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Introdução à Sociologia

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Prévia do material em texto

Sociologia
Prof. Everaldo da Silva
Prof. Vilmar Urbaneski
2017
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Everaldo da Silva
Prof. Vilmar Urbaneski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
301 
S586s Silva, Everaldo da
 Sociologia / Everaldo da Silva; Vilmar Urbaneski: UNIASSELVI, 2017.
 
 240 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0074-3
 
 1.Sociologia e Antropologia.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
apreSentação
No afã de se atualizar na sua missão de ensinar, o Grupo UNIASSELVI 
busca todas as possibilidades didáticas de maneira criativa, incitando 
professores e acadêmicos a perseguir o melhor preparo profissional. Todo 
profissional contemporâneo procura a solidez de conhecimentos aliada à 
atualização constante e terá de apresentar um background cultural que vá 
colocá-lo a cavaleiro das dificuldades inerentes à acirrada competição.
Aproveitando a abertura que a legislação educacional propiciou, de que 
25% da carga semestral pode ser cumprida na modalidade semipresencial, as 
congregações de cursos do Grupo UNIASSELVI utilizaram essa prerrogativa 
para construir consistentemente um autêntico ciclo básico ao longo de todo o 
desenvolver-se da tábua curricular. 
Disciplinas como Metodologia do Trabalho Acadêmico, Informática 
Básica, Sociologia, Filosofia, Estatística e outras são ofertadas dentro dessa 
modalidade que, em termos de tecnologias de ensino e de procedimentos 
didáticos, apresentarão significativos ganhos aos acadêmicos e professores, 
uma vez que as atividades previstas garantem um aprendizado consistente e 
maduro.
O presente material, impresso em forma de opúsculos, dividindo o 
conteúdo da Sociologia em unidades, é exemplar em sua forma de apresentar 
a matéria, primando pela clareza dos objetivos, elegância na forma de 
apresentação e erudição na medida justa, evitando pernosticismos na 
apresentação dos autores clássicos. Além do mais, possibilita um tratamento 
diferenciado para os vários cursos, sem fugir, entretanto, da unidade 
fundamental da disciplina.
Os autores desse texto básico de Sociologia conseguiram, dessa 
forma, limpá-lo de exageros doutrinais e ideológicos, dando-lhe a firmeza 
dos bons princípios de tratamento científico, livrando os acadêmicos do mal-
estar decorrente de opções político-partidárias forçadas pelo autoritarismo 
magisterial, forma perversa de subtrair a liberdade de consciência e de 
pensamento. 
Professor Sálvio Alexandre Müller (In memoriam)
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
Sumário
UNIDADE 1 – SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA ................................................................. 1
TÓPICO 1 – RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA ............................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ANTECEDENTES DA SOCIOLOGIA ............................................................................................ 4
3 SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA ................................................................................................. 5
 3.1 MENTALIDADE MEDIEVAL E MENTALIDADE RENASCENTISTA: DIFERENÇAS ...... 7
4 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA .................................................................................................. 12
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 16
TÓPICO 2 – BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA ................ 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 19
2 AUGUSTE COMTE: O PENSAMENTO POSITIVISTA E AS RELAÇÕES SOCIAIS .......... 19
 2.1 ORDEM E PROGRESSO ................................................................................................................ 21
3 ÉMILE DURKHEIM ............................................................................................................................ 24
 3.1 FATO SOCIAL ................................................................................................................................. 25
4 KARL MARX ........................................................................................................................................ 28
5 MAX WEBER ........................................................................................................................................ 33
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 34
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 41
TÓPICO 3 – LIÇÕES IMPORTANTES DA SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA ................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 45
2 PIERRE BOURDIEU ............................................................................................................................ 45
3 ZYGMUNT BAUMANN .................................................................................................................... 50
LEITURA COMPLEMENTAR ..............................................................................................................54
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 58
TÓPICO 4 – PERCORRENDO A SOCIOLOGIA BRASILEIRA ................................................... 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 61
2 UM AUTOR PARA ESTUDAR, NÃO PARA LER: GILBERTO FREYRE ................................. 61
3 PENSADOR MARXISTA: FLORESTAN FERNANDES .............................................................. 65
4 O INTELECTUAL INFLUENTE: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ................................ 69
5 SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E O HOMEM CORDIAL ................................................ 77
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 79
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 82
UNIDADE 2 – PENSAMENTO DA SOCIOLOGIA EM ÁREAS DIVERSAS ........................... 83
TÓPICO 1 – MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE EM DISCUSSÃO ............................ 85
VIII
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 85
2 PÓS-MODERNIDADE ...................................................................................................................... 85
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 91
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 96
TÓPICO 2 – ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE ENFOQUES ........................................... 97
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97
2 ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE METÁFORAS ........................................................... 98
 2.1 ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO MÁQUINAS ...................................................................... 99
 2.1.1 Paradigma mecanicista na formação humana ................................................................... 103
 2.2 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO ORGANISMOS ........................................................... 107
 2.3 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CÉREBRO ................................................................... 111
 2.4 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CULTURAS ................................................................. 113
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 116
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 118
TÓPICO 3 – HOMEM CONTEMPORÂNEO: CONSCIENTE DA QUALIDADE DE VIDA . 121
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 121
2 EM DEFESA DA ABORDAGEM SUBSTANTIVA NAS INSTITUIÇÕES .............................. 122
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 128
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 132
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 133
TÓPICO 4 – TRABALHO E EDUCAÇÃO ......................................................................................... 135
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 135
2 TRABALHO NA HISTÓRIA: BREVES CONSIDERAÇÕES ...................................................... 135
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 138
3 EDUCAÇÃO: PREOCUPAÇÃO PARA COM O TRABALHO ................................................... 143
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 148
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 154
UNIDADE 3 – TEMAS DIVERSOS EM DISCUSSÃO SOB O OLHAR DA SOCIOLOGIA .. 155
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE CULTURAL ........................................................................................ 157
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 157
2 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO .................................................................................. 157
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL E 
 MULTICULTURALISMO .................................................................................................................. 163
4 TERRORISMO ..................................................................................................................................... 167
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 168
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 171
TÓPICO 2 – DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA VIDA URBANA ............................................... 173
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173
2 VIDA URBANA: DIVERSIDADE, VIOLÊNCIA, HABITAÇÃO E TRÂNSITO .................... 173
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 183
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 187
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 188
IX
TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ............................... 189
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 189
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ................................................................................................... 189
3 SOCIEDADE E CONHECIMENTO ................................................................................................. 195
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 196
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 199
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 200
TÓPICO 4 – CONSUMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................ 201
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 201
2 O SENTIDO DO CONSUMO ........................................................................................................... 202
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................................................................ 205
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 209
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 213
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 214
TÓPICO 5 – SOCIEDADE BRASILEIRA: MULTIFACES .............................................................. 215
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 215
2 ORIGEM DA SOCIEDADE BRASILEIRA ..................................................................................... 216
 2.1 ÍNDIOS ............................................................................................................................................. 216
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 219
 2.2 PORTUGUESES .............................................................................................................................. 219
 2.3 AFRICANOS .................................................................................................................................... 219
 2.4 IMIGRANTES .................................................................................................................................. 221
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 222
3 RESPEITANDO A DIVERSIDADE ÉTNICA NO BRASIL ......................................................... 222
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 225
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 228
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 229
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 231
ANOTAÇÕES .......................................................................................................................................... 237
X
1
UNIDADE 1
SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de compreender:
• os antecedentes históricos da Sociologia; 
• a natureza e as origens da Sociologia;
• o estudo da Sociologia e a sua importância;
• o pensamento sociológico clássico;
• a importância do papel desempenhado por Comte, Marx, Durkheim e We-
ber;
• o que são fatos sociais e a sua força coercitiva;
• como ocorrem as ações sociais e os seus diferentes tipos;
• os dois tipos de solidariedade cuja coesão procura garantir;
• os conceitos centrais do pensamento de Pierre Bourdieu mobilizados para 
descrever e explicar as lógicas de funcionamento da sociedade e as práti-
cas dos agentes.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA 
 SOCIOLOGIA
TÓPICO 3 – LIÇÕES IMPORTANTES DA SOCIOLOGIA 
 CONTEMPORÂNEA 
TÓPICO 4 – PERCORRENDO A SOCIOLOGIA BRASILEIRA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
É preciso dar prioridade à questão social porque, caso contrário, vamos 
ter a moeda mais forte do mundo juntamente com a maior miséria 
do mundo. Nós não somos palhaços, nós somos cidadãos e temos de 
ser respeitados nos nossos direitos, assim como nos compromissos 
de campanha que são estabelecidos a cada quatro anos. É preciso 
aprender a ser mais indignado, a cobrar mais; não podemos ficar tão 
passivos e tão pacíficos diante de tanta miséria.
