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ANALISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Prof. Marinho Santos O capital de giro ou capital circulante é definido, no seu sentido mais simples, como o total do Ativo Circulante (ou Realizável a Curto Prazo) da organização. CAPITAL DE GIRO Representa portanto o total dos recursos de curto prazo necessários para fazer “girar” a empresa ou instituição no dia-a-dia. CAPITAL DE GIRO Dentre as aplicações de uma empresa, parcela considerável destina-se ao que chamamos de Ativos Correntes, Ativos Circulantes ou Capital de Giro. Ativo Passivo Ativo Circulante = Capital circulante - Caixa - Banco - Estoque - Contas a Receber - Investimento de Curto Prazo Ativo Não Circulante -IMOBILIZADO (IMOVEIS) Passivo Circulante - Emprestimo Capital Giro Passivo Não Circulante CAPITAL DE GIRO Em geral esses ativos compreendem os saldos mantidos por uma empresa nas contas de Disponibilidades (caixa, bancos), Investimentos Temporários (aplicações em mercado aberto), Contas a Receber, Estoques (matéria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados), todos tidos como capital de giro no sentido bruto. Administração do capital de giro Fazer a gestão do ciclo operacional, visando assegurar uma situação financeira estável e segura, garantindo a capacidade da instituição de pagar suas dívidas e uma utilização eficiente dos recursos disponíveis, com a manutenção do custo dos serviços sob controle. Administração do capital de giro CICLO OPERACIONAL CICLO FINANCEIRO CICLO ECONOMICO - PRAZO MEDIO DE PAGAMENTO - PRAZO MEDIO DE RECEBIMENTO - PRAZO MEDIO DE ESTOCAGEM CICLO OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO Ciclos para determinar uso e fonte de recursos da empresa Na análise tradicional, se diz que pelo estudo dos Ciclos procuramos verificar os usos e fontes de recursos da empresa decorrente de sua atividade normal. Os três ciclos estão descritos a seguir e devem ser analisados sempre em conjunto. CICLO ECONOMICO É o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa, ou seja, inicia-se com a compra da mercadoria e encerra-se com a venda da mesma. Este ciclo é o giro de estoques, ele nos diz quanto tempo à empresa está demorando para girar o seu estoque. Quanto maior for o estoque, mais lento será o giro do mesmo, ocasionando, inclusive, numa possível insuficiência crônica de caixa, forçando-a a captação sistemática de recursos deterceiros comprometendo a saúde financeira da empresa. CICLO ECONOMICO = GIRO DE ESTOQUE (TEMPO DE PERMANENCIA DO PRODUTO NO ESTOQUE) CICLO FINANCEIRO = TEMPO QUE DEMORA PARA O DINHEIRO RETORNAR PARA O CAIXA. (25 DIAS – 30 – 60 – 90 = DISPONIVEL) (25 DIAS – 0 – 30 – 60) FORNECEDOR 30 DIAS (30 E 60 DIAS) CICLO COPERACIONAL CICLO FINANCEIRO Tem início com o desembolso de numerários para a aquisição da mercadoria que será revendida pela empresa e encerra-se com o recebimento relativo à venda da mesma. Este é o ciclo de caixa. O reflexo do Ciclo Econômico se dará neste ciclo. Se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após receber, ocasionando em desembolso desnecessário. Cabe salientar que além de compromissos com fornecedores a empresa também deve honrar outros compromissos mensais, que são os Custos Fixos ou Despesas Operacionais. São gastos necessários para que a empresa possa operar. CICLO OPERACIONAL Representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. Segundo Hoji, o Ciclo Operacional inicia-se junto com o Ciclo Econômico ou Ciclo Financeiro, o que ocorrer primeiro, e encerra-se junto com o encerramento do Ciclo Econômico ou Financeiro, o que ocorrer por último. PRAZOS MÉDIOS Para se chegar ao CICLO FINANCEIRO e OPERACIONAL é necessário o cálculo dos prazos médios, representados em dias. Uma boa administração do capital de giro passa pela correta interpretação dos prazos médios e na forma de reduzi-los ou aumentá-los de acordo com as necessidades de gestão dos recursos. A análise dos recursos investidos no giro das operações de uma empresa envolve o cálculo dos prazos médios de renovação de estoques, de cobrança de duplicatas a receber e de pagamento das compras de mercadorias para revenda (CAIXA, ESTOQUE, CONTAS A RECEBER) PRAZOS MÉDIOS PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DOS ESTOQUES (PME) O Prazo Médio de Renovação de Estoque - PMRE representa, na empresa comercial, o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. Esse