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1 Disciplina Nome: A LÓGICA DO CUIDADO NA ESF: CRIANÇA, ADOLESCENTE E MULHER Carga horária: 36h Conteudista: Maria Lucia Freitas dos Santos Introdução: A Constituição Brasileira elegeu como um de seus princípios norteadores, a supremacia dos direitos humanos. Essa prerrogativa remete as políticas públicas, em especial a saúde, a identificar os seguimentos da população com maior vulnerabilidade, sendo crianças, adolescentes e mulheres elegíveis como prioritárias na garantia de direitos fundamentais. Outro pilar que sustenta a política de atenção integral a saúde deste grupo populacional, está no reconhecidos de crianças e adolescentes como sujeitos sociais, portadores de direitos e garantias próprias, independentes de seus pais e/ou familiares e do próprio Estado. Assim como as relações de gênero desiguais em distintas sociedades, base que se distinguem os papéis do homem e da mulher na família, na divisão do trabalho, na oferta de bens e de serviços. O reconhecimento das distinções sociais destes grupos foram as grandes mudanças paradigmáticas que estabeleceu obrigações diferenciadas para o Estado, para as famílias e para a sociedade em geral, configurando a denominada Doutrina da Proteção Integral. A política de atenção a criança reconhece ser esse período do ciclo de vida onde se desenvolve grande parte da potencialidade humana, da mesma forma, os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis por graves conseqüências no futuro dos indivíduos e comunidades. Considerando que estes segmentos representam aproximadamente dois terços da população brasileira, é importante tratá-lo de maneira distinta devido 2 à especificidade dos problemas que os afetam. As elevadas taxas de morbidade e mortalidade nesse grupo, inclusive por problemas preveníveis com ações básicas, são demandas efetiva que se apresenta aos serviços de saúde e ao SUS. A concepção de proteção básica coloca no centro do debate a responsabilidade das famílias, da sociedade e do Estado como garantidores, com absoluta prioridade, dos direitos fundamentais e de proteção as futuras gerações. Nessa perspectiva, podemos identificar nas diversas ações, serviços e política, a defesa da garantia do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. As ações estão estruturadas em sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém- nascido; aleitamento materno e alimentação complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.fundamentais: Objetivos: Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: Apresentar a abordagem familiar enquanto potente estratégia de integração de profissionais, de coordenação do cuidado e de promoção projetos terapêuticos singulares. Conhecer os elementos definidores das políticas nacionais de atenção primária à criança, ao adolescente e à mulher http://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/saude_mulher_crianca_adolescente/entenda/informacoes_gerais.html?tagNivel1=295&tagAtual=10196 http://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/saude_mulher_crianca_adolescente/entenda/informacoes_gerais.html?tagNivel1=295&tagAtual=10196 3 Identificar sinais e sintomas dos principais temas de atenção à saúde da criança e do adolescente na pratica ambulatorial de saúde da família Identificar sinais e sintomas dos principais temas de atenção à saúde mulher na pratica ambulatorial de saúde da família 1: Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Criança, Adolescente e Jovens “O espírito esboça, mas é o coração que modela”. Auguste Rodin Nação jovem era o orgulho brasileiro nos anos de 1970, em que a pirâmide etária populacional refletia – com sua base larga que se afilava rapidamente ao topo, confirmando a máxima de país do futuro. No entanto, uma analise mais atenta mostrava que a população jovem decorria de uma alta taxa de natalidade (5,8 filhos/mulher em idade fértil) frente à elevada mortalidade infantil da época (75/1.000 nascidos vivos). As causas de morte eram desde desnutrição que prejudicava a imunidade contra infecções que se repetia num circulo vicioso, até doenças infecciosas, conseqüência de alimentação inapropriada. Doenças infecciosas respiratórias e as diarréicas foram durante muito tempo, a principal causa de morte das crianças até um ano de idade (Murahovschi, 2006). Na verdade, as mortes eram determinadas não somente pelas doenças mas, pelas condições socioeconômicas desfavoráveis - a pobreza, a falta de saneamento básico, a baixa escolaridade e a conseqüente falta de educação em saúde, os serviços médicos insuficientes e o grande flagelo dos países em desenvolvimento, o desmame precoce (Murahovschi, 2006). O país tem melhorado significativamente nas últimas décadas, com ampliação do saneamento básico, a criação do SUS com seus princípios e diretrizes - a universalização, a integralidade da atenção a saúde, a descentralização das ações e serviços de saúde, a educação em saúde numa perspectiva ampliada do processo saúde-doença. 4 É com esse propósito que foi instituído, a partir da Constituição de 1988, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A promoção da saúde integral da criança e adolescente, o desenvolvimento das ações de prevenção de agravos e assistência tem como objetivos, além da redução da mortalidade infantil, prover qualidade de vida para que estas possam crescer e desenvolver todo o seu potencial. Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento é o eixo central e integrador de todas as ações de saúde da criança e adolescente: atendimento oportuno das necessidades de nutrientes biológicos, afetivos e socioculturais tem por características sua elevada eficácia na prevenção de problemas, na vigilância à saúde e na promoção de hábitos saudáveis de vida, com impacto surpreendente na morbimortalidade. Neste tópico vamos apresentar os princípios que fundamentam da Política de atenção integral a saude da criança de adolescente (PNAISCA) e sua importância para garantia da qualidade de vida e de saúde, analisando o conjunto de ações que compõem política de atenção integral à saúde da criança, e a política de Atenção Integral a Saúde do Adolescente e Jovem. Recentemente atualizada através da PORTARIA MS/GM Nº 1.130, DE 5 DE AGOSTO DE 2015, a PNAISC visa integrar diversas ações já existentes. A ênfase é dada a promoção do aleitamento materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos) e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com deficiência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua. Amplia a faixa etária de atendimento para adolescentes de até 15 anos para que seja garantida cobertura por pediatria. Para fins de organização das ações e atendimento em serviços de pediatria no SUS, serão consideradas as seguintes faixas etárias de abrangência da PNAISC, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento: 5 1. Criança: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 9 (nove)anos, ou seja, de 0 (zero) a 120 (cento e vinte) meses; 2. primeira infância: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, ou seja, de 0 (zero) a 72 (setenta e dois) meses. 