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UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO SUELY MORAIS DA CRUZ O PODER FAMILIAR NA ERA DIGITAL Lauro de Freitas - Bahia 2017 SUELY MORAES DA CRUZ O PODER FAMILIAR NA ERA DIGITAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à União Metropolitana de Educação e Cultura - UNIME, Faculdade de Ciências Jurídicas, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. Orientadora: Vyrna Isaura Valença Perez. Lauro de Freitas 2017 SUELY MORAES DA CRUZ O PODER FAMILIAR NA ERA DIGITAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à União Metropolitana de Educação e Cultura - UNIME, Faculdade de Ciências Jurídicas, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Lauro de Freitas, 07 de dezembro de 2017. Dedico este trabalho de conclusão do curso a Deus por ser o autor maior em minha vida, e sem ele nada seria possível. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades enfrentadas durante todo curso. A todos os professores qυе me acompanharam durante а graduação, em especial ао Prof. Paulo Carneiro, Matheus Pinheiro е à Profª. Lisla Vassoler, que me acompanharam em uma jornada maior que os demais. Аоs meus amigos, pelas alegrias, tristezas е dores compartilhadas. E em especial Teresinha de Jesus, Juscilene Muniz e Clélia Tavares, sendo impossível ter avançado na minha formação sem o apoio de vocês. Não vou deixar de agradecer a compreensão das minhas filhas, quando minha presença não foi possível e quando minha preocupação e atenção pareciam se voltar exclusivamente para este trabalho. Meus agradecimentos em especial há duas professoras que me incentivaram a trocar de curso e não desistir da faculdade em um momento de desespero, a profª. Vyrna Valença e Almerinda Almeida. Agradeço a todas as pessoas do meu convívio que acreditaram e contribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão deste curso. “Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens” Pitágoras. RESUMO Esse trabalho propõe analisar as diversas influências e formas que a internet vem trazendo para a transformação no âmbito familiar. As mudanças ocasionadas no decorrer dos anos e a inovação tecnológica vêm trazendo na atualidade grandes impactos na vida familiar e social, impactando no poder familiar. O Direito Digital é o resultado da relação entre a ciência do Direito e a Ciência da Computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas do universo digital. As diversas inovações tecnológicas trouxeram diversos benefícios na era atual, porém essas tecnologias como consequência desta interação e a comunicação ocorrida em meio virtual, surge à necessidade de se garantir a validade jurídica das informações prestadas, bem como das transações, através do uso de certificados digitais. Trata- se de um estudo bibliográfico, documental e teórico, visa esclarecer a importância da interação entre familiares, sobre tudo daqueles que possuem uma lenta adesão tecnológica. O tema deste estudo surgiu das inquietações, das observações e experiências vividas no cotidiano com interesse de proporcionar maior e melhor conhecimento do estudo referido. Nosso trabalho tem como objetivo geral explicitar a importância da família na era digital na atualidade, buscando aprimorar as responsabilidades dos pais e sua função norteadora. O campo dessa pesquisa e de cunho exploratório e dialético com a finalidade de esclarecer e modificar as ideias proporcionando um maior conhecimento acerca do assunto para o pesquisador, como também colaborar nos aspectos positivos para a continuidade dessa pesquisa. Foi destacada a pesquisa descritiva, na medida em que busca alcançar e expor os dados diante dos fenômenos que se apresenta no processo teórico metodológico. Palavras-chave: O poder familiar; redes sociais; Era digital. ABSTRACT This work proposes to analyze the different influences and forms that the internet has been bringing to the transformation within the family. The changes that have occurred over the years and the technological innovation have now brought great impacts on family and social life, impacting on family power. Digital Law is the result of the relationship between the science of Law and Computer Science always employing new technologies. This is the set of standards, applications, knowledge and legal relationships, coming from the digital universe. The various technological innovations brought several benefits in the current era, but these technologies as a consequence of this interaction and virtual communication, the need arises to guarantee the legal validity of the information provided, as well as of the transactions, through the use of digital certificates. It is a bibliographic, documentary and theoretical study, aiming to clarify the importance of the interaction between family, especially of those who have a slow technological adhesion. The theme of this study arose from the restlessness, observations and experiences lived in the daily life with interest to provide greater and better knowledge of the referred study. Our work has as general objective to explain the importance of the family in the digital age in the present time, seeking to improve the responsibilities of the parents and their guiding function. The field of this research is exploratory and dialectical in order to clarify and modify the ideas, providing a greater knowledge about the subject for the researcher, as well as collaborating on the positive aspects for the continuity of this research. The descriptive research was highlighted, in that it seeks to reach and expose the data in the face of the phenomena presented in the theoretical methodological process. Key-words: Family power; social networks; Digital age. Índice de figuras Figura 1 – As relações familiares e o uso da tecnologia..........................................38 Figura 2 – A Influência da tecnologia nos relacionamentos familiares.....................39 Figura 3 – A família e a tecnologia...........................................................................41 Figura 4 – A influência da internet na vida familiar...................................................42 Figura 5 – Filhos sentem-se desprezados com o uso exagerado do celular Pelos pais...................................................................................................................43 SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................... 11 1. O PODER FAMILIAR ............................................................................................ 15 1.2 PÁTRIO PODER ............................................................................................ 16 1.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA .............................................................. 19 1.3.1 Princípio da dignidade da pessoa humana: ........................................... 20 1.3.2 Princípio da Consagração do Poder Familiar: ....................................... 20 1.3.3 Principioda igualdade jurídica de todos os filhos: ................................. 21 1.3.4 principio da afetividade. ......................................................................... 21 2. ERA DIGITAL ....................................................................................................... 22 2.1 CONCEITOS DE ERA DIGITAL ....................................................................... 233 2.2 A DIGITALIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS ............................................................ 25 2.3 A DIGITALIZAÇÃO FAMILIAR .......................................................................... 26 2.4 AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ERA DIGITAL .......................................... 27 3. O PODER FAMILIAR NA ERA DIGITAL .............................................................. 31 3.1 A COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS FORAM AFETADAS PELAS REDES SOCIAIS 31 3.2 A RESPONSABILIDADES DOS PAIS NOS ACESSOS AS REDES SOCIAIS 34 3.2.1 A responsabilidade civil nas redes sociais 35 3.2.2 Da responsabilidade penal nas redes sociais........................................35 3.2.3 Responsabilidade Civil sob a ótica do marco civil na . internet.......................................................................................................................36 3.3 AS RELAÇÕES FAMILIARES E O USO DA TECNOLOGIA ....................................... 38 3.4 A INFLUÊNCIA DA INTERNET NA VIDA FAMILIAR ................................................ 