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PETIÇÃO+HABEAS+CORPUS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ/CE
 
 
 
Nome do Impetrante , brasileiro, advogado, inscrita na OAB/CE sob o nºxxx.xxx, com escritório profissional situado na  (endereço), na cidade de Conceição do Agreste/CE, onde recebe a intimação, impetra a presente ORDEM DE  HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR em favor de JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, ora  Paciente, Brasileiro, casado, vereador, residente e domiciliado à  rua Prestes Maia nº14 na cidade de Conceição do Agreste/CE, atualmente recolhido na penitenciária da cidade de Conceição do Agreste/CE , com  fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República, cominado com o art.  648, I e IV, do Código de Processo Penal, apontando como autoridade coatora o   MM.  Juiz da __ª Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE, com base nos argumentos que passa a apresentar para, ao final, requerer: 
 
I.DOS FATOS
 
O paciente encontra-se preso desde 04 de fevereiro de 2018, na cidade de Conceição do Agreste/CE, em razão de prisão em flagrante posteriormente convertida em preventiva por ordem do Excelentíssimo Juiz de Direito da ___ Vara Criminal (autoridade coatora) da cidade de Conceição do Agreste, devido a prisão ocorrida neste dia supracitado, decorrente de denúncia recebida pelo senhor delegado da mesma cidade, Dr. João Rajão, no dia 03 de fevereiro de 2018.
Comunicada a Autoridade Judiciária, esta determinou a apresentação da paciente, em audiência de custódia, a ser realizada no dia seguinte à prisão. Na audiência de custódia, o MM. Juiz acatou o pedido ministerial, decretando a prisão preventiva do Paciente, nos termos do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pública
 
 A denúncia foi feita pelo senhor Paulo Matos, empresário, sócio de uma empresa, interessado em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores. O Sr. Paulo relatou um esquema de corrupção envolvendo o vereador João Santos e João do Açougue, que exerce atualmente, a função de Presidente da Comissão de finanças e contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, com demais participações, Fernando Caetano e Maria do Rosário, membro da mesma comissão. Onde esses vinham exigindo de Paulo o pagamento de 1000.000,00 (Cem Mil Reais|) para que sua empresa pudesse participar do referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte. 
 
Interessado em prender todos os envolvidos no caso em flagrante delito, o Delegado João Rajão, orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão da realização da licitação, assim foi feito. Ocorre que, por uma infeliz coincidência, o paciente deste remédio constitucional impetrado, Zé da farmácia, na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, naquele exato dia, assistir a Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz. Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou também preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.
  A autoridade policial, não há no presente caso situação de flagrância a justificar a prisão do paciente da forma como foi realizada. Isso porque ele sequer praticou qualquer crime. Não há qualquer nexo de causalidade entre o crime praticado e a conduta do Paciente (de, simplesmente, estar presente à sessão). Sua conduta é absolutamente atípica. Logo, sua conduta não pode se enquadrar àquelas previstas no art. 302, do CPP.  
Portanto, a decretação da prisão preventiva da Paciente demonstra-se carecedora de justa causa. Assim, evidenciada a coação ilegal, nos termos do art. 648, I, do CPP. 
 Diante disso, foram seguidos todos os ritos e prazos de inquéritos policial sendo enfim comunicada às Autoridades Judiciária, está determinou a apresentação dos presos, em audiência de custódia, a ser realizada no dia seguinte à prisão. Na data e no horário designados, os réus foram representados pelo Procurador da Câmara dos Vereadores, que requereu a liberdade deles, com a declaração de medidas cautelares diversas da prisão. Entretanto, o MM. Juiz, acatando o pedido do Ministério Público de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, decretou a prisão preventiva de todos, nos termos do art. 310 I CPP, para a garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade e a repercussão do crime.
 
II- COAÇÃO ILEGAL: DO FLAGRANTE PREPARADO 
Não obstante, não restam dúvidas de que o flagrante realizado pela polícia foi preparado.  
Como se sabe, flagrante preparado (ou provocado) existe quando há uma indução, um estímulo, uma participação fundamental das autoridades estatais para que a situação fática causadora da prisão exista. Isto é, quando o agente, por meio de uma cilada, uma encenação teatral, é impelido à prática de um delito por um agente provocador, normalmente, um policial ou alguém sob sua orientação. E é exatamente essa a hipótese dos autos.  
Afinal, os fatos jamais ocorreriam da forma como ocorreram se não fosse a orientação realizada pelo delegado de polícia. E a Súmula 145, do STF, atesta que não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a consumação do delito.  
Portanto, a decretação da prisão preventiva do Paciente demonstra-se carecedora de justa causa. Assim, evidenciada a coação ilegal, nos termos do art. 648, I, do CPP. 
Deste modo, a prisão preventiva decretada é ilegal. Cabível, portanto, o pedido de relaxamento de prisão, baseado no art. 5º, LXV, da CF/88, e art. 310, I, do CPP.
 
