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APOSTILA DE GEOTECNIA AMBIENTAL Prof. Josias Eduardo Rossi Ladeira Referência: TCC A • Guilherme Góis Marques Isabella Barbosa Pinto • Karolina Isabela Correa • Larissa Renata de Oliveira Vilela • Raquel Bressani Medeiros de Paula • Thaíz de Oliveira Aguiar TCC B • Cleber Pinheiro Ramos • Hione Ferreira Silva Natália Araújo de Moraes • Pedro Henrique Moreira da Silva Alves Neves • Raene Ruthele Rodrigues • Vanessa Helena Fernandes de Azevedo Neri UNIDADE 5 Barragens de Terra e Enrocamento Barragens de Rejeitos de Mineração 2 1. BARRAGENS - INTRODUÇÃO As barragens são estruturas que vêm sendo utilizadas há centenas de anos por diversas civilizações. São obras que possuem diversas funções, dentre elas: armazenamento de água para o abastecimento humano, irrigação, dessedentação de animais, geração de energia, controle de cheias, recreação, piscicultura, retenção de resíduos e navegação. Estas estruturas possuem um grande potencial para causar diversos impactos negativos, principalmente quando ocorrem falhas em algum dos processos de construção ou manutenção. O rompimento de uma estrutura gera um dano muito alto ao vale de jusante, pois além de ocasionar impactos econômicos, ambientais e sociais, pode provocar também inúmeras consequências como por exemplo a disseminação de vidas. Existem no Brasil diversos barramentos, sendo que em 2015 contava-se com 663 barragens de contenção de rejeitos de mineração e 295 barragens de resíduos industriais, com diversas dimensões e destinadas a diferentes usos. No Brasil, aproximadamente 90% da energia elétrica utilizada provém de usinas hidrelétricas, isso por se tratar de um país rico em recursos hídricos, o que facilita este tipo de produção de energia. A manutenção dessas estruturas é feita de acordo com o uso e tamanho, sabendo-se que algumas são mantidas seguras e estáveis, seguindo normas de segurança internacionais mais exigentes, enquanto outras ficam “esquecidas” e sujeitas a um possível rompimento da estrutura. Para manter a segurança dessas barragens vem sendo utilizado um método tradicional da engenharia baseado em normas de segurança, comprovado por um histórico de projetos e empreendimentos com registros de bom desempenho. Esse método constitui um meio efetivo de gerenciamento de risco. O presente trabalho tem como o objetivo introduzir o conceito de gestão de risco, bem como aplicação deste conceito, pela análise de métodos disponíveis para a identificação, análise, avaliação, mitigação e controle do risco. A pesquisa apresenta a importância da gestão de risco em uma barragem para evitar os possíveis acidentes e falhas, que acarretam em um desastre de grande escala, impactando negativamente o ecossistema no entorno da mesma. 3 2. ESTRUTURAS QUE COMPÕEM AS BARRAGENS Neste capítulo foi apresentada uma visão geral sobre barragens, seus métodos construtivos e principais formas de rompimento, destacando-se barragens de rejeito de minério de ferro. 2.1 Princípios gerais de estruturas de barragens Segundo Cruz (2004), as estruturas das barragens têm por objetivo reter e impedir a acumulação de água, e o desafio de se projetar uma barragem está em controlar o fluxo de água pelo conjunto barragem/fundação. Tanto a estabilidade externa (taludes), como a estabilidade interna (o conjunto barragem fundação), devem atender aos parâmetros básicos de segurança que são estabelecidos por diversas condições de carregamentos e em função do tipo da obra. Desta forma, Cruz (2004) apresenta três princípios básicos de projeto necessários e que devem ser estabelecidos: • Princípio do controle do fluxo de água – está relacionado, segundo Cruz (2004), com a vedação a montante, da barragem e da fundação, estabelecendo todos os sistemas necessários para tal procedimento, tanto quanto, estabelecer métodos que permitam e facilitem ao máximo a jusante do eixo, o escoamento da água, incorporando todos os sistemas de drenagem necessários na barragem e na fundação. • Princípio da estabilidade de barramentos – tanto os materiais da fundação, como os espaldares das barragens devem possuir características de resistências que sejam compatíveis e que garantam a estabilidade do conjunto barragem\fundação para as diversas condições de carregamento. • Princípio da compatibilidade das deformações – para Meirelles (2011), as zonas adicionais de transição devem ser previstas para que se reduza os recalques diferenciais da fundação e dos matérias empregados, de forma que se obtenha uma boa compatibilização e compressibilidade desses materiais. 4 Na Figura 1 a seguir é apresentada a seção típica da barragem de Três Marias (MG) com todos os elementos que constituem o barramento, utilizada como exemplo para um melhor entendimento do corpo da barragem. Figura 1 - Seção típica de uma barragem de terra zonada. Barragem de Três Marias - MG Fonte: Adaptado de Cruz, 2006 apud Ana, 2016. Embora os princípios citados anteriormente sejam imprescindíveis em quaisquer projetos de barragens, Cruz (2004) afirma que as barragens possuem diversos tipos e são influenciadas por condicionantes locais que irão determinar a escolha mais adequada do perfil de barragem a se projetar. Dentre esses condicionantes, podem ser destacados os materiais disponíveis, o clima da região, geologia, hidrologia do local, os tipos de equipamentos e recursos de laboratório, custo de mão de obra, legislação local, os tipos de equipamentos e recursos de laboratório, o custo de mão de obra a legislação local referente a leis sociais e a segurança da obra, as condições econômicas, os fatores de preservação ambiental, e os prazos construtivos, além dos aspectos políticos e demagógicos. (SOUZA, 2004). Um fator que se torna determinante para a escolha preliminar do tipo de barragem mais adequada é, segundo Cruz (2004) a disponibilidade de materiais de construção nas proximidades do local onde será implantada a estrutura. Ainda segundo o autor, é importante se atentar para as barragens provenientes de escavações obrigatórias à construção de obras de desvio, vertedouros, canais de adução, tomadas d’água e casas de força. 