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A Realidade é Plástica! A Arte da Hipnose Impromptu Anthony Jacquin Este trabalho é de propriedade e publicação de Anthony Jacquin. A Realidade é Plástica: A Arte da Hipnose Impromptu. Primeira edição 2007. Reimpresso com revisões 2008 e 2015. Publicado digitalmente 2016. O direito de Anthony Jacquin ser identificado como o autor deste trabalho foi reivindicado por ele de acordo com o Ato de Direitos Autorais, Design e Patentes do Reino Unido, de 1998. © Anthony Jacquin 2016 Todos os direitos reservados mundialmente. Nenhuma parte desta publicação pode ser armazenada em um sistema de recuperação, transmitido ou reproduzido de forma alguma, incluindo, mas não limitado a cópia digital e impressão, sem concordância prévia e permissão por escrito do autor. Você não pode usar este produto para fins comerciais, exceto para os propósitos do seu próprio desenvolvimento profissional, o que quer dizer que: Você pode usar este produto como uma referência em suas próprias sessões de hipnose de acordo com práticas, permissões e éticas aceitáveis; mas Você não pode afirmar ser associado a Anthony Jacquin de forma alguma ou usar seu nome ligado à sua própria prática a menos que dada a permissão pelo autor para fazê-lo. Tradução por Alexandre Manzano. Fotografia por Red Square Photography Studio e Vivid Creative Ideas. Design Gráfico por Overthrow Productions Ltd. Editado por Jesse Cummins. Anthony Jacquin Sala 6-8 St. James St. Derby, Derbyshire, DE11RF, Reino Unido Email: enquires@anthonyjacquin.com Web: www.anthonyjacquin.com mailto:enquires@anthonyjacquin.com http://www.anthonyjacquin.com/ Com relação a este livro, “impromptu” se traduz como “uma prontidão para realizar o que está à mão”. Isto quer dizer ser capaz de usar a hipnose criativamente a qualquer hora e em qualquer lugar. [Francês, do latim in prōmptū, em prontidão : in, em + prōmptū, ablativo de prōmptus, prontidão, do particípio passado de prōmere, fazer surgir.] Código de Conduta Mantenha-se disciplinado. Comporte-se eticamente como um hipnotista. Pratique cortesia e respeito. Sirva seu público e respeite seu participante. Ame seus companheiros estudantes. Sejam unidos e evitem conflitos. Treine diligentemente. Mantenha suas habilidades. Desenvolva tranquilidade. Abstenha-se de discussões e brigas. Participe em sociedade. Seja moderado e gentil em seus modos. Ajude os fracos e jovens. Use hipnose para o bem da humanidade. Passe adiante a tradição. Preserve esta arte hipnótica e suas regras de conduta. Os 17 Deveres Atitude correta. Intenção correta. Esforço correto. Ação correta. Seja firme com as instruções. Seja claro com as sugestões. Seja significativo quando comunicar ideias. Seja habilmente vago apenas quando necessário. Seja preciso com o timing. Seja o mestre do espaço pessoal. Esteja alerta com seus olhos. Coordene suas palavras e ações. Una suas ações e intenções. O pensamento deve ser ágil. A reação deve ser veloz. Compreenda os princípios de empurrar e puxar. Esteja calmo. Tenha os pés no chão. Ande, não corra. Acompanhe e conduza. Seja constante quanto à sua respiração e força. Seja dominante com sua conduta. Teste seu trabalho. Certifique-se de terminar limpo. Sobre A Realidade é Plástica: A Arte da Hipnose Impromptu Este livro é um recurso para aqueles professando ser ou desejando tornar-se hipnotistas. Ele não é um substituto para o treinamento pessoal com um hipnotista profissional que seja talentoso em dar treinamento. Entretanto, se você seguir as instruções neste livro e tiver a atitude correta e aptidão, bem como audácia, talento e confiança suficientes, você hipnotizará pessoas. Com essa habilidade vem a responsabilidade. Hipnose pode ser usada por diversão, para criar riso e provocar mudanças terapêuticas maravilhosas nas pessoas. Pode tão facilmente resultar em confusão, medo e mudanças inúteis. Se você souber o que está fazendo, as chances de causar até mesmo uma aflição temporária ou uma perturbação são extremamente pequenas. Com isso em mente, este livro finaliza com informações sobre como usar a hipnose de forma que se assegure o bem-estar de todos os envolvidos. Leia este capítulo. Use seu bom senso quanto a saúde e segurança, e moral decente e ética no que se refere à sua aplicação da hipnose. Através deste livro e meus outros produtos e cursos de treinamento, eu ofereço sugestões de palavras, frases e em alguns casos roteiros completos que serão úteis a você; entretanto, minha ênfase ao treinar pessoas é que para ser um bom hipnotista, você deve primeiramente se tornar O Hipnotista e pensar em si mesmo como O Hipnotista. Sua atitude, persona e confiança carregam mais peso do que qualquer roteiro ou truque linguístico. Onde eu ofereci sugestões sobre o que dizer, por favor entenda que estas são as palavras que eu uso; elas funcionam para mim. Eu tenho crença nelas. Em alguns casos elas podem parecer muito breves, mas eu posso assegurar que nada foi deixado de for a, nada supérfluo foi adicionado. Ao hipnotizar eu uso estas palavras e técnicas constantemente sem uma grande quantidade de variações, apenas alguma personalização dependendo de quem estou me dirigindo. Neste sentido, elas se tornaram meu texto ou roteiro. Não sinta que você deva repeti-las verbatim – embora esta não seja uma forma ruim de se começar se você for um completo iniciante. Use-as como um ponto de partida. As palavras que você usar para fazer seu trabalho como O Hipnotista devem soar corretas para você. Elas devem ser facilmente entendidas e ressoar àqueles a quem você se dirige. Você irá usá-las para focar a atenção dos seus participantes e sugerir ideias a eles. Pegue estes roteiros e ramifique a partir deles. Desenvolva seu próprio estilo de texto e você será mais efetivo. Roteiros não são feitiços e não devem ser lidos. Não são as palavras que hipnotizam; é você. Mesmo se você usar as palavras que eu, assegure-se de tomar posse delas; ensaie exaustivamente até elas se tornarem parte sua. Algumas convenções foram usadas para fazer quaisquer partes roteirizadas do livro mais fáceis de entender: Por todo o livro nós iremos nos referir ao Hipnotista como “O Hipnotista”. Nós iremos nos referir à pessoa sendo hipnotizada como “o participante”. Quaisquer palavras com intenção de serem faladas ao participante estão em bold. Texto geral e quaisquer instruções descritivas estão escritas nesta formatação normal. Estas instruções não devem ser ditas ao participante. Em hipnose você irá essencialmente usar palavras para influenciar seu participante, portanto você deve saber o que está dizendo. Vise tornar-se um mestre da comunicação. Reflita acerca das palavras que você usa e seus muitos significados e associações. Você deve prestar atenção a como transmite as sugestões e a melhor forma de instruir seu participante. Aprenda a usar seu tom vocal e tempo para comunicar sua intenção claramente e entender quando usar silêncio e ênfase. Tudo isso vai aprimorar suas habilidades de comunicação e ajudá-lo a se tornar um excelente hipnotista. Você irá rapidamente começar a desenvolver suas próprias sugestões favorecidas e seu estilo. Não há nada de errado em imitar. É uma forma de aprendizado. Assista shows e clipes dos melhores hipnotistas em ação. Leia a respeito do assunto também. Os melhores hipnotistas parecem totalmente confiantes, esperando nada menos do que o completo sucesso. Eles parecem entendidos e totalmente certos do que estão fazendo. Em última análise seja você mesmo – apenas um pouco mais. Código de Conduta 5 Os 17 Deveres 6 Sobre A Realidade é Plástica: A Arte da Hipnose Impromptu 8 1.0 O Que é Hipnose Impromptu? 13 2.0 Hipnose: Nenhuma Apresentação Necessária 17 2.1 Sendo O Hipnotista 30 2.2 A Abordagem 31 2.3 A Preparação 35 2.4 Como Dizer se Alguém Está Hipnotizado 38 2.5 Fenômeno Hipnótico 41 3.0 A Rotina de Base 45 3.1 Dedos Magnéticos 48 3.2 Mãos Magnéticas 51 3.3 Braço Rígido 54 4.0 Indução 584.1 O Ensaio 62 4.2 Fixação dos Olhos na Mão 67 4.3 Palmas Magnéticas 71 4.4 O Aperto de Mão 74 4.5 Power Levantamento Jacquin 78 4.6 Power Indução Jacquin 86 4.7 Indução Instantânea 88 5.0 Aprofundando Agora – Intensificação 90 5.1 Links 92 5.2 Loops 94 5.3 Correntes 94 5.4 Bombas 95 6.0 Direção 97 6.1 A Super Sugestão 100 6.2 Encorajamento 101 6.3 Instruções de Procedimento 102 6.4 Controle de Navegação 104 7.0 Aplicando a Hipnose Impromptu 106 7.1 Brevíssima Terapia 107 7.2 Terapia Breve Estilo Rossi 110 7.3 Desaparecido 112 7.4 Roubado 114 7.5 Encapotado 119 7.6 Alimentado 122 7.7 Aguado 123 7.8 Verdades e Mentiras 126 7.9 Auto-Hipnose Instantânea 132 8.0 De Volta À Sala 139 9.0 Segurança Por Fim 141 9.1 Ab-reações e Outras Surpresas 141 9.2 Moral e Ética 145 9.3 Considerações Finais 145 10.0 Referências 147 Apêndice: Roteiros de Rotinas de Base 149 Dedos Magnéticos 149 Mãos Magnéticas 149 Braço Rígido – Método 1 150 Braço Rígido – Método 2 150 Apêndice: Roteiros de Indução 151 O Ensaio 151 Fixação dos Olhos na Mão 152 Palmas Magnéticas 152 O Aperto de Mão 153 Power Levantamento Jacquin 153 Power Indução Jacquin 154 Indução Instantânea 155 Contato 156 1.0 O Que é Hipnose Impromptu? Este livro é sobre hipnose e como usá-la efetivamente. Ele irá ensiná-lo o que é hipnose e como hipnotizar tanto indivíduos quanto grupos de pessoas a qualquer momento e em qualquer lugar que você quiser. Este não é um livro sobre hipnose de palco, nem um livro sobre hipnoterapia ou auto-hipnose. Não é sobre aprendizado rápido, sedução rápida encoberta, técnicas persuasivas de vendas ou mágica. Não é a velha hipnose original ou nova onda de hipnose. Muitas coisas podem ser alcançadas com hipnose, mas elas são resultados da hipnose – não a hipnose em si. A hipnose que você vai aprender neste livro pode ser aplicada a todas as situações acima e em qualquer outra área da sua vida. Não é preciso experiência prévia em hipnose para entender e aplicar