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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPIRITO SANTO – UNESC BEATRIZ RODRIGUES LIMA CHAYANA MORGNER DAMIANA PERONI DÉBORA CÂNDIDA CALAIS WÁGNER RODRIGUES DINIZ LOPES DA SILVA DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO DA CIDADE DE COLATINA – ES COLATINA – ES 2019 BEATRIZ RODRIGUES LIMA CHAYANA MORGNER DAMIANA PERONI DÉBORA CÂNDIDA CALAIS WÁGNER RODRIGUES DINIZ LOPES DA SILVA DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO DA CIDADE DE COLATINA – ES Trabalho apresentado à disciplina de Planejamento Urbano do 6º período noturno do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC Campus Colatina, sob orientação do Professor Sérgio Miguel Prucoli Barboza, como requisito para a avaliação. COLATINA – ES 2019 SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................... 4 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 1 HISTÓRIA DA CIDADE DE COLATINA .................................................................. 9 2 ZONAS DE COLATINA ......................................................................................... 27 2.1 REGIÃO SUL ................................................................................................... 27 2.1.1 ZONA 01: OLÍVIO ZANOTELLI, VILA LENIRA, SANTA TEREZINHA E MARIA ISMÊNIA ................................................................................................. 27 2.1.2 ZONA 02: MOACYR BROTAS, JARDIM PLANALTO, MARISTA E FAZENDA VITALI ............................................................................................... 29 2.1.3 ZONA 03: SÃO VICENTE, SANTA CECILIA, OPERÁRIO, PÔR DO SOL E BELA VISTA ....................................................................................................... 32 2.1.4 ZONA 04: CENTRO E ESPLANADA ......................................................... 34 2.1.5 ZONA 05: COLATINA VELHA E SANTA MARGARIDA ............................ 45 2.2 REGIÃO NORTE .............................................................................................. 47 2.2.1 ZONA 06: SÃO SILVANO E LACÊ ............................................................ 47 2.2.2 ZONA 07: CASTELO BRANCO, MARIA DAS GRAÇAS, RIVIERA E SANTA HELENA ................................................................................................ 49 2.2.3 ZONA 08: MARTINELLI, HONÓRIO FRAGA, COLUMBIA E NOVO HORIZONTE ....................................................................................................... 51 2.2.4 ZONA 09: SÃO MARCOS E MORADA DO SOL ....................................... 53 2.2.5 ZONA 10: SANTO ANTÔNIO, NOSSA SRA. APARECIDA, AEROPORTO E FIORAVANTE MARINO .................................................................................. 54 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 4 RESUMO Este artigo visa abordar o crescimento da cidade de Colatina localizada no estado do Espírito Santo, sede do município que possui economia e população urbana, e território com maior parte da área rural. As áreas rurais, entretanto, contribuem pouco para a economia do município e estão, em grande parte, ambientalmente degradadas, ociosas e a espera de valorização. O objetivo do trabalho é compreender o crescimento da cidade de Colatina e os fatores e as consequências desse crescimento. Como cidade média caracterizada pela centralidade e polaridade regional, mas fora dos principais investimentos no estado, Colatina busca tirar proveito de sua situação de cidade entreposto e da confluência viária para se manter viva na economia regional. A economia do município está baseada no comércio e serviços, mas busca atrair investimentos para a indústria e em logística. A expansão da cidade desde o início da formação segue o sistema viário, que cria uma espacialidade dispersa. As características do crescimento urbano de Colatina são resultado das estratégias de desenvolvimento econômico, dos interesses do mercado imobiliário e de um poder público que abstém do controle urbano. Esses fatores levam a uma urbanização dispersa que se apresenta onerosa e pouco sustentável para as áreas urbanas e rurais, pois gera segregação socioespacial, maiores custos com infraestrutura, espaços urbanos de baixa densidade e monofuncionais, poluição e agravamento do esgotamento ambiental. Os desafios para um crescimento sustentável da cidade de Colatina passam pelo planejamento municipal e regional, que qualifique e diversifique suas áreas urbanas, evite a expansão desnecessária do perímetro urbano, recupere suas áreas ambientais degradadas e potencialize as atividades agropecuárias de forma produtiva e menos agressiva ao meio ambiente. A irregularidade do território, formado por vales, induziu que a ocupação inicial acontecesse no vale central, na margem sul do Rio Doce expandindo-se para o norte após a construção de sua ponte. Este artigo tem como objetivo compreender os fatores que conduzem o crescimento da cidade, por meio de análise de documentos e mapas antigo e atuais. Palavras-Chave: Diagnóstico, crescimento, urbanização, impacto, planejamento. 5 INTRODUÇÃO Menos de uma ordem histórica sustentando a centralidade regional de Colatina, a ideia é que esta se constitui no cômputo de múltiplas trajetórias históricas no contexto geográfico regional, nacional e internacional. O termo trajetória enfatiza o processo de mudança em um fenômeno. Trata-se de reconhecer a heterogeneidade e a multiplicidade por meio de consideração de espacialidades e de relações outras se comparadas às espacialidades hegemônicas de cada período (MASSEY, 2009). O termo trajetória é aproximado ao conceito de hecceidade de Gilles Deleuze (2003) posto como “individualidade de uma jornada, de uma estação, de uma vida”. Neste artigo, Colatina é situada no quadro das chamadas “brechas espaciais” (SERPA, 2011, p. 102), a fim de reconhecer a coexistência de diferentes modos de urbanidade e de desenvolvimento urbano com trajetórias históricas próprias, conectadas com processos mundiais de modos conjunturais cambiantes. Neste artigo, designam-se trajetórias de uma resistência, a da centralidade regional da cidade de Colatina. As cidades médias desempenham um relevante papel no crescimento demográfico brasileiro (ANDRADE E SERRA, 1998). Em 1970, as cidades médias detinham 19,1% da população urbana nacional. Já em 1991, as cidades médias passam a agrupar 33,3 % desta mesma população. O dinamismo demográfico das cidades médias é decorrente das mudanças na localização da indústria, os movimentos migratórios, do fenômeno de periferização das metrópoles e de fatores endógenos ao próprio dinamismo econômico de muitas destas cidades (ANDRADE E SERRA, 1998). A análise e o planejamento do crescimento urbano das cidades médias tornam- se importantes, pois elas representam boa parcela da população brasileira e do crescimento dessa população. A taxa de crescimento populacional dos municípios de 100 a 500 mil habitantes foi de 2000 a 2010 foi de 22,55% (IBGE, 2010). Os habitantes desses municípios representam 25,5% da população brasileira em 2010. Milton Santos (1993) ressalta que paralelo ao fenômeno de metropolização e o crescimento urbano das grandes cidades, ocorre um incremento populacional parecido nas cidades médias entre as décadas de 1950 a 1980. O crescimento populacional nessas cidades gera também o crescimento das áreas urbanizadas. 