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Instituto Federal do Maranhão Reitor Francisco Roberto Brandão Ferreira Pró-reitora de Ensino Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Natilene Mesquita Brito Pró-reitor de Extensão e Relações Institucionais Fernando Antônio Carvalho de Lima Pró-reitor de Administração Washington Luis Ferreira Conceição Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Carlos César Teixeira Ferreira Diretor da Editora IFMA Gedeon Silva Reis ©2017 dos autores A reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer meio, com propósitos de lucro e sem prévia autorização dos editores, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98). Direitos Reservados desta edição: Editora IFMA Projeto Gráfico e Diagramação Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Ficha Técnica: Reitor: Dr. Roberto Brandão Diretor Geral Campus Centro Histórico: Dr. Paulo Batalha Diretor Geral Campus Alcântara: Dr. Edalton dos Reis Silva Coordenador do Evento: Dr. Marcus Ramusyo de Almeida Brasil Comissão Científica: Dr. Arão Nogueira Paranaguá de Santana (UFMA) Dr. Bruno Soares Ferreira (NUPPI / IFMA) Dra. Denise Bogéa Soares (IFMA / IFB) Dra. Jane Cleide de Sousa Maciel (UFMA) Dr. José Almir Valente Costa Filho (IFMA) Dr. Leandro Pimentel Abreu (UERJ) Dr. Marcus Ramusyo de Almeida Brasil (IFMA) Dr. Wladimir Silva Machado (Univ. Federal do Vale do São Francisco) Equipe Executora: Carlos Eduardo Cordeiro (NUPPI / IFMA) Carollina Rodrigues Ramos (NUPPI / IFMA) Dr. Arão Nogueira Paranaguá de Santana (UFMA) Dr. Bruno Soares Ferreira (NUPPI / IFMA) Dra. Denise Bogéa Soares (IFMA / IFB) Dra. Jane Cleide de Sousa Maciel (UFMA) Monitores: Ana Luiza Costa Lobo Edson Lima Vasconcelos Neto Felipe Vieira Pereira Jeane Caroline de Sousa Louzeiro Luciana Thayna Reis Curvelo Lucilene Albertina Frazão Campos Suzilene Pereira Lopes Anne Katherine Meireles Mota Conselho Editorial da Editora IFMA Presidente Gedeon Silva Reis Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Natilene Mesquista Brito Pró-reitoria de Extensão Fernando Antonio Carvalho de Lima Técnico Administrativo Maria do Socorro Silva Lages Luís Cláudio de Melo Brito Rocha Bibliotecário/documentalista Michelle Silva Pinto Ciências Agrárias Delineide Pereira Gomes Regia Maria Reis Gualter Ciências Biológicas Douglas Rafael e Silva Barbosa Ciências Exatas e da Terra Raimundo Santos de Castro Helson Ricardo da Cruz Falcao Ciências Humanas Odaleia Alves da Costa Ciências da Saúde Carolina Abreu de Carvalho Engenharias Orlando Donato Rocha Filho Antonio Ernandes Macedo Paiva Linguística, Letras e Artes Paula Francinete Ribeiro de Araújo Apoio Técnico Diego Deleon Mendonça Macedo Luís Cláudio de Melo Brito Rocha APRESENTAÇÃO Enquanto prática e pensamento acadêmico desde 2007, e enquanto núcleo de pesquisa institucionalizado junto ao CNPQ desde 2010, o Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem – NUPPI é ligado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus São Luís Centro Histórico IFMA/CCH, mais especificamente aos cursos de Artes Visuais, nas modalidades de ensino médio integrado e licenciatura. No entanto, é formado por um grande leque de pesquisadores, de muitas instituições na- cionais como UERJ, UFRJ, IFB, UFMA e IFMA. O NUPPI se constitui como um grupo de pesquisadores profícuos e producentes, no tocante à publica- ção de livros, artigos, produção em artes, atividades de ensino acadêmico, oferta de cursos de extensão, execução de projetos de pesquisa, realiza- ção de ações culturais e eventos. O III Simpósio Nacional de Arte e Mídia propôs, nessa edição, amplificar seu alcance, impacto, possibilidade de intercâmbio, circulação e reverberação de conhecimentos e aportes meto- dológicos na área de arte e comunicação no Maranhão, através da abertu- ra de chamada de trabalhos, em suas mais diversas vertentes de atuação. O tema de 2017 foi Entretecer: Enredamentos e Diálogos Transver- sais. Enseja a ideia de várias tessituras de pensamentos, conhecimentos e práticas artísticas e midiáticas, das mais variadas matizes, que provoquem a conformação de novas redes colaborativas e o fortalecimento das redes já existentes de pesquisa e produção em arte e mídia. A aliança entre poé- ticas contemporâneas em arte, práticas tradicionais da cultura e a ciência do comum, interessantes meios de compartilhamento de devires, ideias e realizações, deram o tom do evento. No tocante à pesquisa e à produção em arte, mídia e tecnologia, propiciou a sempre fecunda associação entre teoria, metodologia e prática, tão importantes tanto ao fazer docente e in- vestigativo, como à prática artística ética e esteticamente comprometidas. Os diálogos transversais se localizaram não só nas diferentes temá- ticas abordadas nas conferências principais e demais atividades do even- to, mas também na variedade de abrangência das áreas de atuação dos Eixos Temáticos (ETs), onde puderam ser apresentadas comunicações, que perpassaram pela fotografia, cinema, arte-educação, cultura visual, antropologia, arte contemporânea, história das mídias, história da arte, música, teatro, performance, estudos de gênero, cultura popular, litera- tura, design, dentre outros. Como diriam os mestres da cultura popular: Receba! Está entregue! Ramusyo Brasil SUMÁRIO Relações de conflito nas manifestações de rua, Fotógrafos vs Policiais: um olhar dos bastidores nas ruas de São Luís ..................................................................................... 15 Nas tramas de Itamatatiua: as representações sociais da saúde: e as trocas comunicativas dos filhos de de Santa Teresa .......................................................................... 17 Corpo Nu: ensaio fotográfico como arte ............................................................................................... 19 Histórias Visuais das Igrejas do Centro Antigo de São Luís ............................................................. 22 A fotografia enquanto meio de preservação da memória da Festa do Divino do Espírito Santo em Alcântara (MA) ........................................................................................ 25 PÓS-FOTOGRAFIA: o que sobrou da fotografia é o quê, então? ................................................... 27 #NOSELFIE: uma experiência de fotografia, performance e memória ........................................ 31 Estigmas sociais em narrativas fotojornalísticas: análise fotográfica dos terremotos ocorridos no Haiti e Japão ................................................................................................... 34 Cartografia como prática jornalística: um experimento para costurar os eventos sobre Pedrinhas ............................................................................................................................. 37 Estética e mídia: A cobertura do feminicídio no Bandeira 2 ........................................................... 40 Uma análise da linguagem utilizada nos periódicos da imprensa gay no Brasil e sua evolução ..................................................................................................................................... 42 Os movimentos sociais na internet: a propagação e refutação de Fake News pós-impeachment ............................................................................................................................. 45 Visualidades culturalmente partilhadas: ação política do sensível na comunicação por imagens ......................................................................................................................... 48 Alegria e angústia: o universo de Black Mirror .................................................................................... 51 As redes sociais e as exposições virtuais: o instagram como galeria de arte .......................................... 54 Outubro de 71: questionando o discurso da modernidade no urbanismode São Luís em paralelo à guerra dos mundos de H. G. Wells .............................................................. 57 A ponte Governador José Sarney como travessia para o futuro: imagens da modernidade na ilha de Upaon Açu ................................................................................................. 59 Tecnologias Livres e práticas criativas na produção de conteúdo em bibliotecas ......................................................................................................................................................... 62 EXU-MULHER: para além do exótico na construção fílmica etnográfica .................................... 65 Imagens em trânsito: found-footage e documentário expandido .............................................. 66 A difusão de jogos entre adolescentes que utilizam novas mídias digitais à luz do filme Nerve: análise por um viés antropológico ................................................................. 70 Terras de Macunaíma: georreferência de um documentário poético ......................................... 73 A estética hipermidiática televisiva: proposta de categorização da produção jornalística no twitter pelas emissoras de tv aberta no brasil ................................... 76 O uso da imagem digital como proposta estética na cena ludovicense: aproximação e análise dos sujeitos em atuação ................................................................................. 79 A dança-teatro na construção dramatúrgica do espetáculo “60 Safira no casarão das ilusões” ....................................................................................................................................... 