o conhecimento deste livro. As técnicas são enganosamente simples, mas incrivelmente poderosas. Elas são completamente práticas e foram testadas por muitos anos, com milhares de pessoas, no meu trabalho de terapia e entretenimento. Quando você as tiver dominado, poderá descobrir que elas são tudo que precisa. Dito isso, sempre há mais para se aprender. Faça da hipnose sua forma de arte. Aplique o tempo e esforço necessários para dominar seu ofício. Para trazer esta abordagem à hipnose em um contexto prático, este livro é focado em como proporcionar demonstrações de hipnose impromptu que podem ser aplicadas em qualquer cenário. Para fins de diversão, entretenimento e risos. Pode ser para alívio rápido de dores físicas e mentais ou para fins de engenharia social. Cabe a você decidir como irá aplicá-las. Quando você se apresenta como um Hipnotista ou se as pessoas descobrem que você pode hipnotizar, elas perguntarão frequentemente se você pode hipnotizá-las. Quando você diz que sim, elas normalmente perguntarão se você pode fazê-lo imediatamente. Esse é um livro educativo sobre como aproveitar ao máximo essas oportunidades. Ele também irá lhe mostrar como criar um contexto para hipnose para que você possa inseri-la em qualquer situação que quiser. Muitas das pessoas que dizem ser capazes de hipnotizar bem, especialmente hipnoterapeutas, não se sentem confiantes em fazer uma demonstração impromptu de hipnose e inventarão uma desculpa com relação ao porque elas preferirem não hipnotizar em uma festa ou outro ambiente social. Isso tem muito a ver com vários treinamentos de hipnoterapia enfatizando o uso de induções longas e progressivas, frequentemente com uma grande ênfase em relaxamento e pouco ou nenhum cultivo do fenômeno hipnótico. Isso também tem a ver com um pouquinho de medo – principalmente o medo de falhar e parecer bobo. A abordagem progressiva funciona bem quando bem-feita, entretanto não é a indução mais apropriada para hipnose impromptu ou a mais efetiva. Se recusar uma oportunidade de hipnotizar é uma opção profissional, baseada em não querer parecer levar a hipnose a nada menos do que seriamente, muito bem. Entretanto, se isto for baseado na falta de ideias de como proceder, então este livro irá preencher essa lacuna no conhecimento. Eu entrei na hipnose usando-a para propósitos terapêuticos e me tornei um hipnoterapeuta antes de começar a usá-la para entretenimento. Eu passo a maior parte do meu dia de trabalho como um hipnoterapeuta, usando hipnose para ajudar as pessoas a mudarem a forma com que pensam, sentem e respondem às coisas em suas vidas. Eu sou especializado no tipo de hipnoterapia que é algumas vezes descrita como sucinta e focada em solução. Esta abordagem não envolve aconselhamento ou análise; ao invés disso ela foca na mudança dos padrões mentais automáticos ou programações que uma pessoa usa em sua vida diária. Eu gosto imensamente deste trabalho. Eu também amo me divertir com hipnose para entreter pessoas. Eu me apresento com a hipnose tanto no palco como for a dele, em close-up, similar à forma como um mágico poderia entreter em uma festa ou cerimônia. Minha apresentação close-up poderia ser descrita como uma mistura entre hipnose e mentalismo, e cria a impressão de que eu posso forçar as pessoas a agirem ou responderem de certas formas, ler seus comportamentos, predizer suas ações e controlar minha própria mente e corpo. Eu também fiz trabalhos com várias companhias de TV que me pediram para usar hipnose com um público não suspeito na rua e em uma variedade de lugares públicos incluindo lojas, restaurantes, clubes e locais de trabalho. Eu uso a abordagem traçada neste livro em todos esses ambientes. Ela encaixa seja eu estando na sala de terapia mostrando a alguém como superar uma fobia, em um bar grudando o pé de uma pessoa no chão ou em um palco me apresentando. Hipnose é hipnose, seja em uma sala de terapia, festa ou um campo de jogo. Entender que seu participante não precisa estar sentado em uma poltrona em uma sala de terapia escutando a músicas com sons de baleias encurta bastante o caminho para ajudá-lo a ser bom em hipnose impromptu. Uma das perguntas aparentemente sem resposta da filosofia é “Todos nós vemos o vermelho da mesma forma?” Felizmente nós não precisamos responder esta questão para podermos hipnotizar. Entretanto, é útil proceder com a suposição de que nossa percepção pessoal da realidade é apenas um ponto de vista maleável. Tudo que existe são pseudoeventos e objetos, aos quais nos ajustamos com uma falsa consciência, nos adaptando para ver estas coisas como verdadeiras e reais. (1) A hipnose muda literalmente nossa percepção da realidade; ela nos dá outra falsa consciência que adaptamos como sendo verdadeira e real – neste sentido, a realidade é plástica. Algumas das minhas pesquisas experimentais e trabalhos de performance me exigiram testar algumas ideias comuns sobre como induzir melhor a hipnose e também o que você pode fazer com as pessoas quando elas tenham sido hipnotizadas. Um pouco desse trabalho, embora altamente questionável por uma perspectiva ética, ofereceu uma grande oportunidade para testar alguns dos limites que normalmente se acreditam da hipnose. Mesmo sendo um praticante experiente de hipnose e hipnoterapia, eu ainda assim fiquei surpreso de descobrir o quão longe essa disciplina relativamente bem conhecida poderia ser realmente levada quando tirada dos confins da sala de terapia ou apresentação de palco. • É realmente possível entrar em uma loja, falar com um funcionário por alguns minutos e sair com qualquer coisa que você quiser, sem pagar? • • É possível pagar as pessoas com tranqueiras em vez de dinheiro? • • Você pode fazer as pessoas tratá-lo como um astro? • • Você pode fazer as pessoas explodirem de rir com um comando? • • É possível tornar-se invisível? A resposta para todas essas perguntas e muitas mais como essas é sim. As direções em que pode ser levadas são infinitas.As técnicas neste livro são simples, diretas e podem ser aprendidas. Elas podem ser aplicadas efetivamente em um cenário do mundo real, bem além da zona de conforto da sala de hipnoterapia e sem o luxo de um palco cheio de hipnóticos participantes ansiosos. Elas podem ser usadas em qualquer lugar. Elas são impromptu. 2.0 Hipnose: Nenhuma Apresentação Necessária Quer alguém acredite em hipnose ou não, quer a tenham experimentado ou não, elas ainda assim devem ter um forte conceito pessoal do que é hipnose e como ela tipicamente procede. Isto pode ser baseado em algo que elas tenham lido ou visto em um filme ou show ao vivo. Elas podem ter tido uma experiência em pessoa como um participante ou espectador ou apenas estarem confiando em ideias da ficção, boatos ou lendas urbanas. Até mesmo crianças menores de dez anos frequentemente têm um conceito de hipnose. Antes de começarmos, pode ser útil perguntar-se algumas questões e notar que respostas você apresenta. O que você acha que é hipnose? Que imagens brotam na mente quando você pensa em hipnose, hipnotistas e hipnotizados? Que palavras ou frases um hipnotista geralmente usaria? Qual a sensação de ser hipnotizado? Como as pessoas agem quando são hipnotizadas? Você acha que pode ser hipnotizado? Hipnotistas podem fazer você fazer coisas contra sua vontade? Quando você tiver aprendido mais sobre hipnose e se aceitar como O Hipnotista, é provável que suas ideias sobre o que a hipnose é e como ela pode ser usada serão completamente diferentes da visão do público geral. É sábio não se esquecer o que a maioria das pessoas acreditam que seja, como elas imaginam que a experiência será e que fenômenos elas acham que estão testemunhando. Usar os modelos mentais de hipnose dos seus participantes é bom, mesmo que eles não sejam tão exatos, contanto que seus modelos não os deixem com medo de hipnose por alguma razão. Se os assustarem, é benéfico então remover seus medos antes de hipnotizá-los, e é muito simples fazê-lo. Se o medo é de que você seja capaz de hipnotizá- los, tudo bem, contanto que você consiga fazê-los se empenharem. Eu perguntei a centenas de alunos de hipnose, milhares de clientes de terapia e muitos hipnotistas a questão, “O que você acha que é a hipnose?” A resposta varia dramaticamente, especialmente entre hipnotistas. Entretanto, muitos temas comuns passam pela percepção pública desta arte. Sono, transe, um estado de relaxamento, controle da mente, relógios balançando, hipnose de palco, entrando em contato com o subconsciente, dizer a alguém o que fazer, uma poltrona, uma voz lenta e sonolenta ou grave, um estalar de dedos, espirais, estar sob encantamento e estar sem controle: estas são ideias comuns quando as pessoas tentam dar um sentido ao que pensam que é hipnose. Imagens de pessoas caídas em uma cadeira com os olhos fechados, sob o olhar hipnotizante e o comando do Hipnotista podem vir à mente. Uma fileira de cadeiras vazias, participantes adormecidos, pessoas fazendo coisas ridículas ou experienciando amnésia daquilo que fizeram também são ideias relativamente comuns. Mesmo na nossa moderna e certamente cética sociedade, a crença popular ainda atribui alguma significância aos artifícios e rituais da hipnose, tais como fazer passes com as mãos, girar relógios hipnóticos, espirais, o olha hipnótico e o comando autoritário. Há vários anos, eu ganhei um relógio de bolso com uma corrente de presente. A primeira vez em que eu saí para mostrá-lo a alguns amigos em um bar, eles se dispersaram, virando-se – como se olhar para o relógio os hipnotizaria imediatamente. É um objeto icônico que parece costurado na história da própria hipnose e é para a história que devemos nos voltar para entender mais sobre o assunto. No incrivelmente detalhado estudo escrito sobre Mitologia Primitiva, olhando para cerca de 40.000 anos de atividade humana, Joseph Campbell estabelece a tarefa à sua frente para benefício do leitor. Ele cita