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 44 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 11 INTRODUÇÃO O trabalho ora proposto tem por finalidade mostrar que a família foi gradativamente evoluindo, sofrendo grandes mudanças ao longo dos tempos, desde o Código Civil de 1916 até o advento do Código Civil de 2002. Destarte, a mudança no ambiente familiar se tornou aparente com o passar dos anos. Porém, mesmo que o ambiente ao nosso redor se modifique e evolua de acordo com o desenvolvimento da tecnologia mundial, a mudança deve ocorrer de forma menos impactante para a sociedade. A relação familiar está na lealdade dos filhos, no relacionamento interpessoal, e contatos entre pessoas, principalmente durante a infância, são fatores importantes para o desenvolvimento pessoal de qualquer individuo. A tecnologia é algo que faz parte da nossa vida, e tornou-se indispensável em nosso cotidiano, e as crianças podem e devem sim ter acesso a todo esse contato tecnológico, esta ferramenta irá capacitá-la e aprimorar seu desenvolvimento, mas devemos ter cuidado com o uso excessivo dessa tecnologia, para não atrapalhar o desenvolvimento das crianças e adolescentes. A relevância desse tema “o poder familiar na era digital” e a nova maneira de comunicação vêm distanciando as relações familiares na atualidade e formando barreiras entre pais e filhos acirrando conflitos pela incompatibilidade de comunicação, pretendemos mostrar como devemos usar esses meios de comunicações em benefícios das famílias, e não deixar que essas ferramentas tecnológicas torne o convívio familiar cada vez difícil, distanciando a comunicação entre os mesmos grupos familiares. Esse tema surgiu devido à observação e de momentos vividos entre familiares e amigos, a forma de interação entre os mesmos, a comunicação virtual, o distanciamento interpessoal na sociedade tem sido abalado o convívio dos amigos, pais, filhos e outras relações. As redes sociais podem afetar a forma como elas se comunicam e se relacionam e se mostram umas às outras. Esse trabalho visa esclarecer a 12 importância da interação entre familiares, o uso adequado das redes sociais e orientação para aqueles com lenta adesão. O Problema apresentado: Se as tecnologias digitais forem usadas de forma orientada pelos pais, elas deixarão de ser um risco para as crianças e os adolescentes? Com a evolução da sociedade, temos uma nova visão do termo família, onde os responsáveis inserem e/ou compartilham responsabilidades e decisões, onde é fundamental o papel da mulher que labora e assume outros papeis sociais, ficando fora de casa o dia inteiro, os filhos tem liberdade com os pais para se expressarem ou não. Em relação as suas amizades nas redes sociais, é preciso um bom relacionamento entre pais e filhos, para que eles possam confiar em seus pais e não esconder seus relacionamentos nas redes sociais. Porém, junto a esses aspectos sociais, como visto acima, existe outros meios de comunicação que também pode interferir na comunicação familiar como: os computadores, celulares, televisões, vídeo games etc. Que também passaram a fazer parte do cotidiano familiar, se não for bem administrado passam a tomar conta e ditar regras irreversíveis ao convívio de pais e filhos. Esse trabalho tem como objetivo geral evidenciar a importância da família na era digital, buscando aprimorar as responsabilidades dos pais e sua função norteadora. E como objetivos específicos: Identificar a responsabilidade familiar nos acessos a redes digitais; analisar as vantagens e desvantagens da era digital; avaliar quanto à comunicação de pais e filhos foram afetadas pelas redes sociais e conceituar a digitalização familiar. Essa é uma era cada vez mais digitalizada e interconectada, para tanto as tecnologias têm se tornado cada vez mais presentes em todos os aspectos da vida humana, social, profissional e pessoal, – impactado e afetado a sociedade, a cultura, o modo como vivemos e interagimos com os outros. Em um mercado globalizado e cada vez mais competitivo, utilizar das ferramentas tecnológicas para obter vantagens, além de oferecer um alto valor. As inovações tecnológicas trouxeram muitos problemas para a sociedade através da substituição do trabalho humano, mas também possibilitou o crescimento e a expansão de novos conhecimentos, nem sempre justo ou equilibrado. 13 Esse trabalho apresenta um estudo documental e bibliográfico através de pesquisas de livros e de doutrinadores, sites e outros com conhecimentos na área especificam, no cerne do método qualitativo fundamentalmente em conceitos e proposições, visa esclarecer a importância da interação entre familiares, sobre tudo daqueles que possuem uma lenta adesão tecnológica. O estudo bibliográfico buscou analisar tendo como base revisões bibliográficas relativas ao objeto da pesquisa, como abordagem qualitativa que propõe meios de ensino e aprendizagem. O campo dessa pesquisa e de cunho exploratório e dialético com a finalidade de esclarecer e modificar as ideias proporcionando um maior conhecimento acerca do assunto para o pesquisador, como também colaborar nos aspectos positivos para a continuidade dessa pesquisa. Foi destacada a pesquisa descritiva, na medida em que busca alcançar e expor os dados diante dos fenômenos que se apresenta no processo teórico metodológico. No primeiro capítulo, desta pesquisa traz o resumo sobre O Poder Familiar, os Conceitos de Poder Familiar, fala sobre o Pátrio Poder, acompanhando as principais transformações ao longo do tempo. E sobre os Princípios do Direito de Família. No segundo capítulo, contextualiza a Era digital e as mudanças ocorridas, segundo os estudiosos, constitui um dos mais importantes meios de comunicação surgidos desde os primórdios da civilização humana, contribuindo fortemente para a interação entre as pessoas e a disponibilização e disseminação de conteúdo. Os Conceitos deera digital, a Digitalização familiar, A digitalização das redes sociais, em sua tentativa de se adaptar aos novos formatos e de se reinventar como meios, sem perder, contudo, o controle sobre a informação. E analisar as vantagens e desvantagens da era digital, destacar as principais ações no incentivo à participação do público, diante das inúmeras possibilidades disponíveis, que proporcionam uma série de mudanças na disponibilização das informações na rede. No terceiro capítulo, investiga-se O Poder Familiar na Era digital, indentificar a responsabilidade familiar nos acessos a redes digitais, Avaliar quanto à comunicação de pais e filhos foram afetadas pelas redes sociais, A influência da internet na vida familiar , As relações familiares e o uso da tecnologia. 14 Esta pesquisa foi norteada pelas visões dos seguintes doutrinadores: Maria Helena Diniz; Washington de Barros, Tavares da Silva, Carlos Roberto Gonçalves, Silvio Rodrigues, Flavio Tartuce, Maria Berenice Dias, Rizzardo, Patrícia Peck Pinheiro, J. Gimeno Sacristán, Levy Pierre, Freire, entre outros. Apresenta como proposta enriquecer e aprimorar conhecimentos para todos interessados pelo tema especificado, assim dando subsídios para novos estudos. 15 1. O PODER FAMILIAR Nesse capitulo será abordado sobre o poder família e como era tratado no Código Civil de 1916 como Pátrio Poder e com as mudanças do Código Civil de 2002, adotou a expressão “poder familiar”, bem como seus conceitos, As características e os seus principais princípios. 1.1 Conceitos de poder familiar É o poder de tutela dos pais sobre os seus filhos, direitos que os pais têm para cuidar dos seus filhos menores, o poder familiar é indisponível, não pode ser alienado, renunciado, delegado ou substabelecido, provém da paternidade natural ou legal e não pode ser transferido, o poder familiar é indivisível, só ocorrendo em caso de separação, não pode ser renunciado só em caso de adoção com o consentimento dos pais, somente os pais tem a obrigação de cuidar e de proteger os filhos, oferecendo a educação, saúde e lazer, caso não cumpra os seus deveres de pais poderá perder esse poder. Conforme relata Diniz, Maria Helena em sua obra, O poder familiar é o conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido pelos pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho. (2014, p. 617). O Poder Familiar não é mais conhecido como o poder absoluto, consiste, resumidamente, no conjunto de direitos e no deveres que tem os pais perante os filhos com o intuito de toda família tenha uma boa convivência entre todos os membros. São poderes atribuídos aos genitores, em regime de igualdade, sempre com o objetivo de proteger os filhos menores dos riscos que possam vir a existir. Conforme se pode interpretar na leitura do art. 226 e 227 da CF/88 e da própria existência do Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu artigo 21, com a observância dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da proteção integral e do melhor interesse do menor. 16 Sobre o tema discorre: O poder familiar, então chamado pátrio poder, foi instituto perfeitamente organizado em Roma. Primitivamente, no direito romano, a pátria potestas visava tão somente ao exclusivo interesse do chefe de família. Nos primeiros tempos, os poderes que se enfeixavam na autoridade do pai, tanto os de ordem pessoal como os de ordem patrimonial, caracterizavam- se pela sua larga extensão. MONTEIRO, (2001, p. 287). São as atribuições cujo objetivo final são os interesses dos filhos. Não se trata de definir qual a posição hierárquica que cada membro dentro de uma família possuir, mas sim, em estabelecer limites aos filhos, e manter a disciplina educacional e responsabilidade dos pais e suas obrigações enquanto detentores deste poder, e estabelecer o interesse destes. De acordo o doutrinador GONÇALVES, Carlos Roberto, “O poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, no tocante á pessoa e aos bens dos filhos menores” (2013, v. 6, p. 415). Conforme Silvio Rodrigues, “é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção destes” (2004 v. 6, p. 356). Segundo TARTUCE, “É o poder exercido pelos pais em relação aos filhos, dentro da ideia de família democrática, do regime de colaboração familiar e de relações baseadas, sobretudo no afeto”. (2013, v.5, p. 387). Consoante, Stolze Pablo, “O poder familiar como o plexo de direitos e obrigações reconhecidas aos pais, em razão e nos limites