82 Repetindo diferenças: o lugar do corpo na imagem performance .............................................. 86 Poéticas Visuais do corpo: O passado é homologado à morte e Reflexo nu ............................................89 Caderno-corpo: caminhos para se pensar um registro poético de performances................................................................................................................................................... 93 Canto pra mãe terra ....................................................................................................................................... 96 Percurso de um rio: processo de criação artística em cruzamentos de memórias .......................................................................................................................................................... 97 O Sistema Casa: a residência artística enquanto estado de corpo .............................................100 Trilhas - por onde pisam meus pés: Relato de experiências docentes em curta metragem ............................................................................................................................................103 Composição visual em fotografia digital mobile: um estudo no ensino médio-tecnológico ......................................................................................................................................106 Retratos do Liceu: uma vivência da arte da fotografia no cotidiano escolar ..............................................................................................................................................................108 Saraus artísticos na escola como espaço de experiência estética e criativa ..............................................................................................................................................................111 Rede de espetáculo e vigilância: contextualizando obras de R. Luke Dubois e Amalia Ulman..............................................................................................................................114 Arte maranhense: a produção contemporânea de Tita do Rego ................................................117 Coletivo Linhas e as tramas da cidade: intervenções e tessituras sensíveis ...........................................................................................................................................................121 Mapeamento spa das artes.......................................................................................................................123 Processo criativo em performance ........................................................................................................125 Canto e da fotografia: o híbrido como dispositivo de identidade na experimentação Universo de Si ..............................................................................................................128 Tensão e plutonismo barrocos na arte contemporânea brasileira: os casos de Farnese de Andrade e Marco Paulo Rolla ..........................................................................130 AUDIOWALKS: Janet Cardiff e a transformação do caminhar na arte contemporânea ............................................................................................................................................133 JOURNEY: uma jornada pela fronteira entre games e arte ............................................................136 Diálogo autorreferencial: um gordo em processo de criação ......................................................139 O romance Sombras de Reis Barbudos de José J. Veiga e a ditadura militar: uma perspectiva histórica ..........................................................................................................141 A literatura como representação dos discursos de poder: um olhar de reflexão para as obras Revolução dos Bichos e 1984 ......................................................................144 As quebradeiras de coco babaçu: uma perspectiva histórico-literária .....................................146 A leitura que move montanhas, descobre e une mundos: uma análise ..................................149 Quem tem medo de Ana Jansen? Literatura infanto-juvenil e cultura popular maranhense por Wilson Marques ..........................................................................................151 Poesia visual na internet: uma análise estética do perfil “Eu me chamo Antônio” na rede social Instagram .........................................................................................................153 A fragmentação da imagem em “Me_xendo no baú. Vasculhando o U” de Filinto Elísio .....................................................................................................................................................155 A produção e o consumo de artesanato na Praia Grande: uma pesquisa de percepção .......................................................................................................................................................158 A alma e a palma: arte em cerâmica como elemento de identidade da Associação de Artesãs do município de São José de Ribamar ....................................................161 Artesanato e gênero na baixada maranhense: um estudo nos municípios de Palmeirândia, Pinheiro, Santa Helena, São Bento e São João Batista ..................................164 O choro da videira: cantos de trabalho portugueses na tradição das vindimas ..........................................................................................................................................................168 Fotografando para dizer o indizível: A potência da alegria no Bumba-meu- boi sotaque de matraca do Maracanã ..................................................................................................171 As complexas dimensões da cultura popular no domínio do capital transnacional: arte ou mercadoria? .......................................................................................................174 O corpo como lugar de festa: atravessamentos, caminhadas e presenças no Encontro de Bois em São Luís/MA ...................................................................................................176O desafio do saneamento básico para a comunidade palafitada alocada na rua da glória no município de Raposa ............................................................................................178 A reconfiguração da representatividade da mulher no instagram: corpo e política ..............................................................................................................................................................181 DE|GENERADAS: ampliando discussões feministas por meio da arte da performance ..................................................................................................................................................184 Os desafios do ensino de arte: uma experiência com o ensino fundamental no Baixo Parnaíba ..............................................................................................................187 A arte como objeto de transformação social: o caso dos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS em São Luís do Maranhão ..........................................190 Ensino de História da Arte nos cursos de Jornalismo, no contexto de implantação das Novas Diretrizes Curriculares .................................................................................193 Bandeira de aço: memória e patrimônio na música popular do Maranhão ...........................................196 Are we a warrior: o hino do reggae no Maranhão ............................................................................201 ANTICAST: analisando as fronteiras entre o rádio massivo e o rádio pós- massivo na contemporaneidade ............................................................................................................205 Música e mídia comunicativa: produzindo alternativas para a interação híbrida ..............................................................................................................................................................208 Desenvolvimento de jogos no Brasil: o papel da Arte em uma indústria em expansão .........................................................................................................................................................211 O Desvio na concepção do adesivo “Contato: CDU (Várzea)” ......................................................214 O design como resgate cultural: revivendo a tipografia do artesão Pica- pau .....................................................................................................................................................................217 Arte em rede: O Casa d’Arte Centro de Cultura .................................................................................220 Transmissão Fordlândia: possibilidades do uso do rádio como dispositivo de comunicação social, transmissão cultural e manifestação artística ....................................223 O Banquete do Entreguismo ....................................................................................................................226 O grafite e o conceito de juventude nas Ciências Sociais..............................................................229 Formação de professores e paisagem sonora: Ecologia