3. Crianças e adolescentes até a idade de 15 (quinze) anos, ou seja, 192 (cento e noventa e dois) meses, para fins. A PNAISC está orientada pelos seguintes fundamentos e diretrizes: I - direito à vida e à saúde, garantido mediante ações de proteção básica; II - prioridade absoluta da criança; III - acesso universal à saúde; IV - integralidade do cuidado; V - equidade em saúde; VI - ambiente facilitador à vida; VII - humanização da atenção; VIII - gestão participativa e controle social, elementos captados da sessão de direitos sociais da Constituição de 1988. As diretrizes servirão guias na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de saúde voltadas para crianças, tais como: 1. Gestão interfederativa das ações de saúde da criança, que corresponde a atuação integrada e cooperativa entre as três esferas de governo, na definição de prioridades, no financiamento e na gestão da informação 2. Organização das ações e serviços na rede de atenção, promovendo a integração de ações e de profissionais entorno de uma atenção integrada e integradora. A articulação de serviços de saúde e outros setores, visando potencializar as ações de promoção, prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação alem do manejo das diversas tecnologias de cuidado. 3. Promoção da saúde como potente estratégia de melhoria da qualidade de saúde e de vida, que deve considerar conhecimento interdisciplinar e uma atuação multiprofissional. 6 4. Fomento à autonomia do cuidado e da corresponsabilidade da família, valorizando a participação e protagonismo das próprias crianças, adolescentes e jovens, estimulando o autoconhecimento e auto cuidado, bem como recuperando a participação da família como estruturante da formação de hábitos de vida saudáveis. 5. Qualificação da força de trabalho do SUS, através da educação permanente trazendo informações/estudos atualizados, a integração de saberes e conhecimentos advindos de processos interdisciplinares no qual progressivamente os núcleos de competência profissionais específicos vão enriquecendo o campo comum de toda equipe. 6. Planejamento e desenvolvimento de ações, que pressupõe o deslocamento do processo de trabalho centrado em procedimentos profissionais, para um trabalho centrado na pessoa (criança, adolescente e jovem), onde o cuidado às pessoas é o imperativo ético-político que organiza a intervenção técnico-científica. 7. Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento, respeitando princípios éticos-políticos, e priorizando as necessidades e demandas sociais. 8. Monitoramento e avaliação, considerando que a longitudinalidade do cuidado pressupõe a continuidade, o acompanhamento a esses usuários ao longo do tempo e de modo permanente, acompanhando os efeitos das intervenções e ações em saúde e de outros elementos na vida dos usuários e do ambiente em que vive visando reduzir riscos e danos e contribuindo para qualidade de vida. 9. Intersetorialidade, nessa perspectiva a saúde deixa de ser o resultado de uma intervenção especializada e isolada sobre alguns fatores e passa a ser um produto social resultante de fatos econômicos, políticos, ideológicos e cognitivos. O que diferencia uma organização da atenção a crianças, adolescentes e jovens no contexto da atenção primária? Qual é o principal legado desta forma de organização? 7 No contexto da atenção primária em saúde (APS), as ações são planejadas de acordo com as necessidades de saúde da população adstrita à unidade de saúde, levando-se em consideração as prioridades de intervenção clinica, a vulnerabilidade da situação de saúde das crianças, dos adolescentes e jovens. Enquanto porta preferencial do SUS, a equipe de profissionais da APS deve trabalhar utilizando-se das seguintes estratégias: (a) atendimento pré-natal e assistência ao parto; (b) planejamento familiar; (c) saúde reprodutiva; (d) imunização; (e) tratamento precoce e adequado de doenças frequentes na infância e na adolescência; (f) prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de abuso de drogas; (g) assistência ao segmento LGBT— Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros. O Programa, Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis - Primeiro Passo para o Desenvolvimento Nacional, com ênfase ao crescimento e desenvolvimento integral da criança, estabelece ações para: garantia de vida da mãe e do bebê; promoção do aleitamento materno; monitoramento do estado de saúde da criança; ampliação do acesso à educação infantil; prevenção de acidentes, maus-tratos e violência na infância; monitoramento das ações do Programa Nacional de Imunizações; entre outras. No que refere a atenção ao adolescente e ao jovem tem como objetivo dar maior visibilidade as demandas e necessidades deste público, além de subsidiar a estruturação dos serviços de saúde na atenção integral à saúde dessa população. Promover a saúde de adolescentes e jovens, passa a exige compreensão de que os comportamentos iniciados nessa idade são cruciais para o restante da vida, porque repercutem no desenvolvimento integral da pessoa. A saúde nestas faixas etárias está diretamente relacionada à promoção da participação juvenil no exercício da cidadania, em especial, no fortalecimento dos seus vínculos familiares e comunitários e por meio de ações de educação em saúde e prevenção de agravos. 8 Por fim, segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Milênio (ODM) 2013, o Brasil alcançou em 2012 a meta internacional de diminuição da mortalidade na infância (menores de cinco anos). O índice, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), previa a redução em 2/3 da mortalidade desse público entre 1990 e 2015. No Brasil, a taxa passou de 53,7/1000 óbitos por nascidos vivos em 1990 para 17,3/1000 óbitos por nascidos vivos em 2012, uma redução de 67,7%. O país também já atingiu a meta estabelecida em relação às mortes de crianças com menos de um ano de idade (mortalidade infantil), passando de 47,1/1000 óbitos por nascidos vivos em 1990 para 14,9/1000 óbitos por nascidos vivos em 2012, queda de 68,3%. Os avanços das condições de saúde da criança brasileira são decorrentes de ações como a ampliação da cobertura da atenção básica, do acesso à vacinação, das taxas de aleitamento materno e do nível de escolaridade da mãe, além da diminuição da pobreza (extrema) obtida pelo programa Bolsa Família. Essas ações se somam a outras políticas públicas que levaram à quase extinção de internações por desnutrição (agravo praticamente residual no país), por doenças imunopreviníveis (sarampo, difteria, tétano neonatal, poliomielite, varíola, rubéola, meningites) e por diarreia/pneumonia. O aumento das consultas de pré-natal é outro exemplo de ação realizada pelo Ministério da Saúde junto com estados e municípios que contribuiu para a redução da mortalidade infantil e materna. Somente em 2014, foram realizadas mais de 20 milhões de consultas de pré-natal pelo SUS, o que representa aumento de 57% em relação a 2007 (quando foram realizadas 12,7 milhões de consultas). Saiba mais: Leia o artigo: Politica Nacional de Atenção Integral a Saúde da Criança, adolescente e Jovens. Disponível em : http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia- http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/18951-ministerio-cria-politica-de-atencao-a-saude-da-crianca 9 saude/18951-ministerio-cria-politica-de-atencao-a-saude-da-crianca. Acesso em 25/11/2015 Conheça a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP. Para isso, acesse: http://www.sbp.com.br/ 2: Crescimentoe Desenvolvimento Saudáveis O seguimento da criança tem a potência de estreitar e manter o vínculo da criança e da família com os serviços de saúde, propiciando oportunidades de abordagem para a promoção de hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de problemas e agravos e a provisão do cuidado em tempo oportuno. