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AULA 3 ATENÇÃO PRIMÁRIA E SAÚDE DA FAMÍLIA Profª Tânia Maria Santos Pires 2 CONVERSA INICIAL A promoção à saúde é definida como a “capacitação de pessoas ou comunidades para atuar a favor de sua qualidade de vida e saúde, sendo cada vez mais protagonista neste processo” (OMS, 1986). Para atingir essa meta, o cidadão precisa entende o que é ter qualidade de vida, o que é ter saúde e como pode agir nesse sentido. Diante do contexto de pobreza, falta de escolaridade, falta de infraestrutura em muitas moradias e acúmulo populacional urbano, é importante perguntar-se como as pessoas comuns, de modo geral, poderiam fazer isso. Bem antes da Conferência Internacional de Promoção de Saúde em Ottawa, no Canadá (1986), pessoas ligadas ao Movimento da Reforma Sanitária apropriaram-se de um conceito de educação, que ficou conhecido como educação libertadora. Este modelo educacional nasce das reflexões do educador Paulo Freire, que entendia o ser humano como portador de um imenso potencial de crescimento, de compreensão da vida e do seu meio, e cheio de conhecimento. Este conhecimento deveria impulsionar a libertação de preconceitos e de manipulações, oferecendo-lhe autonomia para tomar decisões sobre sua vida. O que vamos discutir nesta aula é justamente como tal metodologia influenciou as ações de saúde e como ainda hoje pode e deve ser usada para o empoderamento das comunidades e o seu necessário desenvolvimento. CONTEXTUALIZANDO Sr. Antônio da Silva, 55 anos, vem em consulta de enfermagem na Unidade de Saúde Lugar dos Anjos, área laranja, para controle de hipertensão. No momento da consulta, foi constatado que a pressão do paciente estava em 200x110. A enfermeira encaixou o Sr. Antônio no atendimento médico. O Dr. Marcos, médico de família daquela área, estranhou o descontrole da pressão, porque o Sr. Antônio estava com a pressão controlada há algum tempo. Enquanto aguardava a medicação fazer efeito, conversou bastante com o paciente. De certa maneira, o Dr. Marcos já sabia o motivo de Antônio estar com a pressão tão alta. Uma semana antes, Dannyelly, de 15 anos, filha do paciente, havia iniciado cuidados de pré-natal. Sr. Antônio relatou que a situação da gravidez da filha o estava deixando triste, preocupado e com raiva ao mesmo tempo, principalmente porque o pai da 3 criança era um rapaz sem juízo. Comentava-se, na vizinhança, que era usuário de drogas. Ele e a esposa haviam combinado que cuidariam do neto para que a filha pudesse voltar a estudar depois que o bebê nascesse, mas ele estava preocupado porque tinha medo de que a filha continuasse aquele relacionamento. Durante a consulta, Antônio chorou bastante; contou, em tom de desabafo, que tivera 3 filhos homens, então com as idades de 35, 33 e 30. Como não tiveram uma menina, a esposa insistiu para que adotassem a sobrinha-neta Dannyelly, cuja mãe era uma adolescente solteira, que havia se envolvido com drogas e falecera numa briga de gangue aos 16 anos. Naquela época, a esposa havia parado de trabalhar para cuidar da nova filha, e ele apoiou a escolha, porque afinal, “com menina a gente tem que ter mais cuidado do que com menino”. Eles sempre aconselhavam a filha a respeito dos riscos de se envolver com colegas que usassem drogas, porque naquele local onde moravam, isso era algo bastante comum. No entanto, de uns tempos para cá, ela estava em constante rebeldia contra eles, e desobedecia sempre às suas ordens. Finalmente, considerando a situação em que estava envolvida, reconheceu que eles tinham razão. Sr. Antônio deseja muito mudar-se da região, porque teme que o pai da criança tente se aproximar do neto no futuro, e que seja uma influência ruim. Contudo, ainda não encontrou uma saída para a situação. Ele precisaria vender a sua casinha, construída com muito esforço, mas sabe que não será fácil conseguir um local melhor. Ao ouvir a narrativa do drama familiar, história tão comum naquela área, o médico e a enfermeira chamaram o restante da equipe para discutir de que forma poderiam elaborar um plano de cuidados para aquela família. Também discutiram ideias para diminuir a incidência de casos semelhantes. Deram destaque ao fato de que, naquele momento, estavam cuidando de outras sete adolescentes grávidas. O que fazer para modificar esta realidade, que insiste em se repetir por tantas gerações? Ajude-os a encontrar soluções. TEMA 1 – REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE Umas das maiores frustrações dos profissionais de saúde, sobretudo daqueles que se sentem comprometidos com a sua missão, é perceber que há poucas mudanças na realidade das famílias pobres com o passar do tempo. Parece-nos muitas vezes que aquilo que fazemos não surte efeito – quando surge Mirian Rosana Realce 4 uma jovem de 15 anos grávida, quando damos um diagnóstico de HIV para alguém, quando percebemos