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1 6ª SEMANA DIREITO PENAL 2ª FASE 2 Sumário DIREITO PENAL .............................................................................................................................................. 3 Dos Crimes contra a Dignidade Sexual .................................................................................................... 3 Estupro ......................................................................................................................................................... 3 PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL .................................................................................................................. 5 Recurso em Sentido Estrito (RESE) ............................................................................................................... 5 Apelação .......................................................................................................................................................... 27 Revisão Criminal ............................................................................................................................................ 37 Recurso Constitucional Ordinário ............................................................................................................... 46 Embargos Infringentes e de Nulidade ........................................................................................................ 50 Peças de Execução ........................................................................................................................................ 54 Direito Penal – Teoria do delito 3 DIREITO PENAL Dos Crimes contra a Dignidade Sexual Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos Elementos objetivos: 1) Bem jurídico protegido – a liberdade sexual. 2) Sujeito ativo: Após a reforma dos crimes sexuais realizada pela Lei 12.015/09, o estupro passou a ser crime comum, e pode ser praticado por qualquer pessoa; até a alteração de estupro tinha como sujeito ativo apenas o homem. 3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, independentemente do sexo; antes da reforma de 2009 o crime somente protegia a mulher da violência sexual. 4) Sujeito passivo: constranger, significa forçar, compelir ou obrigar a prática de conjunção carnal ou e qualquer outro ato libidinoso. 5) Momento consumativo: a doutrina considera o crime de estupro como crime material, e o resultado consiste na prática da conjunção carnal ou dos outros atos libidinosos. A tentativa é possível. Quando iniciado o constrangimento mediante violência ou grave ameaça, o agente não chega a ter conjunção carnal ou os demais atos libidinosos com a vítima, por circunstâncias alheia a sua vontade. 6) Trata-se de crime de forma vinculada, e o meio exigido pelo tipo penal é a utilização de violência real ou de grave ameaça. 7) não é necessário que o ato libidinoso envolva contato corporal do agente coma vítima; obrigar a vítima a praticar em si os atos libidinosos caracteriza o estupro. Por exemplo, o Direito Penal – Teoria do delito 4 agente que, ameaçando matar a vítima, a obriga a masturba-se; enquanto ele assiste, pratica, estupro. 8) Consiste em tipo misto alternativo, portanto a prática da conjunção carnal ou de qualquer ato libidinoso já caracteriza o crime. Quando a conjunção carnal for praticada com outros atos libidinosos, em contexto único há apenas um estupro. 9) O novo estupro engloba as condutas que no passado caracterizavam estupro e atentado violento ao pudor, crime que deixou de existir com a revogação do artigo 214 do CP, embora a conduta tenha se tornado estupro. 10) O §1º do artigo 213 prevê duas modalidades qualificadas do crime: A primeira ocorre quando resulta em lesão corporal de natureza grave, crime preterdoloso, dolo no estupro e a culpa na lesão corporal. Quando o agente tem o dolo de lesionar e estuprar, ocorre o concurso de crimes; a segunda é a idade da vítima entre 18 e 14 anos. Quanto a vítima é menor de 14 ano, o crime é de estupro de vulnerável previsto no artigo 217-A. 11) A morte é prevista como qualificadora do estupro no §2º do artigo 213, e a qualificadora se caracteriza quando há culpa na morte, crime preterdoloso; existindo dolo de matar e estuprar, há concurso de crimes entre o estupro e o homicídio. 12) O estupro é crime hediondo em todas as modalidades, conforme previsão contida no art.1, V, da Lei 8.072/90. Elementos subjetivos: dolo direto ou indireto Classificação: crimes comum, doloso, comissivo, instantâneo, material, de dano, plurisubsistente e unisubjetivo. Direito Penal – Teoria do delito 5 PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL Recurso em Sentido Estrito (RESE) Conceito e Características Recurso em Sentido Estrito é o recurso através do qual se busca o reexame da decisão, despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, um novo pronunciamento, nas hipóteses taxativamente previstas em lei. Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir quando será cabível o Recurso em Sentido Estrito ou o recurso de Apelação, podendo-se fazer a seguinte diferenciação: REGRA GERAL: Decisão de mérito caberá APELAÇÃO. Decisão interlocutória caberá RESE. Ainda, para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO deve-se verificar se já existe uma sentença, pois, a depender do tipo de sentença, caberá um ou outro recurso. A doutrina ensina que pode haver os seguintes tipos de sentença: a) Sentença Stricto Sensu ou Sentença em termo próprio – é a decisão judicial propriamente dita sobre o mérito do feito, é a sentença que decide o MÉRITO da questão, decidindo de forma intrínseca as questões do processo. Desta sentença, via de regra, caberá Apelação. Vale lembrar que existe a seguinte classificação deste tipo de sentença: Sentença Absolutória Própria ou Perfeita Sentença Absolutória Imprópria ou Imperfeita Sentença Condenatória O juiz absolve o réu inocentando-o. É aquela que inocenta o acusado e não acarreta mais nenhum ônus do ponto de vista penal. O réu também é inocentado, mas a ele é imputada alguma medida de segurança, normalmente será aplicada esta. São as sentenças em que o agente é responsabilizado criminalmente, existindo aplicação de uma pena. Há o acolhimento da pretensão punitiva. Obs.: Medida de Segurança não é pena, tendo em vista que a pena tem a ideia de reeducação do apenado, já a medida de segurança tem fins curativos. *Esta DICA não se aplica às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri. Direito Penal – Teoria do delito 6 b) Sentença Latu Sensu - qualquer decisão do juiz que não resolva o mérito, como as decisões interlocutórias. Todas as sentenças que foram feitas antes de decidir o feito serão consideradas sentenças latu sensu. Desta sentença, via de regra, caberá RESE. Prazo ▪ O prazo para interposição será de cinco dias, a partir da intimação da decisão (art. 586, CPP). ▪ Prazo de dois dias para as razões (art. 588 do CPP). Exceções: Excepcionalmente, o rese terá o prazo de 20 dias para ser interposto, já com as razões inclusas, no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (art. 581, XIV), contado da data da publicaçãodefinitiva da lista de jurados, conforme art. 586, parágrafo único do CPP. Por fim, outra característica peculiar do Recurso em Sentido Estrito é a de que ele possui efeito regressivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhecimento das razões e contrarrazões das partes, reavaliar e modificar sua decisão. Ou seja, no RESE é permitido ao próprio juiz prolator da decisão recorrida retratar-se desta antes da remessa do recurso ao juízo ad quem, nos exatos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal. Endereçamento No que se refere ao endereçamento do rese, via de regra, a petição de interposição do RESE é endereçada ao juiz do feito, e as razões para o Tribunal respectivo (TJ ou TRF). A exceção é no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (Art. 581, XIV), quando a petição de interposição será endereçada ao Presidente do Tribunal (TJ ou TRF), assim como as razões. Direito Penal – Teoria do delito 7 PARA FACILITAR: VAMOS SISTEMATIZAR PARA DECORAR? RESE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO - Dirigida ao juiz da vara criminal que proferiu a sentença; - No caso de inclusão ou exclusão do jurado, deve ser dirigida ao Presidente do Tribunal; - Deve ser pedido o recebimento e o processamento do RESE, a reforma da decisão recorrida e que, caso seja mantida a decisão, seja feita a remessa ao Tribunal competente. RAZÕES - Dirigida ao Tribunal competente; - Deve-se requerer o provimento do recurso e a reforma da decisão prolatada.; - O acusado deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 2 dias. - Caso o juiz venha a reformar sua decisão, caberá ao recorrido intentar petição, no prazo de 5 dias, para subida dos autos. Caso o magistrado não modifique a decisão, deverá ele mesmo fazer a remessa dos autos à instância superior. 