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação integral à saúde da criança e do adolescente. Toda criança deve receber a ―Caderneta de Saúde da Criança‖ (CSC - MS), de preferência ainda na maternidade. Implantada desde 2005, é o documento onde são registrados os dados de identificação da criança, da história obstétrica e neonatal, da alimentação, do crescimento e desenvolvimento, da saúde bucal, auditiva e visual, as vacinações, além do registro das intercorrências clínicas. Contém ainda orientações para a promoção da saúde e prevenção de agravos como acidentes e violência doméstica. Entregue às famílias na maternidade, deve acompanhar a criança sempre que esta for levada a qualquer serviço de saúde. O registro correto e completo das informações é requisito básico para vigilância e promoção da saúde infantil, além do diálogo com a família sobre as anotações realizadas possibilita apropriação do sentido da puericultura, favorecendo sua maior adesão e co-responsabilização pelas ações de vigilância à saúde. As visitas domiciliares ou os atendimentos de saúde na ESF são oportunidades de entrar em contato com este cartão fazendo atualizações. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/18951-ministerio-cria-politica-de-atencao-a-saude-da-crianca http://www.sbp.com.br/ 10 Para organizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, o Ministério da Saúde propõe um calendário mínimo de atendimentos à criança. Calendário mínimo de atendimentos de crianças, proposto pelo Ministério da Saúde Fonte: MS, 20051 A Caderneta de Saúde da Criança é um documento fundamental para acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança, do nascimento até os 9 anos. A partir dos 10 anos, a caderneta a ser utilizada é a Caderneta de Saúde do Adolescente. É um documento único para cada criança. A primeira parte é dedicada a quem cuida da criança, contém informações e orientações para ajudar a cuidar melhor da saúde da criança. Apresenta os direitos da criança e dos pais, orientações sobre o registro de nascimento, amamentação e alimentação saudável, vacinação, crescimento e desenvolvimento, sinais de perigo de doenças graves, prevenção de acidentes e violências, entre outros. A segunda parte é destinada aos profissionais de saúde, com espaço para registro de informações importantes relacionadas à saúde da criança. Contém, também, os gráficos de crescimento, instrumento de vigilância do desenvolvimento e tabelas para registros das vacinas aplicadas e do adolescente permite identificar as condições vacinais, anotações importantes pode ser solicitada e verificada por profissionais de saúde, de educação e de assistência social. Permite também acompanhar o cumprimento dos 1 Manual para utilização da caderneta de saúde da criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica da Saúde da Criança e Aleitamento Materno. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual%200902.pdf . Acesso em 26/11/2015 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual%200902.pdf 11 condicionantes estabelecidos nos programas de proteção social – Bolsa Família entre outras. Crescimento e desenvolvimento (C&D), portanto, são processos geneticamente programados, porém fortemente influenciados por fatores ambientais, bem como individuais - a exemplo de nutrição, condições de vida e higiene, estimulação, proteção contra agravos, uso de drogas e medicamentos, atividade física, sono, estresse, incapacidades funcionais e doenças crônicas. Fatores esses que podem modificar, interromper ou reverter os fenômenos que caracterizam a puberdade. As interações herança-meio têm início na fecundação, e a adolescência pode ser considerada a última oportunidade para se garantir a plena expressão dos potenciais de crescimento e desenvolvimento de cada indivíduo. Para promover o crescimento e o desenvolvimento saudáveis é fundamental que adolescentes de ambos os sexos sejam acompanhados sistematicamente nas unidades básicas de saúde, sendo referidos a outros níveis de complexidade do SUS, quando necessário, podendo-se utilizar a caderneta de saúde de adolescentes, de ambos os sexos, nesta ação, como instrumento de cidadania para essa população. As ações intersetoriais complementam a integralidade da atenção no SUS e devem fazer parte do modelo de atenção na produção da saúde para esses cidadãos. Saiba mais: Leitura recomendada: GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C.; GOODWAY, Jackie D.Compreendendo o Desenvolvimento Motor-: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. AMGH, 2013. Disponível em https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:sch olar.google.com/&ots=b- YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=fals e Acesso em 25/11/2015 https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:scholar.google.com/&ots=b-YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:scholar.google.com/&ots=b-YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:scholar.google.com/&ots=b-YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:scholar.google.com/&ots=b-YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=R6xIAgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=related:XkIP72Rv1cQJ:scholar.google.com/&ots=b-YNmZJYP7&sig=35AuMdQ77mCLMAOdHnIVqFBXYA4#v=onepage&q&f=false 12 Conheça o Centro de Estudos de Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano. Para isso, acesse: http://www.sbgc.org.br/sbgc/ 3 Ações da clínica e do cuidado nos principais agravos da saúde da criança Nesta unidade vamos conhecer a atenção integral às doenças prevalentes na infância; no contexto do planejamento do trabalho em equipe, da organização do fluxo de atendimento à criança e adolescentes; os pactos e indicadores de saúde; avaliação dos fatores de risco nos distintos espaço (no ambiente familiar, escola, social); os principais sinais de violência contra criança, o impacto sobre a vida e saúde de crianças e adolescente. Também poderemos entender algumas abordagens no manejo das principais doenças e agravos presente neste ciclo da vida. As doenças diarréicas e respiratórias, a muito persistem como graves problemas para a criança, pondo em risco inclusive a sua vida. Entre as doenças respiratórias, as alergias, pneumonias e a asma constituem motivo freqüente de consultas em ambulatórios e serviços de urgência, o que demanda equipes de saúde qualificada para uma atenção integral, com capacidade de levar a bom termo o cuidado, evitando assim internações hospitalares desnecessárias e morte por esse motivo. As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância e também na adolescência, interferindo no desenvolvimento adequado, o que demanda, conjuntamente com a doença diarréica, ações intersetoriais integradas e promotoras de acesso à água tratada e esgotamento sanitário, alémde tratamento adequado e oportuno. Entre as causas de morte infantil, as doenças transmissíveis têm sido responsáveis por até 70% dos óbitos nas regiões mais pobres do país e do mundo. Além disso, representam até um terço do total das hospitalizações de crianças menores de cinco anos na região das Américas. Tais doenças http://www.sbgc.org.br/sbgc/ 13 podem ser evitadas pela melhoria das condições de vida da população e disponibilidade de ações eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Em nosso país, a saúde infantil tem um perfil que está intimamente ligado ao oferecimento, ao conjunto da população, de condições básicas de vida, tais como oferta e qualidade de serviços de saúde, alimentação, moradia, educação, renda familiar, saneamento básico, condições ambientais, lazer, transporte, entre outras. O conceito de integralidade das ações de atenção à saúde da criança fundamentou a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan- Americana da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no desenvolvimento de uma iniciativa global em saúde da criança, a estratégia Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). Essa estratégia surgiu como uma metodologia de atenção à saúde da criança em consonância com a atenção primária à saúde, propondo uma avaliação sistemática dos principais fatores que afetam a saúde infantil, integrando ações curativas com medidas de promoção e prevenção, buscando a qualidade do atendimento. As ações contra transmissão vertical do HIV, a sífilis e a rubéola congênita e o tétano neonatal têm sido realizadas por meio do oferecimento de exames sorológicos, tratamento e profilaxia durante o pré-natal, no parto e no puerpério, de modo que as medidas de prevenção e controle pertinentes sejam tomadas, prevenindo-se novos casos. Como existem ações de saúde e intersetoriais integradas para prevenção e controle das doenças, a prevalência e o índice de incidência aumentados determina investigação crítica sobre as circunstâncias de sua ocorrência, indicando as que necessitam de implementação. Reduzir as taxas de morbimortalidade das doenças imunopreveníveis compreende conhecer a situação das mesmas, ou seja, sua prevalência, incidência, letalidade, ocorrência na sua região, situação vacinal entre outras. 