os dentes incisivos frontais de uma criança destruídos por cáries, ou quando diagnosticamos doenças que podem ser prevenidas com tal facilidade, como a tuberculose e verminoses, ainda presentes em nosso meio, e às vezes causando até mesmo mortes. Há uma sensação de desânimo; nos perguntamos sempre: como mudar essa realidade? Antes de nós, outros já fizeram essa pergunta no Brasil. Por mais difícil que seja mudar a realidade, a fórmula há muito foi descoberta: educação. O problema, porém, não é tão simples de solucionar, porque a outra pergunta que se faz é: o que significa de fato prover educação? No início do século passado, a famosa Revolta da Vacina mostrou como o diálogo com o povo é necessário. Mesmo diante de uma situação grave de doença, e com uma importantíssima arma disponível para combater a epidemia, a vacinação foi boicotada pela população de diversas maneiras, porque foi imposta a partir de um modelo de polícia médica, que obrigava as pessoas a se submeterem a um procedimento que elas não conheciam. Do mesmo modo, muitas outras ações são impostas aos cidadãos. Interessante relembrar que, quando Evandro Chagas conduziu o processo de vacinação, após uma campanha de esclarecimentos ao povo sobre a vacina, ressaltando a sua importância no combate da epidemia, houve adesão e sucesso. Esse modelo de imposição, de poder validado pela ciência, ainda hoje pauta a forma como as ações de saúde são passadas à população. Nós, profissionais de saúde, como legítimos representantes da ciência, não admitimos ser questionados, nem que surjam dúvidas sobre nossas orientações e ensinamentos. Desse modo, nos afastamos cada vez mais da população que atendemos, mesmo cheios de boas intenções. No Brasil, um certo modelo educativo, com palestras e outros modos de transmissão de conhecimentos em saúde, vem sendo implementado há muito tempo. Os primeiros agentes de saúde, ligados à fundação Sesp (Serviço Especial de Saúde Pública), focavam em normas de higiene, orientações sobre a lavagem das mãos, uso de sapatos, roupas limpas, lavagem da roupa, e outras práticas várias, como ferver a água que se bebe. Tais instruções vêm sendo repassadas à população há anos. O que não se perguntou ao cidadão é como ele vai superar as enormes dificuldades que têm, como resultado da ausência de infraestrutura, para atender aos objetivos higienistas. 5 Além de tudo, o conhecimento, em si mesmo, não causa mudanças de comportamento. Pergunto a você que está agora estudando este assunto: na sua opinião, as adolescentes que engravidam nas grandes cidades e centros urbanos, o fazem por falta de conhecimento de como acontece uma gravidez? Ou será que não sabem como poderiam evitar tal situação? Imagino que sua resposta é que não falta divulgação de como usar camisinha; afinal, os anticoncepcionais são distribuídos na rede de saúde. Então, por que elas continuam engravidando? A respostaestá nos estudos de Paulo Freire, famoso educador brasileiro, que deixou um enorme legado à educação deste país e do mundo. Freire defende que o processo educativo se efetiva quando ele faz sentido para a vida da pessoa. Nesse momento, se concretiza a consciência do seu próprio estado e a necessidade de mudança. A pessoa precisa enxergar-se dentro do processo educativo; este, por sua vez, tem que lhe trazer esperança, o que motiva novas atitudes e novos resultados. A esperança talvez seja a parte mais difícil de se trabalhar com pessoas que se sentem abandonadas, com autoestima baixa, sendo discriminadas na sociedade diariamente. Em virtude de tudo isso, sentem-se aprisionadas em suas vivências de pobreza. Elas entendem que têm pouco a perder e extravasam a sua revolta com o sistema que as mantem desse modo, agredindo tudo à sua volta. Assim, agridem também os profissionais que trabalham nas Upas (Unidades Básicas de Saúde), descarregando a sua raiva: quebram móveis, assaltam escolas e vandalizam praças, devolvendo a injustiça a que são submetidos. Por sua vez, esses comportamentos tão frequentes por parte da população mais pobre provocam, nos profissionais de saúde, diversas reações, que vão da desmotivação com o trabalho ao julgamento das pessoas que são o seu maior alvo da atenção, o que gera barreiras no andamento do trabalho. Muitas são as reações dos profissionais de saúde com vistas a demonstrar a sua frustração com os processos de atendimento. Certa vez, ouvi o relato de um colega pediatra que estava com muita raiva porque sua casa havia sido assaltada. Ele estava atendendo as crianças da área mais carente da Unidade de Saúde, mas estava visivelmente aborrecido e mal-humorado. Eu perguntei o que havia acontecido, e ouvi a seguinte resposta: “Eu estou aqui atendendo essas crianças, para que elas depois cresçam e assaltem a minha casa”. É compreensível que ele estava com raiva e frustrado; mas a sua resposta demonstra um