 
III-DOS ARGUMENTOS
 
Entretanto, a referida prisão/ação penal constitui uma coação ilegal contra o paciente, tratando-se de uma medida de extrema ilegalidade, uma vez que a prisão e logo também a manutenção da prisão pela autoridade coatora é flagrante em relação ao paciente. Para comprovar tal fato e fundamental a análise do artigo 302 do Código de Processo Penal, que diz:
                             Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
        	I- Está cometendo a infração penal;
        	II- Acaba de comete-la;
        	III-É perseguido, logo após, pela autoridade pelo ofendido ou        por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração.
        	IV- É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
 
A prisão em flagrante se dá sempre que o indivíduo for surpreendido e capturado no momento do cometimento da infração penal, sendo ele tentada ou consumada, o que em nenhum momento, nem do relato do Sr. Paulo Matos nem no momento da prisão, foi constatado em relação ao paciente.
Não podemos nos esquecer que o Rol constante do art. 302, do CPP é taxativo, ou seja, só será considerada prisão em flagrante delito aquela prisão realizada em uma das hipóteses ali previstas, sob pena de tal ato ser ilegal e, portanto, passível de imediato relaxamento.
    Ainda há que se falar das hipóteses de flagrante próprio, previsto nos incisos I e II, do CPP (transcritos acima). Compreende entre eles os institutos do flagrante forjado, preparado, bem como do flagrante esperado, onde os dois primeiros são completamente ilegais segundo a própria legislação. É possível perceber que o flagrante do caso se enquadra perfeitamente no conceito de Flagrante preparado transcrito abaixo.
Nesse sentido, há a Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela estabelece que "não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação".
Sendo assim, não havia justificativa para que a prisão do paciente prosseguisse no tempo. Tanto que, uma vez cumpridas as funções da prisão em flagrante (que também já era ilegal), impõem-se ao juiz que seja devidamente fundamental a manutenção da prisão realizada em flagrante delito em prisão preventiva,o que não ocorreu, pois não havia nenhum fundamento legal para tal feito para autoridade coatora.  
IV-DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS 
 
O Habeas Corpus caracteriza-se por ser uma ação de impugnação autônoma, de natureza mandamental e de cognição sumária, também não submetida a prazos, destinada a garantir a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos, em casos de atos abusivos do Estado, encontrando amparo legal nos artigos 647 a 667 do Código Processo Penal.  
A comprovação da plausibilidade do direito substancial invocado, para a concessão do presente pedido liminar, é patente nestes autos. Ora, a simples leitura da presente petição e dos documentos que a ela são anexados evidencia o fumus boni iuris, caracterizado pela ilegalidade na decretação da prisão preventiva do paciente. 
O periculum in mora, por sua vez, evidencia-se pelo fato de ser adequado ao caso a decretação de medidas cautelares diversas da prisão, ao invés da prisão preventiva do Paciente. Assim, o prolongamento do desnecessário cárcere provisório evidencia o risco de dano irreparável. 
Portanto, recebido o presente writ, impõe-se a concessão liminar da presente Ordem para cessar a flagrante ilegalidade da sua prisão. 
O Código de Processo Penal, nos arts. 647 e 648 apresentam as hipóteses do seu cabimento quando for verificada a coação ilegal:
 
Art. 647 – Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
 
Art. 648 – A coação considerar-se-á ilegal:
I – Quando não houver justa causa|:
Ainda, nossa Carta Magna é clara em seu artigo 5º LIV, ao dispor que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal;”. Também dispõe no inciso LVII, “ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
 
Já nos termos do seu art.5º, inciso LXVIII, a Constituição Federal assim prevê 
 
Art. 5º: (...)
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
 
A decisão que decreta a prisão preventiva, que é o caso em questão, tem natureza jurídica de decisão interlocutória simples (aquela que decide questões processual, sem encerrar a relação processual ou uma etapa procedimental), trata-se de ato, judicial, em regra, irrecorrível. Diante disso se faz necessário o uso de uma ação de impugnação autônoma, que no caso de restrição de liberdade de locomoção é o Habeas Corpus. 
 
V-DO PEDIDO LIMINAR EM SEDE DE HABEAS CORPUS
 
A liminar existe com o objetivo de assegurar pedidos urgentes de uma parte de um litígio, evitando coação ilegal ou impedimento a ocorrência desta. O “FUMUS BONI IURIS” está presente na medida em que a prisão preventiva é completamente ilegal devido ao não flagrante em relação ao paciente, pois este não tinha ideia do que ocorria, se fazia presente apenas para exercer sua função como Presidente da Câmara. Presente também está o “periculum in mora”, onde certamente a manutenção da prisão preventiva além de perpetuar a coação ilegal trará enormes prejuízos ao paciente, sejam eles de ordem moral ou psicológica.
    Os artigos 649 e 660, § 2º, do Código de Processo Penal preconizam que o juiz ou tribunal “fará passar imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
    Outrossim, estando o paciente preso, o presente mandamus assume caráter cautelar exigindo uma rápida atuação do Poder Judiciário para que a liberdade ambulatorial do indivíduo não seja afetada. 
    Por fim, cabe salientar que relaxamento de prisão está previsto no art. 5º, inciso LXV, da Constituição da República: “LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciaria.”.
VI- DOS PEDIDOS
Diante do fato, em face da verdadeira coação ilegal, de que é vítima o paciente, vem requerer que, depois de solicitadas as informações à autoridade coatora, seja concebida a ordem impetrada, conforme artigos 647 e 648, inciso I do Código de Processo Penal, concedendo: 
a. A medida LIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinado a imediata LIBERDADE por meio de revogação a imediato relaxamento da prisão preventiva decretada contra paciente;
b. A expedição do alvará de soltura em favor do paciente;
c. Oficializar a autoridade coatora para prestar informações de praxe, com posterior remessa dos autos a este Egrégio Tribunal como regular prosseguimento do feito;
 d. conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado do feito, tornando definitivos os efeitos da liminar concedida;
e. A juntada de comprovante de residência, certidão de antecedentes criminais e comprovante de trabalho para demonstrar o intuito do paciente em colaborar e participar do processo;
f.  A juntada cópia integral de todo o procedimento existente até o momento.
           
 Nestes termos, pede deferimento.
Conceição do Agreste- Ceará
Assinado digitalmente
 DATA   ____________ 
  OAB: XXX.XXX/CE

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