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1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS – SISTEMA CARDIOVASCULAR E NERVOSO SUMÁRIO Carbamazepina e hidroclorotiazida ........................................................................................................ 2 Amitriptilina e Fluoxetina ............................................................................................................................. 2 Amitriptilina e Tramilcipromina ................................................................................................................... 3 Clonidina + Amitriptilina ............................................................................................................................... 4 DIAZEPAM e AMITRIPTILINA ........................................................................................................................ 4 Tranilcipromina+Amitriptilina .................................................................................................................... 4 Amitriptilina x Cimetidina ............................................................................................................................. 5 ALPRAZOLAM + CIMETIDINA ........................................................................................................................ 6 Alprazolam x Imipramina ............................................................................................................................. 6 Fluoxetina e metoprolol ............................................................................................................................... 6 MALEATO DE MIDAZOLAM + OMEPRAZOL .................................................................................................. 6 Fluoxetina x Alprazolam ............................................................................................................................... 7 Sertralina e Alprazolam. ............................................................................................................................... 7 Sertralina x carbamazepina .......................................................................................................................... 7 Sertralina X Beta-Bloqueadores ................................................................................................................... 8 Sertralina e Aspirina ..................................................................................................................................... 8 Sertralina e diclofenaco ................................................................................................................................ 8 FLUOXETINA X DICLOFENACO ...................................................................................................................... 9 ALPRAZOLAM x OMEPRAZOL ....................................................................................................................... 9 Carbamazepina e fenobarbital ..................................................................................................................... 9 Carbamazepina X Fenobarbital .................................................................................................................. 10 Amitriptilina + haloperidol: ...................................................................................................................... 10 FENITOÍNA X OMEPRAZOL ................................................................................................................. 10 Fenitoína e Sinvastatina ............................................................................................................................. 11 SINVASTATINA + CARBAMAZEPINA ................................................................................................ 11 AMITRIPTILINA X CLONIDINA ..................................................................................................................... 12 Fluoxetina e ibuprofeno ............................................................................................................................. 12 Primidona e flunitrazepam ......................................................................................................................... 12 FLUOXETINA E ASPIRINA ............................................................................................................................ 