5 Cruz (2004) afirma que nenhum material natural deve ser descartado para a composição da seção da barragem, pois mesmo que o volume seja relativamente pequeno, ele pode ser útil em zonas especificas da seção. Desta maneira, o processo inicial ligado as características do local deve ser confirmados e detalhados em função dos materiais encontrados e das características propostas para a fundação. De acordo com Cruz (2004), os materiais componentes da barragem podem ser os mais diversos possíveis. Na escolha do tipo de barragem deve-se sempre atentar para dois elementos fundamentais: a parte vedante e a parte que confere estabilidade. Alguns dos exemplos de tipos de barragens, segundo Cruz (2004): • Barragem homogênea, onde determina que o material deve apresentar características de vedação e resistência; • Barragem com núcleo interno e espaldares com maior permeabilidade e resistência; • Barragem com material impermeabilizante na zona de montante, e material granular ou enrocamento na zona de jusante; • Barragens de enrocamento por concreto. 2.1.1 Fundação Cruz (2004) afirma que a fundação por sua vez, é uma condicionante marcante para a escolha da seção típica da barragem, pois a estrutura de uma barragem de solo demanda uma série de camadas, que devem ser consideradas individualmente, cada uma com sua peculiaridade. Ainda segundo o autor, os mais variados tipos de fundações podem causar interferências na definição das seções típicas das barragens, e por isso, relacionam- se alguns critérios de restrições qualitativas de materiais de fundações mais encontrados na natureza, bem como soluçõesque adequem as fundações às barragens. • Fundações em rocha Segundo Cruz (2004), os maciços rochosos não influenciam na estabilidade global nem nas deformações da barragem, apenas os folhetos e/ou rochas descontinuas de baixa resistência que e/ou que sejam expansivas, e que podem 6 condicionar a estabilidade e deformações das barragens por questões de permeabilidade. Cruz (2004) afirma que, A dificuldade consiste em definir permeabilidade aceitáveis para esse tipo de fundação. Maciços rochosos com “permeabilidade media” inferior a 5x10- 4 cm/s não necessitam de tratamentos para redução de permeabilidade. Permeabilidades superiores ao valor acima devem ser reduzidas, o que geralmente se faz através de cortinas de injeção de calda ou argamassa de cimento (CRUZ, 2004). • Fundações em areia pura Quando compõe a fundação de uma barragem a areia pura requer certos cuidados quanto a estabilidade e estanqueidade. Segundo Cruz (2004), se tais fundações forem constituídas por areias finas uniformes e compactadas de forma que o índice de vazios seja superior ao índice de vazios críticos, os mesmos podem sofrer do fenômeno de liquefação, quando saturadas. Ainda que seja possível densificá-los por meio de choques e/ou vibrações, é preferível em muitos casos removê-los e substitui-los por materiais mais adequados. Cruz (2004) assegura que, quanto a estabilidade e deformação, as areias grossas e pedregulhos não são empecilho, pois, mesmo sendo pouco assentáveis, assentam-se rapidamente assim que carregados. A grande contrapartida é o problema de estanqueidade, que se faz crítico devido a permeabilidade desses materiais. Para melhor trabalhabilidade dessas areias, Cruz (2004) apresenta alguns métodos básicos que podem ser adotados, são eles: • Construção de uma barreira vertical até um material subjacente impermeável, de forma a reduzir a vazão pela fundação a um valor bem menor; • Implantação do método Cut-off impermeável; • Implantação de um tapete impermeável a montante, com o controle efetivo da água que percolará na fundação; • Método eficaz de drenagem de forma a conduzir uma correta percolação da água. A escolha do tipo de providencia tomar depende da quantidade de água que pode passar pela fundação, da profundidade da camada de areia grossa ou cascalho e dos materiais naturais de construção existentes no local de implantação da obra (CRUZ, 2004). 7 • Fundação em aluviões No que diz respeito a esse tipo de fundação, Souza (2004) cita que, Aluviões areno-argilosos e/ou silto-arenosos não devem em principio ter S.P.T menor que 7 e devem ser homogêneos, isto é, não possuir lentes de areia quase pura ou argilas moles. Se economicamente viáveis, devem ser retiradas. Caso permaneçam como fundação, cuidados especiais de projeto devem ser tomados no controle dos gradientes de saída no pé da barragem, cujo fator de segurança deve-se situar entre 3 e 5. Estes mesmos valores devem ser utilizados para a verificação do levantamento do terreno a jusante. (SOUZA, 2004) • Fundações em solo coluvionar Segundo Souza (2004), as dificuldades enfrentadas a esse material como fundação, se dá a resistência ao cisalhamento, aos descolamentos verticais e a permeabilidade, e por isso alguns cuidados devem ser observados, sendo estes: • Verificação da colapsidade do material devido as mais variadas tensões verticais de carregamento, que determinados por faixas de tensões, estabelecem as ações que serão necessárias; • Determinação da permeabilidade do coluvião em seus vários patamares de tensões; De forma geral, os coluviões apresentam alta porosidade e elevada permeabilidade quando as tensões verticais são baixas, e para que se alivie as vazões, é recomendável a execução do cut-off que pode ser executado com o próprio material compactado. Além da vedação, Souza (2004) também afirma que é necessário a execução da trincheira drenante vertical sempre que o nível de água de jusante não atinja o pé da barragem. • Fundações em solos residuais Souza (2004) salienta que este tipo de solo, se apresentarem um S.P.T maiores que 7, classificam-se como adequados para fundação. Quanto a deslocamentos, se dão quase que inteiramente durante o período construtivo e não devem ser superiores a 2% da altura residual. Quanto a permeabilidade ainda segundo Souza (2004), é esperado valores da mesma ordem de grandeza do material utilizado na barragem, mas embora os solos residuais se apresentem positivamente na utilização como fundação, são necessário analises mais elaboradas no que se refere a estabilidade global do maçico-fundaçao e caso preciso a realização de ajustes nos taludes de barragens. Além desses aspectos, é importante entender que os solos residuais e/ou saproliticos, se saturados, podem apresentar elevada sensibilidade, ocasionando perda de resistência, e em virtude disso, deve-se evitar o trafego de equipamentos no local bem como 8 equipamentos de escavação que necessitam ficar apoiados no fundo da cava. • Fundações em solo saprolítico Souza (2004) afirma que, De uma maneira geral, as fundações neste tipo de material seguem as mesmas recomendações quanto as de solos residuais. Apesar disso, é importante a caracterização de horizontes reliquiares da rocha matriz que possam ter influência na resistência e na permeabilidade da fundação em solos saprolíticos (SOUZA, 2004). 