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Apostila_Penal_Semana_6

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1 
 
 
 
 
 
6ª SEMANA 
DIREITO PENAL 
2ª FASE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
DIREITO PENAL .............................................................................................................................................. 3 
Dos Crimes contra a Dignidade Sexual .................................................................................................... 3 
Estupro ......................................................................................................................................................... 3 
PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL .................................................................................................................. 5 
Recurso em Sentido Estrito (RESE) ............................................................................................................... 5 
Apelação .......................................................................................................................................................... 27 
Revisão Criminal ............................................................................................................................................ 37 
Recurso Constitucional Ordinário ............................................................................................................... 46 
Embargos Infringentes e de Nulidade ........................................................................................................ 50 
Peças de Execução ........................................................................................................................................ 54 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
3 
 
DIREITO PENAL 
 
 
Dos Crimes contra a Dignidade Sexual 
 
Estupro 
 
 Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a 
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 
 Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
 § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou 
maior de 14 (catorze) anos: 
 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
 § 2º Se da conduta resulta morte: 
 Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
Elementos objetivos: 
1) Bem jurídico protegido – a liberdade sexual. 
2) Sujeito ativo: Após a reforma dos crimes sexuais realizada pela Lei 12.015/09, o estupro 
passou a ser crime comum, e pode ser praticado por qualquer pessoa; até a alteração de 
estupro tinha como sujeito ativo apenas o homem. 
3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, independentemente do sexo; antes da reforma de 2009 
o crime somente protegia a mulher da violência sexual. 
4) Sujeito passivo: constranger, significa forçar, compelir ou obrigar a prática de conjunção 
carnal ou e qualquer outro ato libidinoso. 
5) Momento consumativo: a doutrina considera o crime de estupro como crime material, e 
o resultado consiste na prática da conjunção carnal ou dos outros atos libidinosos. A 
tentativa é possível. Quando iniciado o constrangimento mediante violência ou grave 
ameaça, o agente não chega a ter conjunção carnal ou os demais atos libidinosos com a 
vítima, por circunstâncias alheia a sua vontade. 
6) Trata-se de crime de forma vinculada, e o meio exigido pelo tipo penal é a utilização de 
violência real ou de grave ameaça. 
7) não é necessário que o ato libidinoso envolva contato corporal do agente coma vítima; 
obrigar a vítima a praticar em si os atos libidinosos caracteriza o estupro. Por exemplo, o 
Direito Penal – Teoria do delito 
4 
 
agente que, ameaçando matar a vítima, a obriga a masturba-se; enquanto ele assiste, 
pratica, estupro. 
8) Consiste em tipo misto alternativo, portanto a prática da conjunção carnal ou de 
qualquer ato libidinoso já caracteriza o crime. Quando a conjunção carnal for praticada com 
outros atos libidinosos, em contexto único há apenas um estupro. 
9) O novo estupro engloba as condutas que no passado caracterizavam estupro e atentado 
violento ao pudor, crime que deixou de existir com a revogação do artigo 214 do CP, 
embora a conduta tenha se tornado estupro. 
10) O §1º do artigo 213 prevê duas modalidades qualificadas do crime: A primeira ocorre 
quando resulta em lesão corporal de natureza grave, crime preterdoloso, dolo no estupro e 
a culpa na lesão corporal. Quando o agente tem o dolo de lesionar e estuprar, ocorre o 
concurso de crimes; a segunda é a idade da vítima entre 18 e 14 anos. Quanto a vítima é 
menor de 14 ano, o crime é de estupro de vulnerável previsto no artigo 217-A. 
11) A morte é prevista como qualificadora do estupro no §2º do artigo 213, e a 
qualificadora se caracteriza quando há culpa na morte, crime preterdoloso; existindo dolo 
de matar e estuprar, há concurso de crimes entre o estupro e o homicídio. 
12) O estupro é crime hediondo em todas as modalidades, conforme previsão contida no 
art.1, V, da Lei 8.072/90. 
Elementos subjetivos: dolo direto ou indireto 
Classificação: crimes comum, doloso, comissivo, instantâneo, material, de dano, 
plurisubsistente e unisubjetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
5 
 
PEÇA PRÁTICO PROFISSIONAL 
 
 
Recurso em Sentido Estrito (RESE) 
Conceito e Características 
Recurso em Sentido Estrito é o recurso através do qual se busca o reexame da decisão, 
despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, um novo pronunciamento, nas hipóteses 
taxativamente previstas em lei. 
Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir quando será cabível o Recurso 
em Sentido Estrito ou o recurso de Apelação, podendo-se fazer a seguinte diferenciação: 
REGRA GERAL: 
Decisão de mérito caberá 
APELAÇÃO. 
Decisão interlocutória caberá RESE. 
 
Ainda, para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO deve-se verificar se já existe uma 
sentença, pois, a depender do tipo de sentença, caberá um ou outro recurso. A 
doutrina ensina que pode haver os seguintes tipos de sentença: 
a) Sentença Stricto Sensu ou Sentença em termo próprio – é a decisão judicial 
propriamente dita sobre o mérito do feito, é a sentença que decide o MÉRITO da 
questão, decidindo de forma intrínseca as questões do processo. Desta sentença, 
via de regra, caberá Apelação. Vale lembrar que existe a seguinte classificação 
deste tipo de sentença: 
 
Sentença Absolutória Própria 
ou Perfeita 
Sentença Absolutória 
Imprópria ou Imperfeita 
Sentença Condenatória 
 
O juiz absolve o réu 
inocentando-o. É aquela que 
inocenta o acusado e não 
acarreta mais nenhum ônus do 
ponto de vista penal. 
 
O réu também é inocentado, 
mas a ele é imputada alguma 
medida de segurança, 
normalmente será aplicada 
esta. 
 
São as sentenças em que o 
agente é responsabilizado 
criminalmente, existindo 
aplicação de uma pena. Há o 
acolhimento da pretensão 
punitiva. 
 
Obs.: Medida de Segurança não é pena, tendo em vista que a pena tem a ideia de 
reeducação do apenado, já a medida de segurança tem fins curativos. 
*Esta DICA não se aplica às decisões 
proferidas pelo Tribunal do Júri. 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
6 
 
 
b) Sentença Latu Sensu - qualquer decisão do juiz que não resolva o mérito, como 
as decisões interlocutórias. Todas as sentenças que foram feitas antes de decidir 
o feito serão consideradas sentenças latu sensu. Desta sentença, via de regra, 
caberá RESE. 
Prazo 
 
▪ O prazo para interposição será de cinco dias, a partir da intimação da decisão (art. 
586, CPP). 
▪ Prazo de dois dias para as razões (art. 588 do CPP). 
Exceções: 
Excepcionalmente, o rese terá o prazo de 20 dias para ser interposto, já com as razões 
inclusas, no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (art. 581, 
XIV), contado da data da publicaçãodefinitiva da lista de jurados, conforme art. 586, 
parágrafo único do CPP. 
Por fim, outra característica peculiar do Recurso em Sentido Estrito é a de que ele possui 
efeito regressivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhecimento das razões e 
contrarrazões das partes, reavaliar e modificar sua decisão. Ou seja, no RESE é permitido ao 
próprio juiz prolator da decisão recorrida retratar-se desta antes da remessa do recurso ao 
juízo ad quem, nos exatos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal. 
 
Endereçamento 
 
No que se refere ao endereçamento do rese, via de regra, a petição de interposição do 
RESE é endereçada ao juiz do feito, e as razões para o Tribunal respectivo (TJ ou TRF). 
A exceção é no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (Art. 
581, XIV), quando a petição de interposição será endereçada ao Presidente do Tribunal (TJ 
ou TRF), assim como as razões. 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARA FACILITAR: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VAMOS 
SISTEMATIZAR 
PARA DECORAR? 
RESE 
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO 
- Dirigida ao juiz da vara criminal que 
proferiu a sentença; 
- No caso de inclusão ou exclusão do 
jurado, deve ser dirigida ao Presidente 
do Tribunal; 
- Deve ser pedido o recebimento e o 
processamento do RESE, a reforma da 
decisão recorrida e que, caso seja 
mantida a decisão, seja feita a remessa 
ao Tribunal competente. 
RAZÕES 
- Dirigida ao Tribunal competente; 
- Deve-se requerer o provimento do recurso e a 
reforma da decisão prolatada.; 
- O acusado deve ser intimado para apresentar 
suas contrarrazões no prazo de 2 dias. 
- Caso o juiz venha a reformar sua decisão, 
caberá ao recorrido intentar petição, no prazo de 
5 dias, para subida dos autos. Caso o magistrado 
não modifique a decisão, deverá ele mesmo 
fazer a remessa dos autos à instância superior. 
1ª HIPÓTESE 
RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a 
interposição ⇨ 2 dias para as razões ⇨ 
intimação do acusado ⇨ 2 dias para 
contrarrazões ⇨ Juiz reforma a sua decisão ⇨ 
recorrido tem 5 dias para peticionar a subida 
dos autos. 
2ª HIPÓTESE 
RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a 
interposição ⇨ 2 dias para as razões ⇨ 
intimação do acusado ⇨ 2 dias para 
contrarrazões ⇨> Juiz não reforma a sua 
decisão ⇨ Juiz remete os autos a instância 
superior. 
Direito Penal – Teoria do delito 
8 
 