12 Valproato de Sódio x Aspirina .................................................................................................................... 13 tartarato de Ergotamina X Beta Bloqueadores .......................................................................................... 13 2 CARBAMAZEPINA E HIDROCLOROTIAZIDA A carbamazepina é um agente antiepiléptico utilizado no tratamento de convulsões parciais e generalizadas secundárias, e também como estabilizadores de humor. Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição dos canais de sódio (Na+) dependentes de voltagem nos neurônios de descarga rápida, diminuindo a velocidade de recuperação do canal de seu estado inativado para o estado fechado, o que aumenta o limiar do potencial de ação, impedindo a descarga repetitiva. Dentre seus efeitos adversos, já é de conhecimento que a hiponatremia pode ocorrer com o uso a longo prazo ou devido a fatores de susceptibilidade. A provável explicação da hiponatremia causada por carbamazepina seria a indução da reabsorção excessiva de água nos ductos coletores, que pode estar relacionada a um efeito central no aumento da secreção de hormônio antidiurético (ADH) pela glândula pituitária ou ainda pela indução de um aumento na sensibilidade dos receptores de ADH no rim. Com a reabsorção de água, ocorre a diminuição das concentrações plasmáticas de Na+. Já em relação a hidroclorotiazida, o anti-hipertensivo é protótipo da classe dos tiazídicos e medicamento de escolha para tratamento de hipertensão primária. A droga induz uma diminuição inicial do volume intravascular, na tentativa de reduzir a pressão arterial ao diminuir o débito cardíaco. Esse efeito é obtido através da inibição da reabsorção de sódio e de cloreto no co-transportador de Na+/Cl- no túbulo contorcido distal, sendo um agente natriurético. A hiponatremia também é um possível efeito adverso, devido ao seu mecanismo de ação, que também pode ser explicada pela secreção excessiva de ADH e depleção intracelular de potássio. Diante dessas informações, a associação de carbamazepina e hidroclorotiazida pode gerar hiponatremia sintomática, principalmente em indivíduos suscetíveis. Essa susceptibilidade está relacionada a doença renal com baixo teor de sódio pré-existente, polifarmácia, uso de outras drogas que apresentam propensão a reduzir o nível sérico de sódio e, principalmente, pacientes idosos, devido às alterações fisiológicas decorrentes da idade e associação aos fatores de risco citados acima AMITRIPTILINA E FLUO XETINA A fluoxetina é um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), sendo que essa inibição gera um aumento nos níveis de serotonina no espaço extracelular, produzindo maior ativação dos receptores serotoninérgicos e intensificando as respostas pós-sinápticas. Já a amitriptilina é um antidepressivo tricíclico (ADT) que possui seu mecanismo de ação pela inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina do espaço extracelular, o que leva à ativação aumentada dos receptores desses neurotransmissores, produzindo elevação das respostas pós-sináptica. Entre os efeitos adversos mais graves desse medicamento está a repercussão cardiovascular que ele pode causar, pois pode gerar bloqueio atrioventricular, além do risco de superdosagem poder ser letal ao paciente. Em minha visão pode haver duas situações de interação entre amitriptilina e fluoxetina: como ambos aumentam os níveis de serotonina no meio extracelular pode ocorrer um quadro conhecido comosíndrome serotoninérgica, caracterizada por alterações na cognição, comportamento e na atividade neuromuscular, o que caracterizaria um sinergismo farmacodinâmico. Somado a isso, a amitriptilina é metabolizada pela enzima CYP 2D6 que pode ser inibida por altas dosagens de fluoxetina, o que potencializa o efeito do ADT e seus potenciais efeitos tóxicos, caracterizando um sinergismo farmacocinético, por alterar a biotransformação. 3 Referências Bibliográficas: Golan – A Base Fisiopatológica da Farmacologia – 3ª edição – Capítulo 14; Rang e Dale – Farmacologia – 8ª edição – Capítulo 47; AMITRIPTILINA E TRAMILCIPROMINA O uso concomitante dos dois medicamentos supracitados pode aumentar o risco de uma síndrome rara, porém grave, denominada síndrome serotoninérgica. Tal síndrome inclue os seguinte sintomas: • Confusão • Alucinação • Convulsão • Mudanças extremas na pressão sanguínea • Aumento da freqüência cardíaca • Febre • Sudorese excessiva • Tremores; • Visão turva; • Espasmo muscular ou rigidez • Tremor • Incoordenação • Cólica estomacal • Náusea • Vômito • Diarréia. Em casos mais severos, tal síndrome pode levar a um estado de coma e a morte. A amitriptilina atua primariamente como um inibidor da recaptação da serotonina-norepinefrina, com ações fortes sobre o transportador de serotonina e efeitos moderados no transportador de norepenefrina. 