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Introdução ao Antigo testamento

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Prévia do material em texto

2017
Introdução ao antIgo 
testamento
Prof. Gesiel Anacleto
Prof. Jean Rafael Giese
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Gesiel Anacleto
Prof. Jean Rafael Giese
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
231.044 
F333i Fenili, Romero
 Introdução ao antigo testamento / Gesiel Anacleto; Jean 
Rafael Geise: UNIASSELVI, 2017.
 
 222 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0088-0
 
 1.Teologia.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
Caro acadêmico!
 
Neste Livro de Estudos que é uma Introdução ao Antigo Testamento, 
você compreenderá que os livros que compõem a Bíblia ou Sagradas 
Escrituras, em sua composição e estrutura, possuem gêneros literários e eles 
são diferentes entre si. Os gêneros literários utilizados para compor os textos 
da Bíblia são as formas de linguagem e contexto em que é inserido o texto. 
Caro acadêmico, você compreenderá que na Bíblia não se esgotam os gêneros 
literários, pois existem muitos outros, que em conjunto com as outras formas 
literárias garantem forma ao texto bíblico. Devemos descobrir e conhecer 
esta variedade de linguagens nos textos da Bíblia, sendo um fator muito 
importante que deve ser acrescentado ao estudo das Sagradas Escrituras para 
compreendermos a sua finalidade e obtermos o seu conhecimento. Assim, 
vamos então conhecer os principais gêneros literários presentes nos textos 
que compõem o Antigo Testamento, a saber: jurídico, narrativo, literário 
poético, literário profético, literário apocalíptico e literário sapiencial.
 
O gênero literário jurídico está presente em todos os cinco livros 
que compõem o Pentateuco. Este gênero trata sobre as normais e leis para 
a observância e obediência do povo de Deus. Assim, correspondem a dois 
tipos de leis: apotídicas e casuísticas. Quando os mandamentos têm início 
com um não são então classificados como leis apotídicas. Temos então as 
leis dos dez mandamentos (Êx 20, 3-17) como um exemplo disso. E as leis 
casuísticas são então as leis direcionadas para situações consideradas 
específicas, como podem ser conferidas nos livros de Levítico (Lv 20, 9-18, 
20, 21) e Deuteronômio (Dt 15, 7-17). Com a intenção de transmitir uma 
mensagem e sendo de fácil entendimento, o gênero narrativo apresenta-se em 
forma de ‘epopeia’, ‘épica’, ‘tragédia’ e ‘romance’. A epopeia aparece quando 
a narrativa é sobre os feitos de um herói nacional ou com grandes conquistas 
militares, a vida dos israelitas no deserto e a conquista de Canãa etc. Como 
exemplo, em Abraão, Gedeão e Davi temos o gênero épico. Já a tragédia 
aborda a história da decadência de um indivíduo, da fama e honradez de um 
dos personagens bíblicos ou ao desastre e a miséria de um outro personagem 
(Sansão, Saul e Salomão). E, por fim, o romance apresenta a relação da vida 
amorosa entre um homem e uma mulher, aparecendo este nos livros de Rute 
e nos livros de Cântico dos Cânticos.
 
IV
Em se tratando do gênero literário poético, no Antigo Testamento 
encontra-se muitas vezes em formas de paralelismo entre as frases, como 
podemos constatar no próprio Livro dos Provérbios. Podemos classificar de 
gênero poético a composição dos demais livros sapienciais como os livros 
de Jó, Salmos, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Além disso, observa-se 
também a presença desse tipo de gênero no próprio Pentateuco e nos livros 
proféticos. 
 
O gênero profético, que é bastante presente na Bíblia, não tem por 
objetivo adivinhar, mas sim de ser a intenção do profeta em manifestar ao 
povo a vontade de Deus com o uso de sermões e palavras duras, com sinais, 
exortações e oráculos. Ou seja, o sucesso do profeta não está no cumprimento 
de suas profecias, mas sim em que o povo destinatário das profecias mude de 
vida a fim de realizar a vontade de Deus e evitar o castigo. O castigo em si é 
consequência da não observância das leis e da vontade de Deus.
 
O gênero literário apocalíptico se faz presente a partir do uso de 
símbolos, imagens, visões e revelações. Essa literatura aparece frequentemente 
em momentos de grande perseguição contra os israelitas. Neste gênero 
literário é apresentado o confronto entre os justos (os judeus) e os ímpios 
(outros povos), sendo o Livro de Daniel um perfeito exemplo em que se 
encontra este tipo de gênero. Apocalíptico no sentido literal da palavra no 
que se refere à revelação em si.
 
E, por fim, temos o gênero literário que tem por finalidade mostrar 
a sabedoria dos simples, que é a sabedoria da vida cotidiana (Provérbios); 
ou apresentar uma sabedoria que reflete a crise da ideia de Deus (por 
exemplo, a própria história de Jó); uma sabedoria que mostra a crise da 
própria sabedoria em si como sendo a sabedoria: “vaidade das vaidades, tudo é 
vaidade” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, Eclesiastes, 12, 8). 
 