 
 
Hipóteses específicas de cabimento 
O recurso em sentido estrito cabe nas hipóteses previstas no art. 581, do Código de 
Processo Penal. Trata-se de rol taxativo. 
Vale ressaltar, também, que algumas das situações elencadas no artigo 581 do Código de 
Processo Penal não comportam mais RESE, submetendo-se ao Agravo em Execução. 
Outras, simplesmente não possuem mais aplicação prática ou foram revogadas tacitamente 
por outros dispositivos legais. Posto isto, vale analisar as hipóteses de cabimento do RESE 
que ainda estão plenamente em vigor. 
Assim, caberá recurso em sentido estrito da decisão, despacho ou sentença: 
 
I) que rejeitar a denúncia ou queixa. 
Cuida-se da hipótese de recurso contra decisão interlocutória mista terminativa ou, 
simplesmente, sentença terminativa. Na situação inversa, ou seja, de recebimento da 
denúncia ou queixa, é incabível esse recurso, podendo o acusado valer-se do habeas 
corpus. 
Exceções: Em se tratando de decisão que rejeita denúncia ou queixa que capitula infração 
de competência do Juizado Especial Criminal, será também cabível apelação para a Turma 
Recursal (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95). 
Saiba mais! 
 Admite a jurisprudência, também, ser cabível o RESE com tal fundamento quando a 
decisão rejeita o aditamento da denúncia. 
 
II) que concluir pela incompetência do juízo. 
Trata-se da decisão pela qual o julgador reconhece espontaneamente (ex officio) sua 
incompetência para julgar o feito, sem que tenha havido oposição de exceção pelas partes 
(procedimento incidental), pois, nesta última hipótese, o recurso terá fundamento no inciso 
III. 
Obs: Havendo desclassificação na fase da pronúncia (art. 419) em crimes de competência 
do júri, cabível a interposição do recurso com fulcro neste inciso. 
 
III) que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição. 
O art. 95, do CPP, enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, incompetência 
do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada. 
Direito Penal – Teoria do delito 
9 
 
- No que se refere às exceções de incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade 
da parte e coisa julgada, elas são processadas em apartado e decididas pelo próprio juiz da 
causa, nos exatos termos do art. 111 do CPP. Caso o juiz da causa decida pela procedência 
destas exceções será cabível a interposição do RESE com fundamento no inciso III, do art. 
581 do CPP. 
- Em relação à decisão que julga procedente a exceção de incompetência do juízo, deve-
se ter cuidado, tendo em vista que neste caso não é o próprio juiz que decide de ofício pela 
incompetência do juízo (o que ensejaria a interposição do rese com base no inciso II, do art. 
581 do CPP) e sim a decisão de incompetência é motivada pela interposição de uma 
exceção, ou seja, há o reconhecimento da incompetência do juízo através de um 
requerimento da parte. 
- Por sua vez, no que diz respeito à decisão que julgar procedente a exceção de 
suspeição existe uma ressalva trazida pelo próprio inciso III, do art. 581 do CPP. Neste caso 
não será cabível a interposição do RESE, tendo em vista que nesta hipótese o duplo grau de 
jurisdição será automático, podendo ocorrer as seguintes situações: 
1ª) Caso o magistrado concorde com a exceção de suspeição, 
decretará a suspensão do processo e a remessa dos autos ao 
substituto. Neste momento ocorrerá um controle jurisdicional, 
realizado pelo Tribunal, pois cabe ao Presidente designar qual o 
magistrado será o substituto. 
2ª) Caso o juiz discorde da exceção de suspeição, os autos, 
obrigatoriamente, devem ser encaminhados a instância superior. 
*ler artigos 99 e 100 do CPP 
IV) que pronunciar o réu. 
No primeiro caso, temos uma decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra uma 
fase do procedimento, sem julgar o mérito, isto é, sem declarar o réu culpado. 
Obs.: Em relação às decisões que podem ser proferidas em sede de Tribunal do Júri, vale 
lembrar a possibilidade de interposição dos seguintes recursos: 
o Pronúncia – cabe RESE com fundamento no art. 581, IV, do CPP. 
o Desclassificação – cabe RESE com fundamento no art. 581, II ou III, do CPP. 
o Impronúncia – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. 
o Absolvição Sumária – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. 
 
V) que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou 
relaxar a prisão em flagrante. 
A concessão da fiança, medida de contra-cautela, é regulada pelos arts. 322 e seguintes, do 
CPP.A decisão pela qual o juiz confirma a fiança arbitrada pela autoridade policial equivale à 
de arbitramento pelo magistrado, sendo cabível o recurso em sentido estrito. As partes 
Direito Penal – Teoria do delito 
10 
 
podem insurgir-se contra a decisão ainda que para discutir somente o valor da fiança 
exigida, quando o reputem insuficiente ou exagerado. 
O recurso pode ser tirado, também, da decisão que conceder a liberdade provisória ou 
relaxar prisão em flagrante. 
Obs : a decisão que decreta a prisão preventiva, ou aquela que indefere pedido de 
relaxamento do flagrante, bem assim a decisão que não concede a liberdade provisória, são 
irrecorríveis, podendo ser objeto de impugnação por via de habeas corpus. 
 
VII) que julgar quebrada a fiança ou perdido se valor. 
Considera-se quebrada a fiança nas seguintes hipótesesdos arts. 327, 328, 341, 344 do 
CPP. Decretada a quebra da fiança ou o perdimento de seu valor, caberá recurso em 
sentido estrito. 
 
VIII) que decretar a prescrição ou julgar por outro modo, extinta a punibilidade. 
Reconhecida a existência de qualquer causa extintiva da punibilidade, é cabível o 
recurso em sentido estrito. Ver art. 397, IV, CPP. 
Obs: As decisões proferidas em sede de execução, no entanto, são impugnáveis por via 
de agravo (art. 197, da LEP). 
 
IX) que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa 
extintiva da punibilidade. 
Passível de impugnação por via do recurso em sentido estrito a decisão que desacolhe 
requerimento de reconhecimento de causa extintiva da punibilidade. 
 
X) que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. 
Proferida a sentença em habeas corpus pelo juiz de primeiro grau, poderá ser interposto 
recurso em sentido estrito. 
Obs: A decisão concessiva da ordem, além de impugnável pelo recurso voluntário, está 
sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (recurso de ofício), nos termos do disposto 
no art. 574, inciso I, do CPP. 
 
XI) que conceder, negar ou revogar a suspensão da pena (art. 77, CP) 
 
XIII) que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte. 
Direito Penal – Teoria do delito 
11 
 
A decisão pela qual o juiz declara nulo o processo, no todo ou em parte, é enfrentada 
pelo recurso em sentido estrito (art. 564 e segs. CPP). 
 
XIV) que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir. 
Anualmente, é organizada a lista geral de jurados, que se publicará em novembro e 
poderá ser alterada de ofício ou por reclamação de qualquer do povo, até a publicação da 
lista definitiva, que ocorre no dia 10 de novembro de cada ano (art. 426, § 1º, CPP). A lista 
definitiva pode, então, ser impugnada por via de recurso em sentido estrito, no prazo de 20 
dias, dirigido ao presidente do Tribunal de Justiça. 
Obs: Podem recorrer o Ministério Público e qualquer do povo que tenha interesse, em 
geral o jurado excluído ou incluído na lista (art. 426, CPP). 
 
XV) que denegar a apelação ou a julgar deserta. 
Cabível o recurso em sentido estrito da decisão que, por qualquer motivo, nega 
seguimento à apelação. Trata-se de decisão por meio da qual o magistrado realiza juízo de 
admissibilidade do recurso. 
Obs: Cuida-se de exceção à regra segundo a qual é cabível a carta testemunhável como 
meio de impugnar decisão que nega seguimento a recurso. Assim, se o juiz não recebe o 
recurso em sentido estrito interposto contra a decisão que negou seguimento à apelação, 
poderá a parte valer-se da carta testemunhável. 
 