Humana, Artes e Tecnologia .......................................................................................................................................................231 A sociedade escandalizada: arte, gênero e controle em debate ................................................235 Glitch Art: a estética do erro digital em paralelo com o social e a teoria Queer ................................................................................................................................................................238 Amor comprado ...........................................................................................................................................241 Berna Reale: Uma proposta de educação entre Arte e Design ....................................................244 Praias do Capibaribe: Uma experiência artivista de ativação de uma cidade educadora ........................................................................................................................................248 Canto coral: Interdisciplinaridade, interculturalidade e inovação pedagógica .....................251 ARTE DEGENERADA: a perspectiva nazista sobre a arte moderna..............................................255 15 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Relações de conflito nas manifestações de rua, Fotógrafos vs Policiais: um olhar dos bastidores nas ruas de São Luís Adson Luis Barros de Carvalho O presente artigo tem como objetivo inicial, apresentar uma denún- cia contra o Estado e a forma como vem tratado os fotógrafos que traba- lham de maneira independente (freela) e que não estão ligados a mídia tradicional que esconde a realidade dos fatos para a população em geral. Apresenta também as dificuldades neste olhar dos bastidores nos movi- mentos sociais que vem se modificando devido as diversas transforma- ções nos meios de comunicação e nos meios de se veicular uma imagem, causando uma certa independência para este profissional, que agora con- ta com a possibilidade de veicular de maneira mais abrangente os atos ocorridos nestes eventos. O trabalho, se direciona para a linha (5) Estética, Mídia e Cultura; (9) Fotografia, Cinema e Vídeo. A proposta, se intitular “um olhar dos bastidores”, pois tenho a opor- tunidade de participar ativamente como fotógrafo freelance desde 2012, onde passei e presenciei inúmeras as situações em que envolvesse o uso da força por parte da polícia para coibir os registros nos protestos. Assim, obtive uma visão privilegiada, que compartilho com os relatos de forma verbal e visual, com fotografias e pequenos trechos de filmagens, onde passei por diversas situações, no qual escolhi alguns momentos para abor- dar no presente espaço. No corpo do texto, utilizarei de citação, os seguin- tes autores para fundamentar os conceitos de “movimentos sociais”, sua contemporaneidade, “força”, “poder”, suas “relações” e entre outros con- ceitos. Assim, cito Angela Alonso, Karine Gossi, Selvino Malfati, Maria da 16 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Glória Gohn e Max Weber. Apresento também a visão de quem está parti- cipando do protesto e de quem está nos transportes coletivos ou indo para o trabalho ou voltando para casa. São visões diferentes, posicionamentos completamente opostos e é aí que se torna mais fácil aplicar o conceito de poder concebido por Weber. Esses movimentos tem o intuito de chamar a atenção para algo que está sendo ignorado pelas políticas públicas e que a ida para a rua fazen- do uma paralização parcial das atividades tidas como cotidianas, tem-se como principal objetivo chamar a atenção das pessoas e dos órgãos res- ponsáveis que está a parte deste incomodo que as vezes atinge grande par- te de uma população. Esses “atores”, que muitas das vezes são de classes distintas, mas que se organizam para criar um “corpo” (grupo) que luta pe- los mesmos interesses e que essa união se dá por uma “identidade” esta- belecida e se torna coletiva nos mais diferentes espaços com a finalidade de transformar uma realidade do dia-a-dia. Causas como a luta pelo não aumento das tarifas de transporte coletivo, melhorias na saúde e educa- ção, saneamento básico, pavimentação das ruas e ‘fim’ da corrupção, são umas das principais reindivicações nas manifestações. Um dos principais atores responsáveis pela divulgação/veiculação das imagens dos protestos quase momentânea, são os fotógrafos independentes ou os freela. Estes atores vêm apresentando um olhar que antes era muito difícil de se obter. Com a modificação da forma de se registrar e dese divulgar imagens, cada vez mais aparecem profissionais que não são filiados aos aparelhos midiá- ticos que são controlados por quem está no poder. Assim, são constante- mente alvos de perseguições durante o todo o protesto. Aqui, exponho a visão dos bastidores e a relação de conflitos existente entre os freela e os agentes do Estado (Polícia). Palavras-chave: Fotógrafo, freelance, Policiais, Estado, mídia. 17 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Nas tramas de Itamatatiua: as representações sociais da saúde: e as trocas comunicativas dos filhos de de Santa Teresa Rosinete de Jesus Silva Ferreira1 Patrícia Rakel de Castro Sena2 No presente estudo utiliza-se a Teoria das Representações Sociais, iniciada por Serge Moscovici, ao publicar a obra La Psychanalyse son ima- ge et son public em 1961. Para o autor, as representações sociais são origi- nadas a partir das definições de linguagem e comunicação configurando- -se em uma conexão de ideias, metáforas e imagens mentais em constante dinâmica, sendo sustentadas pela comunicação. Essa perspectiva teórica se propõe a entender como os indivíduos e grupos sociais compreendem o mundo, sua realidade e as circunstâncias nas quais se comunicam, com- partilham ideias, ações, crenças, ideologias e interagem entre si e com os outros. Este estudo tem como objetivo compreender como os indivíduos constroem e reconstroem os conceitos e as práticas de saúde, e caracteri- zam as práticas tradicionais existentes na comunidade negra de Itamata- tiua - Maranhão. No que se refere à metodologia utilizou-se os princípios da etnometodologia aliados à etnografia, com o intuito de perceber os mo- dos de dizer e fazer saúde na comunidade. Mediante pesquisa de campo 1 Orientadora do artigo. Doutora pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Coordenadora do Núcleo de Estudos e Estratégias em Comunicação (NEEC) e líder da linha de Pesquisa em Estra- tégias Audiovisuais na Convergência (G-PEAC). Professora do curso de Rádio e TV da UFMA (Univer- sidade Federal do Maranhão). E-mail: roseferreira@uol.com.br. 2 Doutora em Comunicação pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e doutora em Ciências da Comunicação em co-tutela pela UBI (Universidade da Beira Interior / Portugal). Professora da Universidade CEUMA. Coordenadora do GECIM – Grupo de Estudos em Comunicação e interativi- dade midiática. E-mail: rakeldecastro@gmail.com. 18 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia verificou-se que os itamatatiuenses vivem um momento de transição so- cial, política e econômica que vem se repercutindo nas práticas de saúde. A manutenção e utilização de práticas tradicionais de saúde, que envolvem chás, ervas de jiraus, emplasto, garrafadas, benzimentos e curandeirismo continuam a ser observadas, coexistindo com as práticas institucionais do Programa de Saúde da Família. As construções simbólicas em torno da saúde estabelecem relações complexas em uma rede que envolve o mo- mento de transmissão oral; a promessa de saúde e a fé em Santa Teresa; questões territoriais que se traduzem em título de cidadania quilombola e melhoria de qualidade de vida; cultura da cerâmica como base econômica; transição alimentar com a entrada no mercado de consumo dos alimentos industrializados; modo de vida, na maior parte das vezes, harmonioso; re- lações conflituosas entre os múltiplos saberes em interação, que envolve o conhecimento reificado institucionalizado e o conhecimento popular. Conclui-se, então, que através da oralidade as experiências práticas de saúde das gerações antepassadas se consolidaram e hoje se colocam em paralelo às práticas institucionalizadas governamentais e privadas, cons- tituindo um conjunto de representações características dessa comunida- de. Para melhor apresentar esta discussão, realizamos u documentário intitulado os Filhos de Itamatatiua, que tem o objetivo de narrar toda o contexto teórico da pesquisa de forma imagética. Palavras-chave: representações sociais; saúde; comunicação; comunida- de negra. 