da autoridade parental que exercem em face dos filhos, enquanto menores e incapazes”. (2015, v. 6ª, p. 596) 1.2 Pátrio Poder O Poder Familiar era conhecido como Pátrio Poder e trazia em sua definição a figura paterna com exclusividade em se tratando da educação, do dever e da obrigação dos pais com relação aos filhos. Assim, não existia a figura do pai e da mãe exercendo juntos os poderes e deveres como é analisado hoje em dia, o pai 17 era o único com poder para conduzir e educar os filhos enquanto a esposa e mãe apenas auxiliavam na educação da prole. Conforme Venosa. O pátrio poder, poder familiar ou pátrio dever, nesse sentido, tem em vista primordialmente a proteção dos filhos menores. A convivência de todos os membros do grupo familiar deve ser lastreada não em supremacia, mas em diálogo, compreensão e entendimento. (2004, p.367) Segundo, o artigo 21 da Lei 8069/90 declara: “O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência”. O que era, então, o pátrio poder e o que é hoje o poder familiar? Em que se diferenciam? São conceitos clássicos do primeiro: “O pátrio poder é todo que resulta do conjunto dos diversos direitos que a lei concede ao pai sobre a pessoa e bens do filho familiares”. (PEREIRA, 1910, p.234). “O complexo dos direitos que a lei confere ao pai, sobre a pessoa e os bens dos filhos”. (BEVILÁQUA 1960, p. 363). Veio em substituição ao anterior (pátrio poder) e é consagrada como poder dever. Destarte as famílias modernas incluem a tecnologia e utilizam-na para o afeto, as relações emocionais e espontâneas, alguns momentos esquecidos pelas pessoas, principalmente pelos jovens, ameaçando o fator mais importante das famílias: os seus filhos. Seguir na mesma direção que a sociedade e a lidar com as diferentes gerações é o único meio de mantermos um bom relacionamento como pais e filhos, proporcionando aprendizados essenciais não somente à família, como ao próprio indivíduo. 18 A expressão poder familiar origina-se da expressão traduzida no nosso Direito como pátrio poder atribuídos tanto o pai quanto a mãe que concorrem para se organizar, com o objetivo de proteger os seus filhos dos perigos que possam vir a existir, é por meio desse convívio que são absorvidos os valores éticos, bem como a preparação para vida e do desenvolvimento estrutural, psíquico, moral e ético do filho, cabendo à mãe um papel que mais se relaciona com a flexibilidade, com o afeto e com o conforto. Art. 21, ECA. O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurando a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciaria competente para a solução da divergência. Além da CF, art. 226 e 227 o ECA art. 21 o CP, mencionam que; Os pais são os defensoreslegais e os protetores naturais dos filhos. Trata- se de um dever correlato ao direito do menor à convivência familiar. Os genitores são os titulares do poder familiar, A escolha das orientações educativas dos filhos cabe livremente aos genitores e dependerá das circunstancias sociais e financeiras da família. O estado lhes impõe esse dever, “o fato de a lei impor deveres aos pais, com o fim de proteger os filhos, realça o caráter de múnus público de o Pátrio Poder. E o torna irrenunciável”. A fiscalização, quando não bem realizada, pode ter drásticas as consequências, responsabilizando criminalmente os genitores com base no art. 247 do cp. A família e uma entidade representativa da sociedade e, portanto, merece especial proteção do estado, conforme a constituição Federal em seu art. 226. Dentro dela, há um alguém especial: o menor. Merece atenção e cuidados que permitam que o seu desenvolvimento seja saudável e produtivo. De acordo com Arnaldo Rizzardo. Ao Estado interessa o seu bom desempenho, tanto que existem normas sobre o seu exercício, ou sobre a atuação do poder dos pais na pessoa dos filhos. No próprio caput do art. 227 da Carta Federal notam-se a discriminação de inúmeros direitos em favor da criança e do adolescente, os quais devem ser a toda evidência, observados no exercício do poder familiar: direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, entre outros, (2004, p.602). 19 As características do poder familiar são a irrenunciabilidade, a indisponibilidade, imprescritibilidade, inalienabilidade e temporariedade. A irrenunciável, os pais não podem transferir, a não ser em caso de adoção, onde os pais são destituídos do poder familiar. Por fim, o poder familiar é indivisível, apenas as incumbências quando os pais são divorciados e também a imprescritibilidade se caracteriza no fato de que se por algum motivo não podem os titulares do poder exercê-lo, mesmo assim, não se extingue, não é passível de prescrição pelo mero desuso. Ainda, de acordo com Venosa. O poder familiar é indisponível, “Decorrente da paternidade natural ou legal, não pode ser transferido por iniciativa dos titulares, para terceiros.” Conforme acima, os pais que consentem na adoção não transferem o poder familiar, e sim renunciam. Então, por livre vontade os pais não podem renunciar ao poder familiar, sendo este um elo entre pais e filhos, (2004, p.723). A titularidade “do poder familiar, são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”, então o poder familiar pode ser exercido em igualdade de condições pelos pais. Esta inserido no artigo 226, § 5º da Constituição Federal. 1.3 Princípios do Direito de Família O Direito de família é regido por diversos princípios, aqui serão ressaltados apenas os seguintes princípios do Direito de família como: Dignidade da pessoa humana, Princípio da Consagração do Poder Familiar, Principio da igualdade jurídica de todos os filhos e o principio da afetividade, sem prejuízo da existência para os demais. Com base nesses princípios constitucionais do direito de família em nosso ordenamento jurídico norteiam os parâmetros sobre a definição de suas bases, 20 1.3.1 Princípio da dignidade da pessoa humana: A consideração da pessoa humana como um conceito dotado de universalidade, não se podendo admitir, então, qualquer diferenciação de direitos entre nacionais e estrangeiros, salvo quanto aqueles em relação à cidadania, devendo-se entender o caput do art. 5º da CF/88. A dignidade da pessoa humana e os direitos de personalidade possuem conceitos e princípio potencializados em sua extensão de interpretativa, na medida em que a sua aplicabilidade representa um avanço nas relações entre as pessoas que passam a constituir uma família. Prover o pleno desenvolvimento de todos os membros de uma entidade familiar, reconhecida como uma nova modalidade de família existente atualmente, se faz necessária a sua proteção, sendo esse principio como fundamento da Republica, a Constituição Brasileira deu maior valor a proteção da pessoa humana, trouxe a valorização da própria pessoa dentro da família, levando em conta sempre o dever de proteger a vida e a integridade dos membros de uma família, levando em conta o respeito e a pessoa e assegurando os seus direitos de personalidade. (DIAS, 2012, p. 62). 1.3.2 Princípio da Consagração do Poder Familiar: O poder-dever de dirigir a família é exercido conjuntamente por ambos os genitores, desaparecendo o poder marital e paterno. Passou a ser entendido após o advento do Código Civil de 2002, como o poder-dever quanto à direção da família, com um novo conceito de poder familiar, foram introduzidas aos direitos e deveres dos pais com relação aos seus filhos e estes com relação aos seus pais. A primeira a ser destacada é a ideia de que o poder familiar poder ser exercido em conjunto pelos país. O que se destaca no presente tópico é harmonia no poder familiar, não assistindo razão para se impor a um dos cônjuges, dentro da relação estabelecida, superioridade na direção da relação familiar. Do mesmo modo que não se dá guarida a possibilidade de ônus excessivo a qualquer um deles, permeando a relação de igualdade em direitos e obrigações. 21 1.3.3 Principio da igualdade jurídica de todos os filhos: Com base nesse principio não se faz distinção entre filho matrimonial, não matrimonial ou adotivo quanto ao poder familiar, nome e sucessão; permite-se o reconhecimento de filhos extramatrimoniais e proíbe-se que se revele no assento de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade, a igualdade iluminara todos os direitos que possui os pais ou os filhos. 1.3.4 principio da afetividade. A família é a base da sociedade brasileira, tendo em vista ser o afeto um elemento essencial das relações interpessoais, É a presença de um vínculo familiar baseado na afetividade, que gera uma entidade familiar merecedora de abrigo pelo Direito de Família, tornando-se um instituto, previsto no artigo 226 da Constituição Federal, que consagra a regra geral de inclusão de qualquer entidade que preencha os requisitos essenciais, quais sejam, a afetividade, a estabilidade e a ostensividade. Neste sentido, Paulo Roberto Iotti Vecchiatti (2008, p. 223) descreve que O afeto é elemento essencial das relações interpessoais, sendo um aspecto do exercício do direito à intimidade garantida pela Constituição Federal. A afetividade não é indiferente ao Direito, pois é o que aproxima as pessoas dando origem aos relacionamentos que geram relações jurídicas, fazendo jus ao status de família. O poder familiar está se falando sobre as relações jurídicas entre pais e filhos. E o pátrio poder era aquele poder autoritário onde só o pai tinha poderes sobre os filhos, hoje existe a igualdade entre membro da família, são deveres dos pais impor determinados limites aos filhos. 