4 A tranilcipromina liga-se irreversivelmente à monoamina-oxidase, diminuindo sua atividade, aumentando assim os estoques dos neurotransmissores (serotonina, epinefrina, norepinefrina e dopamina) no sistema nervoso central. Tem um efeito hipotensor. Impede a inativação da tiramina pela monoamina-oxidase gastrintestinal e do fígado; essa tiramina circulante libera norepinefrina e aumenta repentinamente a pressão arteria Dessa forma, com a inibição da recaptação de serotonina pela amitriptilina e o aumeto dos estoque de serotonina pela tranilcipromina, podemos ter uma estimulação excessiva de receptores setotoninérgicos centrais e periféricos e, consequentemente uma síndrome serotoninérgica. CLONIDINA + AMITRIPTILINA A Clonidina é um agente anti-hipertensivo que reduz as descargas simpáticas dos centros vasomotores no tronco encefálico. Esse fármaco é um agonista dos receptores alfa-2 adrenérgicos, que são receptores localizados nos neurônios adrenérgicos pré-sinápticos e em alguns neurônios pós-sinápticos. A ligação do fármaco aos receptores pré-sináptico reduz a liberação de norepinefrina na fenda sináptica e a ligação aos receptores pós-sinápticos inibe a atividade dos neurônios. A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico, portanto, apresenta como mecanismo de ação a inibição da recaptação da serotonina e da norepinefrina pelos neurônios. Esses fármacos apresentam ações antagônicas no que diz respeito à norepinefrina, portanto, o uso concomitante pode reduzir a resposta anti-hipertensiva da Clonidina por aumentar os níveis de norepinefrina na fenda sináptica. DIAZEPAM E AMITRIPTILINA O diazepam atua ligando-se a subunidade do receptor GABAa sendo modulador alostérico positivo. Potencializa, então, a regulação dos canais na presença de GABA, aumentando a frequência de abertura do canal. A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico que atua inibindo a recaptação de serotonina e noradrenalina. A interação acontece porque a amitriptilina não possui alta especificidade e acaba agindo em outros receptores também, podendo causar efeitos sedativos. Quando usada concomitantemente com o diazepam, esses efeitos sedativos se somam, proporcionando uma interação sinergista. TRANILCIPROMINA+AMITRIPTILINA Tranilcipromina: se trata de antidepressivo da classe dos inibidores não seletivos da MAO. O mecanismo de ação desse fármaco se baseia em inibir de modo prolongado a MAO e assim evitar a metabolização de serotonina, noradrenalina e dopamina. Seu efeito decorre tanto do aumento da disponibilidade dos neurotransmissores no sistema nerovos quando das mudanças que o uso crônico dessa fármaco induz nas características dos receptores alfa e beta adrenérgicos. Amitriptilina: se trata de um antidepressivo tricíclico. O mecanismo de ação é baseado em impedir a recaptação de serotonina e noradrenalina, e esses fármacos, conforme foi explicado na aula, possuem mecanismo de ação "sujo", pois também interferem na dopamina ao dessensibilizar os receptores D2 e interagem com os receptores adrenérgicos. Interação Medicamentosa: O uso desses dois fármacos juntos promove aumento dos neurotransmissores serotonina e noradrenalina, isso acontece por que a Tranicilpromina impede a metabolização, e a Amitriptilina impede a recaptação. Assim, acredito que se trata de um sinergismo de efeito. Segue a imagem do livro do Goodman 10° ed, que traz um esquema do mecanismo de ação desses dois fármacos, e trago também uma lista de possíveis interações medicamentosas dos inibidores da MAO. Referências: Goodman. As bases farmacológicas da terapêutica. 