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ATIVIDADE PENAL 01 - Habeas corpus

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
(Pular 10 linhas)
Processo nº ...
Nome do advogado..., nacionalidade..., estado civil..., advogado, inscrito na Ordem dos Advogados sob o nº ..., com escritório situado no endereço ..., vêm, a presença de vossa excelência, com respeito e urbanidade, fundamentado no art. 5º, LXVIII, da CF/88, e art. 647 e ss, do CPP, impetrar HABEAS CORPUS c/c pedido liminar em favor de José Percival da Silva, vulgo “Zé da Farmácia”, nacionalidade ..., casado, presidente da câmara dos vereadores do município de Conceição do Agreste-CE, inscrito no CPF sob o nº ..., e no RG sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado no endereço ..., por estar sofrendo constrangimento ilegal, perpetrado pelo MM. Juiz de Direito da _____ Vara Criminal do Fórum da Comarca de Conceição do Agreste-CE, nos autos em epígrafe, como será apresentado a seguir.
1. DOS FATOS
O paciente teve sua liberdade cerceada em 04 de fevereiro de 2018, data em que foi autuado em flagrante pela suposta prática do delito de corrupção passiva, encontrando-se atualmente no [local]. A operação policial que resultou na prisão do paciente fora realizada sob o comando do Delegado de Polícia do Município, Dr. João Rajão, que, após receber denúncia na data anterior pelo Sr. Paulo Matos de que estaria sendo vítima no crime de corrupção em procedimento licitatório, orientou que este prosseguisse com a prática delituosa enquanto aquele prepararia uma equipe policial para estar presente no local e efetuar a prisão em flagrante dos supostos envolvidos, como de fato ocorreu. No entanto, também foi levado em prisão o Sr. José Percival da Silva, que estaria no local no momento da operação mas que nada sabia sobre as condutas praticadas pelos demais membros da câmara, e jamais participara de nenhum ato ilícito, pelo contrário, o real motivo para estar presente no local era a de acompanhar a Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz, o que nada mais é do que a sua função observado o seu cargo de presidente da câmara dos vereadores do município.
Após a prisão, e tendo sido realizadas as preparações em sede policial conforme prevê a legislação, o paciente foi levado à presença da autoridade judicial no dia posterior ao do ocorrido para audiência de custódia. Apesar do requerimento do procurador da câmara dos vereadores pela liberdade do paciente com aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, o MM. Juiz decidiu pela conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva sob a alegação de garantia da ordem pública, mesmo sendo o paciente primário e de bons antecedentes com residência e trabalho fixos e, principalmente, lícitos.
Mister salientar que não há o que se falar em supressão de instância pois, conforme art. 654, §2, CPP “Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.”
Trata-se de manifesta e nítida violência contra a liberdade do paciente, causada por ato de autoridade coatora, que move o presente pedido.
2. DO DIREITO
2.1. DO CABIMENTO
Conforme dispõe o art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal de 1988:
conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Desta mesma feita, o art. 647, do Código de Processo Penal:
Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Com isto, evidente é o cabimento do presente pedido observado o ato de coerção da autoridade impetrada que é eivado de manifesta ilegalidade.
2.2. DO MÉRITO
2.2.1. DO FLAGRANTE PREPARADO
Quando falamos em prisão em flagrante, de imediato, nos remetemos as suas diversas formas de ocorrência. Uma destas formas, o flagrante preparado ocorre quando há a indução ou instigação para a prática do crime. Diferentemente, do flagrante esperado, onde o agente policial fica sabendo da possível ocorrência de um crime e aguarda no local para efetuar a prisão, no flagrante preparado há ilegalidade na prisão pois ao ser provocado o flagrante, a prática do delito este torna-se impossível (art. 17, CP). 
Assim, como é de entendimento sumulado do Supremo Tribunal federal: “Sumula 145 – Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
Também a Ministra do STJ Maria Thereza Assis Moura no julgamento do HC 290.663/SP: “o flagrante preparado apresenta-se quando existe a figura do provocador da ação dita por criminosa, que se realiza a partir da indução do fato”.
