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CINESIOLOGIA E 
BIOMECÂNICA APLICADAS 
AO EXERCÍCIO
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Vinícius Morato
Indaial - 2019
1ª Edição
Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício.indd 1 13/08/2019 11:16:57
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M831c
 Morato, Vinícius da Silva
Cinesiologia e biomecânica aplicadas ao exercício. / Vinícius 
da Silva Morato. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
154 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-386-3
 ISBN Digital 978-85-7141-387-0
1.Cinesiologia. - Brasil. 2. Biomecânica. - Brasil II. Centro Univer-
sitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612.044
Impresso por:
Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício.indd 2 13/08/2019 11:16:57
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
SISTEMA MUSCULAR .....................................................................7
CAPÍTULO 2
CINESIOLOGIA ..............................................................................61
CAPÍTULO 3
SISTEMA LOCOMOTOR .............................................................105
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APRESENTAÇÃO
O que é Cinesiologia? O que é Biomecânica? São a mesma coisa? Por 
que estudá-las? Onde e como aplicá-las? Quais conceitos, sistemas, tipologia, 
funções, estruturas, mecanismos que compõem esses estudos? Questões como 
estas serão abordadas e esclarecidas no decorrer deste livro, através de uma 
abordagem sucinta, porém dinâmica, englobando desde o básico ao complexo, 
buscando a contextualização com a realidade.
Serão apresentados desde a definição e constituição de um músculo ao 
sistema de alavancas, tal percurso denotará em três capítulos intitulados: Sistema 
Muscular, no qual serão apresentados a tipologia muscular, os componentes e 
composições, os nomes e seus papéis nos principais movimentos; Cinesiologia, 
no qual denotaremos o que é e o porquê de estudá-la, uma análise mais 
científica dos músculos e as variações das posições do corpo; por fim, o Sistema 
Locomotor, que apresentará todos os componentes que o envolvem, suas 
características fisiológicas e mecânicas originando o sistema de alavanca.
Atualmente, as equipes profissionais de diversos esportes, principalmente 
os esportes individuais, como os de lutas, vêm investindo cada vez mais em 
contratação de profissionais da área de fisiologia, cinesiologia e biomecânica, 
visando à otimização do rendimento no treinamento, buscando uma melhor 
performance em competições, pois com o domínio dessas ciências há uma 
tendência maior em traçar uma estratégia que envolve a relação de controle do 
treino e nutrição. Conhecer cientificamente o movimento específico de um gesto 
motor pertencente a uma modalidade específica semelhante ao tipo de recurso 
alimentar que possa potencializar e fornecer mais energia para tal, aumentando 
sua eficácia, torna-se uma vantagem para atletas de elite.
Bons estudos!
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CAPÍTULO 1
SISTEMA MUSCULAR
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: o aluno conhecerá a constituição de um músculo, seu funcionamento, 
finalidades, tipos, sua manutenção para melhor eficácia e seu papel no movimento 
humano aplicado no exercício e no esporte.
Fazer: o aluno saberá identificar a localização de um músculo específico, suas 
ações e seu papel em um determinado movimento, paralelo à compreensão de 
cuidados e aplicações para manter uma musculatura saudável e eficaz.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O que se entende quando ouvimos e/ou lemos a nomenclatura sistema 
muscular? É bem simples, trata-se de todo um conjunto de músculos existentes 
no nosso corpo que é totalmente responsável por uma série de funções. Que 
funções são essas? São várias, por isso se chama sistema! O sistema muscular 
é considerado o maior sistema orgânico do corpo humano, responsável pela 
geração de calor (energia térmica) para todo o organismo, é responsável também 
pelo equilíbrio postural, sustentação, circulação sanguínea e está totalmente 
ligado a qualquer tipo de movimento, seja dinâmico (em movimento) ou estático 
(no qual o corpo se encontra parado, porém, há contração muscular) (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2016).
A estrela, ou como podemos dizer, o protagonista que terá todo o nosso foco 
neste capítulo, será o músculo, por isso precisamos entender o que realmente ele 
é, do que ele é formado, suas características e classificações, o que faz o músculo 
funcionar e que recursos são utilizados para um melhor funcionamento, quais 
tipos de músculos existem e quais suas funções em determinados movimentos.
Já parou para analisar que exatamente nesse momento em que você está 
lendo esse parágrafo, nosso sistema muscular está trabalhando em pleno vapor? 
Que ao usar o dedo no mouse, ou clicar no teclado para rolar a página, até 
mesmo nos movimentos dos olhos para acompanhar o texto, diversos músculos 
estão atuando? Então pare para fazer essa análise e observe a magnitude desse 
sistema.
2 O QUE É UM MÚSCULO? DE QUE 
É FORMADO E QUAIS SÃO SEUS 
COMPONENTES?
Para falarmos sobre um sistema, seja ele qual for, precisamos conhecer 
e entender seus componentes, como um sistema específico de um carro, mais 
precisamente o sistema de aceleração, no qual para entendê-lo, devemos conhecer 
quais peças fazem parte e qual a função de cada uma para o funcionamento geral 
desse sistema. Seguindo essa premissa, teremos agora acesso a uma básica e 
breve noção sobre conceitos e definições relacionadas aos músculos.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Informações mais detalhadas sobre esse tema encontram-se 
em obras de anatomia e fisiologia geral e esportiva, como os livros 
citados a seguir. 
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta - Atlas 
de anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen, 2018. 
FIGURA 1 – EXEMPLOS DE MÚSCULOS ESQUELÉTICOS 
SUPERFICIAIS DO CORPO HUMANO
FONTE: https://www.passeidireto.com/arquivo/34755473/sistema-
muscular-do-corpo-humano. Acesso em: 2 jul. 2019.
O que é um músculo? O músculo é um órgão formado por fibras contráteis 
(células longas que possuem miofibrilas que ajudam na movimentação corporal), 
controladas por um outro sistema (Sistema Nervoso Central), é de cor vermelha 
devido à existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas 
fibras musculares. Podem estar ligados diretamente à nossa estrutura óssea, 
denominando-se músculos esqueléticos, essas são estruturas que cruzam 
articulações executando váriostipos de movimento; ou fazem parte da estrutura 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
de órgãos e/ou aparelhos, no qual chamam-se músculos viscerais. Os músculos 
representam entre 40 a 50% do peso corporal total, somando mais de 650 
músculos no corpo humano, cada um tendo um papel específico para executar. 
Quimicamente dizendo, as fibras são compostas por proteínas estruturais, como 
actina e miosina; mioglobina; substâncias energéticas como o glicogênio; além de 
enzima, íons de cálcio e fosfatos livres.
Miofibrilas: organelas cilíndricas formando diversos feixes 
longitudinais que ocupam quase todo o citoplasma das células 
musculares. Quando elas entram em contato com a membrana 
celular, tornam-se responsáveis pelo processo de contração 
muscular.
FIGURA 2 – VISÃO ORGANIZACIONAL DOS COMPONENTES MUSCULARES
FONTE: https://docplayer.com.br/47001184-Tema-b-organizacao-
microsacopica-e-contracao-muscular.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
O músculo contém água (aproximadamente 75% de seu peso é água), 
proteínas (16 a 22%), gordura (entre 1,5 a 13%), carboidratos (0,5 a 1,3% do peso 
muscular, falando apenas do glicogênio) e constituintes inorgânicos. A água é o 
principal constituinte dos fluidos extracelulares e várias substâncias químicas são 
dissolvidas ou despejadas nela, por isso, a água age como um meio de transporte 
dessas substâncias, entre a camada vascular e as fibras musculares. A matéria 
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
sólida muscular é formada principalmente pelas proteínas que são classificadas, 
geralmente, por sua capacidade de se dissolver no sarcoplasma, miofibrilas e do 
estroma. Existe também nos músculos a presença de outros compostos, que são 
as substâncias nitrogenadas, como as substâncias nitrogenadas não proteicas, 
que incluem vários compostos químicos (aminoácidos, peptídeos simples, 
creatina, creatina fosfato, creatinina, vitaminas, nucleosídeos e nucleotídeos, 
incluindo adenosina trifosfato (ATP)) (WILMORE; COSTILL, 2001). 
Com relação à gordura, a quantidade é variável (pois depende da 
individualidade e contextualização de cada ser humano), constituindo-se 
praticamente apenas de lipídios neutros (triglicerídeos) e fosfolipídios. No que 
diz respeito a carboidratos, o músculo apresenta, em média, uma quantidade 
pequena. O glicogênio é o carboidrato mais presente no músculo, pois a maioria 
dos outros carboidratos consiste em glicosaminoglicanos, glicose e outros mono 
ou dissacarídeos e intermediários do metabolismo glicolítico. Além de todas essas 
substâncias, o músculo contém vários constituintes inorgânicos, entre eles cálcio, 
magnésio, potássio, sódio, ferro, fósforo, enxofre e cloro. 
Os músculos se dividem em nove grupos pelo corpo: cabeça, pescoço, 
abdômen, região posterior do tronco, tórax, membros inferiores, membros 
superiores, órgãos dos sentidos e períneo. Dentre as principais funções dos 
músculos, podemos citar:
• A produção de movimentos: que podem ir desde os mais simples, 
que são os movimentos naturais (andar, engatinhar, pular) aos mais 
complexos (escrever, rebater uma bola, executar um golpe).