10°ed 5 Psicofarmacologia dos antidepressvos - Ricardo Alberto Moreno,Doris Hupfeld Moreno, Márcia Britto de Macedo Soares - Revista Brasileira de Psiquiatria AMITRIPTILINA X CIMETIDINA O principal problema da administração concomitante desses dois fármacos é que a Cimetidina é um inibidor das enzimas do citocromo P450, mais especificamente da CYP3A4 e CYP2D6, e, com isso, impede a metabolização normal da Amitriptilina, fazendo com que a concentração sérica desta aumente, o que pode levar a um efeito tóxico. Ocorre aí uma interação de sinergismo farmacocinético. Com isso, a chance de um dos efeitos adversos da Amitriptilina acontecer aumenta. Sabe-se que ela é um antidepressivo tricíclico e que eles são passíveis de causar mais efeitos adversos do que outros antidepressivos porque não são inibidores seletivos dos transportadores de serotonina e de noradrenalina, apenas. Em seu mecanismo de ação também bloqueiam receptores histaminérgicos, dopaminérgicos e muscarínicos. É importante observar que a Cimetidina, assim como a Amitriptilina, inibe o receptor H2 por antagonismo competitivo, o que pode intensificar os efeitos anti-histaminérgicos, como sedação, ganho de 6 peso e confusão mental. Este último afeta principalmente idosos. Nesse caso, seria caracterizado um sinergismo farmacodinâmico. ALPRAZOLAM + CIMETIDINA Alprazolam é um benzodiazepínico indicado para o tratamento de transtornos de ansiedade e transtornos de pânico. Embora seu mecanismo de ação não seja completamente conhecido, essa classe de fármacos atua no sistema nervoso central, ocasionando efeitos sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Cimetidina é um inibidor dos receptores H2 de histamina, indicada para o tratamento de úlceras gástricas e duodenais, refluxo gastroesofágico, esofagite erosiva e outras condições similares. Seu mecanismo de ação consiste em inibir competitivamente a ação da histamina nos receptores H2 das células parietais, limitando a secreção ácida gástrica. Ao serem administrados concomitantemente, ocorrerá uma interação de sinergismo farmacocinético, levando em consideração que Alprazolam é metabolizado pela enzima hepática CYP3A4 e a Cimetidina é um inibidor dessa enzima. Dessa forma, haverá uma ampliação dos níveis plasmáticos do benzodiazepínico e acentuação de sua atividade, sendo aconselhável uma possível redução da dose desse fármaco. ALPRAZOLAM X IMIPRAMINA O Alprazolam é um benzodiazepínico, que aumenta a ação inibitória do neurotransmissor GABA, aumentando a atividade dos receptores localizados nos canais iônicos de cloreto, hiperpolarizando os neurônios e diminuindo sua excitabilidade. Dessa forma, temos os efeitos hipnóticos, ansiolíticos, miorrelaxantes e anticonvulsivantes. Já a Imipramina, é um antidepressivo tricíclico, que atua inibindo a receptação de norepinefrina e serotoninapela membrana pré-sináptica. Além disso, esse medicamento possui efeito adicional como dessensibilização da Adenil cliclase, regulação negativa dos receptores beta-adrenérgicos e regulação negativa dos receptores de serotonina. Como efeitos adversos da Imipramina, temos agitação, ansiedade, confusão, desorientação, tontura, sedação, hipnose, psicose, entre outros. Assim, esses medicamentos, agem em receptores distintos, entretanto ocorre uma interação na via de metabolismo da Imipramina, uma vez que há um efeito depressivo do SNC com a inibição do CYP3A4 pelo ansiolítico, levando há um grande efeito sedativo e um aumento exacerbado da concentração plasmática da Imipramina, podendo aumentar muito também seus efeitos cardiotóxicos. FLUOXETINA E METOPROLOL A Fluoxetina é um fármaco Antidepressivo da classe dos Inibidores Seletivos da Captura de Serotonina (ISCSs). Além disso, esse medicamento, peculiarmente, inibe a enzima CYP2D6 do citocromo P450 hepático. O metoprolol é um antagonista Beta1-adrenérgico, sendo utilizado para o tratamento de angina, hipertensão e arritmias. Em doses altas, devido à antagonização desse receptor, podem ocorrer efeitos adversos, como: insuficiência cardíaca, extremidades frias, fadiga e hipoglicemia. O metoprolol é metabolizado no fígado, pela enzima CYP2D6. Dessa forma, quando a fluoxetina inibe essa enzima, há menor metabolização do metoprolol. Desse modo, há elevação de sua concentração no organismo e, consequentemente, aumento do risco dos seus efeitos adversos, resultando em grandes complicações para o paciente. Farmacologia, Rang e Dale, 7ª ed. MALEATO DE MIDAZOLAM + OMEPRAZOL O Maleato de Midazolam é um medicamento da classe dos benzodiazepínicos, que tem como principal mecanismo de ação a elevação da permeabilidade neuronal aos íons cloretos nos receptores gabarérgicos, o que contribui para 7 um estado de hiperpolarização na célula. Esse fármaco é quase totalmente eliminado após sua biotransformação (menos de 1% é recuperado), ou seja, seu efeito desejado ocorre pela atividade realizada antes desse processo. Sua metabolização ocorre pela hidroxilação realizada principalmente pelo citocromo P4503A4 (CYP3A4) isoenzima. O Omeprazol é uma droga da classe dos inibidores da bomba de prótons, inibe de forma seletiva a enzima H + /K + -ATPase