2.1.2. Materiais de construção Para que se conheça e se estabeleça os materiais naturais, alguns princípios básicos devem ser seguidos, segundo Souza (2004): • Localização – A distância máxima das jazidas não deve ultrapassar a 2 km do local de implantação da barragem e devem estar preferencialmente localizadas dentro da área de inundação. Os materiais rochosos possuem grande importância e devem ser utilizados e aproveitados, para a implantação das estruturas de concreto ou tuneis de rocha, segundo Souza (2004). • Volume – Souza (2004) afirma que o volume de solo deverá ser no mínimo o dobro do volume estimado para a barragem, e no caso de materiais granulares e rochosos, no mínimo 1,5 vezes o volume estimado. A localização das jazidas, devem ser estudadas preliminarmente através de diversos meios e recursos. Logo após segundo Souza (2004) inicia-se a etapa de investigação de campo por meio de prospecções mecânicas por meio de trados, poços, trincheiras, etc. Essas investigações devem proporcionar amostras de cada material julgado homogêneo que é definida por meio da inspeção tátil visual bem como seu volume. Feito esse estudo Souza (2204) afirma que, deve-se reanalisar esses materiais identificados, levando em conta agora, sua utilização no corpo de barragem, eliminando aqueles julgados com propriedades inadequadas para utilização. Aqueles cujo volume são suficientes e atendem as características necessárias e adequadas devem se submeter a ensaios de laboratório de índice de plasticidade e granulometria, para a identificação de suas propriedades. 2.1.3 Definição da seção típica Já tendo conhecimento acerca das condições de fundação bem como os materiais naturais disponíveis, Souza (2004) afirma que a seção típica da barragem 9 poderá então ser definida a partir de alguns critérios mínimos que levará em conta os requisitos mínimos de segurança, os custos e volumes em escavações abaixo do N.A., e estudos sobre estimativas de menores custos e volumes para fundações e sua estabilidade global. Além dos critérios gerais mencionados acima, deve-se estabelecer algumas definições geométricas de grande relevância e importância e que embora possam sofrer modificações, devem ser respeitadas e seguidas. São estes os elementos segundo Souza (2004): • Largura da crista – no mínimo 6 m e se previsto trafego, largura de 10 m; • Bermas no talude de jusante – as bermas tem a finalidade de reduzir a velocidadedo fluxo de águas pluviais e quando se tratarem dos taludes de jusantes o autor afirma que, os mesmos devem ser intercalados por bermas de 3 a 4 m de largura no mínimo, e com espaçamentos de 10 m a 15 m de altura; • Inclinação de taludes para proteções – ainda que as barragens sejam de pequenas alturas, a redução de inclinação não é aceitável em virtude da dificuldade de execução das diversas opções de proteções. Souza, (2004) afirma que quanto aos taludes de barragem, os de escavações de ombreiras, de fundações para execução de trincheiras, ou retiradas de materiais, são estabelecidos alguns critérios importantes para a concepção de projeto, sendo alguns deles: a altura da barragem, que são determinados em função do tipo de material, a inclinação, os estágios que serão determinados em projeto de acordo com a característica do solo. Além da determinação das características dos taludes, Souza (2004) ressalta a importância em identificar as condições de ocorrência dos níveis d’água de montante e jusante. Tais condições, ainda segundo o autor, devem ser cautelosamente avaliadas, de forma a verificar a estabilidade dos taludes, bem como as possibilidades reais de saturação do espaldar de jusantes e as variações de resistência dos materiais. Segundo DNOCS (1981) apud Meirelles (2011), uma análise mais complexa é apresentada no qual é levado em consideração para a definição dos taludes as condições da fundação, o tipo de solo, e as alturas de pequenas barragens. A Tabela a seguir demonstra esses valores. 2.1.4 Sistema de vedação A conjugação dos sistemas de vedação e drenagem constitui a principal defesa das estruturas de terra a processos de erosão interna regressiva (piping) responsáveis 10 pela grande maioria dos acidentes nessas estruturas (SOUZA, 2004). Desta maneira, estabelecer os processos de estanqueidade se torna um dos requisitos básicos para determinação de uma barragem, pois nenhuma barragem será considerada satisfatória desde que atenda de forma suficiente o sistema correto de vedação. O conjunto maciço fundação bem como sua finalidade, é que admitira e avaliará a quantidade de água de percolação. Para isso, são determinados segundo Souza (2004) algumas indicações para que se possa elaborar os projetos de sistemas de vedação: • Núcleo de barragem – Para Souza (2004), o núcleo de barragem se refere como o próprio nome sugere, em terra-enrocamento. No caso de barragens homogêneas, pode-se definir um pseudo-núcleo, delimitado pelo dreno vertical ou inclinado e por uma linha a 45° traçada da crista da barragem pra montante • Injeções de calda ou argamassa de cimento – Souza (2004) afirma que tal procedimento será determinado a partir de critérios como: os espaçamentos dos furos de injeções, que será determinado em função das linhas de injeções, das larguras das barreiras, e a permeabilidade do material bem como sua profundidade. • Cut off – Para este sistema de vedação, Souza (2004) afirma que se executa o sistema de cut off quando se há fundações em areias, aluviões, areno-argilosos de granulometria heterogênea, coluvios com permeabilidade maior que o elemento vedante e em solos residuais e saprolíticos. • Diafragmas plásticos - Deverão ser utilizados nos tratamentos das fundações em areias e aluviões areno-argilosos ou siltosos, que se encontrarem submersos, quando o custo de rebaixamento d’água para execução de cut off seja excessivo (SOUZA, 2004). • Tapetes – os tapetes são elementos complementares a vedação de fundação e deverão atender aos critérios de permeabilidade do material, o comprimento mínimo e máximo necessário, bem como a altura e espessuras mínimas. Souza (2004) afirma que sempre que for possível, para redução do ressecamento devido ao sol, é indicado que os tapetes se mantenham inundados. 