22 2. ERA DIGITAL O surgimento da internet ocorreu na década de 60, a partir da conhecida “Guerra Fria”, que foi uma briga intelectual entre os Estados Unidos e União Soviética. Em 1957, a Rússia lançou para o espaço exterior a Terra o primeiro satélite artificial, que ficava em volta da Terra e em cada 90 minutos emitia sinais de rádio. Como a criação do satélite o Presidente dos USA criou em 1957, a ARPA (Advanced Reasearch Project Agency) com o objetivo principal da ARPA era o desenvolvimento de programas respeitantes aos satélites e ao espaço, mas com a criação da NASA (National Aeronautics & Space Administration) em 1958, perdeu sua finalidade. Em 1961 a Universidade da Califórnia (UCLA) em Santa Bárbara, herdou da Força Aérea um supercomputador que permitir à ARPA orientar a sua investigação para a área da Informática. Com isso a ARPA foi orientada, a construir redes de comunicação de dados para a comunicaçãorápida entre as equipes de investigadores, sendo necessária a construção de uma rede (NET). Em 1965 Licklider se desligou da ARPA, mas a sua orientação foi continuada pelo seu sucessor Robert Taylor. Dispondo de um orçamento de 19 milhões de dólares, Taylor iniciou o financiamento da primeira rede de computadores. E a primeira rede de computadores foi construída entre a Universidade da Califórnia em Los Angeles, o Stanford Research Institute (SRI), a Universidade de Utah e a Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. Em 1969 “nascia” a ARPANET, que utilizava a rede telefônica normal através do sistema de aluguel de circuitos. Em Julho de 1977, Vinton Cerf e Robert Kahn realizaram uma demonstração do protocolo TCP/IP utilizando três redes: a ARPANET, a RPNET e a STATNET, considerando com isso uma demonstração que nasceu a Internet. Em 1990, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América desmembrou a ARPANET que foi substituída pela rede da NSF, rebatizada NSFNET que se popularizou, em todo o mundo, com a denominação Internet. Para expansão da utilização da Internet foi decisiva a criação WWW (World Wide Web) criada por dois engenheiros do CERN (Centre Européen por la Recherche Nucléaire). 23 Aqui no Brasil, o acesso à Internet começa em 1990, pela Rede Nacional de Pesquisas (RNP), que liga as principais instituições de ensino e pesquisa do país. Em julho de 1995, quando acaba o monopólio da Embratel como provedor único, surgem diversas empresas privadas que disputam esse novo mercado. Em 1996, cerca de 300 mil brasileiros eram usuários da Internet. Segundo a Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet (Abranet), o total de usuários sobe para 700 mil em 1997. De acordo com as projeções, deve chegar a cerca de 3,5 milhões até o final do século. 2.1 Conceitos de era digital Segundo a advogada Patrícia Peck, Conceitua Direito Digital como: O Direito Digital consiste na evolução do próprio Direito, abrangendo todos os princípios fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicadas até hoje, assim como introduzindo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico, em todas as suas áreas. Se a Internet é um meio, como é o rádio, a televisão, o fax, o telefone, então não há que se falar em Direito de Internet, mas sim em um único Direito Digital cujo grande desafio é estar preparado para o desconhecido, seja aplicando velhas normas ou novas normas, mas com a capacidade de interpretar a realidade social e adequar a solução ao caso concreto na mesma velocidade das mudanças da sociedade. (2013, 5ª ed. P. 75). As diversas inovações tecnológicas trouxeram diversos beneficio na era digital, porém o uso dessa tecnologia, também gera vulnerabilidades. Novas modalidades criminosas surgiram no ambiente virtual. Conforme muito bem conceituado por Marcelo de Camilo Tavares Alves O Direito Digital é o resultado da relação entre a ciência do Direito e a Ciência da Computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas do universo digital. Como consequência desta interação e a comunicação 24 ocorrida em meio virtual, surge a necessidade de se garantir a validade jurídica das informações prestadas, bem como das transações, através do uso de certificados digitais. A tecnologia também foi capaz de outorgar aos profissionais do Direito, ferramentas computacionais que simplificaram e aperfeiçoaram suas tarefas. Entretanto, essa mesma tecnologia inovou e potencializou a ocorrência de crimes, como a violação de direito autoral. Buscando a materialidade e autoria dos delitos praticados neste ambiente, estudiosos de ambas as áreas se unem na análise forense computacional. (2009 p. 3). Podemos mencionar que, o Direito Digital é a evolução do próprio Direito, vez que não se trata de uma nova área, mas sim de todas as áreas já existentes e conhecidas no meio jurídico que diante dos fatos e evolução passam a integrar questões tecnológicas. Portanto, o Direito Digital abrange todos os princípios fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados na atualidade. Segundo Gimeno Sancristán, na década de 1940 teve uma importante evolução tecnológica foi à invenção do telefone celular que ocorreu em 1947, no Brasil foi difundido no ano de 1990, inicialmente no Rio de janeiro, em seguida na cidade de Salvador. Sua função principal foi facilitar à comunicação e possibilitar ao individuo ter acesso a milhares de informações entre pessoas que se encontravam em lugares diferentes e distantes, tornando assim possível a comunicação com familiares e/ou solucionar alguns problemas sem a necessidade de ir até o local no momento requerido. (1996, p. 25). Desde os primeiros momentos em que o homem passou a viver em sociedade surgiu à necessidade de comunicarem-se uns com outros, expressarem os seus sentimentos, a sua cultura, e foi nesse processo de evolução que inventou e desenvolveu a nova era da comunicação tecnológica. Portanto pôde se notar, que o Direito Digital está presente em todos os ramos do Direito, pois as tecnologias em geral invadiram todos os ambientes em nossa sociedade, surgiram novas situações, enquanto outras condutas sofreram modificações. Estamos na era da Informação e o Direito Digital é uma realidade que 25 deve ser cada vez mais estudado e colocado em prática, para que a sociedade encontre segurança e validade jurídica em suas relações. 2.2 A digitalização das redes sociais A era digital está aí e veio para transformar a vidas de todos. Os mais otimistas acreditam no poder transformador das tecnologias na sociedade atual. Os mais pessimistas julgam que está atrapalha mais do que ajuda e, os realistas, tem a consciência que estas vieram para ficar e, gostando ou não, temos que nos adaptar. Aqueles que compactuam da visão otimista acreditam que com a possibilidade de acesso a informação, pelas mais variadas fontes, o aluno é capaz de selecionar melhor a informação que mais se ajusta aos seus interesses e necessidades o que proporciona as condições dele autorregular a sua aprendizagem. Nesta visão, hoje em dia, é o aprendiz quem decide o que, como e quando aprender. Dependendo da fonte utilizada, o cenário dialógico que se estabelece com o uso de recursos tecnológicos, proporciona um feedback imediato que permite ao aprendiz tomar consciência de seus próprios atos, ou seja, das suas funções cognitivas. “As crianças aprendem não apenas o que lhes é dito que devem fazer, mas principalmente o que veem ser feito por outras pessoas”. Enquanto antigamente os modelos eram quase exclusivamente os pais e os membros mais íntimos da família, atualmente os modelos são fornecidos amplamente pela comunicação de massa (jornais, revistas, cinema e, especialmente, a televisão). (BIAGGIO, 1976, p. 169) Vivemos a era digital, era em que a tecnologia se faz presente e necessária a vida de qualquer cidadão. Os jogos e simuladores, disponíveis no mundo virtual, podem criar um cenário similar ao da aprendizagem no mundo real demonstrando eventos e situações de forma concreta. Cabe afirmar que incluir digitalmente não é apenas ensinar as crianças e os adolescentes como usar o computador para acessar a Internet, pesquisar ou elaborar um texto. Mas também, ensinar como melhorar os quadros sociais, utilizando-se dos recursos que um computador oferece 26 permitindo a melhoria de vida, a qualificação profissional entre outros benefícios que a tecnologia traz. Por outro lado, na visão pessimista, muitos professores julgam que os alunos estão fixados demais nos aspectos tecnológicos o que levou a um empobrecimento das formas de aprender. Nesta visão, consideram que a cultura digital promove o imediatismo, a superficialidade e a falta dereflexão levando ao empobrecimento cognitivo. Os pessimistas acreditam que esta era digital levou a um acesso imediato a informação que não requer dos educandos uma reflexão e construção pessoal. Eles acreditam que os alunos acabam fazendo várias coisas ao mesmo tempo o que impede um processamento elaborado da informação. Esta era digital exige uma nova postura dos pais que necessitam modificar seus modelos de ensino e instrução e dividir a autoridade e a detenção do saber com as tecnologias as quais não pretendem substituir os ensinamentos familiares. 