6 O crescimento das áreas urbanizadas brasileiras ocorreusem planejamento adequado e sem proporcionar condições de moradia adequada para grande parte da população. A falta de controle gera uma dispersão urbana que é pouco sustentável, pois gera áreas de baixa densidade, maiores gastos com infraestrutura urbana (água, esgoto, iluminação, transporte, etc.) e a ocupação de áreas rurais. O centro urbano de Colatina, paulatinamente, entre os anos de 1930 e de 1960, de centro de cidade tradicional e espaço de comando de oligarquias rurais, ligadas à economia agroexportadora de café, se converte em centro de cidade mercantil (conceitos de LEFEBVRE apud MONTE-MÓR, 2004). Passa a atender à noção de lugar da concentração urbana do mercado, que reúne grande parte da força de trabalho, meios de produção e consumidores. A cidade enfrenta desdobramentos de uma crise produtiva do café, esteio de sua economia, a partir os anos de 1960. Com a reestruturação produtiva do capitalismo contemporâneo, desde os anos 2000, fica deslocada dos processos econômicos hegemônicos. Subsequentemente consegue manter sua posição de entreposto, que significa cidade de grande movimento comercial. Para compreender a trajetória da centralidade de Colatina diante desses eventos, investiga-se como a cidade a conquistou e a mantém. Igualmente se analisa qual o papel do centro principal, que concentra grande parte do comércio e serviços da cidade e da região. Trata do crescimento da cidade de Colatina, sede e principal aglomerado urbano do município. O município de Colatina, até a década de 1960 tem economia e população predominantemente rural, e a partir dos anos 2000 tem mais de 80% de população urbana. A economia crescentemente urbana é baseada no comércio e serviços, mesmo que em parte associada a insumos rurais, busca atrair investimentos para a indústria e para o setor de logística, mas o território se mantém em uma porcentagem de 82% rural. Por outro lado, o município tem uma economia rural decrescente, dentre estabelecimentos e propriedades rurais alguns pouco produtivos ou improdutivos, muitas áreas ambientalmente degradadas. É um município que tem sido entreposto comercial desde anos de 1930 e que mantém mesmo com a subdivisão e emancipações de antigos distritos, posição de centralidade e polaridade. Mesmo quando perde espaço econômico, que foi o caso ocorrido com a retirada da estação ferroviária do centro urbano de Colatina, cria mecanismo de reação e 7 reposicionamento dentre as principais regiões do estado (zona industrial e terminal de cargas intermodal). O crescimento urbano de Colatina desde o início da formação da cidade segue o sistema viário, que cria uma espacialidade dispersa com características descritas exaustivamente pela bibliografia (FONT, LEFEBVRE, MARICATO, REIS, ROGERS, SANTOS). A falta de planejamento urbano de Colatina, assim como da maioria das cidades brasileiras, faz com que o crescimento da cidade aconteça de forma desordenada e a reboque de interesses econômicos. O crescimento urbano desordenado gera, 17 dentre outros problemas, a ocupação de áreas impróprias à implantação de moradias (como áreas de encostas e/ou de preservação ambiental) e a urbanização dispersa pelo território. O problema do crescimento da cidade de Colatina são as estratégias e as ações para o desenvolvimento do município serem baseadas no crescimento econômico que amplia a dispersão urbana (sem qualificá-la) e que se prevalece da centralidade e localização da cidade, da posição de entreposto comercial, do peso do comércio e dos serviços na economia, os investimentos na indústria e em logística. “Uma cidade de passagem é um intermédio, situa-se entre as fontes dos recursos e os locais do consumo, tendo as redes como unidade” (MIRANDA, 2004, p. 330). Apesar de ser uma cidade de trânsito de pessoas e mercadorias, é também uma zona de experimentação, de aprendizagem contínua, que alimenta uma economia virtualmente dinâmica, descentralizada, articulando multicamadas de redes. Colatina configura-se também como um centro regional pela atração de suas atividades de comércio e serviço que exerce sobre as cidades vizinhas e pelo destaque da indústria de confecção que possui. Nesse aspecto Colatina funciona como um entreposto comercial, inicialmente pela comercialização do café e atualmente pelo seu dinamismo comercial em áreas como vestuário e comércio atacadista e pela atuação do terminal de cargas, graças também a convergências do sistema rodoviário. A articulação entre a produção e o consumo (não necessariamente final) típica de sua função de entreposto comercial caracteriza, dentre outros fatores, Colatina como uma cidade média. Colatina caracteriza-se por ser uma cidade mediadora entre centros maiores, principalmente da RMGV, e as cidades menores do interior. 8 As cidades médias, nesse contexto histórico, comandam o essencial dos aspectos técnicos da produção regional. Os aspectos políticos e o comando efetivo das relações produtivas e comerciais ficam para aglomerações maiores, no país ou estrangeiras (SANTOS e SILVEIRA, 2008). As cidades médias são caracterizadas, em geral, pelo seu tamanho demográfico e pelo papel de intermediação entre cidades maiores e menores. As cidades médias são aquelas que possuem uma população que varia entre 100.000 a 500.000 habitantes (ANDRADE E SERRA, 1998). Essa classificação utiliza, entretanto, a população municipal e não das cidades, pois é considerado que os municípios médios possuem taxas de urbanização alta, aproximando a população da cidade ao do próprio município. O papel de intermediação é dado às cidades médias pela sua localização relativa na hierarquia regional, pois se constitui “em foco de vias de circulação e efetivo nó de tráfego, envolvendo pessoas, capitais, informações e expressiva variedade e quantidade de mercadorias e serviços” (CORRÊA, 2007, p. 29 e 30). O artigo comprova que o crescimento da cidade de Colatina é definido por intervenções e investimentos de caráter essencialmente econômico de interesse privado. Parte desses investimentos visa manter a cidade como centro regional e tirar proveito da situação de entreposto comercial. Além disso, o artigo procura reafirmar que a falta de planejamento, com a direção do processo de crescimento urbano pelo capital imobiliário e setores não governamentais sem controle e regras, gera um crescimento disperso, áreas urbanas desqualificadas monofuncionais e pouco preocupado em revitalizar as áreas ambientalmente degradadas e promover o desenvolvimento das atividades agropecuárias nas áreas rurais do município. O objetivo geral do artigo é compreender o crescimento da cidade de Colatina e entender quais são os fatores e as consequências desse crescimento. Os objetivos específicos são o estudo sobre o crescimento urbano e das relações entre o urbano e o rural e da área que faz a transição entre as duas, a área periurbana; identificar e compreender os fatores que contribuíram para o crescimento da cidade de Colatina e; investigar as áreas de expansão da cidade de Colatina e da indústria e logística. A busca pela compreensão da trajetória de Colatina foi revisitar os conceitos urbanos e aplicá-los sobre as informações e conclusões tiradas do estudo dos fenômenos ocorridos na cidade. Os principais conceitos estudados foram: relação 9 urbano-rural, área periurbana, crescimento urbano, urbanização extensiva, urbanização dispersa e densidade urbana. O termo trajetória enfatiza o processo de mudança em um fenômeno. Trata-se de reconhecer a heterogeneidade e a multiplicidade por meio de consideração da espacialidade e das relações diversas das espacialidades hegemônicas (MASSEY, 2009). 