Sociólogo Betinho
No seu dia a dia, você pode visualizar que cada pessoa emite seu parecer 
sobre a sociedade. Uns podem dizer que a mesma é contraditória no sentido de 
existir riquezas nas mãos de poucos e a maioria estar na miséria. Outros podem 
alegar que a sociedade está em crise, ou ainda que na sociedade há ausência de 
valores, falta de respeito, desconfiança, corrupção, dentre outros problemas. 
Outros ainda podem mencionar que a sociedade tem um futuro promissor devido 
aos avanços tecnológicos e científicos, em virtude dos investimentos em médio 
e longo prazo, dentre outros pareceres. E é claro, você pode ter o seu parecer, 
seja ele sofisticado, usando arcabouços de diversas teorias de diversas áreas do 
conhecimento para compreender a sociedade, ou simplesmente ter um parecer 
breve, sem maiores aprofundamentos e fundamentos sobre o funcionamento, as 
anomalias e futuro da sociedade e os possíveis impactos na sua área de atuação.
Salienta-se que no decorrer da história da humanidade, você pode 
encontrar várias teorias sobre a sociedade ou até mesmo propostas para melhorar 
o seu funcionamento ou explicar as suas anomalias.
 
Entretanto, na história, várias foram as maneiras de organização das 
sociedades, como, por exemplo, o caso da Grécia Antiga, do Império Romano, dos 
persas e dos chineses, ou seja, você pode observar que cada sociedade se estruturou 
a seu modo – com valores próprios, organização política, social, econômica e 
cultural –, e esta estrutura pode ou não ter subsistido ao tempo. É possível dizer 
que as sociedades antigas podem ter influenciado direta ou indiretamente outras 
sociedades, ou até mesmo posteriores a elas, seja na forma de pensar e agir ou no 
seu legado cultural.
Além disso, vale destacar que na história diversas teorias foram elaboradas 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
4
para entender a sociedade, que dependem de época para época, de sociedade para 
sociedade e de pensador para pensador. Ou ainda de área para área de estudo. E 
uma das áreas de estudo que têm se dedicado ao entendimento do funcionamento 
da sociedade, dentre outras finalidades, é a Sociologia. 
Assim, neste tópico, você estudará o contexto do surgimento da Sociologia 
e os antecedentes históricos, algumas concepções sobre a Sociologia e suas 
finalidades.
2 ANTECEDENTES DA SOCIOLOGIA
A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade 
com o intuito de compreender a sociedade de um modo geral ou até mesmo 
nas suas peculiaridades (é claro que cada sociólogo daquele período tinha o seu 
entendimento da sociedade). Outrossim, você pode perguntar em que contexto 
surge a Sociologia (também conhecida para o período como a Nova Ciência), o 
que estava acontecendo antes do seu surgimento e ainda por que ela surgiu. 
Assim, vale salientar queo período anterior à modernidade é conhecido 
como Idade Média e, historicamente, está situada entre o século V e o século XV 
(você pode encontrar o termo pré-modernidade para esse período). A Sociologia, 
nos termos em que conhecemos hoje, não estava presente. Neste período conhecido, 
via de regra, como Idade Média, a religião teve um papel relevante na vida das 
pessoas de um modo geral, bem como influenciava na política, educação, cultura e 
na organização da sociedade e, até mesmo, em seu entendimento.
A visão do mundo predominante no período medieval era a teocêntrica. 
Do grego (théos: Deus), o teocentrismo medieval significava que Deus era o mais 
importante na vida das pessoas, ou seja, Deus era a medida de todas as coisas. 
E, neste sentido, até mesmo os liames da sociedade tinham explicação em Deus. 
Desta forma, a sociedade medieval, composta pelo clero, nobreza e servos, era 
tida como vontade de Deus e assim se postulava que, se a sociedade teria de ser 
diferente, Deus a teria feito de modo diferente. Deste modo, a visão que se tinha no 
período medieval era a de que o mundo se constituía daquela maneira em virtude 
da vontade divina. E se fosse de outra maneira, Deus o teria feito de outro modo e 
com outra estrutura de funcionamento. 
Neste contexto, alguns homens dedicavam-se a servir a Deus, louvá-lo e 
pregar as palavras de Cristo no Mundo. Outros teriam a função de defender a 
cristandade com armas em mãos, bem como defender os fracos. E, por fim, os 
que tinham a incumbência de trabalhar para que não faltasse pão, para si e para 
os que defendiam e rezavam. E neste sentido, o lugar que cada pessoa ocupava 
na estrutura social medieval era entendido como determinado por Deus. Pode-
se dizer que no período medieval acreditava-se que a sociedade era imutável e, 
para isso, buscavam-se justificativas das mais variadas, tendo-as como ponto de 
sustentação à vontade de Deus.
TÓPICO 1 | RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
5
Você deve ter percebido que o funcionamento da sociedade, no período 
medieval, era balizado pela vontade de Deus. Entretanto, as novas ideias que 
começam a se fazer presentes no final da Idade Média, de certa forma, contribuíram 
para o surgimento da Sociologia.
3 SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Nos séculos XV e XVI, período da entrada da modernidade, o homem 
toma consciência das suas capacidades racionais para desvendar os segredos da 
natureza e as emprega na busca da solução dos seus problemas de entendimento 
do mundo. Neste sentido, a cultura teocêntrica vigente até então perde espaço 
para a cultura antropocêntrica (antropo: homem: medida de todas as coisas). Pode-
se dizer que uma nova forma de ver, agir e pensar aparece lentamente entre os 
homens daquele período e que, de certa maneira, contribuiu para impulsionar 
diversas transformações que estavam se fazendo presentes no final da Idade Média.
De modo geral, pode-se dizer que Deus deixa de ser o centro do mundo 
medieval e lentamente o homem torna-se o centro. O homem é valorizado como 
um ser individual e que busca descortinar as suas potencialidades humanas. 
Assim, o homem moderno deseja superar os obstáculos e desenvolver-se enquanto 
ser humano, bem como o mundo de que ele faz parte. De acordo com Andery, 
Micheleto e Sério (1996, p. 175):
[...] na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, 
no seu sentido mais genérico, era a preocupação central. As relações 
Deus-homem, que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram 
substituídas pelas relações homem e a natureza. Isso significava, com 
relação ao conhecimento, a valorização da capacidade de o homem 
conhecer e transformar a realidade. 
 
Neste período ocorreram vários eventos que estavam em consonância com 
tal mentalidade. Brevemente destacaremos os mais importantes, a saber: 
Renascimento comercial: no sistema feudal da Idade Média a economia 
era basicamente agrária e autossuficiente. E a riqueza de uma pessoa era 
medida pela quantidade de terras. Contudo, a partir da segunda metade da 
Idade Média, o comércio começou a ser reativado. Dentre o fatores estavam 
as Cruzadas e a produção do excedente. Além disso, outros fatores estiveram 
inerentes ao renascimento comercial, como: ascensão do capitalismo, incremento 
do sistema bancário, o mercantilismo e o surgimento de uma nova classe social, 
a burguesia. 
Renascimento urbano: na Idade Média a vida era predominantemente 
no campo, as pessoas viviam em castelos para obter uma segurança maior, 
ou ainda em mosteiros. Contudo, com o renascimento comercial, surgem os 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
6
burgos (pequenas vilas), onde as pessoas se encontravam para comercializar e 
trocar ideias.