indicador mostra a velocidade com que o estoque se transforma em produção vendida, ou seja, é um indicador da produtividade Operacional e da eficiência dos valores empatados em estocagem de materiais e produtos COMERCIAL = REVENDA (COMPRA – ESTOCAGEM) INDUSTRIA (COMRA M.P – PRODUÇÃO – ESTOCAGEM) PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DOS ESTOQUES (PME) FORMULA: Fórmula = 360 d x (Estoques/CMV) Em 2004 360 x (12.615/95.945) = 47 dias Em 2005 360 x (12.706/70.858) = 64 dias 2006 PME = 81 DIAS 24 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMR) É o tempo médio que a empresa demora para receber suas vendas a prazo. O Prazo Médio de Recebimento de Vendas – PMR expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. (INADIMPLENCIA - TERCEIRO) PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMR) Fórmula = 360 d x (Duplicatas a Receber (BP)/ Vendas (DRE) ) Em 2004 360 x (13.379/200.910) = 23 dias (PMR) 47 DIAS (PME) Em 2005 360 x (11.631/150.657) = 27 dias (PMR) 64 dias (PME) MENOR = MELHOR MAIOR = PIOR PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS (PMP) É o tempo médio que a empresa demora para pagar as suas compras de insumos a prazo. Se o prazo médio de pagamento de compras – PMP for superior ao prazo médio de renovação de estoques – PMR, então os fornecedores financiarão uma parte das vendas da empresa. PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS (PMP) Prazo Médio de Pagamento das Compras Fórmula = 360d x (Fornecedores/Compras) Em 2004 360 x (1.056/96.660) = 3 dias Em 2005 360 x (1.885/70.949) = 9 dias Apesar de ser calculado de modo similar ao cálculo do índice do período médio de cobrança, neste caso, é necessário estimar o montante de compras anuais a prazo, o que não é informado nas demonstrações contábeis. Esse valor pode ser obtido pela equação: compras anuais = custos de produtos vendidos – estoque inicial + estoque final. 2005 2004 Custo de matérias-primas 70.858 95.945 Compra de matérias-primas 70.949 96.660 Estoques 12.706 12.615 Duplicatas a Receber 11.631 13.379 Fornecedores 1.885 1.056 Compras 2005 = (70.858 – 12.615)+12.706=70.949 CICLO FINANCEIRO CF = PME + PMR – PMP Se o resultado do ciclo financeiro for positivo, significa que a empresa primeiro paga os fornecedores e depois recebe de seus clientes. Implica em necessidade de recursos para capital de giro. Se o resultado do ciclo financeiro for negativo, significa que primeiro recebe de clientes e depois paga seus fornecedores, não necessitando de capital de giro. CICLO OPERACIONAL Representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. CO = Soma dos prazos medios Fontes do capital de giro Os passivos circulantes representam as fontes de financiamento a curto prazo da empresa. Algumas fontes são geradas pelas próprias operações, tais como duplicatas a pagar aos fornecedores, impostos a recolher, salários e encargos sociais a pagar. Outras são provenientes de atividades financeiras, como os financiamentos e empréstimos bancários. Fontes do capital de giro Fontes do capital de Giro Onerosas Não Onerosas PASSIVOS CIRCULANTES: fontes de financiamento a curto prazo (onerosa) – Duplicatas a pagar aos fornecedores – Impostos a recolher – Salários e encargos sociais a pagar – Financiamentos e empréstimos bancários Onerosas PATRIMÔNIO LÍQUIDO:fontes de financiamento não onerosa – Capital social – Reserva de capital – Lucro acumulado Não Onerosas CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO Outro objetivo da Administração do Capital de Giro, é administrar cada um dos ativos circulantes e dos passivos circulantes da empresa, de tal forma que um nível aceitável de capital circulante líquido (CCL) seja mantido, garantindo-se com isso a margem razoável de segurança. CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO Capital de Giro Líquido resulta da subtração de todos os compromissos a curto prazo da empresa para com o fisco (impostos), fornecedores, funcionários, etc., do total do Capital de Giro Bruto. Ou seja, Ativos Circulantes – Passivos Circulantes. CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO Quanto maior for a margem com a qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem as suas obrigações a curto prazo (passivos circulantes), maior será a sua capacidade de pagar suas contas na data do vencimento. CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO Análise de Liquidez A liquidez de uma empresa