1 HISTÓRIA DA CIDADE DE COLATINA Colatina é um município da região noroeste do estado do Espírito Santo (figura 1) que possui uma população de 121.580 habitantes (IBGE, 2018). A sua sede, acidade de Colatina, situa-se no Vale do Rio Doce, localizada a 135 km da capital Vitória. O surgimento de Colatina remonta do final do século XIX, com a chegada de colonizadores italianos à região. Mas foi em 1921, que a então Vila de Colatina foi promovida a município. Hoje, Colatina é polo regional de referência no setor de comércio e serviços, com destaque nos serviços de educação e saúde. Destaca-se também na economia do município, a indústria do vestuário, seguida pela indústria moveleira. A agricultura tem o café conilon como seu principal produto. 10 Figura 1 – Localização do município de Colatina/ES Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. O município é cortado pelas rodovias ES-080 e BR-259 e pela ferrovia Vitória- Minas (figura 2), o que criou condições para Colatina ser uma cidade corredor para commodities (soja e minério de ferro), cidade de passagem para produção de insumos (rochas ornamentais, eucalipto e café) e centro regional de comércio e serviços. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf 11 Figura 2 – Infraestrutura de transporte estadual com destaque para a cidade de Colatina/ES Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. Colatina pode ser considerada uma cidade corredor, por integrar o território que configura o corredor que liga minas, usinas siderúrgicas, plantações de eucalipto e vias de transporte aos portos situados na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). A cidade corredor sujeita-se a ser território das operações rotineiras da produção flexível, mantendo-se como território da indústria por etapas (fordista) e processadora de commodities (MIRANDA, 2004). Colatina pode ser considerada também uma cidade de passagem para territórios adjacentes, pois tira proveito de sua posição estratégica no fluxo dos insumos provenientes de municípios da região norte do Estado. O município comercializa grande parte da produção de café de municípios vizinhos e possui um terminal de cargas que integra os modais ferroviário e rodoviário, o que dá suporte à produção de rochas ornamentais e eucalipto dos municípios e regiões contíguos. A localização privilegiada, de muitas cidades médias, é fruto de uma herança resultado de antigos modos de circulação, que eram submetidos à conformação do relevo e das vias fluviais ou ainda das paradas de linhas ferroviárias (CORRÊA, 2007). Um dos períodos de grande crescimento da cidade de Colatina e que contribuiu para se constituir uma cidade entreposto, foi a construção da ferrovia Vitória-Minas e da Ponte Florentino Avidos sobre o Rio Doce. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf 12 A construção da Estrada de ferro Vitória-Minas (E.F.V.M.) foi iniciada em 1903 e em 1906 a ferrovia chegou à Colatina, possibilitando a comunicação direta deste município com a capital do Estado, Vitória, e com Minas Gerais (CAMPOS JUNIOR: 2.004, p. 22). A passagem da estrada de ferro Vitória-Minas em 1906 pelo município foi um fator de fundamental relevância para o crescimento da cidade e para o seu desenvolvimento econômico. A inauguração da estrada de ferro propicia a Colatina comunicação direta com a capital do estado, por meio de transporte rápido e barato para sua produção, principalmente de madeira e café. Diante desse crescimento, em 1907, a vila de Colatina transforma-se na sede do município de Linhares. Figura 3 – Trabalhadores na construção da Ferrovia Vitória – Minas em Colatina/ES A história da antiga CVRD (Vale), está diretamente ligada à região de Colatina e adjacências, pois foi a partir da construção da estrada de ferro Vitória a Minas, é que o seu progresso começou a se delinear efetivamente, passando a ser conhecida no passado, no Estado do ES, como “Princesa do Norte”, devido ao seu forte comércio através da movimentação dos trens de passageiros pelo centro da cidade. A EFVM, teve grande dificuldade de expansão durante sua chegada ao Rio Doce em Colatina, cuja a região na época era inóspita, habitada quase que exclusivamente por índios (algumas tribos eram canibais, como os Aymorés) e animais ferozes, além de ter uma espessa vegetação e terreno de topografia difícil em razão da grande quantidade de morros. No início, a Estrada de Ferro Vitória a Minas teve outros dois 13 nomes: “Estrada de Ferro Peçanha ao Araxá” e “Estrada de Ferro Vitória a Diamantina.” A Estrada de Ferro veio propiciar a habitação e o progresso do Vale do Rio Doce, além de beneficiar o transporte do minério de ferro, passageiros e outras cargas. As cidades mais beneficiadas foram Colatina, Aimorés, Conselheiro Pena, Governador Valadares e imediações. Foram construídos somente 7 quilômetros de ferrovia para a passagem da locomotiva, que chegou a atravessar a ponte, antes do abandono da linha. Ao sair da ponte, no outro lado, o trem iria fazer uma curva em forma de laço, daí o nome daquele bairro até hoje: “Bairro Lacê”. Era uma época de grandes realizações e a construção de pontes e ferrovias em todo o ES. A Estrada de Ferro Vitória a Minas ganhou impulso após 1942 – ano de criação da Vale, então Companhia Vale do Rio Doce. As primeiras melhorias na ferrovia ocorreram na década de 40, com a remodelação do trecho entre Vitória/ES e Colatina/ES. A década de 1950 caracterizou-se pela introdução das primeiras locomotivas a diesel e de novas melhorias ao longo da ferrovia. Figura 4 – Construção da Ferrovia Vitória – Minas no centro de Colatina/ES 14 Figura 5 – Ferrovia Vitória – Minas, que cortava a Avenida Getúlio Vargas Figura 6 – Ferrovia Vitória – Minas, que cortava a Avenida Getúlio Vargas 15 Figura 7 – Antiga Estação Ferroviária e atual Biblioteca Municipal A maior parte do município de Colatina é considerada como área rural. Essa grande área, entretanto, possui muito pouco da cobertura vegetal original de Mata Atlântica, bioma de todo o município. As atividades econômicas de agricultura e pecuária desenvolvidas nessas áreas representam muito pouco da economia municipal. Além disso, a transformação da terra rural em mercadoria urbana gera segregação socioespacial, na medida em que as terras rurais próximas as infraestruturas urbanas já instaladas tornam-se cada vez mais caras. Colatina é cortada pelo Rio Doce, que divide a cidade em duas porções, norte e sul. Essas partes concentram dois polos comerciais, que são os bairros Centro e São Silvano interligados pela ponte Florentino Avidos, e devido a esta circunstância a mesma apresenta um grande fluxo de veículos. A enorme ponte metálica sobre o Rio Doce, foi a 2ª ponte ferroviária a ser construída na cidade de Colatina, denominada de Ponte Florentino Avidos, em homenagem ao Governador do Estado na época, com o mesmo nome. Hoje a ponte é adaptada para o transporte rodoviário, e deve a ferrovia a sua existência. Pouca gente sabe que ela foi construída para servir de complemento de uma nova ferrovia, que partiria da EFVM em Colatina e ligaria ao sul da Bahia, denominada Estrada de Ferro Norte do Rio Doce. Inaugurada em 1928 é a mais movimentada ponte da cidade, atravessa o Rio Doce. Sua construção tinha como o objetivo de usá-la para a estrada de ferro que ligaria Colatina a São Matheus, porém essa construção da estrada de ferro foi cancelada e a ponte teve de ser usada para carros e pedestres. Tem cerca de 800m de comprimento, duas passarelas e seus pilares de sustentação tem forma triangular. Atualmente considerada ponto turístico, teve seutráfego diminuído devido a problemas na estrutura, redirecionando alguns veículos para a Segunda Ponte. 