As grandes navegações: a descoberta da América (1494) por Cristóvão 
Colombo, a chegada às Índias (1498), por Vasco da Gama, e o descobrimento do 
Brasil (1500), por Pedro Álvares Cabral, contribuíram para ampliar o mundo 
conhecido e eliminar a ideia de que o mundo era plano, de que havia monstros 
nos mares, entre outras ideias. O homem se torna capaz de atravessar os mares 
e conquistar outros continentes e colonizá-los: África e América (Novo Mundo).
As invenções: a pólvora era usada pelos chineses para a fabricação de fogos 
de artifício. Os árabes a introduziram na Europa. Revolucionou a arte da guerra. 
A bússola, que os chineses conheciam, os italianos aperfeiçoaram. O papel foi 
introduzido pelos árabes na Europa, a imprensa do alemão João Guttenberg, sendo 
que o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1445. 
Renascimento científico: os descobrimentos, o racionalismo e a 
preocupação com a natureza estimularam as pesquisas científicas. Pela 
Escola de Pádua, sob proteção de Veneza, passaram intelectuais como Pietro 
Pomponazzi, Galileu Galilei, Copérnico. Pomponazzi pregou a supremacia da 
razão, negou a Criação, a imortalidade da alma e os milagres: eram escritos 
avançados para a época e que questionavam a estrutura e a forma de as pessoas 
pensarem e entenderem o mundo.
Reforma religiosa ou Reforma protestante foi, grosso modo, um 
movimento com características religiosas, políticas e econômicas. Iniciou com 
Lutero na Alemanha, no século XVI – (vale destacar que outros pensadores 
já estavam criticando a Igreja anteriormente). Esta reforma provocou a 
separação de uma parte da comunidade católica da Europa, dando origem ao 
protestantismo. Entre os objetivos dos reformadores: restabelecer a fé cristã na 
sua simplicidade e pureza primitivas, bem como rejeitar a tradição ensinada 
pela Igreja porque a julgavam contrária à palavra de Deus. 
Renascimento cultural que foi um movimento intelectual, artístico 
e literário ocorrido na Europa, especialmente na Itália, nos séculos XV e XVI, 
o qual teve entre as suas características: inspiração nas obras da antiguidade 
greco-romana, a exaltação da vida, o sensualismo e o gosto artístico.
FONTE: Adaptado de Urbaneski (2008)
TÓPICO 1 | RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
7
Para que você, acadêmico(a), se envolva ainda mais com o tema apresentado, 
sugiro que seja feita uma pesquisa do período estudado (Idade Média), no intuito 
de constatar o que discutiam ou escreviam os que se dedicavam à sua área de estudo.
 O que estava acontecendo?
 Quem eram os pensadores?
 O que estava sendo escrito?
 Que livros foram escritos e tratavam sobre o quê?
Acadêmico(a), você percebeu que no início da Idade Moderna aconteceu 
uma série de fatos e eventos que possibilitaram a mudança do desenho da sociedade 
da época e, de certa maneira, impactou sobre a forma de os pensadores teorizarem 
sobre o mundo ou mentalizarem propostas de organização social. 
Neste sentido, até mesmo o entendimento sobre a sociedade começa a 
mudar e, de certa forma, a Sociologia aparece como uma das áreas de investigação 
que tem como objeto de estudo a sociedade, principalmente para entender em 
princípio a nova ordem social, econômica e política que emergia naquele período, 
tendo como base os postulados científicosque estavam ganhando força. 
Então, foram inúmeras as mudanças neste período e, por isso, o 
entendimento do contexto é essencial para que você entenda o surgimento da 
Sociologia e por que os pensadores daquele período pensavam daquela forma. 
Inclusive, para o seu entendimento, a seguir apresentamos um texto das ideias 
predominantes no período medieval e renascentista.
3.1 MENTALIDADE MEDIEVAL E MENTALIDADE RENASCENTISTA: 
DIFERENÇAS
Leia atentamente e verifique as diferenças de mentalidade (SCHIMIT apud 
URBANESKI, 2008): a medieval e a renascentista (esta última foi um dos suportes 
para a mentalidade moderna em geral). Por isso, de forma didática, você terá duas 
formas diferentes de pensar. 
UNI
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
8
A visão predominante na mentalidade medieval era o Teocentrismo: 
“Deus é o centro de tudo”. As obras de arte e livros mais importantes tratam 
de temas religiosos e o prédio de maior destaque de uma cidade era a Igreja. Na 
mentalidade renascentista predominava o Antropocentrismo: o ser humano no 
centro das atenções e valoriza-se a vida terrena. 
 Na mentalidade medieval, a verdade deveria ser encontrada nas 
tradições da sociedade medieval, no que estava escrito na Bíblia, na autoridade 
da Igreja e nos escritos de pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de 
Aquino. Na mentalidade renascentista, a verdade sobre a natureza deveria ser 
obtida por meio de experiências e de observação guiadas pelo uso da razão 
(do raciocínio). Ou seja, não se aceita mais só o que a tradição, Igreja e Bíblia 
expõem, mas o homem renascentista procura outras fontes de conhecimento, 
por exemplo, através da ciência. 
Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, 
pois este era um pecador. E desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, 
pois o homem merece sofrer porque é pecador. Já na mentalidade moderna, 
o homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua imagem e semelhança), 
capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, viagens de descobertas, 
pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino, mudar de 
classe social, por exemplo, e não aceitar as coisas como vontade divina.
Na mentalidade medieval, a vida terrena, bem como os bens materiais 
e o corpo tinham pouco importância. O que era precioso era a salvação da 
alma; fazer parte dos eleitos que habitariam o céu (Paraíso). Já a mentalidade 
renascentista continua cristã, porém considera que a vida material é muito 
importante e, além disso, valoriza em muito o corpo. 
Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser 
explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, 
terremotos). E devemos conhecer o mundo para admirar a obra de Deus e 
louvá-lo pela sua criação. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos 
da natureza devem ser explicados pelo homem que, com o uso da razão e da 
ciência, consegue conhecer a natureza. 
Na mentalidade medieval as pessoas deveriam se conformar com o 
mundo tal como ele é, porque foi Deus que o quis assim. Se o mundo deveria 
ser diferente, Deus tê-lo-ia feito. E a única grande mudança possível seria o 
apocalipse. Entretanto, na mentalidade renascentista, o homem pode e deve ser 
o criador, aventureiro, sonhador e dominador da natureza.
Na mentalidade medieval a natureza é fonte de pecado. Para a 
mentalidade renascentista, o homem faz parte da natureza e deve conhecê-la 
para conhecer a si próprio. 
TÓPICO 1 | RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
9
Frente ao exposto anteriormente e ao cenário vigente no final da Idade 
Média, Andery, Micheleto e Sério (1996, p. 177) afirmam que:
 
[...] aliada ao rompimento do mundo medieval, rompeu-se também a 
confiança nos velhos caminhos para a produção do conhecimento: a 
fé, a contemplação não eram mais consideradas vias satisfatórias para 
se chegar à verdade. Um novo caminho, um novo método, precisa ser 
encontrado, que permitisse superar as incertezas [...].
 Neste sentido, o homem busca na razão e na ciência caminhos que possam 
assegurar mais confiança nos seus conhecimentos do que até então adotados, 
ou seja, de certa forma, abandonam-se as explicações alicerçadas em Deus para 
buscar explicações que tenham a ciência como guia. E essa forma de entendimento 
sobre a sociedade tendo como aporte Deus começa a ser deixada de lado e, neste 
sentido, a Sociologia que surge neste contexto busca amparar-se nos conhecimentos 
científicos para as suas investigações.
Assim, a Sociologia surge como consequência da necessidade de as 
pessoas compreenderem os problemas sociais que estavam aparecendo. Dentre 
os principais, podemos destacar o processo de industrialização iniciado no século 
XVIII. Ainda, tendo seu início na Inglaterra, a Revolução Industrial integralizou 
um conjunto de “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise 
do Antigo Regime, primeiro através da passagem do capitalismo comercial para o 
industrial. Outros dois movimentos foram a Independência dos Estados Unidos e a 
Revolução Francesa. Esta última sofreu forte influência dos princípios iluministas.
