fundante. Os seguidores são unânimes, entretanto, ao acreditar que o futuro da religião depende tanto da manutenção das velhas tradições, das quais os centenários terreiros da Bahia ainda representam a fonte mais legítima, como da recuperação do conhecimento que se perdeu desde que os velhos fundadores foram arrancados de suas famílias e cidades africanas para serem brutalmente escravizados no Brasil. Pensam o futuro da religião em termos estritamente religiosos e atribuem o progresso ou declínio de seus cultos não em função de planos, políticas e estratégias institucionais, mas à vontade dos orixás. Acreditam que sempre é tempo de recuperar a tradição que não chegou até os dias de hoje, adaptando-a para o presente da religião, pois em algum lugar ainda existe, conforme repetem com muito freqüência, muitos segredos guardados. Bibliografia AUGRAS, Monique. "Quizilas e preceitos: transgressão, reparação e organização dinâmica do mundo". Em MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de (org.). Candomblé desvendando identidades. São Paulo, EMW, 1987. [ Links ] javascript:void(0); Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo, Nacional, 1978. Nova edição: São Paulo, Companhia da Letras, 2001. [ Links ] _____. Imagens do Nordeste místico em preto e branco. Rio de janeiro, O Cruzeiro, 1945. [ Links ] _____. As religiões africanas no Brasil. São Paulo, Pioneira, 1971. [ Links ] BRAGA, Júlio. Fuxico de candomblé: estudos afro-brasileiros. Feira de Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana, 1998. [ Links ] CAMARGO, Candido Procopio Ferreira de. Kardecismo e umbanda. São Paulo, Pioneira, 1961. [ Links ] CONCONE, Maria Helena Villas Boas e Negrão, Lísias Nogueira. "Umbanda: da repressão à cooptação".Umbanda & política. Cadernos do Iser, 18. Rio de Janeiro, Iser e Marco Zero, 1987. [ Links ] MARIANO, Ricardo. 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Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Reginaldo Prandi é professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ocupa atualmente o cargo de representante da Área de Sociologia na Capes. É autor, entre outros livros, de Os candomblés de São Paulo(Hucitec, 1991), A realidade social das religiões no Brasil (com Antônio Flávio Pierucci, Hucitec, 1996),Herdeiras do axé (Hucitec, 1996), Um sopro do Espírito (Edusp, 1997), Mitologia dos orixás (Companhia das Letras, 2000), Encantaria brasileira (organizador, Pallas, 2001), Os príncipes do destino (Cosac & Naify, 2001),Ifá, o Adivinho (Companhia das Letrinhas, 2002), Xangô, o Trovão (Companhia das Letrinhas, 2003) e Minha querida assombração (Companhia das Letrinhas, 2004). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br Estudos Avançados On-line version ISSN 1806-9592 Estud. av. vol.18 no.52 São Paulo Sept./Dec. 2004 http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142004000300016 DOSSIÊ RELIGIÕES NO BRASIL A difícil viagem de retorno à aldeia1 Oswaldo Elias Xidieh RESUMO ESTUDO do movimento dos migrantes, despojados de sua terra, de sua cultura e das formas de convivência com as quais se afeiçoaram, para irem se colocar em cidades do Estado de São Paulo, entre as quais Marília. Parte destes andantes depositaram suas esperanças e seus pedidos na Umbanda, nem sempre se convertendo, embora ali tivessem encontrado soluções ou encaminhamentos para seus problemas de trabalho, saúde, moradia e segurança. Outros se apegaram ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que prestava serviços e oferecia possibilidades de acomodação e relativo ajustamento. Houve também quem se aproximasse de ramificações mais abertas da Igreja Protestante, capazes de confortar, converter e oferecer redes de auxílio-mútuo. Depoimentos colhidos pelo autor mostram a dor, a luta e o arrimo que os errantes encontraram nesta andança. ABSTRACT THIS ESSAY is a study of the movements of migrants. Deprived of their land, culture and forms of relationship with which they were familiar, they seek to find placement in the cities of the state of São Paulo, including Marília. Part of these vagrants placed their http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0103-4014&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300016&lng=en&nrm=iso#nt01 Rua Dr. Moacir Birro, 663– Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br hopes and entreaties in Umbanda, albeit not always becoming converts, even if they found in that religion solutions or amendments for their work, health, housing and safety problems. Others attached themselves to the Rural Laborers Union, which provided services, lodging facilities and relative adjustment. There were also those who approached the more open-minded ramifications of the Protestant Church, providing comfort, conversion and mutual aid networks. Testimonies given to the author show the pain, struggle and support these vagrants found in their wanderings. Não procurei rastrear a presença do oprimido na literatura popular, nem na erudita. Ocorreu-me, apenas, um intenso desejo de apresentar-lhes alguma coisa viva, pulsante, latejante, dolorosa: o migrante. Vocês ouvirão, como desde agora eu oiço, ele sendo contado, recitado, cantado por milhares de bocas anônimas - caipiras, piraquaras, capiaus, tabaréus, peões, crias, mumbavas - destes Brasis sem fim. Que se aproximem os senhores da outra literatura, que se acheguem e aportem com mão limpa e olhos despidos e escrevam, pelo amor ao povo, não outras vinhas da ira, o Horto da Agonia, meus senhores, sim. Oswaldo E. Xidieh FAZ MUITOS ANOS, em fins da década de 1960, ao escrever o primeiro texto de Semana Santa cabocla2, duas preocupações instigantes se me propuseram: o destino da cultura popular ao embate das mudanças de todos os tipos que, de há tempos, se desencadearam no Estado de São Paulo e a destinação do trabalhador braçal em crise existencial, alijado do seu espaço, acuado para