2.1.5 Sistema interno de drenagem Os sistemas de drenagem constituem uma parte de extrema importância nos sistemas de barragens, pois é responsável por controlar os fluxos de água interna. Souza (2004) afirma que além do controle do fluxo, os sistemas de drenagem possuem importância quanto a estabilidade do espaldar de jusante, eliminando os efeitos das pressões neutras de percolação em toda região do eixo da barragem. Além 11 desses benefícios, a drenagem possui importância quanto ao destino final do fluxo tanto da barragem como da fundação, minimizando as pressões e direcionando seu escoamento para jusante da barragem. Segundo Souza (2004), os elementos principais que compõe o sistema de drenagem são: • Dreno vertical ou inclinado da barragem; • Dreno horizontal; • Dreno de saída ou de pé; • Trincheira drenante em fundação de ombreira; • Furos de drenagem na fundação. Os materiais que constituem a drenagem devem ser granulares e livres de matérias finos. Figura 2 - Esquemas de drenagem comum para barragens. Fonte: Meirelles, 2011 Souza (2004) estabelece algumas condições consideradas mais importantes que devem ser seguidas e obedecidas no projeto de sistemas de drenagem • O dreno vertical deve se estender por toda extensão longitudinal da barragem até a elevação do nível d’água máximo normal de operação do reservatório. Este dreno segundo o autor é recomendável para barragens de no máximo 30m, para barragens maiores, é recomendável o dreno inclinado. • A espessura mínima do dreno vertical é de 80 cm de forma a se prevenir qualquer falha devido a contaminação de solo; • Espessura máxima do dreno horizontal deve ser de 2 m por questões 12 econômicas. Em casos de maiores vazões, recomenda-se o “dreno sanduiche”; • Na altura do dreno de saída/de pé deve ser no mínimo igual a duas vezes a espessura do dreno horizontal e largura da crista mínima de 4 m; • As larguras e profundidades mínimas das trincheiras devem ser 0,8 m e 3 m respectivamente; • Os furos de drenagem devem ser alinhados em uma só linha e com espaçamento médio de 3 m até a profundidade determinada. 13 2.2 Critérios de escolha de materiais para barragem “Barragens são estruturas construídas transversalmente a um talvegue, com intuito de elevar o nível de água, controlar a vazão ou criar um reservatório de acumulação para algum fluído”. (Caputo,1988). Segundo Massad (2003) o projeto de uma barragem deve pautar-se de princípios elementares, como: segurança e economia. Atualmente, existem diversos tipos de barragens, que são caracterizados de acordo com a região em função dos materiais encontrados e das características locais. Os critérios para escolha dos tipos de materiais a serem utilizados na execução do projeto diverge conforme a região, isso ocorre devido às condições climáticas, hidrológicas e geológicas. No entanto, deve-se estabelecer uma sequência de atividades que permitam uma investigação adequada para obtenção de parâmetros. Para a escolha do material é necessário ter amplo conhecimento do tipo de barragem a ser adotada, da qualidade, quantidade e distância das jazidas de empréstimo. Sendo assim, devem-se realizar estudos geotécnicos do solo para tomar conhecimento das propriedades e parâmetros do material encontrado nas proximidades do local de implantação da obra. De acordo com Caputo (1988) o estudo de uma barragem, em particular, de sua fundação exige algumas investigações preliminares, tais como: Topográficas: O conhecimento das condições topográficas auxilia na delimitação da bacia de acumulação, além de fornecer informações da existência de maciços rochosos; Hidrológicas: Faz o levantamento do regime de escoamento das águas da região; Geológicas/geotécnicas: Trata-se das investigações do solo e maciços rochosos, para a análise das características físicas e mecânicas dos materiais. Para conhecer e compreender a fundação de uma barragem é imprescindível informar-se das características litológicas, hidrológicas e estruturais do terreno.Através dos ensaios de prospecção é possível conhecer a resistência, deformabilidade, permeabilidade e o zoneamento do solo, condicionando assim, a 14 escolha da seção típica da barragem e do tipo de tratamento a ser realizado no solo de fundação. Segundo Cruz (1996), as fundações mais comuns são divididas em sete tipos básicos: Fundações de rocha sólida: Dispõe de alta resistência e apresenta poucas restrições. Caso necessário, devem-se remover as camadas de rochas desagregadas, vedar as fendas e fraturas, uma vez que as mesmas são uma das principais preocupações, pois podem gerar perdas de cargas excessivas, subpressões e carreamento do solo entre as fraturas. Estas adversidades carecem de um tratamento particular, tal como: Cortinas de injeção de calda ou argamassa de cimento. Fundação sobre areia fina: Se o material for composto por areias finas uniformes, a ponto do índice de vazios ser superior ao crítico, à estrutura está suscetível ao fenômeno de liquefação, quando o mesmo se encontrar saturado. Outros problemas que podem suceder é o adensamento e o piping, tendo em vista esses impasses, um tratamento indispensável é o cutt-off para reduzir a vazão e o tapete impermeável a montante, para controlar o acesso da água na fundação. Fundações em aluviões: Para a utilização deste material deve-se tomar cuidado com o gradiente hidráulico, especialmente no pé da barragem, no qual o fator de segurança deve estar entre 3 e 5, a intervenção no solo depende da curva granulométrica do material, dado que a curva designa o tipo de tratamento. Fundações em solos coluvionar: Os problemas compreendidos nesse tipo de material estão relacionados com a resistência ao cisalhamento, deslocamentos verticais e permeabilidade. Deste modo é essencial verificar a colapsividade com diferentes tensões de carregamento e definir a permeabilidade em diversos níveis de tensão. Para o tratamento é recomendável a execução de cut-off . Fundações em solos Residuais: Utilizar quando o solo residual compreender um SPT maior que 7, uma vez que estabilidade global, no que diz respeito a deslocamentos e permeabilidade são satisfatórias neste cenário, mas caso necessário, realizar ajustes nos taludes das barragens. É recomendável a utilização de trincheiras exploratórias, para averiguar as condições da fundação e depois servir de cut-off para controlar o fluxo. Fundações em solos Saprolíticos: Em casos de solos com horizontes de baixa 15 resistência, deve-se verificar a estabilidade por meio da ruptura ao longo das camadas e adaptar o maciço/fundação a essas características. Conforme o custo da adaptação do solo para o recebimento da fundação, torna-se economicamente viável remover a camada que condiciona a instabilidade do conjunto. Fundações em solos Saprólitos: Este material é análogo ao solo saprolítico, tem como distinção a aparição com a rocha matriz, essas formações são mais permeáveis se comparadas com o saprolíticos e o solo residual. Sendo assim, apresenta o tratamento através de vedação e drenagem. • Definição de seção típica para o barramento Deve-se respeitar os critérios básicos para definição da seção típica da barragem, como por exemplo: o conjunto maciço- fundação deve atender aos requisitos aceitáveis de segurança e minimizar custos e volumes de escavações abaixo do N.A. Além disso, precisa-se respeitar as definições geométricas, mesmo que