O Iluminismo foi um movimento intelectual que tinha como objetivo entender e 
organizar o mundo a partir da razão, contrariando os princípios religiosos.
IMPORTANT
E
E, finalmente, na mentalidade medieval a razão (capacidade humana 
de pensar) deve estar subordinada à fé. Na mentalidade renascentista, a fé 
deve prevalecer no sentido religioso, mas a razão deve ter prioridade sobre a fé 
quando o assunto é o estudo da natureza.
FONTE: Schimit (apud URBANESKI, 2008, p. 50-51).
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
10
A Sociologia nasceu num ambiente de profundas mudanças sociais. Assim, 
a ciência que estuda a sociedade foi construída paulatinamente desde o século XVI 
com as correntes de pensamento que estabeleceram os alicerces da modernidade 
europeia (o racionalismo, o empirismo e o iluminismo). 
Neste contexto, ainda temos o avanço do capitalismo como modo de 
produção dominante na Europa Ocidental, o qual foi desestruturando com 
velocidade e profundidade variadas, tanto os fundamentos da vida material 
como as crenças e os princípios morais, religiosos, jurídicos e filosóficos em que se 
sustentava o antigo sistema. A dinâmica capitalista e as novas forças sociais por ele 
engendradas (causadas) provocaram o enfraquecimento ou o desaparecimento, às 
vezes rapidamente, dos estamentos (camadas sociais) tradicionais e das instituições 
feudais: servidão, propriedade comunal, organizações corporativas artesanais e 
comerciais.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a primeira Revolução 
Industrial e o surgimento do proletariado, cresceram as pressões para uma maior 
participação política e a urbanização intensificou-se, recriando uma paisagem 
industrial muito distinta da que antes existia.
Os céus dos grandes centros industriais começaram a cobrir-se da fumaça 
despejada pelas chaminés de fábricas que se multiplicavam em ritmo acelerado, 
aproveitando a considerável oferta de mão de obra proporcionada pela gradual 
deterioração da propriedade comunal. A capitalização e a modernização da 
agricultura provocaram o êxodo de milhares de famílias que buscavam trabalho. 
As condições de trabalho eram as mais precárias possíveis (crianças, 
mulheres e homens trabalhando 16 horas por dia e recebendo salários miseráveis). 
O ambiente era insalubre, a alimentação precária, a falta de aquecimento 
apropriado e o excesso de indisciplina tornavam os trabalhadores expostos a 
frequentes acidentes.
A industrialização modificou a percepção de tempo. Os povos possuidores 
de menor poderio tecnológico ficavam presos aos costumes, aos fenômenos 
naturais, como as estações do ano, as marés, a noite e o dia e o clima. A Revolução 
Industrial obrigou a um registro mais contínuo e preciso do tempo na vida social. 
O empresário passou a comprar horas de trabalho e a exigir seu cumprimento. O 
avanço tecnológico como:
● a criaçãoda lançadeira (1733);
● o tear mecânico (1738);
● a máquina a vapor (1768);
● a locomotiva a vapor (1831);
● o barco a vapor (1821); e
● as guerras impulsionaram a criatividade e os mercados consequentemente 
(matérias-primas e produtos industriais).
TÓPICO 1 | RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
11
 Portanto, a Revolução Industrial foi um conjunto de transformações 
econômicas e sociais que acompanharam o surgimento desses novos avanços 
tecnológicos. A Revolução Industrial mudou de forma dramática a face do mundo 
social, incluindo muitos hábitos que temos atualmente. A maior parte da comida 
que é ingerida pelas famílias hoje é fruto dos meios industriais. (GIDDENS, 2004). 
Não obstante, as transformações sociais ocorridas inspiraram reações 
profundamente conservadoras. Os precursores da Sociologia consideraram que 
o caos e a ausência de moralidade e solidariedade que as sociedades enfrentavam 
eram frutos do enfraquecimento das antigas instituições protetoras (a Igreja e as 
associações de ofícios) que haviam garantido estabilidade e a coesão social. 
As disciplinas existentes naquela época eram insuficientes na explicação 
dos novos fenômenos sociais que estavam acontecendo e muito menos explicações 
ancoradas em Deus, como já estudadas, não eram suficientes para a nova dinâmica 
que se fazia presente. Dessa forma, abriu-se espaço para a atuação da Nova 
Ciência (Sociologia), pois, até o século XV, as ciências eram estabelecidas como 
parte integral dos grandes sistemas filosóficos.
 A partir do século XVI, com a Reforma Protestante, a autoridade da Igreja 
passou a ser questionada e o fiel passou a ter responsabilidade, passando a ser, por 
meio da sua consciência individual, o principal nexo (conexão) com a divindade. 
O destino dos homens passou a ser dependente de suas ações. A Matemática, 
a Química, a Física, a Biologia e outras ciências desenvolveram-se e os estudos 
teológicos da Igreja passaram a ser questionados. 
A mudança de comportamento social levou os pensadores a desenvolver 
uma nova concepção dos mundos natural e social. Os pioneiros da Sociologia 
buscaram compreender as razões e as consequências da emergência das mudanças 
sociais ocorridas durante as duas revoluções, tentando responder a diversas 
questões principalmente às que envolviam a sociedade. Desta forma, a Sociologia 
passa a ser vista como uma luz que orienta sábios e ignorantes em direção à 
verdade, tendo como guia os postulados do conhecimento científico. 
Comte primeiramente colocou o nome desta disciplina de Física Social. 
Mais tarde, em 1836, alterou o nome para Sociologia, nome que se origina do latim 
socius e do grego logos, significando o estudo do social.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
12
Seriam os deuses sociólogos?
Como na mitologia grega, pródiga em apresentar os deuses com estatuto excepcional e 
heterogêneo a um só tempo, se confrontados com os mortais, na ciência os clássicos têm 
privilégio semelhante no conjunto dos pensadores. A supremacia dos deuses ultrapassa a 
condição humana. Os deuses são vistos como sendo outros, porque, além de serem maiores, 
poderosos e mais sábios que os homens, eles expressam essa diferença de uma forma 
particular, como revelam os versos de Homero, na Ilíada (canto VII, v. 143-144): “Nenhum 
mortal poderia penetrar o pensamento de Zeus, por mais orgulhoso que fosse, Zeus venceria 
mil vezes.” (SISSA; DETIENNE, 1991, p. 43).
Os pensadores de primeira hora da sociologia são considerados clássicos porque o seu 
pensamento ainda tem o poder explicativo, sua vitalidade interpretativa alcança a era 
contemporânea, embora apresente limitações. Assim como os deuses gregos, excepcionais 
e heterogêneos, os clássicos não explicam tudo, mas fazem avançar o pensamento; afinal, 
ciência e realidade social são fenômenos conjugados, históricos e em constante mutação.
FONTE: ARAÚJO, Silvia M; BRIDI, Maria A; MOTIM, Benilde L. Sociologia, um olhar crítico. São 
Paulo: Contexto, 2009. p. 14.
4 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA
Caro(a) acadêmico(a), você visualizou que antes do surgimento da 
Sociologia, no período medieval, por exemplo, o entendimento e o funcionamento 
da sociedade eram tidos como vontade de Deus. Vejamos um exemplo para 
mera ilustração da maneira de se pensar. Por exemplo: na obra CIDADE DE 
DEUS, Santo Agostinho mencionava que esta cidade seria edificada pelos eleitos, 
ou seja, aqueles que conseguirem a salvação. (Lembre: a salvação era uma das 
preocupações centrais da Idade Média). Agostinho expõe que a ideia da existência 
de outra realidade, além da existente aqui, seria a realidade celestial que denomina 
de Cidade de Deus. (URBANESKI, 2008). 
Para Santo Agostinho, o homem deve desvencilhar-se da cidade terrena, 
das coisas mundanas e carnais e deve voltar-se para as coisas espirituais e assim, 
aproximar-se de Deus. Cristo virá no fim dos tempos para julgar os vivos e os 
mortos e os bons cristãos que morrerão no amor a Deus. Estes gozarão de felicidade 
eterna na celestial Cidade de Deus. Outrossim, aqueles que morrerem sem batismo, 
impenitentes, heréticos serão amaldiçoados e irão para o inferno. (URBANESKI, 
2008).