outra esfera de relacionamento social - a sociabilidade formal da sociedade hegemônica - e que, desgarrado do seu sistema cultural, pedra básica do seu comportamento e da sua representação no mundo, passa a ser simplesmente o outro, o indivíduo e não mais pessoa. Quanto à primeira preocupação, ignorando quaisquer impulsos sentimentalistas e saudosistas, que, na verdade, apenas encobrem e dissimulam tendências pessoais e reacionárias; examinando, doutro lado, todo o elenco das injunções que se exercem sobre a cultura popular de modos a esvanecê-la e a reduzir os grupos populares aos objetivos e interesses da sociedade hegemônica (a cultura de massa ou a indústria cultural), o problema se clarifica. A cultura de massa, já velha de cento e tantos anos3, veicula valores, modelos de comportamento, padrões estéticos e cria necessidades dosadas para as diferentes classes sociais a fim de mantê-las nos seus devidos lugares, satisfeitas e participantes dos bens de consumo e das benesses do sistema capitalista - mas isso não se constitui numa exclusividade desse sistema... Quando acionada, também de fora para dentro, por grupos de vanguarda, pretendendo ensinar o povo a produzir a verdadeira arte popular (o que não significa apenas arte) é timidamente ideológica e utopicamente revolucionária4. É normal que o sistema capitalista deva cumprir-se em todo o seu processo no qual se inclui o nivelamento-absorção constante de formas e forças que lhe são antagônicas. No http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300016&lng=en&nrm=iso#nt02 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300016&lng=en&nrm=iso#nt03 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300016&lng=en&nrm=iso#nt04 Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br entanto, os bens e as idéias propostos ao consumo não chegam às classes básicas, inclusive aos "bóia-fria", que não têm, por impossibilidade econômica, chances de usufruir muitos deles. Resta, então, uma esperança para a cultura popular... É curioso que muitos grupos de vanguarda tenham uma visão obliterada do que no Brasil costumam definir como povo alienado. Quem é o alienado historicamente no Brasil: o povo ou o Estado? Quem deve ser alinhado? Não estaria essa vanguarda intelectual, espécie de nova aristocracia, assumindo a posição dos socialistas feudais aos moldes de 1838? Mas, deixemos de lado essa primeira preocupação e partamos de dados concretos e, no momento atual, irreversíveis. Mudanças extensas e profundas processaram-se no sistema de trabalho e de produção, de posse e uso da terra, da circulação de bens; na transformação do trabalhador braçal em operário desvinculado de qualquer fixação à terra e de compromissos patronais e na sua urbanização; na destruição sistemática da natureza fornecedora de bens materiais e das comunidades em que se perpetuavam usos e costumes, crenças e cerimônias tradicionais. Assim foi que a cultura popular recebeu sérios golpes, mas, nem por isso, desapareceu. Quando desaparecerá? Só mesmo invadindo o campo da utopia ou da literatura tipo Admirável mundo novo e1984: superestruturas sociais altamente racionalizadas, no último limite de especialização das suas ciências e tecnologias, isto é, no patamar ideal das suas ideologias, em computadores especiais, tabulariam todas as necessidades humanas e programariam as satisfações permissíveis. Simultaneamente, em laboratórios de genética-corretiva, preparar-se-iam espermas que, inseminados em mulheres (talvez mesmo isso seria dispensável) resultassem na produção pacífica e em série dos que deveriam ser peças utilizáveis na estratificação e na estrutura sociais. Seria a glória final de ambos os sistemas políticos hoje senhores do mundo se chegassem, ao lado daquelas conquistas, a neutralizar o processo da dinâmica social e a destruir, com lavagens cerebrais e drogas específicas, as dimensões do homem... Não nos preocupemos, portanto, com o destino da cultura popular. Pã não morreu. Pã é a natureza humana, criadora de signos, símbolos, mitos e vida. Ele é a variedade, a diferenciação, a ambigüidade; é ser-não-ser-estar-sendo e, acima de tudo, irracional em oposição à racionalidade instituída e imposta... Os bóias-frias de Marília A segunda preocupação procede e, no dia-a-dia, nestes últimos vinte e tantos anos, acompanhando a vinda e a ida de grupos de trabalhadores braçais em Marília5, em busca de trabalho junto às propriedades agrícolas e pastoris da região, foi possível estabelecer as etapas da sua odisséia. Em 1962, já sabíamos alguma coisa a respeito dos retirantes. Eram pequenos grupos que, de início, procuravam a delegacia de polícia da rua Gonçalves Dias, pedindo abrigo, encaminhamento ao Albergue Noturno e auxílio para viajar. Aos poucos, entre 1963 e 1964, esses grupos se avolumaram e passaram a se acomodar sob o telheiro de um antigo armazém na rua Bahia junto à estrada de ferro - a'"Flor Roxa". É a partir, principalmente dessa época, que os agricultores da região se interessam por essa mão- de-obra flutuante, mormente por ocasião das colheitas, e que se configura o tipo de intermediário agenciador de mão-de-obra para os fazendeiros: o "gato". Ademais, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000300016&lng=en&nrm=iso#nt05 Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br coincide com a aparição dos "bóias-frias" a saída das fazendas de uma mão-de-obra mais capacitada (pedreiros, tratoristas, "paus para toda a obra"), atendendo às solicitações urbanas na indústria, na construção e nos empregos junto às repartições públicas. Sobre tudo isso pairam os dispositivos de uma legislação trabalhista não muito clarificadores nem abrangentes6. Os proprietários optam por aceitar trabalhadores que não se fixam no local de trabalho; os "prestadores de serviço" se acomodam em bairros periféricos da
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