XVI) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial. 
As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP. A regra é a de que 
o juiz, no curso da instrução criminal, não está adstrito às provas apresentadas pelas partes. 
Desta forma, entende-se que o juiz é livre para produzir as provas que bem entender, que 
julgue relevantes, necessárias e pertinentes, a única exigência é que a prova seja lícita. Ao 
magistrado cabe o conhecimento da verdade real, ele tem que chegar ao seu conceito 
sobre o fato e se a prova for lícita ele poderá determinar a produção de provas de ofício. 
Entretanto, existem casos em que o juiz, para decidir uma questão de mérito, necessita 
da produção de prova de outra esfera, diferente da esfera penal. Neste caso estamos diante 
de uma questão prejudicial de natureza extrapenal ou heterogênea. 
 
Diante de uma questão prejudicial heterogênea se o magistrado tiver que dirimir dúvida 
sobre o estado civil de pessoas e esta questão tiver que ser solucionada para caracterizar o 
crime (alguma de suas elementares) ele terá que remeter o caso ao juiz cível e deve 
suspender o processo (não corre prazo de nada), existindo o que a doutrina chama de 
questão prejudicial heterogênea obrigatória. 
Direito Penal – Teoria do delito 
12 
 
Neste caso o juiz criminal manda para o juiz cível e espera que este seja resolvido. Há 
uma controvérsia sobre direito civil que verse sobre o estado de pessoa, a lei proíbe que o 
juiz solucione, devendo mandar o feito para a esfera civil, conforme os art. 92 e 93 do CPP. 
Vale ressaltar que a controvérsia deve ser indispensável para caracterizar a elementar 
do crime, se não for indispensável, o juiz pode decidir sem necessidade de sustar o feito e 
remeter o processo para o juízo cível, existindo, neste caso, o que a doutrina chama de 
questão prejudicial heterogênea facultativa. Neste caso, o próprio juiz do feito criminal é 
que irá decidir a questão prejudicial mencionada 
No caso de decisão que julgar questão prejudicial heterogênea facultativa, como não há 
a suspensão do processo, não há o cabimento de rese. 
 
XVIII) que decidir o incidente de falsidade (art. 145, CPP). 
O dispositivo refere-se à decisão proferida no processo incidente instaurado a pedido 
de alguma das partes para constatar a autenticidade de documento que se suspeita falso. 
Obs: Os incisos XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII foram “derrogados” pela Lei de 
Execução Penal (Lei nº 7.210/84). 
 
PRESTE ATENÇÃO EM ALGUMAS HIPÓTESES DE NÃO 
CABIMENTO DE RESE: 
▪ Da decisão que mantiver ou substituir a medida de segurança, 
nos casos do art. 774 (art. 581, XXI, CPP), não cabe recurso, pois o 
art. 774 do CPP foi revogado tacitamente pela lei de execuções penais. 
▪ Da decisão que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, 
CPP) não cabe recurso algum, pois esta hipótese foi revogada tacitamente pela 
modificação do art. 51 do Código Penal, que converteu a multa em dívida de valor, 
não tornando mais possível a sua conversão em prisão. 
Há ainda, no artigo supramencionado, alguns casos em que não cabe rese, mas sim 
agravo em execução. São os incisos: XI, XII, XVII, XIX, XX, XXII, XXIII do art. 581 do 
CPP. 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
13 
 
Vejamos, a seguir, 3 cuidados que precisamos ter: 
 
 
 
 
Estrutura do Recurso em Sentido Estrito 
 
Petição de interposição 
 
Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA 
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA COMARCA DE __________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO 
JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _____ JUIZADO ESPECIAL 
CRIMINAL DA COMARCA _______________ (Endereçamento ao Juizado Especial) 
Processo número: 
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o 
Ministério Público/Querelante, às fls. ___________, por seu advogado formalmente 
constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, 
inconformado com a respeitável sentença de _____________, conforme fls. _________________, 
interpor tempestivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
ou 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
Direito Penal – Teoria do delito 
14 
 
com fundamento no art. 581, (indicar inciso) __ ou art. 588 (Contrarrazões), do Código de 
Processo Penal. Em se tratando do CTB, fundamentar no art. 294, parágrafo único da Lei 
9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro. Interpondo RESE em face do constante no 
Decreto-Lei 201, a fundamentação será no art. 2º, III do Decreto-Lei 201/67. 
Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de 
Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso 
encaminhado a superior instância parao devido processamento e julgamento. ou Requer 
que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas 
juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou Turma Recursal no 
caso do Juizado Especial Criminal), onde serão processados e não provido o presente 
recurso (Requerimento acerca das contrarrazões). 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 Razões ou Contrarrazões 
 
Endereçamento: 
RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL (DE JUSTIÇA OU REGIONAL FEDERAL) 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
Endereçamento para Turma Recursal dos Juizados Especiais 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL COLENDA TURMA ÍNCLITOS JULGADORES 
 
1. Dos Fatos 
 
Seja mais resumido nos fatos, e mais enfático no resumo do processo. Cita-se 
o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Deve-se expor como 
se chegou à sentença. No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo 
com o seguinte teor: 
“A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato 
e direito a seguir aduzidos” 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
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2. Das Preliminares 
 
Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma 
sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 
2º) Art. 109 CP – Prescrição 
3º) Art. 564 CPP – Nulidades 
4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 
5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição 
liminar da peça acusatória. 
 
3. Do Mérito 
 
Fale logo do mérito no primeiro parágrafo, diga o que você quer. Deve-se 
dizer logo o porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada 
para investir no mérito. 
Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando 
o direito pertinente ao caso e os artigos correlatos. 
 
4. Do Pedido 
 
Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da 
decisão e demais pedidos subsidiários possíveis. 
ou 
Nas contrarrazões deve-se fazer um pedido principal de não provimento do 
recurso e manutenção da decisão. 
 
Termos em que, Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
Casos Práticos 
 
Casos práticos resolvidos 
 
Felipe e Gabriel são amigos há vários anos e são fanáticos pela prática de alpinismo, 
fazendo, inclusive, inúmeras escaladas em várias montanhas do Brasil. 
 
No dia 22 de outubro de 2013, ao realizarem uma escalada na montanha do Estado 
de Alfa, Felipe percebeu que a corda que o sustentava começou a se romper, ocasião em 
Direito Penal – Teoria do delito 
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que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda de Gabriel, também sustentado pela 
mesma corda. Tal conduta provocou a morte imediata de Gabriel, tendo Felipe sido salvo. 
Em virtude da situação apresentada, Felipe foi denunciado pelo crime de homicídio 
qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 
121, § 2º, IV, do Código Penal, tendo em vista que, segundo o promotor de justiça 
competente, Felipe cortou dolosamente a corda que o sustentava e à vítima, quando os 
dois estavam escalando uma montanha, o que tornou impossível qualquer tipo de defesa 
por parte de Gabriel. 
 
 A denúncia foi apresentada com base em provas colhidas em um inquérito policial, 
tendo sido juntada perícia tanatoscópica comprovando a morte de Gabriel. 
O Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município Delta do Estado Alfa recebeu a 
denúncia e mandou citar o réu para apresentar defesa. Este apresentou resposta no prazo 
legal. 
Na audiência de instrução, realizada no dia 16 de julho de 2014, o réu foi ouvido e 
informou que realmente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, 
percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, pois a corda que segurava os 
dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o 
que ocasionou a morte de seu amigo. 
Além disso, foram ouvidas testemunhas da acusação que não viram o crime, mas 
informaram que Felipe e Gabriel, de fato, eram amigos desde crianças e não sabiam de 
nenhuma rixa entre os dois que pudesse ocasionar vontade por parte do réu de matar a 
vítima. Inexistindo testemunha de defesa arrolada ao processo, as alegações finais foram 
realizadas de maneira oral, tendo o representante do Parquet se manifestado pela 
pronúncia do réu, nos mesmos termos da denúncia, tendo requerido a defesa a absolvição 
sumária do agente. 
O magistrado, em audiência, prolatou sentença de pronúncia pelo crime de 
homicídio simples, retirando a qualificadora em virtude de sua manifesta ilegalidade, 
intimando as partes no referido ato. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas 
pelo caso concreto acima, na condição de advogado(a) de Felipe, redija a peça cabível à 
impugnação da mencionada decisão, respeitando as formalidades legais e desenvolvendo, 
de maneira fundamentada, as teses defensivas pertinentes. 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DO MUNICÍPIO 
(ou COMARCA) DELTA DO ESTADO ALFA 
Processo número: 
Felipe, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls. ____, por seu 
advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, inconformado com a respeitável sentença de pronúncia, conforme fls. ___, interpor 
tempestivamente o presente 
Direito Penal – Teoria do delito 
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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. 
 
 Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de Processo Penal e, em 
sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado à superior instância para o devido 
processamento e julgamento. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
1. Dos Fatos 
 
 O recorrente foi pronunciado por ter supostamente cometido o crime de homicídio qualificado pelo 
recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, 
perante o Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município (ou Comarca) Delta do Estado Alfa, pois teria 
cortado dolosamente a corda que sustentava o recorrente e a vítima, quando os dois estavam escalando 
uma montanha, o que teria tornado impossível qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. 
 Consta nos autos que o recorrente e a vítima estavam realizando uma escalada de uma montanha, 
quando Felipe percebeu que a corda que o sustentava junto à montanha estava prestes a se romper, 
ocasião em que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda da vítima, também sustentada pela 
mesma corda. Tal conduta provocou a morte imediata de seu amigo de muitos anos, propiciando o 
salvamento do recorrente. 
 Na audiência de instrução, o recorrente foi ouvido e informou que realmente tinha escalado uma 
montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que 
Direito Penal – Teoria do delito 
18 
 
notou que a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a 
corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. 
 A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. 
 
2. Das Preliminares 
 Preliminarmentecumpre esclarecer a ocorrência manifesta do estado de necessidade, causa de 
exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, I em combinação com o art. 24, ambos do Código Penal. 
 Por último, cumpre esclarecer ainda em sede de preliminar, que não existe interesse de agir, faltando 
uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. 
 
3. Do Mérito 
 Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de ilicitude de estado de 
necessidade, pela simples leitura das provas produzidas no decorrer do processo, razão pela qual o 
recorrente deveria ter sido absolvido sumariamente e não pronunciado. 
 Consta dos autos que o recorrente tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, 
percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que verificou que a corda que segurava os dois 
ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a 
morte de seu amigo. 
 Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos do estado de necessidade 
estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos arts. 23, I e 24 do Código Penal. 
 O recorrente estava diante de um perigo atual (é o perigo que está ocorrendo, é o perigo presente, 
concreto), pois a corda que segurava o recorrente e a vítima ia se romper, o que causaria a morte do 
recorrente e da vítima. Houve ameaça a direito próprio já que a própria vida do recorrente estava em jogo. 
A situação de perigo não foi causada voluntariamente pelo recorrente, tendo em vista que o recorrente 
não criou a situação de perigo que passou. 
 Não havia outra forma de proteger a própria vida do recorrente, ou seja, Felipe não tinha alternativa 
para evitar a morte de seu amigo e proteger o seu direito ameaçado, pois ou ele cortava a corda e se 
salvava, ou então tanto o recorrente quanto a vítima iriam morrer. E, por fim, o sacrifício do direito 
ameaçado do recorrente, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, ou seja, a situação de perigo atual 
pela qual passou o agente não exigia que ele sacrificasse o seu direito (sua própria vida) que foi ameaçado. 
 Desta forma, estão presentes todos os requisitos do estado de necessidade, razão pela qual a 
absolvição sumária se impõe a Felipe. 
 Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício da ação penal, qual 
seja, o interesse de agir. Ora, como o recorrente está amparado pela excludente da ilicitude do fato de 
estado de necessidade, art. 23, I e art. 24, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela 
qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao 
final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. 
Direito Penal – Teoria do delito 
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4. Dos Pedidos 
 Diante do exposto, requer o provimento do recurso e a reforma da sentença para que seja Felipe 
absolvido sumariamente em virtude de causa de exclusão do crime, qual seja, o estado de necessidade, nos 
termos do art. 415, IV do Código de Processo Penal. 
 Caso não seja acolhido o pedido acima, o que não se espera, requer-se a anulação da decisão de 
pronúncia, em virtude da nulidade de falta de condição para o exercício da ação penal, qual seja, o 
interesse de agir, ocasião em que o processo sequer deveria ter sido iniciado. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB 
Caso Prático Proposto 
 
Francinaldo foi denunciado pelo representante do Ministério Público pela prática de 
crime capitulado no artigo 121, § 2º, IV do Código Penal, qual seja, homicídio qualificado 
pelo recurso que tornou impossível a defesa da vítima. A exordial acusatória narra que em 
agosto de 2013, por volta das 13h30min, em Recife, capital do Estado de Pernambuco, o 
acusado, com o animus necandi, causou na vítima ferimentos que provocaram a sua morte. 
Instaurado Inquérito Policial para apurar a prática delitiva, o acusado confessou o 
crime, todavia informou que agiu daquela maneira porque Marcos, vítima dos atos, teria 
partido para cima dele no intuito de matá-lo. Ainda em sede policial, testemunhas 
presenciaram a ocorrência do crime, mas nada informaram acerca da autoria e 
materialidade do referido delito. 
O juiz da 2º Vara do Tribunal do Júri de Recife, capital do Estado de Pernambuco, em 
setembro de 2013 recebeu a inicial acusatória, pois, analisando a denúncia, verificou que 
esta preenchia os requisitos constantes no artigo 41 do Código de Processo Penal, citando 
o acusado para oferecer resposta a qual foi apresentada regularmente. 
Na audiência de instrução e julgamento, a testemunha de acusação Natasha, 
presente no local da conduta, confirmou ser Francinaldo o autor do homicídio, mas que agiu 
dessa maneira porque Marcos possuía uma arma de fogo e tinha a intenção de matá-lo, já 
que eram inimigos de longas datas. 
Contou ainda a testemunha ocular que Marcos, ao chegar ao bar onde ocorreu o 
crime, gritou para todo mundo ouvir que iria matar Francinaldo porque, segundo palavras 
da própria vítima, “era impossível viver no mesmo ambiente que ele”. Depois disso, partiu 
Direito Penal – Teoria do delito 
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pra cima do réu que conseguiu pegar a arma da vítima, dando três tiros suficientes para 
cessar a agressão, tendo Marcos caído no chão já sem vida. 
Finda a instrução probatória, o representante do parquet pugnou pela pronúncia do 
acusado, nos termos da denúncia, com fundamento no art. 413 do Código de Processo 
penal. A defesa, por sua vez, manifestou-se pela absolvição sumária. O magistrado, na 
mesma audiência, apesar de não realizada nem acostada aos autos a perícia tanatoscópica, 
prolatou decisão de pronúncia pela prática do crime de homicídio qualificado pelo recurso 
que tornou impossível a defesa da vítima, com fundamento no art. 121, § 2º, IV do Código 
Penal, intimando você, como advogado do acusado da referida decisão. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas 
pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas 
pertinentes. 
 
RESPOSTA: 
▪ Peça: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV do 
Código de Processo Penal. 
▪ Competência: 
o Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO 
DA 2ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE RECIFE 
CAPITAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO 
o Razões: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE 
PERNAMBUCO COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS 
DESEMBARGADORES 
 
OBS.: Requerer o juízo de retratação, nos moldes do art. 589 do 
Código de Processo Penal. 
▪ Tese: 
o Preliminares: Alegação da preliminar de nulidade pela ausência do 
exame de delito, nos moldes do art. 564, III, “b” em combinação com o 
art. 158, ambos do Código de Processo Penal. 
* Preliminar de excludente de ilicitude, qual seja, legítima defesa. 
* Preliminar de falta de pressuposto ou condição para o 
exercício da ação, com fundamento no art. 395, II do Código de 
Processo Penal. 
* Preliminar de ausência de justa causa para o exercício da ação 
penal, com fundamento no art. 395, III do Código de Processo 
Penal. 
Direito Penal – Teoria do delito 
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o Mérito: Alegar a ocorrência do instituto da legítima defesa, excludente 
de ilicitude prevista o art. 23, II em combinação com o art. 25, ambos do 
Código Penal. 
▪ Pedido: 
o Principal: Provimento do recurso e reforma da decisão para decretar a 
absolvição sumária, com fundamento no art. 415, IV do Código de 
Processo Penal. 
o Subsidiários: Pedido de anulação da instrução probatória em virtude das 
preliminares levantadas. 
- Pedido de impronúncia, com fundamento no art. 414 do Código de 
Processo Penal, pela falta de prova da materialidade do fato e indícios 
suficientesde autoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
22 
 
APELAÇÃO 
 
1. Conceito e características 
 
1.1. Hipóteses de cabimento e não cabimento 
 
A apelação, na regra geral, é o recurso cabível nos casos em que forem proferidas 
sentenças judiciais que julguem o mérito ou que possuam caráter definitivo. 
Desta forma, não é cabível o recurso de apelação para atacar os despachos de mero 
expediente (são sempre irrecorríveis), e, via de regra, também não é cabível apelação para 
atacar decisões interlocutórias. Vejamos melhor o segundo caso, no próximo tópico: 
 