• Estabilização corporal: a contração muscular esquelética atua como 
estabilizador articular, produzindo o equilíbrio, permitindo algumas 
posturas, como ficar em pé ou simplesmente sentar.
• Controle do volume dos órgãos: a contração sustentada das faixas 
anelares dos músculos lisos (como os esfíncteres) pode impedir a saída 
do conteúdo de um órgão oco.
• Movimentação e transporte de substâncias intercorporal: a 
intensidade do fluxo sanguíneo é controlada pelos músculos lisos das 
paredes dos vasos. Nutrientes e oxigênio são levados aos músculos pela 
corrente sanguínea através do movimento (bombeamento) do músculo 
cardíaco.
• Produção de calor: há manutenção da temperatura corporal a partir de 
uma quantidade de calor produzida em uma contração muscular.
Consequentemente, os músculos são os órgãos que melhor se adaptam à 
realidade do sujeito, seja ele uma pessoa normal ou um atleta de elite. Podemos 
citar dois exemplos, um em cada tipo de músculo diferente. No caso dos músculos 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
viscerais, podemos apontar o coração, que é considerado um órgão 
nobre que se adapta à necessidade do ser humano. Consequentemente, 
o coração dos praticantes de exercícios e atletas tem a estrutura 
cardíaca modificada naturalmente para suprir as necessidades do 
corpo, a hipertrofia do ventrículo esquerdo e o aumento da espessura 
da veia aorta são um exemplo de adaptação fisiológica estrutural, pois 
na necessidade de melhor e maior bombeamento sanguíneo para levar 
maior quantidade e mais rápido os nutrientes e o oxigênio para todo o 
corpo buscando sua melhor performance, essas estruturas se modificam 
e se adaptam. Já os músculos esqueléticos, através do exercício físico, 
podem desenvolver maior volume e aumentar seu ganho de força e/ou 
resistência. 
2.1 TECIDO FASCIAL 
Antes de avançarmos em nosso estudo para entendermos o funcionamento 
muscular, seja estrutural ou como parte de um sistema, precisamos entender e 
saber que os músculos não trabalham de maneira individual ou em grupos e que 
não são os únicos responsáveis pelo movimento. Existe uma rede sistemática 
de diversos componentes que fazem parte desse processo, que vão desde 
mecanismos neurais a tecidos conjuntivos. Por isso, essa seção fará, de certa 
maneira, uma espécie de introdução para a próxima etapa.
Ao fim deste capítulo, você entenderá que o sistema muscular é caracterizado 
por apresentar todo um complexo sistema de sustentação, contenção, ligação, 
envolvimento e proteção, além, é claro, de estar presente em todos os 
compartimentos e cavidades corporais. 
O tecido fascial (ou sistema fascial) tem participação direta em todo esse 
sistema. Caracteriza-se por ser uma estrutura viscoelástica formada por tecidos 
conjuntivos presente em todo o corpo, sendo composta principalmente por tecido 
conectivo, ou seja, promove também conexões (os tecidos conectivos estão 
presentes na maioria dos tecidos que participam de ações durante os exercícios 
físicos). 
O coração dos 
praticantes de 
exercícios e atletas 
tem a estrutura 
cardíaca modificada 
naturalmente 
para suprir as 
necessidades do 
corpo, a hipertrofia 
do ventrículo 
esquerdo e o 
aumento da 
espessura da 
veia aorta são 
um exemplo 
de adaptação 
fisiológica estrutural.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 3 – IMAGEM DO TECIDO FASCIAL INTRA E EXTRAMUSCULAR
FONTE: https://anatomiaefisioterapia.com/2018/05/07/
redescobrindo-a-fascia-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
As bainhas em torno dos nervos e vasos, os órgãos, a constituição 
do peritônio e da pleura, a junção do osso ao osso, músculo ao osso 
e as bandas tendíneas são exemplos de elementos estruturais e 
funcionais que sofrem interferência direta do tecido fascial, seja como 
proteção, constituição e/ou auxílio em formação. Em uma visão mais 
geral, o tecido fascial penetra e envolve todos os órgãos, músculos 
(individualmente e em todas a conexões), ossos, tecidos fibrosos 
(ligamentos, tendões, retináculos, cápsulas articulares) e fibras 
nervosas. Encontram-se em todas as direções e sentidos do corpo, sendo o único 
sistema conectivo que tem como característica se interligar a todos os músculos 
simultaneamente, criando um ambiente funcional único para todos os sistemas 
do corpo, ou seja, literalmente, o tecido fascial permite que todos os sistemas 
trabalhem interligados em um ambiente comum a todos.
Caracterizado como um sistema multifuncional (várias funções),o 
sistema fascial tem como principal importância seu papel na manutenção e na 
estabilização da postura ereta do corpo, porém, também tem importante papel na 
proteção intermuscular, ou seja, ele impede que haja atrito de um músculo com 
outro. Dependendo da área corporal, as fáscias podem ser extremamente finas e 
frágeis ou fortes e resistentes. As fáscias se subdividem em dois grupos, sendo 
eles:
Superficial: encontra-se unida na camada inferior à pele. É composta por 
O tecido fascial 
permite que 
todos os sistemas 
trabalhem 
interligados em um 
ambiente comum a 
todos.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
tecido fibroelástico, estruturas vasculares sanguíneas e linfáticas, gordura e 
terminações nervosas, há a presença dos corpúsculos de Pacini e dos receptores 
cutâneos de pressão.
Profunda: como o nome já diz, encontra-se em áreas mais profundas, como 
áreas intramusculares (envolve e separa os músculos) e/ou se aderindo em 
proeminências ósseas. Possui uma fáscia dura, resistente e compacta.
Corpúsculo de Pacini: terminação nervosa periférica que faz 
papel de receptor mecânico.
FIGURA 4 – IMAGEM DA LOCALIZAÇÃO DAS FÁSCIAS 
MUSCULARES SUPERFICIAIS E PROFUNDAS
FONTE: https://www.facebook.com/abfascias/photos/
d41d8cd9/1901136373539910/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Agora que temos uma breve noção de que o músculo não trabalha sozinho 
no corpo humano, podemos entender como o músculo funciona em sua estrutura 
interna e em todo o sistema muscular.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
3 O QUE FAZ UM MÚSCULO 
FUNCIONAR?
Acabamos de entender que o músculo não tem vida própria, certo? Ou será 
que ele resolve se contrair e criar movimentos do nada? Claro que não, seria uma 
loucura, não é? Já imaginou você, querendo dormir, mas seus músculos resolvem 
dançar? Obviamente algo ou alguém é responsável pelo seu funcionamento 
além de toda uma estrutura química. Alguém dá as ordens! Há um general, e os 
músculos, como bons soldados, seguem essa ordem de maneira perfeita. É uma 
hierarquia corporal, mas quem será que dá as ordens? Como essas ordens chegam 
ao conhecimento dos músculos? Como estes respondem? Essas são algumas 
das perguntas que serão respondidas nas próximas seções. Agora faremos uma 
pergunta diferenciada com um outro objetivo, e gostaríamos que você a fixasse e 
aplicasse em cada parte da leitura desta seção, procurando respondê-la de maneira 
resumida, clara e objetiva. Ao final desta seção, apresentaremos a resposta e você 
reflitará se está de acordo com a sua análise, se há a necessidade de alteração ou 
não, combinado? A pergunta é a seguinte: O que faz um músculo funcionar?
3.1 SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O general se chama sistema nervoso e é responsável por enviar estímulos 
à musculatura, e baseado nesses estímulos, todo um sistema é solicitado para 
trabalhar, desde o oxigênio e os nutrientes levados pela corrente sanguínea ao 
músculo até o movimento corporal propriamente dito. Você se lembra de que 
falamos um pouco sobre o sistema fascial? Então, o sistema nervoso utiliza esse 
sistema para conduzir as ações motoras. A reação do procedimento de contração 
muscular ocorre devido à combinação de impulsos neurais inibitórios (quando o 
sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização, a ação 
resultante será inibitória do potencial de ação) e excitatórios (quando o sinal 
produzido na membrana pós-sináptica for a despolarização, iniciando o potencial 
de ação), que transmitem estímulos contínuos aos neurônios e determinam seu 
potencial de ação para a excitação, assim, os impulsos excitatórios se sobressaem 
aos impulsos inibitórios das fibras musculares, resultando numa contração e 
estimulando o recrutamento de unidades motoras (são essas unidades funcionais 
que são responsáveis pelo fenômeno do controle neuromuscular no que diz 
respeito à parte final de toda a estrutura desse processo) (MAIOR; ALVES, 2003; 
WILMORE; COSTILL, 2001).
Imagine dois carros, um vermelho e um azul paralelos e em movimento na 
mesma velocidade, pois recebem a mesma energia, e você tem o poder de apertar 
um botão para gerar em um desses carros uma energia extra, contudo, em cada 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
carro há uma reação. Enquanto o carro azul ao receber mais energia se torna mais 
veloz, o carro vermelho ao receber mais energia se torna mais lento. Digamos que 
a ação excitatória do músculo seja a energia extra no carro azul e que esse botão, 
para ter efeito, depende de alguns mecanismos, os mecanismos neurais! 
O que é uma unidade motora? É um conjunto de elementos funcionais 
formado por um motoneurônio (neurônios motores) e todas as fibras musculares 
que ele inerva, assim, essas fibras, de maneira sincronizada, sofrem ativação por 
um axônio motor, resultando na contração, como podemos ver na figura a seguir. 