2.3 A Digitalização Familiar A internet e os computadores não são uma novidade para os jovens, mas, para alguns pais, é difícil a adoção das novas ferramentas tecnológicas por falta de capacitação específica. A introdução da tecnologia no ambiente familiar também é complicada, pois a maioria dos filhos tem uma grande dificuldade na comunicação com os pais pelo excesso de recursos encontrados nas redes sociais, em muitas situações, eles compartilham suas inseguranças, muitos pais acreditam que os filhos não sabem buscar e selecionar as informações relevantes, e interagir com as diferentes fontes de informação, que possa capacitar para o uso destes recursos no ambiente virtual, além de acreditarem que as redes não ensinam tudo que é necessário. A informática tornou-se uma ferramenta indispensável na vida das pessoas, trazendo as mais diversas finalidades, juntamente com essa revolução tecnológica, inúmeras e inevitáveis relações jurídicas. Essa nova realidade, fazendo dos sistemas informáticos instrumentos para o cometimento de condutas delituosas. Em relação à tecnologia da informação, existe varias técnicas que facilita as informações na era digital, que por sua vez oferecem um quadro de conteúdos que 27 podem ser objeto de estudos. Todos esses aparatos de informações contidos nas redes estão a serviços dos novos avanços tecnológicos. Segundo Kalinke: Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados praticamente por todos os ramos do conhecimento. As descobertas são extremamente rápidas e estão a nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. A internet, os canais de televisão à cabo e aberta, os recursos de multimídia estão presentes e disponíveis na sociedade. Em contrapartida, a realidade mundial faz com que nossos alunos estejam cada vez mais informados, atualizados, e participantes deste mundo globalizado. (1999, p. 15). Toda mudanças tem suas consequências. A era Digital trouxe inúmeras para a humanidade. A fundamental foi o dinamismo e a rapidez na divulgação da informação. Enviar ou receber informações atualizadas, podendo ser vista a qualquer momento, desde que tenha uma conexão de dados, toda essa agilidade torna a internet o meio de comunicação mais eficiente da atualidade. 2.4 As vantagens e desvantagens da era digital A tecnologia também veio para beneficiar a todos, trazendo ferramentas que simplificaram e aperfeiçoaram em suas tarefas. Entretanto, a mesma tecnologia que veio para inovar, também veio potencializar a ocorrência de crimes, como a violação dos direitos a imagem e entre outros. Os dias atuais a tecnologia ainda é considerada por muitos, um obstáculo ao desenvolvimento das relações humanas e uma das causa que vem aumentando o isolamento do indivíduo. A sociedade da informação é considerada como a principal causa da deterioração das relações familiares e dos valores humanos. Para estes as tecnologias apresentam poucos ou nenhuns benefícios, provocam a solidão e o isolamento dos seus utilizadores, vindo posteriormente a danificar as relações individuais. Mas será que isto acontece assim? A tecnologia terá tantas desvantagens? Outros afirmam que as novas tecnologias permitem conjugar várias formas de comunicação sendo isto benéfico para as relações individuais. Defendem que as pessoas não alteram os seus hábitos comunicacionais e relacionais por serem utilizadores dos instrumentos tecnológicos. 28 Ao mesmo tempo em que o uso da tecnologia traz inúmeros benefícios, também gera vulnerabilidades. Novas modalidades criminosas surgiram no ambiente virtual, transformando-se em um desafio para a polícia e o Ministério Público. Crimes, estes, que em sua maioria não são solucionados sob a alegação de ser, este ambiente, local de difícil produção de provas. Sabe-se, porém, que no universo digital cada “passo” dado pelo criminoso resulta em vestígios. O que ocorre é que em muitos casos não há um trabalho conjunto desenvolvido por profissionais das áreas da computação e do Direito, no intuito de se elucidar tais delitos, já que a própria tecnologia oferece mecanismos capazes de encontrar evidências digitais passíveis de serem usadas em processos criminais. Segundo Levy (1999), novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo da informática. A influência da internet na vida familiar veio inaugurar uma forma de comunicação e de uso da linguagem através do surgimento dos gêneros digitais, nome dado às novas modalidades de discursos surgidos com o advento da internet, os quais possibilitam a comunicação entre duas ou mais pessoas mediadas por computadores e celulares. As tecnologias de informação e comunicação tem desempenhado um papel importante na comunicação coletiva, pois através dessa ferramenta a comunicação flui sem que aja barreira. O relacionamento familiar está sendo prejudicado pela falta de comunicação entre cônjuges, pais, e filhos. O diálogo é algo quase impossível de acontecer. Pais e filhos apenas se cumprimentam, e a relação conjugal está experimentando um distanciamento. Tudo isso tem acontecido na família porque as pessoas não estão sabendo utilizar as tecnologias de modo correto. O uso de instrumentos tecnológicos está por vezes ligado ao fato das famílias se reunirem poucas vezes, e por vezes à deterioração das relações sociais dentro do agregado familiar. No entanto com facilidade se observa que esta não é a causa para a pouca efetividade nem para o afastamento das pessoas, a introdução do uso da internet na vida da maioria dos indivíduos não altera as relações das pessoas dentro do agregado familiar, as pessoas continuam a encontrar-se regularmente, pelo que os utilizadores continuam a jantar todos os dias com todos os membros 29 familiar, a conversar com os filhos e a conviver com a família, segundo Cardoso et al. (2005). Nesse sentido, torna-se de profunda importância, não só por questões que envolvem os crimes informáticos, mas como também de todas as outras oriundas da relação Direito e Ciência da Computação, o estudo da disciplina Direito Digital. Para o profissional do Direito o entendimento de tal assunto representa a oportunidade de se beneficiar de todas as vantagens provindas do uso da tecnologia, mas, também, de regular as atividades exercidas no espaço eletrônico. O Promotor de Justiça Francismar Lamenza, destaca que: No cotidiano forense, já chegaram ao nosso conhecimento casos em que adolescentes a quem foi atribuído ato infracional consistente em divulgar imagens de ex-namoradas, por exemplo, alegaram que suas parceiras teriam posado nuas voluntariamente e até que teriam enviado por e-mail suas próprias fotos aos rapazes. (, 2011, p.65) A inclusão digital pode ser entendida como um meio de levar os indivíduos a saberem utilizar os recursos das Tecnologias de Informação e Comunicação e obterem o acesso a esses recursos. O processo de inclusão digital deve estimular a capacidade das pessoas utilizarem os recursos tecnológicos de forma eficiente e benéfica, por isso a educação para o uso adequado das Tecnologias da Informação e Comunicação deve ser priorizada, O aprendizado contínuo e interativo no processo de inovação deve ser intensificado criando-se uma capacitação adequada pormeio do ensino constante para que se possa compreender e promover mudanças. Esse capitulo apresentou uma reflexão sobre a inclusão digital no Brasil como forma de inclusão social. Demonstra a importância do conhecimento na era da informação para uma sociedade e inclusive para as famílias. Vivemos a era digital, era em que a tecnologia se faz presente e necessária a vida de qualquer cidadão. A tecnologia também veio para beneficiar a todos, trazendo ferramentas que simplificaram e aperfeiçoaram em suas tarefas. Entretanto, a mesma tecnologia que veio para inovar, também veio potencializar a ocorrência de crimes, como a violação dos direitos a imagem e entre outros. O conhecimento de uso e acesso à Internet é 30 uma considerável necessidade e, preponderante, para qualquer programa de inclusão digital, e sendo usados da maneira correta os benefícios são variados. 31 3. O PODER FAMILIAR NA ERA DIGITAL A comunicação entre pais e filhos e como foram afetadas pelas redes sociais, a responsabilidades dos pais nos acessos as redes sociais, As relações familiares e o uso da tecnologia, influência da internet na vida familiar. As relações familiares deixaram de se basear na imposição da autoridade do pai e passaram a ser pautadas na possibilidade do diálogo e no afeto, saindo do modelo de família hierárquico, onde as crianças e mulheres se limitavam a obedecer à figura masculina, e passaram para um modelo igualitário de família. Neste aspecto, o questionamento sobre a autoridade dos pais está presente no novo modelo de família, a criança é mais livre e independente para argumenta suas ideias, ainda assim, os pais exigem dos filhos explicações, como eles estão agindo no mundo virtual, com quem estão se comunicando, e se essas novas amizades venham trazer algum conhecimento que possa construir valores. Portanto, as pessoas vão à busca de respostas não só nas suas histórias de vida como também em valores já estabelecidos, como também priorizam o modelo de família tradicional com valores e práticas aceitos na sociedade. Assim, considerando esse arcabouço pessoal, os pais se sentem cada vez mais ocupados, e sem tempo para participar do cotidiano dos filhos, e as constantes mudanças sociais têm trazido fortes reflexões diante das grandes mudanças que vem ocorrendo com as diversas fontes de informações nas redes sociais. Diante de tantas divergências, como explicar as diversas transformações ocorridas nas famílias contemporâneas. A família pode, então, ser considerado um objeto relevante, que são impulsionadas a conversar, a pensar, e se comportar a partir das ideias e valores atuais. 