Thomas Mann da abertura de sua tetralogia concebida mitologicamente, José e Seus Irmãos: “Profundo é o poço do passado. Não deveríamos dizer sem fundo? … Não importa a que extensões perigosas joguemos nossa linha elas ainda se afastam, novamente e mais além nas profundezas.” (2) Para chegar às raízes do hipnotismo anterior a meados do século dezoito, nós encontramos uma proposição similar. Uma vez em que se começa a seguir as linhas de influência históricas, as raízes parecem correr tão profundas quando ao início da própria civilização, bem através do desenvolvimento da arte, ciência, cuidados médicos e psicologia. Isto pode ser visto quando espreitamos pelas finas rachaduras de luz na escuridão dos tempos passados e não sumariamente e de modo esboçado como uma mera nota de rodapé ao assunto principal. É neste ponto que devemos parar de ser apenas historiógrafos e, ao invés disso, adotar a visão do interessado psicólogo, sociólogo, antropólogo, artista e filósofo. Isto permite um entendimento mais amplo além do “o que aconteceu”, e permite maior discernimento dentro da mente, do papel que o hipnotismo desempenhou no desenvolvimento da ciência e da psicologia, do papel que desempenha na sociedade atual e do potencial que tem para proporcionar uma janela em alguns dos mais fascinantes e arraigados mistérios do que é ser humano. Documentos do século dezoito nos ajudam a entender muito sobre os supostos fundamentos do hipnotismo no mundo ocidental, estabelecidos por Franz Anton Mesmer (1734-1815). Muitos relatos históricos começam aqui. Entretanto, a prática da hipnose no sentido amplo que entendemos hoje não emergiu até o décimo nono século com o trabalho de James Braid (1795-1860). A teoria e abordagem de Mesmer era muito diferente daquela de Braid. Se formos forçar retrospectivamente o “Magnetismo Animal” de Mesmer dentro da história do hipnotismo, por que parar por aí? Se nós realmente queremos entrar na história do assunto, então deveríamos olhar mais para trás e identificar de onde suas ideias surgiram. Quando fazemos isso, parece que há muito nos registros modernos, antigos e até mesmo pré históricos da humanidade que poderia representar hipnotismo. Isso pode implicar em ampliar nossa definição de hipnotismo – expandindo nosso “hipnoscópio” - para incluir não apenas a prática tradicional de hipnose, mas também outras práticas que provoquem os fenômenos comuns de hipnose como os entendemos hoje. Isso nos permite avaliar quaisquer paralelos nos registros históricos dos quais podemos aprender. Fica claro para mim que existem muitos destes paralelos. Na minha opinião, existe uma linha de descendência que liga desde O Hipnotista até o xamã de tempos atrás. Está além do escopo deste livro fornecer tal história abrangente. Felizmente há vários livros que você pode obter que o fazem. Estes deixam claro em que ombros você está se apoiando ao aprender e usar a hipnose. Nós vamos nos tratar apenas de algumas figuras-chave. Embora métodos de induzir transe possam ter sido usados para os propósitos do xamã de cura, lidar com crises e como uma ajuda à criatividade por milhares de anos, a maioria das histórias de hipnose traçam o transe que nós comparamos à hipnose até o antecedente trabalho de um físico austríaco, Franz Anton Mesmer. Mesmer criou uma teoria e uma forma de tratar pessoas que de acordo com a opinião geral ajudou muitos a se curarem. Suas ideias eram baseadas quase que inteiramente em hipóteses mal testadas e ciências imperfeitas, mas elas levaram a ideias mais precisas sobre hipnose no século dezenove. Mesmer acreditava que entre todos os campos conhecidos da ciência na época, existia um outro campo, que deveria ser chamado de campo animado ou fluido ou força vital. Ele definiu a boa saúde como o fluxo livre deste campo ou fluido através de milhares de canais no nosso corpo. As doenças resultariam de obstruções ao fluxo livre deste fluido. Superar estes obstáculos e restaurar o fluxo restauraria a saúde.Quando a natureza falhava em fazer isso espontaneamente, o contato com um condutor de “magnetismo animal” era necessário e normalmente um remédio suficiente. Mesmer, em outras palavras, acreditava que era um condutor de magnetismo animal e que isso poderia influenciar o fluxo da força fluida vital. Mesmer buscava ajudar os esforços da natureza em curar. Ele tratou pacientes tanto individualmente e em grupos. Com indivíduos ele sentava em frente a seu paciente com seus joelhos tocando os joelhos do paciente, pressionava seus dedões das mãos e olhava fixamente em seus olhos. Mesmer também fazia “passes”: movendo suas mãos dos ombros do paciente por todo seu braço. Antes disso era prática comum fazê-lo com ímãs. Muitos pacientes sentiam sensações peculiares ou tinham convulsões que eram consideradas crises que deveriam trazer a cura. (3) No século dezenove a ideia de que existia algum fluido invisível energia ou influência viajando do Hipnotista até a pessoa se desintegrou sob análises minuciosas. Ao invés disso, a hipnose começou a ser descrita em termos fisiológicos e psicológicos como uma espécie de estado único ou especial. Várias definições influentes descrevem a hipnose como um “estado” de alguma forma. Que tipo de estado, entretanto, não é claro. Um “estado que é como dormir”, “um estado mental único ou especial”, “um estado de transe”, “um estado de fascínio”, “um estado de foco”, “qualquer estado alterado” e, é claro, “um estado de relaxamento profundo”. Definições baseadas em estados tem algum valor, mas sob exame podem ser igualmente insatisfatórias. Nós estamos sempre em algum tipo de estado; discutivelmente nós nunca estamos no mesmo estado duas vezes. Muitos estudos descobriram pouca diferença entre alguém hipnotizado e alguém em estado “normal”. Portanto, críticos desta visão baseada em estados propõem que a hipnose não pode ser definida em termos de estados. Alguns dizem até que pelo motivo da hipnose não poder ser provada como um estado singular, a hipnose então não existe. Imagens do cérebro podem identificar marcadores fisiológicos que marcam uma clara distinção entre alguém que está respondendo a uma sugestão específica e alguém que está simplesmente atuando. Entretanto, não existe nenhuma evidência consistente ou confiável para um estado hipnótico independente ou de transe. Já foi discutido que ao tentar entender a hipnose, teorias de estado e não estado apenas nos oferecem uma falsa dicotomia. Nós faríamos melhor em aceitar a falta de evidência de um estado singular, e ao invés disso focar em modelos de processos especiais, sociopsicológicos ou cognitivo- comportamentais. Estas visões mais modernas da hipnose podem descrever sua natureza subjetiva como pontos em um contínuo, em vez de como uma dicotomia. (4) Outra forma para definir hipnose é como uma arte. Certamente é possível ser um excelente hipnotista sem conhecimento de psicologia ou função cerebral ou teoria de estados. Talento, instinto e as forças gêmeas de personalidade e entusiasmo o levarão longe como um hipnotista. Assim como aceitar que hipnose é apenas a aplicação astuta de sugestão a alguém que está focado nas ideias que O Hipnotista está apresentando. Hippolyte Bernheim (1840-1919), o pai da hipnose do século XX, famosamente disse: “É a sugestão que estabelece a hipnose.” Hippolyte Bernheim. (5) Ele acreditava que a hipnose era inerentemente um processo baseado em sugestão. É uma afirmação útil, embora tão difícil de se apegar cientificamente quanto um estado conhecido como “transe”. Eventualmente a hipnose tornou-se vista por muitos como algo ao qual o participante é responsável – ou mais precisamente, capaz de fazer – dada a instrução correta. Isto eventualmente levou alguns a concluírem que toda hipnose é, de fato, auto-hipnose. No início do século XX a teoria sociopsicológica, expressa no trabalho de Theodore R. Sarbin (1911-2005) e Theodore X. Barber (1927-2005), tornou- se cada vez mais influente. A hipnose é descrita nesta teoria como uma peculiaridade da relação social entre o hipnotista e o participante – o hipnotista e o participante “representando” suas partes como acreditam que deveriam. Em outras palavras, consentimento social ou encenação é considerado um fator chave. (6, 7) Estas ideias foram mais desenvolvidas no final do século XX com as visões sociopsicológicas e cognitivo-comportamentais da hipnose, mais notavelmente expressas por Nicholas Spanos (1942-1994) e Irving Kirsch (nascido em 1943). Spanos argumentou que muitas das ações realizadas sob hipnose podem ser explicadas com referência às hipóteses cognitivas e sociopsicológicas. Ele alegou que a experiência e comportamentos associados à hipnose são representados pela pessoa sendo hipnotizada de acordo com as deixas coletadas do contexto social, expectativas e cenário, embora o participante possa experienciar este comportamento com uma sensação de involuntariedade. Esta sensação de involuntariedade, também conhecida como o efeito clássico de sugestão, pode muito bem ser a chave para definir uma experiência como hipnótica. Kirsch demonstrou que o que as pessoas experienciam quando hipnotizadas, incluindo o efeito clássico de sugestão, depende amplamente do que elas esperam experienciar. Sua teoria é apoiada por pesquisas mostrando que tanto respostas subjetivas e fisiológicas podem ser mudadas alterando-se as expectativas das pessoas. Quando os efeitos de um remédio dependem do seu contexto psicológico, mais do que os ingredientes específicos que ele contém, ele é chamado de placebo. Efeitos placebo são bem documentados e apontam para um princípio básico da experiência e comportamento humanos: quando as pessoas esperam mudanças em suas próprias respostas e reações, suas expectativas podem produzir estas mudanças. Estas expectativas de resposta autorrealizáveis podem ser a causa de problemas psicológicos ou uma parte essencial do tratamento psicológico. (9) De