1ª HIPÓTESE RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição ⇨ 2 dias para as razões ⇨ intimação do acusado ⇨ 2 dias para contrarrazões ⇨ Juiz reforma a sua decisão ⇨ recorrido tem 5 dias para peticionar a subida dos autos. 2ª HIPÓTESE RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição ⇨ 2 dias para as razões ⇨ intimação do acusado ⇨ 2 dias para contrarrazões ⇨> Juiz não reforma a sua decisão ⇨ Juiz remete os autos a instância superior. Direito Penal – Teoria do delito 8 Hipóteses específicas de cabimento O recurso em sentido estrito cabe nas hipóteses previstas no art. 581, do Código de Processo Penal. Trata-se de rol taxativo. Vale ressaltar, também, que algumas das situações elencadas no artigo 581 do Código de Processo Penal não comportam mais RESE, submetendo-se ao Agravo em Execução. Outras, simplesmente não possuem mais aplicação prática ou foram revogadas tacitamente por outros dispositivos legais. Posto isto, vale analisar as hipóteses de cabimento do RESE que ainda estão plenamente em vigor. Assim, caberá recurso em sentido estrito da decisão, despacho ou sentença: I) que rejeitar a denúncia ou queixa. Cuida-se da hipótese de recurso contra decisão interlocutória mista terminativa ou, simplesmente, sentença terminativa. Na situação inversa, ou seja, de recebimento da denúncia ou queixa, é incabível esse recurso, podendo o acusado valer-se do habeas corpus. Exceções: Em se tratando de decisão que rejeita denúncia ou queixa que capitula infração de competência do Juizado Especial Criminal, será também cabível apelação para a Turma Recursal (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95). Saiba mais! Admite a jurisprudência, também, ser cabível o RESE com tal fundamento quando a decisão rejeita o aditamento da denúncia. II) que concluir pela incompetência do juízo. Trata-se da decisão pela qual o julgador reconhece espontaneamente (ex officio) sua incompetência para julgar o feito, sem que tenha havido oposição de exceção pelas partes (procedimento incidental), pois, nesta última hipótese, o recurso terá fundamento no inciso III. Obs: Havendo desclassificação na fase da pronúncia (art. 419) em crimes de competência do júri, cabível a interposição do recurso com fulcro neste inciso. III) que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição. O art. 95, do CPP, enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada. Direito Penal – Teoria do delito 9 - No que se refere às exceções de incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte e coisa julgada, elas são processadas em apartado e decididas pelo próprio juiz da causa, nos exatos termos do art. 111 do CPP. Caso o juiz da causa decida pela procedência destas exceções será cabível a interposição do RESE com fundamento no inciso III, do art. 581 do CPP. - Em relação à decisão que julga procedente a exceção de incompetência do juízo, deve- se ter cuidado, tendo em vista que neste caso não é o próprio juiz que decide de ofício pela incompetência do juízo (o que ensejaria a interposição do rese com base no inciso II, do art. 581 do CPP) e sim a decisão de incompetência é motivada pela interposição de uma exceção, ou seja, há o reconhecimento da incompetência do juízo através de um requerimento da parte. - Por sua vez, no que diz respeito à decisão que julgar procedente a exceção de suspeição existe uma ressalva trazida pelo próprio inciso III, do art. 581 do CPP. Neste caso não será cabível a interposição do RESE, tendo em vista que nesta hipótese o duplo grau de jurisdição será automático, podendo ocorrer as seguintes situações: 1ª) Caso o magistrado concorde com a exceção de suspeição, decretará a suspensão do processo e a remessa dos autos ao substituto. Neste momento ocorrerá um controle jurisdicional, realizado pelo Tribunal, pois cabe ao Presidente designar qual o magistrado será o substituto. 2ª) Caso o juiz discorde da exceção de suspeição, os autos, obrigatoriamente, devem ser encaminhados a instância superior. *ler artigos 99 e 100 do CPP IV) que pronunciar o réu. No primeiro caso, temos uma decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra uma fase do procedimento, sem julgar o mérito, isto é, sem declarar o réu culpado. Obs.: Em relação às decisões que podem ser proferidas em sede de Tribunal do Júri, vale lembrar a possibilidade de interposição dos seguintes recursos: o Pronúncia – cabe RESE com fundamento no art. 581, IV, do CPP. o Desclassificação – cabe RESE com fundamento no art. 581, II ou III, do CPP. o Impronúncia – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. o Absolvição Sumária – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. V) que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante. A concessão da fiança, medida de contra-cautela, é regulada pelos arts. 322 e seguintes, do CPP.A decisão pela qual o juiz confirma a fiança arbitrada pela autoridade policial equivale à de arbitramento pelo magistrado, sendo cabível o recurso em sentido estrito. As partes Direito Penal – Teoria do delito 10 podem insurgir-se contra a decisão ainda que para discutir somente o valor da fiança exigida, quando o reputem insuficiente ou exagerado. O recurso pode ser tirado, também, da decisão que conceder a liberdade provisória ou relaxar prisão em flagrante. Obs : a decisão que decreta a prisão preventiva, ou aquela que indefere pedido de relaxamento do flagrante, bem assim a decisão que não concede a liberdade provisória, são irrecorríveis, podendo ser objeto de impugnação por via de habeas corpus. VII) que julgar quebrada a fiança ou perdido se valor. Considera-se quebrada a fiança nas seguintes hipótesesdos arts. 327, 328, 341, 344 do CPP. Decretada a quebra da fiança ou o perdimento de seu valor, caberá recurso em sentido estrito. VIII) que decretar a prescrição ou julgar por outro modo, extinta a punibilidade. Reconhecida a existência de qualquer causa extintiva da punibilidade, é cabível o recurso em sentido estrito. Ver art. 397, IV, CPP. Obs: As decisões proferidas em sede de execução, no entanto, são impugnáveis por via de agravo (art. 197, da LEP). IX) que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade. Passível de impugnação por via do recurso em sentido estrito a decisão que desacolhe requerimento de reconhecimento de causa extintiva da punibilidade. X) que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. Proferida a sentença em habeas corpus pelo juiz de primeiro grau, poderá ser interposto recurso em sentido estrito. Obs: A decisão concessiva da ordem, além de impugnável pelo recurso voluntário, está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (recurso de ofício), nos termos do disposto no art. 574, inciso I, do CPP. XI) que conceder, negar ou revogar a suspensão da pena (art. 77, CP) XIII) que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte. Direito Penal – Teoria do delito 11 A decisão pela qual o juiz declara nulo o processo, no todo ou em parte, é enfrentada pelo recurso em sentido estrito (art. 564 e segs. CPP). XIV) que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir. Anualmente, é organizada a lista geral de jurados, que se publicará em novembro e poderá ser alterada de ofício ou por reclamação de qualquer do povo, até a publicação da lista definitiva, que ocorre no dia 10 de novembro de cada ano (art. 426, § 1º, CPP). A lista definitiva pode, então, ser impugnada por via de recurso em sentido estrito, no prazo de 20 dias, dirigido ao presidente do Tribunal de Justiça. Obs: Podem recorrer o Ministério Público e qualquer do povo que tenha interesse, em geral o jurado excluído ou incluído na lista (art. 426, CPP). XV) que denegar a apelação ou a julgar deserta. Cabível o recurso em sentido estrito da decisão que, por qualquer motivo, nega seguimento à apelação. Trata-se de decisão por meio da qual o magistrado realiza juízo de admissibilidade do recurso. Obs: Cuida-se de exceção à regra segundo a qual é cabível a carta testemunhável como meio de impugnar decisão que nega seguimento a recurso. Assim, se o juiz não recebe o recurso em sentido estrito interposto contra a decisão que negou seguimento à apelação, poderá a parte valer-se da carta testemunhável. XVI) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial. As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP. A regra é a de que o juiz, no curso da instrução criminal, não está adstrito às provas apresentadas pelas partes. Desta forma, entende-se que o juiz é livre para produzir as