FIGURA 5 – IMAGEM DE UMA UNIDADE MOTORA
FONTE: https://www.saberatualizado.com.br/2016/06/como-explicar-
nossos-momentos-de-super.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
Existem dois tipos de motoneurônios:
• Pequenos: aqueles que inervam poucas fibras musculares, formando 
unidades motoras capazes de produzir menos força. 
• Grandes: aqueles que inervam maior quantidade de fibras musculares, 
formando unidades motoras maiores e mais potentes, consequentemente, 
gerando mais força.
Como supracitado, essas contrações são comandadas pelo sistema nervoso 
central através dos mecanismos neurais. Com relação a esses mecanismos, 
daremos ênfase para o órgão tendinoso de Golgi (OTG) e para os fusos 
musculares. 
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
3.2 MECANISMOS NEURAIS - ÓRGÃO 
TENDINOSO DE GOLGI (OTG)
O órgão tendinoso de Golgi está localizado entre os tendões e as fibras 
musculares, exatamente onde ocorre essa junção, misturando-se entre as 
fibras de colágeno que respondem instantaneamente a estímulos de variação 
do comprimento do músculo, assim como o aumento de tensão, provocando 
um relaxamento reflexo. Quando os tendões recebem uma carga de tensão 
extrema, os receptores do órgão tendinoso de Golgi enviam um grande comando 
de ação para as fibras conducentes do seu nervo sensorial, que seguem para a 
membrana plasmática da célula muscular desenvolvendo um efeito inibitório nos 
motoneurônios (que são responsáveis pelo relaxamento do músculo), diminuindo 
a carga de tensão. O que isso quer dizer? Esse mecanismo é um sistema de 
proteção reflexo, que atravanca (trava, diminui) a ação muscular, limitando e 
controlando a contração. 
FIGURA 6 – ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI
FONTE: https://www.slideshare.net/dimitryjunior/fundamentos-
da-avaliao-neurolgica. Acesso em: 2 jul. 2019.
É como o papel de um disjuntor no quadro de luz. Para evitar um curto-circuito e 
uma provável tragédia, ou simplesmente a perda de um eletrodoméstico, o disjuntor, 
quando recebe uma carga excessiva de eletricidade, desarma, ou seja, ele deixa 
de ser condutor de energia e a corrente elétrica é cortada, não passando para os 
eletrodomésticos, tomadas etc. O órgão tendinoso de Golgi é o nosso disjuntor.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 7 – FUSO MUSCULAR
FONTE: https://docplayer.com.br/115012146-Aula-2-neurofisiologia-
do-movimento.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
3.3 MECANISMOS NEURAIS - FUSO 
MUSCULAR
O segundo componente dos mecanismos neurais que temos como ênfase é o 
fuso muscular. Esses são os receptores de flexibilidade ativos na nossa musculatura, 
logo, são acionados por qualquer alteração muscular no que diz respeitoao avanço 
sobre o limiar de extensão. Quando tal fato ocorre, o fuso muscular envia informações 
sensoriais à medula, que responde de imediato (resposta reflexa). Essa resposta 
reflexa é transformada em excitação tônica das fibras musculares extrafusais pelos 
neurônios motores do tipo alfa. É esse fenômeno tônico que permite que um certo 
nível de tensão permaneça em um músculo mesmo estando em repouso, este 
acontecimento é conhecido como tônus muscular.
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20
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Além dos neurônios motores do tipo alfa, o tônus muscular também sofre 
interferência de outro neurônio, localizado na ponta anterior da medula: o neurônio 
motor tipo gama (ver Figura 9). O que ele faz? Seu axônio é como o cabo USB do 
carregador de um celular, ele leva a eletricidade da tomada ao telefone, esse cabo 
é um axônio (ver Figura 5), acompanha o axônio do neurônio motor alfa chegando 
até o músculo esquelético, fazendo sinapse (sinapse é o local exato onde 
ocorre a junção entre dois neurônios, ali a atividade elétrica de um influencia a 
atividade do outro, resultando na sinapse excitatória ou inibitória, como já falamos 
anteriormente) com a fibra do fuso muscular, contraindo as suas extremidades. 
Isso ocasiona a diminuição de tensão da região central do fuso, incentivando o 
reflexo monossináptico (mono = um, ou seja, apenas uma sinapse) elevando a 
tensão no músculo.
Axônio: é uma parte do neurônio que é responsável pela 
condução do impulso elétrico do corpo celular até o músculo.
FIGURA 8 – IMAGEM DE UMA SINAPSE, JUNÇÃO ENTRE DOIS NEURÔNIOS
FONTE: https://psicoativo.com/2017/01/sinapses-partes-funcoes-
e-tipos-de-sinapses.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
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21
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Cada fuso muscular é composto por:
• Cápsula: bainha de tecido conjuntivo que recobre as fibras intrafusais.
• Fibras intrafusais: são fibras musculares que se localizam dentro do 
fuso muscular.
• Fibras aferentes (sensoriais e motoras): fibras que captam a informação 
e levam para o centro nervoso.
As fibras intrafusais (como o próprio nome já diz “intra” = dentro; interno) 
se encontram no interior do fuso muscular. Essas fibras não são contráteis e 
não possuem miofibrilas na sua porção central, contudo, em suas extremidades, 
contêm fibras que se contraem quando estimuladas pelos neurônios motores, 
nesse caso, o neurônio motor gama. Um típico fuso muscular é composto por 
duas fibras de saco nuclear e um número variável de fibras de cadeia nuclear 
(geralmente, em média, contém cinco).
FIGURA 9 – IMAGEM DE UM SISTEMA NEUROMUSCULAR
FONTE: https://slideplayer.com.br/slide/363271/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Já as fibras eferentes motoras do tipo gama, que se distribuem nas 
extremidades contráteis das fibras intrafusais, têm como função o controle 
do comprimento do músculo, independente do estado em que se encontra 
(alongado ou encurtado). O encurtamento, nesse caso, ocorre somente nas 
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
suas extremidades, onde estão presentes os filamentos de actina e de miosina 
(proteínas contráteis) que são responsáveis pela ação de encurtamento da linha 
M durante a contração (a linha M faz parte do sarcômero, localizada em uma 
região chamada zona H, que é composta exclusivamente por filamentos grossos 
(miosina), que se encontram entre os filamentos finos (actina)).
Quando acontece a ativação das fibras aferentes, imediatamente a medula 
recebe essa informação, produzindo uma ação reflexa dos motoneurônios, que 
dirige a contração com maior força, diminuindo o estímulo de estiramento. Esse 
sistema de contração é responsável por evitar lesões como a hiperextensão 
muscular e é conhecido como reflexo do estiramento, pois quando há uma 
contração muscular, a coativação dos motoneurônios tipo alfa e gama garante a 
atividade permanente do fuso muscular. 
Para um entendimento mais específico e detalhado sobre o 
sistema nervoso central e mecanismos neuromusculares, consulte 
os seguintes livros de fisiologia do exercício.
MAIOR, A. S. E.; ALVES. A. A contribuição dos fatores neurais 
em fases iniciais do treinamento de força muscular: uma revisão 
bibliográfica. Motriz. Rio Claro, v. 9, n. 3, p. 161-168, 2003.
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do 
exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001.
3.4 BIOQUÍMICA MUSCULAR
Além de todo o funcionamento estrutural comandado pelo sistema nervoso 
central, há também elementos e substâncias químicas que estão presentes 
e atuantes em todo o processo, estas são produzidas pelo próprio corpo e/ou 
oriunda externamente, é por isso que uma alimentação saudável, paralela à 
hidratação, contribui para a manutenção e o funcionamento do nosso corpo.
Através dessa união (alimentação e hidratação), temos acesso a vários 
nutrientes e macronutrientes que serão utilizados em todo o processo de 
funcionamento muscular (e de todos os outros sistemas), um rápido exemplo: 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
o hidrato de carbono (carboidrato) é armazenado nos músculos e no fígado 
na forma de glicogênio, que é a primeira fonte de energia utilizada durante o 
exercício, exercendo assim funções, como fonte de energia, preservação das 
proteínas, ativador metabólico e combustível para o sistema nervoso central. A 
proteína é um dos nutrientes que desempenha maior número de funções nas 
células, fazendo parte da estrutura básica dos tecidos e desempenhando funções 
metabólicas relevantes (transporte de oxigênio etc.). A gordura, apesar de não 
representar fonte energética determinante durante um momento específico de 
uma ação, exerce papel essencial no metabolismo (WEINECK, 2000; MORATO, 
2016). 
Já foi observado, por exemplo, que os atletas que consumiam 
baixos valores de gordura e altos valores de hidratos de carbono 
apresentaram maior força muscular e maior velocidade em seus 
movimentos (WILMORE; COSTILL, 2001; MORATO, 2016). De fato, 
para todo o mecanismo do corpo funcionar perfeitamente e melhor, 
há a necessidade de recursos suplementares naturais, simplesmente, 
uma boa alimentação. Esse tema foi abordado bem superficialmente no 
intuito de apenas mostrar que há todo um conjunto que faz parte do 
funcionamento de um simples músculo. 