3.1 A comunicação entre pais e filhos foram afetadas pelas redes sociais. Na nossa atualidade sabemos que ter total controle sobre os filhos é uma tarefa difícil para não dizer impossível. Porém estimular a convivência familiar e a interação com os amigos são muito importantes para o futuro e o desenvolvimento de valores e da autoconfiança dos filhos. 32 De acordo com a expressão do professor mexicano Guillermo Orozco. A discussão sobre mídia e crianças envolve dois conceitos, que não se enfrentam, mas se complementam: proteção dos direitos e promoção de conteúdos de qualidade. Além disso, a perspectiva exclusivamente protecionista não leva em conta o papel dos meios de comunicação na socialização das crianças e dos adolescentes. E a internet, os celulares e outros aparelhos tecnológicos têm ampliado esse potencial, que antes era associado é sobre tudo à tevê. Hoje, as crianças acessam informações, conversam e expõem opiniões não apenas no ambiente familiar, na escola ou na igreja, mas também nas novas telas. Negar às crianças o direito de se relacionar com e por meio das diversas mídias é retirar de suas vidas uma importante arena de troca de experiências e, dessa forma, de construção de personalidade e busca do conhecimento. Não se trata, novamente, de ignorar os riscos desse processo (que não são poucos e devem ser alvo de nossa atenção), mas de entender que as crianças e os adolescentes têm o direito de ter acesso aos meios de comunicação – e de interagir com eles da melhor forma possível. Para que o contato com os meios de comunicação auxilie o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, não basta dar a eles um manual de operação de aparelhos modernos. Até porque as crianças de hoje, a respeito dos avanços que ainda temos que conquistar na direção da inclusão digital, tendem a manejar muito bem os novos instrumentos tecnológicos – na maioria das vezes, melhor do que seus pais e professores. O uso que a infância fará da mídia depende de sua capacidade – em formação – de analisar dados e fatos e de tomar decisões. Assegurar que esta correlação possa se dar em um ambiente edificante e com apoio adulto é dever do Estado, da família, da sociedade civil e dos empresários da comunicação. Impedir que essas relações se processem e constitui, por outro lado, uma compreensão limitada do princípio de que a criança é um sujeito de direitos. Afinal, seu corpo e intelecto estão em desenvolvimento. Esse processo de interação com os meios de comunicação, que começa na infância, vem contribuindo, assim, para desenvolvimento da sociedade e para a 33 garantia plena dos direitos humanos. Isso ocorre porque a mídia é entendida, por teóricos de diversas linhas como palco essencial para o exercício da democracia. A Convenção sobre os Direitos da Criança, das Nações Unidas, traz artigos específicos sobre comunicação. Um deles, o 13º, diz que “a criança tem direito à liberdade de expressão” e que “este direito compreende a liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias de toda a espécie, sem considerações de fronteiras, sob forma oral, escrita, impressa ou artística ou por qualquer outro meio à escolha da criança”. Os novos aparatos tecnológicos multiplicam as possibilidades de criação e de aprendizado de crianças e adolescentes. Por outro lado, esses instrumentos digitais ampliam os riscos de meninas e meninos serem vítimas de redes de pornografia ou pedofilia, ou de sofrerem com perseguições, como o bullying – ou ainda de o praticarem, sem avaliar as consequências desse ato. Essa nova paisagem social pede, portanto, um ambiente regulatório adequado, que garanta e proteja os direitos de crianças e adolescentes, mas sem limitar a liberdade de expressão. O acesso pleno à cultura digital deve ser premissa da discussão sobre a internet. Em suma, é preciso garantir que as crianças, de todas as classes sociais, possam usufruir das tecnologias de informação e comunicação, como protagonistas dessa atividade, mas em um ambiente seguro. Novamente, trata-se de um trabalho de parceria: Estado, família, escola e empresários buscando, juntos, respostas para os problemas e percursos para o desenvolvimento. A união família não deve morrer devido aos avanços tecnológicos, e sim, tornar essas novas ferramentas de comunicação, mas fácil ao dialogo entre pais e filhos, para reforçar os laços afetivos onde não conseguimos nos mantermos tão presente em nossos lares devidos aos tempos atuais, tendo que passarmos uma maior parte do nosso dia no trabalho e sendo necessário que esta distancia não venha causar nenhum impacto ou por em risco à integridade e a segurança das crianças e adolescentes. É necessário, adaptação, a nova modalidade de comunicação, para que se mantenham conectados com seus filhos, e assim terem uma aproximação dentro do mundo digital deles e poder ganhar a confiança, além disso, saber o que estão fazendo, quem são seus amigos e o que estão postando nas suas redes sociais. É 34 manter os filhos em contato permanente com os pais, e neste contexto, os celulares modernos permitem aos pais estar o tempointeiro fiscalizando os passos dos filhos. 3.2 A responsabilidades dos pais nos acessos as redes sociais. A responsabilidade é destacada ainda, no art. 229 da mesma Carta, mas genericamente. No Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), há várias normas de proteção, como a do art. 22, o que também fazia o Código Civil de 1916, no art. 384, e reedita o artigo 1634 do vigente código. [...] Se de um lado a autoridade do Estado não pode substituir a autoridade dos pais, de outro, em especial num país com tantas deficiências culturais como o Brasil, deve impor-se a autoridade do Poder Público em inúmeros setores, como, aliás, o faz a Lei 8069/90 Rizzardo, (2004, p.602). De forma que os detentores do poder familiar devem atender às necessidades materiais e afetivas dos filhos, assegurar os direitos de seus filhos, bem como definir o modo como devem atuar, e as consequências da omissão. Os pais precisam também ficar atentos à questão da segurança dos pequenos ao usar dispositivos que permitem o acesso à internet. Infelizmente, são comuns os casos de crianças e adolescentes que acabam sendo vítimas de pedófilos através da rede. Para diminuir os riscos de que isso aconteça, é importante orientar as crianças a usar de forma adequada a internet, evitando, por exemplo, conversas em chats com desconhecidos e divulgação de dados pessoais. A instalação de ferramentas de monitoramento ou bloqueio de alguns conteúdos da internet é outra forma de proteger os pequenos. Manter o computador numa área comum da casa com a tela sempre visível e limitar o tempo de uso do equipamento também pode ajudar. Mas o mais importante é manter diálogo com a criança, mostrando-se disposto a esclarecer dúvidas e explicar os motivos pelos quais é preciso usar com cautela as novas tecnologias. 3.2.1 A responsabilidade civil nas redes sociais 35 A responsabilidade sobre todos os atos dos filhos recai sobre os pais ou responsáveis, inclusive em xingamentos e na divulgação de imagens na internet sem a permissão. Em se tratando da responsabilidade civil decorrente de crimes virtuais cometidos nas redes sociais, devemos saber o que é e como funciona essa responsabilidade no mundo jurídico. As pessoas que violarem direitos de alguém além de serem punidos na área penal podem ser punidas também na área civil. As Redes sociais e sites também podem ser punidos se ajudar, criar ou reproduzir conteúdo que afeta direitos referentes a alguém, sendo punida também se mesmo com ordem judicial não tirar conteúdo produzido por terceiros. Segundo Cavalieri Filho, A respeito da responsabilidade civil; A responsabilidade civil parte do posicionamento que todo aquele que violar um dever juridico atraves de um ato ilicito ou licito, tem o dever de reparar, pois todos temos um dever juridico originario o de não causar danos a outrem e ao violar este dever juridico, passamos a ter um dever juridico sucessivo, o de reparar o dano que foi causado, o ato juridico é especie de fato juridico.(CAVALIERE FILHO, 2008, p.2) Um exemplo de dano são os causados a imagem, esses são violados quando imagens são usadas sem a vontade daquele de quem ela se refere, sobre a tematica, Maria Helena Diniz diz: O titular da imagem tem o direito de aparecer se, quando e como quise, dando, para tanto, seu consentimento, e tambem tem o direito de impedir a reproduçao, exposiçao e divulgaçao de sua imagem e, ainda, o de receber indenizaçao poe tal ato desautorizado(DINIZ, 2007, p. 174). A responsabilidade Civil e a obrigaçao de reparar um dano causado à outra pessoa com a ocorrencia do fato e verificação de seus requisitos (dano, conduta e neo casual), procura-se determinar e analisar as consequencias e a forma em que podem se reparados. 3.2.2 da responsabilidade penal nas redes sociais Na esfera penal, em se tratando da responsabilidade penal nas redes sociais, o crime que mais acontece, são os crimes contra a honra, ou seja, que afeta a vitima de forma moral e às vezes até material. Os crimes contra a honra é a Calúnia, Difamação e Injúria. 