 
Entretanto, com as diversas transformações e mudanças de mentalidade 
dos homens no início da modernidade, a Sociologia surge com intuito de, grosso 
modo, entender o funcionamento da sociedade naquele período. Ou seja, não busca 
mais explicações de ordem teológica para o entendimento da sociedade, mas, sim, 
usando a capacidade da razão humana e os postulados científicos. Assim, cada 
pensador da sociologia clássica – Comte, Marx, Durkheim, Weber – apresenta o 
NOTA
TÓPICO 1 | RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
13
seu parecer sobre a sociedade, os quais você estudará no próximo tópico. 
Mas você pode se perguntar: o que faz a Sociologia?. Se você se debruçar 
sobre tal temática, muitas versões poderão ser encontradas. Entretanto, aqui, 
apresentamos três versões. 
A sociologia, de modo bem simples, é o estudo sistemático do 
comportamento social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações 
sociais e como essas relações influenciam o comportamento das pessoas 
e como as sociedades, a soma de tais relações se desenvolve e muda. 
(SCHAEFER, 2006, p. 3).
A sociologia é uma tentativa de compreender o ser humano. Concentra-
se em nossa vida social. Tipicamente não enfoca a personalidade do indivíduo 
como a causa do seu comportamento, mas examina a interação social, os padrões 
sociais (por exemplo: papéis, classes, cultura, poder conflito e a socialização 
em processo) [...]. A sociologia começa, portanto, com a ideia de que o homem 
deve ser entendido no contexto da sua vida social e de que somos seres sociais 
influenciados pela interação, pelos padrões sociais e pela socialização [...].
 
Os sociólogos diferem uns dos outros pelo tipo de questões sobre as 
quais se debruçam. Também diferem quanto à área temática ou ao enfoque 
de seu estudo. Há cinco áreas temáticas: as quais são: sociedade, organização 
social, instituições ou sistemas institucionais, interação face a face e problemas 
sociais.
A sociologia poderia ser definida como uma disciplina acadêmica que 
examina o ser humano como um ser social, resultado de interação, socialização 
e padrões sociais. É uma perspectiva que se preocupa com a natureza do ser 
humano, o significado e a base da ordem social e as causas e consequências da 
desigualdade social. Concentra-se na sociedade: organização social, instituições 
sociais, interação social e problemas sociais. 
FONTE: Charon (1999, p. 5-8).
As explicações que o senso comum apresenta a respeito da sociedade 
não têm objetividade que muitos, sem discussão, acreditam que elas 
possuam. Mas se é verdade que a Sociologia, como qualquer outra 
ciência, pode errar nas suas explicações, as teorias desta disciplina são 
demonstravelmente mais confiáveis do que as elaborações intelectuais 
espontâneas de qualquer povo sobre si mesmo, em razão dos cuidados 
de que o sociólogo procurase cercar para formular as suas teorias. 
(VILA NOVA, 2000, p. 26).
 Enfim, você neste tópico visualizou a mentalidade anterior ao surgimento 
da Sociologia, o contexto de seu surgimento e as novas ideias que se fizeram 
presentes em tal período, bem como sua finalidade.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
14
Para aprofundar seus estudos, você pode, a título de sugestão, investigar outras 
áreas da Sociologia como, por exemplo: a sociologia da moda, política, das organizações, do 
conhecimento, sociologia jurídica, do conhecimento, do trabalho, sociologia urbana e rural, 
dentre outras, e as possíveis contribuições para a sua área de estudo.
DICAS
15
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu que:
• A Sociologia estuda os fenômenos sociais, da ação ou influência mútua e da 
organização social.
• Na Idade Média, Deus era o centro. Com o Renascimento, o Homem torna-se o 
centro.
• A Sociologia é muito importante para cada dia de nossas vidas, permitindo 
entendermos as forças externas que influenciam nossas percepções, pensamentos 
e ações.
• A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade, com o intuito 
de compreender a sociedade de um modo geral ou até mesmo nas suas peculiaridades.
• A Sociologia surge num período conturbado e marcado por grandes 
transformações na sociedade: a) o surgimento da indústria e da urbanização; b) 
a visibilidade do Iluminismo como ciência; c) a forte mudança social decorrente 
da Revolução Francesa.
• A Sociologia dedica-se a várias temáticas de estudos inerentes à sociedade.
• Não há unanimidade quanto ao que seja sociologia e suas finalidades.
• Existem diversos campos de atuação na Sociologia.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
2 Você já deve ter ouvido no seu dia a dia o seguinte diálogo: 
“Você agiu por impulso pessoal ou pressão do grupo?”
“Eu agi por minha conta e risco, não dou importância ao que os outros pensam!”
“Eu agi de acordo com o grupo, dou muita importância ao que os outros 
pensam!”
Desses pequenos textos, aponte quais podem ser objeto de estudo da 
Sociologia e justifique.
3 Apresente um breve parecer sobre a sociedade atual brasileira tendo como 
aporte os postulados do conhecimento científico.
AUTOATIVIDADE
Mentalidade medieval Mentalidade renascentista
5 Estudar como as sociedades funcionavam e continuam funcionando ao longo 
do tempo e de como é a vida humana dos grupos sociais ou da sociedade em 
específico, é uma das funções:
a) ( ) Da Sociologia.
b) ( ) Do Iluminismo.
c) ( ) Do Positivismo.
d) ( ) Do Capitalismo.
6 Analise as afirmações expressas a seguir e classifique-as em V verdadeiras e F 
falsas:
 
( ) A visão predominante na mentalidade medieval é o Teocentrismo (Deus é 
o centro de tudo). 
( ) Na mentalidade medieval, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito 
à sua imagem e semelhança) e ainda é capaz de fazer coisas maravilhosas: 
máquinas, prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a 
1 A partir do estudo do Tópico 1, conceitue Sociologia. 
4 Aponte as principais características da mentalidade medieval e 
renascentista:
17
natureza e mudar o seu próprio destino. 
( ) Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois 
este era um pecador. Desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, 
pois merece sofrer porque é pecador. 
( ) Para a mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser 
explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, 
terremotos). Na mentalidade moderna, os fenômenos da natureza devem 
ser explicados pelo homem que, com o uso da razão e da ciência, consegue 
conhecer. E, além disso, o homem pode e deve ser criador, aventureiro, 
sonhador e dominador da natureza. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – V. 
c) ( ) F – F – V – F. 
d) ( ) F – F – F – V. 
e) ( ) V – F – V – V.
18
19
TÓPICO 2
BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS 
DA SOCIOLOGIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A preocupação em compreender o comportamento humano e a sociedade 
é um fato recente, surgido no princípio do século XIX. O mundo contemporâneo é 
muito diferente do passado e a missão da Sociologia é ajudar-nos a compreender 
o mundo em que vivemos e nos alertar para aquilo que possa ocorrer no futuro.
Várias pessoas são atraídas pela Sociologia, seja como uma área de 
estudo principal, seja como secundária. Ela é fascinante, provocativa e aplicável, 
principalmente quando a sociedade passa por mudanças drásticas como, por 
exemplo, o processo de industrialização. 
A Sociologia tem importantes consequências práticas. Ela permite 
compreendermos um determinado conjunto de acontecimentos sociais, 
aumentando nossa sensibilidade cultural e possibilitando, principalmente, o 
autoconhecimento. Vejamos, a seguir, os clássicos da Sociologia. Tenha uma boa 
leitura!
2 AUGUSTE COMTE: O PENSAMENTO POSITIVISTA E AS 
RELAÇÕES SOCIAIS
“O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”.