acordo com Kirsch, a expectativa de resposta é o ingrediente comum por trás dos tratamentos com placebo e da hipnose. Assim como um placebo, a hipnose produz efeitos terapêuticos ao mudar as expectativas dos pacientes. Uma barreira legítima ao uso de placebo por médicos é que seu uso implica em engano. O placebo é apresentado como um tratamento farmacológico genuíno quando não o é. Em contraste, a hipnose é apresentada honestamente como um procedimento psicológico. Por essa razão, Kirsch caracterizou a hipnose clínica como “placebo não ilusório”. (10, 11) Pode ser argumentado que todas as experiências hipnóticas acontecem no reino da imaginação. Não existe realmente um balão levantando a mão do participante ou cola juntando suas mãos. O hipnotista começa normalmente fornecendo instruções para que o participante imagine algo como uma imagem mental. Existe normalmente um ponto onde o ato de imaginar algo e a resposta a isso torna-se automático ou parece involuntário. É esta sensação subjetiva de involuntariedade, não a vivacidade do que é imaginado, que dá às experiências hipnóticas sua qualidade alucinatória. (12, 13) O debate sobre a natureza exata da hipnose tem vindo por décadas e provavelmente continuará por muito tempo. Para nossos objetivos nós vamos observar as definições dos hipnotistas provavelmente mais influentes na face da terra: James Braid, Milton Erickson e Dave Elman. James Braid causou uma mudança de paradigma dos mesmeristas do século XVII e início do século XIX. Ele não apenas popularizou a terminologia que nós ainda usamos, como um tempo depois a rejeitou como enganosa. Braid era um doutor e após observar uma demonstração de mesmerismo acreditou que havia descoberto o porque das pessoas entrarem neste estado peculiar, e não teria nada a ver com um fluido magnético invisível. Ele sugeriu um embasamento físico para a hipnose. Sua visão inicialmente criteriosa, apesar de imprecisa, era de que o estado mesmerizado era causado pelo cansaço deum nervo óptico ao fixar os olhos – daí então a associação com focar em relógios balançando ou, neste caso, um estojo prateado de cigarros. Ao que parece, ele inicialmente não notou o fato de que suas sugestões verbais a seus participantes de que seus olhos se sentiriam cansados também estavam fazendo efeito. Braid era essencialmente um racionalista de mente aberta, inspirado pelo mais verdadeiro espírito científico. Ele ávidamente se agarrava sobre todos os fatos novos e alterava suas teorias de acordo com eles. Mais tarde em sua carreira, ele mudou a ênfase de uma descrição física para uma a respeito da natureza subjetiva da hipnose e o efeito da sugestão. Braid notou que não é apenas o olhar que se torna fixo, mas o olho da mente também. Em outras palavras, quando hipnotizada, a mente se torna travada ao redor de uma única ideia. (14) “A real origem e essência da condição hipnótica é a indução de um hábito de abstração ou concentração mental no qual, como um devaneio ou abstração espontânea, os poderes da mente ficam tão absortos com uma única ideia ou trilha de pensamento, que torna o indivíduo inconsciente ou indiferentemente consciente a todas as outras ideias, impressões ou trilhas de pensamentos.” James Braid. (15) Note que Braid diz que a hipnose torna a pessoa inconsciente ou indiferentemente consciente a todas as outras ideias. Isso é importante. Quando hipnotizado, você ainda pode ter uma experiência na qual você pode refletir a respeito enquanto você a vive e esta é, até onde lhe diz respeito, uma experiência totalmente consciente. Por exemplo, se você foi hipnotizado a acreditar que não pode tirar sua mão de seu rosto porque ela foi colada ali, você ainda é capaz de refletir sobre o fato de que ela está presa e até mesmo ter curiosidade do motivo de ela estar assim. Entretanto, a única realidade que você tem é de que, contudo, ela está colada. Se você foi hipnotizado para acreditar que tampinhas de garrafas de cerveja são moedas, então mesmo que for chamado à atenção que são tampas de garrafas você saberá sem qualquer dúvida ou questionamento que não são tampas de garrafa, que são moedas, e irá aceitá-las desta forma. Você está indiferente a quaisquer ideias que não àquela que sua mente travou como sendo realidade. O hipnotista direciona a percepção de realidade do participante travando sua mente ao redor de ideias. Braid foi ainda mais longe em seus trabalhos mais tardios e posicionou a sugestão, não como sendo explicativa do fenômeno hipnótico, mas como o artifício usado para provocá-los. Da época de Braid até meados do século XX, a hipnose era tipicamente induzida usando uma abordagem direta e autoritária, encorajando a concentração da atenção. No século XX, Milton H. Erickson (1901-1980) causou uma mudança sísmica na maneira de induzir a hipnose, desenvolvendo uma abordagem permissiva e indireta que se tornou popular entre os hipnoterapeutas do século XXI. Ao final de sua carreira, ele parecia estar simplesmente tendo conversas com seus pacientes que entravam em hipnose sem qualquer menção à palavra hipnose. Claro, Erickson sabia exatamente o que estava dizendo, o que estava fazendo e porque isto causava hipnose. Seus insights a respeito das mudanças pessoais tiveram um profundo impacto na terapia moderna. Eu o encorajo a ler seus trabalhos e você descobrirá muitas formas incríveis de usar a hipnose. Ele praticou experiências com a hipnose praticamente todos os dias de 1920 a 1980. Ele cobriu muita coisa. Por sua abordagem permissiva à hipnose ser tão popular, frequentemente é ignorado que Erickson era um mestre da hipnose rápida, direta e impromptu também, e a usaria tão prontamente quanto a abordagem mais indireta ou refinadamente encoberta. É dito que ele usava a indução com aperto de mão tão frequentemente que ao final de sua carreira, ninguém realmente queria apertar sua mão. Muitas de suas declarações foram citadas como sua definição de hipnose – todas merecem ser lidas. A seguir está apenas uma delas: “Um estado de consciência especial caracterizado por uma receptividade a ideias.” Milton Erickson. (16) Duas coisas valem notar desta definição sucinta. Ele enfatiza que a mente se torna receptiva a ideias que o hipnotista apresenta. Isto pode ser interpretado como a pessoa tornar-se mais sugestiva ou mais aberta às ideias apresentadas a elas quando estão hipnotizadas. A ênfase que Erickson coloca em consciência, ao invés de estar desacordado, desatento ou inconsciente também é interessante. Está alinhado com seu pensamento de que a hipnose permite lidar com a maior besta em todos nós – a mente subconsciente – que ele chamava de “mente inconsciente”. Quando hipnotizada, a mente inconsciente parece assumir mais responsabilidade ou vir adiante. O inconsciente regula todos os nossos processos corporais e gerencia todas as nossas memórias, cada aprendizado de cada experiência e todos os padrões e modelos mentais que nos permite funcionar. Esta parte da mente é intuitiva. Ela pode convocar seu potencial e instantaneamente mudar sua forma de pensar, sentir e responder. Em contraste, a mente consciente é limitada. Ela é lógica e linear em sua abordagem à resolução de problemas. É o aqui e agora. Seu modelo é essencialmente um modelo dissociativo, pelo qual a mente consciente é dissociada da mente inconsciente, prevenindo-a de interferir com o funcionamento das sugestões. Erickson não estava interessado em falar com a mente consciente. Você também não deveria estar quando estiver no processo de hipnotizar. Procure se comunicar diretamente com o inconsciente automático. Por fim, considere uma das mais conhecidas e citadas definições de outro inovador e talvez o hipnotista mais influente de todos os tempos, Dave Elman (1900-1967): “Hipnose é um estado da mente no qual a se ultrapassa a faculdade crítica do ser humano e o pensamento seletivo é estabelecido.” Dave Elman. (17) Elman se refere a um estado onde “…se ultrapassa a faculdade crítica do ser humano….” O que é a faculdade crítica? Ela não parece ser correlacionada a nenhuma parte física do cérebro ou processo neurológico. É mais conceitual – pense nela como sendo um filtro entre a mente consciente e a mente inconsciente. A mente consciente pode ser pensada como tendo certas características. Ela é racional e lógica, limitada e tipificada pelo pensamento indutivo – partindo de certos fatos para uma conclusão lógica. Por “mente inconsciente” eu quero dizer tudo aquilo que não a mente crítica consciente – todas as nossas memórias, cada aprendizado, recurso, padrão e modelo. Ela é criativa, intuitiva e potencialmente ilimitada. A faculdade crítica pode ser pensada como seu senso de julgamento, ou talvez mais precisamente, seu sentido de controle. É o pedaço seu que acha que sabe o que é a realidade. Ela acha que sabe diferenciar o quente do frio. Ela acha que sabe que uma vassoura não é a pessoa pela qual você está apaixonado. Ela pensa que vai machucar se você espetar uma agulha em seu braço. Ela acha que você poderia levantar seu pé se você quisesse. Ela acha que você sabe seu próprio nome. Desviar-se da faculdade crítica não estabelece a hipnose, mas representa, como Elman coloca, o “calço de entrada”. Quando se desvia da faculdade crítica, seu senso de julgamento, raciocínio indutivo e faculdades lógicas se tornam suspensos ou desatentos. Quão desatentos e por quanto tempo eles ficarão suspensos é dependente da atitude do participante e da habilidade do Hipnotista. Quando atitude e habilidade são ambos conducentes à hipnose, a mente inconsciente do seu participante se torna dominante, assume a responsabilidade e, com consequente direcionamento do Hipnotista, o pensamento seletivo pode ser estabelecido rapidamente. De acordo com Elman, o pensamento seletivo é aquele no qual você acredita sinceramente. Por “pensamento seletivo” eu quero dizer um estilo de pensamento onde o raciocínio indutivo está suspensoe a