pensamento Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 6 comum em muitos profissionais – é também uma manifestação de desesperança, como se nada adiantasse, pois muitas pessoas esperam somente pelo pior. Neste aspecto da desesperança, todos somos oprimidos; desse modo, todos nos beneficiaríamos da educação libertadora proposta por Paulo Freire. TEMA 2 – EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MODELO TRADICIONAL A importância da educação na saúde é senso comum. Sabemos que há muito tempo ela é prática importante dentro do setor da saúde, e vem evoluindo junto com a evolução dos conceitos de educação de modo geral. O modelo de educação que temos, também conhecido como educação sanitária, surgiu para o controle das epidemias que assolavam o país, estando dentro dos modelos educacionais aceitos no país naquela época – início do século XX (Maciel, 2009). A evolução dos conceitos educacionais trouxe mudanças na forma de proceder às ações educativas; porém, os avanços conceituais ainda não acarretam um impacto suficiente para que se reflitam na vida das pessoas, em especial das mais pobres. É importante lembrar que todos os contatos dos pacientes com os serviços de saúde são oportunidades de educação sobre as questões que envolvem o cuidado, desde que o paciente não se sinta discriminado nem humilhado pelos posicionamentos dos profissionais. Normalmente, identificamos, como ações de educação em saúde, atividades que são direcionadas a grupos de pessoas. Porém, é muito importante lembrarmos que o contato individual, durante uma consulta médica, de enfermagem, odontológica ou de qualquer outro profissional de nível superior ou técnico em saúde (que não seja no cenário da emergência), deve sempre conter o componente educativo. No contato individual, há sempre uma oportunidade para o processo educativo, porque ele acontece em momento sigiloso, sem testemunhas, o que oferece melhores oportunidades para perguntas e trocas. Afinal, o profissional já está fazendo mesmo muitas perguntas sobre a vida do paciente, então é aceitável que o paciente faça também seus questionamentos. Bons momentos para educação em saúde acontecem nas consultas que visam a proteção da saúde, como pré-natal, puericultura, senicultura, consultas odontológicas preventivas e coleta de citopatológico cérvico uterino. O Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 7 acompanhamento de doentes crônicos, como nas rotinas dos diabéticos e hipertensos, ou com pacientes com transtorno mental (e todo e qualquer momento que não seja de estresse para o paciente), deve ser um momento de interação, para que haja trocas de conhecimento no âmbito individual. No entanto, quando focamos na educação em saúde voltada aos grupos, notamos que os profissionais de saúde seguem os modelos conhecidos de educação; por isso, até a década de setenta, quando esses conceitos passaram a ser discutidos, o método usado para a educação em saúde era o que ficou conhecido como educação bancária. Este método baseia-se na transmissão de conhecimento por parte dos profissionais de saúde, através de palestras, breves aulas e momentos nos quais os profissionais de saúde falam sobre determinado tema e as pessoas escutam. O modelo vigente à época entendia o conhecimento como algo a ser decorado, mesmo que não tenha sido entendido. Assim, lidava-se com as disciplinas escolares, com os chamados “estudos dirigidos”, com muita informação e pouca crítica. Embora criticado nos dias atuais, é importante ressaltar que esse modelo é muito usado até hoje, porque é o modelo conhecido dos profissionais de saúde. Os termos relacionados a esta prática, como “transmissão do conhecimento”, “conscientização”, demonstram que o modelo de educação verticalizada, embasada na hierarquização do saber, com a utilização de linguagem técnica e com pouca efetividade no que tange à mudança de atitude das pessoas, ainda permanece. Diante dos profissionais de saúde, os usuários ficam calados; não fazem perguntas e não questionam os conteúdos, até mesmo porque na maioria das vezes não os compreendem totalmente. Assim, ao sair dos momentos educativos, não se recordam dos conteúdos ou os rejeitam internamente, não os adicionando na sua vida diária. As atividades coletivas que acontecem na APS (atenção primária à saúde), geralmente vinculadas aos pacientes programáticos, como hipertensos e diabéticos, passam pela chantagem da medicação. Muitas equipes só entregam a medicação se o paciente vier na palestra do programa. Embora essas falas aconteçam, as pessoas não entendem as falas e não se sensibilizam com as atividades propostas. Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 8 A partir dessa constatação, os educadores passaram a questionar a validade desse formato de educação, já que ele não se demonstrou efetivo, além de ter causado e ainda causar grande frustração aos profissionais de saúde. TEMA 3 – EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE O contexto que facilitou a proliferação de novas ideias na área de educação vem da necessidade de criar um pensamento crítico e de provocar uma reação das pessoas simples, analfabetas, que eram exploradas por latifundiários em toda a América Latina. Como agravante, regimes militares financiados pelo governo americano, em sua oposição às ideias da esquerda inspirada por Marx, dominavam a América do Sul, direcionando a educação com evitação a qualquer tipo de pensamento crítico gerador de oposição. Nesse cenário, surge o entendimento de que a educação seria um instrumento emancipatório, se ela construísse uma capacidade crítica, se desvendasse o caminho, sendo entendida assim como a libertação de toda opressão. Duas ideologias aparentemente opostas embasaram esse movimento: a ideologia cristã e a ideologia marxista. Uma canção muito cantada nas igrejas naquele momento, era ohino “A verdade vos libertará” de autor desconhecido por razões de segurança. Trazia a seguinte letra (Matos, 1975): Ó vinde vós ó povos de todas as nações, erguei-vos e cantai com alegria; Fazei soar nos ares nova melodia, que Jesus Cristo traz libertação. É tempo de vencer a vil escravidão, que em vós exercem homens ou ideias. É tempo de dizer que só Deus pode ser o único Senhor da humanidade. A verdade vos libertará, sereis em Cristo verdadeiramente livres. Vinde todos, sim ó vinde já e celebrai com alegria a vossa libertação. Nesse clima de questionamentos, surge uma nova concepção de educação, que entende o processo educativo como uma troca de saberes, em que o saber adquire significado para o educando, pois permite que ele pense e reflita sobre o conteúdo construído em conjunto, através de uma metodologia adequada para o adulto, que deve incluir a liberdade para a crítica, e a partir disso mesmo consolidar a sua compreensão dos fatos vividos. Era a educação popular que tomava forma, com a proposta emancipatória do indivíduo, efetivada através do processo educativo, sem importar o setor que o direcionava. O modelo de educação popular estendeu-se para a saúde, mantendo sua natureza política. Nesse sentido, vem ao encontro das discussões que embasam a promoção de saúde e o controle social, ou seja, a participação popular Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 9 consciente e esclarecida, com a livre tomada de decisão, com empoderamento popular e autonomia. A Educação Popular em Saúde configura-se como um processo de formação e capacitação que se dá dentro de uma perspectiva política de classe e que toma parte ou se vincula à ação organizada do povo para alcançar o objetivo de construir uma sociedade nova de acordo com seus interesses. Ela é caracterizada como a teoria a partir da prática e não a teoria sobre a prática como ocorre na educação em saúde tradicional. (Maciel, 2009) Na prática, o processo educativo acontece pela valorização das práticas populares e de seus saberes, utilizando-se daquilo que faz sentido para as pessoas naquele local, incluindo seus significados. A partir do momento em que as equipes de saúde compreendem tais princípios e os aplicam, ao invés de reproduzir o modelo tradicional, há maior adesão e consolidação de saberes em saúde. Para ilustrar esse modelo, trago a experiência de um jovem médico residente de medicina de família, supervisionado por mim, que implantou um momento de educação em saúde, fazendo uma roda de chimarrão. Para quem não conhece essa realidade, é uma prática tradicional de alguns estados, sobretudo no sul do Brasil – as pessoas se reúnem diariamente para tomar chimarrão e conversar. Num momento combinado, Dr. André sentava-se para tomar chimarrão e convidava seus pacientes. Muitos senhores vinham para a roda e a conversa se desenrolava naturalmente, sobre muitas coisas; no fim, sempre surgia algum assunto sobre doença, e André deixava o assunto rodar, junto com o chimarrão. As pessoas davam suas opiniões, compartilhavam suas vivências com aquele tema, ensinavam remédios e aconselhavam-se mutuamente. André notou melhoria na adesão de seus pacientes aos tratamentos e viu também crescer a roda de chimarrão, além de sua grande popularidade naquela comunidade. TEMA 4 – A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE NO SISTEMA UNICO DE SAÚDE (PNEPS-SUS) Importante destacar que os processos de educação em saúde requerem também a participação do Estado, na organização de políticas públicas que favoreçam os cidadãos e que sejam pautadas na equidade. Nesse sentido, em 2012 foi publicada a Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS), que traz como um de seus objetivos contribuir para a melhoria da qualidade de Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 10 vida, diminuir as desigualdades sociais e assim promover a erradicação da pobreza no Brasil (Brasil 2012). O conceito