19 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Corpo Nu: ensaio fotográfico como arte Aline Cristina Azoubel Oliveira1 Thaís Fernanda dos Santos Torres2 Tâmara dos Santos Cantanhêde3 Mary Aurea de Almeida Costa Everton4 O corpo porta um fascínio e magia presentes nas representações de artistas clássicos e contemporâneos. O Projeto, Corpo Nu: ensaio foto- gráfico como arte foi pensado para firmar caminhos de futuras produções que abordem a fotografia do nu masculino pela ótica da arte fotográfica, e como produção, fomentar a análise contemplativa e a leitura poética pre- sente nas estigmatizadas fotografias de nu. A maneira como o corpo humano desnudo é percebido e compreen- dido pela sociedade passou por inúmeras transformações ao longo do tempo. Contudo desde a Antiguidade Clássica a nudez é um tema presente nas artes, tanto que logo após o surgimento da fotografia houve tentativas de fotografar o nu e em uma das primeiras imagens, de Hippolyte Bayar- 1 Estudante do 8º Período do Curso de Comunicação Social Habilitação Jornalismo, email: line_ca- zoubel@hotmail.com; 2 Estudante do 8º. Período do Curso de Comunicação Social Habilitação Jornalismo, email: thaisfer- nandatorres@gmail.com; 3 Jornalista, email: tamaracantanhede@hotmail.com; 4 Pesquisadora de nu e orientadora do trabalho, técnica do Laboratório de Fotografia do Departamen- to de Comunicação Social – UFMA. Professora do Curso de Pós-Graduação lato sensu em assessoria de comunicação: política, setor público e organizações, Faculdade São Luís (2012), Professora do Curso Comunicação Social Habilitação Publicidade e Propaganda e Administração e Marketing, Coordenadora Adjunta do curso de Comunicação Social da Habilitações Jornalismo e Publicidade e Propaganda – Faculdade São Luis (2002-2008), Professora Substituta do Curso de Comunicação Social - UFMA das Habilitações Jornalismo, Rádio e Tv e Relações Públicas (2005-2008); Professora dos Cursos de Comunicação Social Habilitação Publicidade e Propaganda, Marketing e Propagan- da, Marketing Estratégico, Design de Moda - UniCeuma (2002-2011); Pós-Graduada em Didática Uni- versitária FAMA (2004), 4 Graduada em Comunicação Social Habilitação Publicidade e Propaganda UniCeuma (2001), Fotógrafa profissional (1994), email: labfotografiaufma@gmail.com. 20 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia de5, não se nota qualquer relação com erotismo ou pornografia, mas com a forma humana. Com o passar do tempo a fotografia registrada no século XX de cor- po nu, tanto masculino como feminino, foi ganhando destaque devido à imagem ser mais realista se comparada com a pintura e a escultura da- quela época. Porém, a sociedade condenou os modelos de nu como depra- vados e imorais. Tal associação se deu principalmente pelo surgimento das pin- up, cartões eróticos lançados na virada do século XX que fizeram muito sucesso durante duas décadas. Como uma tendência natural, a nudez em todo tempo foi e conti- nuará a ser um meio pelo qual o homem busca uma conexão com o seu próprio ser, com a criação e com a sociedade. Segundo Rodrigues (1975) o corpo possui a marca da vida social, manifestada na preocupação de toda sociedade em fazer produzir nele certas transformações que escolhe de um repertório cujos limites não se pode definir. O presente trabalho inverteu o gênero por trás da objetiva. O en- saio fotográfico de nu artístico, com dez fotografias, mostra o masculino posando para o feminino que buscam transmitir por meio da fotografia a expressão máximada beleza, do movimento do corpo e não apenas dos atributos físicos do modelo. Optou-se por trabalhar em estúdio, pois as poses e a iluminação po- dem ser manipuladas facilitado pelo controle dos elementos fundamen- tais na linguagem fotográfica. Priorizou-se, também, uma iluminação de penumbra para não evidenciar todas as partes do corpo e principalmente a genitália; profundidade de campo baixa e alta guiando o olhar e dire- cionando a uma leitura dos pontos de destaque na imagem; ISO (Institute for Standeardization Organization) alto de 400 permitindo fotografar com pouca iluminação, obturador tempo de exposição médio o que permitiu paralisar movimentos; composições harmônicas e dinâmicas do corpo 5 Foi um pioneiro da fotografia e obteve o registro fotográfico do seu próprio corpo desnudo por meio do processo em positivo sobre papel (1801-1887). 21 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia desnudo por meio do ponto de interesse, e enquadramentos que variam de plano geral ao close-up para destacar as linhas, as formas e a textura da pele levando o leitor a uma interpretação mais artística e real do corpo nu. A beleza dos registros fotográficos em preto e branco agrada-nos pelo fato de neutralizar a variação exuberante de cores que são capazes de produzir sentidos e reações mais próprias de ensaios fotográficos de nu erótico e pornográfico. Enfim, a essência do trabalho é assim como a frase de Willian Bla- ke6, definida como na frase: “a arte jamais poderia existir sem expor a beleza da nudez” (Borges, 2013), sem contemplar artisticamente os contor- nos e formas que o nu masculino é capaz de expressar. O poder do discurso não-verbal presente nas imagens desvenda e incita o mergulho ao universo de contemplação do corpo humano, que pu- desse ser visualmente capaz de despertar a apreciação do corpo nu como uma conexão natural do seu próprio ser com a arte fotográfica. Palavras-chave: fotografia artística; corpo masculino; nudez. REFERÊNCIAS BAETENS, Pascal. Nu artítico: fotografia a arte e o talento. Rio de Janeiro: AltaBook Editora, 2010. RODRIGUES, José Carlos. O tabu do corpo. 2. ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 197. 6 BORGES, Rejane. O corpo humano causa fascínio e é exaltado como algo naturalmente belo. Como instinto, a nudez sempre foi e será o meio pelo qual o homem busca uma conexão com o seu próprio ser e com a criação. Disponível em: <http://obviousmag.org/archives/2011/01/qual_o_limi- te_que_as_separa_a_arte_da_pornografia.html> Acesso em 13 jan. 2013. 22 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Histórias Visuais das Igrejas do Centro Antigo de São Luís Marcus Elicius dos Santos Garcez1 Mary Aurea de Almeida Costa Everton2 Ao longo de sua história, a fotografia foi conquistando diversos pa- péis na sociedade, como apenas de retrato das famílias de uma época, ou mesmo de registro científico. Porém, ela também obteve destaque pelo seu papel de documento, que “registra um momento, um instante do pas- sado, do presente, de nossas vidas, constituindo a construção da histó- ria, cultura, educação e de uma sociedade” (BOCCATO; FUJITA, 2006, p. 85). Tendo isso como base, este trabalho buscou mostrar a importância da fotografia como documento e monumento, além de suas implicações na memória, através do registro das fachadas das igrejas antigas do Centro Histórico de São Luís, publicado na revista online Agenda Fotográfica. Fo- ram selecionadas nove igrejas para compor o projeto: Igreja do Desterro (bairro Desterro), Igreja do Carmo (Praça João Lisboa), Igreja de São João (Rua da Paz), Igreja da Sé (Praça D. Pedro II), Igreja dos Remédios (Praça Gonçalves Dias), Igreja do Rosário (Rua do Egito), Igreja de Santana (Rua de Santana), Igreja de Santo Antônio (Praça Antônio Lobo) e a Igreja de São Pantaleão (Rua São Pantaleão). O trabalho foi desenvolvido pelo estudante de Comunicação Social, Marcus Elicius, e pela coordenadora do labora- tório de fotografia da Universidade Federal do Maranhão, Áurea Costa. A construção deste envolveu pesquisa documental, mapeamento de igrejas, realização do ensaio fotográfico, seleção das imagens e a construção da revista online. Além disso, foram utilizados teóricos da área para reflexão da fotografia como documento e monumento. De acordo com Ana Maria 1 Estudante do 10º período do curso de Comunicação Social – Habilitação Rádio e Televisão da UFMA, email: marcus.elicius14@gmail.com. 2 Técnica do Laboratório de Fotografia do Departamento de Comunicação Social – UFMA, email:lab- fotografiaufma@gmail.com. 23 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Mauad (1996), a fotografia é uma imagem/documento, carregada de ícones que marcam um passado, e também uma imagem/monumento, composta por símbolos convencionados para o futuro. Pode-se entender então que uma fotografia pode trazer em si diversas informações, como o espaço urbano, modos de vestir, etc., que podem marcar um período do tempo e determinar também um caminho a se seguir. Além disso, Mauad (1996) afirma que todo documento é um monumento, já que a fotografia infor- ma e também pode conformar uma determinada visão de mundo. Em um pensamento semelhante, Rosane de Andrade (2002), explica que ao lon- go do tempo a fotografia foi se transformando em um produto carregado de informações do mundo, capaz de alterar ou acomodar, tanto atitudes públicas, quanto a percepção da realidade, podendo também possuir um papel de auxiliar da memória, já que possibilita o conhecimento sobre nós mesmos. Dessa forma, os registros das igrejas do Centro antigo da capi- tal podem tanto nos transportar para um tempo passado, marcado pelas características seculares das construções, como também a momentos e histórias vividos ao redor dessas importantes construções. De acordo com Boris Kossoy (1989), toda fotografia é um resíduo do passado, que reúne diversas informações sobre o fragmento de espaço-tempo registrado, o que a constitui como fonte histórica. Assim, a disponibilização da Agenda Fotográfica sobre as igrejas da capital tem um papel importante, pois é um material que pode ser utilizado como uma fonte de pesquisa de cunho educativo e turístico. A revista on-line foi disponibilizada em três edições no Facebook e email, com o intuito de alcançar um maior número de pes- soas. Em cada publicação foram reunidas 9 fotografias, tendo um total de 27 imagens publicadas nas três edições. A revista recebeu diversos fee- dbacks positivos, como comentários e respostas por email enaltecendo sua importância. Um outro resultado positivo foi o compartilhamento feito pela Arquidiocese de São Luís em seu site oficial, ampliando ainda mais o alcance da revista online. Palavras-chave: fotografia documental; memória; igrejas; São Luís-MA. 24 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia REFERÊNCIAS ANDRADE, Rosane de. Fotografia e antropologia: olhares fora-dentro. São Paulo: Estação da Liberdade: EUDC, 2002. BOCCATO, V. R. C.; FUJITA, M. S. L. Discutindo a análise documental de fotografias: uma síntese bibliográfica. Cadernos de Biblioteconomia, Ar- quivística e Documentação, Lisboa, n. 1, 2006. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ática, 1998. MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história, interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, 1996. 25 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia A fotografia enquanto meio de preservação da memória da Festa do Divino do Espírito Santo em Alcântara (MA) Leandro AlvesAraújo 1 Viviane Santos Mendes2 A memória social consiste na capacidade que a sociedade tem em guardar mentalmente lembranças de momentos das quais vivenciou, as- sim como permite que se faça uma viagem pelo tempo para recordar uma época. Na medida em que o tempo passa, seja por intermédio da velhice, acidente ou doença, o ser humano se torna mais propenso a ter lapsos de memória e esquecer de algumas vivências. Uma forma de preservar essas lembranças é proporcionada pela fotografia, uma vez que ela crista- liza esses instantes, ou seja, congela o passado e o traz para a atualidade como forma de memória. Para Barthes (1984), a fotografia não existe ape- nas como uma forma de imitar a realidade e, sim, de dar perenidade a algo que já existiu. Por isso, funciona como uma memória social pois eterniza lugares, pessoas, momentos que não se repetirão existencialmente. Pol- lack (1992) ainda enfatiza que a memória social é um fenômeno coletivo e social, uma vez que é construído coletivamente e submetido à transforma- ção constante, ou seja, ela transmite a cultura e se constrói por meio de acontecimentos vivenciados em sociedade. Ademais, a fotografia desem- penha funções para além da estética e da recordação, sendo elas: o ato 1 Graduando do curso de Jornalismo pela Universidade Ceuma. E-mail: lehandrus@gmail.com 2 Graduanda do curso de Jornalismo e graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e respectivas Literaturas pela Universidade Ceuma. E-mail: mendess.viviane@gmail.com 26 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia de registrar situações e ações, como recurso pedagógico, como suporte de pesquisa e, por fim, como objeto documental. Mediante a isso, o pre- sente artigo tem como objetivo dissertar sobre o uso da fotografia como instrumento de preservação da memória de uma das maiores festividades religiosas do Maranhão e de um patrimônio imaterial: a Festa do Divino do Espírito Santo, em Alcântara (MA). A fundamentação do artigo orienta- -se teoricamente em estudos de Halbwachs, Pollack, Hall, Barthes, dentre outros. Considerando a fotografia como lugar de preservação da memória cultural, buscou-se analisar, sob uma perspectiva etnográfica, dezesseis fotografias que mostram as etapas da Festa do Divino Espírito Santo, com o intuito de conservar a tradição da mesma e fornecer, por intermédio da imagem, informações sobre o “passado” dessa manifestação cultural, que é transmitida apenas oralmente. O critério na escolha das fotografias foi realizado da seguinte maneira: metade delas é de nossa autoria (foram registrados na festa deste ano), e a outra metade, faz parte do acervo da Casa do Divino, em Alcântara (registros da festa em diferentes anos). En- tretanto, todas essas fotografias foram ilustradas em um livro-reportagem cujo nome é “Salve as Caixeiras: tradição e memória”, resultado da nossa monografia em jornalismo. Palavras-chave: Festa do Divino; Fotografia; Memória Cultura;. Preservação. REFERÊNCIAS BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vertice, 1990. HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Hori- zonte: UFMG, 2003. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992. 27 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia PÓS-FOTOGRAFIA: o que sobrou da fotografia é o quê, então? Suelen Calonga Pessoa1 O presente texto parte do meu trabalho intitulado “Pós-fotografia: um novo paradigma na produção de imagens digitais”, apresentado para a conclusão do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Comunicação: Ima- gens e culturas midiáticas (UFMG, 2010). A partir da postulação de autores como Joan Fontcuberta (2007, 2010, 2011), André Rouillé (2010) e Giselle Beiguelman (2010), em contraponto com textos clássicos de Phillipe Du- Bois (1993), Lucia Santaella (2001), Walter Benjamin (1982) e Vilém Flusser (2002), o trabalho descreve, comenta e propõe uma reflexão em torno dos pontos de ruptura profunda entre a fotografia vernacular e o que hoje co- mumente chamamos de “fotografia digital” para questionar: se não é mais fotografia o que fazemos hoje, é o que, então? A fotografia sintetiza a cultura visual à qual pertence. Estudá-la significa entender os processos de constituição e construção social da realidade e a forma como concebemos e representamos nosso mundo. Inventada no momento em que se precisava de uma imagem-documento que pudesse se inserir na dinâmica da sociedade industrial, assistimos, a partir do final do século XX, a perda da função dominante de documento da fotografia e seu desenvolvimento tecnológico simultâneo ao nascimen- 1 Mulher, negra e mulher negra, Suelen Calonga Pessoa é graduada em Comunicação Social pela PU- C-Minas (2007) e pós-graduada em Imagens e Culturas Midiáticas pela UFMG (2010) com pesquisas no campo da Teoria e Filosofia da Arte, com especial interesse pelas imagens técnicas, os paradig- mas pós-fotográficos e as mudanças de subjetividades a partir do advento das novas tecnologias de informação e comunicação. Sua pesquisa artística se situa nas fronteiras entre a performance e o audiovisual em suportes digitais e atravessa campos multidisciplinares: as ciências naturais em contraponto com os saberes místicos, a ancestralidade afro-tupiniquim em contraponto com as ferramentas digitais de vigilância-controle e as micropolíticas do sujeito em contraponto com a imensidão do cosmos. Nasceu e cresceu em Contagem, cidade industrial da região metropolita- na de Belo Horizonte/MG. Atualmente mora e trabalha em São Paulo, compondo a equipe de pro- gramação em Artes Visuais do Sesc SP, unidades Santana (2014-2017) e 24 de Maio (desde 2017). E-mail: suelenpessoa.arts@gmail.com 28 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia to de mais um paradigma social: a era da informação e o surgimento das tecnologias digitais, onde o conhecimento, a comunicação e a expressão se tornam preponderantes. Melhorias tecnológicas anteriores nos sistemas fotográficos (auto- matismos eletrônicos, suportes magnéticos, teletransmissores) não afeta- ram substancialmente sua natureza nem a de seus valores (Fontcuberta, 2007). Até mesmo a transformação do grão de prata em pixel não é crucial. Tratamos aqui de rupturas muito mais profundas, paradigmáticas, que dei- xaram marcas definitivas na fotografia - não apenas em termos da maior facilidade de acesso ao equipamento, mas na mudança radical do pró- prio dispositivo, os lugares e os circuitos de difusão, as formas e os usos (ROUILLÉ, 2010). Alguns autores têm questionado se o que chamamos de “fotografia digital” seria propriamente fotografia. Para Rouillé, a dita “fo- tografia digital” não seria outra versão da fotografia, tampouco fotogra- fia propriamente, já que não possui a mesma materialidade, velocidade de distribuição, modos de ligação com a imagem, superfície de inscrição, custo de produção ou técnicas de manipulação. Para este autor, o termo “fotografia digital” é impróprio, pois não se trata de um derivado digital da fotografia, mas outra forma de expressão que não se difere apenas em grau, mas em natureza. Giselle Beiguelman (2010) reforça essa tese, inclusive, recuando um pouco à raiz etimológica da palavra fotografia para afirmar que na imagem digital a luz é interpretada e traduzida em imagem por algoritmos na tela. A luz não sensibiliza o sensor e, portanto, não mais se escreve com a luz; não há mais matriz na gênese da imagem e a cópia de um arquivo perma- nece idêntica em tamanho e qualidade, de forma que se torna virtualmen- te impossível distinguirqual imagem seria a cópia e qual seria a “original”. A qualidade técnica ou estética da imagem já deixou de ser um fator preponderante frente à urgência de sua circulação (estética do acesso) e até mesmo as tensões entre o público e o privado – questão da dialética social muito debatida no início deste século - já foram superadas (Fontcu- 29 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia berta, 2011). A cada novidade que surge no campo da construção/produ- ção/circulação de imagens digitais nos afastamos mais das características que tornam a fotografia ela mesma. Se observarmos que a partir da percepção de movimento a fotogra- fia passou a se chamar “cinema” e que quando sofreu uma mudança funda- mental no seu suporte foi denominada “vídeo”, já seria de se esperar que a palavra fotografia passasse a ser insuficiente para dar conta de toda a nova categoria de imagens que, para Fontcuberta (2010) são consideradas pós-fotográficas, mas que ainda não chegam a ser imagens completamen- te sintéticas (SANTAELLA, 2001, DUBOIS, 1993). O avanço conceitual e, talvez, a sugestão de um novo nome, é a intenção de uma próxima etapa deste trabalho. Palavras-Chave: fotografia; imagem; digital; mediações sociais. REFERÊNCIAS: BEIGUELMAN, Giselle. Mesa: Fora do Eixo - As Novas Plataformas (parti- cipação de Eduardo Brandão e Jorge Villacorta Chavez). In: FÓRUM LATI- NOAMERICANO DE FOTOGRAFIA DE SÃO PAULO #2, São Paulo. 