nas células parietais, reduzindo a secreção gástrica. Além disso, é substrato e inibidor de CYP 2C19, inibidor de CYP3A4 e um indutor de CYP 1A2. Dessa maneira, pelo Omeprazol ser inibidor da enzima CYP3A4, a qual é primordial na biotransformação de Midazolam, quando administrados concomitantemente, aquele reduz a metabolização deste, gerando o acúmulo do benzodiazepínico no organismo. Com essa elevação da meia vida do Midazolam, sua atividade é acentuada, assim como seus efeitos colaterais, como a ação sedativa/ sonolência excessiva e dificuldades cardiorrespiratórias. FLUOXETINA X ALPRAZOLAM Fluoxetina é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS) utilizado no tratamento dos casos de depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e outras patologias. O Alprazolam é um benzodiazepínico com atividades anticonvulsivante, sedativa, relaxante muscular e ansiolítica O maior risco dessa interação é que a fluoxetina inibe a enzima CYP2D6. Quando isso ocorre ao administrar alprazolam, verifica-se um aumento dos níveis séricos de alprazolam que pode se tornar uma complicação SERTRALINA E ALPRAZOLAM. A Sertralina é um inibidor seletivo da recapitação de serotonina. A Sertralina bloqueia o transporte de serotonina de volta a célula pré-sináptica, concentrando-se, assim serotonina na fenda pré-sináptica, e, com isso, aumentando a atividade serotoninérgica no sistema nervoso central. Geralmente é administrado em pacientes com depressão maior, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade, entre outros. Seus efeitos colaterais principais são sonolência, insônia, cefaleia, tontura, redução de libido, náusea, xerostomia, tremor, fraqueza O Alprazolam é um benzodiazepínico ansiolítico. Ele aumenta a ação inibitória do neurotransmissor GABA. Liga-se aos receptores localizados nos canais iônicos de cloreto e sua ação resulta em uma inibição da excitabilidade dos neurônios pós-sinápticos. Assim, exerce efeitos hipnóticos, ansiolíticos, miorrelaxantes e anticonvulsivantes. É indicado em casos de transtorno de ansiedade generalizada, ansiedade aguda e transtorno do pânico. Os efeitos colaterais são sedação, sonolência tontura, vertigem, cefaleia, visão turva, confusão, amnésia, entre outros. Nota-se que a utilização concomitante de sertralina e alprazolam confere um risco moderado de interação medicamentosa, haja vista que ambos poderão ter efeitos colaterais tais como, sonolência, tontura, fraqueza, com isso, o resultado poderá ser o aumento desses efeitos adversos e tóxicos dos medicamentos. Com isso, indivíduo poderá ter deficiência psicomotoras e efeito prolongado de sedação. É importante ressaltar que, apesar da sertralina ser um antidepressivo tricíclico, estudos demonstraram que a administração crônica de sertralina 50 mg diariamente, não inibe o metabolismo do alprazolam, que é mediado pelo CYP 3A4. Os dados sugerem que a sertralina não seja um inibidor clinicamente relevante do CYP 3A4. SERTRALINA X CARBAMAZEPINA Sertralina pertence à classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), indicado como antidepressivo em depressão maior, transtornos de ansiedade, bulimia, toc (transtorno obsessivo compulsivo), dentre outras patologias. Ela provoca um aumento agudo da atividade sináptica e alterações mais lentas em várias vias de sinalização neutrotrófica. Já a carbamazepina é um antiepilético indicado no tratamento de convulsões, epilepsias e depressão bipolar. Sua ação baseia-se no bloqueio dos canais de Na+, inibindo o disparo repetitivo de alta frequência nos neurônios. Também atua em nível pré-sináptico, reduzindo a transmissão sináptica. As interações medicamentosas que envolvem a carbamezepina estão quase exclusivamente relacionadas com as 8 propriedades do fármaco de indução de enzimas. O aumento da capacidade metabólica das enzimas hepáticas pode causar uma redução nas concentrações de carbamazepina no estado de equilíbrio dinâmico, bem como um aumento na taxa de metabolismo de outros fármacos. A isoenzima CYP3A4, no citocromo P450, está envolvida na principal via de metabolização da carbamazepina. Independentemente da Sertralina ser conhecida como um inibidor de CYP2D6, é provável o aumento dos níveis séricos da carbamazepina quando administrada concomitantemente à Sertralina. Também deve-se considerar a possível redução plasmática da Sertralina, podendo resultar na reincidência de sintomas relativos à depressão. SERTRALINA X BETA-BLOQUEADORES Apesar de caracterizar uma interação medicamentosa que ainda