Auguste Comte
Ainda no século XIX tivemos o surgimento de um novo método científico 
de estudo da sociedade. Na busca de tentar entender as transformações sociais, 
suas consequências para a sociedade e o futuro da nova sociedade que estava 
emergindo, é que, a partir de 1826, Auguste Comte (1798-1857) cria em sua 
residência, o Curso de Filosofia Positiva. Em 1830 publica o curso em seis volumes 
até 1842, dedicando-se no quinto volume do livro à ideia de fundar uma disciplina 
dedicada ao estudo científico da sociedade.
Na busca de fazer com que a Sociologia fosse reconhecida como ciência e 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
20
para que o homem se desenvolvesse completamente, a sociedade deveria passar 
por Três Estados, nos quais o homem deveria aprender a utlizar sua inteligência 
como fonte de inspiração nas suas atitudes. Dessa forma, foi criada a primeira lei 
natural da humanidade, definida pela física social como a Lei dos Três Estados, 
conforme podemos verificar no texto que segue, extraído do livro de Comte, Curso 
de Filosofia Positiva (1973).
Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana 
em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples 
até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se 
sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece poder ser solidamente 
estabelecida, quer na base de provas racionais fornecidas pelo conhecimento de 
nossa organização, quer na base de verificações históricas resultantes do exame 
atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções 
principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três 
estados históricos diferentes:
No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas 
investigações para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de 
todos os efeitos que o tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, 
apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de 
agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária 
explica todas as anomalias aparentes do Universo.
No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples 
modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por 
forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) inerentes 
aos diversos seres do mundo, e concebidas como capazes de engendrar por elas 
próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste, então, em 
determinar para cada um uma entidade correspondente.
Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a 
impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e 
o destino do Universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para 
preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do 
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis 
de sucessãoe de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus 
termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os 
diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso 
da ciência tende cada vez mais a diminuir.
[...] Ora, cada um de nós, contemplando sua própria história, não se 
lembra de que foi sucessivamente, no que concerne às noções mais importantes, 
teólogo em sua infância, metafísico em sua juventude e físico em sua virilidade?
TÓPICO 2 | BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
21
2.1 ORDEM E PROGRESSO
Para Comte, no estado positivo o pensamento humano ganharia coerência 
racional à qual ele estivera sempre destinado. Nesse sentido, o positivismo depois 
de implementado em sua plenitude se tornaria a expressão do poder espiritual da 
sociedade moderna, funcionando como o regulador das relações sociais.
A união do conhecimento positivo passa a ser coletiva em busca da 
fraternidade universal e da convivência em comum. A conexão entre teoria e 
experiência é baseada no conhecimento das ações repetitivas dos fenômenos e 
na antecipação científica. O estágio positivo corresponde à atividade fabril e à 
transformação da natureza em mercadorias. 
Logos após, os trabalhos de Comte se baseiam na construção de uma “religião 
da humanidade”, cuja liturgia é baseada no catolicismo romano, estabelecida em O 
CATECISMO POSITIVISTA (1852). Assim, a doutrina positivista ganha força 
religiosa com credo na ciência.
O positivismo é uma corrente de pensamento que apregoa o predomínio da 
ciência e do método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião.
O positivismo causou forte repercussão; traços positivistas são facilmente 
percebidos em diferentes atividades da vida humana, principalmente na sociedade 
ocidental, especialmente aqui no Brasil. 
O pensamento positivista chegou ao Brasil por volta de 1850, e foi trazido 
por brasileiros que estudaram na França; alguns foram até alunos de Comte. A 
partir deste ano, torna-se mais evidente na Escola Militar, depois no Colégio Pedro 
II, na Escola da Marinha, na Escola de Medicina e na Escola Politécnica, no Rio 
de Janeiro. Já o positivismo como forma de religião se destaca no Apostolado 
Positivista, a partir de 1881, criado por Miguel Lemos e Raimundo Teixeira.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
22
FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/
ordem_e_ progresso_9.html>. Acesso em: 24 maio 2010.
Durante um bom tempo o positivismo atuou como uma reação filosófica 
contra a doutrina confessional católica, que era, até então, a única no país. Nesta 
luta de ideias, surge em 1876 a fundação da Sociedade Positivista Brasileira no Rio 
de Janeiro. Entretanto, o núcleo central do positivismo foi transferido para Recife, 
por iniciativa de Tobias Barreto, Sílvio Romero e Clóvis Bevilácqua.
A doutrina positivista acabou moldando-se ao país, sendo aceita por um 
grupo reduzido de estudiosos. Teve destaque a atuação doutrinária de Benjamin 
Constant Botelho de Magalhães (1833-1891), professor da Escola Militar e defensor 
do princípio positivista de valorização do ensino para que fosse alcançado um 
estado democrático. Entretanto, se, para Comte, o ensino na Europa deveria se 
destinar às camadas pobres, no Brasil acontece o contrário: os ensinamentos 
positivistas se restringiram aos poucos que estudavam nas escolas militares. 
A filosofia positivista tornou-se fundamental no debate político brasileiro 
no século XIX, porque o regime republicano foi instalado sob sua base teórica. 
Podemos considerar o dia 15 de novembro como o apogeu do pensamento positivista 
no Brasil, devido ao enorme número de adeptos de Comte que assumiram cargos 
importantes no governo de Benjamin Constant.
FIGURA 1 – FACHADA DA IGREJA POSITIVISTA NO RIO DE JANEIRO
TÓPICO 2 | BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
23
FONTE: Disponível em: <http://maniadehistoria.files.wordpress. 
com/2009/10/bandeira-do-brasil1.jpg>. Acesso em: 24 maio 2010.
FIGURA 2 – BANDEIRA DO BRASIL
Dentre as numerosas influências do positivismo no Brasil podemos 
destacar: o lema Ordem e Progresso da bandeira; a separação da Igreja e do 
Estado; o decreto dos feriados; o estabelecimento do casamento civil e o exercício 
da liberdade religiosa e profissional; o fim do anonimato da imprensa; a revogação 
das medidas anticlericais e a reforma educacional.
A Bandeira do Brasil foi adotada pelo Decreto no 4, de 19 de novembro de 1889. 
Este decreto foi preparado por Benjamin Constant, membro do Governo Provisório. A ideia 
da nova bandeira do Brasil deve-se ao professor Raimundo Teixeira Mendes, presidente do 
Apostolado Positivista do Brasil. Com ele colaboraram o Dr. Miguel Lemos e o professor Manuel 
Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. O desenho foi executado pelo 
pintor Décio Vilares.
É indiscutível a influência do Positivismo na Proclamação da República 
e na formação intelectual dos militares. Também esteve presente na organização 
estatal elaborada por Vargas e no seu projeto burguês de desenvolvimento para o 
país, e na tomada de poder pelos militares em 1964. Além disso, podemos destacar 
que, de forma direta ou indireta, as matizes do Positivismo tiveram influência na 
forma de pensar a educação no Brasil.
NOTA
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
24
O positivismo não compartilha dos princípios da representação eleitoral 
recomendados pela democracia liberal burguesa. Para os positivistas, o direito ao voto é um 
dogma metafísico ou popular.
3 ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim nasceu em 15 de agosto de 1858, em Epinal, no noroeste 
da França, próximo à fronteira com a Alemanha. Filho de judeus, optou por não 
seguir o caminho do rabinato. Formou-se em Direito e Economia, porém sua obra 
inteira é dedicada à Sociologia. Morreu em 15 de dezembro de 1917, supostamente 
pela tristeza de ter perdido o filho na guerra, no ano anterior. Na segunda metade 
do século XIX, é com Émile Durkheim que a Sociologia realmente passa a existir, 
com objeto, método e objetivos claros e definidos.
FONTE: Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/wp-content/
uploads/2016/07/durkheim_emile.jpg>. Acesso em: 24 maio 2010.
FIGURA 3 – ÉMILE DURKHEIM
Durkheim salienta que a compreensão da sociedade deve ser feita como 
sendo um conjunto de ideias, continuamente alimentadas pelos homens que fazem 
parte dela. Em 1895, escreve as Regras do Método Sociológico, dando caráter 
científico à Sociologia.