23 out. 2010. BENJAMIN, Walter. Pequena história da fotografia. In: Magia e técnica, arte e política.São Paulo: Brasiliense, 1982. DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. Campinas: Papirus, 1993. FLUSSER. Vilém. Filosofia da caixa preta: Ensaios para uma futura filoso- fia dafotografia. Rio de Janeiro: Relume Dubará, 2002. FONTCUBERTA, Joan. Elogio del Vampiro. In: El Beso de Judas: Fotografia y Verdad.Barcelona: Gustavo Gili, 2007. FONTCUBERTA, Joan. Verdades, ficciones y dudas razonables. In: El Beso de Judas: Fotografia y Verdad. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2007. 30 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia FONTCUBERTA, Joan. Mesa: Divagações sobre o futuro (participação de Maria Iovino e Maurício Lissovsky). In: FÓRUM LATINOAMERICANO DE FOTOGRAFIA DE SÃO PAULO # 2, São Paulo. 24 out. 2010. FONTCUBERTA, Joan. Por un manifiesto posfotográfico. Jornal LA VAN- GUARDIA Disponível em: https://tinyurl.com/3pqnyz6 . Acesso em: 13 de novembro de 2017. Matéria publicada em 11 de maio de 2011. ROUILLÉ, André. A fotografia entre documento e arte contemporânea. São Paulo:Senac, 2010. SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 3. ed. SãoPaulo: Iluminuras, 2001. 31 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia #NOSELFIE: uma experiência de fotografia, performance e memória Ravena Sena Maia1 Atualmente, as interações em rede vêm constituindo novos para- digmas para o campo do fotográfico e propondo novas práticas e formas de lidar com as imagens. Para Fontcuberta, estas são as prerrogativas de uma nova condição, a pós-fotografia, e destaca como características uma prevalência da circulação sobre o conteúdo da imagem, uma experiência da imagem onde é preferível compartilhá-las a possuí-las e uma superação social das tensões entre o público e privado (2016, p.38). A proposta deste trabalho é expor os processos de criação da per- formance #noselfie e as reflexões acerca das vivências numa atualidade da pós-fotografia. Nesta perspectiva, além do processo de criação da per- formance, pretendo analisar uma experiência de apresentação da perfor- mance na vila de Igatu, região do garimpo da Chapada Diamantina, e como a memória e a vivência do lugar se tornam elemento fundamental no pro- cesso de criação e na percepção do público da obra de arte. As selfies adentram como um gênero exclusivamente pós-fotográfi- co, surgem para definir novos atos que deslocam o fotógrafo de “apertar o botão” para unicamente mirar-se ao display da câmera. Este simples ato ocasiona uma mudança de paradigma aos registros visuais da memória: saímos do dogma barthesiano “isto foi” e passamos para a obrigatorieda- de autobiográfica do “eu estava ali”, “no queremos tanto mostrar el mundo como señalar nuestro estar en el mundo.” (Fontcuberta, 2016, p.86). O universo contemporâneo da circulação das imagens propõe ou- tros paradigmas que, para François Soulages, intensificam ainda mais 1 Mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente docente da Fa- culdade de Comunicação pela Universidade Federal da Bahia. E-mail: ravenasena@gmail.com. 32 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia uma mudança do corpo fotografável em corpo político, já que se torna um corpo público. Nessa lógica rizomática, a fotografia, em seus usos e sua produção, passa a se realizar na circulação e não mais no ato fotográfico em si, como afirma Soulages (2011, p.30) “la imagen fotográfica es entoces uno de los instantes-imágenes de flujo de imágenes. Y esta imagen está hecha para circular a través de y en la red para ser realizada por quien la recibe. Quien mira y aprecia esa imagen realiza esa imagen”2. A partir destas reflexões, considero que esta lógica da circulação e das imagens rizomáticas acionam um “índice performático” (GREEN; LO- WRY, 2007) das imagens fotográficas, ou seja, elas subvertem o caráter indicial da imagem e sua aderência a realidade passa a ser um fator secun- dário nos sentidos e usos que essa fotografia carrega. A performance #noselfie foi criada usando uma luz de cabeça, onde eu convido as pessoas a fazer uma selfie comigo. A luz direcionada à fren- te da cabeça faz com que toda tentativa de me fotografar superexpõem a imagem, e impedindo de identificar quem estaria na foto. O #noselfie é uma foto que não dá conta de provar quem está nela, o índice existe, mas não legitima o discurso clássico de uma selfie: provar que eu estive ali, o “isto foi” barthesiano. A performance foi então inspirada na expressão de uma fotografia performativa, que tenta jogar com o sentido indicial da imagem, ou seja, desta convicção da foto como prova da realidade. A experiência desta performance, realizada em outubro de 2016 na vila de Igatu, nas ruínas da cidade do garimpo, fez com que as memórias do lugar inundassem a minha poética. Percebi que, além da referência a fotografia, a performance trazia uma imagética que para aquele contexto despertava outros sentidos, interpretações movidas pelas memórias da- quele lugar. A luz de cabeça para Igatu era um elemento significativo, re- metia ao instrumento dos mineiros e garimpeiros e somente chegando ao 2 A imagem fotográfica é então um dos intantes-imagens de fluxos de imagens. E esta imagem está feita para circular através de e na rede para ser realizada por quem a recebe. Quem vê e aprecia essa imagem realiza essa imagem. (Tradução minha) 33 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia local pude perceber este jogo de imagens que a minha figura performática poderia despertar. Palavras-Chave: performance, fotografía, memória REFERÊNCIAS GREEN, D; LOWRY, J. De lo presencial a lo performativo: nueva revisión de la indicialidad fotográfica. In: GREEN, David. ¿Que ha sido la Fotografia?. Barcelona: Gustavo Gilli, 2007 (p.49-64) SOULAGES, François (org.); SOLAS, Silvia (org.). Ausencia y Presencia: fo- tografía y cuerpos políticos. 1ª Ed. La Plata: Universidad Nacional de La Plata, 2011 34 En tr et ec er : E nr ed am en to s e Diá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Estigmas sociais em narrativas fotojornalísticas: análise fotográfica dos terremotos ocorridos no Haiti e Japão Paula Lidiane Tavares Barbosa 1 Patrícia Rakel de Castro Sena2 A partir dos estudos semióticos de Peirce e dos trabalhos com o processo de conotação das imagens em Barthes foram analisadas quatro fotorreportagens publicadas no Blog BigPicture tratando dos terremotos ocorridos no Haiti e Japão. Analisar as imagens nestes dois autores foi essencial para compreender os sentidos que um objeto simbólico é capaz de produzir. “As imagens, principais objetos de estudo desse artigo, devem ser encaradas como objetos de linguagem. Ao encará-las como um discur- so da atualidade, reconhecemo-las como um produto cultural, o qual não é neutro, mas dotado de sentidos” (MAGALHÃES, 2003, p. 79). Desta forma, averiguou-se aqui a comunicação existente nas fotorreportagens citadas, suas causas e efeitos de mediação simbólica no público, como o apareci- mento de conflitos, consensos ou mesmo transformações culturais e soci- ais que elas são capazes de proporcionar. Aqui se destaca quanto ao viés da narrativa fotojornalística, a necessidade de se questionar a verdadeira intencionalidade que se esconde por de trás do ato fotográfico. Para trazer com clareza a sua proposta, as fotografias passam por um processo de significação que começa quando o olhar do fotógrafo cap- tura a imagem em um clic e termina quanto elas são editadas e manip- 1 Estudante de Jornalismo - Universidade CEUMA, São Luís- MA. E-mail: paulalidiane16@gmail.com 2 Orientadora do Trabalho. Doutora em Comunicação pela UFPE e pela UBI / Portugal. Docente dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade CEUMA. E-mail: rakeldecastro@gmail.com. 35 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia uladas, nesses dois momentos os interesses são despertados para mol- dar a sensibilidade, percepção, senso e juízo do público que consumirá o conteúdo. Há neste contexto uma intencionalidade que pode ser sus- tentada quando Burke (2004, p.24) afirma que “tanto literalmente quanto metaforicamente, esses esboços fotográficos [...] registam ‘um ponto de vista’”. Segundo ele (2004), é errôneo dizer que os fotógrafos e editores têm um ‘olhar inocente’, sem subjetividade e livre opinião, pois os sentidos são pensados e idealizados e, ainda que no ato de fotografia espontânea, a subjetividade é posta. As imagens são intencionais e representativas porque são avaliadas e selecionadas, há um processo gerativo na fotogra- fia capaz de multiplicar os seus sentidos. Segundo Cós e Boni (2005, p25), “no caso de guerras ou calamidades que têm sua “cara” desenhada pela imprensa, essa responsabilidade é ainda maior, pois nem sempre é pos- sível avaliar previamente o “peso” do clique fotográfico, tanto para os fotó- grafos quanto para o público”. A fotografia é capaz de produzir mundos, e nesse contexto, ela se mascara e passa a ter uma reação ou consequência na vida dos seus referentes. Nesse contexto em que a fotografia é compos- ta por diversos significados, questiona-se como os elementos de signifi- cação atuam na composição dos sentidos das imagens e, principalmente como eles incidem na formação e sustentação dos estigmas sociais. Tal pesquisa tem, portanto, o intuito de demonstrar o valor significativo da imagem para a comunicação e, além disto, enfatizar que as abordagens estereotipadas causam contrastes não somente enquanto sentido social, mas psicológico, visto que o mesmo á medida que gera a discriminação do indivíduo está pondo-o a mercê de uma série de complicações psíquicas, como desânimo e descredibilidade em si. Como resultado, o presente trabalho nos possibilitou compreender que as fotografias são agentes e mobilizadoras que utilizam de estratégias e sentidos conotativos para pôr em cena certos valores e opiniões de seus criadores. São capazes de estimular na audiência várias percepções, e for- necer a elas evidências, ou indicações para a construção do pensamento 36 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia e mensagem desejada no cognitivo dos seres. Por possuírem uma gama de significações, as fotografias põem na sociedade um manto de ideologias, uma sustentação de estereótipos que por vezes agregam inimagináveis consequências no público apreciador e no público fotografado. Palavras-Chave: Fotorreportagem; Estigmas; conotação; semiótica; REFERÊNCIAS BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. São Paulo: EDUSC, 2004. CÓL, S.S, Ana; BONI, C. Paulo. A insustentável leveza do clic fotográfico. Discursos fotográficos, Londrina, v.1, p.23-56, 2005. MAGALHÃES, Francisco Laerte Juvêncio. Veja, Isto é, leia: produção e dis- putas de sentido na mídia. Teresina, Piauí: Edufpi, 2003. 