de educação popular em saúde, segundo a PNEPS, resgata o seu sentido original ao relacioná-la ao seu papel emancipatório: Educação Popular é compreendida como perspectiva teórica orientada para a prática educativa e o trabalho social emancipatórios, intencionalmente direcionada à promoção da autonomia das pessoas, à formação da consciência crítica, à cidadania participativa e à superação das desigualdades sociais. A cultura popular é valorizada pelo respeito às iniciativas, ideias, sentimentos e interesses de todas as pessoas, bem como na inclusão de tais elementos como fios condutores do processo de construção do trabalho e da formação. (Brasil, 2012) A educação popular, ligada ao setor da saúde, teve importante papel na construção de diversas políticas públicas fundamentais ao SUS, como a Política Nacional de Atenção Básica, a Política Nacional de Ações Estratégicas e Participativas (Participasus), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no âmbito do SUS, a Política Nacional de Promoção de Saúde, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde Integral da População LGBT (Brasil, 2002). Todas essas políticas traduzem discussões de representantes do controle social, para a implementação de políticas relevantes. Um dos pontos referenciais da educação popular em saúde é a valorização do saber popular. Na cultura popular ligada à saúde, estão os saberes dos raizeiros e benzedeiros, espalhados por todo o Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Todos nós conhecemos chás terapêuticos e outras formas de utilização de plantas e raízes. Os profissionais de saúde devem viabilizar o encontro das duas culturas de conhecimento e tratamentos. Relato como exemplo o caso de uma senhora que era portadora de uma extensa ferida de origem vascular grau II, e que necessitava de curativos especiais. A equipe estava muito frustrada porque, apesar de todo seu empenho, e da utilização de materiais caros, não havia melhora. A agente comunitária trouxe a informação que explicava a situação: a paciente, ao chegar em sua casa, retirava o curativo e substituía a cobertura da ferida por folhas de plantas amassadas. A equipe ficou muito aborrecida. Ao saber do fato, fiz uma reflexão com a equipe de enfermagem que cuidava dos curativos sobre o valor que a paciente dava ao tratamento com as plantas, e fiz uma proposta: e se conversássemos com a paciente para que ela fizesse uma infusão com as folhas Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 11 e lavássemos a ferida com o líquido? A sugestão foi acatada pela paciente e assim pudemos associar os dois saberes, respeitando a crença de cura da paciente. Outra dimensão do cuidado levada em conta pela PNEPS é a espiritualidade. O povo brasileiro é um povo religioso, que exerce suas manifestações de fé com fervor. No momento em que a pessoa está doente, essa dimensão se amplia, pela sensação de fragilidade que é trazida pela doença. A fé é um elemento de cura e de expressão de autonomia. As pessoas precisam de coragem para assumir seus posicionamentos religiosos, mesmo que eles não sejam parte da maioria. Além disso, o exercício coletivo da fé reforça a sensação de pertencimento, o que dá valor à pessoa e melhora a sua autoestima. Cabe aos profissionais de saúde utilizar-se desse elemento como forma de reforço positivo e de respeito. É importante destacar também o uso da arte popular como manifestação de cultura e de identidade de um povo. A utilização de técnicas de abordagem coletiva que se utilizem dessas linguagens é bem-aceita pela comunidade, porque ela se sente identificada. No Nordeste, o uso da poesia de cordel seria uma boa forma para apresentar ações de saúde para a comunidade, como também seria interessante o uso de bailes gauchescos para reunir idosos na região Sul do Brasil; podemos utilizar desses momentosde manifestação cultural e artística como espaços e oportunidades de educação em saúde. A PNEPS fortalece todas as manifestações populares, inclusive o controle social. De certa forma, é a raiz da participação popular nas questões de saúde, pois fundamenta também práticas alternativas de origem brasileira, que conversam com as metodologias científicas. Os bons profissionais de saúde não podem desconsiderar, em sua prática, esse conjunto de saberes, que de toda forma também está ligado à sua cultura e história. TEMA 5 – AS METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS As metodologias participativas são instrumentos muito importantes para a implementação da educação em saúde de forma dinâmica, facilitando a discussão e a formação do diálogo. Elas se fundamentam na PNEPS e, portanto, devem seguir os seus fundamentos: diálogo, amorosidade, problematização, construção compartilhada do conhecimento e emancipação (Brasil, 2012): Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 12 a. Diálogo – uma ação educativa