36 A Responsabilidade no que tange ao crime virtual encontra-se consubstânciada na responsabilidade que os provedores de internet tem em armazenar em seus bancos de dados, informações sobre seu cliente que poderão em caso de crime ser usadas como provas. Sergio Marcos Roque (2007, p.25), vem conceituar crime de informática como sendo “toda conduta, definida em lei como crime, em que o computador tiver sido utilizado como instrumento de sua perpetração ou consistir em seu objeto material”. O crime de dano é uma das matérias mais divergentes dentro do âmbito dos crimes de informática julgados por analogia, aplicando o artigo 163 do Código Penal, para os casos mais corriqueiros da internet que é a destruição ou a inutilização de arquivos de dados, possa ser aplicado analogamente aos crimes em que vírus destroem ou danificam substancialmente dados de terceiros. 3.2.3 A responsabilidade civil sob a ótica do Marco Civil da Internet Marco Civil da internet tornou-se a Lei n.12.965/2014, o mesmo consiste em um texto de impacto sobre as relações por meio do mundo virtual e no campo do Direito Digital. Em resumo, a lei determina os direitos, princípios e deveres para o uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade de expressão, inviolabilidade da intimidade e da vida privada. O principal objetivo do Marco Civil da Internet é prevê práticas criminosas no contexto online (cibercrimes), além de prezar pelos ideais da neutralidade de rede, liberdade de expressão, da privacidade dos usuários e dos direitos humanos. Segundo George Leite, ao abordar o referido tema: Outro aspecto importante do processo do Marco Civil foi a transparência. No processo de consulta pública, os participantes poderiam ver em tempo real a contribuição de todos os outros participantes. Desse modo, criou-se um modelo propício ao embate racional de ideias. Considerando-se que os participantes do processo de consulta do Marco Civil envolviam indivíduos, usuários, bibliotecários, tradutores, empresas de tecnologia, provedores de serviços de internet, empresas de telecomunicações, radio difusores, associações de classe e assim por diante, construiu-se um verdadeiro fórum hibrido, onde todos tinham igualdade de vozes. Empresas de tele- comunicações contribuíam de forma aberta e lado a lado com usuários individuais da rede. Os argumentos de um e de outro competiam por sua fundamentação, não por sua origem ou autoridade. Além disso, a 37 possibilidade de se enxergarem as posições públicas de cada participante serviu para ampliar e qualificar o debate. (LEITE, 2014, p.6) O marco civil da internet prevê o respeito dos direitos, já descritos na constituição federal de 1988, como o direito da personalidade, direito da intimidade, direito à honra, direito da imagem e o direito da intimidade, sendo punidos, se infringidos na internet e por meio de computadores. Recentemente, a lei 12.965/2014, nomeada como Marco Civil da Internet, estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. O principal elemento regulamentado pela lei, inclusive o Julgamento abaixo sobre crimes de divulgação de imagens de crianças e adolescentes através da internet (RE 628624). Segue abaixo jurisprudência correlata. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. APURAÇÃO DO DELITO DO ART. 241-A DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. SUPOSTA VEICULAÇÃO DE IMAGENS DE PORNOGRAFIA INFANTIL PELA INTERNET. COMPETÊNCIA FIRMADA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO. ART. 70 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. COMPETÊNCIA DE TERCEIRO JUÍZO, ESTRANHO AO CONFLITO. 1. A consumação do delito, que atualmente tem previsão no art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente, "ocorre no ato de publicação das imagens pedófilo-pornográficas,sendo indiferente a localização do provedor de acesso à rede mundial de computadores onde tais imagens encontram-se armazenadas, ou a sua efetiva visualização pelos usuários" (CC 29.886/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2007, DJ 01/02/2008, p. 427). 2. A conduta delituosa a ser apurada, na hipótese, refere-se à veiculação de imagens de menores aliciadas para exposição em cenas obscenas, via webcam, por meio do MSN/ORKUT e TWITTER, além de hackeamento e utilização do perfil de uma delas, fazendo-se o agente passar por esta, para comunicar-se com terceiros. 3. Ausentes indícios de transnacionalidade do crime, a tanto não servindo o mero meio internet, competente é o juízo estadual do local de indicada residência do suspeito, em Londrina/PR, na forma do art. 70 do Código de Processo Penal. 4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara Criminal da Comarca de Londrina - TJ/PR, juízo estranho ao conflito. (STJ - CC: 136257 PR 2014/0251911-6, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 11/03/2015, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 20/03/2015) 38 A decisão fundamentou-se, precipuamente, na internacionalidade dos danos produzidos, já que a publicação das imagens em website possibilita amplo acesso global. 3.3 As relações familiares e o uso da tecnologia Assim como se analisam e discutem as transformações causadas às famílias e os caminhos percorridos, suas percepções e previsões acerca da evolução nos meios digitais e as relações familiares, verificamos que as mudanças ocorridas na sociedade têm influenciado diretamente as famílias. A situação em que se encontra a família apresenta aspectos positivos e aspectos negativos: as duas ilustrações abaixo pode representar esses dois momentos. O lado negativo pode ser analisado na 1ª a figura abaixo: 5 membros da família e cada um está usando um meio de comunicação, e não percebemos nenhuma interação entre eles, todos em um mesmo espaço mais os mesmo parecem que estão bem distantes um dos outros, separados apenas pelos meios de comunicações. Figura 1 - Família na Era Digital1 Já os aspectos positivos na 2ª figura abaixo: 4 membros da família, juntos aproveitando o uso dessas tecnologias para esta sempre interagindo com os filhos, as facilidades que as famílias têm quando sabem aproveitar, usando as tecnologias 1 Disponível em https://familiatecnologiacts.wordpress.com/2013/06/30/. Acesso 20 Ago. 2017 39 para tornar a comunicação entre pais e filhos em algo útil sempre trazendo benéfico a todos os membros desse grupo familiar. Figura 2 - Família na Era Digital2 Navegar na internet como ferramenta de ensino para a família pode ser um processo de busca de informações e uma nova maneira de comunicação entre pais e filhos, a depender da situação pode transformar-se em conhecimentos, gerando um ambiente interativo de aprendizagem ou pode ser um inútil coletor de dados sem a menor relevância que não proporciona nenhuma contribuição à família, se essa ferramenta ultrapassar os limites familiares e deixar pra trás as tradições. A mudança de uma sociedade fechada para uma sociedade aberta impõe aos pais desafios, uma tomada de atitude e de coragem, pois trata de um tempo em que a sociedade exige atitudes criticas, tomadas de decisões, reflexões sobre a nova maneira de relacionamentos entre pais e filhos, não existe, mas horário fixo para sentar a mesa para o almoço ou café, é cada um com seus pratos e os celulares e a cada intervalo que põem o alimento na boca e as trocas de mensagens. As mudanças acontecem a todo o momento e não há nenhum tipo de preocupação sobre essas mudanças, e como isso tem afetado as relações entre família. (FREIRE, 1979, p. 65). As mudanças se reproduzem com muita rapidez, e vem afetando profundamente as famílias, é o resultado desta busca de informações entre as famílias e as tecnologias é muito complexa e as fronteiras entre o mundo real e virtual estão cada vez mais indefinidas. A maneira como cada família usa a internet pode refletir o próprio funcionamento familiar. Existem funcionamentos familiares em que a internet está a serviço da necessidade de encobrir algumas dificuldades nos relacionamentos. 2 Disponível em https://familiatecnologiacts.wordpress.com/page/3/. Acesso 20 Ago. 2017 40 Isto se observa entre pais e filhos, entre casais, etc. Algumas vezes, um ou mais membros fazem um tipo de uso que compromete significativamente a convivência, a cumplicidade e principalmente o diálogo familiar. Ocorrem ainda situações em que os pais sentem dificuldade de encontrar maneiras de proteger os filhos dos perigos da internet, então acabam ou proibindo completamente ou fazendo “vista grossa” por não encontrarem meios de compreender o que os filhos fazem na rede. Tais situações compõem alguns dos novos desafios encontrados pela família contemporânea. Considerando que os diferentes modelos de famílias vão servir para explicarem sua realidade social e justificarem as formas como as pessoas se organizam e se relacionam estas também criam a realidade na medida em que as famílias agem no mundo norteado por suas concepções. A representação social da família também é feita de memória e daquilo que é transmitido entre as gerações, isto significa dizer que as famílias estão em constantes transformações em função das mudanças sociais. A convivência social desenvolve uma memória coletiva que acrescenta, unifica e diferencia a memória do individuo a partir das nossas lembranças e que faz parte do acervo familiar. Vivemos um momento nos quais crianças e adolescentes são frequentemente instigados a expressar suas opiniões, postar conteúdos, fotografar e participar de redes sociais, entre outras formas de interação com os meios de comunicação. E esta participação cresce em escala com a popularização da internet e das novas tecnologias da informação e comunicação. A internet pode ser um ótimo local para aprender, se divertir, bater papo com os amigos da escola ou simplesmente relaxar e explorar. Mas, assim como no mundo real, a web pode ser perigosa para as crianças. 