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RACISMO E OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS EM CONTEXTO DE VULNERABILIDADE

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RACISMO E OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS EM CONTEXTO DE VULNERABILIDADE.
Carolina Oliveira Bomfim[footnoteRef:1]; Tainara de Jesus Santos[footnoteRef:2]; Andreza Maia Silva Barbosa[footnoteRef:3]; Ademar Rocha[footnoteRef:4] [1: Estudante do curso de Psicologia da Faculdade Irecê - FAI] [2: Estudante do curso de Psicologia da Faculdade Irecê - FAI] [3: Mestra em Psicologia; Docente do curso de Psicologia da Faculdade Irecê - FAI] [4: Docente do curso de Psicologia da Faculdade Irecê - FAI
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Eixo temático: Racismo e sofrimento psíquico: violência estrutural, processos de subjetivação e estratégias de cuidado.
INTRODUÇÃO: A história do racismo no Brasil está intimamente vinculada à construção histórica do país, uma vez que seu desenvolvimento se deu através do trabalho escravo e da desigualdade social e racial a partir da colonização. Devido a isso, tal contexto não se caracteriza como um tema novo na mídia ou em livros, bem como nas pesquisas acadêmicas. No entanto, segundo Geledes (2011), pesquisas apontam o racismo como um dos fatores que determinam as condições de saúde da população negra, e que essa discriminação racial resulta em taxas consideráveis de sofrimento psicológico, mortalidade e na disseminação da desigualdade que impede o acesso destes a seus direitos. 	Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo investigar os impactos psicológicos causados pelo racismo em um contexto de vulnerabilidade. METODOLOGIA: O presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa de abordagem qualitativa, correlacionada a pesquisa bibliográfica, a partir de estudos de fontes primárias e secundárias, com intuito de descrever as relações entre fatos e fenômenos atentando-se para a identificação dos fatores que determinam ou contribuem para ocorrência destes, baseando-se em uma revisão de literatura narrativa referente aos impactos psicológicos do racismo em contexto de vulnerabilidade. Nesta ocasião, realizou-se uma estratégia de busca em periódicos indexados no Scientific Electronic Library Online (SciELO), Lilacs e Pepsic de artigos relacionados ao tema, a partir dos descritores “racismo”, “vulnerabilidade” e “impactos psíquicos”, incluindo pesquisas publicadas em língua portuguesa, nos últimos dez anos (2010 a 2020), que conste em seu conteúdo os impactos psíquicos das vítimas de racismo em contexto de vulnerabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO: É possível perceber que com o surgimento das novas relações sociais e de trabalho que se estabeleceram após a abolição da escravatura, os negros passaram a sofrer com o processo de adaptação, uma vez que se tornaram ex-cativos e precisavam enfrentar as novas circunstâncias que lhes eram impostas (BENVIDO, 2016). Dessa forma, Benvido (2016) aponta que, além dos aspectos culturais, raciais e de identidade que foram desencadeados a partir desse novo contexto, fatores com características psicológicas provocados na mente dessa população, também precisam ser evidenciados, visto que, estes sofrem até hoje com as consequências da desigualdade racial, racismo e preconceito. Concomitante a isso, Pereira (2017) ressalta que, a repercussão do racismo no que diz respeito à saúde mental, está vinculada ao contexto de deslocação social, que inviabilizou a participação do negro no estilo de vida urbana, culminando assim na sensação de isolamento e invisibilidade frente ao âmbito social. Desse modo, pensando em nosso contexto brasileiro, o sujeito negro terá sua identidade construída passando pelas interpolações do racismo (FERRAZ, et al. 2019). Assim, por meio disso, indivíduos que buscam pela formação da identidade e o processo de subjetivação, são vítimas da desvalorização social, onde se situam numa escala de valores desiguais, tem seus direitos violados, e a sua identidade negada. Dessa forma, é possível compreender que fatores como o