jamais deve ser um discurso, com uma única via de fala, pois sempre deve permitir o diálogo. Para isso, é importante que o facilitador se mantenha aberto aos questionamentos e, acima de tudo, saiba respeitar a fala do outro. O discurso de poder afasta as pessoas e a linguagem rebuscada ou técnica cria barreiras para a troca de conhecimentos. Um dos fundamentos do aprendizado é a humildade. O arrogante não aprende, porque sente-se autossuficiente; o humilde, por sua vez, tem consciência de que não sabe tudo, de que o seu saber não é único, de que não é suficiente em si mesmo. Partindo desse princípio, todos temos o que aprender e o que ensinar uns aos outros, com respeito, humildade e diálogo horizontal e equilibrado. b. Amorosidade – É a valorização do afeto nas relações de construção do conhecimento. O que se destaca nessa questão é o sentimento que envolve as pessoas e que se demonstra na fala, nas atitudes, na comunicação não-verbal e no acolhimento das pessoas. Sabe-se que a amorosidade é essencial para o aprendizado e para a saúde de modo geral. Pesquisas demostram que as crianças que não se sentem amadas têm grande dificuldade de aprendizagem, e várias delas têm também deficiência de crescimento. O afeto caminha junto com a valorização do outro, com respeito aos posicionamentos, compreensão dos processos de vida e a prática de colocar-se no lugar do outro que sofre. A linguagem da amorosidade manifesta-se de diversas maneiras dentro de um grupo, principalmente no acolhimento da pessoa, de suas demandas e de todos os outros processos relacionados. Porém, é importante destacar que isso também significa valorizar a autonomia. A amorosidade não deve servir para desqualificar o outro como uma pessoa sem condições de tomada de decisão, mas para ajudá-lo a assumir todos os espaços possíveis para um melhor desenvolvimento pessoal. c. Problematização – a problematização permite a expressão da realidade vivenciada por todos os atores envolvidos no processo educativo. É a oportunidade de expressão e valorização da palavra de cada pessoa, com suas experiências e contribuições a cada discussão. O problema apresentado deve ser contextualizado na realidade das pessoas presentes. As falas devem ser compartilhadas com respeito e em linguagem acessível a todos. Por esse motivo, vem a necessidade do diálogo, como fundamento Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 13 do processo educativo. A ideia é que as decisões e soluções surjam como produtos da problematização, embasada na realidade de cada um, com planos executáveis dentro da realidade das pessoas, oferecendo soluções coerentes e simples, para que cada um possa agir por si mesmo e pelos outros. d. Construção compartilhada do conhecimento – Este momento é fruto do processo de discussão, problematização e diálogo, característico do processo educativo. O conhecimento é entendido como a apropriação de todas as experiências vivenciadas nos momentos de interação entre as pessoas, como acontece em todos os momentos de nossas vidas. Quando as pessoas estão abertas, elas tornam-se por si mesmas um canal constante de inspiração, aprendizagem e acolhimento, e trocam suas experiências. Eu me lembro de minha tia, que era uma mulher simples no que concerne à profissão e status social. Tia Zeca era operária de uma fábrica de sabonetes; em outro momento, foi merendeira da minha escola. Eu tinha muita admiração pela sua delicadeza ao falar com os outros, seu bom senso e sua educação. As pessoas da vizinhança vinham até ela para pedir conselhos, e ela era amável e educada com todos. Sua presença provocava bem-estar nas pessoas. Assim, uma pessoa torna-se referência de agregação, pois está em constante aprendizado, podendo levar outros ao mesmo patamar, através do respeito e da conciliação. Esse é o cenário de crescimento conjunto através do conhecimento. e. Emancipação – A educação popular deseja, acima de tudo, que as pessoas sejam emancipadas nas suas decisões, com pensamentos críticos, porém bem embasados, ao invés de apenas ecoarem o que a mídia apresenta. O entendimento das situações e de seu contexto de vida – e, acima de tudo, a compreensão da sua própria vida, história e família – traz sentido e melhora a autoestima, produzindo saúde, cidadania e autonomia. No sentido mais ampliado, trata-se de se libertar de toda forma de opressão, discriminação, exploração e violência, as quais se manifestam na sociedade na forma de discriminação de gênero, de raça, de opção sexual ou de local de moradia. Na verdade, é tomar o controle de sua vida, de suas decisões, criando esperança e novas perspectivas. Mirian Rosana Realce Mirian Rosana Realce 14 5.1 Ações educativas em saúde: metodologias As metodologias utilizadas para as ações educativas em saúde devem sempre seguir os fundamentos práticos de educação em saúde. Elas devem seguir um planejamento de