16 Figura 8 – Vista aérea do Rio Doce, que divide a cidade de Colatina em norte e sul Figura 9 – O Rio Doce divide a cidade de Colatina em norte e sul O município possui uma rodovia federal do lado sul da cidade, de grande importância para o escoamento de produtos, sendo construída com o intuito de desafogar o fluxo de grandes veículos dentro da zona urbana. Em 1928, com a inauguração da ponte Florentino Avidos, foi rompida a barreira que impossibilitava o comércio na outra margem do rio, e consequentemente a ocupação do lado norte do Rio Doce foi acontecendo, e assim foi criado um novo eixo comercial. 17 O rio deixou de ser obstáculo para as transações comerciais, e o cenário da ponte e do pôr do sol passaram a ser a identidade da cidade. Hoje conta-se também com a existência de uma segunda ponte, porém com fluxo menor de veículos de pequeno porte por ser mais afastada do centro da cidade. A superação do limite físico imposto pela presença do Rio Doce para a reprodução da pequena propriedade também no norte do rio foi um fator determinante para o desenvolvimento do município. Houve pressão para que fosse construída a ponte sobre o Rio Doce para o deslocamento da produção de café. Dessa forma, foi construída em 1928 em Colatina, a primeira ponte sobre o Rio Doce no estado do Espírito Santo. A partir da construção da ponte, Colatina converge todo o acesso ao norte do estado. A ponte facilitou o escoamento da produção de madeira e com isso, expandiu- se ainda mais esse setor que foi uma importante atividade econômica do início da formação de Colatina. A produção do café, a partir de então adquire mais importância no município, pois avançava também sobre as grandes áreas desmatadas com a produção da madeira. De acordo com Campos Júnior (2004, p. 26) “Colatina veio a ser o 13º maior município produtor de café do país no ano de 1947”. Essa boa situação econômica de produtora e comercializadora de café foram favorecidas pela sua posição estratégica para o melhor acesso as terras produtoras. Figura 10 – Ponte Florentino Avidos, na década de 1930, vista a partir da margem sul do Rio Doce 18 Figura 11 – Ponte Florentino Ávidos (primeira ponte), a primeira ligação sobre o Rio Doce, ligando os bairros centro e São Silvano Figura 12 – Segunda Ponte de Colatina/ES A Segunda Ponte de Colatina destaca-se pela importante função de desvio do fluxo de veículos transportadores de cargas em geral, pois possibilita melhor acesso a circulação entre as principais rodovias do estado. Antes de sua construção havia 19 grande fluxo de veículos que passavam pelo centro de Colatina, prejudicando, portanto, a mobilidade urbana. Figura 13 – Vista aérea da Segunda Ponte de Colatina/ES Figura 14 – Vista aérea de Colatina identificando a localização das Pontes Florentino Avidos e Segunda Ponte, da esquerda para a direita, respectivamente A cidade possui um autêntico cartão postal em olhares internos e externos a ela, sendo a segunda maior estátua do Cristo Redentor do país, construída e inaugurada em 1975 pela Prefeitura Municipal no bairro Cristo Redentor, hoje Bela Vista, na região 20 central da cidade, na administração do então prefeito Paulo Stefenoni. Construído pelo arquiteto, desenhista, pintor e escultor autodidata, Antônio Francisco Moreira, foi considerado na época a segunda maior estátua do Brasil, ficando atrás apenas do Cristo Redentor do Rio de Janeiro em apenas 2,5 metros. A sua construção foi iniciada em 1974. Tem altura total de 35,50 metros, a altura da estátua é de 20 metros, o pedestal mede 15,50 metros, o comprimento das mãos tem 1,80 metros e a largura de braço a braço é de 40 metros. Na época da construção Moreira foi chamado de "artista operário". Tinha 54 anos, nascido no município capixaba de Guaçuí, sul do Estado, e era de origem humilde. Órfão de pai desde o primeiro ano de vida, começou a trabalhar ainda menino para ajudar a família. Tinha apenas oito meses de estudos. Esculpiu as estátuas do Cristo Redentor em Guaçuí e de Itaperuna, no estado do Rio de Janeiro, e a de São Miguel, que fica na torre da igreja católica de Guaçuí. Pintou quadros, murais e retratos de personalidades ilustres. Figura 15 – Localização do Cristo Redentor em Colatina/ES 21 Figura 16 – Cristo Redentor de Colatina/ES O Iate Clube de Colatina foi criado em 1959. Projetado pelo arquiteto capixaba Marcelo Vivácqua traz linhas curvas características do estilo modernista brasileiro. Local de eventos políticos e sociais, nele foram realizados bailes temáticos de carnaval e Halloween festas de debutantes e casamentos, além de ter recebido políticos importantes como Tancredo Neves (TARDIN, 2013). Figura 17 – Construção do Iate Clube de Colatina/ES 22 Quando a população colatinense tomou conhecimento da demolição houve consternação. Denúncias levou a prefeitura a embargar a destruição e um abaixo- assinado foi criado para respaldar a preservação do patrimônio. Localizado em ponto de grande transição, próximo à ponte Fiorentino Avidos e à Estação Rodoviária, pessoas de vários municípios passam à sua frente e nem sabem que atrás dos muros existe tal marco histórico-cultural. Figura 18 – Foto atual das ruínas do Iate Clube de Colatina/ES Colatina, conquistou o terceiro lugar na disputa pelo pôr-do-sol mais bonito do Brasil, lançada pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Com a foto tirada às margens do Rio Doce, o município ficou à frente de Manaus, capital do Amazonas (4º), e do município de Cabedelo, no Estado da Paraíba (5º). Venceu a batalha a cidade de Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo. Já o segundo lugar foi para o município de Coremas, também na Paraíba. De acordo com o programa, foram mais de 4 milhões de votos no site do Fantástico em apenas dois dias. 23 Figura 19 – Pôr do sol de Colatina/ES Figura 20 – Pôr do sol de Colatina/ES Os vetores de crescimento, apresentados no diagnóstico do ISJN (1977), apontam que a cidade de Colatina cresceria seguindo três eixos principais na margem norte do Rio Doce: na direção do Bairro Honório Fraga, ao longo da BR 259, em direção ao Córrego do Ouro, e na direção do Bairro Maria das Graças (figura 21). 24 Figura 21 – Mapa com vetores de crescimento na década de 70 Fonte: Disponível em <http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp- content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a- transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os- livres.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. O diagnóstico para Colatina, elaborado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) em 1977, indica que: Em decorrência da acidentada topografia de Colatina, podemos observar uma tendência da cidade a se estender ao longo das margens do rio, principalmente no lado Norte onde existe mais espaços livres. O centro da cidade, na margem sul, encontra-se densamente ocupada com poucas possibilidades de expansão devido às condições topográficas. A cidade está crescendo na margem Norte, em 3 direções distintas: ao longo da BR 259 em São Cristóvão e no Córrego do Ouro, na direção do Bairro de Maria das Graças rio a baixo, e nas imediações do Frisa e Bairro Honório Fraga rio acima. (IJSN: 1977, p.17) No entanto, pela análise da figura 22, que mostra a trajetória de crescimento da cidade de Colatina, pode-se constatar que, além da confirmação de crescimento nos eixos da margem norte do Rio Doce, principalmente em direção ao Córrego do Ouro e ao bairro Maria das Graças, houve também um crescimento expressivo na margem sul, em direção aos atuais bairros: Noemia Vitali, Raul Guilberti e Jardim Planalto. http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdfhttp://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf 25 Figura 22 – Mapa de evolução urbana de Colatina/ES Fonte: Disponível em <http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp- content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a- transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os- livres.