isolamento em áreas vulneráveis da sociedade, bem como a desigualdade e violência que essa população é submetida evidenciam que o racismo ainda é algo extremamente presente e ocasiona consequências psicológicas nocivas em suas vítimas (PEREIRA, 2017). Nesse sentido, Oliveira (2017) salienta que, a rejeição e discriminação com o negro no Brasil começam desde muito cedo, principalmente nas escolas. Com relação à isso, sabe-se que a idade escolar, é o período em que a criança começa a construir os aspectos de sua personalidade, como o autoconceito e o reconhecimento de seus sentimentos, e angústias através das relações estabelecidas dentro daquele grupo (BISSOLI, 2005). Todo esse processo se desenvolvido de forma negativa poderá prejudicar a evolução dessa criança, causando impactos diretamente sob sua autoestima e sob a constituição da sua identidade pessoal, assim, uma crise nesse contexto, pode desencadear o adoecimento da saúde mental, com o desenvolvimento de transtornos psicológicos como o estresse, a depressão e a ansiedade. A vista disso, Silva (2004) considera que, a saúde mental é um conflito entre forças individuais e ambientais, que determinam o estado de equilíbrio psíquico das pessoas. Assim, o ambiente se torna um fator extremamente importante, para que haja a manutenção desse equilíbrio mental, uma vez que, o contexto social e econômico de uma pessoa em paralelo a esse ambiente, que atua com seus recursos psicológicos e formas de adaptação, irão influenciar para que sua saúde mental e física, se manifestem de forma positiva ou não. Dessa forma, sendo esse o ambiente em que a maioria da população negra reside, são os locais afastados, sem saneamento básico e sem acesso a educação apropriada, os níveis de estresse desses indivíduos são consideravelmente maiores, e a influência destes para o adoecimento mental é visivelmente significativa (OLIVEIRA, 2017). CONCLUSÃO: Desta maneira, constata-se que a internalização de pensamentos negativos coopera para o surgimento de sentimentos inferiores (PANTOJA, 2019). Assim, Pantoja (2019) aponta que, os indivíduos em contexto de vulnerabilidade, encontram-se disponíveis a desenvolverem dificuldades de relações interpessoais, e também transtornos de pensamentos e de comportamentos. Portanto, considerando-se que, o racismo se encontra presente no Brasil, faz-se necessário as intervenções com as vítimas com intuito de amenizar os danos psíquicos ocasionados decorrentes da exclusão social.
REFERÊNCIAS
BENVINDO, D. Reflexões Introdutórias sobre o Sofrimento Social do Ser Negro no Brasil: Racismo, Desigualdades e Ações afirmativas. In 4° Encontro Internacional de Política Social, 11° Encontro Nacional de Política Social, Vitória (ES), 2016.
BISSOLI, M. F. Educação e desenvolvimento da personalidade da criança: contribuições da Teoria Histórico-Cultural. Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, São Paulo, 2005.
FERRAZ, I. T; WONSOSKI, V; RIBEIRO, V. Os efeitos do racismo: de uma patologia do social ao adoecimento psíquico. Londrina, 2019.
GELEDES: Instituto da Mulher negra. População Negra, Racismo e Sofrimento Psíquico, matéria dia 27, Nov, 2011.
OLIVEIRA, D. et al. Aspectos sociocognitivos como eventos estressantes na saúde mental em grupos étnicos e minoritários no Brasil. In: Summa Psicológica UST. Rio de Janeiro, 2017.
PANTOJA, D. C; RODRIGUES, E. C; ABRANTES, D. S. S. O negro e o racismo no brasil: Ênfase nas consequências psicológicas. Revista Arquivos Científicos (IMMES). Vol. 2, 2019.
PEREIRA, R. Trauma Cultural e sofrimento social: Do banzo às conseqüências psíquicas do racismo para o negro. In: XXIX SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA. Brasília, 2017.
Portal Rede Brasil Atual. Males do racismo: A discriminação é o principal motivo pelo qual os negros adoecem mais e morrem mais cedo. Número 65, Novembro 2011, disponível: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/65/males-do-racismo acesso 29, fev, 2020.
SILVA, ML; MIRANDA, D. Saúde mental e racismo. Texto apresentado na III Conferência Nacinal de Saude Mental, Brasília, 2004.

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