14 Na ocorrência de alguma delas, a equipe de saúde deve notificar imediatamente a vigilância epidemiológica para se traçar medidas de prevenção e controle. A Unidade de Saúde deve garantir o funcionamento da sala de vacina, sem restrição de horários, para não se perder a oportunidade de vacinar toda a população, acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua área, fazendo a busca ativa de faltosos. A continuidade do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança nos serviços de saúde possibilita ampliar a cobertura de vacinação, principalmente depois dos 5 anos de vida, quando a cobertura não tem sido atingida pela ação dos serviços de saúde. Interessante saber a situação vacinal das famílias para relacioná-la com a cobertura da área de abrangência da UBS e da cidade, conhecer o funcionamento da sala de vacina, avaliar se as metas estão sendo atingidas, quais as dificuldades para alcançá-las. Há outras vacinas (contra varicela, hepatite A) que não constam do calendário da rede pública, mas estão disponíveis na privada. É importante saber a razão desta diferença para orientar e esclarecer as pessoas. A inexistência do cartão ou a falta de vacinação são informações importantes para elaboração de ações que possam auxiliar a família cumprir com prevenção tão importante. Na atenção a criança e ao adolescente portadores de deficiência temos um panorama de que: pelo menos 10% das crianças nascem ou adquirem algum tipo de deficiência – física, mental ou sensorial – com repercussão negativa no desenvolvimento neuropsicomotor. Por outro lado, cerca de 70 a 80% das seqüelas podem ser evitadas ou minimizadas através de condutas e procedimentos simples de baixo custo e de possível operacionalização (acompanhamento do crescimento, estimulação global do desenvolvimento, imunização e abordagem oportuna das alterações observadas). As crianças com necessidades especiais devem receber atenção integral e multiprofissional, devendo ter como referencial a promoção da sua inclusão e participação social. O cuidado integral à criança portadora de deficiência (diagnóstico, tratamento, procedimentos de reabilitação, medicamentos, assistência 15 odontológica, ajudas técnicas e a nutrição adequada; o fornecimento de órteses, próteses, bolsas pediátricas de colostomias, medicamentos, leites especiais; obedecendo ao fluxo local de assistência) pressupõe reabilitar a criança na sua capacidade funcional e desempenho humano, proteger a sua saúde para que possa desempenhar o seu papel em todas as esferas da sua vida social. Muitas das demandas atuais à saúde mental decorrem da ausência de espaços de participação social, de exercício do protagonismo infanto-juvenil, da falta de perspectivas e de oportunidades para o desenvolvimento das aptidões e mesmo do efetivo exercício de cidadania de crianças e jovens. Reconhecer a importância e o significado dos espaços de construção coletiva e de efetivo exercício da intersetorialidade, fundamentais na luta para assegurar o lugar da criança no seu território, na comunidade e na cidade tem a potência de reverter em medidas – inclusão em atividades de socialização, oficinas culturais e esportivas da própria comunidade –, recursos tão valiosos para promoção da saúde e prevenção dos distúrbios de comportamento e das doenças mentais. Outro aspecto importante e de alta relevância na saúde de crianças, adolescente e jovem está relacionado à violência. Segundo dados do IBGE a violência se expressa nos óbitos e nas notificações de violência doméstica e sexual, atingindo a todas as faixas etárias, com prevalência no sexo feminino na fase mais madura (adolescência e maturidade), como podemos observar nos gráfico e tabela que se segue: 16 A situação de pobreza da maioria das crianças, adolescentes e jovens que sofrem violência, traz consigo múltiplos agravos à saúde decorrente, em grande parte, da total ausência de suporte social direcionado as suas famílias. Não deve passar desapercebido aos profissionais de saúde, que a sociedade brasileira nega a esses jovens condições dignas e suficientes para uma completa possibilidade de viver e gozar de plena saúde, já que lhes impõe: - 17 precárias condições de habitação, com abastecimento de água ligado à rede geral com canalização interna, e instalação sanitária ligada à rede geral ou à fossa séptica; - situação educacional deficiente; difíceis condições de trabalho. Esse panorama ilustra a maneira como vivem as crianças e adolescentes vítimas da violência, característica de sociedades marcadas por profundas desigualdades na distribuição da riqueza social. São as chamadas crianças e adolescentes de alto risco porque têm uma imediata probabilidade de sofrer cotidiana e permanentemente a violação de seus direitos humanos mais elementares devido ao profundo processo de espoliação a que são submetidas: direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à segurança, ao lazer, entre outros. Cabe enfatizar que a adolescência é marcada por profundas mudanças físicas, emocionais, mentais e sociais e, a puberdade refere às mudanças fisiológicas e morfológicas. As principais manifestações são: o estirão puberal, o desenvolvimento gonadal, o desenvolvimento dos órgãos de reprodução e das características sexuais secundárias. Do mesmo modo, as modificações nas relações sociais – na família, na escola e na comunidade fazem com que os adolescentes vivenciem um processo contínuo de busca de autonomiae independência, com um novo olhar para a vida, acompanhado de um questionamento de valores até então aceitos. A interação dessas transformações no contexto da família, da sociedade e do ambiente sociocultural culmina com a construção da identidade adulta. Esta não acontece, na maioria das vezes, tranqüilamente. É preciso estar mais uma vez atentos aos suportes familiar, comunitário e social. As mudanças na estrutura familiar e no mercado de trabalho aumentaram o tempo que os adolescentes passam sem a presença dos adultos, especialmente dos pais. Dessa forma, o processo de amadurecimento que deveria ser gradual, com a aquisição de autonomia e responsabilidade, ocorre de forma abrupta. Além disso, o distanciamento dos pais limita a comunicação entre os adolescentes e suas famílias, constituindo 18 risco para a iniciação precoce de atividade sexual, uso de drogas e comportamentos delinqüentes. O profissional de saúde tem como uma de suas atividades perceber a dinâmica familiar e criar espaços para fortalecer essa relação, buscando a participação de outras pessoas da família e da comunidade. A escola tem grande significado na formação da identidade da criança e do adolescente, por isso representa um lugar privilegiado de aprendizagem e de promoção de saúde. Assim, o espaço de interação com o adolescente e jovem na família deve contribuir para o desenvolvimento da cidadania, evidenciando a importância de sua participação na vida social e de seu papel protagonista na construção de um projeto de vida consciente e responsável. É