1.2. Apelação e decisões interlocutórias 
 
As decisões interlocutórias são classificadas da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observa-se que somente as decisões interlocutórias mistas terminativas ou não 
terminativas é que poderão ser atacadas, de forma residual, pela apelação (art. 593, II do CPP). 
Primeiro, o candidato deve primeiro verificar se existe alguma hipótese de rese para atacar 
as referidas decisões interlocutórias mistas terminativas ou não-terminativas. Caso não exista 
hipótese, será perfeitamente viável a interposição da apelação. 
Ex. A decisão que indefere o pedido de restituição de coisa apreendida é uma decisão 
interlocutória mista não terminativa, tendo em vista que extingue o procedimento de 
Decisões interlocutórias simples 
São todas aquelas que visam decidir questões 
incidentais que surjam antes da sentença de 
mérito e que não acarretem a extinção do 
processo ou de algum procedimento. Ex.: 
decisão que concede a liberdade provisória. 
Não cabimento: Para este tipo de decisão 
interlocutória nunca será possível a 
apresentação do recurso de apelação. Será 
cabível apenas o rese, se houver hipótese 
específica de cabimento deste recurso. Caso não 
haja, ela será irrecorrível. 
Decisões interlocutórias mistas 
Dividem-se em: 
a) terminativas/definitivas: acarretam a extinção 
do processo ou de um procedimento. 
Ex. Decisão que não recebe a denúncia ou 
queixa; 
 
b) não-terminativas – são aquelas que extinguem 
uma etapa do procedimento, mas não acarretam 
a extinção do processo. 
Ex. Decisão que pronúncia o réu no rito do 
tribunal do júri. 
Cabimento residual: art. 593, II do CPP. 
Direito Penal – Teoria do delito 
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restituição de coisa apreendida, mas não acarreta a extinção do processo. Neste caso, como 
não existe uma hipótese específica de cabimento de rese no art. 581 é possível a utilização 
residual da apelação com fundamento no art. 593, II, do CPP. 
 
1.3. Prazos da apelação 
 
▪ Interposição de apelação: 5 dias (art. 593 do CPP); 
▪ Razões ou contrarrazões: 8 dias (art. 600 do CPP). 
Obs.: Deve-se ter cuidado em relação à apelação no rito sumaríssimo, pois nos Juizados 
Especiais Criminais a apelação terá o prazo de 10 dias para a apresentação de razões e 
contrarrazões, nos exatos termos do art. 82, § 1º, da Lei nº 9099/95. 
No que se refere à contagem do prazo da apelação é bom ficar atento, pois diferentemente 
do Processo Civil, o prazo de apelação no Processo Penal começa a correr da data da intimação 
da sentença e não da juntada do mandado aos autos, caso esta tenha sido feita por oficial de 
justiça, nos termos da Súmula 710 do STF. 
 
FIQUE ATENTO! 
1º) A petição de interposição é sempre endereçada ao juiz do feito, aquele que 
proferiu a sentença. Já as razões da apelação serão endereçadas para o Tribunal 
competente respectivo. 
2º) Somente se pode apelar sobre o que é compreensível. No caso de o juiz proferir 
uma sentença condenatória, mas houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou 
omissão em sua fundamentação, a primeira providência recursal será apresentar 
embargos de declaração e não a apelação. 
 
2. Hipótese de cabimento 
 
O rol de hipóteses de apelação consta no art. 593 do CPP, sendo considerado pela doutrina 
e jurisprudência meramente exemplificativo. Vejamos as hipóteses de que trata o referido 
artigo: 
 
a) Sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular (art. 
593, I, CPP) 
Direito Penal – Teoria do delito 
24 
 
Será cabível o recurso de apelação quando o juiz proferir sentença condenando ou 
absolvendo o réu. Estas são as sentenças consideradas definitivas, já que resolvem o mérito da 
causa. 
 
CONSULTE SEU CÓDIGO! As disposições referentes às sentenças 
condenatórias e absolutórias estão previstas no art. 386 e 387 do CPP, no caso 
de rito comum ordinário e sumário, bem como no art. 492, I e II, do CPP, no 
caso de rito do Tribunal do Júri. 
 
 Obs.: A previsão constante do art. 593, § 4º do CPP, no sentido de que quando for cabível a 
apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da 
decisão se recorra, somente vale para a apelação com fundamento no art. 593, I, do CPP, tendo 
em vista que, no caso de existir a hipótese do art. 593, II, do CPP, a apelação será considerada 
residual, como já foi explicado. 
 
b) Decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos 
não previstos no capítulo anterior (art. 593, II, CPP)) 
 
Esta hipótese de apelação é chamada de residual, pois ocorre todas as vezes que o juiz 
resolver uma questão definitiva ou com força de definitiva e que não era caso de Recurso em 
Sentido Estrito, conforme já foi devidamente explicado. 
 
c) Decisões do tribunal do júri, quando (art. 593, III, CPP): 
 
I. Ocorrer nulidade posterior à pronúncia (art. 593, III, a, CPP): 
 Esta hipótese de apelação relaciona-se às nulidades relativas, tendo em vista que as 
nulidades absolutas podem ser alegadas em sede de apelação mesmo que tenham 
ocorrido antes da pronúncia.1 
 
1 Nulidade Absoluta – pode ser arguida a qualquer tempo, a qualquer instante do processo, até em sede de segundo 
grau. Neste caso, poderá ser utilizada a apelação com base no art. 593, III, a, do CPP mesmo que a nulidade tenha 
ocorrido ANTES ou APÓS a pronúncia do réu. / Nulidade Relativa – são arguíveis em tempo hábil ou irão gerar 
preclusão. Normalmente elas são alegadas na resposta à acusação, pois se não for questionada neste momento 
haverá preclusão. Assim, no caso de existirem nulidades relativas ocorridas após a pronúncia, deve a defesa argui-las 
na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos, sob pena de preclusão. Caso a parte tenha alegado a 
nulidade relativa ocorrida posteriormente à pronúncia e seja proferida uma sentença, após a deliberação dos jurados, 
que não reconheça a ocorrência da referida nulidade, será cabível a apelação com fundamento no art. 593, III, a, do 
CPP. 
Direito Penal – Teoria do delito 
25 
 
É necessário destacar, ainda, a possibilidade de apelação com base nesse inciso se 
houver qualquer nulidade posterior à pronúncia, não arguida na fase do art. 422 do CPP, 
que geraria nulidade absoluta do processo, como o caso de suspeição do juiz. Apresentada 
a apelação com base no fundamento da nulidade processual, deverá ser pedida a 
invalidação do ato considerado nulo, ou seja, pede-se a anulação do feito em razão da 
nulidade. 
 
II. For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados 
(art. 593, III, b, CPP) 
No tribunal do júri, o juiz presidente está adstrito à decisão dos jurados em matéria 
de mérito. Em caso de descumprimento, seja da decisão do Conselho de Sentença, seja de 
previsão legal, caberá hipótese de Apelação com base nesta alínea. 
Ex. Os jurados decidiram que houve homicídio simples, mas o juiz sentenciou o 
agente, dosando a pena como homicídio qualificado. Neste caso, deverá ser apresentada 
Apelação. 
Saiba mais! 
Na apelação com base neste inciso, deve-se pedir a retificação da sentença 
do juiz presidente pelo Tribunal (§ 1º, do art. 593 do CPP), na medida em que esta 
hipótesevisa impugnar apenas sentença do juiz presidente do Tribunal do Júri, não 
havendo qualquer afronta ao princípio constitucional de soberania dos vereditos. 
 
III. Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança 
(art. 593, III, c, CPP) 
Nesta hipótese, o juiz presidente, após a deliberação dos jurados, aplicou a pena de 
forma incorreta – no quantum ou na qualidade da pena que deveria ter sido imposta ao 
condenado. 
Ex. Os jurados decidiram que o réu deve ser isento de pena em decorrência de erro 
de proibição e merece tratamento ambulatorial devendo ser aplicada medida de 
segurança, mas o juiz condenou o réu a pena privativa de liberdade. Ex. Os jurados 
condenaram o réu pelo crime de aborto, mas o juiz aplica o regime inicial de pena em 
fechado, mesmo a pena mínima sendo inferior a 4 anos. Na apelação com base neste inciso 
deve-se pedir a retificação da decisão pelo Tribunal, modificando-se a pena, como bem 
prevê o § 2º, do art. 593 do CPP. 
IV. For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, III, 
d, CPP) 
Direito Penal – Teoria do delito 
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Esta hipótese somente ocorrerá no caso de existir uma contradição gritante entre a 
decisão dos jurados e as provas trazidas aos autos. Esta hipótese tem como razão de existir 
o fato de que a soberania dos veredictos no júri não é tida de forma absoluta. 
Ex.: Resta provado nos autos que o réu agiu em legítima defesa, entretanto, o 
conselho de sentença resolve condená-lo. Na apelação com base neste inciso, deve-se 
pedir a nulidade do feito, devendo haver a realização de um novo julgamento e com novos 
jurados, nos termos da Súmula 206 do STF e do art. 593, § 3º, do CPP. 
Quanto a esta hipótese de cabimento, existe, ainda, a previsão do art. 593, § 3º, do 
CPP, no sentido de que não poderá ser usado este fundamento, novamente, em outra 
apelação e no mesmo processo. Ou seja, esta hipótese de apelação somente é cabível uma 
única vez. Caso os jurados venham a decidir novamente de forma manifestamente 
contrária à prova dos autos, deverá ser respeitada a soberania dos veredictos e o critério 
da íntima convicção. 
Saiba mais! 
A maioria da doutrina entende que as hipóteses de apelação do rito do 
Tribunal do Júri são de fundamentação vinculada, ou seja, somente será cabível a 
apelação se houver o enquadramento do caso em alguma hipótese prevista no art. 
593, III, do CPP. Esta conclusão é uma decorrência da Súmula 713 do STF, que 
determina que “o efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos 
fundamentos da sua interposição”. 
No caso de serem proferidas sentenças de impronúncia ou absolvição sumária a 
fundamentação da apelação será no art. 416 do CPP e NÃO no art. 593, III, do CPP, tendo 
em vista disposição legal expressa neste sentido. 
 
