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Aluno: Felipe Augusto 17204896 Processamento de materiais metálicos. Quais são os principais elementos de liga utilizados nos aços? Quais são seus efeitos? Defina o que é temperabilidade e qual sua importância no tratamento térmico. Qual a relação do processo de soldagem para com a temperabilidade e sua relação com o tratamento térmico? Existe uma gama de constituintes muito ampla quando se refere à elementos de liga na fabricação de aços. Com o propósito de adquirir vários comportamentos diferentes, cada elemento de liga adicionado, em uma porcentagem especifica à composição microestrutural do aço, irá conduzir como o material reagirá quando sofrer um esforço causado por tensões e oxidação, por exemplo. A presença de elementos de liga muda as linhas do diagrama de fase Fe-C. Alguns elementos de liga atuam como estabilizadores da austenita e outros da ferrita aumentando sua resistência mecânica, sua dureza, sua maleabilidade e sua resistência à corrosão. Os elementos de liga afetam não somente a parte isotérmica dos diagramas de transformação, como também a reação de formação da martensita. Os principais elementos a serem destacados são: Cromo, níquel, molibdênio, vanádio, manganês, cobalto, titânio, tungstênio, silício. Novos estudos indicam que o Nióbio foi acrescentado a essa lista, pois ao ser adicionado uma quantidade em torno de 0.03% na composição de um aço-carbono comum, este conferiu cerca de 20 a 30% a mais de resistência mecânica. Valor este que seria correspondente ao que seria obtido com a adição de 1% de manganês. Em relação a dureza, temos alguns comportamentos específicos de cada elemento adicionado, como é descrito pelo gráfico abaixo: Figura 1. Ação relativa de alguns elementos de liga adicionados em porcentagens que se dissolvem na ferrita, no sentido de aumentar a sua dureza. Citando especificamente o que cada elemento realiza quando adicionado à composição, temos: • Cromo: Forma carbonetos estáveis, acaba acelerando o crescimento dos grãos, aumenta a resistência à corrosão e oxidação, aumenta a endurecibilidade (temperabilidade), melhora a resistência a altas temperaturas e melhora a resistência ao desgaste. • Cobalto: Forma carbonetos fracos, aumenta a dureza, aumenta a resistência a tração, a resistência à corrosão e à erosão. • Silício: Auxilia na desoxidação, auxilia na grafitização, aumenta a fluidez, aumenta a resistência a oxidação em temperaturas elevadas, melhora a temperabilidade e a resistência a tração. • Tungstênio: Forma carbonetos estáveis e muito duros, provoca o aumento da dureza do material e o aumento da resistência a altas temperaturas. • Titânio: Forma carbonetos estáveis, aumento da dureza, provoca a diminuição das corrosões intergranulares nos aços inoxidáveis. • Vanádio: Inibe o crescimento dos grãos, forma carbonetos, melhora a resistência mecânica, melhora a tenacidade, melhora a temperabilidade e melhora a resistência a fadiga e a abrasão. • Molibdênio: Influencia na estabilização do carboneto, melhora a resistência a corrosão por pites, aumenta a resistência a tração, aumenta a temperabilidade. • Manganês: Estabiliza os carbonetos, Ajuda a criar microestrutura dura por meio de têmpera, diminui a velocidade de resfriamento, aumenta a resistência mecânica, temperabilidade e a resistência ao choque. A adição de elementos de liga na composição dos aços, em sua maioria, faz com que estes elementos formem carbonetos na microestrutura do material. Estes carbonetos podem ser estáveis, como no caso do tungstênio, ou podem ser instáveis como no caso do cobalto. A principal característica na formação destes compostos é o endurecimento do material, por conta de sua estrutura, em sua grande maioria, ser complexa e muito compacta. No caso dos aços inoxidáveis, há a ocorrência da corrosão intergranular. A corrosão intergranular em aços inoxidáveis tem origem na precipitação de carbonetos de cromo e também nitretos de cromo que ocorrem nas regiões de contornos de grão na microestrutura do aço. Um modo de coibir este fato negativo é adicionando titânio na composição do aço inox, que agirá como um elemento estabilizante e evitará que este tipo de corrosão aconteça. Além dos carbonetos, a adição de elementos de liga desloca a curva TTT para a direita, com exceção do cobalto, que desloca a curva para a esquerda. Isto acontece pelo fato de praticamente todos os elementos de liga se dissolverem na austenita, isto é, quando o aço se encontra a temperaturas em que é constituído unicamente de austenita, os seus elementos de liga se encontram inteiramente dissolvidos no ferro gama. Os elementos de liga apresentam, entretanto, tendência diversa quando, no esfriamento, se acham na zona crítica; em outras palavras, há elementos que tendem a ficar dissolvidos no ferro sob a forma alotrópica alfa e há outros elementos que tendem a formar carbonetos da mesma maneira que o ferro. Como é possível observar nos diagramas abaixo, realmente os elementos de liga deslocam a curva para a direita, como no exemplo do SAE 4140. A esquerda, temos o diagrama TTT de um aço euteóide, sem adição de elementos de liga para servir de comparação. Figura 2. Diagrama TTT de um aço eutetóide Figura 3. Diagrama TTT de um aço inoxidável A temperabilidade é um termo utilizado para descrever a habilidade que uma liga possui de ser endurecida pela formação de martensita. A martensita é descrita como uma fase fora de equilíbrio, não aparecendo no diagrama de fases ferro-carbono. É uma solução sólida supersaturada