provas que bem entender, que julgue relevantes, necessárias e pertinentes, a única exigência é que a prova seja lícita. Ao magistrado cabe o conhecimento da verdade real, ele tem que chegar ao seu conceito sobre o fato e se a prova for lícita ele poderá determinar a produção de provas de ofício. Entretanto, existem casos em que o juiz, para decidir uma questão de mérito, necessita da produção de prova de outra esfera, diferente da esfera penal. Neste caso estamos diante de uma questão prejudicial de natureza extrapenal ou heterogênea. Diante de uma questão prejudicial heterogênea se o magistrado tiver que dirimir dúvida sobre o estado civil de pessoas e esta questão tiver que ser solucionada para caracterizar o crime (alguma de suas elementares) ele terá que remeter o caso ao juiz cível e deve suspender o processo (não corre prazo de nada), existindo o que a doutrina chama de questão prejudicial heterogênea obrigatória. Direito Penal – Teoria do delito 12 Neste caso o juiz criminal manda para o juiz cível e espera que este seja resolvido. Há uma controvérsia sobre direito civil que verse sobre o estado de pessoa, a lei proíbe que o juiz solucione, devendo mandar o feito para a esfera civil, conforme os art. 92 e 93 do CPP. Vale ressaltar que a controvérsia deve ser indispensável para caracterizar a elementar do crime, se não for indispensável, o juiz pode decidir sem necessidade de sustar o feito e remeter o processo para o juízo cível, existindo, neste caso, o que a doutrina chama de questão prejudicial heterogênea facultativa. Neste caso, o próprio juiz do feito criminal é que irá decidir a questão prejudicial mencionada No caso de decisão que julgar questão prejudicial heterogênea facultativa, como não há a suspensão do processo, não há o cabimento de rese. XVIII) que decidir o incidente de falsidade (art. 145, CPP). O dispositivo refere-se à decisão proferida no processo incidente instaurado a pedido de alguma das partes para constatar a autenticidade de documento que se suspeita falso. Obs: Os incisos XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII foram “derrogados” pela Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84). PRESTE ATENÇÃO EM ALGUMAS HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO DE RESE: ▪ Da decisão que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774 (art. 581, XXI, CPP), não cabe recurso, pois o art. 774 do CPP foi revogado tacitamente pela lei de execuções penais. ▪ Da decisão que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, CPP) não cabe recurso algum, pois esta hipótese foi revogada tacitamente pela modificação do art. 51 do Código Penal, que converteu a multa em dívida de valor, não tornando mais possível a sua conversão em prisão. Há ainda, no artigo supramencionado, alguns casos em que não cabe rese, mas sim agravo em execução. São os incisos: XI, XII, XVII, XIX, XX, XXII, XXIII do art. 581 do CPP. Direito Penal – Teoria do delito 13 Vejamos, a seguir, 3 cuidados que precisamos ter: Estrutura do Recurso em Sentido Estrito Petição de interposição Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE __________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _______________ (Endereçamento ao Juizado Especial) Processo número: (Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, às fls. ___________, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _____________, conforme fls. _________________, interpor tempestivamente o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ou CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Direito Penal – Teoria do delito 14 com fundamento no art. 581, (indicar inciso) __ ou art. 588 (Contrarrazões), do Código de Processo Penal. Em se tratando do CTB, fundamentar no art. 294, parágrafo único da Lei 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro. Interpondo RESE em face do constante no Decreto-Lei 201, a fundamentação será no art. 2º, III do Decreto-Lei 201/67. Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado a superior instância parao devido processamento e julgamento. ou Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal), onde serão processados e não provido o presente recurso (Requerimento acerca das contrarrazões). Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB Razões ou Contrarrazões Endereçamento: RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL (DE JUSTIÇA OU REGIONAL FEDERAL) COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES Endereçamento para Turma Recursal dos Juizados Especiais RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIA TURMA RECURSAL COLENDA TURMA ÍNCLITOS JULGADORES 1. Dos Fatos Seja mais resumido nos fatos, e mais enfático no resumo do processo. Cita-se o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Deve-se expor como se chegou à sentença. No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: “A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos” Direito Penal – Teoria do delito 15 2. Das Preliminares Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição 3º) Art. 564 CPP – Nulidades 4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória. 3. Do Mérito Fale logo do mérito no primeiro parágrafo, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no mérito. Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito pertinente ao caso e os artigos correlatos. 4. Do Pedido Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e demais pedidos subsidiários possíveis. ou Nas contrarrazões deve-se fazer um pedido principal de não provimento do recurso e manutenção da decisão. Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB Casos Práticos Casos práticos resolvidos Felipe e Gabriel são amigos há vários anos e são fanáticos pela prática de alpinismo, fazendo, inclusive, inúmeras escaladas em várias montanhas do Brasil. No dia 22 de outubro de 2013, ao realizarem uma escalada na montanha do Estado de Alfa, Felipe percebeu que a corda que o sustentava começou a se romper, ocasião em Direito Penal – Teoria do delito 16 que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda de Gabriel, também sustentado pela mesma corda. Tal conduta provocou a morte imediata de Gabriel, tendo Felipe sido salvo. Em virtude da situação apresentada, Felipe foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, tendo em vista que, segundo o promotor de justiça competente, Felipe cortou dolosamente a corda que o sustentava e à vítima, quando os dois estavam escalando uma montanha, o que tornou impossível qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. A denúncia foi apresentada com base em provas colhidas em um inquérito policial, tendo sido juntada perícia tanatoscópica comprovando a morte de Gabriel. O Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município Delta do Estado Alfa recebeu a denúncia e mandou citar o réu para apresentar defesa. Este apresentou resposta no prazo legal. Na audiência de instrução, realizada no dia 16 de julho de 2014, o réu foi ouvido e informou que realmente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, pois a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. Além disso, foram ouvidas testemunhas da acusação que não viram o crime, mas informaram que Felipe e Gabriel, de fato, eram amigos desde crianças e não sabiam de nenhuma rixa entre os dois que pudesse ocasionar vontade por parte do réu de matar a vítima. Inexistindo testemunha de defesa arrolada ao processo, as alegações finais foram realizadas de maneira oral, tendo o representante do Parquet se manifestado pela pronúncia do réu, nos mesmos termos da denúncia, tendo requerido a defesa a absolvição sumária do agente. O magistrado, em audiência, prolatou sentença de pronúncia pelo crime de homicídio simples, retirando a qualificadora em virtude de sua manifesta ilegalidade, intimando as partes no referido ato. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na condição de advogado(a) de Felipe, redija a peça cabível à impugnação da mencionada decisão, respeitando as formalidades legais e desenvolvendo, de maneira fundamentada, as teses defensivas pertinentes. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DO MUNICÍPIO (ou COMARCA) DELTA DO ESTADO ALFA Processo número: Felipe, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls. ____, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de pronúncia, conforme fls. ___, interpor tempestivamente o presente Direito Penal – Teoria do delito 17 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado à superior instância para o devido processamento e julgamento. Termos em que, Pede deferimento. Município Delta, Estado Alfa, data. Advogado, OAB RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 1. Dos Fatos O recorrente foi pronunciado por ter supostamente cometido o crime de homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, perante o Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município (ou Comarca) Delta do Estado Alfa, pois teria cortado dolosamente a corda que sustentava o recorrente e a vítima, quando os dois estavam escalando uma montanha, o que teria tornado impossível qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. Consta nos autos que o recorrente e a vítima estavam realizando uma escalada de uma montanha, quando Felipe percebeu que a corda que o sustentava junto à montanha estava prestes a se romper, ocasião em que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda da vítima, também sustentada pela mesma corda. Tal conduta provocou a morte imediata de seu amigo de muitos anos, propiciando o salvamento do recorrente. Na audiência de instrução, o recorrente foi ouvido e informou que realmente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que Direito Penal – Teoria do delito 18 notou que a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. 2. Das Preliminares Preliminarmentecumpre esclarecer a ocorrência manifesta do estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, I em combinação com o art. 24, ambos do Código Penal. Por último, cumpre esclarecer ainda em sede de preliminar, que não existe interesse de agir, faltando uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. 3. Do Mérito Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de ilicitude de estado de necessidade, pela simples leitura das provas produzidas no decorrer do processo, razão pela qual o recorrente deveria ter sido absolvido sumariamente e não pronunciado. Consta dos autos que o recorrente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que verificou que a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos do estado de necessidade estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos arts. 23, I e 24 do Código Penal. O recorrente estava diante de um perigo atual (é o perigo que está ocorrendo, é o perigo presente, concreto), pois a corda que segurava o recorrente e a vítima ia se romper, o que causaria a morte do recorrente e da vítima. Houve ameaça a direito próprio já que a própria vida do recorrente estava em jogo. A situação de perigo não foi causada voluntariamente pelo recorrente, tendo em vista que o recorrente não criou a situação de perigo que passou. Não havia outra forma de proteger a própria vida do recorrente, ou seja, Felipe não tinha alternativa para evitar a morte de seu amigo e proteger o seu direito ameaçado, pois ou ele cortava a corda e se salvava, ou então tanto o recorrente quanto a vítima iriam morrer. E, por fim, o sacrifício do direito ameaçado do recorrente, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, ou seja, a situação de perigo atual pela qual passou o agente não exigia que ele sacrificasse o seu direito (sua própria vida) que foi ameaçado. Desta forma, estão presentes todos os requisitos do estado de necessidade, razão pela qual a absolvição sumária se impõe a Felipe. Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Ora, como o recorrente está amparado pela excludente da ilicitude do fato de estado de necessidade, art. 23, I e art. 24, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. Direito Penal – Teoria do delito 19 4. Dos Pedidos Diante do exposto, requer o provimento do recurso e a reforma da sentença para que seja Felipe absolvido sumariamente em virtude de causa de exclusão do crime, qual seja, o estado de necessidade, nos termos do art. 415, IV do Código de Processo Penal. Caso não seja acolhido o pedido acima, o que não se espera, requer-se a anulação da decisão de pronúncia, em virtude da nulidade de falta de condição para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir, ocasião em que o processo sequer deveria ter sido iniciado. Termos em que, Pede deferimento. Município Delta, Estado Alfa, data. Advogado, OAB Caso Prático Proposto Francinaldo foi denunciado pelo representante do Ministério Público pela prática de crime capitulado no artigo 121, § 2º, IV do Código Penal, qual seja, homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa da vítima. A exordial acusatória narra que em agosto de 2013, por volta das 13h30min, em Recife, capital do Estado de Pernambuco, o acusado, com o animus necandi, causou na vítima ferimentos que provocaram a sua morte. Instaurado Inquérito Policial para apurar a prática delitiva, o acusado confessou o crime, todavia informou que agiu daquela maneira porque Marcos, vítima dos atos, teria partido para cima dele no intuito de matá-lo. Ainda em sede policial, testemunhas presenciaram a ocorrência do crime, mas nada informaram acerca da autoria e materialidade do referido delito. O juiz da 2º Vara do Tribunal do Júri de Recife, capital do Estado de Pernambuco, em setembro de 2013 recebeu a inicial acusatória, pois, analisando a denúncia, verificou que esta preenchia os requisitos constantes no artigo 41 do Código de Processo Penal, citando o acusado para oferecer resposta a qual foi apresentada regularmente. Na audiência de instrução e julgamento, a testemunha de acusação Natasha, presente no local da conduta, confirmou ser Francinaldo o autor do homicídio, mas que agiu dessa maneira porque Marcos possuía uma arma de fogo e tinha a intenção de matá-lo, já que eram inimigos de longas datas. Contou ainda a testemunha ocular que Marcos, ao chegar ao bar onde ocorreu o crime, gritou para todo mundo ouvir que iria matar Francinaldo porque, segundo palavras da própria vítima, “era impossível viver no mesmo ambiente que ele”. Depois disso, partiu Direito Penal – Teoria do delito 20 pra cima do réu que conseguiu pegar a arma da vítima, dando três tiros suficientes para cessar a agressão, tendo Marcos caído no chão já sem vida. Finda a instrução probatória, o representante do parquet pugnou pela pronúncia do acusado, nos termos da denúncia, com fundamento no art. 413 do Código de Processo penal. A defesa, por sua vez, manifestou-se pela absolvição sumária. O magistrado, na mesma audiência, apesar de não realizada nem acostada aos autos a perícia tanatoscópica, prolatou decisão de pronúncia pela prática do crime de homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa da vítima, com fundamento no art. 121, § 2º, IV do Código Penal, intimando você, como advogado do acusado da referida decisão. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. RESPOSTA: ▪ Peça: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV do Código de Processo Penal. ▪ Competência: o Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE RECIFE CAPITAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO o Razões: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES OBS.: Requerer o juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal. ▪ Tese: o Preliminares: Alegação da preliminar de nulidade pela ausência do exame de delito, nos moldes do art. 564, III, “b” em combinação com o art. 158, ambos do Código de Processo Penal. * Preliminar de excludente de ilicitude, qual seja, legítima defesa. * Preliminar de falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação, com fundamento no art. 395, II do Código de Processo Penal. * Preliminar de ausência de justa causa para o exercício da ação penal, com fundamento no art. 395, III do Código de Processo Penal. Direito Penal – Teoria do delito 21 o Mérito: Alegar a ocorrência do instituto da legítima defesa, excludente de ilicitude prevista o art. 23, II em combinação com o art. 25, ambos do Código Penal. ▪ Pedido: o Principal: Provimento do recurso e reforma da decisão para decretar a absolvição sumária, com fundamento no art. 415, IV do Código de Processo Penal. o Subsidiários: Pedido de anulação da instrução probatória em virtude das preliminares levantadas. - Pedido de impronúncia, com fundamento no art. 414 do Código de Processo Penal, pela falta de prova da materialidade do fato e indícios suficientesde autoria Direito Penal – Teoria do delito 22 APELAÇÃO 1. Conceito e características 1.1. Hipóteses de cabimento e não cabimento A apelação, na regra geral, é o recurso cabível nos casos em que forem proferidas sentenças judiciais que julguem o mérito ou que possuam caráter definitivo. Desta forma, não é cabível o recurso de apelação para atacar os despachos de mero expediente (são sempre irrecorríveis), e, via de regra, também não é cabível apelação para atacar decisões interlocutórias. Vejamos melhor o segundo caso, no próximo tópico: 1.2. Apelação e decisões interlocutórias As decisões interlocutórias são classificadas da seguinte forma: Observa-se que somente as decisões interlocutórias mistas terminativas ou não terminativas é que poderão ser atacadas, de