41 Figura 3 - Família na Era Digital3 Como mostra a figura acima, hoje às crianças estão cada vez, mas envolvidas nas redes sociais deixando para trás as suas brincadeiras e levando a maioria do seu tempo usando esses meios de comunicações, pulando etapas na sua infância que deveria ser seguidas passo a passo para um melhor desenvolvimento. A advogada Patrícia Peck Pinheiro reforçou, ainda, a importância de os pais criarem uma relação de confiança com seus filhos, para que possam dialogar com eles sobre o assunto, esclarecer suas dúvidas e orientá-los a respeito das leis aplicadas ao meio digital, pontuando o que eles podem ou não fazer e quais são as consequências de cada ação inadequada. Não significa que os pais precisem afastar todos os benefícios que as mídias sociais trazem ou evitar compartilhar momentos importantes e felizes. Significa apenas que tudo deve ser feito com cautela e pensando no melhor interesse da criança, hoje e no futuro. É preciso ter em mente que o princípio do melhor interesse da criança deve ser respeitado. Isso significa que, antes de sair compartilhando, os pais devem levar em consideração se o conteúdo tem potencial de expor negativamente, constranger ou prejudicar o menor, e que diante de um possível conflito entre liberdade de expressão e violação a honra da criança, a segunda deverá prevalecer. Os pais precisam avaliar se há necessidade de a criança ter um smartphone. Para as crianças e os adolescentes que sair de casa sozinhas, o smartphone se torna uma ferramenta de comunicação importante, inclusive para ospais. Segundo FREIRE (1979), o uso da tecnologia vem transformando a vida em todos os campos inclusive na família e na educação. 3 Disponível em http://blogdafamilia.com/a-influencia-da-tecnologia-nos-relacionamentos- familiares//30/04/2017. Acesso em 20 ago. 2017 42 O problema reside no fato de o contato exagerado com a tecnologia minar o principal ingrediente do desenvolvimento de qualquer criança: o afeto e o contato direto com os pais. Acima de tudo, é preciso pensar qual é a maneira como você se relaciona com a tecnologia e que vai servir de espelho para o seu filho, os pais podem juntos acessar as redes com seus filhos e criar um ambiente harmonioso entre família. 3.4 A influência da internet na vida familiar Não há como negar que o acesso à internet não vem transformando a vida familiar, porém só depende dos pais aproveitar esse novo avanço e tirar proveito usando para aproximar a familiar e não para distanciar, usar as tecnologias como uma estratégia positiva voltada para família. Figura 4 - A Influência da Internet na Vida Familiar4 A tecnologia está afetando as relações familiares dentro da sua casa? O uso de smartphones, tabletes e outros aparelhos eletrônicos interferem no relacionamento entre filhos, pais e casais. Para isso, a primeira coisa que os pais devem fazer é se perguntar se eles mesmos não estão usando tecnologias de formas exageradas. Não adianta nada impor regras aos filhos para não utilizarem as redes sociais e dar mau exemplo, 4 Disponível em http://revistacrescer.globo.com/Familia/Rotina/noticia/30/04/2017. Acesso 06 set. 2017 43 ficando tempo demais usando smartphones, tabletes e outros aparelhos eletrônicos. Imposição de regras não funciona se os próprios pais exageram. Filhos sentem-se desprezados com o uso exagerado do celular pelos pais. Figura 5 - Influência da Internet na Vida Familiar5 Manter o diálogo e investir em atividades familiares é outra forma de ajudar os pequenos a não se tornarem dependentes da tecnologia. Hoje as crianças ficam muito tempo diante das telas, e deixam de se dedicar a atividades importantes como esportes, atividades culturais ou simplesmente uma conversa em família para ficar horas e hora assistindo à televisão ou jogando no computador. 5 Disponível em http://www.semprefamilia.com.br. Acesso 06 Set. 2017 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de tantas mudanças no mundo, a chamada sociedade da informação vem, afetando principalmente a família, começa-se a discutir as novas formas de pensar, de agir e de comunicar-se vem sendo introduzidas como hábitos corriqueiros, são diversas as maneiras de adquirir conhecimento, como estes se relacionam na sociedade. Ao enfocar os novos arranjos familiares, é de suma importância ressaltar que não nos cabe analisar o que é "bom ou ruim" em relação aos novos arranjos familiares, mas sim ressaltar o atual, o real na vida familiar, onde indiferente da maneira que se organizar, os indivíduos são pertencentes a um grupo familiar e este lhe oferece laços afetivos, valores e funções. O ambiente familiar passou a ser ligado em laços de afetividade, de forma pública, contínua e duradoura, tendo assistência mútua entre os membros daquela entidade familiar, com o primado de busca de felicidade, sendo, por isso, a família, de acordo com a Constituição Federal, a base da sociedade brasileira. Portanto, a afetividade, deve ser considerada como princípio constitucional implícito, ao aproximar pessoas, dando origem aos relacionamentos que geram relações jurídicas, formando o “status” familiar, que contribui para a felicidade individual e/ou coletiva. O segundo capitulo explanou a era digital. O desenvolvimento tecnológico é um caminho longo. Cabe, portanto, ao Direito, adaptar-se a esta nova realidade, legislando sobre questões que envolvem o uso de Computadores e da Internet, no intuito de atender aos anseios de uma sociedade cada vez mais digital. Estamos na era da Informação e o Direito Digital é uma realidade que devemos a todo o momento estudar e colocar em prática, para que a sociedade encontre segurança e validade jurídica em suas relações. O Direito Digital é uma união de todos os ramos do Direito, não existindo, portanto uma divisão em público ou privado, e sim uma convergência desses aspectos. É sem dúvidas, a evolução do Direito vem acompanhando das inovações existentes em nossa Sociedade como não poderia deixar de ser. 45 Apesar de todas as suas consequências negativas podemos afirmar que não são suficientes para anular as positivas. A sociedade da informação é, um progresso dos quais todas as sociedades necessitam. Neste ínterim, o terceiro capítulo demonstrou como toda a alteração social, sobretudo no que concerne ao papel desempenhado pela mulher na família e no ambiente profissional, se refletiu no exercício do poder dever-direito dos pais sobre os filhos, denominados poder familiar. Importante relembrar que este poder também se trata de um dever e, ainda, de um direito, devendo os filhos respeitar e acatar as ordens de seus pais enquanto estes devem prover todo o necessário para o pleno desenvolvimento de seus filhos, podendo adotar as medidas imprescindíveis para tal, desde que, obviamente, respeite-se a criança e o adolescente enquanto seres humanos detentores de direitos. Portanto, novas concepções acerca da família vêm surgindo no ordenamento pátrio, conceitos tais que se baseia sobre a personalidade humana, vários são as formas de constituição familiar, devendo a entidade familiar ser entendida como grupo social fundado em laços afetivos, promovendo a dignidade do ser humano, no que diz respeito a seus sentimentos, de modo a se alcançar à felicidade. Assim, deve-se destacar que o Direito acompanha a sociedade, regulando-a, sendo certo que tal regulamentação, de fato, acompanha os anseios das pessoas, devendo está, por tal forma, de acordo com suas características. Essas breves considerações são de suma importância para a conclusão a que se pretende chegar com a elaboração do presente trabalho. Buscando compreender a importância deste tema, entendendo sua origem, pautando conceitos e elucidando informações. Para que possamos resolver o Problema apresentado: Se as tecnologias digitais forem usadas de forma orientada pelos pais, elas deixarão de ser um risco para as crianças e os adolescentes? Para diminuir os riscos é preciso que elas sejam orientadas, e para que isso aconteça é importante orientar as crianças a usar de forma adequada a internet, e falar sobre a invasão de privacidade, explicar sobre os crimes contra honra, difamação e a calunia etc. O direito protege as famílias com as suas normas, porem essas leis precisam ser mais severas para punir esses criminosos e inibir os surgimentos de novos 46 crimes, enquanto as leis deixarem brechas para esses criminosos escaparem as nossas crianças não estarão protegidas. O estado precisa promover a criação de uma legislação mais severa para punir esses criminosos, e intensificar a fiscalização para evitar a invasão de privacidades nas redes sociais. A família tem o dever não só de educar, mas também de ensinar regras, limites e valores éticos. Embora pareça difícil encontrar um ponto de equilíbrio entre o estilo de vida atual, e estabelecer regras, mas é possível sim trabalhar para que os filhos não acabem exagerando na hora de usar os dispositivos eletrônicos. Manter o diálogo e investir em atividades familiares é outra forma de ajudar manter o equilíbrio, ao usar as redes sociais, de nada adianta proibir os filhos a não usarem de forma acebadas e ser um mau exemplo estando todo tempo conectados às redes,
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