importante conhecer o seu engajamento na vida da família e da comunidade, como é o acesso para prática de esporte, lazer, cultura, expressão artística e de atividades que promovam a saúde, principalmente na discussão de conteúdos ligados à sexualidade e a questões ambientais. A estratégia de saúde da família, entendida como o conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, desempenhadas para a promoção da saúde e a prevenção dos agravos, bem como para as ações de assistência aos problemas de saúde é o eixo norteador para a organização da atenção básica nas unidades de saúde. Portanto, a unidade básica de saúde é preferencialmente porta de entrada do sistema, é o momento privilegiado para prover ações resolutivas, que contemplem integralmente e de forma mais abrangente as necessidades colocadas. No entanto, não se pode perder de vista que qualquer local do sistema de saúde e outros espaços sociais colocam-se como oportunidade de cuidado. Saiba mais: Leia o artigo: Violência contra a criança e o adolescente: proposta preliminar de prevenção e assistência á violência doméstica. – Brasília: MS, SASA, 1997. Disponível em 19 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0220violencia.pdf . Acesso em 25/11/2015 Conheça a UNICEF. Para isso, acesse: www.unicef.org 4: Nutrição e Saúde Bucal Veremos os conceitos e praticas de alimentação saudável para crianças e adolescente na prevenção de doenças e agravos a saúde. Destacaremos as ações do programa de promoção e incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade; alimentação saudável a saúde bucal na atenção primaria. Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN traz em sua concepção - e explicitamente em seu texto introdutório - que a ―A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania‖ (Brasil, 2003, p. 11). Tais atributos estão ainda consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948, que foram reafirmados no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966) e incorporados à legislação nacional em 1992. Portanto devemos introduzir o conceito de alimentação e nutrição saudáveis desde a concepção, buscando estratégias de garantia de oferta de alimentos de qualidade, acessíveis a toda população com especial prioridade para crianças. Evidências científicas comprovam que o leite humano tem grande potencial transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância e idade adulta, não somente pelas vantagens nutricionais, imunológicas, como pelo bem-estar e afetividade proporcionados às crianças. Considerado garantia fundamental para a da saúde infantil, o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e complementado com alimentos apropriados até os dois anos de idade (Alves e Moulin, 2008). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0220violencia.pdf http://www.unicef.org/ 20 A orientação a mulher ainda durante o pré-natal sobre os cuidados com os mamilos, importância do alojamento conjunto na maternidade e amamentação precoce, informações sobre a licença maternidade para a mulher trabalhadora (Constituição Federal garante 120 dias de licença maternidade, sem prejuízo do emprego e salário e direito à nutriz, quando do retorno ao trabalho, a pausa de uma hora por dia, podendo ser parcelada em duas – MS, 2010), a atenção aos outros filhos e ao pai, que costumam ficar enciumados com a dedicação que o bebê necessita, é extremamente necessário. Após o nascimento é fundamental, a escuta qualificada com objetivo de captar as dúvidas, preocupações, dificuldades das mães e familiares, conhecer as crenças que a comunidade cultiva auxiliam no desenvolvimento da amamentação e envolve todos neste processo. É muito importante desvelar os mitos negativos sobre o leite materno, buscando reconstruir o valor da amamentação, da relação mulher-mãe-filho e, a mobilização de recursos internos e externos, exigido ao ato de amamentar – como os dolorosos momentos iniciais da amamentação. Por ocasião de uma visita domiciliar é importante identificas aspectos familiares que podem apoiar o aleitamento exclusivo. Questionamento, tais como: qual a importância que a família dá ao aleitamento materno? Se a criança está em aleitamento exclusivo ou ouve introdução de outros alimentos? Quais foram às dificuldades encontradas? As mulheres conhecem as leis que protegem a criança e portanto seu direito de amamentar? A introdução de novos alimentos, aos 6 meses de idade para as crianças que estavam em aleitamento exclusivo, demanda observação dos hábitos alimentares da família e orientação cuidadosa baseada na nutrição saudável, como uma eficiente forma de controle dos desvios alimentares e nutricionais e prevenção de várias doenças, como as deficiências nutricionais, as doenças crônicas, sobrepeso e obesidade. As ações de vigilância devem identificar, através da CSC, as famílias e crianças em risco e priorizar o seu atendimento por programas de transferência de renda ou de distribuição de alimentos disponíveis. 21 Devemos valorizar a observação cuidadosa, o conhecimento e desenvolvimento de vínculo com a família, caso contrário estaremos distantes da realidade das pessoas. Observar horários alimentares, a característica dos alimentos presentes, às vezes, até o conteúdo do lixo pode fornecer informações importantes. A Saúde Bucal é importante saber sobre as funções e a importância da boca para a saúde das pessoas, incluindo as relações sociais. As mudanças paradigmáticas no conceito e na política de saúde bucal, entendida como parte intimamente associada a saúde da pessoa como todo, reinsere o conceito de complexidade sendo a boa parte fundamental do todo. A partir de então as ações e serviços passam a ser planejadas de forma integrar e articular, principalmente na Atenção Básica através da estratégia Saúde da Familia. Portanto a saúde bucal da criança começa com o cuidado à saúde da mulher e da família, entendida como condições favoráveis antes e durante a gravidez, inclusive com tratamentos preventivos e curativos evitamtrabalho de parto prematuro. O aleitamento materno passa a ser incentivado, também, por promove a saúde dos dentes e o correto crescimento dos ossos da face, prevenindo problemas ortodônticos e da fala. O vínculo criado entre a equipe de saúde e a família permite conhecer a importância atribuída por esta à sua saúde bucal e quais os seus hábitos de vida, principalmente alimentares e de higiene. Hábitos lesivos (falta de horário para alimentação, uso de chupetas e mamadeiras, ingestão excessiva de medicamentos, consumo de álcool, fumo e drogas) podem ser modificados, através de trabalhos em grupos, consultas, visitas e observação, para melhorar a saúde de toda a família. Os cuidados de higiene bucal, que inclui acesso à água tratada e fluoretada, o uso de panos, gaze, escova e fio dental - devem ser constantemente estimulados e construídos nas diversas ações das equipes de saúde, como a única maneira de se controlar a microbiota bucal no dia-a- 22 dia, a cárie ou outras doenças da boca. Os tratamentos preventivos e curativos devem ser realizados em intervalos regulares constantemente. Os principais agravos que acometem a saúde bucal e que têm sido objeto de estudos epidemiológicos em virtude de sua prevalência e gravidade são: (1) cárie dentária; (2) doença periodontal – (a) gengivite e (b) periodontite; (3) câncer de boca; (4) traumatismos dentários; (5) fluorose dentária; (6) edentulismo; e, (7) má oclusão. A lesão cariosa, considerada a de maior prevalência, é a manifestação clínica de uma infecção bacteriana. A atividade metabólica das bactérias resulta em um contínuo processo de desmineralização e remineralização do tecido dentário, e o desequilíbrio nesse processo pode causar uma progressão da desmineralização do dente com conseqüente