acordo com os objetivos da ação, considerando a quem se destinam, número de pessoas esperado, local disponível e materiais que serão utilizados. É preciso ainda considerar a hora em que se dará a ação educativa e o tempo necessário. Quando se considera o local, deve-se pensar em qual posição as pessoas vão ficar, se sentadas ou de pé, se precisarão se movimentar durante o processo e o número de pessoas que pode ser acomodado no local. É adequado fazer uma planilha com a sequência dos passos a serem utilizados e quais os materiais de acordo com o momento (por exemplo, pincéis, papel kraft, folhas sulfites, cordões, fita adesiva e aparelho de som). Quanto mais criativas e divertidas forem as ações, maior a integração do grupo, principalmente se os participantes forem jovens ou crianças. Se o objetivo da ação é a prevenção, o tema deve ser abordado pelo menos um ano antes da idade de risco. A seguir, descrevo uma ação educativa realizada pela equipe da Unidade de Saúde Lugar dos Anjos numa escola e o respectivo planejamento. Após ouvir o relato do Sr. Antônio e de sua filha, eles resolveram agir para tentar diminuir esses problemas em sua área. Veja o planejamento e como aconteceu a ação educativa. Ação educativa: prevenção da gravidez na adolescência 1. A quem se destina. Meninas na faixa etária de 10 a 12 anos. 2. Objetivos. Sensibilizar meninas para debater o significado do afeto e evitar o relacionamento sexual precoce. 3. Local. Salão da escola. 4. Número de pessoas. 30 meninas. 5. Materiais. Aparelho de som (CD ou pendrive com as canções “Garota de Ipanema” e “Bonde do Tigrão”); 35 folhas sulfites impressas com as letras das músicas (ou projeção se possível); corda de varal para estender na parede; prendedor de varal; papel kraft cortado em 30 pedaços; pincéis coloridos. 6. Número de pessoas envolvidas como facilitadores. Quatro. 7. Etapas da ação. Reunião das meninas– apresentação do grupo; dividir as meninas em pequenos grupos de 5. Distribuição do material para desenho – pedir para que desenhem a parte do seu corpo que mais gostam em si mesmas. As facilitadoras devem pendurar os desenhos e passear na frente de cada desenho pedindo que a autora explique a razão de sua escolha. Colocação das canções, permitindo expressão corporal livre; cantar as letras. Reflexão e fechamento do grupo. 8. Reflexão da equipe sobre a ação e novos planejamentos. Mirian Rosana Realce 15 Eles escolheram conversar primeiramente com as meninas na faixa de 10 a 12 anos. Havia um grupo de 30 meninas naquele dia. Eles levaram os materiais que eles mesmos haviam comprado ou trazido de sua própria casa, como um aparelho de som. A escola tinha uma caixa de som e isso deixou todo mundo animado. As meninas também estavam cheias de expectativas; estavam nervosas e riam à toa em pequenos grupos. Após fazer a distribuição do material entre elas, foi pedido que se dividissem em grupos de 5 e depois desenhassem a parte do corpo de que mais gostavam. Assim foi feito, com muita risada e brincadeiras. Quando terminaram, seus desenhos foram pendurados num varal e os profissionais conversaram com elas sobre as suas escolhas. Eles notaram que, apesar de haver alguns desenhos que retratavam quadris, coxas e seios, a maioria dos desenhos mostrava a boca, os olhos e os cabelos como as partes mais apreciadas de seus corpos. Enquanto passeavam na frente dos desenhos, os profissionais perguntavam porque elas gostavam de seus olhos e cabelos, ou outras partes de seus corpos. Algumas disseram que suas mães diziam que seus olhos se pareciam com os de alguém da família, outras disseram que se achavam parecidas com alguma artista e, assim, com muitas risadas de todos, o clima foi ficando cada vez mais descontraído e divertido (alguém já designado do grupo de facilitadores ia anotando as frases que surgiam no grupo). Em seguida, foi distribuída a letra da canção “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e o CD foi posto para tocar. As meninas, em pé no meio do salão, acompanhavam a canção, algumas cantando junto e outras apenas se balançando discretamente. Logo em seguida, a enfermeira trocou o cd e colocou “Martella o martellão” da banda Bonde do Tigrão. Bom, aí a coisa “pegou fogo”: a meninada dançou, fez a coreografia da banda e se divertiram bastante com toda a equipe, que entrou na dança junto. Quando acabou aquele momento, a equipe pediu que todas se sentassem no chão em roda e conversaram sobre aquele momento. Entre as reflexões levantadas pela equipe, uma pergunta mereceu especial destaque. A enfermeira Joana disse: Então, meninas lindas, olhando os desenhos que vocês fizeram (pegou alguns do varal e mostrou os olhos desenhados, as bocas, os cabelos), eu pergunto: qual será, dos dois homens que vocês ouviram agora, aquele que seria capaz de reconhecer a beleza da sua boca, ou perceber os seus olhos, os seus cabelos.... o