Voltando ao nosso “protagonista”, como dito anteriormente, os músculos são 
constituídos de fibras, que são compostas por proteínas estruturais. Fazendo um 
apanhado geral, no caso das miofibrilas, estas são constituídas por proteínas 
contráteis chamadas actina e miosina. Há nas fibras também a presença de uma 
proteína semelhante à hemoglobina, a mioglobina, responsável não só pela cor 
avermelhada do músculo, mas também é responsável pelo transporte do oxigênio 
para as mitocôndrias. Além disso, as fibras possuem substâncias energéticas, 
necessárias para o trabalho muscular, como o glicogênio. Como são células com 
grande atividade metabólica, as fibras musculares apresentam grande quantidade 
de enzima, íons de cálcio e fosfatos livres.
Para todo o 
mecanismo do 
corpo funcionar 
perfeitamente 
e melhor, há a 
necessidade 
de recursos 
suplementares 
naturais, 
simplesmente, uma 
boa alimentação.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 10 – EXEMPLO DE MOLÉCULAS DE PROTEÍNAS ACTINA E MIOSINA E 
MOLÉCULAS DE PROTEÍNAS REGULADORAS TROPONINA E TROPOMIOSINA
FONTE: https://mind42.com/public/4c81972b-0730-4f90-
8f6b-895dfe02c23a. Acesso em: 2 jul. 2019.
Quando falamos de porcentagem, 75 a 80% das proteínas miofibrilares 
sãoformadas pelas proteínas miosina (50 a 55% das proteínas miofibrilares 
caracterizam-se por sua grande proporção de aminoácidos carregados (positiva 
ou negativamente)) e actina (20 a 25%), enquanto o restante é constituído pelas 
proteínas reguladoras da função muscular, atuando direta ou indiretamente no 
complexo adenosina trifosfato-actina-miosina. As principais proteínas reguladoras 
são a tropomiosina e troponina (entre 16 a 20% das proteínas miofibrilares 
são formadas pela tropomiosina e troponina juntas (que estão associadas ao 
filamento de actina)). A tropomiosina é responsável pela sensibilidade do sistema 
actomiosina ao cálcio, que libera a contração, e a troponina é a proteína que 
recebe esse íon (Figura 10); há ainda as proteínas da linha M (creatina quinase, 
miomesina e proteína M), α actinina, proteína C e β actinina, que se enquadram 
também como proteínas reguladoras. Como será apresentado na Figura 11, 
durante a contração muscular, as cabeças de miosina formam ligações com os 
filamentos de actina, originando a actomiosina, proporcionando um estado de 
rigidez e de relativa inextensibilidade muscular. Na fase de relaxamento muscular, 
essas ligações se rompem, por isso, quando o músculo está em repouso 
praticamente não existem ligações. 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 11 – O MOMENTO EM QUE AS CABEÇAS DE MIOSINA 
FAZEM LIGAÇÕES COM OS FILAMENTOS DE ACTINA
FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=j-5959hSHCc. Acesso em: 2 jul. 2019.
Assim como um carro precisa de combustível para funcionar, o nosso 
músculo também precisa de uma fonte de energia para realizar algumas funções, 
no caso do processo de contração, a principal fonte de energia usada se 
chama adenosina trifosfato, ou simplesmente “ATP”, e é justamente no 
processo de contração que o músculo necessita de maior quantidade de 
energia. O mecanismo mais eficiente para a quebra da molécula de ATP 
consiste numa série de reações decorrentes do metabolismo aeróbico. 
Estas reações envolvem a glicólise (é a sequência das reações que 
convertem a glicose em ácido pirúvico, com produção simultânea de 
ATP) e o ciclo do ácido tricarboxílico. A glicólise é um meio de obtenção 
rápida de ATP sob condições anaeróbicas. 
Quando o músculo contrai rapidamente, o suprimento de oxigênio 
torna-se insuficiente para uma nova quebra da molécula de ATP via 
metabolismo aeróbio, havendo um acúmulo de íons hidrogênio no 
músculo (ocasionando a produção de ácido lático), permitindo que 
a glicólise se processe rapidamente em conjunto à menor produção 
de energia e diminuição do pH sanguíneo (aumento de acidez). Esse 
evento ocasiona a fadiga, que resulta no mal funcionamento muscular, 
uma vez que a falta de energia e o acúmulo de acidez fazem com que 
o músculo não consiga mais contrair. Para o músculo se recuperar 
da fadiga, o ácido lático acumulado é transportado pela corrente 
sanguínea até o fígado, no qual é reconvertido em glicose e o ATP então 
é novamente produzido através do processo aeróbico normal. Sabe 
Sabe quando você 
resolve dar uma 
corridinha no fim de 
tarde ou vai jogar 
futebol nos fins de 
semana e durante 
essas atividades 
aparecem as 
câimbras? Então, 
nesse momento, 
significa que não 
está tendo oxigênio 
suficiente na 
corrente sanguínea 
para quebrar as 
moléculas de ATP 
e produzir energia 
suficiente para o seu 
músculo continuar a 
funcionar, ao invés 
disso, seu músculo 
se encheu de íons 
de hidrogênio, 
dando origem final 
ao lactato.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
quando você resolve dar uma corridinha no fim de tarde ou vai jogar futebol nos 
fins de semana e durante essas atividades aparecem as câimbras? Então, nesse 
momento, significa que não está tendo oxigênio suficiente na corrente sanguínea 
para quebrar as moléculas de ATP e produzir energia suficiente para o seu 
músculo continuar a funcionar, ao invés disso, seu músculo se encheu de íons de 
hidrogênio, dando origem final ao lactato.
FIGURA 12 – EXEMPLO DE ELEMENTOS PARTICIPANTES 
NA PRODUÇÃO DE ENERGIA MUSCULAR
FONTE: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-obtida-a-
energia-que-faz-nosso-corpo-funcionar/. Acesso em: 2 jul. 2019.
No músculo, o glicogênio é metabolizado pela via glicólica. O piruvato é 
metabolizado no ciclo do ácido tricarboxílico, formando dióxido de carbono e 
água ou sendo convertido a ácido lático. O ácido lático, o dióxido de carbono e 
a água são removidos do músculo através da corrente sanguínea (isso mostra a 
importância de uma boa hidratação). Parte da energia deste metabolismo não é 
utilizada para a contração muscular e é liberada no músculo na forma de calor para 
a manutenção da temperatura do corpo. É por esse motivo que alguns métodos 
de perda de peso muito utilizados, principalmente nos esportes de combates, não 
são aconselháveis, pois impedem a ação de controle térmico corporal, podendo 
ocasionar a morte (podemos usar, por exemplo, o ato de treinar de casaco, ou 
com saco plástico na tentativa irregular de perder peso). O excesso de calor é 
removido pela corrente sanguínea e é dissipado pela pele e pelos pulmões. 
Você conseguiu responder à pergunta que fizemos no início? O que faz um 
músculo funcionar? Simples: o músculo funciona a partir da ação paralela do 
sistema nervoso central e da bioquímica muscular. Enquanto um é responsável 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
pelas ações neuromusculares (tipos de estímulo, condução, respostas, contração), 
o outro é responsável pelo tipo de fonte de energia (elementos (nutrientes) e 
substâncias químicas ingeridas, produzidas, solicitadas, transportadas) e as vias 
metabólicas utilizadas.
 
Conseguimos ter uma breve ideia de como o corpo humano é perfeito, 
não é? Um sistema complexo, porém, dinâmico, que fornece energia para o 
funcionamento do músculo. 
Para saber mais sobre o sistema energético, leia sobre fontes 
de energias e vias metabólicas em “Fisiologia do exercício”.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Agora que sabemos como funciona e o que faz um músculo funcionar, 
conheceremos os tipos de músculos existentes.
4 TIPOLOGIA MUSCULAR
Quando falamos de tipologia, nos referimos a vários tipos de alguma coisa, 
nesse caso, os vários tipos de músculos. Obviamente que o que foi abordado na 
primeira seção era uma visão mais geral dos papéis e funções do músculo no 
corpo, contudo, nesta seção, a abordagem será mais específica, pois além de 
conhecer os tipos de músculos, conheceremos também a função específica de 
cada um, formas, entre outras informações.
Ao classificar os músculos com relação à localização, encontramos dois 
tipos, que se expressam na Figura 13.
 
Superficiais ou cutâneos: estes se encontram bem na superfície logo 
abaixo da pele e têm pelo menos uma parte inserida na camada profunda da 
derme. Podemos vê-los na região do crânio e da face e na região das mãos e 
pescoço, por exemplo, o músculo peitoral.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Profundos ou subaponeuróticos: esses músculos não possuem ligações 
inseridas na parte profunda da derme, porém, são inseridos nos ossos, como o 
serrátil.
FIGURA 13 – EXEMPLOS DE MÚSCULOS SUPERFICIAIS 
(ESQUERDA) E PROFUNDOS (DIREITA)
FONTE: https://br.pinterest.com/pin/217861700703189101/. Acesso em: 2 jul. 2019.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Já com relação à forma, os músculosse dividem em três tipos, são eles: 
FIGURA 14 – FORMAS DOS MÚSCULOS
FONTE: http://filosonatural.blogspot.com/2017/02/anatomia-musculos-
configuracao-externa.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
• Longos: os músculos mais longos são os superficiais, estes podem 
ultrapassar duas ou mais articulações, como no caso do músculo 
sartório, que se localiza na coxa, originando-se na crista ilíaca superior e 
se inserindo na parte medial da tuberosidade tibial.
