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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANEAMENTO BÁSICO Resenha Crítica de Caso Trabalho da disciplina BIOLOGIA E MICROBIOLOGIA AMBIENTAL Tutor: Profa. ISOLDA CECILIA BRAVIN Teresina 2019 http://portal.estacio.br/ 2 FUNDOS HÍDRICOS: FINANCIANDO A HABILIDADE DA NATUREZA DE PROTEGER RECURSOS HÍDRICOS Referências: Fundos Hídricos: Financiando a habilidade da natureza de proteger recursos hídricos. Stanford Graduate School of Business. 2011. É muito perceptível a influência das ações antrópicas sob o meio ambiente, de forma que as atividades humanas degradam qualitativa e quantitativamente os recursos hídricos do planeta. Nesse contexto os fundos hídricos surgiram com uma forma de aliar economia e conservação do meio ambiente, de forma que consumidores de água a jusante preservam seu direito a água de qualidade investindo financeiramente em áreas a montante. O autor objetiva envolver o leitor nos prós e contras dos fundos hídricos, demonstrando a sua viabilidade para preservação dos recursos hídricos naturais, porém demonstrando as dificuldades envolvidas na implementação e manutenção desses fundos. Os serviços naturais – processo pelo qual ecossistemas sustentam e satisfazem a vida humana – envolvem os sistemas de água doce, que fornecem esse recurso para fins de ingestão, irrigação, processos produtivos, fornecimento de peixes, controle de inundações, transporte, recreação, geração de energia, dentre outros. Dessa forma, a atividade antrópica destrutiva dos recursos hídricos põe em risco todas as atividades supracitadas, repercutindo violentamente na vida humana no planeta. A pouco tempo cresceu mundialmente a ideia de valor econômico dos serviços ambientais, passando a ser adotados mundo a fora vários programas de Pagamento para Serviços Ambientais (PES), a maioria de natureza governamental, dentre os quais pode-se citar a Costa Rica que desde 1997 paga latifundiários para conservar e restaurar florestas, Nova Iorque, por sua vez, gastou aproximadamente $541 milhões para preservar mais de 100.000 acres de bacias hidrográficas, entre 1977 e 2010. Além do financiamento inteiramente governamental, já é comum que grupos públicos e privados firmem acordos para financiamento de projetos de preservação de recursos naturais diretamente relacionados com seus interesses. Geralmente essa é a configuração dos 3 Fundos Hídricos, que são mecanismos financeiros de longo prazo para preservação das águas doces. Dessa forma, para garantir a existência de um fundo hídrico eficiente para com seus objetivos, alguns componentes devem existir, dentre eles: um mecanismo de serviço ambiental que inclua a natureza e as pessoas, dessa forma, parece interessante que existam vários consumidores de água compartilhando a mesma bacia hídrica, a fim de garantir esforços cooperativos, além disso, os grandes consumidores devem ser engajados desde o início do processo; um mecanismo financeiro sustentável de gestão transparente, de preferencia com um conselho investido no poder de gerenciar os recursos financeiros do fundo e que garanta um custo de transação relativamente baixo; mecanismo institucional para organizar participantes públicos e privados, nesse sentido, deve haver uma liderança forte, capaz de mobilizar os interesses dos vários interessados; definição de um conjunto de atividades específicas que o fundo pode financiar, dessa forma é importante ter conhecimento de onde vem a água, e qual a origem das ameaças quantitativa e/ou qualitativa dessa água, com consequências diretas ao fundo; sistema de responsabilização que assegure que os serviços sejam feitos e os ecossistemas protegidos; os interessados devem ter meios financeiros e interesses particulares para integrar o fundo; dentre outros. Contudo, um dos grandes desafios encontrados pelos fundos hídricos tem sido demonstrar sua eficácia prática, justificando os benefícios frente aos aportes financeiros, pois em microescala é possível avaliar os impactos das intervenções financiadas pelos fundos em parâmetros de interesse, como sedimentação e nível de bactérias, no entanto, extrapolar esses resultados para uma maior escala se apresentou uma tarefa extremamente complexa. Os fundos hídricos podem empreender em várias atividades, objetivando o atingimento de suas metas, entretanto algumas dessas atividades se mostraram como frentes de ataque mais comuns, dentre elas: Colocação de cercas para manutenção da distância entre animas e córregos, além de da mantê-los fora de florestas e áreas sensíveis do ponto de vista ambiental, já que os animais danificam a vegetação e soltam o solo nos bancos dos córregos, facilitando o fenômeno da erosão e enviando sedimentos para dentro do sistema fluvial. Além disso, a vegetação em bancos de córregos filtra nitratos e fosfatos provenientes de atividades agrícolas com manuseio de fertilizantes, contribuindo para a prevenção dos corpos hídricos por esses materiais. 