formação da lesão de cárie. Esse processo é influenciado por muitos fatores determinantes, o que faz da cárie dentária uma doença multifatorial. Os principais fatores de risco associado são: fatores culturais e sócio- econômicos; falta de acesso ao flúor; deficiente controle mecânico do biofilme (placa bacteriana; consumo excessivo e freqüente de açúcar e, xerostomia. Como medida simple de promoção da saúde bucal e prevenção de carie dentária têm a fluoretação da água de abastecimento: que consiste da fluoretação da água de abastecimento por um método seguro e eficaz, que atinge toda a população com acesso a água tratada. A implantação da fluoretação das águas deve ser uma política prioritária bem como garantir monitoramento dos teores de flúor agregados à água A abordagem coletiva pode incluir os seguintes procedimentos: • Exame epidemiológico. • Educação em saúde bucal. • Escovação dental supervisionada. • Entrega de escova e dentifrício fluoretado e, sempre que possível, de fio dental. • Aplicação tópica de flúor (ATF): Para se instituir a aplicação tópica de flúor de forma coletiva deve ser levada em consideração a situação 23 epidemiológica dos grupos populacionais locais em que a ação será realizada. Sua utilização com abrangência universal é recomendada somente para populações nas quais seja constatada uma ou mais das seguintes situações: exposição à água de abastecimento sem flúor ou com teores abaixo de 0,4 ppmF e sem acesso à dentifrício fluoretado; CPOD maior que 3 aos 12 anos de idade e menos de 30% dos indivíduos livres de cárie aos 12 anos de idade. A ATF pode ser realizada na forma de bochechos fluorados semanais ou diários ou aplicação trimestral de flúor gel na escova, moldeira ou com pincelamento. Avaliar o desempenho da equipe de saúde (incluindo a equipe de saúde bucal) é fundamental para analise e avaliação do impacto na qualidade de saúde e de vida deste grupo populacional em especial. Pode-se utilizar as seguintes abordagens: Como é a atenção à saúde bucal da unidade de saúde que você visita? Qual a importância que a família dá a ela, hábitos de higiene bucal, acesso ao tratamento dentário? Saiba mais: Leia os artigos: 1. A importância da Alimentação saudável na infância e na adolescência. Disponivel em: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3149/a_importancia _da_alimentacao_saudavel_na_infancia_e_na_adolescencia.htm . Acesso em 26/11/2015. 2. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de organização no Governo Brasileiro. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 52732011000600002 . Acesso em 26/11/2015 3. Modelo de avaliação da saúde bucal na atenção básica. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n9/07.pdf . Acesso em 26/11/2015 http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3149/a_importancia_da_alimentacao_saudavel_na_infancia_e_na_adolescencia.htm http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3149/a_importancia_da_alimentacao_saudavel_na_infancia_e_na_adolescencia.htm http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732011000600002 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732011000600002 http://www.scielo.br/pdf/csp/v27n9/07.pdf 24 Conheça a Sociedade Brasileira de Odontologia – SOB Para isso, acesse: http://www.abo.org.br/site/ 5: Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PNAISM) – MS. Em função da organização social das relações de gênero, homens e mulheres, estão expostos a padrões distintos de adoecimento, sofrimento e morte. Para as mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. Mas, outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as desigualdades, onde certas doenças e causas de morte estão mais relacionadas com a situação de discriminação na sociedade do que com fatores biológicos. O enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores e busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual são a tônica de abordagem da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PNAISM). Cada ciclo da vida da mulher é marcantes para seu corpo e sua história de vida, que em cada cultura recebem significado diverso. A menstruação e a menopausa são fenômenos naturais da fisiologia feminina e por longo tempo foram tratados como incômodos e vistos como doença. Ainda nos dias de hoje há uma idéia presente que associa feminilidade aos aspectos da fertilidade e da juventude. A discriminação de gênero, que interfere nas relações sociais e culturais, pode fazer com que as mulheres no climatério e especialmente após a menopausa venham a se sentir incompetentes e incapazes de desempenhar normalmente suas atividades ou empreenderem- se em novos projetos de vida. Rede Cegonha, estratégia de mudança do modelo de atenção obstétrica e infantil a ser implementado em todo o território nacional, com prioridade de http://www.abo.org.br/site/ 25 implantação nas regiões da Amazônia Legal e do Nordeste, bem como nas regiões metropolitanas. A Rede Cegonha é uma rede de cuidados que visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à gravidez, ao parto e puerpério seguros e humanizados, e às crianças o direito ao nascimento e desenvolvimento saudáveis. São cinco fases de implementação, que deverão estar finalizadas até 2016. A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas. A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadoresde serviço, no estabelecimento de relações com pessoas singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibilização e capacitação para humanização das práticas em saúde. Leia o artigo: COELHO, Edméia de Almeida Cardoso et al. Integralidade do cuidado à saúde da mulher: limites da prática profissional. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 13, n. 1, p. 154-60, 2009. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n1/v13n1a21 . Acesso em 25/11/2015 Conheça a Rede APS. Para isso acesse: http://www.rededepesquisaaps.org.br/ http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n1/v13n1a21 http://www.rededepesquisaaps.org.br/ 26 6 Ações da Clínica e do Cuidado nas Principais Queixas e Agravos da Saúde da Mulher. Abordamos aspectos clínicos e manejo das principais queixas e agravos ginecológicos; o impacto das doenças sexualmente transmissíveis para saúde e qualidade de vida das mulheres e seus impactos sociais. Manejo e medidas de promoção, prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis. Ações da clínica e do cuidado nas principais queixas e agravos ginecológicos O tópico propõe que a saúde da mulher seja vista de forma ampla, considerando aspectos biológicos, variáveis conforme condições sociais, regionais, laborais, faixa etária, ciclo de vida contexto familiar, de modo que ESFs possam atender especificidades, garantindo integralidade e humanização do atendimento e escuta qualificada na construção de novos projetos terapêuticos voltados para problemas específicos e queixas inespecíficas, melhorando a qualidade de vida. Trata da importância da prevenção e detecção do câncer ginecológico, da identificação dos papeis da equipe multiprofissional no reconhecimento e enfrentamento das queixas, no conhecimento e implementação de medidas de busca ativa da prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico e no reconhecimento e viabilidade do sistema para a identificação de queixas associadas à violência As mudanças de hábitos, aliadas ao stress gerado pelo estilo de vida do mundo moderno, contribuem para que as doenças crônico-degenerativas estejam entre as principais causas de morte na população feminina. Alguns fatores, como o tipo de alimentação, o sedentarismo, o tabagismo, a sobrecarga de responsabilidades – aumento considerável do número de mulheres chefes de família –, a competitividade, o assé- dio moral e sexual