estas possam sofrer modificações. Sendo assim, atentar para os seguintes elementos fixados: largura da cristã, bermas no talude de jusante e inclinação de taludes para proteções. Quanto aos taludes da barragem e aqueles de escavações de ombreiras, de fundações para a execução de trincheiras ou retirada de materiais de baixa resistência ou colapsáveis, deve-se seguir algumas recomendações na primeira tentativa do projeto. As condições de ocorrência dos níveis d'água de montante decorrem da operação do reservatório e são definidos por tal operação. Entretanto, os níveis d'água de jusante dependem das oscilações de nível, das condições naturais de drenagem pelas fundações, da presença de fluxos d'água locais e ainda das condições de drenagem interna. É de suma importância verificar a interferência do N.A. 16 2.3 Estabilidade de Taludes e Fundações Em terrenos que não são horizontais, há esforços que são gerados, esforços estes denominados de tangenciais, e que por consequência geram escorregamentos dos taludes para regiões mais baixas. Esses escorregamentos podem ocorrer de maneira lenta, com ou sem uma causa imediata aparente, mas, em geral, estão associados a escavações, acréscimos de carga sobre taludes existentes, liquefações do solo provocadas por esforços dinâmicos, entre outros (MEIRELLES, 2011). O efeito da água nesses maciços é um dos principais responsáveis para que se ocorra os escorregamentos. A infiltração da água segundo Meirelles (2011), pode ocasionar efeitos favoráveis ao escorregamento, tais como: • Aumento do peso específico do solo e, portanto, da componente da força que atua na direção do escorregamento; • Diminuição da resistência efetiva do solo pelo desenvolvimento de poropressões; e • Introdução de uma força de percolação, no sentido do escorregamento. Além disso, os efeitos da água quando atingido uma certa velocidade, pode provocar erosões que dependendo das proporções e velocidades podem provocar instabilidade de grandes massas. Meirelles (2011) afirma que, A ruptura de um solo de maneira ideal é produzida pelo cisalhamento ao longo de uma superfície, na qual ocorre o deslizamento de uma parte do maciço sobre uma zona de apoio que permanece fixa. Em todos os pontos da superfície de ruptura, a tensão de cisalhamento atinge o valor máximo da resistência ao cisalhamento (MEIRELLES, 2011). Ainda segundo Meirelles (2011), para a avaliação da estabilidade de uma barragem o fator de segurança é definido como um fator importante contra a ruptura do solo, e é definido como a razão entre as forças estabilizadoras e as forças desestabilizadoras. Ocorre a ruptura então, quando essas forças se igualam e o fator de segurança se iguala a unidade. 17 Para a estabilidade de taludes com altura superiores a 10 m e diferentes das recomendadas é necessário a realização a realização de analise especiais de estabilidade seguindo três condições conforme Mirelles (2011) ressalta: • Final da construção - Meirelles (2011) afirma que as tanto as pressões totais como as intersticiais se aumentam devido as várias camadas de do aterro compactadas que proporcionam alta compressão e baixa permeabilidade. Desta maneira, as forças que atuam estão em função do peso do solo, do tipo do solo, e a umidade que por consequência geram as poropressões induzidas. • Reservatório máximo em operação – Segundo Meirelles (2011) os fluxos permanentes são ocasionados por meio dos fluxos de percolação e que ocorrem devido ao enchimento do reservatório. A pressão de percolação ainda segundo o autor é favorável a estabilidade do talude a montante e desfavorável a estabilidade do talude a jusante. • Rebaixamento rápido – O rebaixamento para o talude de montante da barragem confere uma situação crítica e são consideradas devido a esse rebaixamento, segundo Meirelles (2011) a manutenção da poropressão na condição de reservatório em operação de maneira a minimizar a carga estabilizadora sobre o talude. A estabilidade estará assegurada sempre que fatores de segurança obtidos nas análises forem iguais ou superiores a valores referenciais definidos com base em estudos de situações reais. (MEIRELLES, 2011). O Quadro a seguir por Carvalho e Paschoalin Filho (2004) apud Meirelles (2011) demonstra valores usuais e aceitos de fatores de segurança para cada condição de solicitação, estando eles entre 1,1 e 1,5. Quadro 1 - Fatores de segurança para verificaçãode estabilidade CONDIÇÃO DE SOLICITAÇÃO TALUDE FS mínimo Rebaixamento do reservatório (Nível Água Máximo - NA mínimo) Montante 1,1 Regime permanente de operação Jusante Montante 1,5 Final de Construção Jusante Montante 1,3 Fonte: Adaptado de Carvalho e Paschoalin Filho (2004) apud Meirelles (2011) 18 Segundo Meirelles (2011), as pressões nos maciços variam consideravelmente em dois momentos, entre a fase final da construção e ao final do enchimento. A Figura 3 citada por Dias (2010) apud Meirelles (2011), demonstra essas modelagens de pressões e utiliza a cor azul para menor tensão e vermelho para maior tensão, de cima para baixo. Figura 3 - Distribuições de tensões totais verticais no interior da barragem ao final da construção (Figura superior) e ao final do enchimento (Figura inferior) Fonte: Dias (2010) apud Meirelles (2011) Além da iminência de ruptura, Meirelles (2011) atesta que a barragem também deve ser avaliada quanto a possibilidade de adensamento, o que compromete a segurança devido a perda da altura e possível galgamento. Desta forma, a favor da segurança, é necessário que se faça um acréscimo de altura sobretudo observando as condições de compactação na execução da obra. Meirelles (2011) afirma que O adensamento é resultante das pressões devidas ao peso próprio e das cargas móveis trafegando sobre o aterro. O adensamento sempre existirá em um aterro, mas pode e deve ser controlado para evitar a ruptura do aterro. Essa ruptura pode se dar por afundamento ou por escorregamento. (MEIRELLES, 2011) 19 A Figura 4 ilustra a condição e estimativa de adensamento: Figura 4 - Adensamento de barragens de terra Fonte: Sandoval (2011) apud Meirelles (2011). A ruptura por afundamento por sua vez, está relacionado quando uma camada inferior do aterro possuir uma capacidade de suporte relativamente pequena e espessura considerável. Meirelles (2011) ressalta que, neste tipo de ruptura, o aterro pode recalcar por igual além de expulsar todo material sem capacidade de carga pela lateral, conforme a Figura 5 ilustra. Figura 5 - Ruptura por afundamento Fonte: Almeida S.D apud Meirelles (2011). 2.3.1 Métodos de alteamentos Métodos de alteamentos de barragens diz respeito à forma em que um alteamento é disposto, a partir do dique inicial, de acordo com a necessidade da barragem. 