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. A área de expansão do bairro Noemia Vitali era composta por grandes propriedades, produtoras de café no início do século XX, que pertenciam a poucas famílias com influência política e econômica em Colatina. Atualmente, seus descendentes vendem as propriedades parceladas em lotes urbanos através de construtoras que exploram a imagem de segurança, lazer e bem-estar. As novas ocupações se dão na borda da cidade consolidada (figura 23), expandindo o limite urbano, e podem sobrecarregar a rede de infraestrutura viária e de serviços existentes na cidade, já que muitas vezes os loteamentos não contam com áreas para equipamentos urbanos e comunitários (educação, cultura, saúde e lazer), acessos consolidados, linhas de transportes públicos, serviços de comércio local e saneamento básico. Para Maricato (2012, p. 69), “um empreendimento mal localizado gera desperdícios, pois a extensão das redes e equipamentos urbanos para lugares não urbanizados impõe um alto preço ao conjunto da sociedade, que financia seus custos.” http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf 26 Figura 23 – Novos loteamentos Fonte: Disponível em <http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp- content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a- transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os- livres.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. Pelo fato de a cidade ter crescido sem um plano urbanístico, encontramos várias irregularidades ao longo do município. O crescimento foi desordeiro, tornando as atividades cotidianas mais estressantes, conduzindo o morador a passar horas dentro de carros próprios, ou transporte público. Após a ocupação dos dois centros comerciais, a população se estendeu para os terrenos mais íngremes da cidade, onde encontramos inúmeras casas mal estruturadas em encostas com risco de desabamento. Notamos também as ruas estreitas em todos os bairros, e as mesmas são ocupadas por inúmeros carros de passeio e desta forma prejudicando o trânsito dentro da cidade, principalmente nos horários de pico. http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf http://quapa.fau.usp.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/11/Evolu%C3%A7%C3%A3o-urbana-de-Colatina-ES-e-a-transforma%C3%A7%C3%A3o-do-papel-do-Rio-Doce-no-sistema-de-espa%C3%A7os-livres.pdf 27 Figura 24 – Construções irregulares 2 ZONAS DE COLATINA A cidade pode ser mapeada por zonas, sendo que cada uma destas zonas apresentam características específicas. Em nosso estudo dividimos a região norte e sul em zonas distintas. São elas: 2.1 REGIÃO SUL 2.1.1 ZONA 01: OLÍVIO ZANOTELLI, VILA LENIRA, SANTA TEREZINHA E MARIA ISMÊNIA 28 Figura 25 – Mapeamento da zona 01 na região sul de Colatina/ES Zona predominantemente residencial de classe média, em sua maioria residências multifamiliares de 3 a 5 pavimentos, com micro comércios localizados principalmente nas vias centrais. Sua via principal, a Avenida Presidente Kennedy é bastante movimentada devido ser uma via de acesso a outros municípios como São Roque do Canãa e Santa Teresa. Em geral, suas ruas são estreitas, sem acostamento e sem estacionamento, os carros familiares e comerciais (caminhões e caminhonetes) estacionam de forma irregular, ocasionando diversos problemas de trânsito. Antigamente as vias eram pavimentas com paralelepípedos e foram cobertas com manta asfáltica que apresentava diversas rachaduras, recortes e falhas causadas por manutenções regulares nas vias e nos sistemas de esgoto e água, atualmente a avenida passou por um recapeamento asfáltico. As calçadas são estreitas, ensolaradas e não possuem nenhuma acessibilidade a idosos ou portadores de necessidades especiais, sendo que diversos casos de acidentes já foram relatados. Os ônibus possuem itinerários somente nas vias principais, durando cerca de 40 a 45 minutos entre um ônibus e outro. A região conta com: creches, escolas municipais e particulares, posto de saúde, posto policial, supermercados, igrejas e postos de atendimento. Ex.: Banesfácil. 29 Figura 26 – Rua João Guilherme no Bairro Vila Lenira Figura 27 – Localização da fotografia da figura 26 capturada na Rua João Guilherme no Bairro Vila Lenira 2.1.2 ZONA 02: MOACYR BROTAS, JARDIM PLANALTO, MARISTA E FAZENDA VITALI 30 Figura 28 – Mapeamento da zona 02 na região sul de Colatina/ES Zona predominantemente residencial de classe média e alta, em sua maioria residências unifamiliares e multifamiliares de 3 a 6 pavimentos. Suas ruas são de tamanho moderadas, possuindo acostamento e estacionamento. O fluxo de carro é moderado em horário diurno e possui pouco fluxo à noite. As vias principais são asfaltadas ou pavimentadas com paralelepípedos. As calçadas são ligeiramente largas e possuem arborização, todavia necessitam de melhorias de acessibilidade a idosos ou portadores de necessidades especiais. Os ônibus possuem itinerário acessível à população, mas durando cerca de 40 a 60 minutos entre um ônibus e outro. A região não possui serviços próximos como supermercados, comércios, bancos e igrejas, fazendo com que os moradores tenham que se deslocar frequentemente com veículo próprio ou coletivo. O Bairro Moacyr Brotas e Jardim Planalto possuem serviço de saúde próximo e escolas. Já no bairro Marista ocorre o oposto. 31 Figura 29 – Avenida das Roseiras no Bairro Moacyr Brotas Figura 30 – Localização da fotografia da figura 29 capturada na Avenida das Roseiras no Bairro Moacyr Brotas 32 Figura 31 – Rua Martins Scarton no Bairro Marista Figura 32 – Localização da fotografia da figura 31 capturada na Rua Martins Scarton no Bairro Marista 2.1.3 ZONA 03: SÃO VICENTE, SANTA CECILIA, OPERÁRIO, PÔR DO SOL E BELA VISTA 33 Figura 33 – Mapeamentoda zona 03 na região sul de Colatina/ES Zona predominantemente residencial de classe média e baixa, em sua maioria residências unifamiliares e multifamiliares de 2 ou 3 pavimentos adensadas. Os terrenos são em sua maioria de alta declividade. Suas ruas são estreitas não possuindo acostamentos ou estacionamentos e ainda os carros familiares param de forma irregular, fazendo com que os ônibus e caminhões tenham dificuldade para transitar, ocasionando diversos problemas de trânsito. O fluxo de carro é moderado em horário diurno e noturno, as vias principais são asfaltadas, as calçadas são pequenas e estreitas sem acessibilidade a idosos ou portadores de necessidades especiais e alguns postes se encontram na rua. Os ônibus possuem itinerário nas vias principais, durando cerca de 30 minutos entre um ônibus e outro. A região possui pequenos comércios como mercados, bares prestadores de serviços. Não possui serviços próximos como hospitais e bancos, fazendo com que os moradores tenham que se deslocar frequentemente com veículo próprio ou coletivo, mas possui postos de saúde para casos considerados de pouca emergência. Possuem diversos problemas sociais e de segurança. 