NOTA
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Para ele, a sociedade é superior ao indivíduo, afirmando que a explicação 
da vida social é determinada na sociedade, não no indivíduo. Ressalta que uma 
vez criadas pelo homem, as estruturas sociais funcionam de modo isolado dos 
indivíduos, influenciando suas ações. Identificou a sociedade como um fato sui 
generis e irredutível a outros, ou seja, os homens passam, mas a sociedade fica. 
A sociedade age sobre o indivíduo, impondo a ele um conjunto de normas de 
conduta social.
3.1 FATO SOCIAL
Para Durkheim, a Sociologia deve ser um instrumento científico da busca 
de soluções para os desvios da vida social, tendo, portanto, uma finalidade dupla: 
além de explicar os códigos de funcionamento da sociedade, teria como missão 
intervir nesse funcionamento por meio da aplicação de antídotos que pudessem 
mitigar os males da vida social. Em sua compreensão, a sociedade, como qualquer 
outro organismo vivo, passaria por etapas com manifestação de estados normais 
e patológicos. O estado saudável seria o de convivência harmônica da sociedade 
consigo mesma e com as demais sociedades, harmonia essa a ser obtida pelo 
exercício imperativo do consenso social. O estado mórbido ou patológico seria 
caracterizado por fatos que colocassem em risco essa harmonia, os acordos de 
convivência, o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução histórica natural da 
sociedade. (FERREIRA, 2001).Pelo fato de a Sociologia ser, nessa concepção, uma espécie de medicina 
social, Durkheim criou o objeto que lhe permitisse explicar os códigos de 
funcionamento da sociedade: os fatos sociais. Em sua definição de fato social, 
Durkheim (1972, p. 11) afirma que é:
[...] toda a maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre 
o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma 
sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente 
das manifestações individuais que possa ter.
Nesta definição podemos destacar que, de acordo com Durkheim, o 
modo como o homem age é sempre condicionado pela sociedade. Dessa forma 
verifica-se que o fato social teria a capacidade de constranger, de vir de fora e de 
ter validade para todos os membros da sociedade. Os fatos sociais possuem três 
características fundamentais: a primeira delas é a coerção social, ou seja, a força 
que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras 
da sociedade em que vivem, independentemente de suas vontades e escolhas. Essa 
força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se 
submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado 
a determinado código de leis. Aqui, a medida da coerção seria estabelecida pelas 
sansões a que os indivíduos estariam sujeitos a partir do momento em que não se 
conformassem com as regras sociais.
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O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas punições a que 
o indivíduo está sujeito, quando se está contra elas e tenta se rebelar. As punições 
podem ser legais ou espontâneas. Legais são as prescritas pela sociedade, sob 
a forma de leis, nas quais se identifica a infração e a penalidade subsequente. 
Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não 
adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence. 
Durkheim (1972, p. 14) exemplifica este último tipo de sanção:
[...] se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu 
país e na minha classe o riso que provoco, o afastamento em que os 
outros me conservam, produzem, embora de maneira mais atenuada, 
os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita.
A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre 
os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, 
ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, 
já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos 
de coerção social, como a educação. Outro exemplo seriam os sistemas de 
moedas, os instrumentos de crédito, as práticas profissionais, que funcionariam 
independentemente do uso que os indivíduos fizessem delas.
Por fim, a terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. 
É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, 
na maioria deles. Desse modo, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva 
ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os 
sentimentos e a moral.
O fenômeno do suicídio, na sociedade industrial do século XIX, foi um fato 
social que despertou a atenção de Durkheim. Ele queria saber por que as taxas 
de suicídio apresentavam padrões tão diferentes, quando se comparavam regiões 
geográficas, religiões, número de filhos, etc. Desenvolveu sua investigação a partir 
da tese de que o suicídio é um fato social e que, portanto, deveria ser explicável 
através de outro fato social. Com o apoio da estatística e do método comparativo, o 
sociólogo francês percebeu que esta variação estava diretamente relacionada com 
o grau de integração. Assim, quanto maior era o grau de integração do indivíduo 
numa comunidade ou grupo familiar, menores eram os índices de suicídio. 
Durkheim concluiu que o fenômeno não possuía uma origem exclusivamente 
psicológica, mas também sociológica, isto é, ele podia ser compreendido a partir 
de outros fatos sociais como a religião, situações econômicas etc.
O sociólogo Émile Durkheim admitia que seu método era “conservador”, 
já que os fatos sociais eram difíceis de serem modificados; mas ele não estava 
imaginando que estes estavam imunes às transformações. Durkheim é visto 
como um “evolucionista”, porque defendia que a sociedade seria cada vez mais 
justa e o indivíduo alcançaria sua “felicidade”, a partir de “um sentimento de 
solidariedade”, que viria conjuntamente com uma “nova ordem moral”.
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Extraído do livro de Delson Ferreira, “Manual de Sociologia” (2001, p. 50-
51), o texto que segue apresenta os dois tipos de solidariedade desenvolvidos por 
Émile Durkheim.
Na concepção durkheimiana, a Sociologia deveria voltar-se também 
para outro objetivo fundamental: a comparação entre as diversas sociedades. 
Para isso, esse autor estabeleceu um novo campo de estudo, morfologia social, 
que consistiria na classificação do que ele chamou de espécies sociais. Em seu 
entendimento, essa atividade só poderia ser realizada partindo de um rigoroso 
controle do processo de observação experimental. Fundamentando-se nesse 
parâmetro, fixou que o percurso de passagem da solidariedade mecânica para 
a solidariedade orgânica seria o motor de transformação histórica de toda e 
qualquer espécie de sociedade.
A seu ver, a divisão do trabalho concebida pela formação da estrutura 
de produção industrial capitalista incentivava e levava ao exercício de uma nova 
forma de solidariedade entre os homens, impelindo-os a uma interdependência 
e não aos conflitos sociais. Ele acreditava que a ciência social poderia, por meio 
de suas investigações, encontrar soluções para os problemas fundamentais de 
sua época ao largo desses conflitos. O primado da especialização, necessária 
ao desempenho das novas funções no mundo do trabalho, estabelecidas pela 
lógica da organização industrial, levaria os indivíduos a essa nova forma de 
solidariedade, conferindo-lhes maior autonomia pessoal e emancipando-os 
da tutela dos antigos costumes vigentes nas formas anteriores de organização 
produtiva. Essa nova interdependência funcional é que os afastaria dos choques 
sociais.
Em sua compreensão, o que ele denominou de solidariedade mecânica 
imperou na história de todas as sociedades anteriores ao advento da Revolução 
Industrial e do capitalismo. Nelas, os códigos de identificação social dos 
indivíduos eram diretos e se davam por meio dos laços familiares, religiosos, 
de tradição e costumes, sendo completamente autônomos em relação ao 
problema da divisão social do trabalho, que não interferiria nos mecanismos 
de constituição da solidariedade. Nesse caso, a consciência coletiva exerceria 
todo o seu poder de coerção sobre os indivíduos, uma vez que aqueles laços os 
envolviam em uma teia de relações próximas que acentuavam o controle social 
direto por parte da comunidade.
A solidariedade orgânica se manifestaria, por sua vez, nas palavras 
de Durkheim, de modo inteiramente diferente da mecânica. Peculiar da 
sociedade capitalista moderna, em função direta da divisão acelerada do 
trabalho, que nessa sociedade exerceria influência decisiva em todos os 
setores da organização social, a solidariedade orgânica levaria os indivíduos 
a se tornarem interdependentes entre si, garantindo a constituição de novas 
formas de unidade social no lugar dos antigos costumes, das tradições ou das 
relações sociais estreitas, que caracterizavam a vida pré-moderna. Os antigos 
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4 KARL MARX
Karl Marx nasceu no dia 5 de maio de 1818, em Trier, província alemã do 
Reno. Economista, filósofo, historiador, sociólogo e socialista, Marx perdeu suas forças 
para viver após a morte de sua mulher, em 1881, e de sua filha mais velha em 1882, 
falecendo em 14 de março de 1883. Na cerimônia de enterro, apenas com a presença 
de amigos e representantes operários de vários países,Engels pronunciou a oração 
fúnebre: “[...] ele foi o mais odiado e mais caluniado de todo seu tempo... Morreu 
amado e venerado por milhões de operários revolucionários, das minas da Sibéria, das 
costas da Califórnia e de todos os pontos da Europa e da América... Seu nome e sua 
obra passarão à posteridade”. Ainda hoje, quem for ao cemitério de Highgate, poderá 
ler na lápide, ou quem sabe até ouvir a palavra de ordem do manifesto: “Operários de 
todos os países, uni-vos!”