• Curtos: os músculos curtos são aqueles que se encontram em locais 
com pouca amplitude articular, porém não quer dizer que sejam fracos 
ou que não tenham um desempenho importante, os músculos da mão se 
encaixam nesse exemplo.
• Largos: estes são caracterizados por terem um formato laminar (imagine 
uma massa de pizza logo após ser esticada), encontram-se nas paredes 
do abdômen e tórax, como o diafragma.
Com relação ao posicionamento das fibras, os músculos podem ser 
classificados como:
• Reto: paralelo à linha média, como o reto abdominal.
• Transverso: perpendicular à linha média, como o transverso abdominal.
• Oblíquo: diagonal à linha média, como o oblíquo externo.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 15 – TIPOS DE MÚSCULOS COM RELAÇÃO 
AO POSICIONAMENTO DE SUAS FIBRAS
FONTE: https://blog.queimadiaria.com/contrair-o-abdome-
durante-os-exercicios/. Acesso em: 2 jul. 2019.
No que diz respeito às funções, os músculos possuem quatro:
• Agonistas: são considerados os músculos principais, responsáveis 
pela ativação de um movimento específico do corpo, o que produz a 
ação. Eles se contraem para realizar o movimento desejado, como na 
execução do exercício “rosca bíceps”, o músculo agonista é o bíceps 
braquial, pois é o músculo que faz a ação e se contrai.
• Antagonistas: são os músculos contrários aos que executam a ação, 
consequentemente, no momento em que os agonistas se contraem, 
os antagonistas se alongam. No exemplo anterior, na rosca bíceps, no 
qual o bíceps braquial é agonista, executando toda a ação e contração, 
o tríceps braquial faz papel de antagonista, se relaxando. Entretanto, 
se o trabalho fosse, por exemplo, “tríceps no pulley”, então o tríceps 
se transforma na musculatura agonista enquanto o bíceps executa um 
papel antagonista.
• Sinergistas: auxiliam na movimentação dos agonistas e/ou antagonistas, 
fornecendo também a estabilização para uma execução sem riscos 
indesejáveis durante a ação principal. Ainda usando o exemplo da “rosca 
bíceps”, o bíceps braquial age como agonista, o tríceps braquial como 
antagonista e os flexores e extensores do punho exercem uma contração 
para estabilizar as articulações do cotovelo e do punho.
• Fixadores: por fim, os fixadores, que são responsáveis por estabilizar a 
origem do músculo que executa a ação (antagonista), para este executar 
o movimento com maior segurança e eficácia.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 16 – EXECUÇÃO DE UMA FLEXÃO DE COTOVELO, 
APRESENTANDO A FUNÇÃO DE CADA MÚSCULO
FONTE: http://blogdescalada.com/musculatura-antagonista-
escalada/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Enfim, para finalizarmos a tipologia muscular enfatizando de fato os tipos 
de músculos com relação à estrutura e à função, estes se subdividem em três: 
músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético.
4.1 MÚSCULO LISO
O músculo liso se encontra nas paredes do sistema digestivo, sistema 
respiratório (vias respiratórias), sistema reprodutor (ductos urinários e genitais), 
sistema cardiovascular (paredes arteriais, veias e grandes vasos linfáticos) e na 
pele (ZANELA, 2015). É regulado pelo sistema nervoso autônomo, por hormônios 
e por situações e condições fisiológicas, logo, não está sobre controle voluntário, 
ou seja, nós não temos controle sobre essa musculatura (eu não posso escolher a 
hora em que meu estômago deve digerir algum alimento).
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 17 – IMAGEM DE UM EXEMPLO DE ÓRGÃO COMPOSTO 
POR MÚSCULO LISO E UM CORTE TRANSVERSAL
FONTE: https://descomplica.com.br/blog/biologia/quais-as-principais-
caracteristicas-do-tecido-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Esse tipo de musculatura possui fibras que normalmente são alongadas com 
as extremidades mais estreitas (Figura 17), contudo variam de forma dependendo 
de sua localização. Atuam de modo que a parte mais espessa de uma está 
aplicada sobre as extremidades delgadas de fibras adjacentes. Observando o 
corte transversal, o músculo liso apresenta contornos que variam de arredondados 
até triangulares ou poligonais e uma diferenciação considerável em relação ao 
diâmetro entre as células.
A actina e a miosina estão presentes nas mesmas proporções que no 
músculo esquelético, porém, não há formação de estrias. As células musculares 
lisas podem se apresentar isoladas ou em pequenos grupos formando feixes. 
Independente do jeito que se apresentam, são envolvidas por um tecido conjuntivo 
que as mantém unidas e que transmite a força de contração simultaneamente. 
Assemelha-se ao cabeamento de fios elétricos que temos em casa, todos são 
encapados, essa capa exerce exatamente o papel que o tecido conjuntivo executa 
nas fibras. Esse mesmo tecido conjuntivo também preenche os espaços que 
existem entre as fibras, juntamente às fibras nervosas e aos vasos sanguíneos, 
no entanto, as fibras do músculo liso são menos irrigadas que as do músculo 
esquelético, que conheceremos mais à frente.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
4.2 MÚSCULO CARDÍACO
Apesar de o músculo cardíaco, no que diz respeito à biomecânica e à 
cinesiologia, não ter interesse-alvo, entender seu funcionamento e função é 
essencial, pois esta musculatura é responsável pelo batimento cardíaco e, 
consequentemente, toda a circulação corporal, que é a máquina que faz tudo 
funcionar, ou seja, o músculo cardíaco é o motor do carro. O coração é um órgão 
nobre que tem a capacidade de se adaptar ao tipo de esforço que o indivíduo se 
submete de acordo com a sua modalidade desportiva ou contextualização diária, 
com a finalidade de suprir suas necessidades relacionadas ao bombeamento 
sanguíneo, é por isso que o treinamento intensivo e constante dos atletas instiga 
adaptações cardiovasculares, contudo, essas adaptações incluem alterações 
funcionais, estruturais e anatômicas, que podem exceder os valores de referência 
de uma pessoa normal (PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 
2002; MORATO, 2016). 
Para ter um conhecimento mais aprofundado sobre esse 
tema, sugerimos que busque ler sobre o sistema cardiovascular e 
cardiorrespiratório geral e aplicado ao exercício.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
ZANELA, C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
Assim, estruturalmente, o músculo cardíaco apresenta uma mistura de 
características semelhantes às do musculo esquelético e liso e é por isso que a 
sua especialização é realizar as contínuas e involuntárias contrações necessárias 
para o bombeamento sanguíneo. As fibras do músculo cardíaco (ou miocárdio) 
são menores que as fibras do músculo esquelético, há uma quantidade maior 
de glicogênio em seu sarcoplasma e suas mitocôndrias são maiores e em maior 
número. Além de todas essas diferenças, as células do miocárdio são compostas 
por um único núcleo (localizado ao centro) e são ramificadas. Seus miofilamentos 
se juntam formando várias fibrilas, que variam muito em tamanho, contudo, os 
filamentos de actina e miosina permanecem alinhados, caracterizando um formato 
estriado.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 18 – EXEMPLO DE UM MÚSCULO CARDÍACO E 
UM CORTE TRANSVERSAL DE SUAS FIBRAS
FONTE: https://descomplica.com.br/blog/biologia/quais-as-principais-
caracteristicas-do-tecido-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Outra característica exclusiva do músculo cardíaco é a presença dos discos 
intercalares, uma espécie de membrana dupla, são junções intercelulares que 
aparecem como linhas retas ou escalariformes (têm um aspecto de escada), 
são responsáveis pela manutenção da junção entre as fibras e pela transmissão 
da tensão das fibrilas ao longo do eixo da fibra de uma unidade celular para a 
seguinte, ou seja, atuam na sincronia da contração. A distribuição do tecido 
conjuntivo, vasos e fibras nervosas, é igual à dos músculos esqueléticos e lisos, 
exceto pelo fato de possuir uma maior rede de capilares sanguíneos, esse fator 
contribui para o fato de o músculo do miocárdio possuir capacidade maior para o 
metabolismo oxidativo.
4.3 MÚSCULO ESQUELÉTICO
Este grupo muscular é o que mais nos interessa no que diz respeito 
à cinesiologia e à biomecânica do movimento aplicado no exercício. 
Tudo o que já foi falado sobre mecanismos neurais, bioquímica funcional 
muscular, transportes, execuções, tipos de contração, entre outros 
temas, se aplica nesse grupo. Não que os outros tipos musculares 
sejam inferiores e/ou não importantes para a educação física e o 
exercício, mas, de fato, para esta disciplina, o músculo esquelético 
é o nosso carro-chefe, afinal é responsável por toda a produção de 
movimento. O músculo esquelético é o músculo ligado ao esqueleto.
Este grupo muscular 
é o que mais nos 
interessa no que 
diz respeito à 
cinesiologia e à 
biomecânica do 
movimento aplicado 
no exercício.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
4.4 COMPOSIÇÃO FUNCIONAL DA 
MUSCULATURA ESQUELÉTICA
O músculo esquelético é constituído por dois grandes conjuntos 
celulares, um especializado na produção da contração, este é composto 
pelas miofibrilas, e o outro é responsável pela sustentação, composto 
pelo tecido conjuntivo. Podem ter ligações diretamente aos ossos, às 
cartilagens, às fáscias e à pele. 