34 Figura 34 – Ausência de calçadas na Rua Antônio Folhagem Leitão no Bairro Bela Vista Figura 35 – Localização da fotografia da figura 34 capturada na Rua Antônio Folhagem Leitão no Bairro Bela Vista 2.1.4 ZONA 04: CENTRO E ESPLANADA 35 Figura 36 – Mapeamento da zona 04 na região sul de Colatina/ES A área central de Colatina passou de 3.913 habitantes em 1940 para 111.794 habitantes em 2010. Esta abriga 35% das unidades comerciais e 62% das unidades de serviços da cidade (PMC, 2010). Além disso, estas atividades computam 60,2% do total dos empregos formais do município. Esses dados revelam que o Centro é a região mais dinâmica e atrativa da cidade. É necessário ressaltar, contudo, que o comércio atacadista busca se instalar nas proximidades das infraestruturas de transporte, as margens das rodovias fora do centro. O Centro de Colatina é polifuncional e ativo, mantém sua densidade por concentrar serviços e comércio atrativo para a população residente e regional (sobrepõe comércio eletivo e popular), lazer, boa parte dos postos de trabalho, também concentra habitação. Entre as demais áreas da cidade, contudo, há bairros especialmente residenciais dependentes das atividades presentes no centro principal. Esse fato provoca maiores deslocamentos de veículos automotores para residência- trabalho ou residência-escola, por exemplo. Esses deslocamentos provocam 36 congestionamento de trânsito, que ocorre principalmente pelo acesso de muitos bairros ao Centro ocorrer por apenas duas pontes sobre o Rio Doce. O Centro é uma zona predominantemente comercial varejista, em sua maioria localiza-se entre à Avenida Getúlio Vargas e a Avenida Beira-Rio. Suas ruas são moderadas e possuem estacionamento em ambos os lados. O fluxo de carros é denso e difícil de estacionar, sendo que caminhões e ônibus intermunicipais oriundos pela estrada de acesso via São Roque e Santa Teresa transitam no Centro. O fluxo de carro em horários de pico é alto e lento. As calçadas apesar de serem largas e possuírem acessibilidade a idosos ou portadores de necessidades especiais, não conectam o centro aos outros bairros e nem é compatível com o trânsito de veículos. Não possui um terminal rodoviário, sendo o ponto de acesso à ônibus localizado em frente à Igreja Matriz prejudicando o trânsito. Figura 37 – Vista do ponto de ônibus em frente a Igreja Matriz no centro de Colatina/ES 37 Figura 38 – Localização da foto capturada na figura 37 no mapa de Colatina/ES Figura 39 – Centro de Colatina/ES 38 Figura 40 – Localização da foto capturada na figura 39 no mapa de Colatina/ES O problema do congestionamento do trânsito no centro da cidade decorre não somente pela falta de estacionamento para o transporte individual (automóvel), mas principalmente pela oferta limitada de transporte coletivo que não atende a população, pois anda com mais pessoas que o permitido entre outros fatores que não agradam as pessoas e elas acabam saindo com seus carros e na maioria das vezes ocupando apenas a vaga do motorista para ir ao centro e como consequência os estacionamentos disponíveis são poucos para suportar a demanda de transporte individual, os pontos de ônibus que não tem uma localização boa como mostra a figura 37; a ausência de espaços destinados à locomoção não motorizada. Além disso, a pouca permeabilidade imposta pela geografia, no caso de Colatina, a barreira do Rio Doce e a topografia acidentada de alguns morros também dificultam a mobilidade urbana. 39 Figura 41 – Centro principal e evolução urbana de Colatina/ES Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. Figura 42 – Unidades residenciais no centro e bairros próximos (cf. centro principal figura 41) Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf 40 Figura 43 – Unidades de Serviços no centro e bairros próximos (cf. Centro Principal Figura 41) Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. Figura 44 – Unidades comerciais no centro e nos bairros próximos Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf 41 O centro dinâmico de Colatina colabora para a sua polarização regional. As demais áreas da cidade, no entanto, também necessitam ser polifuncionais para minimizar as distâncias entre moradia-trabalho, moradia-escola e lazer. Indica-se a adoção do modelo da cidade compacta, que é densa, socialmente diversificada, polifuncional, cujos diversos núcleos abrigam uma diversidade de atividades públicas e privadas. A criação de outras centralidades de uso misto em Colatina reduziria a necessidade de deslocamentos, criaria bairros sustentáveis e “animados”. Mas esse processo deve ser aliado a medidas de não esvaziamento do centro principal. Figura 45 – Unidades industriais no Centro e bairros próximos Fonte: Disponível em <http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016- miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. Relevante destacar como as inundações há anos tem impactado parte importante da área urbana, sobretudo os locais em que se concentram os principais equipamentos de gestão municipal, a prefeitura implementou uma obra de enrocamento da Av. Beira Rio (figura 46), aterrando parte da margem direita, com intuito de alocar os principais equipamentos públicos como fórum, câmara de vereadores, rodoviária, pronto socorro e a própria sede municipal, conforme projeto e entrevista com técnicos municipais. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf 42 Figura 46 – Projeto do enrocamento da Av. Beira Rio emColatina – ES, margem direita do rio Doce Fonte: Disponível em <http://www.dsr.inpe.br/sbsr2015/files/p0057.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. De acordo com Dallapicola e Coelho (2015), o respectivo projeto foi executado com 2,00 m de cota topográfica afora do estipulado, o que além de inviabilizar a instalação destes órgãos na área, culminou com a implantação da obra estruturante que energiza a corrente do rio para a margem esquerda, potencializando a inundação. Localizado no bairro Colatina Velha, a obra da Av. Beira Rio avançou sobre o rio Doce cerca de 160,00 m, onde foram lançados cerca de 90mil m³ de pedra e 500 mil m³ de areia do próprio leito do rio. Todavia, a obra não foi capaz de deter a inundação de dezembro de 2013 (figuras 47 e 48), levando a medidas críticas de evacuação da área, pois a avenida não possibilitava o acesso a ES-259, isolando a área urbana central do Município pelo acesso rodoviário (DALLAPICOLA E COELHO, 2015). http://www.dsr.inpe.br/sbsr2015/files/p0057.pdf 43 Figura 47 – Obras na Avenida Beira Rio na vazante em dezembro/2013 Figura 48 – Avenida Beira Rio durante a inundação em junho/2014 A utilização de técnicas de processamento em ambiente SIG permitiram a interpretação da mancha de inundação, e por meio das imagens do Landsat-8 delimitou-se o avanço das águas do rio Doce sobre a Av. Beira Rio, o que possibilitou a mensuração da largura do leito em períodos de vazante, onde o mesmo apresenta cerca de 844,00 m de largura, e em períodos de cheia onde a calha principal do rio atingiu cerca de 950,00 m, o que traduz um avanço de cerca 106,00 m a mais se comparado ao período de vazante, considerando o ponto de menor avanço do rio sobre o território urbano na inundação de dezembro de 2013. Por outro lado na maior faixa de aterro de 160,00 m de largura, a água do rio inundou cerca de 200,00 m da área urbana, isolando equipamentos residenciais e urbanos comprometendo o abastecimento e o acesso, além de expor a população a vetores de doenças por veiculação hídrica. Destaca-se, também, que Colatina Velha é um dos bairros mais antigos do Município, compreendendo uma área de 0,44 km², e que cerca de 40% de sua área (0,18 km²) foram atingidas pela a inundação (figura 49). Conclui-se portanto que o projeto de enrocamento não conseguiu conter as grandes inundações sazonais deste corpo hídrico. 