Porém, a sabedoria buscada e atingida pelo homem deve servir a 
ele como o meio pelo qual o homem saberá valorizar a dignidade que a sua 
vida contém e também iluminar o caminho de suas escolhas e ações nesta 
vida para consigo e, principalmente, na relação social e interacional com as 
diferentes pessoas que passam por sua vida, bem como as instituições em 
que fará parte. Caro acadêmico, a Bíblia, ou melhor, as Sagradas Escrituras, 
tanto a parte do Pentateuco (primeira parte do Antigo Testamento, O Antigo 
Testamento e o Novo Testamento como um todo, não são apenas gêneros 
literários e, portanto, não podem ser apenas entendidos através de estudo 
de gêneros literários. É palavra, conhecimento e sabedoria encarnada em 
espaços geográficos reais e em contextos históricos, sociais, econômicos, 
políticos, religiosos e culturais que também são testados e atestados tanto 
pela história (arqueologia, para citar um exemplo) e por diversas pesquisas 
científicas. E, como sabemos, a Teologia é a Ciência por Excelência, pois 
está pronta e acabada. Pois é considerada revelada por Deus aos Homens 
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
(Dei Verbum), cabendo ao homem, com o uso de suas múltiplas inteligências, 
acercar-se e introduzir-se nessa Sabedoria (Ciência Teológica) que não tem 
por função confortar o homem, apenas, e sim, dizer ao homem qual é a sua 
origem, qual deve ser o seu proceder e qual é o seu último destino. 
Bons estudos e sucesso em sua via acadêmica!Os autores.
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO ... 1
TÓPICO 1 - COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO ............................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 FORMAÇÃO DO PENTATEUCO .................................................................................................... 4
3 AUTORIA DOS LIVROS DO PENTATEUCO ............................................................................... 11
4 CONTEXTO HISTÓRICO DA COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO ....................................... 24
5 ESTRUTURA DOS LIVROS DO PENTATEUCO ......................................................................... 28
6 O PENTATEUCO E A HISTÓRIA DE ISRAEL .............................................................................. 33
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 37
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 38
TÓPICO 2 - O PENTATEUCO E O INÍCIO DA HISTÓRIA DE ISRAEL ................................... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 39
2 O LIVRO DO GÊNESIS ..................................................................................................................... 40
 2.1 COMPOSIÇÃO ................................................................................................................................ 41
 2.2 AUTORIA DE GÊNESIS ................................................................................................................ 42
3 CONTEÚDO E ESTRUTURA DO LIVRO DO GÊNESIS ........................................................... 43
 3.1 A HISTÓRIA DAS ORIGENS ........................................................................................................ 44
 3.2 HISTÓRIA DOS PATRIARCAS .................................................................................................... 45
4 FONTES E GÊNEROS LITERÁRIOS .............................................................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 53
TÓPICO 3 - A SAGA DO POVO ESCOLHIDO ............................................................................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 55
2 O LIVRO DO ÊXODO ........................................................................................................................ 55
 2.1 COMPOSIÇÃO ................................................................................................................................ 56
 2.2 AUTORIA ......................................................................................................................................... 57
 2.3 CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................................................................. 59
3 CONTEÚDO E ESTRUTURA DO LIVRO DO ÊXODO .............................................................. 61
4 GÊNERO LITERÁRIO ........................................................................................................................ 64
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 66
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 70
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 71
UNIDADE 2 - DEUS E OS HEBREUS FIRMAM UMA ALIANÇA .............................................. 73
TÓPICO 1 - A RESPOSTA CULTURAL DO POVO DE ISRAEL AO DEUS 
 DA ALIANÇA ................................................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 75
2 O LIVRO DE LEVÍTICO .................................................................................................................... 77
3 COMPOSIÇÃO .................................................................................................................................... 84
4 AUTORIA .............................................................................................................................................. 91
sumárIo
VIII
5 CONTEÚDO E ESTRUTURA DO LIVRO ...................................................................................... 91
6 GÊNERO LITERÁRIO ........................................................................................................................ 95
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 96
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 97
TÓPICO 2 - A LEI DA PEDAGOGIA DIVINA ................................................................................ 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 99
2 O LIVRO DOS NÚMEROS ............................................................................................................... 100
3 COMPOSIÇÃO .................................................................................................................................... 103
4 AUTORIA .............................................................................................................................................. 110
5 CONTEÚDO E DIVISÃO DO LIVRO ............................................................................................ 111
6 GÊNERO LITERÁRIO ........................................................................................................................ 113
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 115
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 116
TÓPICO 3 - CENTRALIZAÇÃO DO CULTO, DENTRO DO PRINCÍPIO DA ALIANÇA .... 117
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 117
2 O LIVRO DE DEUTERONÔMIO .................................................................................................... 118
3 COMPOSIÇÃO .................................................................................................................................... 123
4 AUTORIA .............................................................................................................................................. 127
5 TEXTO E CONTEXTO ........................................................................................................................ 129
6 DIVISÃO ............................................................................................................................................... 134
7 GÊNERO LITERÁRIO........................................................................................................................ 146
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 148
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 152
UNIDADE 3 - A FORMAÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO ........................... 153
TÓPICO 1 - OS LIVROS HISTÓRICOS ............................................................................................ 155
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 155
2 DIVISÃO HISTÓRICA DO PERÍODO DA COMPOSIÇÃO DOS LIVROS .......................... 155
 2.1 ANTES DA MONARQUIA OU REINADO ................................................................................ 160
 2.2 O PERÍODO DO REINADO OU MONARQUIA ....................................................................... 167
 2.2.1 O reino unido ............................................................................................................................. 167
 2.2.2 O reino dividido ........................................................................................................................ 169
 2.3 O EXÍLIO E PÓS-EXÍLIO ............................................................................................................... 171
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 173
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 176
TÓPICO 2 - OS LIVROS POÉTICOS ................................................................................................. 177
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 177
2 A POESIA HEBRAICA ....................................................................................................................... 177
 2.1 OS ARTIFÍCIOS POÉTICOS DO ANTIGO TESTAMENTO ..................................................... 178
 2.1.1 Linguagem figurada ................................................................................................................. 178
 2.1.2 Paralelismo ................................................................................................................................. 179
 2.1.3 Ritmo ........................................................................................................................................... 179
 2.1.4 O uso da música ........................................................................................................................ 179
3 OS LIVROS ........................................................................................................................................... 181
 3.1 O LIVRO DE JÓ ............................................................................................................................... 181
 3.2 O LIVRO DOS SALMOS ................................................................................................................ 182
 3.3 OS LIVROS DE PROVÉRBIOS E ECLESIASTES ........................................................................ 184
IX
 3.4 O LIVRO DO CÂNTICO DOS CÂNTICOS ................................................................................ 186
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 187
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 190
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 191
TÓPICO 3 - OS PROFETAS .................................................................................................................. 193
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 193
2 A PROFECIA EM ISRAEL ................................................................................................................. 193
3 PROFETAS PRÉ-CATIVEIRO ........................................................................................................... 196
 3.1 O PROFETA OBADIAS .................................................................................................................. 196
 3.2 O PROFETA JOEL ........................................................................................................................... 197
 3.3 O PROFETA JONAS ....................................................................................................................... 199
 3.4 O PROFETA AMÓS ........................................................................................................................ 200
 3.5 O PROFETA OSÉIAS ...................................................................................................................... 202
 3.6 O PROFETA MIQUÉIAS ................................................................................................................ 204
 3.7 O PROFETA ISAÍAS ....................................................................................................................... 204
 3.8 O PROFETA NAUM ....................................................................................................................... 207
 3.9 O PROFETA SOFONIAS ................................................................................................................ 207
 3.10 O PROFETA HABACUQUE ....................................................................................................... 208
4 PROFETAS NO CATIVEIRO E DURANTE O CATIVEIRO ....................................................... 208
 4.1 O PROFETA JEREMIAS ................................................................................................................. 209
 4.2 O PROFETA EZEQUIEL ................................................................................................................ 211
 4.3 O PROFETA DANIEL .................................................................................................................... 212
5 PROFETAS PÓS-CATIVEIRO ........................................................................................................... 213
 5.1 O PROFETA AGEU ......................................................................................................................... 213
 5.2 O PROFETA ZACARIAS ............................................................................................................... 214
 5.3 O PROFETA MALAQUIAS ........................................................................................................... 215
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 216
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 219
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 220
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................221
X
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO PARA A 
COMPREENSÃO DO ANTIGO 
TESTAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade você será capaz de:
• conhecer a estrutura do Pentateuco;
• entender sobre a sua formação e formulação;
• conhecer a sua autoria, composição e gênero literário. 
Esta unidade está dividida em três tópicos, e em cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
TÓPICO 2 – O PENTATEUCO E O INÍCIO DA HISTÓRIA DE ISRAEL
TÓPICO 3 – A SAGA DO POVO ESCOLHIDO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, antes de iniciarmos e prosseguirmos no estudo de uma 
introdução ao Antigo Testamento, precisamos concordar que a Bíblia foi também 
constituída a partir de um contexto histórico-geográfico. Geográfico no sentido de 
que o espaço habitado pelo povo hebreu era a Palestina (Terra de Israel: 2Cr 2, 17; 
1 Sm, 13, 19; Canaã: Gn 11, 31; Êx 15, 15; Terra Santa: Zc 2, 16; Judá: Lc 1, 5; Terra 
Prometida: Hb 11, 9). 
A região da Palestina está situada na bacia do Mar Mediterrâneo, tendo 
o Egito ao Sul, a Mesopotâmia ao Norte, a Europa ao Ocidente, estando então 
incluída dentro da meia-lua fértil oriental ou Crescente Fértil. Sendo assim, a 
Palestina é uma terra situada entre duas grandes e antigas civilizações, a saber: a 
civilização mesopotâmica e a civilização egípcia. 
A civilização mesopotâmica é situada numa região fértil e por isso enfrentou 
com frequência vários problemas políticos e econômicos, pelo fato de muitos outros 
povos ambicionarem essas terras. Nessa região ocorreram muitos movimentos de 
tribos nômades, pois mudavam com frequência com seus rebanhos atrás de novas 
e férteis pastagens. É a partir desse contexto que se encontra e constitui-se a figura 
do patriarca Abraão e sua família em sua trajetória da cidade de Ur, Haarã para 
Canaã (Gn 12-13). Caminhada essa que será observada no livro do Êxodo como 
sendo então uma caminhada de fé.
A civilização egípcia se constituiu há 4.500 anos antes de Cristo. Estava 
constituída no Vale do Rio Nilo. A região do Nilo, por causa das frequentes 
inundações, também era uma região fértil, sendo propícia para a lavoura de trigo. 
É a partir dessas condições naturais que ocorre o episódio de José e seu irmãos no 
Egito.
Entre essas duas civilizações havia um corredor de acesso que possibilitava 
o movimento de caravanas comerciais. O povo que vivia nesse corredor de acesso 
entre ambas as civilizações era massacrado por elas, sendo ora dependente dos 
egípcios, ora dependente dos mesopotâmicos. 
Esse corredor era uma região considerada chave, pois ficava entre a África, 
Ásia e Europa, recebendo a Bíblia influência de diversas culturas, principalmente 
as culturas egípcias e as mesopotâmicas. Portanto, o lugar em que a Bíblia é escrita 
não é uma região isolada.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
4
2 FORMAÇÃO DO PENTATEUCO
FIGURA 1 – OS LIVROS DO PENTATEUCO
FONTE: Disponível em: <http://files.cursodeteologia6.webnode.
com/200000152-9ef079feac/pentateuco.png>. Acesso em: 
15 fev. 2017.
De acordo com Félix García López (2002), em sua obra O Pentateuco: 
Introdução à Leitura dos Cinco Primeiros Livros da Bíblia, o Pentateuco em si é uma 
grande composição literária, integrada e constituída por narrações e leis. Segundo 
esse autor, os personagens principais do Pentateuco vivem e se desenvolvem, de 
forma geral, num marco espacial (geográfico) e temporal bastante amplo, quando 
mesmo não o transcendem, como é no caso de Javé (Deus). Segundo o autor, em 
muitos aspectos, o Pentateuco é semelhante às obras literárias modernas. 
 
A organização dos livros do Antigo Testamento na literatura hebraica 
é diferente da organização cristã, pois nela, segundo López (2002), é feita inclusive 
a união de alguns livros, que na literatura cristã são separados. São os livros dos 
12 profetas menores, os dois livros de Samuel, os dois livros de Reis, os dois 
livros das Crônicas, assim como também é feita a junção dos livros de Neemias e 
Esdras, chegando ao total de 24 livros e não 39, como foi feita na nossa tradução 
do Pentateuco. No entanto, em relação a essas diferenças, apenas foram mudadas 
a forma estética e a organização, mas os conteúdos são equivalentes nas diferentes 
formas de tradução. 
 