forma residual, pela apelação (art. 593, II do CPP). Primeiro, o candidato deve primeiro verificar se existe alguma hipótese de rese para atacar as referidas decisões interlocutórias mistas terminativas ou não-terminativas. Caso não exista hipótese, será perfeitamente viável a interposição da apelação. Ex. A decisão que indefere o pedido de restituição de coisa apreendida é uma decisão interlocutória mista não terminativa, tendo em vista que extingue o procedimento de Decisões interlocutórias simples São todas aquelas que visam decidir questões incidentais que surjam antes da sentença de mérito e que não acarretem a extinção do processo ou de algum procedimento. Ex.: decisão que concede a liberdade provisória. Não cabimento: Para este tipo de decisão interlocutória nunca será possível a apresentação do recurso de apelação. Será cabível apenas o rese, se houver hipótese específica de cabimento deste recurso. Caso não haja, ela será irrecorrível. Decisões interlocutórias mistas Dividem-se em: a) terminativas/definitivas: acarretam a extinção do processo ou de um procedimento. Ex. Decisão que não recebe a denúncia ou queixa; b) não-terminativas – são aquelas que extinguem uma etapa do procedimento, mas não acarretam a extinção do processo. Ex. Decisão que pronúncia o réu no rito do tribunal do júri. Cabimento residual: art. 593, II do CPP. Direito Penal – Teoria do delito 23 restituição de coisa apreendida, mas não acarreta a extinção do processo. Neste caso, como não existe uma hipótese específica de cabimento de rese no art. 581 é possível a utilização residual da apelação com fundamento no art. 593, II, do CPP. 1.3. Prazos da apelação ▪ Interposição de apelação: 5 dias (art. 593 do CPP); ▪ Razões ou contrarrazões: 8 dias (art. 600 do CPP). Obs.: Deve-se ter cuidado em relação à apelação no rito sumaríssimo, pois nos Juizados Especiais Criminais a apelação terá o prazo de 10 dias para a apresentação de razões e contrarrazões, nos exatos termos do art. 82, § 1º, da Lei nº 9099/95. No que se refere à contagem do prazo da apelação é bom ficar atento, pois diferentemente do Processo Civil, o prazo de apelação no Processo Penal começa a correr da data da intimação da sentença e não da juntada do mandado aos autos, caso esta tenha sido feita por oficial de justiça, nos termos da Súmula 710 do STF. FIQUE ATENTO! 1º) A petição de interposição é sempre endereçada ao juiz do feito, aquele que proferiu a sentença. Já as razões da apelação serão endereçadas para o Tribunal competente respectivo. 2º) Somente se pode apelar sobre o que é compreensível. No caso de o juiz proferir uma sentença condenatória, mas houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão em sua fundamentação, a primeira providência recursal será apresentar embargos de declaração e não a apelação. 2. Hipótese de cabimento O rol de hipóteses de apelação consta no art. 593 do CPP, sendo considerado pela doutrina e jurisprudência meramente exemplificativo. Vejamos as hipóteses de que trata o referido artigo: a) Sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular (art. 593, I, CPP) Direito Penal – Teoria do delito 24 Será cabível o recurso de apelação quando o juiz proferir sentença condenando ou absolvendo o réu. Estas são as sentenças consideradas definitivas, já que resolvem o mérito da causa. CONSULTE SEU CÓDIGO! As disposições referentes às sentenças condenatórias e absolutórias estão previstas no art. 386 e 387 do CPP, no caso de rito comum ordinário e sumário, bem como no art. 492, I e II, do CPP, no caso de rito do Tribunal do Júri. Obs.: A previsão constante do art. 593, § 4º do CPP, no sentido de que quando for cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra, somente vale para a apelação com fundamento no art. 593, I, do CPP, tendo em vista que, no caso de existir a hipótese do art. 593, II, do CPP, a apelação será considerada residual, como já foi explicado. b) Decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no capítulo anterior (art. 593, II, CPP)) Esta hipótese de apelação é chamada de residual, pois ocorre todas as vezes que o juiz resolver uma questão definitiva ou com força de definitiva e que não era caso de Recurso em Sentido Estrito, conforme já foi devidamente explicado. c) Decisões do tribunal do júri, quando (art. 593, III, CPP): I. Ocorrer nulidade posterior à pronúncia (art. 593, III, a, CPP): Esta hipótese de apelação relaciona-se às nulidades relativas, tendo em vista que as nulidades absolutas podem ser alegadas em sede de apelação mesmo que tenham ocorrido antes da pronúncia.1 1 Nulidade Absoluta – pode ser arguida a qualquer tempo, a qualquer instante do processo, até em sede de segundo grau. Neste caso, poderá ser utilizada a apelação com base no art. 593, III, a, do CPP mesmo que a nulidade tenha ocorrido ANTES ou APÓS a pronúncia do réu. / Nulidade Relativa – são arguíveis em tempo hábil ou irão gerar preclusão. Normalmente elas são alegadas na resposta à acusação, pois se não for questionada neste momento haverá preclusão. Assim, no caso de existirem nulidades relativas ocorridas após a pronúncia, deve a defesa argui-las na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos, sob pena de preclusão. Caso a parte tenha alegado a nulidade relativa ocorrida posteriormente à pronúncia e seja proferida uma sentença, após a deliberação dos jurados, que não reconheça a ocorrência da referida nulidade, será cabível a apelação com fundamento no art. 593, III, a, do CPP. Direito Penal – Teoria do delito 25 É necessário destacar, ainda, a possibilidade de apelação com base nesse inciso se houver qualquer nulidade posterior à pronúncia, não arguida na fase do art. 422 do CPP, que geraria nulidade absoluta do processo, como o caso de suspeição do juiz. Apresentada a apelação com base no fundamento da nulidade processual, deverá ser pedida a invalidação do ato considerado nulo, ou seja, pede-se a anulação do feito em razão da nulidade. II. For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados (art. 593, III, b, CPP) No tribunal do júri, o juiz presidente está adstrito à decisão dos jurados em matéria de mérito. Em caso de descumprimento, seja da decisão do Conselho de Sentença, seja de previsão legal, caberá hipótese de Apelação com base nesta alínea. Ex. Os jurados decidiram que houve homicídio simples, mas o juiz sentenciou o agente, dosando a pena como homicídio qualificado. Neste caso, deverá ser apresentada Apelação. Saiba mais! Na apelação com base neste inciso, deve-se pedir a retificação da sentença do juiz presidente pelo Tribunal (§ 1º, do art. 593 do CPP), na medida em que esta hipótesevisa impugnar apenas sentença do juiz presidente do Tribunal do Júri, não havendo qualquer afronta ao princípio constitucional de soberania dos vereditos. III. Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança (art. 593, III, c, CPP) Nesta hipótese, o juiz presidente, após a deliberação dos jurados, aplicou a pena de forma incorreta – no quantum ou na qualidade da pena que deveria ter sido imposta ao condenado. Ex. Os jurados decidiram que o réu deve ser isento de pena em decorrência de erro de proibição e merece tratamento ambulatorial devendo ser aplicada medida de segurança, mas o juiz condenou o réu a pena privativa de liberdade. Ex. Os jurados condenaram o réu pelo crime de aborto, mas o juiz aplica o regime inicial de pena em fechado, mesmo a pena mínima sendo inferior a 4 anos. Na apelação com base neste inciso deve-se pedir a retificação da decisão pelo Tribunal, modificando-se a pena, como bem prevê o § 2º, do art. 593 do CPP. IV. For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III, d, CPP) Direito Penal – Teoria do delito 26 Esta hipótese somente ocorrerá no caso de existir uma contradição gritante entre a decisão dos jurados e as provas trazidas aos autos. Esta hipótese tem como razão de existir o fato de que a soberania dos veredictos no júri não é tida de forma absoluta. Ex.: Resta provado nos autos que o réu agiu em legítima defesa, entretanto, o conselho de sentença resolve condená-lo. Na apelação com base neste inciso, deve-se pedir a nulidade do feito, devendo haver a realização de um novo julgamento e com novos jurados, nos termos da Súmula 206 do STF e do art. 593, § 3º, do CPP. Quanto a esta hipótese de cabimento, existe, ainda, a previsão do art. 593, § 3º, do CPP, no sentido de que não poderá ser usado este fundamento, novamente, em outra apelação e no mesmo processo. Ou seja, esta hipótese de apelação somente é cabível uma única vez. Caso os jurados venham a decidir novamente de forma manifestamente contrária à prova dos autos, deverá ser respeitada a soberania dos veredictos e o critério da íntima convicção. Saiba mais! A maioria da doutrina