44 Figura 49 – Mancha de inundação representa 40% do território do Bairro Colatina Velha Fonte: Disponível em <http://www.dsr.inpe.br/sbsr2015/files/p0057.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. A partir destas exposições é possível repensar a implantação de obras estruturantes como a de enrocamento, balanceando os gastos dos recursos públicos e os impactos ao meio ambiente, modificação da dinâmica do corpo hídrico, com os benefícios de fato a sociedade. Compreendendo que o planejamento urbano deve ser consorciado a análises geoespaciais prévias das zonas e usos a que serão destinadas, preferencialmente por especialistas que dispõe de um olhar diferenciado. Respeitando as legislações ambientais e a dinâmica local. A partir destas evidências podemos evidenciar que é necessário um planejamento urbano municipal, que concilie a análise do território o qual está inserido, e que as geotecnologias são ferramentas que muito contribuem para estes diagnósticos evidenciando as zonas mais susceptíveis as inundações, possibilitando sua delimitação e consequentemente a elaboração de planejamento especifico que auxilie na tomada de decisão. http://www.dsr.inpe.br/sbsr2015/files/p0057.pdf 45 Figura 50 – Rua Aurélio Gati no Bairro Esplanada 2.1.5 ZONA 05: COLATINA VELHA E SANTA MARGARIDA Figura 51 – Mapeamento da zona 05 na região sul de Colatina/ES 46 São bairros mistos, residenciais e comerciais. Apresentam grande diversidade no comércio, como hotéis. Local onde foi construída a extensão da Avenida Beira Rio de Colatina, atual área de eventos municipais. Conta com a presença de postos de abastecimento, um Instituto Federal e até mesmo o presídio da cidade. Figura 52 – Avenida Neves Lima de Souza no Bairro Santa Margarida Figura 53 – Localização da fotografia da figura 52 capturada na Avenida Neves Lima de Souza no Bairro Santa Margarida 47 Figura 54 – Colatina Velha com expansão da Avenida Beira Rio Figura 55 – Localização da fotografia da figura 54 capturada na Avenida Beira Rio no Bairro Colatina Velha 2.2 REGIÃO NORTE 2.2.1 ZONA 06: SÃO SILVANO E LACÊ 48 Figura 56 – Mapeamento da zona 06 na região norte de Colatina/ES Trata-se de um bairro comercial, com residências de 2 a 4 pavimentos. Apresenta uma avenida principal onde se concentra o comércio de lojas, supermercados, farmácias, igreja matriz, e lojas de automóveis. As ruas principais são de mão única, sendo que as demais são estreitas, e por muitas vezes o transporte coletivo junto dos carros de passeio geram congestionamento nas vias centrais. Ônibus de bairros adjacentes passam por ele, e o trajeto destes bairros ao Centro dura em torno de 20 minutos. A região possui escolas, posto de saúde, postos de gasolina, creche, lanchonetes, supermercados, farmácias e etc. No bairro São Silvano encontra-se também a Igreja Católica Matriz e um antigo Clube ACD/Galetos. As ruas apresentam pouco espaço de calçada, e não atendem a normas da NBR. 49 Figura 57 – Rua Jacinto Basseti no Bairro São Silvano Figura 58 – Localização da fotografia da figura 57 capturada na Rua Jacinto Basseti no Bairro São Silvano 2.2.2 ZONA 07: CASTELO BRANCO, MARIA DAS GRAÇAS, RIVIERA E SANTA HELENA 50 Figura 59 – Mapeamento da zona 07 na região norte de Colatina/ES Zona com poucas residências térreas, e as demais apresentam mais de dois pavimentos. Possui um grande fluxo de pessoas devido a faculdade FUNCAB. O fluxo de carro é moderado e as ruas são estreitas e de mão dupla. As principais vias são asfaltadas, e as calçadas estão deterioradas e não atende as normas da NBR. São zonas típicas de indústrias de confecção têxtil, e apresenta um comércio bem restrito, com mercearias, lojas de vestuário e lanchonetes. É também por esta zona que temos acesso a uma grande distribuidora, ao pequeno aeroporto da cidade que é quase inutilizado e a segunda ponte de Colatina, sendo o principal caminho recorrido quando a ponte Florentino Avidos está interditada. 51 Figura 60 – Rua Salvador Pireda no Bairro Maria das Graças Figura 61 – Localização da fotografia da figura 60 capturada na Rua Salvador Pireda no Bairro Maria das Graças 2.2.3 ZONA 08: MARTINELLI, HONÓRIO FRAGA, COLUMBIA E NOVO HORIZONTE 52 Figura 62 – Mapeamento da zona 08 na região norte de Colatina/ES Zona beira rio com residências térreas e prédios. O bairro é universitário, apresentando um comércio bem diversificado de bares, supermercados e farmácias. O bairro conta com transporte coletivo precário, não atendendo a demanda nos horários de pico. As ruas são estreitas, não tendo espaço suficiente para estacionamento, prejudicando o trânsito. E as calçadas são quase inexistentes. A zona conta com indústrias no ramo da alimentação e da confecção de roupas. E também com um novo residencial verticalizado próximo a universidade. Figura 63 – Avenida Fioravante Rossi, principal avenida do Bairro Honório Fraga 53 Figura 64 – Localização da fotografia da figura 63 capturada na Rua Fioravante Rossi no Bairro Honório Fraga 2.2.4 ZONA 09: SÃO MARCOS E MORADA DO SOL Figura 65 – Mapeamento da zona 09 na região norte de Colatina/ES São bairros residenciais, com alta declividade, e devido a este agravante possui áreas com grandesriscos de desabamentos. Em sua maioria são casas térreas e de grande adensamento populacional. 54 Figura 66 – Rua Alfredo Chaves no Bairro São Marcos Apresenta ruas estreitas, com calçadas quase inexistentes, e foge das normas da NBR. 2.2.5 ZONA 10: SANTO ANTÔNIO, NOSSA SRA. APARECIDA, AEROPORTO E FIORAVANTE MARINO Figura 67 – Mapeamento da zona 10 na região norte de Colatina/ES São zonas com alta declividade. Em sua maioria são casas térreas, ou com até três pavimentos. As ruas são estreitas, sem espaço para estacionamento, prejudicando o trânsito dentro dos bairros. As vias principais são asfaltadas, sendo 55 que as ruas adjacentes são calçadas com bloquetes ou paralelepípedos. As calçadas em sua maior parte são inexistentes. Figura 68 – Rua Visconde de Cairú no Bairro Santo Antônio Figura 69 – Localização da fotografia da figura 68 capturada na Rua Visconde de Cairú no Bairro Santo Antônio Esta zona conta com mercearias, lanchonetes, farmácias, escolas, creches, clínicas odontológicas, postos de saúde, pet shops, salão de beleza e etc. 56 CONCLUSÃO A ocupação de Colatina originou-se pela busca de novas terras produtivas na região norte do Espírito Santo no final do século XIX e o desenvolvimento da cidade foi impulsionado pela construção da ferrovia Vitória-Minas em 1906 e da ponte sobre o Rio Doce em 1928. A confluência das vias de transporte possibilitou Colatina a se configurar como um centro regional, mas sua população urbana era pequena em comparação a população rural na década de 1940 (TEIXEIRA, 1974) e a sua malha urbana apresentava ainda um crescimento contínuo/contíguo. Foi a partir da década de 1950, com o surgimento de loteamentos em áreas mais distantes do principal aglomerado, que a urbanização começa a ficar dispersa. Na década de 1980, esse processo é agravado devido ao aumento populacional da cidade, provocado pela crise da produção cafeeira. O crescimento populacional resultou numa maior ocupação de áreas com topografia acidentada, próximas ao centro principal e às principais vias, e também no surgimento 144 de grandes loteamentos. Alguns destes loteamentos foram implantados longe da malha urbana, onde