López (2002) traz em sua obra, na página 17, um esquema de organização 
do Antigo Testamento de acordo com a tradição judaica, como podemos constatar 
a seguir:
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
5
DIVISÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO JUDAICO
A Lei 5 Livros
(A Torah)
Os Proféticos 8 Livros
(Os Neviym)
Os Escritos 11 Livros
(Os Kethuvym)
1 - Gênesis a. Profetas Anteriores a. Livros Poéticos
2 - Êxodo 1 - Salmos
3 - Levítico 1 - Josué 2 - Provérbios
4 - Números 2 - Juízes 3 - Jó
5 - Deuteronômio 3 - Samuel
4 - Reis b. Cinco rolos (Megiloth)
b. Profetas Posteriores 1 - O Cântico dos Cânticos
2 - Rute
1 - Isaías 3 - Lamentações
2 - Jeremias 4 - Ester
3 - Ezequiel 5 - Eclesiastes
4 - Os doze
c - Livros Históricos
1 - Daniel
2 - Esdras - Neemias
3 - Crônicas
QUADRO 1 – A DIVISÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO JUDAICO
FONTE: López (2002, p. 17)
Como podemos notar no quadro anterior, todos os livros do Antigo 
Testamento da tradução segundo a versão cristã eram reconhecidos pelo povo 
judeu e considerados também como divinamente inspirados, e aceitos inclusive 
pelo próprio historiador Flávio Josefo, em que ele apresenta uma divisão da 
estrutura não de 24 livros, mas de apenas 22 livros. Pois na divisão de 22 livros, 
adotada por Flávio Josefo, o livro de Rute está junto com o de Juízes e o livro de 
Lamentações com o de Jeremias.
 
Devemos entender que a formação do Cânon do Antigo Testamento se deu 
de forma gradual, ocorrendo num espaço de tempo de aproximadamente 1.255 
anos, desde o personagem de Moisés até Esdras. Segundo as fontes de pesquisas, 
“[...] isto vai desde o período em que Moisés esteve entre os midianitas (quando, 
segundo a tradição judaica, teria escrito o livro de Jó), por volta de 1700 a.C., até 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
6
Esdras (445 a.C.)” (LÓPEZ, 2002, p. 18). Em relação à redação final do Antigo 
Testamento, Esdras não pode ser considerado como o redator final. 
Esdras não foi o último escritor na formação do Cânon do Antigo 
Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo 
com os escritos históricos, foi ele que, na qualidade de escriba sacerdote, 
reuniu os rolos bíblicos, ficando assim o Cânon encerrado em seu 
tempo. Os profetas e os homens de Deus que compuseram os livros do 
Antigo Testamento não tinham consciência de como suas contribuições 
se enquadrariam a uma unidade global, formando assim o Antigo 
Testamento (LÓPEZ, 2002, p. 18).
Devemos considerar que cada época (em se tratando de diferentes culturas 
e sociedades) tem a sua própria forma de ler, no sentido de compreender, a Bíblia, 
e de acordo com as correntes intelectuais que vigoram no dado momento. Nesse 
sentido, López (2002) conclui que os trabalhos de Fr. Luís de León e de Arias 
Montano refletem as correntes humanistas do período do Renascimento (séculos 
XIV e XV). Por outro lado, atesta o autor, durante o período do Iluminismo (século 
XVIII), em relação às pesquisas referentes às Sagradas Escrituras, começaram 
a ser aplicados os métodos histórico-críticos. No entanto, López recorda que 
bem mais tarde, a filosofia de Hegel, o positivismo de Comte, evolucionismo e 
estudos antropológicos, psicológicos e sociológicos contribuíram também para o 
desenvolvimento da investigação bíblica.
É a partir de metade do século XX que a tendência mais apurada na 
interpretação bíblica é a corrente da nova crítica literária. Essa corrente de 
pesquisa bíblica apresenta os estudos histórico-críticos que haviam se estabelecido 
durante mais de dois séculos eque nas últimas décadas têm aberto possibilidades 
para a existência ou ocorrência para novos métodos literários. Assim, foram se 
diversificando os métodos histórico-críticos e também foi se multiplicando a 
definição dos novos métodos literários (LÓPEZ, 2002). Portanto, de acordo com 
López (2002), a pluralidade dos estudos sobre o Pentateuco é um sinal dos tempos 
atuais.
De acordo com Albert de Pury (1996), organizador da obra “O Pentateuco 
em questão”, a primeira etapa propriamente literária da formação do Pentateuco 
pode ser situada pelo ano 1000, à época de Davi. Foi na corte do rei que foram 
redigidos cinco textos bem curtos que contam as histórias “primitivas” das origens 
de Abraão, de Isaac, de Jacó e de José. Esses pequenos documentos, segundo Pury, 
independentes uns dos outros, foram escritos a fim de responder aos adeptos 
da casa de Saul que contestavam a legitimidade do poder exercido pelo homem 
de Hebron. “A unidade do documento que fornece ao Pentateuco sua trama 
fundamental é, portanto, menos de ordem teológica do que de ordem política” 
(PURY, 1996, p. 164).
O Pentateuco é uma classificação dada aos cinco primeiros livros que 
compõem a Bíblia, sendo eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 
Os cinco primeiros rolos em hebraico são chamados de Torah, verbo hebraico yarah 
que tem por significado “mostrar com o dedo”, “indicar”, significando então 
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
7
“instruir, ensinar”. O Pentateuco das Igrejas Cristãs é também conhecido como 
o Livro da Torá da religião judaica, segundo Anderson Vicente Gazzi, autor da 
obra “Introdução ao Estudo do Pentateuco”. Para uma melhor compreensão 
do conjunto dos livros que formam o Pentateuco, Gazzi (2013, p. 63) afirma que:
Os primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números 
e Deuteronômio), geralmente chamados de “a Lei” ou “o Pentateuco”, 
integram a primeira e mais importante seção do Antigo Testamento, 
tanto na Bíblia Judaica como na Cristã. A divisão tripartida da Bíblia 
Hebraica em Lei, Profetas e Escritos (Salmos) pode ser encontrada no 
Novo Testamento (Lc 24.44.: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos 
disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que 
de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos”) e 
no Prólogo de Siraque (c.180 a.C.). A distribuição dos livros do Antigo 
Testamento nas Bíblias Cristãs, baseada na do Antigo Testamento 
Grego (a Septuaginta; c.150 a.C.), também concede ao Pentateuco esta 
primazia.
 
Enquanto um projeto de tradução do Pentateuco, a Septuaginta é 
considerada como a Torá greco-helenística. Assim, a versão da Septuaginta 
constituiu-se numa obra da exegese judaica antiga (SMEND, 1996). A Septuaginta 
deu-se, segundo Gazzi, como consequência da popularização da língua grega com 
o ápice do Império de Alexandre o Grande:
Como consequência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia, e em 
virtude da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu-
se. Todavia, fiéis à tradição de preservar os oráculos em sua própria 
língua, os judeus não permitiam ainda que os livros sagrados fossem 
vertidos para outro idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa 
atitude exclusivista e ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais 
prático e liberal. Com o estabelecimento do império de Alexandre o 
Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega popularizou-se a ponto de 
tornar imprescindível que para ela se fizesse uma tradução das Sagradas 
Escrituras (GAZZI, 2013, p. 63).
Com a tradução do hebraico para o grego, passou então a ser chamado de 
Pentateuco, que tem por significado “cinco rolos onde está contida a Lei de Javé 
(Iahweh)”. Até o século XVIII, Moisés era reconhecido como sendo o único autor do 
Pentateuco pelas tradições judaica e cristã. Porém, do século XIX em diante surge 
a crítica literária que faz observações a alguns traços do Pentateuco, sugerindo a 
possível existência de mais de um escritor. Pois em diversas passagens as narrações 
estão em versões diferentes, com estilos, vocabulários e tempos diferentes.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
8
FIGURA 2 - A TORÁ JUDAICA
FONTE: Disponível em: <http://cylkow.pl/wpcontent/uploads/2015/07/tora.
png>. Acesso em: 15 fev. 2017.
Segundo Pury, a questão da origem e do desenvolvimento do Pentateuco 
não é uma questão de interesse apenas a um grupo de pesquisadores da crítica 
literária. 
Uma coisa deve ficar bem clara: a questão das origens e do 
desenvolvimento não é um problema marginal que só interessaria a um 
círculo restrito de profissionais da crítica literária. As implicações dos 
estudos do Pentateuco para o conjunto da ciência veterotestamentária 
– inclusive para a nossa própria percepção da história de Israel – são 
evidentes (PURY, 1996, p. 17).
Para Pury (1996), o Pentateuco é o cânon mais antigo de uma comunidade 
de fé. Por conseguinte, seu devir (o vir a ser – desenvolvimento) também deve 
ser compreendido como um processo espiritual. Por isso é necessário estarmos 
atentos tanto ao aspecto literário quanto ao aspecto teológico.
O Pentateuco não foi escrito em uma única vez e não pode ser considerado 
como sendo a obra de um único autor. O Pentateuco deve ser entendido como 
escrito a partir de tradições orais e escritas diferentes que foram juntadas de forma 
progressiva e se unificando ao longo da história. A união de todo esse material só 
se deu na época depois do exílio da Babilônia.
“Seja qual for a resposta à questão da formação do Pentateuco, esta resposta 
terá que levar em conta o fato de que o Pentateuco deve ser compreendido, de 
qualquer forma, como uma resposta à catástrofe política e, mais ainda, à crise 
religiosa e espiritual do exílio” (PURY, 1996, p. 178).
 