no mundo do trabalho, têm relevância destacada na mudança do perfil epidemiológico das mulheres. A hipertensão arterial e o diabetes mellitus constituem-se nos principais fatores de risco populacional para as doenças cardiovasculares que, por sua vez, são a primeira causa de morte (31%), segundo dados do SIM/MS/2002. A hipertensão arterial tem prevalência estimada em cerca de 20% da população adulta (maior ou igual a 20 anos) e 27 forte relação com 80% dos casos de acidente vascular cerebral e 60% dos casos de doença isquêmica do coração. O diabetes mellitus vem apresentando uma prevalência crescente. No Brasil, a prevalência é em torno de 7,6% na população de 30 a 69 anos. Na referida pesquisa realizada por Laurenti (2002), o acidente vascular cerebral aparece como a primeira causa de morte em mulheres de 10 a 49 anos e a doença hipertensiva, a doença isquêmica do cora- ção e o diabetes mellitus ocupam, respectivamente, o sétimo, oitavo e nono lugar. O câncer de colo, diferentemente do câncer de mama, pode ser prevenido com medidas de fácil execução e de baixo custo. Segundo o INCA, em 2000, no SUS, a rede de coleta de exames citopatológico cérvico vaginal era composta por 6.908 unidades. Em 2002, estas já totalizavam 12.726. Em 2000, havia 687 laboratórios de citopatologia que, em 2002, totalizaram 1.043. Em 1998, não havia nenhuma unidade de cirurgia de alta freqüência e, em 2002, 308 estavam funcionando. No mesmo ano, 166 hospitais realizavam tratamento de câncer. Mas não basta introduzir a oferta dos exames preventivos na rede básica. É preciso mobilizar as mulheres mais vulneráveis a comparecem aos postos de saúde e implementar os sistemas de referência para o que for necessário encaminhar. No Brasil, observa-se que o maior número de mulheres que realizam o exame Papanicolaou está abaixo de 35 anos de idade, enquanto o risco para a doença aumenta a partir dessa idade. A prevenção do câncer ginecológico, assim como o diagnóstico precoce e o tratamento, requerem a implantação articulada de medidas como sensibilização e mobilização da população feminina; investimento tecnológico e em recursos humanos, organização da rede, disponibilidade dos tratamentos e melhoria dos sistemas de informação. As mulheres lésbicas ainda consideram que o câncer de colo de útero só afeta mulheres heterossexuais e, portanto, não se sentem mobilizadas para sua prevenção nem para a prevenção do câncer de mama. As políticas públicas precisa incorporar o entendimento de que as mulheres lésbicas também são mulheres e, portanto, devem ser contempladas no conjunto das ações de atenção à saúde da mulher. A agenda de necessidades de saúde desse grupo populacional diz respeito, dentre outras, ao atendimento na área 28 da ginecologia, em que os profissionais partem do pressuposto de que a vida sexual ativa das mulheres é sempre de caráter heterossexual. A ausência da variável cor na maioria dos sistemas de informação da área de Saúde tem dificultado uma análise mais consistente sobre a saúde das mulheres negras no Brasil. No entanto, os dados socioeconômicos referentes à população negra por si só já são indicadores de 50 51 seu estado de saúde. A grande maioria de mulheres negras encontra-se abaixo da linha de pobreza e a taxa de analfabetismo é o dobro, quando comparada a das mulheres brancas. Por essas razões, elas possuem menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, resultando que as mulheres negras têm maior risco de contrair e morrer de determinadas doenças do que as mulheres brancas. Alguns problemas de saúde são mais prevalentes em determinados grupos raciais/étnicos e, no caso das mulheres negras, a literatura refere maior freqüência de diabetes tipo II, miomas, hipertensão arterial e anemia falciforme. São doenças sobre as quais os dados empíricos são 52 53 suficientes para demonstrar o recorte racial/étnico relativo à popula- ção negra. A literatura norte-americana afirma que a prevalência de miomas em mulheres negras é cinco vezes maior que em mulheres brancas. No Brasil, segundo Souza (1995), também é alta a incidência e reincidência de miomas em mulheres negras. No que se refere à hipertensão arterial, sua maior prevalência se dá em negros de ambos os sexos, com a peculiaridade de aparecer mais cedo e ser mais grave e complicada nesse grupo populacional. Esse dado adquire maior gravidade quando relacionado à hipertensão arterial durante a gravidez, levando à toxemia gravídica, uma das principais causas de morte materna no Brasil. A anemia falciforme é uma doença hereditária que incide majoritariamente em negros em todo o mundo, sendo a do tipo Banto (a mais grave) a predominante no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que nascem no Brasil cerca de 2.500 crianças falcêmicas/ano e, segundo Oliveira (2000), triagens de gestantes no pré-natal demonstraram que, em cada mil, 30 são portadoras do traço falcêmico. A precariedade das condições de vida das mulheres negras leva-as a apresentarem também 29 maiores taxas de doenças relacionadas à pobreza, como o câncer de colo de útero que é duas vezes mais freqüente em mulheres negras que em brancas.Saiba mais: Leia o artigo: Dossiê, assimetrias raciais no Brasil: alerta para elaboração de políticas. Belo Horizonte, 2003.. Disponível em: http://pesquisa.bvs.br/brasil/resource/pt/ses-19572 . Acesso em 26/11/2015 Conheça a REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS. Para isso acesse: http://redesaude.org.br/comunica/ 7 Atenção Integral à Saúde Mulher no Climatério e na Menopausa Vamos abordar alguns conceitos e diretrizes de cuidado a mulher no climatério e menopausa; abordagem social desta etapa da vida como elemento de redefinição do papel social da mulher; riscos e agravos à saúde relacionados a esse período. A sexualidade das mulheres ainda é, em parte, desconhecida, não somente para os homens, mas, sobretudo, para as próprias mulheres. Durante anos, o modelo de sexualidade dominante, normativo, aceito socialmente, é o que corresponde à sexualidade masculina. A ignorância e os tabus que ainda rodeiam a sexualidade durante o climatério trazem como conseqüência que, as diversas mudanças que acontecem no corpo e nas relações sexuais nesse período da vida, são freqüentemente atribuídas, muitas vezes indevidamente, à menopausa. Os profissionais de saúde que atendem a clientela feminina devem cuidar para que haja a maior efetividade possível. Os serviços de saúde precisam adotar estratégias que evitem a ocorrência de oportunidades perdidas de atenção às mulheres no climatério. Isto é, evitar ocasiões em que as mulheres entram em contato com os serviços e não recebem orientações ou ações de promoção, prevenção e ou recuperação, de acordo com o perfil epidemiológico deste grupo populacional. http://pesquisa.bvs.br/brasil/resource/pt/ses-19572 http://redesaude.org.br/comunica/ 30 As oportunidades ocorrem durante a anamnese que valoriza a escuta, no exame clínico que inclui aferição do peso, da altura, da circunferência abdominal e da pressão arterial, no elenco de exames solicitados. Também no encaminhamento para grupos psico-educativos ou para outros profissionais (saúde bucal, endocrinologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, etc.), na orientação sobre sexualidade, alimentação saudável, prevenção do câncer e das DST/aids, na oferta de atividades de promoção da saúde e outros recursos disponíveis na rede, em outros serviços públicos e na comunidade. Saiba mais: Leia o Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf Acesso em 26/11/2015 Conheça a Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia – RBGO. Para isso, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0100- 7203/lng_pt/nrm_iso 8 Enfrentamento da Violência contra a Mulher Veremos