A estrutura física do músculo esquelético é composta por um 
conjunto de fibras musculares (miofibrilas), e como dito anteriormente, 
são células altamente especializadas, longas, cilíndricas e 
multinucleadas. No músculo, as miofibrilas se agrupam de forma 
paralela, literalmente como um cabeamento de fios elétricos formando 
vários feixes de fibras, associados de modos diferentes e variados, 
formando, assim, tipos diferentes de músculos. Essas fibras musculares 
são recobertas por um tecido conjuntivo (sarcolema), porém, dependendo de sua 
localização, a nomenclatura é alterada. Por exemplo, quando envolve o músculo, 
esse tecido recebe o nome de epimísio, já os delgados septos, que se estendem 
para dentro circundando todos os feixes, recebem o nome de perimísio e a rede 
que recobre as fibras musculares individualmente se chama endomísio. Como 
podemos observar, todos são tecidos conjuntivos, porém, cada um com um nome 
específico de acordo com a sua localização. Observe a figura a seguir.
O músculo 
esquelético é 
constituído por 
dois grandes 
conjuntos celulares, 
um especializado 
na produção da 
contração, este é 
composto pelas 
miofibrilas, e o 
outro é responsável 
pela sustentação, 
composto pelo 
tecido conjuntivo.
FIGURA 19 – EXEMPLO DE ESTRUTURA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO
FONTE: http://fisioterapiafisioex.blogspot.com/2013/05/
neuromuscular.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
A miofibrila é composta por miofilamentos, que podem ser finos e grossos. 
O miofilamento fino é composto pela proteína actina, como observado na seção 
referente à bioquímica celular, e o grosso, pela proteína miosina. A produção da 
contração muscular ocorre mediante a interação destes dois. Dois miofilamentos 
de actina entrelaçados um no outro formam o miofilamento fino. Nos locais em 
que esses dois filamentos se encontram, forma-se uma espécie de ligação, nessa 
ligação existe a molécula de proteína chamada troponina, e ocorre a ligação 
com a molécula de proteína tropomiosina. O cálcio é ativado exatamente pela 
troponina e tropomiosina, tornando-as elementos essenciais reguladores da 
contração muscular (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001). 
No entanto, as moléculas de miosina são organizadas formando um longo 
filamento, o miofilamento grosso, no qual cada molécula possui uma cabeça 
(uma espécie de alargamento). Essas cabeças de miosina são capazes de se 
movimentar, ligando-se aos locais onde se encontra a actina (Figura 11), gerando 
a contração e/ou relaxamento muscular.
FIGURA 20 – ORGANIZAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR
FONTE: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/
epitelio22.php. Acesso em: 2 jul. 2019.
Os tendões musculares são originados pela capacidade elástica dos 
tecidos fasciais (o tecido conjuntivo colagenoso que envolve os músculos), e os 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
componentes elásticos paralelos funcionam como sustentação da fibra muscular. 
Assim, quanto maior for a porcentagem de colágeno para as fibras elásticas, maior 
será o número de fibras orientadas na direção do estresse, consequentemente, 
quanto maior a área transversal do tendão, mais forte ele será. Como dito 
anteriormente na Seção 2.1 (Tecido Fascial), a sua composição viscoelástica é 
essencial, correspondendo ao limite de elasticidade.
Existe um momento em que as fibras musculares vão se afunilando, dando 
origem aos tendões (onde ocorre a transmissão da força), esse local chamamos de 
região musculotendínea. Ocorre uma redução de até 90% das fibras musculares 
para que se juntem ao tecido tendíneo, aumentando consideravelmente a 
tensão através da área de secção transversa, conjuntamente às unidades 
funcionais contráteis (os sarcômeros), que estão localizados próximo à junção 
musculotendínea (são normalmente menores), produzindo menor geração de 
força, porém, aumentando a taxa de contração e diminuição da capacidade de 
mudança de comprimento. Em cada ponta da fibra muscular há uma grande dobra 
de sarcolema, que conectada aos terminais de actina do sarcômero e do tecido 
tendíneo (pela proteína transmembrana), acabam diminuindo o impacto causado 
pelo sarcômero.
 
Não podemos falar de tendões sem pensar em flexibilidade muscular, 
não é? Para um bom entendimento desse fenômeno, é necessária a 
compreensão do comportamento mecânico do músculo esquelético. 
O tecido muscular, por exemplo, é composto por dois elementos, um 
contrátil e outro elástico. O elemento contrátil é representado pelo 
componente ativo, já mencionado, que é formado pelos miofilamentos de actina 
e miosina. O elemento elástico é representado pelo componente passivo, 
formado pelo tecido conjuntivo conectivo (endomísio, perimísio e epimísio). Estes 
elementos resistem à deformação tendínea e muscular no momento que são 
submetidos a uma força de tração, contribuindo para a diminuição da flexibilidade. 
As fibras elásticas são compostas por elastina e são capazes de alongar-se até 
150%, ou seja, possuem uma grande capacidade de alongamento, diferente das 
fibras de colágeno (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Funcionalmente dizendo, as fibras nervosas, assim como os vasos que 
trazem sangue nutrido e oxigenado ao músculo esquelético, acompanham 
os septos de tecido conjuntivo a partir do epimísio e vão se ramificando até 
alcançarem as fibras musculares. As arteríolas e vênulas são conduzidasno 
sentido transversal em relação às fibras musculares e a maioria dos capilares são 
direcionados paralelamente ao eixo longitudinal das fibras. Esta organização de 
funcionalidades e localização permite uma cobertura mais expansiva da superfície 
da célula para a troca de nutrientes e produtos do metabolismo celular. Como 
As fibras elásticas 
são compostas 
por elastina e são 
capazes de alongar-
se até 150%.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
falado anteriormente em Mecanismos Neurais, cada fibra nervosa pode se 
ramificar e enervar numerosas fibras musculares, e esse contato ocorre através 
dos axônios terminais.
Para um entendimento mais profundo sobre arteríolas e vênulas, 
leia sobre o sistema circulatório nos livros indicados a seguir.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
ZANELA, C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
4.5 COMO A MUSCULATURA 
ESQUELÉTICA SE COMPORTA?
 
O músculo se comporta de acordo com o tipo de estímulo que 
recebe, a irritabilidade, a contratilidade, a extensibilidade, a elasticidade 
e a capacidade de desenvolver tensão são as propriedades mais 
comuns que determinam o desempenho muscular quando falamos de 
variação de sobrecarga e velocidade.
No caso da irritabilidade (ou excitabilidade), esse comportamento 
se caracteriza pelo fato de o músculo ser capaz de responder a 
estímulos vindos de um neurônio motor. A contratilidade, por sua vez, 
corresponde à capacidade que o músculo tem de gerar tensão ao 
realizar o seu encurtamento após receber uma estimulação competente. 
Você sabia que o nosso corpo possui músculos que são capazes de se 
encurtar dentro de uma amplitude que varia de 50% a 70%?
A extensibilidade é definida pela capacidade que o nosso músculo tem de se 
alongar além do comprimento de repouso. Paralelo à extensibilidade, a elasticidade 
se caracteriza pelo fato de a fibra muscular retornar ao seu comprimento de 
repouso após o término da força de alongamento. Tanto a extensibilidade quanto 
a elasticidade são estipuladas pela quantidade de tecido conjuntivo presente nos 
músculos.
A irritabilidade, a 
contratilidade, a 
extensibilidade, 
a elasticidade e 
a capacidade de 
desenvolver tensão 
são as propriedades 
mais comuns 
que determinam 
o desempenho 
muscular quando 
falamos de variação 
de sobrecarga e 
velocidade.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Dependendo do comprimento em que o músculo se encontra no momento 
em que está recebendo um estímulo, é capaz de produzir, ou não, força (ou 
tensão). No momento em que o músculo está perto do seu comprimento de 
repouso, é produzida a força máxima, porém, em uma posição de encurtamento, 
a força diminui (primeiro lenta e depois mais rapidamente), e quando ocorre um 
alongamento, a força diminui de maneira progressiva (HAMILL; KNUTZEN, 1999; 
AMADIO; BARBANTI, 2000; NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
4.6 TIPOS DE MÚSCULOS 
ESQUELÉTICOS COM RELAÇÃO ÀS 
ARTICULAÇÕES
Um músculo, na maioria das vezes, realiza o movimento de um único 
segmento (o segmento que o músculo atravessa a articulação). Estes músculos 
são chamados de monoarticulares, contudo, existe outro tipo de músculo que 
não se encaixa nesse perfil: os músculos biarticulares ou poliarticulares. Esses 
músculos atravessam mais de uma articulação, criando um número relativo de 
movimentos que ocorrem de modo oposto entre si. 
A posição corporal e a interação do músculo são influenciadas por algumas 
variáveis externas no que diz respeito a uma determinada ação, como a superfície 
em que o membro está apoiado ou o objeto no qual esse membro está fixado. 
O gasto energético dos músculos monoarticulares é consideravelmente reduzido 
graças à atuação dos músculos biarticulares, pois estes permitem o trabalho 
positivo em uma articulação e o negativo em uma outra articulação adjacente. 
