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A valorização do trabalhador doméstico

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Tema: a valorização do trabalhador doméstico no Brasil
	
	Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a valorização do trabalhador doméstico no Brasil, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela discriminação da profissão, seja pela ineficiência de leis. Nessa perspectiva, convém analisar os fatores que favorecem a inercial problemática.
	A princípio, compreender a valorização do trabalho doméstico requer resgatar a formação histórica do Brasil. De acordo com a teoria “Habitus”, do sociólogo Pierre Bourdieu, as estruturas sociais são incorporadas no processo de socialização, o que faz com que comportamentos e crenças sejam naturalizados e produzidos ao longo de gerações. Análogo a isso, o trabalho doméstico tem suas origens na escravidão, o que faz com que hoje, certamente, haja uma reprodução de pensamentos discriminatórios contra essa profissão, refletindo em salários baixos e autoridade excessiva dos patrões. Logo, a contemporaneidade tem em suas estruturas raízes arcaicas cujos impactos expressam-se na desvalorização dos empregados domésticos.
	Outrossim, convém analisar que a ineficiência legislativa contribui para o cenário de descumprimento dos direitos trabalhistas. A aprovação da PEC das domésticas marcou o encerramento de um processo de debates e abriu o país para experiências ausentes anteriormente. Todavia, segundo o filósofo Maquiavel, de nada adianta um Estado de Leis caso elas não sejam praticadas. Tal realidade fica exposta no índice de trabalhadores domésticos em situação de informalidade – 70% segundo dados do IBGE, e que, consequentemente, não possuem seus direitos constitucionais garantidos. Assim, percebe-se certa ineficiência dos atores públicos de fiscalização e regulamentação no que tange ao cumprimento dos direitos trabalhistas para os domésticos.
	A valorização do trabalhador doméstico no Brasil ainda é um desafio, por conseguinte, medidas devem ser adotadas. Convém ao Ministério da Cidadania, por meio da mídia, promover campanhas de apoio à valorização dos empregados, a fim de que haja uma maior valorização do trabalho prestado e a desmistificação desses profissionais como submissos aos empregadores. Ademais, o Ministério da Justiça, pela execução das leis, deve priorizar a fiscalização dos trabalhadores domésticos informais, garantindo que todos tenham conhecimento acerca de seus direitos, para que eles sejam aplicados na prática e não apenas na legislação. Dessa maneira, incentivando o respeito e assegurando os direitos, os ideais iluministas poderão ser, gradativamente, solidificados na prática.

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