A fonte Javista, pelo fato de chamar Deus de Javé, é oriunda do reinado 
do rei Salomão por volta dos anos 960-930 a.C. Os textos dessa fonte podem ser 
verificados nos livros de Gênesis, Êxodo e Números. E também nos livros de Josué 
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
9
e Juízes. Essa fonte fala diretamente da história de Israel, desde a criação, passando 
pelo êxodo até a posse da terra em Canaã. 
 
Essa fonte retrata o pensamento do povo da tribo do Sul (Judá), sendo que 
não dá para identificar diretamente os seus autores. Apenas há o conhecimento das 
tribos do Sul e de suas cortes. A fonte de tradição Javista apresenta a história de 
Israel no estilo de uma grande “Epopeia Nacional” em que todos têm marcada em 
suas memórias históricas “essa história” que é repassada da tradição oral secular 
recontada no contexto dos reis, privilegiando então as tribos do Sul.
 
A fonte Eloísta (por chamar a Deus de Elohim) foi composta entre os anos 
900-850 a.C., depois da separação das tribos do Norte (Israel) e do Sul (Judá). Essa 
fonte apresenta as mesmas concepções da fonte sulista (apresentada na tradição 
Javista) e nos mesmos livros, porém, com uma nova perspectiva e olhar, próprio 
do povo nortista Israel. Propositalmente, Eloísta é advindo do nome de Deus 
anterior ao êxodo, onde a divindade é invocada como Elohim, o Deus Altíssimo. 
Sua narrativa dá ênfase a locais (santuários, montes e locais sagrados) onde é 
forte a experiência de suas lideranças embrionárias (patriarcas, profetas) com a 
manifestação divina. Também é enfatizada a aliança com o povo (ao contrário da 
fonte Javista que dá ênfase ao reinado e templos) enquanto coletividade. Esta fonte 
valoriza mais o campo, a natureza, as tradições primitivas anteriores à monarquia, 
as relações interpessoais com a divindade, bem diferente da tradução javista que 
tem um perfil estatal e faz uso de personagens que atuam como mediadores entre 
Deus e o povo. 
A fonte sacerdotal foi então composta no final do exílio dos judeus 
na Babilônia e no começo da restauração entre os anos de 550-450 a.C., pelos 
sacerdotes hebreus. A partir de Gênesis, Êxodo e passando pelos livros de Levítico 
e Números, os textos dessa fonte narrativasão fortemente constituídos e elaborados 
em genealogias, na observação da lei sabática, nas leis religiosas, na circuncisão, no 
tratamento de todas as enfermidades, no convívio social, no jeito e nas formas de 
prestar culto à divindade, a importância de toda a casta sacerdotal, dos símbolos 
religiosos e da interpretação da própria história através dos sacerdotes como 
sendo os mediadores entre Deus e os homens do povo. A influência da narrativa 
sacerdotal é bastante significativa no tempo da restauração e na conservação e 
observação dos costumes religiosos. 
E, por fim, a fonte denominada de Deuteronomista (fonte que aponta para 
a observância irrestrita da lei) foi elaborada no reinado de Israel, ou seja, da tribo 
do Norte. A fonte Deuteronomista é considerada crítica e refinada. Quando no ano 
de 722 a.C. houve a queda do reino do Norte, essa tradição Deuteronomista foi 
então guardada por hebreus simpatizantes que habitavam o reino do Sul. Nessa 
fonte literária é forte a ideia da releitura da história da tribo do Norte a partir da 
aliança e do momento que o Reino do Sul está passando, de forma que teve o 
mesmo fim, que foi a sua destruição e o seu exílio. A fonte Deuteronomista em sua 
releitura da história dá ênfase na pré-história israelita desde os tempos de Moisés 
até o início do reinado, dando então valor àquilo que constitui a terra e o povo 
como sendo um dom e uma herança sagrada de Deus.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
10
Gazzi (2013) afirma que depois da destruição de Jerusalém no ano 70 depois 
de Cristo, a própria versão da Bíblia chamada “a versão dos Setenta” perdeu 
muito do seu valor entre os teólogos judeus da época, em parte e também em 
consequência do modo pelo qual os próprios cristãos a usavam para fundamentar 
as suas crenças e as doutrinas de Cristo, e também, em parte, pelo fato de seu estilo 
ser falho de elegância. Por causa disto, os judeus então fizeram no segundo século 
três novas versões dos livros canônicos do Antigo Testamento (GAZZI, 2013):
(1) A tradução de Áquila. Este autor era natural do Ponto e prosélito do judaísmo, 
viveu no tempo do imperador Adriano. Tentou fazer uma versão literal das 
Escrituras hebraicas, com a finalidade de contradizer a forma que os cristãos 
faziam dos Setenta para fundamentar as suas doutrinas. 
(2) A revisão dos Setenta feita então por Teodócio. Este era judeu prosélito, natural 
de Éfeso, segundo Ireneu, e segundo Euzébio, Teodócio era também um ebionita 
que acreditava na missão do Messias, mas não na divindade de Cristo. 
(3) A versão de Símaco, também ebionita. Esta versão foi incluída por Orígenes em 
sua Hexapla e na Tetrapla, que alinhavam lado a lado versões do texto com 
a Septuaginta. Alguns dos poucos fragmentos do texto de Símaco que chegaram 
até nossos dias, remanescentes da também perdida Hexapla, permitiram que os 
acadêmicos modernos elogiassem a pureza e elegância do grego de Símaco, que 
também foi admirado por Jerônimo para compor a Vulgata.
 