mente se torna travada ao redor de uma ideia. Quando isto ocorre, as sugestões do Hipnotista serão ouvidas pelo subconsciente sem críticas. Automaticamente. Isto não significa que a mente inconsciente não pode se recusar a seguir os direcionamentos do Hipnotista; ela pode. Isto não quer dizer que a faculdade crítica continuará desviada; ela pode surgir novamente em jogo. Entretanto, como O Hipnotista, entenda e esteja certo de que, para todos os intentos e propósitos, hipnotizar alguém resulta na sua inquestionável aceitação das ideias, sugestões e direções proferidas por você. Teoricamente a faculdade crítica pode ser ultrapassada de variadas formas muito naturalmente sem hipnose. Experienciando confusão, choque, forte emoção, sobrecarregamento de informação, estar bêbado ou alto, rindo, atuando e representando são todos casos onde um senso de julgamento e lógica pode ser temporariamente suspenso. É o momento coelho-nos-faróis- do-carro. Qualquer coisa que siga é geralmente dirigido pela nossa mente inconsciente, instintiva e automática. O Hipnotista pode criar tais momentos artificialmente e utilizar o resultado para estabelecer o pensamento seletivo. As técnicas a seguir, no capítulo três, irão lhe mostrar como fazê-lo. É útil notar que em nenhuma destas definições existe qualquer menção a sono ou relaxamento. Isto porque a hipnose não é sono e não requer que o participante se sinta relaxado. O que é enfatizado é que quando hipnotizado, a atenção do participante se estreita e fixa-se em ideias selecionadas ou uma única ideia. Eles experienciam seu comportamento como um acontecimento em vez de um ato de fazer. Estímulos do ambiente mais amplo são frequentemente ignorados. Recentemente um novo modelo de hipnose e a mente quando em transe emergiu dos pioneiros do Human Givens, Jo Griffin e Ivan Tyrrell. (18) O modelo que eles apresentaram não é um modelo de múltiplas mentes e não requer um estado. Ele simplesmente fala sobre disparar a “resposta de orientação” que deflagra o “gerador de realidade” ao qual O Hipnotista fornece conteúdo na forma de sugestões. O que eles se referem como o gerador de realidade pode ser imaginado como o cérebro sonhador, a mecânica responsável pelos nossos sonhos e que fica ativa durante a fase REM (Rapid Eye Movement – Movimento Rápido dos Olhos) do sono. Uma das funções de sonhar é descarregar alertas emocionais não resolvidos. Em outras palavras, ele nos permite completar ruminações emocionais do dia através de imagens metafóricas e conexões do nosso sonho. Sua outra função chave é atualizar nossos modelos instintivos e respostas comportamentais e emocionais. A fase REM é quando formulamos aprendizados. Sempre que agimos sem esforço consciente, nós estamos confiantes na igualação de padrões, voltando a uma resposta ou comportamento aprendido anteriormente que foi definido no REM. Quando agimos instintivamente nós estamos, na realidade, agindo sob uma sugestão pós hipnótica. Da mesma forma, quando um participante hipnotizado age sob uma sugestão pós hipnótica dada pelo hipnotista, eles o farão com a mesma efetividade, iminência e instinto com que fazem com outros comportamentos inconscientes. Quando colocamos alguém em hipnose, estamos simplesmente ativando os mesmos processos que o cérebro ativa durante o sono com sonhos, incluindo o gerador de realidade – isto é o que a torna tão efetiva. Embora a definição do Human Givens evite controvérsias conceituais com dissociação e estado, ela é, na realidade, um modelo de processo especial de hipnose. A detecção deste processo especial poderia ser usada para distinguir entre modos de operação não hipnotizado e hipnotizado. Entretanto, como na visão baseada em estado, faltam evidências para tal processo especial. Para nossos propósitos como O Hipnotista é útil manter estas definições em mente. Revisite-as à luz de sua experiência. Leia os trabalhos daqueles que as cunharam, levando em conta que suas ideias eram produtos de seu tempo. Por mais interessante e desejável que entender exatamente como a hipnose funciona possa ser, como um praticante não há a menor necessidade de deixar a falta de consenso entre os teóricos o impedir de começar. O que se mantém importante é a experiência subjetiva do participante. Eles mesmos podem qualificar se os efeitos das sugestões foram acompanhados pelo efeito clássico de sugestão mencionado anteriormente. Esta característica sensação de involuntariedade é comum a muitas escolas de pensamento a respeito da hipnose. A mente existe como um modelo. A hipnose existe como um fenômeno. Nós devemos usar um modelo conceitual para descrever como ela funciona. A hipnose pode não ter a realidade de um tijolo, mas isto não traz nenhuma consequência para você. O fato é que você pode ter qualquer uma das principais visões sobre a hipnose e ainda ser um bom hipnotista. Através dos anos eu ponderei sobre muitas definições. Atualmente eu defino hipnose desta forma: Hipnose é um constructo social que causa os processos cognitivos de imaginação automática. Respostas hipnóticas são definidas por suas sensações subjetivas de automaticidade ou involuntariedade porque lhes falta o conhecimento ou sentimento de intenção. Para propósitos práticos como O Hipnotista, pense desta forma: O Hipnotista apresenta sugestões ao participante e o participante experimenta o efeito destas sugestões com um sentimento de involuntariedade. Entenda – seu trabalho é transformar um fazer em um acontecer. Como O Hipnotista, você está apresentando ideias e dando sugestões. Você está fazendo isto com a mente automática inconsciente do seu participante e ela está receptiva às ideias que você está apresentando. Acredite, queira e espere que ela irá interpretá-las e agir de acordo com uma genuína resposta inconsciente. 2.1 Sendo O Hipnotista Para ser um grande hipnotista, é de extrema importância que você se torne O Hipnotista. Não um hipnotista. Não alguém que saiba um pouco sobre hipnose – O Hipnotista. Você deve expressar confiança absoluta, congruência e perícia em suas habilidades e conhecimentos. No começo isso pode demandar um pouco de aparência. Simule e domine isso. Acredite que você é um dos melhores. Acredite que isso seja natural em você. Comporte-se como se fosse. Acredite que seu participante seja um magnífico participante hipnótico e que sua imaginação é boa o bastante. Queira e espere que eles entrem em hipnose e façam o que você disser. Normalmente se diz que amigos próximos e familiares são seus piores participantes porque eles não conseguem aceitá-lo como O Hipnotista. Às vezes é mais difícil para eles entrarem nesta realidade do que pessoas que não o conhecem tão bem. Não desanime; apenas tente hipnotizar toda e qualquer pessoa que se candidatar, incluindo amigos próximos e familiares. Eles não precisam acreditar que você tem poderes especiais. Eles apenas precisam levá-lo a sério o suficiente para empenharem-se a seguir suas instruções. Se eles fizerem isso, irão responder tão bem quanto qualquer outra pessoa. Pode ser que um familiar ou amigo seja um excelente participante e você terá seu próprio hipno-macaco para o resto da vida. 2.2 A Abordagem Como um hipnotista impromptu, é vital que você saiba como abordar indivíduos e grupos de pessoas e também como se apresentar e apresentar o tópico hipnose. Em resumo, qual é a melhor apresentação ou abertura? O que sei é que quando comecei a fazer demonstrações impromptu nas ruas e em outros espaços públicos, muitas horas foram desperdiçadas andando, imaginando quem seria um bom participante e tentando pensar em uma forma de apresentar o tópico hipnose para ter uma boa oportunidade de hipnotizar. Eu espero poupar seu tempo delimitando os princípios e palavras que eu uso para que você possa estabelecer sua melhor introdução. Se você já é um artista ou simplesmente alguém que dominou a arte de cativar as pessoas para fazê-las prestar atenção ouparticipar das atividades que você propõe, então eu sugiro que continue com o que funciona para você. Vai acabar funcionando muito bem também neste contexto. Apenas acrescente a palavra “hipnose”. Se, no entanto, você já esteve na posição de imaginar qual seria a melhor coisa a dizer, então você poderá ver valor nas simples ideias adiante. Estudar o que as pessoas que são boas nisso fazem me ajudou. As ideias apresentadas aqui baseiam-se em uma variedade de tais fontes, incluindo artistas que eu admiro assim como pessoas coletando assinaturas na rua e também o trabalho dos chamados “pickup artists”. Para fazer isto bem é preciso fazer mais do que apenas ser você mesmo. Certamente seja você mesmo – apenas um pouco maior. Seja seu maior eu. Seja seu melhor eu. Seja maior do que o grupo ou indivíduo que está abordando. Isto se aplica à sua atitude e clareza mental tanto quanto fisicamente dominar o espaço. Preste atenção à sua linguagem corporal. Seu trabalho não é tão duro quanto alguém que precisa coletar doações de caridade na rua, mas vamos imaginar que seja. Para chegar a algum lugar com isso, antes mesmo de começar a falar, você deve se assegurar que sua linguagem corporal está aberta. Se estiver aberta, é muito mais provável que as pessoas prestem atenção. Ao abordar um grupo, esteja aberto fisicamente. Use gestos abertos. Mantenha suas mãos à sua frente. Cotovelos dobrados. Faça um bom contato visual. Cumprimente apertando mãos sempre ao perguntar nomes ou se apresentar. Sorria. Procure pessoas que estejam sorrindo e já prestando atenção a você. Não despreze aqueles que parecem defensivos ou desinteressados. Traga a atenção deles. Se for um espaço barulhento, não se incline, se agache ou foque em um indivíduo muito cedo ou você irá imediatamente perder o resto do grupo. Ao invés disso, fale mais alto e mais claramente com maior contato visual. Mesmo que alguém esteja muito, muito entusiasmado e se colocando à frente para ser hipnotizado antes de ouvir todas