é medida pela capacidade que ela possui para satisfazer suas obrigações de curto prazo, nas datas dos vencimentos. A liquidez refere-se à solvência da situação financeira global da empresa – a facilidade com a qual ela pode pagar suas contas. Os principais indicadores para análise de liquidez são: capital de giro líquido ou Capital Circulante Liquido (CGL ou CCL); índice de liquidez corrente (ILC); índice de liquidez seca (ILS); participação das disponibilidades (PD); participação de contas a receber (PCR); participação dos estoques (PE); índice de financiamento (IF). CAPITAL DE GIRO LIQUIDO OU CAPITAL CIRCULANTE LIQUIDO O passivo circulante representa os financiamentos (fontes de recursos) a curto prazo da empresa, pois inclui todas as dívidas que terão seu vencimento (e deverão ser pagas) em um ano ou menos. O objetivo da administração financeira a curto prazo é gerir cada um dos itens do ativo circulante (caixa, bancos, aplicações financeiras, contas a receber, estoques etc) e do passivo circulante (fornecedores, contas a pagar, empréstimos etc.), a fim de alcançar um equilíbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para aumentar o valor da empresa. Índice de Liquidez Corrente (ILC) Indica a capacidade da empresa para liquidar seus compromissos financeiros de curto prazo. Como ele estabelece a relação entre ativo circulante e passivo circulante, preferencialmente deve ser sempre maior que 1 (um), isto é, quanto maior for o índice, mais confortável será a situação financeira da empresa. ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE = Ativo Circulante Passivo Circulante Como esse índice considera todos os valores incluídos no ativo circulante, ele não faz diferenciação sobre a qualidade dos componentes desse ativo. Em outras palavras, atribui aos estoques a mesma liquidez de caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo, ou seja, os estoques, em caso de necessidade, seriam prontamente transformados em dinheiro. Índice de Liquidez Corrente (ILC) Ativo Circulante = R$ 1.360.000,00 / Passivo Circulante = R$ 850.000,00 Então, ILC = 1.360.000,00 => 850.000,00 ILC = 1,6 Índice de Liquidez Corrente (ILC) Índice de Liquidez Seca (ILS) Avalia a capacidade da empresa para liquidar seus compromissos financeiros de curto prazo, considerando seus ativos de maior liquidez, ou seja, excetuando o item Estoques. ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA = (Ativo Circulante Estoques) Passivo Circulante Índice de Liquidez Seca (ILS) Como acontece com o índice de liquidez corrente, o valor ideal desse índice depende do setor em que a empresa atua e de suas características operacionais. Por exemplo, uma empresa com forte sazonalidade em suas vendas terá um índice de liquidez seca baixo no período em que precisa carregar altos volumes de estoques, sem que isso represente um sinal de ameaça para seu quadro financeiro. Índice de Liquidez Seca (ILS) Como acontece com o índice de liquidez corrente, o valor ideal desse índice depende do setor em que a empresa atua e de suas características operacionais. Por exemplo, uma empresa com forte sazonalidade em suas vendas terá um índice de liquidez seca baixo no período em que precisa carregar altos volumes de estoques, sem que isso represente um sinal de ameaça para seu quadro financeiro. Participação das Disponibilidades Indica a representatividade das disponibilidades financeiras (caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo) na estrutura do capital de giro. PARTICIPAÇÃO DAS DISPONBILIDADES = DIsponibilidades Ativo Circulante Participação das Contas a Receber Mostra a participação da carteira de duplicatas a receber da empresa sobre o total do capital de giro. Quando é muito alto, pode significar que a empresa está adotando uma política agressiva de concessão de crédito comercial ou, por outro lado, que ela enfrenta problemas de altos índices de inadimplência por parte dos clientes. Participação das Contas a Receber PARTICIPAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER = Contas a Receber Ativo Circulante Participação dos Estoques Representa o peso dos estoques em relação ao capital de giro. Um índice elevado pode significar excessivo investimento em estoques, o que nem sempre é sinônimo de boa administração desse importantíssimo item do capital de giro. PARTICIPAÇÃO DOS ESTOQUES = Estoques Ativo Circulante Índice de Financiamento Esse parâmetro informa qual é o