Orígenes organizou o texto hebreu em quatro versões diferentes, em seis 
colunas paralelas para efeito de estudo comparativo. Na primeira coluna tinha-se o 
texto hebreu; na segunda coluna, o texto hebreu com caracteres gregos; na terceira 
coluna, a versão de Áquila; na quarta coluna, a versão de Símaco; na quinta coluna, 
a dos Setenta; e na sexta coluna, a revisão feita por Teodócio. Em virtude destas 
seis colunas, tomou o nome de Hexapla. Na coluna destinada ao texto dos Setenta, 
marcava com um sinal palavras que não encontrava no texto hebreu. Emendava o 
texto grego, suprindo as palavras do texto hebraico que lhe faltavam, assinalando-
as por um asterisco. Conservou a mesma grafia hebraica para os nomes próprios. 
Orígenes preparou uma edição de menor formato, contendo as últimas quatro 
colunas, que se ficou chamando Tétrapla (GAZZI, 2013).
Porém, em relação aos outros escritos que compõem o Antigo Testamento, 
existiram outros grupos de redatores ou escolas e discípulos de algum outro 
personagem importante, por exemplo, alguns dos profetas. Também deve ser 
considerada a tradição oral partindo da memória do povo que relatava as histórias 
de geração em geração. Assim, Pury conclui que: 
O Pentateuco, quanto à sua matéria, se divide em duas partes quase 
iguais, em textos legislativos e textos narrativos. Abrem-se, portanto, 
duas vias tradicionais à interpretação: para a tradição judaica, o 
Pentateuco é antes de tudo compreendido como a Lei de Israel. Para a 
tradição cristã, ao contrário, o Pentateuco é lido antes de tudo como a 
história de Israel (PURY, 1996, p. 72).
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
11
3 AUTORIA DOS LIVROS DO PENTATEUCO
FIGURA 3 – O ESCRIBA SAGRADO
FONTE: Disponível em: <https://www.irmaos.net/v2/img/escriba.jpg>. 
Acesso em: 15 fev. 2017.
De acordo com López (2002), a tradição judaica e a cristã atribuíram, desde 
os primórdios, a Torá à autoria de Moisés. Conforme Filón e Josefo, Moisés escreveu 
inclusive o relato de sua morte (Dt 34, 5ss). Essa tradição foi unânime por muitos 
séculos, tomando ao pé da letra algumas afirmações do Pentateuco sobre as funções 
de Moisés como sendo o seu escritor. 
Afirma-se, por exemplo, que Javé encarregou a Moisés escrever num 
“Livro de memórias” a vitória de Israel sobre os amalecitas (Êx 17, 14) 
e que Moisés escreveu o “Código da Aliança” (Êx 24, 4) e o “Direito de 
privilégio de Javé” (Êx 34, 27). Assim mesmo Nm 33, 2 nos informa que 
Moisés foi registrando, numa espécie de diário ou livro de viagens, as 
diferentes etapas da caminhada pelo deserto. Finalmente, Dt 31, 9.24 alude 
a Moisés como escritor da Torá (LÓPEZ, 2002, p. 32).
No entanto, algumas das indicações anteriores, segundo López (2002), nos 
convidam muito mais a pensar que Moisés não pode ser o único autor de todo o 
Pentateuco. Já Ibn Ezra (+1167) advertiu que Dt 31, 9 se refere a Moisés na terceira 
pessoa (“Moisés escreveu”), quando o normal seria que o fizesse em primeira 
pessoa se fosse o autor do livro do Deuteronômio. Cabe duvidar, assim mesmo, 
que se Josefo e Filón se viram na necessidade de afirmar que Moisés escreveu o 
relato de sua morte é porque havia boas razões para duvidar disso. Não é estranho, 
pois, que o Talmud o coloque em dúvida, ao mesmo tempo nos indica que o Dt 
34, 5-12 foi acrescentado por Josué. Ibn Ezra aponta para outras possibilidades 
adicionais à Torá, posteriores a Moisés. Mas tanto ele como os demais comentaristas 
medievais aceitaram a tradição mosaica do Pentateuco. “A exegese pré-crítica é 
fundamentalmente a-histórica. Interessa-se sobretudo pelas ideias teológicas, 
subjacentes nos textos. O problema do autor o admite pacificamente, sem deter-se 
em sua discussão” (LÓPEZ, 2002, p. 32).
De acordo com os estudos histórico-críticos clássicos, a crítica histórica se 
caracteriza pela utilização dos métodos histórico-críticos. Estes métodos têm como 
principal objetivo analisar o processo da formação dos textos. Para isso, servem-se 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
12
de critérios “científicos”, buscando então a maior objetividade possível. Trata-se, 
assim, de analisar os textos bíblicos com os mesmos métodos empírico-racionais 
empregados para o estudo de outros textos antigos.
O Iluminismo supôs uma mudança de orientação: os textos bíblicos 
começaram a ser considerados como textos do passado muito mais que 
textos inspirados. Mas, concretamente, que tipo de textos formam o 
Pentateuco? Em seguida saltaram aos olhos as duplicações, as repetições, 
as tensões, as mudanças frequentes de estilo etc., que teriam que pensar 
que o Pentateuco não podia ser obra de um só autor. Ao precaver-se 
da complexidade dos textos, a crítica literária, primeiro, e a crítica da 
forma, em seguida, se perguntaram: como pode um só autor ter escrito 
isto? Mas a crítica literária e a da forma não são mais que as primeiras 
etapas de um processo que, com o passar do tempo, desembocou na 
crítica dastradições e na crítica da redação. Todas juntas constituem os 
métodos histórico-críticos (LÓPEZ, 2002, p. 32-33).
De acordo com López (2002), a primeira tarefa da crítica literária consiste 
em determinar se um texto é homogêneo ou não, isto é, se dentro dele há a presença 
de um ou mais autores de acordo com o estilo literário etc. Assim, conclui que a 
literatura bíblica não é uma literatura moderna, cuja unidade não é colocada. Na 
Bíblia hebraica, ao lado dos textos perfeitamente acabados e coerentes, com uma 
unidade inegável, há a presença de outros compostos. Neste caso, a crítica literária 
se preocupa em separar os elementos acrescentados dos originais, determinando 
a unidade ou heterogeneidade do texto. As análises da crítica literária conduziram 
para soluções muito diferentes, a saber:
O Tostado e Simon: Alfonso de Madrigal (ca. 1410-1455), conhecido 
como O Tostado, marca o final da época pré-crítica e permite prever 
o início do período crítico. O Tostado se interessou pelas novas 
correntes humanísticas do Renascimento, nas quais surgiu a Poliglota 
Complutense, qualificada de peça mestra [...] (LÓPEZ, 2002, p. 33).
López (2002) conclui que se pode considerar que Simon (1638-1712) foi o 
verdadeiro inaugurador da crítica bíblica moderna. Na sua obra Historie critique du 
Vieux Testament (1678), observa a existência de duplicações, tensões, mudanças de 
estilo e outra série de aspectos formais e temáticos, que seriam os critérios sobre 
os quais seriam trabalhados normalmente pela crítica literária. Essas observações, 
segundo ele, vêm a confirmar as dúvidas de que Moisés não pode ter sido o autor 
do Pentateuco. 
Simon defende que no Pentateuco existem fontes, anteriores a Moisés, 
e acréscimos (adições) posteriores a ele. Em sintonia com O Tostado e 
avançando sobre o que foi apontado por esse autor, reconhece a Esdras 
como o compilador do Pentateuco. Segundo Simon, uma verdadeira 
cadeia de “escritores públicos”, que trabalharam desde a época de 
Moisés até a de Esdras, foram registrando os principais acontecimentos 
da História de Israel, assim como os textos legislativos que foram sendo 
transmitidos de geração para geração até a sua definitiva compilação por 
Esdras (LÓPEZ, 2002, p. 34).
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
13
Hipótese documentária antiga encabeçada por Witter e Astruc aponta 
que, em algumas passagens do Pentateuco, Deus se chama Elohim, enquanto que 
em outras é chamado de Javé. Witter limita seu estudo aos primeiros capítulos 
do livro do Gênesis. Astruc, de outra forma, estende esse trabalho para todo o 
restante do livro do Gênesis e aos primeiros capítulos do livro do Êxodo. E é dessa 
aplicação do critério da mudança dos nomes divinos que surge então a hipótese 
documentária da formação do Pentateuco, ou seja, a existência de dois documentos, 
o documento elohista e o documento javista, ao menos nas seções analisadas por 
estes pesquisadores. De acordo com López (2002, p. 34), “além das duas fontes ou 
documentos principais, Astruc admitia a existência de outras fontes secundárias. 
Moisés serviu-se de outras formas para compor o Pentateuco”. 
 
A hipótese dos fragmentos surgida no final do século XVIII, que corresponde 
aos pesquisadores Geddes e Vater, recebeu os primeiros impulsos da dificuldade 
de se encontrar fontes contínuas que estejam fora do livro do Gênesis, sobretudo 
nas partes legais do Pentateuco. Os seus expoentes máximos foram Geddes, em 
1792, e Vater, em 1802-1805.
Segundo Geddes, o Pentateuco é uma coleção de fragmentos mais ou 
menos longos, que são independentes entre si e sem continuidade, cuja 
colocação atual se deve a dois grupos diferentes de recompiladores: o 
elohista e o javista. E Vater centraliza a sua atenção na “Lei”, pois a 
considera como sendo o fundamento do Pentateuco. O núcleo dessa lei 
se encontrava no livro do Deuteronômio, composto na época davídico-
salomônica e redescoberto e reeditado na época de Josias. Embora essa 
hipótese esclarecesse vários problemas do Pentateuco, especialmente 
das seções legais, deixava sem explicação muitos outros, sobretudo das 
seções narrativas menos fragmentadas (LÓPEZ, 2002, p. 35). 
 
A hipótese dos complementos firmada por Kelle e Ewald é contrária à 
hipótese dos fragmentos. Isso se dá pelo fato de Ewald afirmar uma certa unidade na 
trama narrativa do Pentateuco. Porém, não desconsiderava certas divergências nos 
textos. Por isso pensou que a melhor forma de explicar a composição do Pentateuco 
era aceitar “um escrito fundamental” (elohista, que em seguida receberia o nome 
de sacerdotal), completado pela adição de outros textos (LÓPEZ, 2002). 
 
A hipótese da datação proposta por Wette afirma que não basta distinguir 
os documentos, é preciso datá-los. O grande feito de Wette (1780-1849) está em ter 
identificado o “Livro da lei”, que foi encontrado no templo na época de Josias (2Rs 
22), com o livro do Deuteronômio e sabiamente utilizar esse livro como sendo a 
base para a datação do Pentateuco (LÓPEZ, 2002).
 