 
Cuidado! É possível o intento de Apelação, no caso do Rito previsto na Lei 8.666/93, 
com prazo de interposição de 05 dias. Nesse sentido: 
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no prazo de 5 (cinco) dias. 
 
 
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3. Estrutura da Apelação 
 
3.1. Petição de interposição 
 
Endereçamento: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
_______________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
_______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA 
DE _________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE ______________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE 
___________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Estadual) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
_____________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA 
_____________________ (Endereçamento do Juizado Especial Criminal) 
Processo número: 
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, 
às fls. ____, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _________, conforme fls. ____, 
interpor tempestivamente a presente 
APELAÇÃO 
ou 
CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO 
com fundamento no art. 593, (indicar inciso) ______ ou art. 416 (no caso de absolvição sumária ou 
impronúncia), ambos do Código de Processo Penal, art. 82 da Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais 
Criminais (no caso de Apelação nos crimes de pequeno potencial ofensivo), art. 105 da Lei 8.666/93 (no 
caso de crimes previstos na Lei de Licitação), art. 600 (no caso de contrarrazões de Apelação), do Código de 
Processo Penal ou ainda art. 82, § 2º da Lei 9.099/95 (no caso de Contrarrazões de Apelação no Juizado 
Especial Criminal). 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
28 
 
Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), 
ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do 
Juizado Especial Criminal), onde serão processados e provido o presente recurso. 
ou 
Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas 
juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial 
Criminal), onde serão processados e não provido o presente recurso (Requerimento no caso de 
contrarrazões). 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
3.2. Razões ou Contrarrazões de apelação 
 
Endereçamento: 
RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DA APELAÇÃO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL (TRIBUNAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL) 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
Endereçamento a Turma Recursal dos Juizados Especiais: 
 
RAZÕES DA APELAÇÃO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL 
COLENDA TURMA 
ÍNCLITOS JULGADORES 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
29 
 
1. Dos Fatos 
 
Seja mais sucinto no resumo dos fatos e mais enfático no resumo do processo. Cita-se o 
mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Não precisa fazer dois pontos 
distintos, falar quando houve a publicação da sentença é fase processual, deve-se expor como se 
chegou até a sentença. 
No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: 
“A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a 
seguir aduzidos”. 
 
2. Das Preliminares 
 
Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência a ser 
seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 
2º) Art. 109 CP – Prescrição 
3º) Art. 564 CPP – Nulidades 
4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 
5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar 
da peça acusatória. 
 
3. Do Mérito 
 
Fale logo do mérito, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o porquê de você está 
atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no mérito. Após falar do mérito 
você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito pertinente ao caso e os artigos 
correlatos. 
 
4. Do Pedido 
 
Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e demais 
pedidos subsidiários possíveis. Nas contrarrazõesdeve-se um pedido principal de não provimento 
do recurso e manutenção da decisão. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
30 
 
Seguem algumas dicas super importantes: 
 
1) Caso a apelação tenha sido feita pela parte acusatória a defesa seguirá 
a mesma linha. Na petição de interposição o nome será CONTRARRAZÕES DE 
APELAÇÃO, com fundamento no art. 600 do Código de Processo Penal. 
 
2) Em se tratando de crime do rito do Tribunal do Júri, logo na 
interposição, o apelante deve indicar a motivação de seu recurso, em 
consonância com a súmula 713 do STF. Ao apresentar suas razões, este estará 
adstrito à motivação indicada na interposição. Ou seja, no caso de apelação do Rito do Tribunal do 
Júri a apelação é de fundamentação vinculada e cabe nas hipóteses trazidas pelo art. 593, III, do 
CPP. Nos termos da Súmula 713 do STF. 
 
Súmula 713 STF – O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito 
aos fundamentos da sua interposição. 
 
4. Casos práticos 
 
4.1. Caso prático resolvido 
 
Danila foi denunciada pelo representante do Ministério Público pela prática de lesão 
corporal de natureza grave, nos termos do art. 129, §1º, I do Código Penal. A exordial acusatória 
informa que no dia 22 de junho de 2013 à tarde, Karen, vítima dos presentes autos, foi lesionada 
pela acusada no ambiente de trabalho, ficando incapacitada para exercer as atividades laborativas 
por mais de 30 dias, tudo conforme consta no Inquérito Policial realizado pela autoridade 
competente. 
 
Em sede policial, a acusada não foi ouvida, pois no dia que foi intimada para prestar os 
esclarecimentos, estava viajando a trabalho. Duas testemunhas prestaram seus depoimentos no 
curso do inquérito, mas nada souberam informar da prática delitiva. 
 
A vítima prestou esclarecimentos na polícia, não sendo realizada a perícia traumatológica 
no Instituto de Medicina Legal e informou não ter visualizado o momento do empurrão, mas 
acreditava que este tinha sido proferido por Danila, em virtude dos diversos problemas existentes 
entre acusada e vítima ao longo da fatídica semana que ocorreu o crime. 
 
Com base nas informações colhidas na fase inquisitorial, o representante do Ministério 
Público ofereceu denúncia, a qual foi recebida pelo Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto 
Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, vez que, no entendimento do magistrado, a inicial 
cumpriu todos os requisitos previstos no artigo 41 do Código de Processo Penal. 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
31 
 
Citada para oferecer resposta à acusação, não constituiu advogado, razão pela qual foi 
nomeado o defensor público da vara para realizar a referida resposta. 
 
Na fase instrutória, a vítima foi ouvida, ratificando em todos os seus termos os 
esclarecimentos prestados na fase de inquérito. Todavia, ao ser questionada sobre os problemas 
ocorridos na semana do crime, não quis se manifestar. 
 
Sindy e Bruna, funcionárias do mesmo escritório que Danila e Karen, em seus depoimentos, 
não informaram nada de relevante para a elucidação do fato, não sabendo sobre a possível 
adversidade existente entre acusada e vítima. 
 
Danila, em seu interrogatório, informou não serem verdadeiras as imputações realizadas, 
além de esclarecer não possuir nenhum tipo de rixa com Karen. Ao final da instrução probatória, a 
acusada requereu a constituição de advogado para patrocinar a sua defesa nos demais atos do 
processo. 
 
Diante da complexidade do caso, o juiz permitiu a manifestação das partes por escrito. A 
acusação sustentou a comprovação do delito, em virtude do depoimento prestado pela vítima. A 
defesa, por sua vez, em sede de memoriais, requereu a absolvição da acusada. Ressalte-se que, 
até a data da intimação da defesa, não foi acostada aos autos a perícia complementar que deveria 
ter sido realizada na vítima para comprovação da lesão sofrida. Em sentença, o juiz condenou 
Danila a uma pena de 03 anos, uma vez que, ao analisar o art. 59 do Código Penal, verificou que a 
acusada não possuía bons antecedentes e era reincidente, conforme pode verificar na folha de 
antecedentes criminais acostada aos autos, aumentando assim o patamar inicial da pena base e 
agravando a pena em virtude do constante no art. 61, I do Código Penal, não existindo, todavia, 
causas de aumento ou diminuição da pena, tornando assim a pena de reclusão de 03 anos em 
definitiva em regime inicial semiaberto, sem possibilidade de substituição da privativa de 
liberdade pela restritiva de direitos. 
 
Em face da situação hipotética, na condição de advogado constituído por Danila, redija a 
peça processual adequada à defesa de sua cliente, alegando AS TESES DEFENSIVAS pertinentes. 
Date o documento no último dia cabível para a interposição, sabendo que a intimação foi realizada 
no dia 12 de agosto de 2014, (terça-feira). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
32 
 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
Endereçamento correto (Valor: 0,25) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
PORTO ALEGRE CAPITAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
Processo número: 
 
- Endereçamento correto da peça de interposição e indicação do artigo 593, I do Código de 
Processo Penal. (Valor 0,25) 
- Estrutura correta (divisão das partes, indicação de local, data, assinatura) (Valor: 0,25) 
 
Danila, já qualificada nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, às fls.__, por seu 
advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, inconformada com a respeitável sentença condenatória, conforme fls.__, interpor 
tempestivamente a presente 
APELAÇÃO 
com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal. 
Requer que, após o recebimento desta, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária, sejam os 
autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e provido o presente recurso. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, 18 de agosto de 2014. 
Advogado, OAB 
 
Endereçamento correto das Razões do Recurso (Valor 0,25) 
 
RAZÕES DA APELAÇÃO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
33 
 
Exposição dos Fatos (Valor: 0,25) 
 
1. Dos Fatos 
 
Danila está sendo acusada de ter supostamente cometido o crime previsto no artigo 129, 
§1º, I do Código Penal, no dia constante na exordial acusatória. Segundo a apuração dos fatos, a 
acusada teria lesionado a vítima no escritório onde elas trabalhavam. 
 
O juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, recebeu a 
denúncia e mandou citar a ré para responder por escrito as acusações, as quais foram realizadas 
por defensor público atuante na vara. 
 
Durante a fase instrutória, foram ouvidas Sindy e Bruna que nada informaram acerca da 
prática delitiva, bem como não souberam atribuir a autoria do delito. Tanto vítima quanto acusada 
prestaram esclarecimentos, mas nada de relevante foi apurado no intuito de comprovar a 
existência do crime e de indícios de autoria. 
 
Ressalte-se que não foi realizado o exame complementar em Karen, no intuito de 
caracterizar que a lesão sofrida a deixou incapacitada para as atividades habituais por mais de 30 
dias. 
 
Por fim, diante da complexidade dos fatos, o juiz determinou as alegações finais por escrito, 
ocasião em que a acusação requereu a condenação e a defesa a absolvição, tendo o juiz condenado 
a uma pena de 03 anos de reclusão em regime inicial no semiaberto. 
 
Preliminares (Valor: 1,4) 
- Indicação da preliminar de ausência doexame de corpo de delito e do exame 
complementar para a configuração do crime de lesão corporal de natureza grave (Valor: 0,5). 
Fundamento no artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do 
Código de Processo Penal. (Valor: 0,5) 
- Indicação da preliminar de ausência de justa causa para o exercício da ação penal. 
(Valor: 0,3) Fundamento no artigo 395, III do Código de Processo Penal. (Valor: 0,1) 
 
2. Das Preliminares 
 
Preliminarmente, cumpre destacar a ocorrência manifesta de nulidade em virtude da 
ausência do exame de corpo de delito e do exame complementar, nos termos do art. 564, III, “b” 
em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do Código de Processo Penal. 
 
Ainda em sede de preliminar, é imperioso elucidar que não há justa causa para o exercício 
da ação penal, razão pela qual a denúncia sequer deveria ter sido recebida, nos termos do artigo 
395, III do Código de Processo Penal. 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
34 
 
Mérito (Valor: 1,25) 
- Desenvolvimento fundamentado da inexistência de justa causa para o exercício da ação, 
pois não existe prova da materialidade do crime nem indícios suficientes de autoria. (Valor: 0,9) 
- Desenvolvimento jurídico acerca das nulidades pela falta do exame de corpo de delito e 
pela ausência de exame complementar. (Valor: 0,2) 
- Desenvolvimento acerca da possibilidade de desclassificação do delito, remessa ao juízo 
competente, bem como benefícios constantes na Lei 9.099/95. (Valor: 0,15) 
 
3. Do Mérito 
 
Cumpre esclarecer ao douto julgador a ausência manifesta de justa causa para o exercício 
da ação penal. Conforme ensinamento pela melhor doutrina, para a configuração da justa causa 
são necessários dois requisitos: prova da materialidade do fato e indícios suficientes de autoria. 
 
Prova é a certeza inequívoca da ocorrência do fato. Já os indícios se configuram como 
indicativos de que o acusado tenha efetivamente participado da empreitada criminosa, seja como 
autor ou partícipe. 
 
No caso concreto, restou claro não haver prova da materialidade do crime nem indícios 
suficientes de autoria. Conforme noticiam os autos, não há qualquer depoimento testemunhal ou 
outro tipo de prova que leve a demonstrar ter a acusada praticado a conduta. A própria vítima 
afirma não saber quem cometeu o ilícito, apenas achando ter sido Danila em virtude de uma 
possível rixa, não comprovada durante a instrução criminal. 
 
As testemunhas prestaram depoimentos perante a autoridade policial e ao juízo 
competente, nada sabendo informar acerca do crime questionado, tão pouco sobre a possível 
adversidade existente entre acusada e vítima. 
 
 Além disso, não foi realizada perícia traumatológica na vítima para comprovação da lesão, 
tão pouco sendo acostado aos autos exame complementar, no intuito de comprovar a 
incapacidade das ocupações habituais por mais de 30 dias, elementar para a caracterização do 
crime de lesão corporal de natureza grave constante no artigo 129, §1º, I do Código Penal. 
 
Nesse caso, não há que se falar em justa causa para o exercício da ação penal porque, para 
a sua configuração, é necessário e imprescindível o binômio prova da materialidade do fato mais 
indícios suficientes de autoria. A ausência de qualquer um deles descaracteriza a justa causa, o que 
já deveria ter causado a rejeição da inicial acusatória. 
 
É mister destacar ainda, Excelência, de nulidade em virtude da falta de exame 
complementar, imprescindível para a caracterização da qualificadora da lesão corporal. Estabelece 
o artigo 168, §2º do Código de Processo Penal que, existindo a qualificadora do parágrafo 1º, I do 
artigo 129 do Código Penal, é necessária a feitura da perícia complementar logo após decorridos 30 
dias, contados da data do crime para a ocorrência da qualificadora, inexistindo esse exame nos 
autos, razão pelo qual não há que se falar em lesão corporal de natureza grave pela incapacidade 
Direito Penal – Teoria do delito 
35 
 
das ocupações habituais, devendo ocorrer a desclassificação para a lesão leve e, com misso, a 
consequente remessa aos juízo competente. 
 
Cumpre esclarecer ainda, por gosto à lide e amor ao debate, que em sendo a conduta da 
agente desclassificada para a lesão corporal prevista no caput do art. 129 do Código Penal, tem a 
agente os benefícios do Juizado Especial Criminal, já que o crime seria de pequeno potencial 
ofensivo, sendo cabível, inclusive, suspensão condicional do processo, nos exatos moldes do art. 89 
da Lei 9.099/95. 
 
Pedidos (Valor: 1,0) 
- Pedido de absolvição, com indicação do artigo 386, incisos II e V, do Código de Processo 
Penal, em virtude da inexistência prova da materialidade do fato e de indícios suficientes de 
autoria. (Valor: 0,4). 
- Pedido de anulação da instrução probatória em virtude da nulidade de ausência de 
exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 
168, §2º, todos do Código de Processo Penal (Valor: 0,2) 
- Pedido de desclassificação para o crime de lesão corporal leve, artigo 129, caput, do 
Código Penal e remessa dos autos ao juízo competente, em virtude do crime ser de pequeno 
potencial ofensivo. (Valor: 0,2) 
- Pedido de aplicação da pena mínima prevista abstratamente ao crime. (Valor: 0,1) 
- Pedido de aplicação dos benefícios constantes na lei 9.099/95. (Valor: 0,1) 
 
4. Dos Pedidos 
 
Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição da ré, com fundamento no 
artigo 386, incisos II e V, do Código de Processo Penal, visto a inexistência de prova da 
materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, ausente, nesse caso, a justa causa para o 
exercício da ação penal. 
 
Apenas por cautela, não sendo acolhido o pedido de absolvição, o que não se espera, requer-se 
ao douto julgador seja decretada a anulação da instrução probatória em virtude da nulidade de 
ausência de exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” combinado com os artigos 158 
e 168, §2º, todos do Código de Processo Penal. 
 
 Acolhendo-se a nulidade da ausência de exame complementar, requer-se a desclassificação 
para o crime de lesão corporal leve, nos termos do artigo 129, caput do Código Penal e a 
consequente remessa dos autos ao juízo competente, vez que o crime é de pequeno potencial 
ofensivo. 
 