4 Reflorestamento (restauração de áreas desmatadas da floresta) e restauração (restauração da vegetação nativa que pode incluir o plantio de árvores ou mesmo a recuperação de plantas nativas), que contribuem fortemente no combate à erosão e ao depósito de sedimentos nos leitos de rios ou em reservatórios construídos pelo homem para abastecimento das cidades. Sistemas silvipastoris que recuperem as terras utilizadas para pastagem, já que um dos motivos para expansão dos pastos é a degradação da capacidade do solo de dar apoio aos animais, dessa forma, o plantio de árvores nas áreas de pasto são eficazes para retenção de água e o crescimento de forragem no pasto, de forma que as pastagens sejam mais produtivas e assim sendo necessárias áreas menores. Nesse sentido, os fundos hídricos são eficientes no fornecimento de capital e treinamento para implementação dessa metodologia. Preservação de áreas protegidas por meio da contratação de guardas que ajudassem na fiscalização do uso desses locais, sendo esses geralmente da própria comunidade local, gerando emprego e renda na região. Apesar das atividades estratégicas desenvolvidas pelos fundos hídricos para atingimento de seus objetivos, um fator tem se mostrado de extrema importância para eficácia desses fundos, que é a participação efetiva da população residente a montante das áreas a serem preservadas. Como muitos fundos hídricos em operação não realizavam pagamentos frequentes aos fazendeiros e rancheiros a montante, para que contribuíssem à preservação hídrica, surgiram dúvidas acerca da sustentabilidade desses projetos, uma vez que também não existiam metodologias definidas para repressão daqueles que aceitassem participar dos projetos, mas pouco tempo depois passassem a descumprir as regras estabelecidas. O fato, entretanto, é que desde 2010 os fundos hídricos não têm apresentado problemas em relação a esta falta de cooperação continuada. No Brasil, todavia, foi implementado fundo hídrico que envolvia o pagamento contínuo de fazendeiros e rancheiros rio acima, entretanto, outros questionamentos surgiram, como o risco de o fundo manter-se refém de exigências financeiras das comunidades a montante. O fato é que, apesar de todas as dificuldades e questionamentos os fundos hídricos têm sido implementados ao longo dos anos, e pode-se inferir que tem apresentado resultados promissores no que tange à conservação dos recursos hídricos. 5 Dentre as medidas utilizadas na avaliação do sucesso dos fundos hídricos, um ponto interessante e essencial seria avaliar a receptividade das comunidades a montante, pois sua participação é crucial à eficácia dos projetos, outro ponto, seria quanto à viabilidade financeira do fundo, uma vez que devem ser estabelecidoscritérios objetivos para avaliação do retorno aos investimentos realizados, uma vez que uma grande quantidade de aportes financeiros em uma determinada área que não demonstre resultados efetivos do ponto de vista ambiental talvez devessem ser remanejados para investimento em outras áreas que pudessem trazer benefícios maiores ao meio ambiente. Quanto ao pagamento das comunidades a montante, esse pagamento se efetuado de forma regular traz maiores garantias quanto ao cumprimento dos compromissos estabelecidos pelo fundo, no entanto, possibilita que este esteja refém de exigências financeiras da comunidade, o que não acontece no caso de pagamentos esporádicos, que, todavia, reduzem a confiança de que a população a montante permanecerá vigilante quanto à observância das medidas estabelecidas pelo fundo para a conservação hídrica. O modelo de fundos hídricos parece perfeitamente viável a sua utilização para outros serviços ambientais, como a preservação das florestas ou mesmo a preservação da qualidade do ar.
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