o preço da terra é mais barato e também próximo às vias de transporte rodoviário. A infraestrutura de transporte e a mobilidade urbana foram um dos fatores determinantes para a dispersão da urbanização. As linhas de crescimento da cidade seguiram, em grande parte, as rodovias que ligam Colatina aos municípios vizinhos, à capital Vitória e ao estado de Minas Gerais. Apesar do aumento populacional da cidade, o município de Colatina não teve um incremento populacional considerável desde a década de 1950. Esse fato ocorreu devido ao desmembramento do território para criação de novos municípios. Apesar da perda de população, de território e de renda a partir das emancipações políticas, Colatina sustenta fortes relações econômicas com esses novos municípios e se mantém como cidade polo estruturador dessas relações. A relação que Colatina mantém com as cidades vizinhas possui grande potencial de se tornar intraurbana. Além da movimentação de capital e mercadorias, entre essas cidades, existe o deslocamento humano para trabalho, lazer, compras, escola, hospital e outros serviços. Essa vitalidade urbana que Colatina mantém na região é possibilitada pela ampla oferta de comércio e serviços que possui. A presença em Colatina de empresas de comércio atacadista também reforça a característica de 57 cidade entreposto comercial. Dentre as empresas atacadistas presentes em Colatina, três delas estão entre as dez maiores do país (Colatina Vale Mais, 2005) e mantêm- se como as maiores do estado: Forzza, Frisa, Nicchio Sobrinho 145 e São Bernardo Saúde - ligadas a produção de café, derivados de carne e serviços de saúde (IEL, 2011), alguns destes com cartela diversificada de serviços que inclui assessoria em Comércio Exterior. Essas empresas representam grande parte dos produtos transportados e atendem clientes em todo mercado nacional. Os principais investimentos e intervenções aumentam a urbanização e provocam também a dispersão. O aumento do perímetro urbano da cidade e a delimitação de novas zonas industriais em áreas rurais é um exemplo disso. O poder municipal, através de aprovação na câmara de vereadores, aprovou em 2011 a ampliação do 146 perímetro urbano da cidade, a fim de atrair investimentos dos setores imobiliário, industrial e de logística. Uma característica que o crescimento da cidade de Colatina apresenta é pequenas ou grandes propriedades dando lugar a loteamentos, quando tais áreas adquiriam vantagens locacionais. A ausência de um controle público da urbanização deixa a localização das moradias a mercê do interesse privado, que leva à dispersão do tecido edificado da cidade. O aumento da urbanização para atender a interesses essencialmente econômicos contribui para a dispersão urbana e gera, com isso, a segregação socioespacial pela elevação do preço da terra. Por exemplo, as habitações construídas para população de menor renda por meio de financiamentos e subsídios federais do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) traz a tona o problema da localização. 147 Essas moradias são construídas longe dos principais postos de trabalho e serviços urbanos. A localização dessas moradias é muitas vezes definida pela lógica do mercado que favorece a urbanização dispersa e gera maior custo para implantação de infraestrutura e dos equipamentos urbanos necessários. Essa tendência do crescimento da cidade de Colatina apresenta-se onerosa e pouco sustentável para as áreas urbanas e para as áreas rurais. A urbanização dispersa em Colatina provoca segregação socioespacial; maiores custos com infraestrutura urbana; espaços com baixas densidades e monofuncionais; poluição pelos maiores deslocamentos por veículos automotores; e um agravamento da degradação ambiental em um território já bastante esgotado. Os desafios para um crescimento sustentável da cidade de Colatina passam pelo planejamento municipal, urbano e rural, e também regional. O planejamento municipal 58 deve evitar a extensão desnecessária do perímetro urbano e potencializar as áreas de baixas densidades tornando-as polifuncionais, com o incremento de uma diversidade de atividades públicas e privadas. A promoção de espaços polifuncionais reduziria, em grande parte, os problemas relacionados aos deslocamentos humanos e, com isso, otimizaria o espaço urbano gerando núcleos compactos com maior qualidade urbana. O planejamento do crescimento da cidade deve ser associado a uma recuperação das áreas de proteção ambiental, protegendo e recuperando a cobertura vegetal, matas ciliares, recursos hídricos, fauna, etc., e a uma potencialização das atividades agropecuárias que podem ser mais produtivas e trazer menos prejuízos ao meio ambiente. Além disso, pela sua característica de cidade centro regional e cidade polo o planejamento também deve acontecer de forma regional. Para que a dotação de qualidade urbana em Colatina irradie também na qualidade urbana dos municípios vizinhos com quem mantém fortes relações. Este trabalho revelou que o crescimento da cidade de Colatina é disperso e que tal característica tem como fatores determinantes: um crescimento determinado pelas vias de transporte; a ausência de um planejamento público municipal; e uma estratégia de desenvolvimento econômico que amplia a urbanização estendida, aumenta a segregação socioespacial e agrava a degradação ambiental. Observou- se, ainda, que a legislação urbanística de Colatina não privilegia o espaço público, não o classifica como elemento estruturador do território e não prevê ações ou diretrizes para transformar este cenário. 59 REFERÊNCIAS ALBANI, Viviane MIRANDA, Clara Luiza. Trajetória do crescimento de Colatina. Disponível em: <http://www.labcom.fau.usp.br/wp- content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. DALLAPICOLA, Maionny Soares Quieza; COELHO, André Luiz Nascentes. Transbordamento das águas do rio Doce na área urbana de Colatina / ES em dezembro de 2013. Disponível em: <http://www.dsr.inpe.br/sbsr2015/files/p0057.pdf>. Acesso em: 22 de Mar. de 2019. GOOGLE MAPS. Downloads de planos de informação do estado, município, bairros, corpo d’agua entre outros. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em 24 mar. 2019. MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. MIRANDA, Clara Luiza; ALBANI, Vivian. Cidade de Colatina, ES: a resiliência de uma cidade entreposto. Uberlândia: CINCCI IV Colóquio Internacional sobre o comércio e cidade: uma relação de origem, 2013. 18 p. PREFEITURA MUNICIPAL DE COLATINA. Disponível em <http://www.colatina.es.gov.br/newIndex.php>. Acesso em: 23 mar. de 2019. SERPA, Ângelo. Lugar e Centralidade em um contexto metropolitano. In CARLOS, Ana Fani A., Souza, Marcelo L., SPOSITO, Maria Encarnação B. (Orgs.) A Produção do Espaço Urbano, agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011. SIMÕES, Renata Mattos; MENDONÇA, Eneida Maria Souza. Evolução Urbana de Colatina-ES e a transformação do papel do Rio Doce no sistema de espaços livres. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, 2015. 17 p. VALE. História da EFVM. Disponível em: <http://museuvale.com/site/website/Museu.aspx?id=5&tipo=3>. Acesso em 22 mar. 2019. VIEIRA, Elaine et al. O Iate Clube de Colatina e a preservação do patrimônio. Disponível em <http://olharurbanista.blogspot.com.br/2015/06/o-iate-clube-de- colatina-e-preservacao.html>. Acesso em: 23 mar. de 2019. http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf http://www.labcom.fau.usp.br/wp-content/uploads/2015/05/4_cincci/016-miranda.pdf
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