20 • Alteamento à montante De acordo com Silva (2015), o método de alteamento a montante é o mais antigo, simples e econômico. Neste método é construído um aterro inicial onde os resíduos serão lançados em direção a montante como mostrado na Figura 6. Tais rejeitos se decantam e formam uma praia de deposição que futuramente será utilizada como fundação para o próximo alteamento. Este processo é repetido até que se atinja a cota prevista. Apesar deste método ser o mais utilizado é o mais crítico no que diz respeito a segurança e torna a barragem suscetível a ocorrência de fenômenos como a liquefação e piping. Segundo Machado (2007) citado por Freitas et al (2016), tal suscetibilidade pode se agravar com a ocorrência de eventos como abalos sísmicos ou qualquer outro fator que provoque ondas de choque que podem se propagar nas proximidades da barragem. Figura 6 – Alteamento à montante Fonte: MP Geo (2016). • Alteamento à jusante De acordo com Silva et al. (2016), o alteamento a jusante consiste a partir do dique inicial, onde o eixo da crista movimenta-se à jusante conforme ocorre a construção de novos diques, podendo ser impermeabilizados ou possuir drenagem interna, sendo composta por um filtro inclinado e um tapete drenante, como pode se observar na Figura 7. Fernandes (2008) citado por Silva et al. (2016) afirmam que o método de alteamento à jusante é considerado o mais seguro comparado com os outros métodos, pois há uma maior facilidade no controle de qualidade do maciço, e da posição da superfície freática através do sistema de drenagem interna, permitindo também o controle das forças de percolação com o alteamento de material menos 21 permeável à montante, onde as forças de percolação se dissipam a uma distância segura na face de jusante, sendo possível a redução do risco a liquefação dos materiais além de evitar o piping. Os sistemas de drenagem interna são instalados durante a construção da barragem e prolongados durante a construção dos alteamentos, sendo possível ter um controle da superfície de saturação na estrutura da barragem e mantendo assim a sua estabilidade. Espósito (1995) citado por Silva et al. (2016), afirma que o principal ponto positivo do método se dá devido à ausência de restrição para a altura final do alteamento, sendo a desvantagem o alto custo, pois a construção dos maciços exige uma ocupação de área maior, causando maior impacto ambiental comparado aos outros métodos. Figura 7 – Alteamento à jusante Fonte: MP Geo (2016). • Alteamento linha de centro Segundo Passos (2009), o alteamento linha de centro consiste na mistura dos métodos de alteamento à jusante e à montante, onde o alteamento se ergue acompanhando um eixo vertical, chamado linha de centro, sobre o rejeito depositado a montante e sobre o próprio barramento à jusante, conforme ilustra a Figura 8. Este método tenta minimizar as desvantagens entre o método de montante e o de jusante, sendo considerado um método intermediário, que possui mais riscos associados que o método de jusante e menos que o de montante. 22 Figura 8 – Alteamento linha de centro Fonte: MP Geo (2016). 2.4 Modos de rompimento de barragens Para Oliveira e Brito (1998), os principais motivos de rompimento de barragens são por piping, liquefação e galgamento. Também pode ser por problemas na fundação, sendo este um problema diretamente construtivo. Por via das vezes, fenômenos naturais intensos também podem ser responsáveis por uma tragédia do tipo, mas no presente trabalho citou-se as três principais causas. De acordo com Collischonn (1997), o tipo de barragem é um determinante fator para a causa da ruptura. Por exemplo, barragens de concreto são mais suscetíveis à problemas estruturais ou de fundação, e barragens de terra à piping e galgamento. 2.4.1 Piping (Erosão interna na forma tubular) De acordo com Fell et al. (2008), as rupturas por piping, também conhecido como erosão interna, são originadas pela erosão do solo devido à percolação da água através do corpo ou da fundação da barragem. Este fenômeno ocorre por erosão onde há formação de um canal, dando origem ao transporte de solo através do maciço de terra compactada de uma barragem. Este canal tende a aumentar o seu diâmetro à medida que a água percola pelo solo compactado. Conforme a dimensão do canal aberto pelo escoamento aumenta, o caudal e o poder erosivo do escoamento são igualmente incrementados. Este processo progressivo ocasiona geralmente que a seção do “tubo” ganhe tais dimensões que os materiais sobrejacentes acabam por entrar em colapso, formando um único canal, como mostra a Figura 9. Segundo Tonussi (2017), o início da formação da ruptura se dá quando ocorre o colapso na superfície de enrocamento e o fluxo se descontrola. A partir de então o 23 aumento de fluxo é muito grande, visto que não é mais um orifício, mas sim um canal aberto. Ainda de acordo com Tonussi (2017), pode-se considerar a plasticidade do solo como fator determinante na formação do piping. Como a ligação entre as partículas do solo funcionam como camada impermeabilizante, isto evita a possível formação das brechas e orifícios, que posteriormente se torna o ponto mais frágil à sofrer erosão. Portanto, afirma-se que a formação da brecha é mais provável de ocorrer em solos pouco coesivos ou sem coesão, do que em solos coesivos ou plásticos. Segundo Ladeira(2007): A falha por piping é um fenômeno que ocorre por erosão regressiva, onde há formação de um tubo, originado do carreamento de grumos de silte e argila, de jusante para montante no maciço de terra compactada em uma barragem. Esse tubo tende a aumentar seu diâmetro à medida que a água percola pelo solo compactado. (LADEIRA, 2007, p.6) A partir da década de 1990 passam a existir diversos sistemas de avaliação computacional com enfoque dado a projetos e construção de barragens de terra e enrocamento que antigamente não eram levados em considerações. Informações de eventuais problemas e suas respectivas causas e consequências em obras similares eram tratados com base na experiência do engenheiro. Todavia, com a crescente experiência dos engenheiros e acesso à informações e tecnologia, e também com problemas ocorridos durante e após a conclusão dessas obras, passou-se a valorizar a etapa de projeto e estudos de retroanálise, desenvolvendo padrões e formulações empíricas. O piping também pode ser originado pelo apodrecimento de raízes de árvores mortas, covas cavadas por insetos ou animais (NOVAK et al, 1997 e BORRI GENOVEZ, 2004, apud ZUFFO, 2005). Uma barragem, portanto, deve ser monitorada no que diz respeito à presença de animais nocivos, vegetação de porte e outros organismos, e ações de proteção da barragem devem ser tomadas, caso haja necessidade. Em geral, vegetação, árvores e matas devem ser removidas na ocasião de implantação de uma barragem, já que posteriormente suas raízes poderão afetar sua estrutura sorrateiramente e quando o problema finalmente for detectado, poderá ser tarde demais (SANTOS, 2005). Contudo, uma grande massa de vegetação também pode prejudicar a manutenção e inspeções eficientes no 24 maciço. É imprescindível que se note, nas inspeções visuais, a presença e atividade de animais. Figura 9 - Processo de rompimento por piping Fonte: USACE (2014). 