as suas instruções, continue a se dirigir a todos. Às vezes a pessoa que está muito entusiasmada se mostra uma dor de cabeça ou não é um participante responsivo. Às vezes elas são uma estrela. De qualquer forma, é você que precisa estar no controle das reações e no foco do resto do grupo. Você pode reconhecer tais indivíduos, é claro, até mesmo com uma brincadeira como “OK, devagar, eu posso ver que você está entusiasmado”, ou “Legal, você vai se sair bem nisso”. Escolha-os mais tarde. Seus esforços para fixar olhar e atenção já devem ter começado, com você como o foco. Seja visto e ouvido. Sua presença deve capturar e comandar a atenção deles. Isto não deve ser arrogante ou abrasivo. Sua intenção é intrigar e fascinar as pessoas. Em 2009 eu tive o prazer de conhecer Docc Hilford, um artista de primeira classe nas artes do mistério. Eu o testemunhei usando um sistema psicológico que ele havia desenvolvido para fazer leituras de personalidade para membros do público. Tão incrível quanto a própria demonstração era a forma como ele facilmente se introduzia nos grupos e os deixava querendo mais. A primeira fase de seu sistema é “A Abordagem”. Ele simplesmente aborda as pessoas e diz, “Fazendo cinco perguntas eu posso saber tudo sobre você”. É uma frase simples porém brilhante e que alcança três coisas que você, como O Hipnotista, também deveria alcançar com sua introdução: • Ela deve apresentá-lo. • Ela deve explicar o que você está oferecendo aos participantes. • Ela deve evocar uma resposta. Outra ideia que me ajudou veio de um brilhante artista e amigo, Paul Brook. Ele faz leituras de mentes para entretenimento. Uma de suas habilidades envolve abordar um estranho na rua e pedi-lo para tirar uma nota de sua bolsa ou carteira. Sem tocá-la, Paul então prossegue recitando o número de série único da nota. Tão intrigante quanto seja o efeito, eu queria de saber em primeiro lugar como ele faz um estranho pegar sua bolsa e tirar dinheiro dela. Me impressiona que levar alguém a fazer isso é um desafio similar a levar alguém a participar em uma apresentação de hipnose impromptu. É um pedido tão fora de suas expectativas normais que pode fazê-los recuar. Seu simples, mas inestimável conselho a respeito de sua abordagem é dizer, “Com licença. Eu sou um artista” e seguir daí. Ao declarar que você é um artista, você instantaneamente quebra uma série de barreiras sociais com relação ao que você pode pedir para as pessoas fazerem. Eu descobri que funciona perfeitamente para mim se mudada para, “Olá, eu estou me apresentando aqui hoje. Eu sou um hipnotista”. Isto pode ser seguido por um pedido honesto ao grupo todo: “Quem gostaria de fazer parte de um pequeno jogo mental, um pouco de diversão?” ou “Posso te mostrar algo incrível sobre você?” ou “Alguém aqui já foi hipnotizado antes?” Em dez segundos a um minuto eles saberão quem você é, quais expectativas podem ter e eles já estarão fisgados. Outro princípio que eu valorizo vem do autodenominado guru da sedução rápida, Ross Jeffries. Sua perícia é a arte de conhecer mulheres. Há alguns anos ele participou de um programa de TV onde o apresentador perguntava a ele como conhecer pessoas. Ross delineou o que ele chamou de “Elogio, Apresentação, Pergunta” ou EAP. Seu conselho era fazer os três, nesta ordem. Em outras palavras, se você quiser falar com alguém que nunca viu, se aproxime, faça um elogio, então se apresente e pergunte algo. Para o hipnotista impromptu, um elogio para um grupo poderia ser algo simples como “Certo, esta parece a mesa mais divertida / inteligente / esperta / bonita” ou “OK, vocês parecem estar a fim de algumas risadas / algo interessante / diversão”. Para um indivíduo, faça um elogio, qualquer elogio, apenas não seja muito assustador ou pessoal demais. Seguindo ao elogio, imediatamente se apresente usando os princípios delineados acima. Como isso pede uma resposta, responda com uma pergunta, fisgando eles com o seguinte: “Olá, vocês parecem estar a fim de se divertirem. Eu estou me apresentando aqui esta noite; Eu sou um hipnotista. Vocês gostariam de jogar alguns jogos da mente? Excelente, eu quero o maior número de pessoas envolvidas possível.” Se você estiver em uma posição onde trabalhar com um grupo grande é impraticável, desnecessário ou você simplesmente preferir trabalhar com um indivíduo, basta usar o mesmo padrão em uma subdivisão do grupo para se focar em seu participante preferido. “Vocês dois estão vestidos um pouco diferente e me parece que poderiam ser criativos. Eu sou o Anthony. É isso mesmo, vocês têm uma boa imaginação? Ótimo, vamos começar com vocês. Vocês poderiam posicionar seus pés no chão?” 2.3 A Preparação Quando você tiver decidido hipnotizar alguém ou alguém perguntar se você pode fazê-lo, existem cinco coisas úteis a fazer: • Remover medos. • Eliminar concepções erradas. • Aumentar a expectativa. • Acender a imaginação. • Assumir o controle. Com a promoção de um show de hipnose, já terão acendido a imaginação da plateia e criado uma grande dose de expectativa de que algo vai acontecer. Entre suas falas de abertura, eles normalmente passam alguns minutos falando sobre as razões do porque todos podem ficar tranquilos de estarem seguros, nas mãos de um expert e estão certos em se sentirem animados e se divertirem. A plateia certamente saberá quem está no controle. Na sala de terapia isso tudo é ajudado pela propaganda, certificado de hipnoterapia e o divagar sobre como o participante sem mantém no controle de si mesmo e consciente de tudo. No cenário da hipnose impromptu, as coisas precisam ser realizadas mais rapidamente, normalmente em poucas sentenças. Normalmente em poucos segundos. Uma abordagem seria apenas ignorar tudo acima e assumir o controle. Isto significa hipnotizar rapidamente o participante em segundos ou menos, antes que eles tenham chance de sentir medo. Usando uma indução rápida como a Indução Instantânea, PowerIndução Jacquin ou Indução de Aperto de Mão, que são explicadas no capítulo quatro, irão ajudá-lo a fazer isso. Entretanto, se você não for fazer desta forma, algumas simples palavras vão ajudar as coisas a seguirem em frente. Não há razão em entrar em uma explicação de 30 minutos sobre o que é hipnose. Algumas palavras já funcionam. Esta é na realidade sua “apresentação de elevador”. Sua apresentação de elevador é o que você diria a alguém sobre sua ideia em uma curta subida em um elevador. Em termos curtos e claros: o que você diria se tivesse apenas alguns segundos para vender sua ideia. (19) Com a hipnose você está vendendo a ideia de que pode hipnotizar, que seus participantes podem ser hipnotizados e que não há necessidade de se preocupar, pois você vai cuidar deles. Diga que você é um hipnotista. Eles vão imaginar imediatamente se podem ser hipnotizados ou se você já está os hipnotizando. Assumir o controle não significa ser mandão e agressivo, mas requer que você seja a parte dominante. Isso pode ser atingido sendo um expert e falando com confiança e autoridade. Pode ainda ser ajudado ao instruir seu participante a fazer algo: “Você poderia mover sua cadeira levemente para o lado. Agora coloque seus pés no chão, suas mãos confortavelmente no seu colo e olhe para mim.” Se eles estiverem em pé, ajuste a posição deles e peça que juntem os pés. Pedidos simples como estes começam a demonstrar quem está no controle e você tem uma chance de ver quão bom o participante é para seguir instruções. Algumas das induções e exercícios de rotina de base neste livro são melhores executadas com o participante começando em uma posição física particular e adotando uma condição mental atenciosa particular, portanto use esse pouco de sutileza psicológica para também arrumá-los. Tudo que você pedir para eles fazerem, por menor que a instrução ou pedido possam ser, deverá ser feito com um propósito em mente – fazê-los executar o que você quiser que façam. Lembre-se, seu participante provavelmente não sabe como a hipnose ocorre. Dê a eles o conforto de saber quem está no controle. Eles irão se beneficiar em saber que embora seu trabalho não seja fingir, seu papel é colaborativo envolvendo eles seguirem instruções e usando sua imaginação. Assim que você disser a alguém que você é um hipnotista, as expectativas de que eles poderão ser hipnotizados e sobre o que poderá acontecer já terão começado a crescer. Você deverá alavancar isso a seu favor. O medo de hipnose toma algumas formas. Seu trabalho é suavizar estes medos, idealmente antes de eles serem expressados. Se seu participante expressar uma dúvida ou medo específicos, cuide disso imediatamente. Seus participantes podem ter medo do desconhecido. Deixe eles saberem que a hipnose é um estado da mente maravilhoso. Deixe que eles saibam que será uma experiência agradável. Deixe que saibam que não é dormir e que eles poderão te ouvir. Eles podem ter medo de revelar imediatamente alguma informação secreta e se embaraçarem ou se arruinarem. Assegure que eles não irão. Eles podem ter medo de ficar presos em um transe ou nunca mais serem os mesmos. Assegure que eles não podem ficar presos em um transe. Deixe que eles saibam que vão achar interessante e que aprenderão algo sobre si mesmos. Mostre que você é um profissional que se importa deixando-os saber que você só pode trabalhar com pessoas em um bom estado de saúde de uma certa idade. Tudo isso pode ser coberto na sua discussão pré hipnose, algumas vezes chamada de conversa prévia. O mágico e hipnotista Amit Badiani é um perito nisso. Ele ganha confiança e cativa as pessoas rapidamente e influenciou minha conversa prévia: “OK, vocês estão a fim de experimentar a hipnose. Brilhante, Eu vou mostrar algo incrível sobre vocês. Antes de começarmos, pensem: Como seria se qualquer coisa que imaginassem pudesse se tornar sua realidade? Se vocês fossem hipnotizados e isso acontecesse, o que vocês gostariam de experienciar? Agora, vocês estão com uma boa saúde, maiores de 18 anos, não grávidas, não sofrem de epilepsia ou algum problema grave de saúde? Ótimo. A hipnose é sobre confiar em mim, mas também sobre confiar em vocês. Eu sei que vocês podem fazer isso. Sua imaginação é boa o suficiente para experienciar hipnose e eu vou mostrar como. Vocês tem minha palavra que serão cuidados e que vão gostar disso. Não será pedido a ninguém que façam nada embaraçante ou perigoso; vocês estão em boas mãos. Em instantes eu vou dar algumas instruções e quero que vocês sigam essas instruções. Se eu pedir para vocês imaginarem algo, eu quero que imaginem isso. Se eu pedir para vocês procurarem uma sensação, eu quero que façam o melhor para encontrar essa sensação. Está claro? A experiência será diferente para cada um; vão haver momentos onde eu falarei a vocês como um grupo e momentos onde eu falarei a vocês individualmente. Se eu estiver falando a um de vocês diretamente, eu deixarei claro e o resto do grupo poderá relaxar simplesmente.” Livre-se dos seus próprios medos sobre eles entrarem em hipnose ou não ou se você parecerá bobo se eles não o fizerem. Elimine suas próprias concepções erradas sobre que tipo de participantes eles podem ser ou não. Ajude estes processos juntamente sendo genuinamente imaginativo e animado pelos seus participantes. Procure deixá-los fascinados com você, com o processo de hipnotizar e com a ideia de serem hipnotizados. 