Para ele, as medidas adotadas por Josias como consequência da 
descoberta do “Livro da lei”, em especial as da centralização do culto, 
se correspondem com as leis deuteronomistas (comparar 2Rs 23, 
4-20 com Dt 12-26). A centralização do culto se transforma no “ponto 
arquimédico” (Eissfeldt) para a datação do Pentateuco: as leis que 
pressupõem a centralização do culto são contemporâneas ou posteriores 
à reforma de Josias (622 a.C.); e não anteriores (LÓPEZ, 2002, p. 34-35).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
14
Já a nova hipótese documentária fundada por Hupfeld, Graf e Wellhausen, 
é entendida como um estudo feito sobre “as fontes do livro do Gênesis” (1853). 
Hupfeld propôs uma nova versão para a antiga hipótese documentária. Ele 
concluiu que a fonte elohista não é homogênea, o que o levou a distinguir então três 
diferentes fontes presentes na autoria do Livro do Gênesis: E1, E2 e J. A primeira 
fonte (E1), que mais tarde se identificou como fonte Sacerdotal P, é a fundamental, 
pois contém a essência da “Lei”. E2, como sendo a fonte elohista, é uma fonte 
independente e que surgiu posteriormente, como também ocorreu com a fonte J 
(Javista), sendo esta última considerada a mais antiga das três fontes literárias que 
compõem o Pentateuco (LÓPEZ, 2002).
O desdobramento da fonte elohista, segundo López (2002), foi considerada 
um passo importante na crítica literária, pois vinha reconhecer que o nome divino 
Elohim não bastava, por si só, para atribuir alguns textos a um documento. Uma 
operação desse gênero teria sido puramente mecânica. Mas a crítica literária não 
tem apenas um caráter técnico, é também uma arte, que requer uma sensibilidade 
educada e habituada para aplicar adequadamente os critérios que permitam decidir 
quando uma peça é homogênea ou não. Como um excelente crítico, Hupfeld não se 
limitou a separar alguns textos uns dos outros, mas analisou-os cuidadosamente em 
seus vocabulários, estilos, conteúdos etc., chegando à conclusão de que nem todos 
os textos que utilizam o nome Elohim pertencem ao mesmo autor ou documento. 
Apresentando então um novo caminho, bastante significativo, ao afirmar que a 
união das três fontes literárias que compõem o Pentateuco numa só obra se deve 
a um redator, cujo trabalho consistiu em ordenar e unir os textos das três fontes.
Graf aceitou a hipótese proposta por Hupfeld, mas mudou a ordem e a 
datação das fontes, apoiando-se em algumas observações de seu mestre 
E. Reuss. Numa obra sobre “os livros históricos do Antigo Testamento” 
(1886), Graf observa que nem o livro do Deuteronômio, nem os livros 
históricos de Josué-Reis, nem os livros proféticos pré-exílicos oferecem 
indícios claros de haver conhecido as leis sacerdotais do Pentateuco 
(argumento do silêncio). Estas, juntamente com seu marco narrativo, 
deviam ser datadas, consequentemente, numa época exílica ou pós-
exílica. Desta observação, e para estes estudos, colaboraram outros 
contemporâneosseus, chegando à conclusão de que o documento 
sacerdotal (= E1/P) era o mais recente e J, o mais antigo (LÓPEZ, 2002, 
p. 36-37).
Outro importante pesquisador da formação e composição do Pentateuco, 
segundo López (2002), foi Wellhausen. Este escreveu duas obras muito influentes 
na investigação do Pentateuco: uma sobre a composição do Hexateuco e outra 
sobre a História de Israel. No final da primeira, sintetiza desta forma a composição 
do Hexateuco: da fonte literária javista e eloista surgiu JE a fonte literária Jeovista. 
E esta última uniu-se com a fonte literária D; e a fonte literária Q (= P) é uma 
obra independente. Ampliada como Código Sacerdotal, Q se uniu com JE + D, de 
onde surgiu o Hexateuco. De acordo com esse esquema, o Hexateuco consta de 
quatro diferentes fontes ou documentos de diferentes épocas, o J (Javista/Iavista) 
e E (Elohista), sendo que as mais antigas serviram de base para o Jeovista (JE), 
uma composição literário-redacional do século VIII. E a fonte D (= Deuteronômio) 
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
15
corresponde à época de Josias, enquanto que a fonte sacerdotal pertence à época 
pós-exílica. A redação final do Pentateuco foi realizada no contexto da reforma de 
Esdras.
Wellhausen colocou em destaque, como ninguém o teria feito até 
este momento, o substrato histórico dos textos do Hexateuco, com 
repercussões consideráveis para o modo de conceber a evolução da 
religião de Israel. Interessava-lhe em especial a evolução das instituições 
cultuais, refletidas nas fontes (LÓPEZ, 2002, p. 37).
Um aspecto fundamental da exegese crítica é o estudo das formas literárias. 
Pois a forma é individual e concreta, sendo o próprio texto em particular, enquanto 
o gênero é abstrato, sendo um tipo de texto. Na literatura real não existem mais que 
as formas; o gênero é um resultado teórico da ciência, uma forma “ideal” ou “típica”. 
Quando duas ou mais unidades, literariamente independentes, apresentam uma 
forma idêntica ou similar em sua constituição, se pode falar de um “Gênero”. 
Muitos textos do Antigo Testamento foram compostos originariamente para uma 
ocasião determinada e específica. A análise das formas textuais busca determinar 
qual a situação e quais as circunstâncias vitais em que os textos surgiram.
O estudo da tradição consiste fundamentalmente na análise da pré-
história dos textos. O termo tradição designa um conteúdo oral ou escrito 
que se transmite de uma geração para outra, no sentido apresentado em 
1Cor 15, 3-4. Uma tradição pode ser narrativa, legislativa etc. A crítica 
das tradições deve começar pela forma dos textos; pressupõe, pois, a 
crítica da forma. Os dois aspectos metodológicos estão muito próximos 
entre si. Gunkel se interessou sobretudo pela forma dos textos, mas os 
seus estudos deram as bases para a crítica das tradições. Esta adquiriu 
maior peso na obra de Von Rad e de Noth (LÓPEZ, 2002, p. 38-39).
De acordo com López (2002), para a formulação dessas tradições, o Israel 
pré-monárquico serviu-se de cinco temas considerados fundamentais, como: a saída 
do Egito, a entrada na terra prometida, a promessa feita aos patriarcas, a caminhada 
de 40 anos pelo deserto e a Aliança no Monte Sinai. Esses temas foram se unindo 
e enriquecendo e transformando-se progressivamente com a integração de outras 
tradições secundárias, como: as pragas do Egito e a Páscoa, episódios da conquista, 
Jacó em Siquém e na Transjordânia, Isaac e Abraão, a montanha de Deus e os 
madianitas etc.
Tanto os temas fundamentais como os secundários remontam a 
tradições orais de tipo cultual e popular. A sua fixação por escrito se 
deve aos autores das fontes do Pentateuco, que lhes imprimiram os seus 
próprios aspectos literários e teológicos. As semelhanças e diferenças 
entre J e E o levam a pensar num “documento básico” comum às duas 
fontes. Por sua vez, a fonte P é essencialmente narrativa; em princípio 
continha poucas leis. A fonte P serviu de armadura para a redação final 
do Pentateuco (LÓPEZ, 2002, p. 40).
A autoria do Pentateuco é tradicionalmente conferida a Moisés pelo senso 
comum, pelo fato de o próprio judaísmo e cristianismo antigo terem atribuído a 
autoria a este personagem do povo hebreu. Atualmente, entende-se que a nenhum 
dos livros do Pentateuco pode-se atribuir a autoria de um único autor e muito 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
16
menos a autoria ao próprio Moisés. Pois além das referências diretas a Moisés, 
os livros que compõem o Pentateuco possuem sequências temáticas em que 
descrevem o surgimento do povo de Israel. Pode-se dizer, portanto, que “o estado 
de Moisés no deserto é o primeiro modelo verificado de poder que integra a seu 
funcionamento o controle ideológico e a manipulação do consenso” (CHATELET; 
DUHANEL; PISIER; 1993, p. 833).
 
No Pentateuco, a citação de dois nomes diferentes para tratar sobre Deus 
(Javé e Elohim) levou o pastor alemão H. B. Witter (1711) a sugerir duas fontes 
distintas que foram então transmitidas a Moisés pela própria tradição oral. 
Assim, esse critério para os dois nomes dados a Deus foi somente explorado 
por Astruc e por Eichhorn a partir de 1760. Esses dois pesquisadores apresentaram 
a tese de que se deve distinguir dois documentos. Um que adotaria o nome Javé e 
o outro Elohim. E que ambos seriam então apresentados por Moisés. “Embora não 
se afirme no próprio conjunto do Pentateuco que este haja sido escrito por Moisés 
em sua totalidade, outros livros do Antigo Testamento citam-no como sendo obra 
dele, como podemos conferir em: Js 1, 7-8; 23, 6; 1Re 2, 3; 2Re 14, 6; Ed 3, 2; Ne 8, 1; 
Dn 9, 11-13” (GAZZI, 2013, p. 67). 
Muitas partes importantes do Pentateuco são atribuídas a Moisés (Êx 17, 14; 
Dt 31, 24-26). No entanto, os escritores do Novo Testamento estão de acordo com 
os escritores do Antigo Testamento em confirmar a autoria mosaica do Pentateuco. 
Falam dos cinco livros em geral como “a Lei de Moisés” (At 13, 39; 15, 5; Hb 10, 28). 
Para eles, “ler o livro de Moisés” equivale a ler os livros que formam o conjunto do 
Pentateuco (GAZZI, 2013).
 