entende que as hipóteses de apelação do rito do Tribunal do Júri são de fundamentação vinculada, ou seja, somente será cabível a apelação se houver o enquadramento do caso em alguma hipótese prevista no art. 593, III, do CPP. Esta conclusão é uma decorrência da Súmula 713 do STF, que determina que “o efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. No caso de serem proferidas sentenças de impronúncia ou absolvição sumária a fundamentação da apelação será no art. 416 do CPP e NÃO no art. 593, III, do CPP, tendo em vista disposição legal expressa neste sentido. Cuidado! É possível o intento de Apelação, no caso do Rito previsto na Lei 8.666/93, com prazo de interposição de 05 dias. Nesse sentido: Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo de 5 (cinco) dias. Direito Penal – Teoria do delito 27 3. Estrutura da Apelação 3.1. Petição de interposição Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE _________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ______________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE ___________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Estadual) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _____________________ (Endereçamento do Juizado Especial Criminal) Processo número: (Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, às fls. ____, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _________, conforme fls. ____, interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO ou CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO com fundamento no art. 593, (indicar inciso) ______ ou art. 416 (no caso de absolvição sumária ou impronúncia), ambos do Código de Processo Penal, art. 82 da Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Criminais (no caso de Apelação nos crimes de pequeno potencial ofensivo), art. 105 da Lei 8.666/93 (no caso de crimes previstos na Lei de Licitação), art. 600 (no caso de contrarrazões de Apelação), do Código de Processo Penal ou ainda art. 82, § 2º da Lei 9.099/95 (no caso de Contrarrazões de Apelação no Juizado Especial Criminal). Direito Penal – Teoria do delito 28 Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal), onde serão processados e provido o presente recurso. ou Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal), onde serão processados e não provido o presente recurso (Requerimento no caso de contrarrazões). Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB 3.2. Razões ou Contrarrazões de apelação Endereçamento: RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DA APELAÇÃO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL (TRIBUNAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL) COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES Endereçamento a Turma Recursal dos Juizados Especiais: RAZÕES DA APELAÇÃO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIA TURMA RECURSAL COLENDA TURMA ÍNCLITOS JULGADORES Direito Penal – Teoria do delito 29 1. Dos Fatos Seja mais sucinto no resumo dos fatos e mais enfático no resumo do processo. Cita-se o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Não precisa fazer dois pontos distintos, falar quando houve a publicação da sentença é fase processual, deve-se expor como se chegou até a sentença. No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: “A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos”. 2. Das Preliminares Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição 3º) Art. 564 CPP – Nulidades 4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória. 3. Do Mérito Fale logo do mérito, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no mérito. Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito pertinente ao caso e os artigos correlatos. 4. Do Pedido Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e demais pedidos subsidiários possíveis. Nas contrarrazõesdeve-se um pedido principal de não provimento do recurso e manutenção da decisão. Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB Direito Penal – Teoria do delito 30 Seguem algumas dicas super importantes: 1) Caso a apelação tenha sido feita pela parte acusatória a defesa seguirá a mesma linha. Na petição de interposição o nome será CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, com fundamento no art. 600 do Código de Processo Penal. 2) Em se tratando de crime do rito do Tribunal do Júri, logo na interposição, o apelante deve indicar a motivação de seu recurso, em consonância com a súmula 713 do STF. Ao apresentar suas razões, este estará adstrito à motivação indicada na interposição. Ou seja, no caso de apelação do Rito do Tribunal do Júri a apelação é de fundamentação vinculada e cabe nas hipóteses trazidas pelo art. 593, III, do CPP. Nos termos da Súmula 713 do STF. Súmula 713 STF – O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. 4. Casos práticos 4.1. Caso prático resolvido Danila foi denunciada pelo representante do Ministério Público pela prática de lesão corporal de natureza grave, nos termos do art. 129, §1º, I do Código Penal. A exordial acusatória informa que no dia 22 de junho de 2013 à tarde, Karen, vítima dos presentes autos, foi lesionada pela acusada no ambiente de trabalho, ficando incapacitada para exercer as atividades laborativas por mais de 30 dias, tudo conforme consta no Inquérito Policial realizado pela autoridade competente. Em sede policial, a acusada não foi ouvida, pois no dia que foi intimada para prestar os esclarecimentos, estava viajando a trabalho. Duas testemunhas prestaram seus depoimentos no curso do inquérito, mas nada souberam informar da prática delitiva. A vítima prestou esclarecimentos na polícia, não sendo realizada a perícia traumatológica no Instituto de Medicina Legal e informou não ter visualizado o momento do empurrão, mas acreditava que este tinha sido proferido por Danila, em virtude dos diversos problemas existentes entre acusada e vítima ao longo da fatídica semana que ocorreu o crime. Com base nas informações colhidas na fase inquisitorial, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia, a qual foi recebida pelo Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, vez que, no entendimento do magistrado, a inicial cumpriu todos os requisitos previstos no artigo 41 do Código de Processo Penal. Direito Penal – Teoria do delito 31 Citada para oferecer resposta à acusação, não constituiu advogado, razão pela qual foi nomeado o defensor público da vara para realizar a referida resposta. Na fase instrutória, a vítima foi ouvida, ratificando em todos os seus termos os esclarecimentos prestados na fase de inquérito. Todavia, ao ser questionada sobre os problemas ocorridos na semana do crime, não quis se manifestar. Sindy e Bruna, funcionárias do mesmo escritório que Danila e Karen, em seus depoimentos, não informaram nada de relevante para a elucidação do fato, não sabendo sobre a possível adversidade existente entre acusada e vítima. Danila, em seu interrogatório, informou não serem verdadeiras as imputações realizadas, além de esclarecer não possuir nenhum tipo de rixa com Karen. Ao final da instrução probatória, a acusada requereu a constituição de advogado para patrocinar a sua defesa nos demais atos do processo. Diante da complexidade do caso, o juiz permitiu a manifestação das partes por escrito. A acusação sustentou a comprovação do delito, em virtude do depoimento prestado pela vítima. A defesa, por sua vez, em sede de memoriais, requereu a absolvição da acusada. Ressalte-se que, até a data da intimação da defesa, não foi acostada aos autos a perícia complementar que deveria ter sido realizada na vítima para comprovação da lesão sofrida. Em sentença, o juiz condenou Danila a uma pena de 03 anos, uma vez que, ao analisar o art. 59 do Código Penal, verificou que a acusada não possuía bons antecedentes e era reincidente, conforme pode verificar na folha de antecedentes criminais acostada aos autos, aumentando assim o patamar inicial da pena base e agravando a pena em virtude do constante no art. 61, I do Código Penal, não existindo, todavia, causas de aumento ou diminuição da pena, tornando assim a pena de reclusão de 03 anos em definitiva em regime inicial semiaberto, sem possibilidade de substituição da privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Em face da situação hipotética, na condição de advogado constituído por Danila, redija a peça processual adequada à defesa de sua cliente, alegando AS TESES DEFENSIVAS pertinentes. Date o documento no último dia cabível para a interposição, sabendo que a intimação foi realizada no dia 12 de agosto de 2014, (terça-feira). Direito Penal – Teoria do delito 32 PADRÃO DE RESPOSTA Endereçamento correto (Valor: 0,25) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE CAPITAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Processo número: - Endereçamento correto da peça de interposição e indicação do artigo 593, I do Código de Processo Penal. (Valor 0,25) - Estrutura correta (divisão das partes, indicação de local, data, assinatura) (Valor: 0,25) Danila, já qualificada nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls.__, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformada com a respeitável sentença condenatória, conforme fls.__, interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal. Requer que, após o recebimento desta, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e provido o presente recurso. Termos em que, Pede deferimento. Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, 18 de agosto de 2014. Advogado, OAB Endereçamento correto das Razões do Recurso (Valor 0,25) RAZÕES DA APELAÇÃO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES Direito Penal – Teoria do delito 33 Exposição dos Fatos (Valor: 0,25) 1. Dos Fatos Danila está sendo acusada de ter supostamente cometido o crime previsto no artigo 129, §1º, I do Código Penal, no dia constante na exordial acusatória. Segundo a apuração dos fatos, a acusada teria lesionado a vítima no escritório onde elas trabalhavam. O juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, recebeu a denúncia e mandou citar a ré para responder por escrito as acusações, as quais foram realizadas por defensor público atuante na vara. Durante a fase instrutória, foram ouvidas Sindy e Bruna que nada informaram acerca da prática delitiva, bem como não souberam atribuir a autoria do delito. Tanto vítima quanto acusada prestaram esclarecimentos, mas nada de relevante foi apurado no intuito de comprovar a existência do crime e de indícios de autoria. Ressalte-se que não foi realizado o exame complementar em Karen, no intuito de caracterizar que a lesão sofrida a deixou incapacitada para as atividades habituais por mais de 30 dias. Por fim, diante da complexidade dos fatos, o juiz determinou as alegações finais por escrito, ocasião em que a acusação requereu a condenação e a defesa a absolvição, tendo o juiz condenado a uma pena de 03 anos de reclusão em regime inicial no semiaberto. Preliminares (Valor: 1,4) - Indicação da preliminar de ausência doexame de corpo de delito e do exame complementar para a configuração do crime de lesão corporal de natureza grave (Valor: 0,5). Fundamento no artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do Código de Processo Penal. (Valor: 0,5) - Indicação da preliminar de ausência de justa causa para o exercício da ação penal. (Valor: 0,3) Fundamento no artigo 395, III do Código de Processo Penal. (Valor: 0,1) 2. Das Preliminares Preliminarmente, cumpre destacar a ocorrência manifesta de nulidade em virtude da ausência do exame de corpo de delito e do exame complementar, nos termos do art. 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do Código de Processo Penal. Ainda em sede de preliminar, é imperioso elucidar que não há justa causa para o exercício da ação penal, razão pela qual a denúncia sequer deveria ter sido recebida, nos termos do artigo 395, III do Código de Processo Penal. Direito Penal – Teoria do delito 34 Mérito (Valor: 1,25) - Desenvolvimento fundamentado da inexistência de justa causa para o exercício da ação, pois não existe prova da materialidade do crime nem indícios suficientes de autoria. (Valor: 0,9) - Desenvolvimento jurídico acerca das nulidades pela falta do exame de corpo de delito e pela ausência de exame complementar. (Valor: 0,2) - Desenvolvimento acerca da possibilidade de desclassificação do delito, remessa ao juízo competente, bem como benefícios constantes na Lei 9.099/95. (Valor: 0,15) 3. Do Mérito Cumpre esclarecer ao douto julgador a ausência manifesta de justa causa para o exercício da ação penal. Conforme ensinamento pela melhor doutrina, para a configuração da justa causa são necessários dois requisitos: prova da materialidade do fato e indícios suficientes de autoria. Prova é a certeza inequívoca da ocorrência do fato. Já os indícios se configuram como indicativos de que o acusado tenha efetivamente participado da empreitada criminosa, seja como autor ou partícipe. No caso concreto, restou claro não haver prova da materialidade do crime nem indícios suficientes de autoria. Conforme noticiam os autos, não há qualquer depoimento testemunhal ou outro tipo de prova que leve a demonstrar ter a acusada praticado a conduta. A própria vítima afirma não saber quem cometeu o ilícito, apenas achando ter sido Danila em virtude de uma possível rixa, não comprovada durante a instrução criminal. As testemunhas prestaram depoimentos perante a autoridade policial e ao juízo competente, nada sabendo informar acerca do crime questionado, tão pouco sobre a possível adversidade existente entre acusada e vítima. Além disso, não foi realizada perícia traumatológica na vítima para comprovação da lesão, tão pouco sendo acostado aos autos exame complementar, no intuito de comprovar a incapacidade das ocupações habituais por mais de 30 dias, elementar para a caracterização do crime de lesão corporal de natureza grave constante no artigo 129, §1º, I do Código Penal. Nesse caso, não há que se falar em justa causa para o exercício da ação penal porque, para a sua configuração, é necessário e imprescindível o binômio prova da materialidade do fato mais indícios suficientes de autoria. A ausência de qualquer um deles descaracteriza a justa causa, o que já deveria ter causado a rejeição da inicial acusatória. É mister destacar ainda, Excelência, de nulidade em virtude da falta de exame complementar, imprescindível para a caracterização da qualificadora da lesão corporal. Estabelece o artigo 168, §2º do Código de Processo Penal que, existindo a qualificadora do parágrafo 1º, I do artigo 129 do Código Penal, é necessária a feitura da perícia complementar logo após decorridos 30 dias, contados da data do crime para a ocorrência da qualificadora, inexistindo esse exame nos autos, razão pelo qual não há que se falar em lesão corporal de natureza grave pela incapacidade Direito Penal – Teoria do delito 35 das ocupações habituais, devendo ocorrer a desclassificação para a lesão leve e, com misso, a consequente remessa aos juízo competente. Cumpre esclarecer ainda, por gosto à lide e amor ao debate, que em sendo a conduta da agente desclassificada para a lesão corporal prevista no caput do art. 129 do Código Penal, tem a agente os benefícios do Juizado Especial Criminal, já que o crime seria de pequeno potencial ofensivo, sendo cabível, inclusive, suspensão condicional do processo, nos exatos moldes do art. 89 da Lei 9.099/95. Pedidos (Valor: 1,0) - Pedido de absolvição, com indicação do artigo 386, incisos II e V, do Código de Processo Penal, em virtude da inexistência prova da materialidade do fato e de indícios suficientes de autoria. (Valor: 0,4). - Pedido de anulação da instrução probatória em virtude da nulidade de ausência de exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, todos do Código de Processo Penal (Valor: 0,2) - Pedido de desclassificação para o crime de lesão corporal leve, artigo 129, caput, do Código Penal e remessa dos autos ao juízo competente, em virtude do crime ser de pequeno potencial ofensivo. (Valor: 0,2) - Pedido de aplicação da pena mínima prevista abstratamente ao crime. (Valor: 0,1) - Pedido de aplicação dos benefícios constantes na lei 9.099/95. (Valor: 0,1) 4. Dos Pedidos Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição da ré, com fundamento no artigo 386, incisos II e V, do Código de Processo Penal, visto a inexistência de prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, ausente, nesse caso, a justa causa para o exercício da ação penal. Apenas por cautela, não sendo acolhido o pedido de absolvição, o que não se espera, requer-se ao douto julgador seja decretada a anulação da instrução probatória em virtude da nulidade de ausência de exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” combinado com os artigos 158 e 168, §2º, todos do Código de Processo Penal. Acolhendo-se a nulidade da ausência de exame complementar, requer-se a desclassificação para o crime de lesão corporal leve, nos termos do artigo 129, caput do Código Penal e a consequente remessa dos autos ao juízo competente, vez que o crime é de pequeno potencial ofensivo. Requer-se ainda, a título de pedidos residuais, a aplicação da pena mínima abstratamente prevista ao crime, bem como os benefícios constantes na lei 9.099/95. Direito Penal – Teoria do delito 36 Indicação correta da Comarca, Estado, Data (Valor: 0,1). Termos em que, Pede deferimento. Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, 18 de março de 2017. Advogado, OAB 4.2. Caso prático proposto Márcio foi denunciado como partícipe do crime de roubo, art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal, praticado contra uma agência do Banco do Brasil situada na cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas. No decorrer da instrução criminal, testemunhas atestaram que Márcio, gerente da agência, somente participou do crime porque Beatriz, sua filha, tinha sido sequestrada e, caso ele não colaborasse com os assaltantes, ela seria morta. O juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Maceió, Alagoas, após toda a instrução probatória, proferiu sentença condenatória nos exatos termos da denúncia, condenando o réu a uma pena de 07 anos de reclusão no regime semiaberto. O réu e seu advogado foram intimados da sentença. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Márcio, redija a peça processual que atenda aos interesses de seu cliente. RESPOSTA: ▪ Peça: APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do Código de Processo Penal. ▪ Competência: o Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ CAPITAL DOESTADO DE ALAGOAS o Razões: - EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS - COLENDA CÂMARA - ÍNCLITOS DESEMBARGADORES ▪ Tese: Alegar que o gerente de banco agiu mediante coação moral irresistível, nos termos do art. 22 do Código Penal, excludente de culpabilidade. ▪ Pedido: o Principal: Provimento do recurso e Absolvição do réu com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal. o Subsidiários: - Reconhecimento da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “a” do Código Penal. - Afastamento das majorantes - Aplicação da pena mínima ao delito. Direito Penal – Teoria do delito 37 - Em se aplicando a pena mínima, que seja estabelecido o regime inicial de cumprimento de pena aberto, nos termos do art. 33º, § 2º. “c” do Código Penal. Revisão Criminal Conceito e Características Trata-se de instituto processual que tem a natureza jurídica de ação de impugnação. Isto porque não possui algumas características inerentes aos recursos. Vejamos: Atenção! Diferentemente dos recursos, a revisão criminal PODE ser intentada durante a execução de pena OU após a execução, nos termos do art. 622 do CPP. Objetivo REVISÃO CRIMINAL RECURSOS (a) A revisão criminal não possui prazo máximo para ser utilizada, podendo ser requerida a qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após, nos exatos temos do art. 622 do CPP. (b) A revisão criminal desencadeia o surgimento de um novo processo (c) Só cabe revisão criminal de sentenças penais transitadas em julgado. (d) Só cabe revisão criminal de sentenças penais transitadas em julgado. Antes do trânsito em julgado da sentença criminal NÃO há a necessidade de ingressar com a revisão criminal, pois existem recursos específicos para tal finalidade (a) Os recursos em geral que sempre possuem prazo para serem interpostos sob pena de preclusão (b) Os recursos são um meio de impugnação na mesma relação processual. (c) Nos recursos em geral, o trânsito em julgado desencadeia preclusão da utilização do recurso (d) Nos recursos em geral, o trânsito em julgado desencadeia a preclusão da utilização do recurso. Direito Penal – Teoria do delito 38 O objetivo da revisão criminal é rescindir uma sentença penal transitada em julgado. Nesses termos, serve como uma ação rescisória do âmbito processual penal, com características próprias. No tocante aos pedidos que podem ser requeridos na revisão criminal, podem ser alegados os seguintes, conforme preceitua o art. 626 do Código de Processo Penal: 1º) Absolvição 2º) Desclassificação Neste três pedidos há a substituição da sentença. 3º) Diminuição da pena 4º) Anulação Neste último pedido há a anulação da sentença. Uma característica muito peculiar da revisão criminal é o fato de ela ser um instituto exclusivo da defesa, ou seja, o Ministério Público não é parte legítima para requerer a revisão criminal. Esta característica advém do próprio art. 623 do Código de Processo Penal, na medida em que traz os seguintes legitimados para pedir a revisão criminal: a) O próprio réu. b) Procurador legalmente habilitado. c) Cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - CADI (no caso de morte do réu). Observação importante: Se, no curso da revisão criminal, falecer a pessoa cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do Tribunal nomeará curador para a defesa, conforme previsão expressa do art. 631 do CPP. Hipóteses de cabimento As hipóteses de cabimento da revisão criminal estão previstas de forma taxativa no art. 621 do CPP: a) Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; (art. 621, I, CPP). Neste caso especifico, a sentença condenatória deve ser arbitrária, uma vez que afronta diretamente texto de lei, ou é contrária à evidência dos autos. Direito Penal – Teoria do delito 39 Obs.: Vale salientar que, apesar de o inciso prever tão somente a possibilidade de afronta de lei penal, o termo “lei penal” deve abranger a possibilidade de a sentença penal condenatória afrontar qualquer lei, devendo tal afronta ser relevante para a condenação. b) Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; (art. 621, II, CPP). Neste caso específico, existe a prova da condenação – como depoimentos, exames ou documentos – entretanto, tais provas são comprovadamente falsas e foram decisivas para levar à condenação do réu. c) Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. (art. 621, III, CPP) Este inciso contempla duas situações: (i) na primeira são descobertas novas provas de inocência do condenado – pode ser qualquer tipo de prova, sejam documentais, testemunhais, etc.; (ii) na segunda, surgem provas de circunstância que determinam ou autorizam a diminuição da pena do condenado. Competência para julgamento A competência para o julgamento da Revisão Criminal é sempre de Tribunal podendo ser organizada da seguinte forma: a) Decisão penal transitada em julgada de Juiz Estadual ou Juiz Federal: compete ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar a revisão criminal, respectivamente. b) Decisão penal transitada em julgada de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal: compete ao próprio Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar a revisão criminal. Obs.: Isto ocorre como decorrência da previsão constitucional do art. 108, I, b da CF que prevê que o Tribunal Regional Federal processará a julgará originariamente as revisões criminais, e, pelo princípio da simetria, tal regra se estende aos Tribunais de Justiça.) c) Decisão penal transitada em julgado proferida pelo Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal: compete ao próprio Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal proceder a revisão criminal de seus próprios julgados, nos exatos termos do art. 105, I, “e” e art. 102, I, “j” da Constituição Federal, respectivamente. Direito Penal – Teoria do delito 40 d) Decisão penal transitada em julgado proferida por Juizado Especial Criminal: compete a Turma Recursal Criminal julgar a revisão criminal. Obs.: É de competência das Turmas Recursais proceder à revisão criminal das sentenças penais proferidas em juizados especiais criminais, vale destacar que tal competência é uma construção da jurisprudência do STJ, neste sentido é o teor do Conflito de Competência n. 47.718-RS, proferido pela 3ª Seção do STJ: CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 47.718 - RS (2005/0000421-7) RELATORA: MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) AUTOR: JUSTIÇA PÚBLICA RÉU: JOSÉ CARLOS RICCARDI GUIMARÃES ADVOGADO: NEY FAYET JÚNIOR E OUTRO SUSCITANTE: TURMA RECURSAL CRIMINAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SUSCITADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMENTA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE TRIBUNAL DE JUSTIÇA E COLÉGIO RECURSAL – REVISÃO CRIMINAL – CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO – AMEAÇA – AÇÃO PENAL QUE TEVE CURSO PERANTE OS JUIZADOS ESPECIAIS – AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA PARA A REVISÃO NO ÂMBITO DOS JUIZADOS – GARANTIA CONSTITUCIONAL – VEDAÇÃO TÃO- SOMENTE QUANTO À AÇÃO RESCISÓRIA – INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA REVER O DECISUM QUESTIONADO – IMPOSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DE GRUPO DE TURMAS RECURSAIS – UTILIZAÇÃO ANALÓGICA DO CPP – POSSIBILIDADE, EM TESE, DE CONVOCAÇÃO DE MAGISTRADOS SUPLENTES A FIM DE EVITAR O JULGAMENTO PELOS MESMOS JUÍZES QUE APRECIARAM A APELAÇÃO – COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL. 1. Apesar da ausência de expressa previsão legal, mostra-se cabível a revisão criminal no âmbito dos Juizados
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