de carbono que não se forma por difusão e que todo o carbono permanece intersticial, podendo transformar-se em outras estruturas por difusão, quando aquecida. Uma liga de alta temperabilidade forma martensita não apenas na sua superfície, mas em grande porcentagem também em todo o seu interior. Enquanto a dureza da superfície depende do teor de carbono e da taxa de resfriamento, a profundidade, na qual um certo nível de dureza é mantido para uma dada condição de resfriamento, é função da sua temperabilidade. A formação da martensita depende da composição química e da microestrutura da austenita para transformação fora das condições de equilíbrio termodinâmico, que estão relacionadas à taxa de resfriamento. Tais taxas são descritas pelo diagrama TTT que estabelece relações entre a temperatura em que ocorre a transformação da austenita e a estrutura e propriedades das fases produzidas com o tempo. Portanto, um aço com alta temperabilidade é capaz de formar martensita em seções mais profundas, próximas ao núcleo do material, estando diretamente relacionado com taxas de resfriamento mais baixas. A composição dirá, no diagrama TTT, qual a taxa de resfriamento necessária para a formação da estrutura desejada, se irá ocorrer de forma lenta, média ou de forma rápida. No caso da martensita, a velocidade de resfriamento será alta, uma vez que os átomos de carbono não podem fazer uma fuga ordenada da estrutura do ferro, devida alta taxa de resfriamento. Isto provoca uma distorção da estrutura que se manifesta na forma de dureza. A importância da temperabilidade está diretamente ligada aos processos de fabricação dos aços em geral visto que, dada uma determinada temperatura e composição, há a definição de qual tratamento térmico será melhor para cada tipo de peça. A soldabilidade consiste na união de dois materiais por meio da fusão de ambos. Alguns fatores contribuem para que esse processo ocorra facilmente ou necessite de preparamento prévio. A temperabilidade do material é um dificultador para a soldagem, visto que quanto mais temperável um material for, maior propensão a ser um formador de martensita, no caso dos aços, em sua estrutura. A martensita por sua vez, dificulta ainda mais o processo de soldagem.Para que ocorra a fusão, é necessário que o sistema em questão tenha energia em forma de calor para que a transformação de fase ocorra. No momento do aquecimento, a zona termicamente afetada (ZTA) recebe um tratamento térmico parecido com a Têmpera, onde há o resfriamento brusco da peça para o endurecimento, já que a peça se encontra em temperatura ambiente e a zona soldada muito acima desta. O material com altos níveis de carbono e com altos níveis martensíticos quando é submetido a soldagem sofre, após o resfriamento, a ocorrência de trincas que aparecem justamente pela microestrutura estar muito distorcida, o que aumenta a dureza. Para minimizar essas trincas a frio, que são mais comuns em aços mais duros ou concentradores de elementos de liga, há o preparo da peça feito por um pré-aquecimento que consiste em elevar a temperatura de acordo com o percentual de carbono presente na estrutura em questão. Esta elevação diminui o gradiente de temperatura entre o restante da peça e o local soldado diminuindo assim, o risco da formação de martensita. Um método simples para determinar a necessidade de pré-aquecimento de uma solda é o do carbono equivalente (Ceq). Quanto maior for o carbono equivalente, maior será a temperatura de pré-aquecimento. Alguns fatores impactam nesta elevação de temperatura anterior à soldagem, entre eles estão: Se a peça possuir altos teores de elementos de liga e de carbono, sendo influenciada também pelo tamanho da peça, pela velocidade da soldagem e pelo diâmetro do eletrodo. Outros fatores importantes para se determinar a temperatura de pré-aquecimento são a espessura e o tamanho do componente. A temperatura pré-soldagem aumenta com o tamanho e a espessura do componente. Para o cálculo do carbono equivalente determina-se o teor aproximado de outros elementos de liga que produzem a mesma dureza que 1% de carbono. Então o carbono equivalente (Ceq), que é uma indicação da temperabilidade, pode ser calculado por: 𝐶𝑒𝑞 = %𝐶 %𝑀𝑛 6 + %𝑁𝑖 15 + %𝑀𝑜 4 + %𝐶𝑟 5 + %𝐶𝑢 13 Os níveis de carbono equivalente e suas respectivas temperaturas podem ser vistas na figura 4, como mostra a seguir: Figura 4- Temperatura de pré-aquecimento recomendada x Ceq Como dito anteriormente, quanto maior for o valor do Ceq, maior a temperatura pré- soldagem e isto fica visível ao entendermos que a quantidade de carbono propenso a ser formador de martensita (temperabilidade), tem influência direta no processo de soldagem. A influência do tratamento térmico sobre uma peça que será soldada deve ser levada em consideração. O processo térmico no qual a peça será submetida fará com que ela adquira novas propriedades mecânicas e estruturais, o que se leva em consideração no processo de soldagem. Por exemplo, um material cujo percentual de carbono é alto, na faixa dos 0,4%. Este material sendo submetido à uma têmpera para o endurecimento, com resfriamento rápido, tende a ser um alto formador de martensita. A martensita, como visto anteriormente, afeta diretamente o processo de soldagem, necessitando que a peça seja pré-aquecida para diminuir o gradiente de temperatura entre a região soldada e o resto da peça constituinte. Portanto, os tratamentos térmicos prévios à soldagem tem suma importância no resultado final pós-soldagem.
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