2.4 Como Dizer se Alguém Está Hipnotizado Se você der apenas sugestões para seus participantes relaxarem, então as chances são de que nenhum de vocês realmente saberá se eles estão hipnotizados ou não. De fato, se você perguntar após, eles provavelmente dirão que apenas se sentiram relaxados, mas que não acham que foram hipnotizados. Tudo bem se seu objetivo mútuo é mostrar a eles como relaxar. Entretanto, eu espero que você queira ir mais adiante. Mesmo se você sugerir coisas que extraia todo tipo de fenômeno hipnótico do participante, eles ainda assim poderão dizer que não foram hipnotizados. Isto porque não existe tal sentimento de estar hipnotizado. Portanto, como dizer que alguém está hipnotizado? De longe, a melhor forma é dar ao participante uma sugestão e ver se ele a segue – imediatamente e ao pé da letra seria ótimo. Em outras palavras, teste seu trabalho. Se ele parece estar respondendo, dê outra sugestão e assim por diante. Lembre-se, seu participante agirá sob suas sugestões inconscientemente. Assim como a resposta objetiva de fazer o que você sugeriu, você quer que eles tenham a experiência subjetiva de sentir que a resposta é automática em algum nível. Qualquer coisa que eles façam que sugira que este é o caso, é um feedback bem-vindo. Também é útil desenvolver um olhar para os sinais de hipnose para que você possa perceber quem já está antes mesmo de você começar a dar sugestões que requerem uma resposta óbvia física ou emocional. Alguém pode estar hipnotizado e não apresentar nenhum dos seguintes sinais, mas muitos o farão. Eles são úteis quando você estiver planejando selecionar um ou dois participantes de um grupo, porque você pode ganhar discernimento sobre quem poderiam ser seus melhores participantes. Estes sinais podem ocorrer simplesmente porque o participante já associa algum tipo de alteração de estado com ser hipnotizado, ou talvez eles estejam experimentando uma sensação intensificada de emoção. De qualquer forma, fique atento a esses sinais e, se você os vê-los, encoraje-os. Pálpebras tremendo e agitadas. Isto normalmente fica pronunciado na pessoa hipnotizada e deve ser encorajado podendo sugerir que isso vai aumentar e então, aumentará. Movimento rápido dos olhos (REM). Este é o mesmo REM observado quando alguém está sonhando. Você poderá ver os olhos se movendo atrás das pálpebras. Mudança de temperatura. Uma mudança no fluxo sanguíneo pode ser relativamente visível em algumas pessoas, dependendo do tom de pele. Olhos virando para trásna cabeça. Se você não ver isso acontecer, você poderá identificar os brancos dos olhos enquanto as pálpebras tremem. Algumas induções começam com os olhos virados para trás. Nessa posição é muito difícil para a pessoa abrir os olhos. Mudança na respiração. Às vezes ela aumenta, mas frequentemente a respiração se torna mais profunda e bastante regular, similar a alguém dormindo pacificamente. Aumento na lacrimação. Maior umidade dentro e ao redor dos olhos. Se os olhos estiverem abertos, podem parecer vidrados. Cabeça pesada. Com o menor encorajamento, como gentilmente empurrar a cabeça para a frente, o pescoço do participante pode relaxar e se torna um tanto difícil levantar a cabeça. Assim como procurar por esses sinais para avaliar se seu participante está respondendo, também é útil usá-los para acentuar as respostas da pessoa. As induções podem usar o método de criar artificialmente um dos sinais de hipnose para poder hipnotizar. Você poderia hipnotizar alguém fazendo ela inspirar em uma contagem de 7 e expirar em uma contagem de 11, usando a contagem ou seu fluxo de ar como foco de atenção. Você pode gentilmente empurrar a cabeça do seu participante para a frente enquanto diz “durma”, encorajando seu pescoço a relaxar. Você pode fazer o ponto focal de uma indução de fixação ser um ponto dentro da cabeça da pessoa, com os olhos fechados e virados para trás. Você também pode unir um destes sinais ao desenvolvimento de outro fenômeno ou à aceleração de algum fenômeno hipnótico existente. Por exemplo, se você perceber que o participante está mostrando muito tremor nos olhos, você pode trazer à sua atenção e criar um elo entre isso e a próxima coisa que quer que aconteça. “Conforme seus olhos piscam, sua mão está ficando mais e mais leve e se levantando. Conforme seu braço sobe, você irá sentir uma sensação crescente de bem-estar. Quanto mais alto ele for, melhor você irá se sentir.” Muitos destes sinais estarão fora da consciência do seu participante até que você os traga à sua atenção. Se você notá-los, você pode sugerir que eles irão ocorrer. Por exemplo, sugira que seu participante começará a se sentir mais quente ou que seus olhos piscarão. Então, quando notar que estas respostas estão ocorrendo, eles vão atribuir isso à influência do Hipnotista e o fenômeno aumentará. Isso provavelmente acontece porque o participante começa a se auto sugestionar, “Eu estou ficando mais quente, estou parecendo mais quente, como ele sabe que estou ficando mais quente” ou “meus olhos estão piscando, eu não consigo fazê-los parar de piscar. Eu devo estar hipnotizado”. Este pânico inconsciente cria um loop de feedback levado adiante pelo seu próprio diálogo interno. Encoraje sinais naturais de qualquer fenômeno hipnótico. Construa a partir deles. Desenvolva um olhar a eles. Quando você tiver um grupo de pessoas e estiver procurando por uma delas para trabalhar, use aquelas que mostrarem sinais de hipnose e aquelas que se mostrarem fascinadas e entusiasmadas. 2.5 Fenômeno Hipnótico Uma vez que você tenha alguém hipnotizado, existe uma série de fenômenos que eles podem experienciar. Estes incluem: • Catalepsia. Perda do controle consciente da habilidade de mover uma parte do corpo. Rigidez muscular e falta de reposta a estímulos externos. • Movimentos ideomotores. Movimentos inconscientes, como aceno de cabeça, tremor nos dedos ou nas pernas. • Amnésia. Perda de memória ou inabilidade de recordar informações. • Alucinações. Sentir algo que não está ali ou não sentir algo que está. • Dissociação. Sensação de separação entre a mente e o corpo. • Hipermnésia. Recordação nitidamente melhorada. • Regressão. Reversões para padrões de comportamento e memória mais antigos ou mais infantis. • Revivificação. Lembrança e reexperimentação de um evento passado. • Analgesia. Perda sensorial parcial. • Anestesia. Perda sensorial total. • Distorção de Tempo. Contração ou expansão da percepção de tempo. A catalepsia é um dos principais exemplos do fenômeno hipnótico. Ela está bem documentada e é usada de várias formas – um clássico na área. Primeiramente descrita por Jean-Martin Charcot em 1882, é uma ferramenta hipnótica útil e versátil. (20) Se você tiver hipnotizado alguém e você pegar e levantar o braço da pessoa, você irá normalmente descobrir que ele está cataléptico e irá simplesmente flutuar ali – ele ficará no lugar em que você deixar em vez de cair como alguém poderia esperar. Isto normalmente é combinado com induções de hipnose de surpresa ou instantâneas e por isso parecem dramáticas. Muitas das induções neste livro encorajam a catalepsia. A chave é ser capaz de prender a atenção de alguém de uma maneira ou por tempo suficiente para que eles esqueçam daquele braço ou mão. Eles se esquecem qual a sensação normal e começam a se auto sugestionar. Se eles atingirem esse ponto, já é no mínimo um bom sinal de que seu participante está respondendo bem e ótimo para convencê-lo de que algo ocorreu. Esta pode ser uma experiência profunda em si mesma. Para mim, é o fenômeno mais importante que um hipnotista deveria conseguir extrair. Ela pode ser usada para seguir para outros fenômenos hipnóticos mais avançados e usada como uma forma de encorajar a comunicação ideomotora através do movimento, sem a necessidade de respostas verbais. Catalepsia é uma condição fisiológica onde existe tonicidade equilibrada entre os músculos agonista e antagonista. Isto quer dizer que eles se mantém em uma certa posição. Músculos que são usados para mover uma parte do corpo normalmente têm outro músculo “oposto” que permite você movê-la de volta – o bíceps e o tríceps no braço, por exemplo. Quando estes números opostos estão equilibrados, a parte do corpo não se move. Existe um par de músculos no seu pescoço trabalhando a todo momento quando você está acordado. Eles mantêm sua cabeça levantada. Quando a catalepsia é induzida na hipnose e combinada com um movimento ideomotor para fazer alguém levantar seu braço, as sensações, a