37 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Cartografia como prática jornalística: um experimento para costurar os eventos sobre Pedrinhas Stephany Rodrigues Pinho1 O volume de dados gerados pelo compartilhamento de informações, interpretações e interações parece acelerar o tempo enquanto perdemos a dimensão material dos eventos (GUMBRETCH, 2010). Porém, esse mes- mo volume de dados mostra-se cada vez mais como matéria-prima convo- cada em iniciativas que buscam reunir o que está disperso, esgarçando a malha do tecido espaço-tempo para entender os diversos movimentos que conformam nosso presente. Neste contexto, o presente trabalho visa explorar, através de um projeto experimental, o potencial da cartografia como prática jornalística na tarefa de fazer visível os movimentos assumidos pelos presos do Com- plexo Penitenciário de Pedrinhas2 em tensão com os discursos oficiais circulados pela imprensa maranhense e nacional entre os anos de 2013 e 2014, período em que irrompeu o que convencionou-se chamar de uma “crise do sistema prisional maranhense”. Nosso desafio será o expor as ações dos presos, os riscos e os ges- tos assumidos durante esse período no jogo de produção de imagens so- bre uma experiência desautorizada a aparecer como legítima. Ao se tratar de um espaço por natureza controlado e vigiado, vamos nos ater ao que verte das rachaduras de algo aparentemente pacificado, em vias de ser novamente controlado, atentando para o que afirma GINZBURG (1989): “se 1 Graduanda do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). E-mail: stephanyrodriguesp@gmail.com 2 É um conjunto de unidades prisionais situado em São Luís, capital do Maranhão. 38 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia a realidade é opaca, existem zonas privilegiadas – sinais, indícios – que permitem decifrá-la”. Ao lidar com um objeto que evidencia os limites das possibilida- des de fazer ver, entendemos a validade do entendimento da Arquitetura Forense3, segundo o qual “el poder se disputa en un punto más allá de la mera crítica ideológica. Se trata de una estética que redefine la noción misma de estética y de arte, para ser ante todo una “herramienta en el conflicto” (FERRAN; MEDINA, 2017). Consideramos que o esforço cartográfico para visibilizar o conflito de Pedrinhas é uma tarefa de distribuição de poderes, na medida em que situa presos, Estado, mídia e suas ações, dando relevo aos que se origina no atrito entre esses agentes: dissensos, que são o lugar mesmo da políti- ca. (RANCIÈRE, 1996) Assim, seguindo os princípios metodológicos da Teoria Ator-Rede, especificamente a partir de Bruno Latour (2012),através do CMS WIX, es- tamos construindo uma plataforma onde consta uma linha do tempo, apre- sentando a sucessão dos menores acontecimentos do escândalo de pro- porções internacionais; uma lista de atores e descrição dos mesmos, suas ações e dos atores que são capazes de fazer agir; um diagrama Ator-Rede, ferramenta proposta por Latour (2012) por meio da qual podemos gerar uma visualização que explicita a relação entre atores humanos e não-humanos bem aquilo que lhes garante existência: a relação com outros atores. Essa análise do encadeamento de fatos e atritos entre o dizível e o visível poderão evidenciar os mecanismos que constituem a vida dos presos como vidas precárias, vulneráveis, não passíveis de luto (BUTLER, 2015) e os gestos assumidos pelos presos para desestabilizar as represen- 3 Forensic Architecture é uma agência fundada em 2010 ocupada de elaborar provas sobre violências do Estado ou de empresas a partir de um esforço multidisciplinar independente ou por petição de ONGs e juristas internacionais. Através de pesquisas e geração de complexas ferramentas de visualização de dados, a ação desse coletivo visa apresentar-se como “contra-forense”, no sentido de contrapor o saber forense como sendo monopólio do Estado e suas polícias. http://www.forensi- c-architecture.org/ 39 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia tações sobre a prisão e autorreferencialidade do jornalismo e dos discur- sos oficiais. Palavras-Chave: Cartografia; Pedrinhas; Dissenso; Projeto Experimental REFERÊNCIAS BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Trad. de Sérgio Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. Rio de Janeiro: Civiliza- ção Brasileira, 2015. FERRAN, Barenblit; MEDINA, Cuauhtémoc. Una estética libre de estética. In: ROMERO, Álvarez Ekaterina; PLASENCIA, Clara (Coord). Forensic Architecture: Hacia uma estética in- vestigativa. Ciudad de México: MUAC, MACBA, 2017. p. 16-23. GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo: Companhia das Le- tras, 1989. GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de presença – o que o sentido não consegue transmitir. Tradução de Ana Isabel Soares. Rio de Janeiro: Con- traponto e PUC-Rio, agosto de 2010. 206 pp LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator- -Rede. Trad. Gilson César Cardoso de Sousa. Salvador/Bauru: Edufba/ Edusc, 2012, RANCIÈRE, Jacques. O dissenso. In: A crise da razão.Organizador: Adauto No- vaes (Org.). São Paulo: Companhia das Letras,1996. Tradução de Paulo Neves. 40 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Estética e mídia: A cobertura do feminicídio no Bandeira 2 Natalhi Alves Ribeiro1 Poliana Sales Alves2 Este estudo investiga a cobertura do programa policial Bandeira 2, exibido na TV Difusora, acerca dos feminicídios ocorridos no Estado do Maranhão, tendo como material empírico dois casos apresentados no pro- grama, nos dias 21 de agosto e 10 de setembro de 2017. Feminicídio é a expressão usada para designar homicídios dolosos praticados contra mu- lheres por razão do seu gênero. Temos como objetivo identificar o poten- cial de comunicabilidade da narrativa noticiosa explorada pelo veículo e a maneira como ela pode reconfigurar a experiência social com a violência praticada contra a mulher. Partimos da premissa de que as coberturas do Bandeira 2, no qual foram transmitidos os casos de feminicídio, têm cer- ta natureza ficcional por explorarem regimes estéticos específicos. Leal (2011) afirma que, apesar da predominância da tradição da objetividade no fazer jornalístico, o melodrama e o sensacionalismo, como “modos de narrar” nunca se afastaram da práxis jornalística, e aparecem cada vez mais evidentes nas narrativas curtas que estabelecem vínculos com o real, como as notícias. De acordo com Ponte (2005, p. 67-68), o melodrama, por exemplo, preserva-se na contemporaneidade, de modo acentuado, nas ma- térias ditas de “interesse humano” ou inspiradas no modo de funciona- mento dos folhetins, caracterizadas tanto pela preocupação com as leis morais quanto com o tratamento de temas que podem ser tomados como metáforas dos conflitos sociais e com a tipificação dos personagens, víti- mas, heróis etc. 1 Natalhi Alves Ribeiro, graduanda do curso de jornalismo da Faculdade Estácio de São Luís. E-mail: natalhi.alves@live.com. 2 Poliana Sales Alves, mestra em Cultura e Sociedade, e professora do curso de jornalismo da Facul- dade Estácio de São Luís. E-mail: polianasales@gmail.com. 41 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Essas matérias de “interesse humano” são conhecidas como fait-di- vers ou features têm suas matrizes ligadas à produção dos relatos policiais. De acordo com Sodré, o feature serve para designar uma série de enqua- dramentos do jornalismo norte-americano, mas em geral é utilizado para designar quando o acontecimento, ainda que de pequenas proporções, “ad- quire valor de notícia por sua intensidade emotiva, dando margem à ela- boração de narrativas, que nem sempre obedecem aos cânones técnicos da redação jornalística” (SODRÉ, 2009, p. 223). O fait-divers, por sua vez, é quase a versão francesa do feature, e se diferencia unicamente pela natu- reza do acontecimento que ele narra – morte, violência, amor e humor. Já o sensacionalismo é um estilo jornalístico que “enfatiza fortemente, às vezes à beira do exagero, o protocolo psicológico (os mecanismos retóricos que articulam emocionalmente padrões mentais com modalidades sensoriais)” (SODRÉ, 2009, p. 222). De maneira geral, as notícias analisadas neste es- tudo carregam essas marcas narrativas típicas do feature, do fait-divers e do sensacionalismo. Mas também da ficção policial, que nasce junto aos folhetins. De acordo com Mendes (2001, p. 388), tal tendência de análise tem ganhado particular força no âmbito da teoria da notícia, por se acredi- tar mesmo que “a circulação de identidades entre o ficcional e a narrativa de realidade é muito forte no campo jornalístico”. Isto porque o jornalismo se utiliza de inúmeros recursos narrativos para que eventos difusos e ocor- rências dispersas se tornem compreensíveis e atraentes. Tais histórias são, obviamente, compostas por começo, meio, e fim, pontos principais de articulação, características específicas de desenvolvimento, contextuali- zações. Como as diferentes modalidades narrativas, o relato jornalístico também opera dando forma àquilo que é informe e produzindo represen- tações de mundo. O papel das emoções no jornalismo, por sua vez, não se limita à arte de entreter, nós as destacamos por serem modos de narrar que dão maior intensidade às emoções, por potencializarem a produção de significados a respeito da violência cometida contra a mulher. Palavras-Chave: Estética; Melodrama; Feminicídio; Bandeira 2. 