2.4.2 Galgamento do barramento O galgamento, também conhecido por overtopping, é um tipo de acidente que se dá quando a água ultrapassa a cota do coroamento da barragem e tem origem em ondas que se formam nela, em cheias, ou mesmo podendo ser uma consequência da ocorrência de sismos. É necessário que haja um vertedouro de capacidade apropriada para prevenir o extravasamento, e bem dimensionados, atribuem elevados coeficientes de segurança contra a possibilidade de galgamento. (USBR, 1987). Quando não bem dimensionados, pode ocorrer a passagem de água por cima da estrutura, o que pode levar ao rompimento por galgamento (nome dado a este fenômeno). 25 Nas barragens de aterro com ruptura por galgamento, o escoamento sobre a estrutura causa o corte em profundidade do coroamento e a erosão do material do talude de jusante. Estes processos levam à formação de uma zona frágil, tornando- se assim um ponto onde a barragem pode colapsar localmente, podendo o processo de corte em profundidade progredir até atingir a base do aterro, como mostra a Figura 10. A princípio, a localização da zona frágil é incerta, mas como geralmente o escoamento se concentra na zona central da barragem (dando aí origem a maiores alturas de água durante o galgamento) é de prever que a ruptura se inicie nessa zona. Pode-se salientar, no entanto, que uma compactação deficiente em qualquer zona do aterro pode originar um ponto fraco que estabelecerá preferencialmente o foco de origem de desenvolvimento da brecha. Em barragens de terra, o galgamento causa um arraste de materiais e a posterior ruptura. No caso das barragens de concreto, um galgamento não leva à necessariamente uma ruptura, porém, as sobrecargas a que a barragem pode ser submetida podem acarretar à sua ruptura. Normalmente, as rupturas por galgamento devem-se a chuvas muito intensas, que produzem cheias nos cursos fluviais superiores à capacidade do vertedouro. Outro causa de uma ruptura por galgamento pode ser a ruptura a montante de outra barragem, de tal modo que a barragem de jusante é incapaz de verter todo volume ocorrido da barragem de montante, elevando- se o nível para acima da cota da crista e provocando uma ruptura em cascata. No caso da ruptura por galgamento de uma barragem, ocasionada por chuvas intensas, as chuvas, e suas consequentes vazões, resultantes podem ser muito diferentes, mas a associação de todas as vazões geradas converge para elevar o nível acima da crista da barragem. Segundo Collischonn (1997), as possíveis causas do galgamento são: • Má operação do reservatório durante período de cheia; • Ocasião de uma cheia extraordinária, para o qual o vertedouro seja incapaz de verter essa cheia afluente; • Formação de uma onda dentro do reservatório, de origem sísmica ou provocada pelo deslizamento de uma grande quantidade de terra ou rochas provenientes de encostas. 26 Figura 10 - Processo de rompimento por galgamento Fonte: USACE (2014). 2.4.3 Liquefação da estrutura do barramento A acomodação de rejeitos tem sido uma preocupação importante para as mineradoras, tendo em vista a preservação do meio ambiente. Como é de conhecimento, diariamente são produzidos milhares de litros de rejeitos que são dispostos em estruturas de armazenamento, as chamadas barragens de contenção de rejeito. Essas barragens, em grande maioria, são projetadas para receberem alteamentos, ou seja, construção de diques que possibilitam o aumento da capacidade de recebimento de rejeito da mineração. Esses diques podem ser projetados nos seguintes modos: à montante, à jusante e alinhado ao centro. A execução do método de alteamento à montante é iniciado com o dique de partida, após a conclusão os rejeitos são depositados à montante desse dique o que formará uma praia de rejeito que irá se adensar com o tempo e terá a resistência ampliada. Esse mecanismo segue sucessivamente até ser atingido o nível previsto de projeto conforme Figura 11. 27 Figura 11 - Execução de alteamento à montante. Fonte: Elaborado pelos autores. Apesar de apresentar um processo de construção simples e de baixo custo, sua principal desvantagem é que velocidades de alteamento excessivas induzem a liquefação estática. O modo de alteamento à montante é mais suscetível à liquefação como apresentado a seguir. O fenômeno da liquefação estática de forma abreviada nada mais é do que a perda da resistência ao cisalhamento do material ocasionado pelo aumento da poropressão. Os solos mais tendenciosos a sofrerem esse fenômeno são aqueles que tendem a ter redução de volume sob cisalhamento (ex: areia fofa). De forma geral, os materiais de rejeitos de mineração são finos não plásticos e ou granulares, que quando dispostos de forma hidráulica tendem a criar níveis apresentando densidades relativamente baixas e um alto grau de saturação, o que favorece a ocorrência de fenômenos associados a liquefação. Tal fenômeno é muitas vezes ocasionado por um evento deflagrador que pode ser efeito de vibrações em conjunto com detonações e ou abalos sísmicos. Segundo Castro (1969) o primeiro esclarecimento de liquefação foi apresentado por Terzaghi em seu livro “Erdbaumechanik auf Bodenphysikalischer Grundlage” divulgado em 1925 na cidade de Viena. 28 Neste livro, Terzaghi afirmou que o efeito de liquefação apenas aconteceria no contexto em que uma estrutura de grande porte sustentada sobre um deposito sedimentar, apresentasse uma condição metaestável, ou seja, a estrutura ser capaz de perder a estabilidade através de pequenas perturbações. No que diz respeito a afirmação de Terzaghi (1925), Castro (1969) diz: Se o solo está saturado, o peso das partículas sólidas é transferido, temporariamente, para a água no momento do colapso. Como consequência, a pressão hidrostática em qualquer profundidade z aumenta o seu valor normal γwz em uma quantia que está próximado peso submerso γ’z do sedimento localizado entre a superfície e a profundidade z. A partir de medições da poropressão geradas em um carregamento qualquer, os conceitos e pesquisas relacionados ao efeito de liquefação conquistaram avanços consideráveis. Em estudos relativamente recentes diversos autores associaram a liquefação em depósitos de materiais granulares, porém pouco dos estudos estão relacionados ao potencial de liquefação estática (Davies et al., 2002). 