conceito de violência contra mulher; sinais e sintomas da violência; estratégias de abordagem das mulheres vitimas de violência; iniciativas de proteção à mulher e seus filhos vitimas de violência. O que é violência doméstica contra a mulher? É a forma mais freqüente de violência sofrida pelas mulheres. São atos e comportamentos dirigidos contra a mulher que correspondem a agressões físicas ou sua ameaça, maus tratos psicológicos e abusos ou assédios sexuais, e desrespeito aos seus direitos na esfera da vida reprodutiva ou da cidadania social. Consistem em agressão verbal, física e psicológica cometidas por um membro da família ou pessoa que habite ou tenha habitado o mesmo domicílio. As mulheres podem estar envolvidas nas situações de violência doméstica como agredidas ou como agressora. Algumas são mesmo a um só tempo envolvidas em ambas as situações, quando, por http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf%20Acesso%20em%2026/11/2015 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf%20Acesso%20em%2026/11/2015 http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0100-7203/lng_pt/nrm_iso http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0100-7203/lng_pt/nrm_iso 31 exemplo, sofrem violência do marido e batem nas crianças. Trataremos aqui da abordagem das mulheres no sentido de apoiar sua emancipação e conseqüente superação das situações de violência. A seguir, discriminamos os atos que podem ser considerados violência física, sexual e psicológica. Violência física: • Tapas • Empurrões • Chutes • Bofetadas • Tentativa de asfixia • Ameaça com faca • Tentativas de homicídios • Puxões de cabelo • Beliscões • Mordidas • Queimaduras Violência psicológica: • Humilhações • Ameaças de agressão • Privação da liberdade • Impedimento ao trabalho ou estudo • Danos propositais a objetos • queridos • Danos a animais de estimação • Danos ou ameaças a pessoas • queridas • Impedimento de contato com a • família e amigos Violência sexual: • Expressões verbais ou corporais que não são do agrado da pessoa 32 • Toques e carícias não desejados • Exibicionismo e voyerismo • Prostituição forçada • Participação forçada em pornografia Visibilidade/invisibilidade da violência doméstica Apesar da alta magnitude, é raro a violência tornar-se visível. Quando mulheres que estão sofrendo violência procuram os serviços de saúde, dificilmente revelam espontaneamente esta situação. Mesmo quando perguntamos, corremos o risco de não ser revelado este sofrimento. Isso ocorre porque é bastante difícil a mulher falar sobre a violência, bem como não tem sido experiência das mulheres o crédito e o acolhimento diante dessa revelação. Também devemos lembrar que a palavra violência pode não corresponder à experiência vivida por algumas mulheres, que não reconhecem os atos agressivos cometidos pelo marido como violência, mas sim como ―ignorância‖, ―estupidez‖ e outros termos parecidos. Assim sendo, seja por dificuldades das mulheres, seja porque não podem ainda confiar nos serviços de saúde, as mulheres geralmente não contam que vivem em situação de violência. 33 Por definição, a violência sexual é toda a ação na qual uma pessoa em relação de poder e por meio de força física, coerção ou intimidação psicológica, obriga uma outra ao ato sexual contra a sua vontade. O abuso sexual é muitas vezes difícil de ser detectado. Atos libidinosos, atentado ao pudor, sedução, entre outros, podem não deixar marcas físicas. • Abuso incestuoso: é o abuso sexual envolvendo pai ou outro parente próximo, que se encontra em uma posição de maior poder em relação à vitima. • Sexo forçado no casamento: a mulher é constrangida a manter relações sexuais como parte de suas obrigações de esposa. • Assédio sexual no local de trabalho: atitudes de conotação sexual em que ocorre constrangimento de uma das partes, através do uso do poder de um superior na hierarquia em instituições de ensino e locais de trabalho e onde quer que se estabeleçam relações desiguais de poder. Estupro - quando a mulher é obrigada a manter relações sexuais vaginais sob ameaça ou violência. Atentado violento ao pudor - quando a mulher é obrigada a manter relação sexual anal, oral ou qualquer outro contato íntimo que não seja relação sexual vaginal ou quando é obrigada a presenciar outras pessoas tendo relações sexuais. Violência institucional, fruto das desigualdades predominantes em uma determinada sociedade, esse tipo de violência se incorpora à cultura hegemônica em instituições como os serviços públicos, a mídia e as empresas privadas. No Brasil não são raras as denúncias da falência do sistema penitenciário e suas repercussões junto às mulheres encarceradas, sendo difícil o acesso a fontes de informação sobre o tema. A violência contra mulheres presas não é um fenômeno local, que reporta casos de estupros e outros tipos de abuso sexual, restrições cruéis e degradantes às mulherespresas que estão grávidas ou seriamente doentes, acesso inadequado às necessidades básicas para se manterem física e mentalmente saudáveis, confinamento e isolamento por períodos muito prolongados em condições que reduzem os estímulos sensoriais. 34 Violência nos serviços de saúde, são enfrentadas por muitas mulheres que se dirigem aos serviços de saúde para atendimento que é marcado pela violência. Não são raros os relatos de casos de curetagem sem anestesia, quando em situação de aborto; tratamento preconceituoso, negligência e maus-tratos nas situações de aborto provocado; falta de esclarecimentos e orientações adequadas; exames ginecológicos feitos com pouco cuidado; falta de privacidade quando examinadas; abuso sexual por parte dos profissionais e tratamento preconceituoso em casos de violência sexual. Apenas uma em cada dez mulheres em situação de violência que procuram atendimento médico é oficialmente reconhecida pelos profissionais de saúde como mulher espancada, as respostas dos profissionais a essas mulheres tendem a se limitar ao tratamento das lesões físicas causadas pelo espancamento e, em muitos casos, a culpar a vítima pela violência. Saiba mais: Leia o artigo: VIOLÊNCIAS CONTRA AS MULHERES: INTERFACE COM A SAÚDE. Disponível em www.scielo.br/pdf/icse/v3n5/03.pdf . Acesso em 25/11/2015 Conheça a ONU MULHERES. Para isso, acesse: www.onumulheres.org.br/areas.../fim-da-violencia-contra-as-mulheres http://www.scielo.br/pdf/icse/v3n5/03.pdf http://www.onumulheres.org.br/areas.../fim-da-violencia-contra-as-mulheres 35 Bibliografia: BEREK, Jonathan S. (Ed.). Novak: tratado de ginecologia. 15ª edição, 2014 BRASIL. Ministério da Saúde. Politica Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher: princípios e diretrizes - Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. 82 p. : il. – (Série C. Projetos, Programas e Relatórios) BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Diretrizes Brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. Bibliografia complementar BRASIL, Ministério da Saúde. Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde de Criança, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências. Orientação para Gestores e Profissionais de Saúde. Série F Comunicação e Educação em Saúde. Brasília, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_familias _violencias.pdf Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Texto retirado de Atenção integral à saúde de adolescentes e jovens. Documento preliminar para discussão na Oficina de Construção da Política Nacional de Atenção à Saúde de Adolescentes e Jovens. Brasília: ASAJ, [2003]. ______. Ministério da Saúde. Sistema de Informação em Pré-Natal (Sis- prenatal). Brasília: Ministério da Saúde; Datasus, 2002. ______. Ministério da Saúde. Violência Intrafamiliar. Brasília, 2002. 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