cara do “Martela o Martelão”, que já disse que “só quer te jogar no chão e te dar muita pressão”, ou o cara 16 que diz “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela a menina que vem e que passa seu doce balanço?” O silêncio que se seguiu a esta pergunta, o cessar da inquietude natural dessa idade, demonstrava que a pergunta tinha calado fundo. Aos poucos, elas tomaram coragem, e disseram que gostariam de ouvir alguém dizer o quanto elas eram bonitas. Algumas contaram que nunca tinham ouvido de seus pais que eram bonitas, outras disseram que na sua casa só havia cobrança, e que nunca eram elogiadas. No final, as meninas abraçaram a equipe, que se emocionou junto com elas, com as suas histórias, e prometeram voltar para muitas outras conversas. A equipe saiu da escola feliz. Eles perceberam que estava aberto um canal de comunicação com base na confiança. Mas agora, como continuar, já que a demanda de atendimentos na Unidade Lugar dos Anjos é tão grande, e eles quase não conseguem tempo para fazer tais ações? Alguém do grupo questionou se isso funcionaria mesmo, afinal “a gente não distribuiu camisinha e nem falou dos métodos anticoncepcionais”. “Sim, é verdade”, disseram outros, mas o objetivo de momento era ajudá-las a pensar, a tirar suas próprias conclusões sobre qual a base de bons relacionamentos. Voltaram todos para suas casas, com a sensação de bem-estar que a aplicação do bem, da generosidade, da amorosidade e da solidariedade provoca nas pessoas. Outros métodos podem ser usados com sucesso para provocar a reflexão: filmes, oficinas, práticas comunitárias, brincadeiras de infância, como rodas e danças circulares, jogos, músicas, rodas de conversa, teatralização, fantoches, dinâmicas de grupo, além de outros símbolos e seus significados. Todos podem ser usados, de acordo com a oportunidade, a idade e o tema que se deseja abordar. Para a seleção de assuntos, é importante destacar temas do cotidiano, que sejam reais na vida das pessoas, de impacto e interesse da comunidade. Exemplos de temas muito frequentes, destacamos: racismo, violência de gênero, violência sexual, discriminação social, gravidez na adolescência, abandono, desemprego, cuidados dentro da família, sofrimento nas famílias, tolerância religiosa e autocuidado. 17 FINALIZANDO A educação em saúde vem acontecendo no país desde o início do século XX. A princípio, seguiu o modelo higienista, quando eram abordadas questões relacionadas à higiene, focando nas epidemias e verminoses que assolavam o país. Seu modelo seguia o padrão estabelecido, entendendo que o que faltava para as pessoas era apenas informação sobre doenças e outras situações. Desenvolvida pelas ciências sociais e ciências da saúde, mas com origem nos movimentos populares libertários (os quais lutavam contra a opressão desde a década de 50), a educação popular em saúde é entendida como o “conjunto dos saberes e práticas diversas, mais ou menos formalizadoras, oficiais ou não, que acontecem no interior do setor saúde” (Smeke; Oliveira, 2001, p.117). Partindo desse princípio, houve uma evolução conceitual e prática do que deveria ser feito na abordagem instrumental das populações. Os profissionais de saúde aparecem como os facilitadores do processo, a partir de um novo sentido de educação em saúde – troca de saberes e práticas de caráter emancipatório, com base nos princípios da solidariedade e no compromisso com as pessoas. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Comunic., Saúde, Educ., v. 9, n. 16, p. 39-52, set. 2004/fev. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/icse/v9n16/v9n16a04.pdf>. Acesso em: 27 maio 2018. Texto de abordagem prática MACIEL, M. E. D. Educação em saúde: conceitos e propósitos. Rev. Cogitare enfermagem, n. 14, v. 4, p. 773-776. out./dez. 2009. Saiba mais FREIRE, P. Matéria-Prima, 1989. Entrevista. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Zx-3WVDLzyQ>. Acesso em: 27 maio 2018. 18 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Educação Popular em Saúde no SUS. Brasília, 2012. DUNCAN, B. B. Medicina ambulatorial. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. MCWHINNEY, I. R.; FREEMAN, T. Manual de medicina de família e comunidade. Porto Alegre: Artmed, 2010. 472 p. MACIEL, M. E. D. Educação em saúde: conceitos e propósitos. Rev. Cogitare enfermagem, n. 14, v. 4, p. 773-776. out./dez. 2009. MATOS, S. P. F. de. Ó vinde vós, os povos. 1975. Disponível em: <http://www.luteranos.com.br/textos/convite-a-liberdade>. Acesso em: 27 maio 2018. SILVA, R. C. Metodologias participativas para trabalhos de Promoção de Saúde e cidadania. SãoPaulo: Vetor, 2002. SMEKE, E. L. M.; OLIVEIRA, N. L. S. Educação em saúde e concepções de sujeito. In: VASCONCELOS, E. M. (Org.). A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: HUCITEC, 2001. p.115- 136.
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