Requer-se ainda, a título de pedidos residuais, a aplicação da pena mínima abstratamente 
prevista ao crime, bem como os benefícios constantes na lei 9.099/95. 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Teoria do delito 
36 
 
Indicação correta da Comarca, Estado, Data (Valor: 0,1). 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, 
18 de março de 2017. Advogado, OAB 
 
 
4.2. Caso prático proposto 
 
Márcio foi denunciado como partícipe do crime de roubo, art. 157, § 2º, I e II, do Código 
Penal, praticado contra uma agência do Banco do Brasil situada na cidade de Maceió, capital do 
Estado de Alagoas. No decorrer da instrução criminal, testemunhas atestaram que Márcio, gerente 
da agência, somente participou do crime porque Beatriz, sua filha, tinha sido sequestrada e, caso 
ele não colaborasse com os assaltantes, ela seria morta. O juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de 
Maceió, Alagoas, após toda a instrução probatória, proferiu sentença condenatória nos exatos 
termos da denúncia, condenando o réu a uma pena de 07 anos de reclusão no regime semiaberto. 
O réu e seu advogado foram intimados da sentença. Em face dessa situação hipotética, na 
condição de advogado(a) contratado(a) por Márcio, redija a peça processual que atenda aos 
interesses de seu cliente. 
RESPOSTA: 
▪ Peça: APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do Código de Processo Penal. 
▪ Competência: 
o Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ CAPITAL DOESTADO DE ALAGOAS 
o Razões: 
- EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS 
- COLENDA CÂMARA 
- ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
▪ Tese: Alegar que o gerente de banco agiu mediante coação moral irresistível, nos termos do 
art. 22 do Código Penal, excludente de culpabilidade. 
▪ Pedido: 
 
o Principal: Provimento do recurso e Absolvição do réu com fundamento no art. 386, VI, 
do Código de Processo Penal. 
o Subsidiários: 
- Reconhecimento da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “a” do Código 
Penal. - Afastamento das majorantes 
- Aplicação da pena mínima ao delito. 
Direito Penal – Teoria do delito 
37 
 
- Em se aplicando a pena mínima, que seja estabelecido o regime inicial de 
cumprimento de pena aberto, nos termos do art. 33º, § 2º. “c” do Código Penal. 
 
 
Revisão Criminal 
 
Conceito e Características 
 
Trata-se de instituto processual que tem a natureza jurídica de ação de impugnação. Isto 
porque não possui algumas características inerentes aos recursos. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção! Diferentemente dos recursos, a revisão criminal PODE ser intentada durante a 
execução de pena OU após a execução, nos termos do art. 622 do CPP. 
 
Objetivo 
 
REVISÃO CRIMINAL RECURSOS 
(a) A revisão criminal não possui prazo 
máximo para ser utilizada, podendo 
ser requerida a qualquer tempo, antes 
da extinção da pena ou após, nos 
exatos temos do art. 622 do CPP. 
 
(b) A revisão criminal desencadeia o 
surgimento de um novo processo 
 
(c) Só cabe revisão criminal de sentenças 
penais transitadas em julgado. 
 
(d) Só cabe revisão criminal de sentenças 
penais transitadas em julgado. Antes 
do trânsito em julgado da sentença 
criminal NÃO há a necessidade de 
ingressar com a revisão criminal, pois 
existem recursos específicos para tal 
finalidade 
(a) Os recursos em geral que sempre 
possuem prazo para serem interpostos 
sob pena de preclusão 
 
(b) Os recursos são um meio de 
impugnação na mesma relação 
processual. 
 
(c) Nos recursos em geral, o trânsito em 
julgado desencadeia preclusão da 
utilização do recurso 
 
(d) Nos recursos em geral, o trânsito em 
julgado desencadeia a preclusão da 
utilização do recurso. 
Direito Penal – Teoria do delito 
38 
 
O objetivo da revisão criminal é rescindir uma sentença penal transitada em julgado. 
Nesses termos, serve como uma ação rescisória do âmbito processual penal, com 
características próprias. 
 
No tocante aos pedidos que podem ser requeridos na revisão criminal, podem ser 
alegados os seguintes, conforme preceitua o art. 626 do Código de Processo Penal: 
1º) Absolvição 
2º) Desclassificação Neste três pedidos há a substituição da sentença. 
3º) Diminuição da pena 
 
4º) Anulação  Neste último pedido há a anulação da sentença. 
 
Uma característica muito peculiar da revisão criminal é o fato de ela ser um instituto 
exclusivo da defesa, ou seja, o Ministério Público não é parte legítima para requerer a 
revisão criminal. Esta característica advém do próprio art. 623 do Código de Processo 
Penal, na medida em que traz os seguintes legitimados para pedir a revisão criminal: 
 
a) O próprio réu. 
b) Procurador legalmente habilitado. 
c) Cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - CADI (no caso de morte do réu). 
 
Observação importante: Se, no curso da revisão criminal, falecer a 
pessoa cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do Tribunal nomeará curador para 
a defesa, conforme previsão expressa do art. 631 do CPP. 
 
 
Hipóteses de cabimento 
 
As hipóteses de cabimento da revisão criminal estão previstas de forma taxativa no 
art. 621 do CPP: 
a) Quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal 
ou à evidência dos autos; (art. 621, I, CPP). 
Neste caso especifico, a sentença condenatória deve ser arbitrária, uma vez que 
afronta diretamente texto de lei, ou é contrária à evidência dos autos. 
Direito Penal – Teoria do delito 
39 
 
Obs.: Vale salientar que, apesar de o inciso prever tão somente a possibilidade de 
afronta de lei penal, o termo “lei penal” deve abranger a possibilidade de a sentença penal 
condenatória afrontar qualquer lei, devendo tal afronta ser relevante para a condenação. 
b) Quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou 
documentos comprovadamente falsos; (art. 621, II, CPP). 
 Neste caso específico, existe a prova da condenação – como depoimentos, exames 
ou documentos – entretanto, tais provas são comprovadamente falsas e foram decisivas 
para levar à condenação do réu. 
c) Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do 
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição 
especial da pena. (art. 621, III, CPP) 
Este inciso contempla duas situações: (i) na primeira são descobertas novas provas 
de inocência do condenado – pode ser qualquer tipo de prova, sejam documentais, 
testemunhais, etc.; (ii) na segunda, surgem provas de circunstância que determinam ou 
autorizam a diminuição da pena do condenado. 
 
Competência para julgamento 
 
A competência para o julgamento da Revisão Criminal é sempre de Tribunal podendo 
ser organizada da seguinte forma: 
a) Decisão penal transitada em julgada de Juiz Estadual ou Juiz Federal: compete ao 
Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar a revisão criminal, 
respectivamente. 
b) Decisão penal transitada em julgada de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional 
Federal: compete ao próprio Tribunal de Justiça e ao Tribunal Regional Federal julgar 
a revisão criminal. 
 
Obs.: Isto ocorre como decorrência da previsão constitucional do art. 
108, I, b da CF que prevê que o Tribunal Regional Federal processará a julgará 
originariamente as revisões criminais, e, pelo princípio da simetria, tal regra se 
estende aos Tribunais de Justiça.) 
 
c) Decisão penal transitada em julgado proferida pelo Superior Tribunal de Justiça ou 
Supremo Tribunal Federal: compete ao próprio Superior Tribunal de Justiça ou 
Supremo Tribunal Federal proceder a revisão criminal de seus próprios julgados, nos 
exatos termos do art. 105, I, “e” e art. 102, I, “j” da Constituição Federal, 
respectivamente. 
Direito Penal – Teoria do delito 
40 
 
d) Decisão penal transitada em julgado proferida por Juizado Especial Criminal: 
compete a Turma Recursal Criminal julgar a revisão criminal. 
 
Obs.: É de competência das Turmas Recursais proceder à revisão criminal das 
sentenças penais proferidas em juizados especiais criminais, vale destacar que 
tal competência é uma construção da jurisprudência do STJ, neste sentido é o 
teor do Conflito de Competência n. 47.718-RS, proferido pela 3ª Seção do 
STJ: 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 47.718 - RS (2005/0000421-7) RELATORA: 
MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) 
AUTOR: JUSTIÇA PÚBLICA RÉU: JOSÉ CARLOS RICCARDI GUIMARÃES 
ADVOGADO: NEY FAYET JÚNIOR E OUTRO SUSCITANTE: TURMA RECURSAL 
CRIMINAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SUSCITADO: TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMENTA CONFLITO 
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE TRIBUNAL DE JUSTIÇA E COLÉGIO 
RECURSAL – REVISÃO CRIMINAL – CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 
– AMEAÇA – AÇÃO PENAL QUE TEVE CURSO PERANTE OS JUIZADOS 
ESPECIAIS – AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA PARA A REVISÃO NO 
ÂMBITO DOS JUIZADOS – GARANTIA CONSTITUCIONAL – VEDAÇÃO TÃO-
SOMENTE QUANTO À AÇÃO RESCISÓRIA – INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA PARA REVER O DECISUM QUESTIONADO – IMPOSSIBILIDADE DE 
FORMAÇÃO DE GRUPO DE TURMAS RECURSAIS – UTILIZAÇÃO ANALÓGICA 
DO CPP – POSSIBILIDADE, EM TESE, DE CONVOCAÇÃO DE MAGISTRADOS 
SUPLENTES A FIM DE EVITAR O JULGAMENTO PELOS MESMOS JUÍZES QUE 
APRECIARAM A APELAÇÃO – COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL. 1. 
Apesar da ausência de expressa previsão legal, mostra-se cabível a revisão 
criminal no âmbito dos Juizados

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