2.5 Avaliação dos parâmetros geotécnicos a serem monitorados, mantendo estabilidade de contenções de rejeitos de mineração. A presente pesquisa apresenta as instrumentações de uma barragem de contenção de rejeitos de mineração, visando avaliar os parâmetros geotécnicos do maciço da barragem. Refere-se a um estudo de caso com o objetivo de avaliar a estabilidade e segurança da estrutura, através de monitoramentos frequentes durante a vida operacional. Apesar de vários benefícios gerados pela mineração, é visível que o armazenamento de rejeitos nas mineradoras constitui-se em um grande desafio geotécnico e ambiental. Segundo Cruz (1996), podem ser elaboradas distintas classificações dos instrumentos em função do critério adotado, conforme o material onde se encontra instalado o medidor, conforme o princípio de funcionamento do transdutor, conforme a principal grandeza medida. O processamento de minério e extração resultam em elevadas gerações de resíduos, interferindo no impacto e risco ambiental grave. Devido a essas consequências, é necessária a utilização de uma principal ferramenta, que consiste no monitoramento bem planejado e controlado, visando a segurança das barragens e do 29 ambiente. Para Cruz (1996), entre os diversos tipos de instrumentos que podem ser instalados no maciço de uma barragem se destacam: indicador de nível de água, piezômetro de monitoramento geotécnico, marco topográfico, medidor de vazão e inclinômetro. • INA – Indicador de nível de água O INA objetiva a determinação da superfície freática no maciço da barragem. Esse instrumento é constituído por um tubo de PVC perfurado, introduzido num furo feito no maciço. O tubo perfurado é envolto por manta geotêxtil ou tela, e inserido no furo cujo espaço anelar é preenchido com areia para evitar o carreamento de solo e consequentemente a obstrução da seção filtrante do instrumento conforme demonstrado na Figura 12. A leitura do instrumento é realizada por meio de um equipamento que possui um cabo graduado de metro a metro em sua extremidade tem um sensor que emite um sinal sonoro luminoso ao entrar em contato com a água, determinando assim a profundidade em que se encontra o nível de água no maciço da barragem. 30 Figura 12 - Esquema do medidor de nível da água Fonte: Desenho esquemático fornecido pela empresa operadora da barragem em estudo. • PZ – Piezômetros de monitoramento geotécnico Este dispositivo objetiva determinar a intensidade da poropressão no maciço da barragem e são constituídos por um tubo de PVC inserido em um furo conforme demonstrado na Figura 36. Esse instrumento difere do medidor de nível d’água em termos construtivo e no comprimento da célula filtrante, limitado usualmente a poucos metros (valores típicos de 1,0 m e 1,5 m respectivamente). Dependendo do diâmetro do furo podem ser instalados dois ou mais instrumentos no mesmo furo. O procedimento para a realização da leitura é o mesmo descrito no indicador de nível d’água. 31 Figura 13 - Esquema do piezômetro Fonte: Desenho esquemático fornecido pela empresa operadora da barragem em estudo. Como esse monitoramento é possível determinar a intensidade da poropressao e verificar a perda a tensão efetiva do solo que pode ser expressa pela formula: 𝜎′ = 𝜎 − 𝜇 (32) Onde: 𝜎′: Tensão efetiva; 𝜎: Tensão total; 𝜇: Poropressão. Com a perda da tensão efetiva, o solo pode ficar mais suscetível a liquefação, o que poderia ocasionar a ruptura do maciço da barragem de contenção de rejeitos de 32 mineração. • MT – Marco Topográfico: O marco topográfico mostrado na Figura 14, está instalado na superfície da barragem, cujos deslocamentos são medidos através da topografia (teodolitos ou níveis de precisão, podendo ser utilizada estação total para a planimetria), tendo como referencial pontos fixos instalados em locais considerados indeslocáveis, próximo à área da barragem. O monitoramento desse instrumento objetiva a determinação dos deslocamentos verticais e horizontais do maciço da barragem. Figura 14 -1 Marco topográfico Fonte: Elaborado pelos autores. 33 • MV - Medidores de vazão Os medidores de vazão (Figura 15) objetivam determinar vazões individuais dos drenos instalados no maciço de barragem ou somatório ao longo dos trechos ou totalidade da estrutura, além da determinação da vazão de percolação no maciço atrás da saída da drenagem interna da barragem. Os medidores de vazão podem ser de o tipo triangulares, retangulares ou calha parshall. Figura 15 - Esquema do medidor de vazão triangular Fonte: Fotografia dos autores. 34 • INC - Inclinômetro O inclinômetro (Figura 16) objetiva a medição dos deslocamentos horizontais, podendo ser instalado na fundação ou no maciço compactado. Este consiste em um conjunto de tubos de alumínio ou tubos de plástico confeccionados especialmente para esta finalidade, montados através de luvas telescópicas em posição vertical ou ligeiramente inclinada. Os tubos possuem dois pares de ranhuras que seve para guiar o torpedo onde fica o sensor para realizar as leituras. Figura 16 - Desenho esquemático do inclinômetro Fonte: Cruz (1996). Uma alteração dos recalques em qualquer profundidade poderia indicar o início de uma instabilização da estrutura. Esse monitoramento permite que se tomem ações de forma a prevenir um processo de ruptura do barramento. 35 CONCLUSÃO As estruturas de grande porte, assim como barragens, são potenciais causadores de grandes danos quando falham. Tendo em vista os desastres catastróficos ocorridos no Brasil entre 2015 e 2019, observa-se a necessidade da realização de uma melhor gestão de risco, visto que é com base nos relatórios gerado pelas análises que se torna possível verificar a perda de funcionalidade da estrutura de uma determinada barragem, e consequentemente, seu rompimento. Para a eficácia na avaliação e análise das possibilidades de rompimento de um barramento, é de suma importância o conhecimento de toda a estrutura da barragem em questão, como seu modo de alteamento, seu processo executivo e os resultados obtidos através dos ensaios. Além destes dados, se faz necessário o conhecimento das possíveis formas de ruptura, como piping, galgamento e liquefação, para que seja possível identificar a mais provável dentre eles, de acordo com a estrutura de barragem analisada. 36 REFERÊNCIAS TCC II - A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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