FIGURA 21 – DOIS EXEMPLOS DE MÚSCULOS 
MONOARTICULARES E BIARTICULARES
FONTE: http://virtual.udabol.edu.bo/pluginfile.php/166749/mod_resource/content/1/
WORK%20PAPER%20biomecanica%20del%20musculo.pdf. Acesso em: 2 jul. 2019.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Estes músculos podem apresentar com maior frequência um fenômeno 
conhecido como insuficiência, que se classifica em ativa e passiva. A insuficiência 
ativa ocorre quando um músculo atinge um ponto em que não pode mais ser 
encurtado. Sabe quando, por exemplo, o músculo bíceps braquial realiza uma 
flexão de cotovelo e acaba realizando também uma flexão de ombro? Então, se 
tentarmos realizar uma flexão de ombro e cotovelo ao mesmo tempo, ocorrerá 
a proximidade de suas inserções, nesse momento o bíceps se encontrará em 
insuficiência ativa. Agora, quando um músculo não pode mais ser alongado sem 
danificar suas fibras, como os músculos isquiotibiais ao realizarem duas ações 
diferentes em duas articulações, por exemplo a flexão do joelho e a extensão do 
quadril, se fletimos o quadril com o joelho estendido, os isquiotibiais ficam em 
insuficiência passiva (NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
5 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA 
MUSCULAR PARA O EXERCÍCIO 
FÍSICO E O ESPORTE
Todo o conteúdo apresentado anteriormente foi uma maneira de apresentar 
de forma geral e resumida sobre a fisiologia do músculo, suas funções, objetivos, 
estrutura, funcionamento e classificações, pois é impossível entender como 
um sistema funciona sem saber alguns detalhes de seus componentes. Ainda 
nessa perspectiva muscular, todo o assunto apresentado foi com relação a um 
mecanismo universal de qualquer ser humano, mas quando se trata de migrar 
esses conhecimentos para pessoas praticantes de exercícios, sejam essas 
pessoas apenas simples praticantes ou atletas/superatletas, todas essas funções 
são potencializadas, pois esses indivíduos solicitam desses sistemas funções 
superiores aos das funções básicas do dia a dia. 
Ainda usando o exemplo de um carro (afinal, por que um carro? Porque um 
carro é uma máquina estruturada e nosso corpo é como se fosse uma), o seu 
mecanismo estrutural funcional é igual em todos, mas o que diferencia um carro 
popular (pessoa convencional) de uma Ferrari (superatleta), são as estruturas e 
os componentes introduzidos e adaptados. Logo existe uma série de adaptações 
e recursos que aumentam e melhoram o desempenho do sistema muscular nos 
exercícios. 
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 22 – ESSA IMAGEM SATIRIZA UMA ATLETA COM SUAS ESTRUTURAS 
TÃO POTENCIALIZADAS A PONTO DE SUPERAR LIMITES HUMANOS
FONTE: http://augusthocesar.blogspot.com/2011/05/
como-treinar.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
É uma sequência mais suprida de elementos. Por exemplo: quando 
o indivíduo pratica exercício físico, o corpo tem que se adaptar, portanto, 
automaticamente, toda a quantidade nutricional deve ser aumentada, afinal 
aumenta-se a solicitação de combustível e, consequentemente, o consumo 
de energia, o coração precisa mandar ainda mais oxigênio e nutrientes para o 
músculo que, por sua vez, para se adaptar e promover uma execução técnica 
específica de uma modalidade específica, recebe os estímulos necessários para 
seguir com um melhor desempenho e eficácia. 
Vários estudiosos e investigadores científicos, como Morato (2016), 
Weineck (1989; 1999; 2000), Willett (1990) e Paiva (2009), aplicam e 
observam testes em busca de novas descobertas que contribuam para 
a relação otimização de rendimento com a melhora de desempenho 
(seja no treino ou em competição) e menores riscos de lesões. Esse 
processo envolve toda umaestratégia de controle de treino, com 
suporte nutricional e psicológico, modificando o corpo estrutural e 
fisiologicamente.
5.1 AÇÕES MUSCULARES
Qualquer aumento de trabalho requer o aumento de outros componentes, 
sejam nutricionais ou até de repouso. Através do treinamento, o atleta desenvolve 
Esse processo 
envolve toda 
uma estratégia 
de controle 
de treino, com 
suporte nutricional 
e psicológico, 
modificando o 
corpo estrutural e 
fisiologicamente.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
a capacidade de acionar ao mesmo tempo e em maior número as unidades 
motoras musculares, gerando uma melhor e maior contração, com certeza possui 
uma melhor coordenação muscular. Quer um exemplo? Enquanto uma pessoa 
convencional (não atleta) só consegue colocar em ação ao mesmo tempo uma 
certa porcentagem de suas fibras musculares ativáveis, os atletas conseguem 
atingir nitidamente uma porcentagem mais alta e podem atingir até 100% das 
referências estabelecidas.
Ao praticar um exercício ocorre naturalmente um aumento da solicitação 
muscular, esse aumento está correlacionado a um desempenho maior da 
sincronização das unidades motoras, é por isso que se consegue maior 
velocidade de contração e aumento da capacidade muscular durante a contração. 
Contudo, essa solicitação das unidades motoras depende do tipo de exercício 
que está sendo executado, pois nem todas as unidades motoras são solicitadas 
simultaneamente, isso varia de acordo com o tamanho do seu motoneurônio, que 
se agrupa estimulando as fibras musculares de acordo com as suas características 
(fibras do tipo I, IIa e IIb) para realizar a contração.
Motoneurônio é um neurônio capaz de exercer atividade motora 
em um determinado músculo.
FIGURA 23 – FIBRAS DO TIPO I E DO TIPO II COM SUAS CARACTERÍSTICAS
FONTE: https://blogpilates.com.br/como-ativar-cada-tipo-
de-fibra-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
As fibras do tipo I são as fibras vermelhas, de contração lenta, as quais 
usam o oxigênio como principal sistema energético, ou seja, a via aeróbia. São 
mais resistentes à fadiga e mais requisitadas em exercícios contínuos de grande 
volume e baixa intensidade, como a natação (fundista) e a corrida (maratona). Já 
as fibras do tipo II são as fibras brancas, que utilizam como fonte de energia a 
fosfocreatina e a glicose, ou seja, a via anaeróbia. Possuem como característica 
a contração rápida, contudo, têm pouca resistência à fadiga. São requisitadas em 
atividades explosivas e com alta intensidade, como a musculação ou esportes de 
combates.
Durante o exercício ocorrem vários estímulos externos. Estes estímulos 
produzem impulsos nervosos que são recebidos pelas unidades motoras, que 
a partir dessas informações definem que tipo de contração e relaxamento será 
realizado, ou seja, quanto maior for o impulso nervoso produzido por esses 
estímulos, maior será a quantidade de unidades motoras solicitadas para a 
contração muscular (de acordo com o tipo de fibras). Quando as pessoas 
se inscrevem em uma academia e procuram obter ganho de massa muscular, 
aumentando seu volume, querem ter ênfase em hipertrofia. Fisiologicamente, o 
que ocorre no músculo é a ativação de todas as unidades motoras, produzindo 
força máxima (isso ocorre devido à soma de unidades motoras múltiplas), 
gerando ganho de força e, em alguns casos, sem alteração na área de secção 
transversa da musculatura (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 
2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016; POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; 
SOUZA JÚNIOR, 2004).
Os exercícios apresentam uma resistência (externa) aos músculos que, 
por sua vez, enviam ao cérebro essas informações, solicitando às unidades 
motoras a produção de tensão muscular (tensão essa de acordo com a atividade 
proposta). Diante disso, ocorre a produção da força muscular, ou torque, sobre 
as articulações, ocorrendo a produção do movimento para suportar a sobrecarga. 
Isso significa que as ações musculares, sejam elas quais forem, dependem do 
nível de estimulação e da força desenvolvida pelo músculo diante da resistência 
imposta a ele. Além de gerar o movimento, os músculos também podem trabalhar 
como estabilizadores, contribuindo para um movimento específico em uma 
articulação adjacente. Essas ações musculares são as contrações musculares. 
Dentre os tipos de contração muscular, podemos listar dois (exemplificados na 
Figura 24): 
• Contração isotônica: quando a tensão muscular ocorre em graus 
diferentes, promovendo a mudança dos ângulos articulares. Esta se 
subdivide em duas: 
o	 Contração concêntrica: efetua uma ação mais concentrada, ou 
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
seja, há um encurtamento muscular provocando uma tração em outra 
estrutura, reduzindo o ângulo de uma articulação e aproximando uma 
extremidade de outra, como na flexão de cotovelo, onde o ângulo 
é diminuído devido à contração do bíceps braquial, aproximando a 
extremidade da mão à extremidade do ombro. 
o	 Contração excêntrica: quando aumenta o comprimento total 
do músculo durante a contração. Usando o exemplo anterior, é 
quando a flexão do cotovelo muda para a fase de extensão e há 
um alongamento do bíceps braquial com uma leve contração para 
segurar a volta do movimento.
• Contração isométrica: ocorre quando é gerada uma tensão muscular 
sem movimento, geralmente quando se sustenta algum objeto ou um 
próprio membro em uma certa posição no ar, também tem como objetivo 
estabilizar as articulações enquanto outras são movidas.
Ainda com o exemplo da flexão de cotovelo, quando ocorre a contração 
muscular na flexão ou extensão, a contração isométrica ocorrerá no momento em 
que o indivíduo parar no meio do movimento, sustentando o peso.