cinestesia e o sentido proprioceptivo são bem diferentes daqueles que você experimenta quando levanta seu braço voluntariamente. Observe o braço de alguém levantar de forma cataléptica e você verá que o movimento se parece um pouco com estar possuído em um filme de terror – como se um guincho o estivesse levantando. “Flexibilidade Cérea” é um ótimo termo para descrever a sensação e é um termo psiquiátrico bem conhecido por descrever a catatonia. (21) Isto também e algo que você pode chamar à atenção do participante. “Você pode notar seu braço levantando e perceber que está se movendo em um tipo de reflexo de espasmos. Isto acontece porque seu inconsciente está levantando seu braço. Ele permite sua mente consciente levantá-lo suavemente, mas seu inconsciente o move de uma forma mais como um reflexo.” Catatonia é um termo para pacientes com esquizofrenia catatônica que vivem em um estado permanente de catalepsia – você pode movê-los da forma que quiser e eles permanecem na posição. Anos atrás eu vi um artista de rua imitando esta condição. Ele ficava em uma caixa que tinha as palavras “Mova me” escrito na frente. Você deixava algum dinheiro para ele e podia movê-lo em qualquer posição que quisesse e ele ficaria ali até que outra pessoa viesse e o movesse. É relativamente algo direto provocar catalepsia no seu participante hipnotizado. Entenda que uma mão no braço de uma cadeira pode estar cataléptica; ela não precisa estar flutuando no ar, apenas fora do controle consciente. Na sala de terapia, a catalepsia pode ser usada como uma forma avançada de sinalização ideomotora – usando a catalepsia e movimentos do corpo subsequentes como uma linha de comunicação. Um braço pode subir mais para um sinal de “sim”, talvez um braço para “sim” e um braço para “não”. Ernest Rossi usa sinalização ideomotora como uma forma de comunicar-se com a profunda inteligência inconsciente no corpo do participante. Para os propósitosda hipnose impromptu, torne-se um perito em fazer seu participante desenvolver catalepsia e movimento ideomotor. Isto é útil para muitas coisas, incluindo: • Convencimento. Demonstre o efeito de sugestão clássico. • Induzir hipnose. Use como uma Rotina de Base ou como a própria indução. • Como uma rotina. Transforme-os em uma estátua ou um cabide de casacos. • Comunicação. Sinais ideomotores. • Alavancagem. Como trampolim para outros fenômenos hipnóticos. Ao trabalhar a catalepsia você pode tanto fazer uma indução antes e então sugerir a catalepsia dos olhos, mãos ou de todo o corpo, ou incorporar a criação da catalepsia como parte da própria indução. Todos os métodos no capítulo três que incluem catalepsia podem ser usados como indução hipnótica em vez de apenas uma Rotina de Base. Uma vez que seu participante tenha atingido a catalepsia, ele pode ser visto como responsivo e mais sugestões podem ser dadas. Se você tornou impossível para seu participante mover seu braço, então o encoraje a tentar movê-lo. Encoraje-o a realmente tentar e colocar todos seus esforços nisso. Diga a ele que pode tentar, mas que seu inconsciente é um superpoder e está trabalhando para eles. A compreensão de que eles são claramente mais do que eles pensavam que eram é uma linda experiência que ficará com eles. No mínimo eles terão algo para contar quando forem perguntados sobre o que aconteceu quando foram hipnotizados. Para muitos, é uma experiência surpreendente. Se eles estiverem realmente entrando nisso, encoraje-os a abrir os olhos e olhar para a parte do corpo que você tornou cataléptica. Pergunte se ela pertence a eles. Quando um participante está de olhos abertos, o desafio de tentar mover o braço parece ser ainda mais potente. Muitas pessoas ficarão um pouco agitadas neste ponto; instrua para que fechem os olhos, deixe que saibam que pode parecer peculiar, mas que eles vão gostar, e vá ainda mais profundamente. A mente delas estará bem aberta neste ponto e pronta para receber suas sugestões. 3.0 A Rotina de Base A seguir estão alguns simples exercícios nos quais O Hipnotista pode pedir para que o participante faça parte. Individualmente ou coletivamente elas podem ser pensadas como “A Rotina de Base”. Eles tipicamente sucedem a preparação e precedem a indução. Elas são seu primeiro degrau na escada da hipnose e devem ser bem aprendidas e suas muitas aplicações entendidas. Se você já havia se deparado com elas, por favor revisite-as. As técnicas destacadas aqui não normalmente referidas como “testes de sugestionabilidade” ou exercícios de “hipnose lúcida”. (23) Ambas descrições subestimam estas técnicas. Por muitas razões, o valor destas técnicas clássicas foi facilmente negligenciado. Entretanto, na minha experiência é onde a mágica começa. É aí que o acordo hipnótico é fechado. Você pode entreter e fazer uma apresentação satisfatória com estes tipos de exercício apenas, a qualquer hora, em qualquer lugar, para grupos de qualquer idade. Eles podem ser feitos com ou sem referência à hipnose. Eles dizem tudo que você precisa saber sobre o potencial dos seus participantes de serem hipnotizados. Por essas razões, eles permitem a você relaxar, sabendo que a demonstração será um sucesso, e focar em se certificar que seja divertido e atrativo. Eles agem como deu procedimento de seleção. Eles podem ser usados com grupos de pessoas tanto quanto um a um. Eles quase sempre resultam em uma demonstração positiva e satisfatória apreciada tanto por aqueles que fizerem parte quanto por aqueles assistindo. Existem muitas boas razões para que O Hipnotista devesse se sentir confiante a fazer uma Rotina de Base. Aprenda bem elas. Entenda os princípios e aplicações. Use-as. A Rotina de Base é normalmente usada para testar quão responsivo o participante é à sugestão. O Hipnotista pode observar o participante seguindo instruções, ter feedback e avaliar sua adequação como participante durante a Rotina de Base. O participante experiencia o poder de sugestão e influência do Hipnotista. Se o participante experienciar algo que considere fora do normal, ele ganha confiança tanto na habilidade do Hipnotista quanto em sua própria habilidade em ser hipnotizado – eles se soltam e se tornam mais fascinados com o processo. O Hipnotista ganha confiança no participante. A Rotina de Base acende a imaginação, foca a atenção e cria expectativa no participante de que ele está para ser ou está sendo hipnotizado. A Rotina de Base pode ser usada como indução à hipnose ou como sua primeira rotina em vez de apenas como um aquecimento a ela. Esta é talvez sua mais poderosa e subestimada aplicação. Alguns hipnotistas não usam essas técnicas. Uma das razões dadas é que se o participante falhar em fazer o que é pedido, então será mais difícil hipnotizá-lo – isto é verdade até certo ponto, especialmente se a Rotina de Base for apresentada como um “teste”. Como seu objetivo máximo é hipnotizar o participante a aceitar suas sugestões, é importante verificar se ele está receptivo às mais simples logo. Certamente falhar em um teste não ajuda, mas também não é o fim do mundo. Apenas passa como um evento insignificante para o participante, a não ser que O Hipnotista faça um alarde sobre isso. A maioria das pessoas passará nos exercícios facilmente e se eles não conseguirem, pode ser mais inteligente pegar outro participante ou buscar outra abordagem totalmente diferente. Não é preciso apresentar a Rotina de Base como um teste. Desta forma não há possibilidade de falha. É excelente apenas dizer: “Vamos tentar algo” ou “Me deixe mostrar algo interessante a você” ou chamá-la de “um exercício de concentração” e prosseguir. Outra razão pela qual são subestimadas ou usadas de maneira limitada é que muitas técnicas têm uma razão fisiológica para funcionarem. As chances são grandes de que o participante tenha êxito, portanto alguns hipnotistas acreditam que estão sendo desonestos ao usá-las ou simplesmente não percebem seu valor e as descartam como se fossem um truque infantil. Isso é não compreender o ponto. Use elas e qualquer outro “truque” para estimular a imaginação do participante e tornar a hipnose mais fácil. Execute a Rotina de Base em um tom que seja radiante e otimista, de uma forma que seja confiante e dominante, e mantenha as coisas seguindo em um ritmo razoavelmente rápido. Encontre sua própria maneira e se assegure de que sua atitude comunica que você está confiante, informado e esperando hipnotizar. Também é importante que seus participantes não vejam a Rotina de Base como algo que eles deveriam tentar combater ou resistir. Da mesma forma, você não quer que eles finjam. Certifique-se de que eles entendam isso. Sua preparação deve ter esclarecido qual é o papel deles. Por exemplo, se você for pedir para eles imaginarem que as mãos são como ímãs para que elas se aproximem e se toquem automaticamente, você pode dizer assim: “Eu não quero que você force elas juntas ou que tente mantê-las separadas; eu apenas quero que você se concentre, imagine que suas mãos são ímãs e seu corpo responderá.” Se eles seguirem suas instruções, se concentrarem nas ideias que você está apresentando e genuinamente usarem sua imaginação, então é bem provável que eles se saiam bem na Rotina de Base e estejam perfeitamente preparados para a própria indução hipnótica. 3.1 Dedos Magnéticos Neste exercício você fará os indicadores do seu participante se juntarem como ímãs: “OK, vamos tentar uma coisa. Um exercício simples para aquecer seu poder de concentração. Eu gostaria que você colocasse suas mãos à frente assim. Agora você pode juntar as suas mãos, palmas juntas e dedões cruzados, bem preciso e firme. Agora dobre seus cotovelos como se estivesse fazendo uma prece desesperada. Você pode fazer uma enquanto estiver assim, se quiser. Agora levante os seus primeiros dedos, seus indicadores, eretos, com cerca de dois centímetros de distância. Olhe o espaço entre
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