42 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Uma análise da linguagem utilizada nos periódicos da imprensa gay no Brasil e sua evolução Ana Beatriz Silva de Oliveira1 Andressa Carvalho Froes Moraes2 Diego Wenedy Lima Marques3 O presente trabalho objetiva fazer uma análise sobre a imprensa gay existente no Brasil nos anos 60 e um comparativo com os novos canais de comunicação abertos hoje pela tecnologia, no que tange à linguagem empregada por seus precursores, a fim de caracterizar os periódicos fei- tos por homossexuais e a evolução dessa imprensa alternativa. Nas décadas de 60 e 70, o Brasil começou a ser povoado por movi- mentos de contracultura. Com a ditadura militar, houve uma mistura entre esses movimentos e os ideais político-democráticos e populares. Nesse contexto, surgiua imprensa alternativa. A base comum desse novo tipo de imprensa era a evidente oposição ao regime militar. Assim a imprensa gay nasceu: da necessidade dos homossexuais divulgarem as ações dos grupos, uma vez que a classe era marginalizada e impedida de se reunir em locais públicos, os jornais passaram a existir com a finalidade de pro- mover a comunicação discreta e pessoal entre as turmas do Rio de Janeiro. O Snob, primeira publicação abertamente homossexual divulgada no Brasil, teve sua primeira edição em 1963. Posteriormente, passou de 1 Acadêmica do 5° período do curso de Jornalismo da Universidade Ceuma. E-mail: anabeatriz_128@hotmail.com 2 Acadêmica do 5° período do curso de Jornalismo da Universidade Ceuma. E-mail: andressafcmoraes@gmail.com 3 Acadêmico do 5° período do curso de Jornalismo da Universidade Ceuma. E-mail: diegowennedy@gmail.com 43 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia uma publicação simples para uma minirrevista e os principais elementos de linguagem utilizados eram o sarcasmo, a ironia e o duplo sentido. Péret (2012) cita Green quando ele diz que o Snob era “recheado de fofocas, hu- mor camp e autoafirmação. Deu visibilidade a um extenso vocabulário de gírias existentes no país desde o século XX e criou um estilo particular de escrever para homossexuais.” (PÉRET, 2012, p. 20) Segundo o sociólogo Barbosa da Silva, citado por James Green e Ro- naldo Trindade, os grupos minoritários tendem a usar uma linguagem ci- frada, tanto para se autoidentificar como para dificultar “o entendimento por indivíduos que não participam da mesma cultura” (JAMES; TRINDADE, 2005, p. 145). Após o fim do Snob, a publicação de maior destaque por seu teor jornalístico foi o Lampião da Esquina. O jornal se diferenciava das demais publicações que o antecederam pelo enfoque político que possuía. Entre- tanto, sua linguagem não se desfez do humor, do vocabulário gay, sarcas- mo e ironia. Posteriormente, o contexto em que a imprensa se encontra é de con- vergência midiática e cibercultura. Com a revolução tecnológica, os perió- dicos impressos tiveram que se adequar aos polos de emissão de conteú- do, para manter-se em circulação. Lévy afirma que ciberespaço “consiste de uma realidade multidirecional incorporada a uma rede global, susten- tada por computadores que funcionam como meios de geração de acesso.” (LÉVY, 1999, p. 92) Dentro dessa realidade multidirecional de geração de conteúdo pro- porcionada pela tecnologia, os blogs podem ser citados por sua populari- dade no período de transição entre o iminentemente analógico e o virtual. Visto esse crescimento e a democratização da internet, a militância LGBT apossou-se das plataformas digitais para disseminação de seu discur- so. Como exemplo, cita-se o site Lado Bi, que teve início em 2013 a priori apenas com divulgação de podcasts. Em agosto do mesmo ano, o portal 44 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia incorporou em sua linha editorial um blog com a função de abordar as temáticas presentes nos podcasts com maior profundidade jornalística, porém fazendo uso de uma linguagem acessível a todos os públicos, con- tendo gírias gays, humor, ironia e sarcasmo, além de abordar temáticas específicas a fim de combater a homofobia e conscientizar a sociedade dos direitos dos homossexuais. Observa-se, portanto, que na linguagem e na proposta dos periódicos pouco ou quase nada se alterou mesmo que as plataformas utilizadas para a emissão dos conteúdos sejam diferentes. Palavras-Chave: Linguagem; impressa gay; convergência midiática. REFERÊNCIAS GREEN, James; TRINDADE, Ronaldo. Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo: Editora da Unesp, 2000. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34 Ltda, 1999. PÉRET, Flávia. Imprensa Gay no Brasil. São Paulo: Publifolha, 2012. SITE LADO BI. Disponível em: www.ladobi.uol.com.br. Acesso em: 01 de nov. 2017. 45 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Os movimentos sociais na internet: a propagação e refutação de Fake News pós-impeachment Tayla Katarina Ferreira Oeiras1 Catharine Marques Leite Carvalho2 Patrícia Rakel de Castro Sena3 Este artigo apresenta uma revisão de literatura sistematizada com proposta de execução experimental a posteriori para tratar sobre “Os movi- mentos sociais na internet: a propagação e refutação de Fake News pós-im- peachment”, levando em consideração o papel que a mídia tem na constru- ção social da realidade, reforçado através das novas fronteiras da tecnologia. Primeiramente faz-se necessário entender que o direito da socieda- de advém dos movimentos instituídos por ela, pois no momento em que pequenos grupos manifestam sua opinião em prol de um bem comum exis- te uma democracia (GUARESCHI, 2013). Esta pesquisa se justifica pela im- portância de tratar os movimentos sociais como forma de fortalecimento da democracia, especialmente em um contexto pós-impeachment 2016. A relevância que a discussão midiática tem para que haja a compreensão da relação entre política e o processo de Fake News nas redes sociais é evidenciada através do protagonismo da internet em nosso cotidiano, en- quanto geradora de debates de grande alcance. 1 Autora do trabalho e estudante do 7º Semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Ceuma, E-mail: tayla.oeiras1996@hotmail.com. 2 Autora do trabalho e estudante do 7º Semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Ceuma, E-mail: catharine_marques@hotmail.com. 3 Orientadora do trabalho e Professora doutora do Curso de Jornalismo da Universidade Ceuma, E-mail: rakeldecastro@gmail.com. 46 En tr et ec er : E nr ed am en to s e D iá lo go s T ra ns ve rs ai s III S im pó si o N ac io na l d e Ar te e M íd ia Nessa linha de raciocínio, os meios de comunicação podem ser usa- dos para auxiliar nas tomadas de decisão de uma comunidade junto ao Estado; porém, em alguns casos, devido a um conjunto de interesses, os fatores de responsabilidade social e interesse público inerente às notí- cias, são negligenciados, levando muitas vezes a falsificações e distorção sistemática da informação; existindo, portanto uma influência direta so- bre a pauta de discussão e a maneira na qual a sociedade interpretará as notícias. A problemática desta pesquisa parte do contexto de “Como os movimentos sociais propagaram e refutaram o Fake News no atual contex- to político pós-impeachment, via internet?” Com base nesse cenário, este estudo se propõe a realizar um apanhado bibliográfico sobre os movimen- tos sociais, cruzando autores que tratam tal conceito como objeto e sua relação com a propagação de Fake News na Internet pós-impeachment de 2016 no Brasil. Mas especificamente, sem entrar nas discussões de referências que lidam com suas variações contextuais, busca-se dar visibilidade a algumas reflexões que constroem, academicamente, um patrimônio teórico sobre o tema. Essa pesquisa baseia-se na hipótese do Agenda-Setting (WOLF, 2009), a qual defende que o mass media agenda no debate público, aquilo que se precisa discutir e formar opinião. Relacionando-se tal hipótese ao fenômeno de Fake News (traduzido livremente para a língua portuguesa como notícias falsas), protagonizado por movimentos sociais (no processo de propagação e refutação), propõe-se organizar e ampliar o debate, re- fletindo sobre a peculiaridade da relação no contexto político brasileiro. Autores como Guareschi (2013), Viana (2016) e Costa (1997) relatam que a saída para uma democracia fortalecida é quando grupos formam-se em busca de melhorias para a coletividade, fomentando então, “movimentos sociais”. Esse termo é oriundo de uma ação de um
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