FIGURA 24 – OS TIPOS DE CONTRAÇÕES, SENDO RESPECTIVAMENTE: 
ISOTÔNICA CONCÊNTRICA, ISOTÔNICA EXCÊNTRICA E ISOMÉTRICA
FONTE: http://cinesiologiaemfisioerapia.blogspot.com/2012/02/
miologia-o-que-sao-os-musculos.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
1 Vamos fazer uma pequena investigação seguida de uma análise? 
Faremos de duas formas: primeiro você buscará em qualquer 
site que contenha vídeos, uma execução de algum movimento 
simples (exceto flexão e extensão de cotovelo) e, ao observar o 
vídeo, tente identificar qual músculo está realizando a contração 
concêntrica e qual está realizando a contração excêntrica (se 
necessário busque outro vídeo em que ocorra a contração 
isométrica). Após essa análise, observe outra execução de 
movimento, porém em você mesmo ou em outra pessoa, e faça 
o mesmo procedimento analítico (nesse caso, se houver dúvidas 
sobre o acerto, busque novamente em vídeos o movimento 
proposto e certifique-se). 
No que diz respeito ao consumo de energia e à produção de força, essas 
ações musculares são muito diferentes. No caso da contração excêntrica, ela é 
capaz de gerar a mesma força ou até maior que os outros dois tipos de ações 
musculares, realizando a solicitação de um menor número de fibras. Isso ocorre 
no nível do sarcômero. Já a contração concêntrica possui uma capacidade menor 
de produzir força por conta da diminuição do número de pontes cruzadas formadas 
com o aumento da velocidade de contração. Essa diferença de força gerada 
que ocorre entre as contrações excêntricas e concêntricas é consequência das 
ações que geram movimentos verticais, pois a produção de força, nesse caso, 
é influenciada por torques desenvolvidos pela ação gravitacional, como em um 
trabalho de agachamento. Nesse movimento existe um torque imposto pela força 
gravitacional (torquedescendente) paralelo à ação excêntrica do músculo.
Além das contrações mencionadas, existem ainda mais dois tipos que 
são importantes para o nosso conhecimento: a contração isocinética e a 
isoinercial. A contração muscular isocinética é a contração dinâmica, caracteriza-
se pela velocidade do movimento, que se mantém constante, associada a 
uma sobrecarga muscular, oriunda de um equipamento específico, como nos 
exercícios de musculação. Essa contração também favorece a resistência 
muscular. Já a contração isoinercial é uma resistência em que o músculo se 
contrai constantemente (HAMILL; KNUTZEN, 1999; AMADIO; BARBANTI, 2000; 
NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
5.2 VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA 
FORÇA MUSCULAR
Há várias variáveis (controláveis ou não), que podem interferir de 
maneira positiva e/ou negativa na produção de força muscular. Essas 
variáveis podem ser oriundas de fatores internos ou externos. Nesta 
seção, denotaremos algumas das correlações mais importantes a 
respeito da correlação força e mecânica do movimento, como a área do 
corte transversal muscular; o ângulo de inserção muscular; a correlação 
comprimento x tensão, força x velocidade, excêntrico x concêntrico e 
tempo x tensão. O entendimento e a compreensão dessas relações 
de fato contribuem para um treinamento mais específico, otimizando 
resultados e aumentando o desempenho.
Em vários momentos desse capítulo o nome “área transversa do músculo” 
foi citado, mas enfim, o que ela é? Simples, podemos dizer que é a porção inteira 
de um músculo (exatamente uma visão transversa) com os seus componentes, 
onde podemos ter uma ideia de dimensão, espessura, largura, como se pôde 
observar na Figura 3. Isso significa que quanto maior essa seção, maior volume 
terá o músculo, maior tamanho, não em relação ao comprimento, mas em 
espessura, consequentemente, maior força. Imagine um pedaço de carne, essa 
carne é retangular, se fizer um corte em bife seguindo seu comprimento teremos 
uma visão longitudinal, já para ter um corte transversal, teríamos que tornar esse 
retângulo em dois quadrados, consequentemente, teremos uma visão da secção 
transversa dessa carne. 
A produção de valências, como a força e a velocidade muscular, podem ser 
determinadas de acordo com a arquitetura muscular. A área de corte transversal de 
uma fibra depende do grau de separação, inclinação ou dispersão do sarcômero, 
que admite mudanças na velocidade de encurtamento do músculo, por isso, 
quanto maior separação (volume) ou área de corte transversal fisiológica, maior 
capacidade de gerar força, contudo, com perda na velocidade de contração. As 
fibras longas paralelamente exibem uma área de trabalho mais extensa, gerando 
maior amplitude de movimento e velocidade de contração.
A aproximação e o afastamento de um osso com relação à articulação 
dependem da estabilização ou desestabilização de um músculo em relação 
ao segmento proposto, realizada pelo ângulo em que este se insere, ou seja, 
dependendo do ângulo que ocorrer uma inserção muscular, esta pode promover a 
estabilização ou o inverso de um segmento. Usando mais uma vez o movimento 
de extensão e flexão de cotovelo como exemplo, quando o ângulo do tendão for 
O entendimento 
e a compreensão 
dessas relações 
de fato contribuem 
para um treinamento 
mais específico, 
otimizando 
resultados e 
aumentando o 
desempenho.
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
reto sobre o osso, a força muscular é direcionada ao longo da extensão do osso 
e para dentro da articulação, já para ocorrer a flexão, é necessário que ocorra 
uma força ainda maior para realizar o movimento dos segmentos em torno da 
articulação, promovendo a estabilização articular no momento em que ocorre o 
deslocamento do antebraço na direção do cotovelo.
Os componentes “rotatórios” e “de deslizamentos” são dois constituintes da 
força, que independentemente de qualquer tensão muscular ocorrente durante o 
movimento, sempre vão variar de acordo com o ângulo de inserção do músculo. 
O primeiro age de forma perpendicular ao eixo longitudinal do segmento e é 
responsável pelo torque, permitindo o movimento rotacional do segmento em 
torno da articulação, e o segundo está associado à força muscular, atuante 
paralelamente ao eixo longitudinal do segmento.
O resultado da relação entre comprimento e tensão dos sarcômeros dará 
origem ao tipo de tensão proporcionada pela fibra muscular. Como supracitado, 
a contração e/ou o encurtamento muscular são provocados pelas proteínas 
contráteis do sarcômero, devido a estímulos enviados pelo sistema nervoso. 
Nesse processo estão envolvidos as proteínas estruturais e os tecidos conjuntivos 
não contráteis que estão por fora das células musculares (epimísio, perimísio 
e endomísio) e são os componentes elásticos paralelos (tecidos que repousam 
paralelamente às fibras ativas, como o perimísio) e seriados (estruturas que 
repousam alinhadas em série com as proteínas ativas, como os tendões) do 
músculo. 
O estiramento muscular resulta em um alongamento dos componentes 
elásticos paralelos e seriados, gerando uma curva de tensão passiva (essa 
tensão é produzida pela força elástica dos tendões ou pelas proteínas estruturais), 
que é uma parte importante da capacidade de geração de força da unidade 
musculotendínea. Essa tensão passiva é essencial para os músculos 
estirados, pois estes realizam a movimentação e a estabilização das 
articulações contra as forças gravitacionais.
Sobre a correlação força x velocidade, podemos dizer que o tipo 
de ação do músculo que definirá essa relação. Por exemplo, na ação 
concêntrica, ocorre a diminuição da força simultaneamente ao aumento 
da velocidade. Quando chega em um momento em que a velocidade é 
zero, ocorre o alcance à força máxima, porém, vale ressaltar que o modo 
inverso também pode ocorrer, ou seja, quanto maior a força, menor a 
velocidade e quanto maior velocidade significa que há uma força menor. 
Vale ressaltar que esse é um dos princípios básicos da musculação, no 
qual por segurança e por eficácia em resultado, usamos a velocidade de 
execução do movimento de acordo com a sobrecarga imposta, ou seja, 
Esse é um dos 
princípios básicos 
da musculação, no 
qual por segurança 
e por eficácia em 
resultado, usamos 
a velocidade de 
execução do 
movimento de 
acordo com a 
sobrecarga imposta, 
ou seja, quanto 
maior a carga, 
menor a velocidade 
e vice-versa.
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 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
quanto maior a carga, menor a velocidade e vice-versa. No momento em que 
aumentamos a carga e, consequentemente, reduzimos a velocidade, produzimos 
também uma potência maior, por isso, a potência é resultado da força pela 
velocidade.
Já nas ações realizadas pelos grupos musculares antagonistas (ações 
excêntricas), ocorre o aumento da tensão muscular com a velocidade de 
alongamento, exatamente pelo fato desses músculos estarem sofrendo um 
alongamento durante a contração.
Há alguns detalhes bem específicos sobre o trabalho das fibras (rápidas 
e lentas) com relação a sua participação no efeito de pré-alongamento e na 
modificação da tensão depois de um certo tempo de alongamento. No ciclo 
que envolve o alongamento e o encurtamento muscular, ocorre um aumento de 
tensão devido ao acúmulo de energia potencial elástica. Esse acúmulo acontece 
no componente elástico, logo, toda essa energia armazenada será recuperada 
após uma contração de tempo razoável (esta gira em torno de 0,9 segundo) e 
logo em seguida será novamente utilizada no movimento oposto. Semelhante 
ao funcionamento de uma mola, algumas estruturas musculares devolvem essa 
energia acumulada, contudo, se ocorre

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