percentual do capital de giro que está suportado por empréstimos bancários e financiamentos. Um índice baixo pode indicar que a empresa está utilizando, principalmente, financiamento dos fornecedores em lugar de linhas de crédito bancário. Também pode refletir uso normal de financiamento de fornecedores ao lado de uma boa situação de caixa que lhe permite dispensar os financiamentos bancários. ÍNDICE DE FINANCIAMENTO = Empréstimos + Financiamentos + Encargos Fin. Ativo Circulante Índice de Financiamento NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO Há que entender aos motivos pelos quais as empresas necessitam de capital de giro. - Cherry aponta três origens, que justificam as exigências de capital de giro: “Mutações no Nível de Operações, Mutações de Política e Mutações na Tecnologia.”, sobre as quais alinharemos suas justificativas: NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO a) Mutações no Nível de Operações Quando a empresa é propulsionada a um maior volume de vendas, e consequentemente precisará de mais estoques, e suas disponibilidades estarão na dependência da reação das próprias vendas. b) Mudanças de Política Trata-se de alterações internas ocorridas na própria empresa, exemplo: ampliar o prazo de pagamento nas vendas a prazo, ou diferenciar sua forma de produção diminuindo o prazo médio de rotação de seus estoques, em dado momento. c) Mutações na Tecnologia Poderão ocorrer, pelas mudanças de implantação, necessidades de capital de giro de forma ampla: não só no ativo circulante como no ativo permanente. O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos maiores desafios do administrador financeiro. - Elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa. - Capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de vendas da empresa. - A necessidade de capital de giro pode ser estimada: • com utilização dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial) CÁLCULO COM BASE NO BALANÇO PATRIMONIAL O ativo circulante contém contas transitórias (caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo) e no passivo circulante também são transitórios os empréstimos e financiamentos de curto prazo, bem como os seus respectivos encargos financeiros. Essas contas transitórias (flutuantes) não estão relacionadas à necessidade de investimento em capital de giro. Para se calcular a necessidade de capitalde giro de uma empresa com base em seu balanço patrimonial é necessário que se reclassifiquem algumas contas tanto do ativo como do passivo ATIVO Ativo Operacional (AO) – representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características de seu ciclo operacional. É composto por: duplicatas a receber, estoques e outros valores a receber. Ativo Flutuante (AF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do ativo circulante que possuem natureza transitória como caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo. PASSIVO Passivo Operacional (PO) – representa as contas do passivo vinculadas ao ciclo operacional da empresa, tais como fornecedores, salários, encargos, impostos, taxas e outras contas a pagar. Passivo Flutuante (PF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do passivo circulante que não têm vinculação direta com as operações da empresa. São eles: empréstimos, financiamentos e outras obrigações financeiras de curto prazo. A fórmula de cálculo da necessidade de capital de giro (NCG) é: NCG = ATIVO OPERACIONAL – PASSIVO OPERACIONAL MEDIDAS PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS DE CAPITAL DE GIRO As dificuldades de capital de giro numa empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores: - Redução de vendas - Crescimento da inadimplência - Aumento das despesas financeiras - Aumento de custos - Alguma combinação dos quatro fatores anteriores O que pode ser feito para evitar uma crise maior de capital de giro? 1. Formação de reserva financeira A principal ação consiste na formação de reserva financeira para enfrentar as mudanças inesperadas no quadro financeiro da empresa. 2. Encurtamento do ciclo econômico Numa indústria, a redução do ciclo econômico significa um menor tempo para produzir e vender. No comércio, esta redução significa um giro mais rápido dos estoques. Na atividade de serviços, a redução do ciclo econômico significa basicamente trabalhar com um cronograma mais curto para a execução dos serviços.
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