Inicialmente, seguiu os passos do pai estudando Direito em Bonn e Berlim, 
onde encontrou sua futura mulher, a aristocrata Jenny von Westphalen. Sua trajetória 
o levou a Colônia, Paris, Bruxelas – onde publicou com Engels o Manifesto Comunista, 
de 1848 – até ser forçado ao exílio em Londres, pelo governo da Prússia, em 1849. Marx 
viveu na capital britânica pelo resto da vida. Em Londres, morou no Soho, depois em 
Kentish Town. Passava os dias devorando obras de economia e filosofia na sala de 
leitura do Museu Britânico, onde escreveu seu trabalho mais influente, O Capital.
O primeiro volume de O Capital foi publicado enquanto ainda vivia, mas 
os demais foram editados por Engels após a morte de seu amigo, em 1883. Marx foi 
enterrado no cemitério de Highgate, norte de Londres. Poucas pessoas estiveram em 
seu funeral, quando Engels previu: “O seu nome e sua obra vão perdurar ao longo do 
tempo”.
laços diretos da consciência coletiva se afrouxariam, conferindo aos indivíduos 
maior autonomia pessoal e cedendo espaço aos mecanismos de controle social 
indiretos, definidos por sistemas e códigos de conduta consagrados na forma 
da lei.
Se, em Comte a Teoria da História pressupunha a passagem contínua das 
sociedades por etapas, ou estágios de desenvolvimento, que iriam do teológico 
ao positivo, findando a marcha histórica da humanidade neste, em Durkheim 
a postura finalista quanto ao devir do processo histórico não muda, apenas 
sofistica-se, uma vez que sua compreensão continuou sendo etapista e fatalista. 
Ou seja, seguiu prescrevendo para as civilizações o percurso único e inevitável 
que as levaria dos estágios inferiores aos superiores de cultura e organização 
social, que findariam, necessariamente, com o advento da sociedade capitalista 
industrial. A visão de História dos positivistas padeceu de seu fascínio pela 
modernidade burguesa, a ponto de admitir que, além dela, restava para o 
homem apenas o aperfeiçoamento da ordem que ela fundou, por meio das 
revoluções liberais.Labem iam dum pesi firterfirtic re.
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Documentos exibidos pelos arquivos nacionais em Kew, em Londres, 
revelaram recentemente detalhes sobre os anos em que Marx viveu na Grã-Bretanha. 
Os documentos revelam que Marx, um dos principais pensadores do mundo, investiu 
4 libras como um dos acionistas fundadores de um jornal da classe operária britânica, 
o The Industrial, que parou de circular em 1883.
Os documentos também mostram por que a polícia impediu que Marx 
conseguisse obter cidadania britânica. Há um relatório da polícia metropolitana 
londrina, de 1874, que rejeita a tentativa de Marx de se naturalizar cidadão britânico. 
“Ele é um notório agitador alemão, o líder da Sociedade Internacional, e defensor 
de princípios comunistas. Este homem não tem sido leal ao rei”, escreve o sargento 
Reinners, justificando a negativa a Marx. Apesar disso, Marx passou em Londres a 
maior parte do final de sua vida.
Embora ele não tenha vivido para ver a aplicação de suas ideias na prática, 
seu trabalho teve grande influência na formação dos regimes comunistas no início do 
século XX.
Karl Marx possuía amplo domínio sobre tudo o que a Ciência Econômica 
tinha realizado antes dele. Contribuiu muito para o campo da economia, sendo um 
dos principais intelectuais que surgiram no século XIX, influenciando o cenário 
político-econômico do século XX, criando a ideologia socialista em contraposição ao 
capitalismo.
Seus trabalhos mais importantes se encontram anteriores a Durkheim, mas, ao 
contrário deste sociólogo, Marx era discreto quanto à ideia de que a Sociologia pudesse 
englobar leis gerais e externas como aquelas das ciências naturais. Para Marx cada 
época histórica é construída em torno de um tipo específico de produção econômica, 
organização de trabalho e controle de propriedade, criando sua própria dinâmica.
FONTE: Disponível em: <http://infed.org/mobi/wp-content/
uploads/2013/01/karl-marx-wikimedia-commons.jpg>. Acesso em: 
24 maio 2010.
FIGURA 4 – KARL MARX
A partir de Marx a Sociologia assume uma postura mais crítica, buscando 
desmascarar e criar um novo sistema que supere o sistema capitalista. Além de sua 
vigorosa crítica ao sistema capitalista, Marx foi um modelo de intelectual que soube 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
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muito bem unir a teoria com a prática. A maioria de suas obras aborda os assuntos 
mais variados possíveis, desde filosofia, política, história, religião e economia, 
por isso tentar entender todo o seu pensamento é uma tarefa muito complexa. 
Podemos afirmar que a contribuição teórica de Marx consiste, em síntese, na criação 
de paradigmas que até o momento não haviam sido discutidos pelo pensamento 
sociológico. O historiador inglês Eric Hobsbawm (apud TREVISAN, 1997, p. 2) 
analisa os benefícios e os limites da contribuição marxista:
[...] o marxismo tem contribuído de algum modo para entender a 
História, mas, realmente, não o suficiente. Por exemplo, o marxismo 
vulgar diz que todas as coisas ocorrem em virtude de fatores econômicos 
e obviamente isso não é uma explicação adequada. Insisto que o 
importante é distinguir o marxismo vulgar de uma interpretação mais 
sofisticada do sentido da obra de Marx ou em verdade de Karl Marx por 
ele mesmo. Acho que o marxismo pode fazer isso. Hoje podemos falar 
sobre isso, como estamos fazendo, porque hoje nós podemos distinguir 
aqueles trechos das análises marxistas que pareciam ser válidos, mas 
claramente não o são. Por exemplo, se você realmente lê o Manifesto 
Comunista de 1848, ficará surpreso com o fato de que o mundo, hoje, 
é muito mais parecido com aquele que Marx predisse em 1848. A ideia 
do poder capitalista dominando o mundo inteiro, como também uma 
sociedade burguesa destruindo todos os velhos valores tradicionais, 
parece ser muito mais válida hoje do que quando Marx morreu. Por 
outro lado, por exemplo, a previsão de que a classe trabalhadora ficaria 
cada vez mais pauperizada não é verdade. Isso não quer dizer que a 
classe trabalhadora não tenha suficientes boas razões para protestos. 
Uma coisa interessante que faz a análise marxista bastante moderna é a 
análise das tendências de longa duração.
Karl Marx não falou somente da exploração econômica do trabalhador; 
não se tratava apenas de uma crítica da distribuição de renda no capitalismo, mas 
criticava a escravização do homem (trabalhador e capitalista) por coisas feitas por 
ele mesmo. 
Um dos temas discutidos por Marx, cuja força ainda hoje podemos verificar, 
é o fetichismo da mercadoria, que seria a interpretação de como o modo capitalista 
de produção mercantiliza as relações, as pessoas e as coisas, como ele transforma 
as próprias pessoas em mercadorias. O fetichismo representa uma contradição 
fundamental do capitalismo: há “relações materiais entre pessoas e relações sociais 
entre coisas”.
Fetichismo é o exemplo mais simples do modo pelo qual as formas 
econômicas do capitalismo (valor, capital, lucro) ocultam as relações sociais 
subjacentes. A reificação significa a transformação dos seres humanos em seres 
semelhantes a coisas, que se comportam de acordo com as leis do mundo das 
coisas: caso especial de alienação.
Caro(a) acadêmico(a)! De Karl Marx, para que possamos refletir acerca de 
nossas ações do dia a dia, podemos extrair este pensamento: 
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“A burguesia rasgou o véu sentimental da família, reduzindo as 
relações familiares

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