Nesse mesmo sentido, leciona Guilherme de Souza Nucci:
Trata-se de um arremedo de flagrante, ocorrendo quando um agente provocador induz ou instiga alguém a cometer uma infração penal, somente para assim poder prendê-lo. Trata-se de crime impossível (art. 17, CP), pois inviável a sua consumação. Ao mesmo tempo em que o provocador leva o provocado ao cometimento do delito, age em sentido oposto para evitar o resultado. Estando totalmente na mão do provocador, não há viabilidade para a constituição do crime. (Curso de direito processual penal / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020, pag.966-967)
Com tais conceituações resta evidente a caracterização do flagrante preparado em face dos atos praticados, o que, consequentemente, se conclui pelo crime impossível do art. 17 do Código Penal, vez que houve instrução do delegado de polícia, Dr. Joao Raia, para que o Sr. Paulo Matos prosseguisse com a prática do crime de corrupção passiva prevista no ar. 317, CP, para que aquele pudesse efetuar a prisão em flagrante dos envolvidos, de tal forma que não restam dúvidas quanto à impossibilidade do delito.
O que houve na verdade foi a antecipação do julgamento pelo ilustre juiz que condena o paciente sem fundamentos, apenas alegando garantia da ordem pública, o que não se sustenta observado o caso concreto, afinal o paciente sequer praticou ação criminosa alguma. É fato que o motivo do paciente estar no local no momento da ação policial é porque sendo presidente da câmara dos vereadores deste munícipio é seu TRABALHO estar lá, o que não configura crime por si só. Tampouco há provas que sustentem o envolvimento do paciente no crime.
Sendo assim, uma vez comprovada a caracterização de flagrante preparado resta por conseguinte demonstrada a ocorrência de crime impossível. Certo de que o paciente não praticou crime algum e que não tinha ciência dos atos ilegais praticados por demais membros, e diante de todo o exposto é possível concluir pelo inequívoco constrangimento ilegal arguido, pelo qual requer-se a imediata concessão da ordem de habeas corpus com expedição de competente alvará de soltura fundamentado no art. 647 e 648, I, do CPP:
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa; (...).
3. DA LIMINAR
Conforme verificamos, a prisão em flagrante efetuada é comprovadamente ilegal, sendo, portanto, a sua manutenção em prisão preventiva constrangimento ilegal e infundamentada.
Com a simples leitura do art. 312, CPP, podemos chegar a conclusão de que não há base legal para a prisão preventiva no caso concreto, vejamos:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventivadeve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. 
Ainda, nos moldes do art.313, §2º:
Art. 313. § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.
Quer dizer, caberá a prisão preventiva SOMENTE quando presentes os requisitos do artigo, e quando não cabível outra medida cautelar menos gravosa, conforme verifica-se pela leitura do art. 282, §6, CPP.
Essas exigências para a prisão preventiva, a que a lei chama de fumus commissi delict, ou “fumaça da prática do delito” e o periculum in libertatis, ou “perigo em liberdade” são pressupostos para a sua aplicação e necessariamente cumulativos, quer dizer, um não se sustenta sem o outro. No caso concreto apesar de haver a materialidade do delito, não há indícios suficientes de autoria que satisfaçam a exigência para a prisão preventiva.
Noutro ponto, é o paciente comprovadamente primário, sem antecedentes negativos, possuidor de residência e trabalhos fixos, além de pessoa notória em sua localidade. Portanto, a mencionada prisão além de ilegal coerção da liberdade de locomoção, aufere ao paciente prejuízos pelo constrangimento e danos a sua reputação até então ilibada.
É nesse sentido o pedido para concessão liminar do pedido de habeas corpus para por fim a tais constrangimentos e prejuízos com urgência.
4. DO PEDIDO
Pelo exposto, é a impetração para que:
a) seja recebido o presente habeas corpus;
b) seja concedida a liminar em caráter de urgência com a concessão da ordem de habeas corpus e a expedição do competente alvará de soltura em favor do paciente;
c) que seja oficiada a entidade coatora, a fim de que esta preste informações;
d) intime-se o Ilustre Membro do Ministério Público para que se manifeste;
e) por fim, mantenha-se a liminar anteriormente concedida, para que seja desfeita a coação sem justa causa e, portanto, ilegal, com fundamento no art. 648, I, do CPP, tornando-a definitiva.
Termos em que,
Pede, e espera, deferimento.
Conceição do Agreste-CE, 06 de fevereiro de 2018.
ADVOGADO
OAB/UF
[ASSINADO DIGITALMENTE]
ANEXOS:
1. Procuração;
2. Cópia da decisão que decretou originariamente a prisão;
3. Cópia dos fundamentos da sentença;
4. Provas do alegado;
5. Certidão de antecedentes criminais;
6. Comprovantes de residência e trabalho.

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