Moisés, mais do que qualquer outro homem, tinha preparo, experiência 
e gênio que o capacitavam para escrever o Pentateuco. Considerando-
se que foi criado no palácio dos faraós (At 7, 22: “foi instruído em toda 
a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”), foi 
testemunha ocular dos acontecimentos do êxodo e da peregrinação 
no deserto. Mantinha a mais íntima comunhão com Deus e recebia 
revelações especiais. Como hebreu Moisés tinha acesso às genealogias 
bem como às tradições orais e escritas de seu povo, e durante os longos 
anos da peregrinação de Israel, teve o tempo necessário para meditar 
e escrever. E, sobretudo, possuía notáveis dons e gênio extraordinário, 
do que dá testemunho de seu papel como líder, legislador e profeta 
(GAZZI, 2013, p. 67).
Porém, a partir disso, diferentes questões foram levantadas acerca da 
transmissão, a forma de como foram transmitidos e de que maneira devem ser 
imaginados esses documentos transmitidos por Moisés e o que esses documentos 
continham e como foram reunidos para a formação do Pentateuco. 
Surgiram então três hipóteses para buscar responder a essas interrogações 
e tentar explicar a presença de partes literárias de diferentes origens nos mesmos 
relatos: a hipótese “documentária”, a hipótese dos “fragmentos” e a hipótese dos 
“complementos”.
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
17
A teoria documentária aponta que existem no fundamento do Pentateuco 
até quatro formas de tramas narrativas que são contínuas e que foram redigidas em 
épocas diferentes, com meios e formas diferentes, sucessivamente por diferentes 
redatores e sendo então justapostas. Essa questão foi apresentada, porém a solução 
para a questão da formação do Pentateuco não acabou sendo esclarecida e definida.
 
A Teoria Documentária da Alta Crítica afirma que os primeiros cinco livros 
da Bíblia são uma compilação de documentos redigidos, emsua maior parte, no 
período de Esdras (444 a.C.). No entender dos autores dessa teoria, o documento 
mais antigo que se encontra no Pentateuco data do tempo de Salomão (GAZZI, 
2013). 
Durante os séculos XVIII e XIX, nas universidades alemãs, foram aplicados 
à Bíblia métodos de investigação e de análise que os historiadores haviam 
desenvolvido para reconstruir o passado. Procuraram descobrir a data de cada 
livro, seu autor, seu propósito e as características do estilo e da linguagem. 
Perguntaram-se: Quais são as fontes originais dos documentos bíblicos? São dignas 
de confiança? Qual é o significado e o fundo histórico de cada um deles? A este 
movimento deu-se o nome de Alta Crítica.
 
A Baixa Crítica, por outro lado, é a que se ocupa do estudo do texto em si. 
Observa os manuscritos existentes para estabelecer qual o texto mais aproximado 
do original. Suas investigações têm deixado textos muito exatos e dignos de 
confiança.
 
A crítica bíblica, tanto a textual como a alta, pode lançar muita luz sobre as 
Escrituras se aplicada com reverência e erudição. Os pais da Igreja, os reformadores 
e os eruditos evangélicos têm realizado tais estudos com grande benefício. Não 
obstante, os críticos alemães, sob a influência do racionalismo daquele tempo, 
chegaram a conclusões que, comprovadas, poderiam destruir toda a confiança na 
integridade das Escrituras:
Os críticos alemães aproximaram-se do estudo da Bíblia com certos 
pressupostos ou preconceitos: 1) Rejeitaram todo o elemento milagroso. 
Isto é, para eles a Bíblia não é inspirada por Deus, porém um livro a 
mais, um livro como outro qualquer. 2) Aceitaram a teoria ideada pelo 
filósofo Hegel de que a religião dos hebreus tinha seguido um processo 
evolutivo. Segundo esta teoria, no princípio Israel acreditava em muitos 
espíritos, depois foi desenvolvendo a crença em um só Deus, e mais 
tarde chegou à fase sacerdotal. Também o culto hebreu evoluiu quanto 
aos seus sacrifícios, suas festas sagradas e seu sacerdócio (GAZZI, 2013, 
p. 68-69). 
De acordo com Gazzi (2013), os críticos racionalistas desenvolveram a 
teoria de que o Pentateuco não foi escrito por Moisés, mas é uma recompilação 
de documentos redigidos, em sua maior parte, no século V a.C. Jean Astruc 
(1753), professor de medicina em Paris, iniciou esta teoria, notando que se usava 
o nome “Eloim” (Deus) em algumas passagens do Gênesis, e “Jeová” em outras. 
Para Astruc, isto era prova de que Moisés havia usado dois documentos como 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
18
fontes, cada um com sua maneira especial de designar a Deus, para escrever o 
Gênesis. Mais tarde, os estudiosos alemães descobriram o que lhes pareciam 
certas repetições, diferenças de estilo e discordância nas narrativas. Chegaram 
à conclusão de que Moisés não escreveu o Pentateuco; o escritor foi um redator 
desconhecido que empregou várias fontes ao escrevê-lo.
Para fins do século XIX, Julius Wellhausen e Karl H. Graf desenvolveram 
a “Hipótese Graf-Wellhausen”, que foi aceita como a base fundamental 
da Alta Crítica. Usaram a teoria da evolução religiosa de Israel como um 
dos meios para distinguir os supostos documentos que constituiriam 
o Pentateuco. Também a utilizaram para datar esses documentos. 
Por exemplo, se lhes parecia que determinado documento tinha uma 
teologia mais abstrata do que outro, chegavam à conclusão de que havia 
sido redigido em data posterior, já que a religião ia ficando cada vez 
mais complicada. De modo que estabeleceram datas segundo a medida 
de desenvolvimento religioso que eles imaginavam. Relegaram o livro 
de Gênesis, em sua maior parte, a uma coleção de mitos cananeus, 
adaptados pelos hebreus. (GAZZI, 2013, p. 68-69).
Wellhausen e Graf denominaram os supostos documentos da seguinte 
maneira (GAZZI, 2013, p. 68-69):
1) O “Jeovista” (J), que prefere o nome Jeová. Teria sido redigido 
possivelmente no reinado de Salomão e considerado o mais antigo.
2) O “Eloísta” (E), que designa a Deus com o nome comum de Eloim. 
Teria sido escrito depois do primeiro documento, por volta do século 
VIII a.C.
3) O Código Deuteronômico (D) compreenderia todo o livro de 
Deuteronômio. Teria sido escrito no reinado de Josias pelos sacerdotes, 
que usaram esta fraude para promover um despertamento religioso 
(2Rs 22, 8).
4) O Código Sacerdotal (P) é o que coloca especial interesse na 
organização do tabernáculo, do culto e dos sacrifícios. Poderia ter 
adquirido corpo durante o cativeiro babilônico, e forneceu o plano geral 
do Pentateuco. 
Consideraram que os documentos, com exceção do “D”, correm 
paralelamente através dos primeiros livros do Pentateuco. A obra final teria 
sido redigida no século V a.C., provavelmente por Esdras. Esta especulação de 
Wellhausen e Graf chama-se “A Teoria Documentada, J.E.D.P.”.
 
Os eruditos conservadores rejeitam de plano a teoria documentária J. E. D. P. 
Dizem que os títulos de Deus não estão distribuídos no Gênesis de maneira tal que 
se possa dividir o livro como sustentam os da teoria documentária. Por exemplo, 
não se encontra o nome de Jeová em 17 capítulos, mas os críticos atribuem porções 
de cada um desses capítulos ao documento “Jeovista”. Além do mais, não deve 
causar-nos estranheza que Moisés tenha designado a Deus com mais de um título. 
No Corão (livro sagrado dos mulçumanos), há algumas passagens que empregam 
o título divino “Alá” e outros “Rabe”, e nem por isso se atribui o Corão a vários 
autores.
 
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
19
E que dizer então quanto aos relatos duplicados e contraditórios que os 
críticos supostamente encontram em Gênesis? Os conservadores explicam que 
alguns são compilações, tais como as ordens de que os animais entrem na arca 
(Gn 6, 19 e 7, 2); o primeiro era uma ordem geral e o segundo dá um entalhe 
adicional. Os dois relatos da criação (Gn 1, 1-2, 4a e 2, 4b-2, 25) são suplementares. 
O primeiro apresenta a obra geral da criação, e o segundo dá o enfoque do homem 
e seu ambiente.
Também, chamam a atenção certas diferenças de linguagem, estilo e 
ponto de vista entre os diferentes documentos. Contudo, estes juízos são 
muito subjetivos. Não nos deve estranhar que quando Moisés escreveu 
as partes legais e cerimoniais tenha empregado um vocabulário e estilo 
um tanto diferentes do que empregou nas partes históricas. Ademais, 
Gordan Wenham, erudito contemporâneo, versado em Antigo 
Testamento, diz que as diferenças de estilo, usadas para distinguir as 
fontes do Pentateuco, já não têm significado à luz das antigas convenções 
literárias. Diz outro erudito moderno, R. K. Harrison, que inclusive 
certo defensor da Alta Crítica admite que “as diferenças são poucas e 
podem ser classificadas como acidentais” (GAZZI, 2013, p. 70-71).
Os arqueólogos descobriram muitíssimas evidências que confirmam 
a historicidade de grande parte do livro do Gênesis e por isso já não se pode 
denominá-lo “uma coleção de lendas cananeias adaptadas pelos hebreus”. Mas 
não encontraram prova alguma de supostos documentos que tenham existido 
antes do Pentateuco.
 
Muitos estudiosos conservadores acham provável que Moisés, ao 
escrever o livro do Gênesis, tenha empregado genealogias e tradições 
escritas (Moisés menciona especificamente “o livro das gerações 
de Adão”, em Gn 5, 1). William Ross observa que o tom pessoal que 
encontramos na oração de Abraão a favor de Sodoma, no relato do 
sacrifício de Isaque, e nas palavras de José ao dar-se a conhecer a seus 
irmãos, “é precisamente o que esperaríamos, se o livro de Moisés fosse 
baseado em notas biográficas anteriores”. Provavelmente, essas valiosas 
memórias foram transmitidas de uma geração para outra desde os 
tempos muito remotos. Não nos cause estranheza que Deus possa ter 
guiado Moisés a incorporar tais documentos em seus escritos. Seriam 
igualmente inspirados e autênticos (GAZZI, 2013, p. 71).
Também pelas referências feitas com relação a certos materiais do 
tabernáculo, deduzimos que o autor conheciaa península do Sinai. Por exemplo, 
as peles de texugos se referem, segundo certos eruditos, às peles de um animal da 
região do Mar Vermelho; a “onicha”, usada como ingrediente do incenso (Êx 30, 
34) era da concha de um caracol da mesma região. Evidentemente, as passagens 
foram escritas por alguém que conhecia a rota da peregrinação de Israel e não por 
um escritor no cativeiro babilônico, ou na restauração, séculos depois.
Do mesmo modo, os conservadores mostram que o Deuteronômio foi 
escrito no período de Moisés. O ponto de referência do autor do livro é 
o de uma pessoa que ainda não entrou em Canaã. A forma em que está 
escrito é a dos tratados entre os senhores e seus vassalos do Oriente 
Médio no segundo milênio antes de Cristo. Por isso, estranhamos que a 
Alta Crítica tenha dado como data destes livros setecentos ou mil anos 
depois (GAZZI, 2013, p. 72-73).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
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A arqueologia também confirma que muitos dos acontecimentos do livro 
de Gênesis são realmente históricos. Por exemplo, os pormenores da tomada de 
Sodoma, descrita no capítulo 14 do Gênesis, coincidem com assombrosa exatidão 
com o que os arqueólogos descobriram. (Nisto se incluem: os nomes dos quatro reis, 
o movimento dos povos, e a rota que os invasores tomaram, chamada “caminho 
real”. Depois do ano 1200 a.C., a condição da região mudou radicalmente, e essa 
rota de caravanas deixou de ser utilizada). O arqueólogo Albright declarou que 
alguns dos detalhes do capítulo 14 nos levam de volta à Idade do Bronze (período 
médio, entre 2100 e 1560 a.C.). Não é muito provável que um escritor que vivesse 
séculos depois conhecesse tais detalhes.
Além do mais, nas ruínas de Mari (sobre o rio Eufrates) e de Nuzu 
(sobre um afluente do rio Tigre) foram encontradas tábuas de argila da 
época dos patriarcas. Nelas se descrevem leis e costumes, tais como as 
que permitiam que o homem sem filhos desse sua herança a um escravo 
(Gn.15.3), e uma mulher estéril entregasse sua criada a seu marido para 
suscitar descendência (Gn 16. 2). Do mesmo modo, as tábuas contêm 
nomes equivalentes ou semelhantes aos de Abraão, Naor (Nacor), 
Benjamim e muitos outros. Por isso, tais provas refutam a teoria da Alta 
Crítica de que o livro do Gênesis é uma coletânea de mitos e lendas 
do primeiro milênio antes de Cristo. A arqueologia demonstra cada 
vez mais que o Pentateuco apresenta detalhes históricos exatos, e que 
foi escrito na época de Moisés. Há razão ainda para duvidar de que o 
grande líder do êxodo foi seu autor? (GAZZI, 2013, p. 73).
De acordo com Gazzi (2013, p. 74), é percebível que o conjunto do Pentateuco 
com frequência se refere a Moisés como sendo o seu autor, a começar pelo Livro 
do Êxodo em 17, 14: “Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória 
num livro e repete-o a Josué, porque eu hei de riscar totalmente a memória de 
Amaleque de debaixo do céu”. E em Êxodo 24, 4 lemos: “Moisés escreveu todas 
as palavras do SENHOR [...]”. Lemos, ainda, no versículo 7: “E tomou o livro da 
aliança e o leu ao povo [...]”. Outras referências ao fato de Moisés ter escrito o 
Pentateuco encontram-se em Êxodo 34, 27, Números 33, 1-2 e Deuteronômio 31, 9, 
das quais, na última temos: “Esta lei, escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes [...]”. 
Dois versículos adiante encontramos uma exigência severa a respeito do futuro: 
“[...] quando todo o Israel vier a comparecer perante o SENHOR, teu Deus, no lugar 
que este escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel”. Essa norma sabidamente 
percorre Êxodo, Levítico, Números e a maior parte de Deuteronômio.
Mais tarde, após a morte de Moisés, o Senhor deu estas instruções a 
Josué, sucessor de Moisés: “Não cesses de falar deste livro da lei; antes, 
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado a fazer segundo tudo 
quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás 
bem-sucedido” (Js 1, 8). Negar a autoria de Moisés significa que todos 
os versículos acima citados são infundados e indignos de aceitação. 
Josué 8, 32-34 registra que a congregação de Israel estava reunida fora 
da cidade de Siquém, no sopé do monte Ebal e do monte Gerizim, 
quando Josué leu em voz alta a lei de Moisés, escrita em tábuas de 
pedra, e os trechos de Levítico e de Deuteronômio referentes às bênçãos 
e às maldições, como Moisés havia feito anteriormente (Dt 27, 28). Se 
a hipótese documentária estiver correta, esse relato também deve ser 
rejeitado por se tratar de mera invencionice. Outras referências do 
TÓPICO 1 | COMPOSIÇÃO DO PENTATEUCO
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Antigo Testamento à autoridade mosaica do Pentateuco são 1Rs 2, 3; 
2Rs 14, 6; 21, 8; Ed 6, 18; Ne 13, 1; Dn 9, 11-13 e Ml 4, 4. Todos esses 
testemunhos também deveriam ser totalmente rejeitados por se tratar 
de erros. (GAZZI, 2013, p. 74).
Cristo e os seus Apóstolos também confirmaram a autoria do Pentateuco 
(Torá) a Moisés, pois podemos confirmar no Livro de João (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 
João, 5, 46-57), em que Jesus disse: “Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também 
creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos 
seus escritos, como crereis nas minhas palavras?”. Deverás! De maneira semelhante, 
em João 7, 19 Jesus afirmou que: “Não vos deu Moisés a Lei? Contudo, ninguém 
dentre vós a observa [...]”. Cristo é personagem histórico. Não podemos negar a 
sua existência, não pelo fato de termos os relatos que a comprovam, mas sim de 
existir as provas materiais de documentos históricos da época que comprovam a 
sua existência, caso o testemunho oral não for o suficiente.
Se a confirmação de Cristo de que Moisés foi de fato o autor do 
Pentateuco é descartada – como de fato o faz a teoria da crítica moderna 
–, segue-se indubitavelmente a negação da autoridade do próprio 
Cristo. Pois, se o Senhor estava enganado a respeito de uma verdade 
factual e histórica desse tipo, poderia enganar-se também a respeito de 
princípios e doutrinas que estivesse ensinando. (GAZZI, 2013, p. 74).
Em Atos 3, 22 Pedro diz a seus compatriotas: “Disse, na verdade, Moisés: 
O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; 
a ele ouvireis em tudo quanto vos disser” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, Atos, 3, 22). 
Afirmou Paulo em Romanos 10, 5: “Ora, Moisés escreveu que o homem 
que praticar a justiça decorrente da lei viverá, por ela”. Mas a teoria 
J.E.D.P., de Wellhausen, e a crítica moderna racionalista negam que 
Moisés tenha escrito quaisquer destas coisas. Isso significa que Cristo 
e os apóstolos estavam totalmente enganados ao julgarem que Moisés 
as tenha escrito de fato. Um erro dessa categoria, tratando-se de fatos 
históricos que podem ser testados, levanta séria dúvida quanto a 
poderem os ensinos teológicos que tratam de assuntos metafísicos 
fora de nossa capacidade de comprovação, ser aceitos como dignos 
de confiança ou cheios de autoridade. Assim vemos que a questão da 
autenticidade de Moisés como escritor do Pentateuco é assunto da 
maior importância para o cristão. A autoridade do próprio Cristo está 
em jogo nessa questão (GAZZI, 2013, p. 75).
De acordo com Gazzi (2013), além dos testemunhos de personagens 
existentes no Novo Testamento afirmarem a autoria de Moisés, existe também 
no próprio Pentateuco o testemunho de acontecimentos ou questões da época, de 
situações sociais ou políticas ou de assuntos relacionados ao clima ou à geografia. 
Podemos então conferir algumas delas, como: o clima e as condições atmosféricas 
citadas no Livro do Êxodo são tipicamente egípcios, não da região da Palestina; 
as árvores e os animais a que se faz referência no Livro do Êxodo até o Livro do 
Deuteronômio são todos naturais do Egito ou da península do Sinai, e nenhum 
deles se encontra na região da Palestina. A árvore chamada acácia é nativa do Egito 
e do Sinai, mas não encontrada na região de Canaã, a não ser em parte ao redor do 
Mar Morto. 
 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
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Para

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