está sendo investigada, existem muitos relatos de caso alegando bradicardia, hipotensão e até mesmo bloqueio cardíaco total. Isso ocorre pois os beta-bloqueadores são antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos e impedem que as catecolaminas se liguem a esses receptores, gerando diminuição da frequência cardíaca e da contratilidade do miocárdio. Esse fármaco é metabolizado pela CYP2D6. Já a Sertralina é responsável pela inibição moderada dessa isoenzima, impedindo a metabolização adequada dos beta-bloqueadores e fazendo com a ação desses fármacos seja intensificada, gerando os sintomas descritos acima, que podem causar dor no peito. É importante falar que a intensidade é moderada, pois a Sertralina não é um forte inibidor da CYP2D6, diferente de outros anti-depressivos como a Fluoxetina. SERTRALINA E ASPIRINA Sabe-se que a serotonina não é sintetizada pelas plaquetas, mas é absorvida pelas plaquetas a partir de a corrente sanguínea. A serotonina liberada das plaquetas tem um papel importante na regulaçãoda resposta hemostática à lesão, pois potencializa as plaquetas agregação. Em doses terapêuticas, a Sertralina pode bloquear essa recaptação da serotonina pelas plaquetas, levando à depleção da serotonina, comprometimento da função hemostática e, assim, aumentar o risco de sangramento. Sabendo disso, e tendo em mente que o mecanismo de ação dos Aines, como a aspirina, baseia-se na inibição das enzimas da COX 1 e COX 2, os quais são responsáveis pela conversão do ácido araquidônico em mediadores químicos, como a prostaglandina, histamina e bradicinina, as quais são essenciais para a proteção do trato gastrointestinal, na regulação do fluxo sanguíneo e na homeostasia plaquetária (função da COX 1) e; na indução do processo inflamatório (COX 2). Podemos imaginar uma interação entre as duas, potencializando a possibilidade de sangramento do trato gastro intestinal, pois ao mesmo tempo que há um deficit na homeostasia plaquetária e a proteção do trato, devido a Aspirina, haverá também um comprometimento da função hemostática, pela Sertralina e, que em conjunto, esses dois comprometeriam a regeneração e proteção do TGI contra o ácido gástrico, aumentando de forma severa o risco de sangramento e diminuindo significativamente o reparo tecidual contra inflamações ulcerativas. Referências BAXTER K, Stockley I. Stockley's Drug Interactions. Ninth Edition. London: Pharmaceutical Press; 2010. Katzung, B.G.; Masters SB; Trevor AJ. Farmacologia Básica e Clínica. 12ª edição. Rio de Janeiro. McGraw-Hill, 2014. SERTRALINA E DICLOFENACO A Sertralina é um anti-depressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, o que resulta em uma neurotransmissão serotoninérgica aumentada e prolongada. As maiores quantidades de serotonina na fenda sináptica, devido à inibição de transportadores de serotonina, estimulam muitos subtipos de receptores pós- sinápticos da 5-HT, assim como receptores pré-sinápticos que regulam a atividade serotoninérgica e a liberação de serotonina. Com isso, podem alterar as funções plaquetárias, na medida em que as plaquetas armazenam em grânulos a serotonina que é captada a partir da circulação , por meio do transportador de serotonina localizado em sua membrana. A 5-HT está envolvida com ativação e agregação plaquetária, além de vasoconstrição, liberada quando as plaquetas entram em contato com um endotélio lesado. Já o diclofenaco é um anti-inflamatório não esteroidal, com o mecanismo de ação voltado para a inibição das enzimas COX, responsáveis pela conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas e Tromboxano A2, o qual é produzido nas plaquetas, sendo um potente 9 agregador plaquetário. Assim, a função de auxílio das plaquetas na coagulação sanguínea é duplamente prejudicada, o que aumenta o risco de sangramento. Referências: As bases farmacológicas da terapêutica- Goodman e Gilman 12Ed FLUOXETINA X DICLOFENACO O diclofenaco é um anti-inflamatório não esteroide que atua por inibição da ciclooxigenase de forma não seletiva e a fluoxetina é um inibitor seletivo da recaptação de serotonina. O uso concomitante desses medicamentos pode causar risco de sangramentos, úlceras ou perfurações gastrointestinais. Isso acontece pois ambos medicamentos afetam a hemostasia. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina interferem na ação plaquetária pois a serotonina secretada pela plaquetas desempenha um papel importante na coagulação. Os anti-inflamatórios não esteroides podem alteram a hemostasia pois inibem, através da inativação das ciclooxigenases e, prostaglandinas e prostaciclinas importantes na homeostase. Conclui-se, portanto, que tais medicamentos interagem em uma interação de efeito sinérgica que deve ser evitada. ALPRAZOLAM X OMEPRAZOL O alprazolam é um fármaco do grupo dos benzodiazepínicos, e é indicado no tratamento de transtornos de ansiedade. É importante citar que ele sofre metabolização hepática pela enzima CYP3A4. Já o omeprazol é um medicamento que faz parte do grupo dos inibidores da bomba de prótons cuja ação é reduzir a produção de ácido no estômago, mas também realiza inibição de enzimas hepáticas como a CYP3A4, logo pode haver uma interação de sinergismo farmacocinético, já que com a inibição dessa enzima, a metabolização do alprazolam pode ser reduzida, aumentando a concentração desse benzodiazepínico no organismo e potencializando sua ação, podendo gerar uma sedação exacerbada. CARBAMAZEPINA E FENOBARBITAL Os neurônios são equipados com mecanismos para impedir a sua excitação rápida e repetitiva. Entretanto, em algumas condições, esse controle não é efetivo. A carbamazepina é um bloqueador dos canais de sódio voltagem dependentes, impedindo a descarga neuronal rápida ao prolongar seletivamente a inativação dos canais de Na+ nos neurônios de descarga rápida. Dessa forma, é bastante utilizado em convulsões focais. Já o fenobarbital é um barbitúrico que atua se ligando a um sítio alostérico no receptor GABAA, potencializando a ação do GABA endógeno ao aumentar o tempo de abertura dos canais de Cl- e, consequentemente, levando a um maior influxo de cloro para ativação do canal, ou seja, causa uma hiperpolarização. Por esse motivo, também pode ser utilizado em convulsões focais. Na imagem, é possível ver que os dois fármacos atuam no mesmo local, mas em alvos moleculares diferentes, já que a carbamazepina age sobre os canais de sódio e o fenobarbital age sobre receptores GABAA, alterando propriedades dos canais de cloro. De início, minha ideia era de que os dois fármacos apresentariam um interação de função. Entretanto, pesquisando sobre a farmacocinética dos 2 fármacos, encontrei que ambos são metabolizados no fígado por enzimas do citocromo P450, e isso levava a uma diminuição do nível de carbamazepina ativa, que seria a carbamazepina-10,11-epóxido. Por isso, acabei ficando em dúvida sobre o efeito final na interação desses dois fármacos, ou se há uma interação farmacocinética na fase de biotransformação, ou, ainda, se as duas ocorrem. 10 CARBAMAZEPINA X FENO BARBITAL O fenobarbital atua no sistema nervoso central prevenindo o aparecimento de convulsões em indivíduos com epilepsia ou crises convulsivas. Mecanismo de ação: liga-se a um sítio alostérico regulatório do receptor GABA , prolongando o tempo de abertura dos canais de cloro. A Carbamazepina é um fármaco de escolha para ataques parciais,também usada para convulsões tônico- clônicas. Mecanismo de Ação:Bloqueiam os canais de Sódio e inibem os disparos repetitivos dos neurônios e atuam também pré-sinapticamente diminuindo a transmissão do impulso nervoso. Interação: A co-administração com um barbitúrico pode diminuir as concentrações plasmáticas de carbamazepina e aumentar as concentrações de seu metabólito 10,11-epóxido ativo. O mecanismo é a indução pelo barbitúrico do CYP450 3A4, a isoenzima responsável pelo metabolismo da carbamazepina em carbamazepina-10,11-epóxido. Portanto, estudos clínicos e farmacocinéticos, os níveis de carbamazepina foram normalmente mais baixos quando o medicamento foi administrado com fenobarbital . AMITRIPTILINA + HALOPERIDOL: O amitriptilina é um antidepressivo tricíclicos. Assim, o mecanismo de ação é pela inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina, o que leva a um aumento desses neurotransmissores na fenda sináptica, potencializando sua ação. Esse fármaco passa pelo processo de metabolização hepática, através da enzima CYP2D6. O haloperidol, antagonista dos receptores D2 de dopamina, é um medicamento utilizado para tratar de sinais positivos da esquizofrenia. Esse fármaco também passa pelo processo de biotransformação inibindo a CYP2D6. Dessa forma, o haloperidol inibe a biotransformação desse antidepressivo cíclico, causando aumento do metabólito ativo da amitriptilina. Assim, essa interação farmacocinética sinérgica pode aumentar o risco de convulsões.Além disso, ambos os fármacos citados possuem efeito adverso no prolongamento do intervalo QT, o que aumentaria o risco de desenvolver arritmias ventriculares. FENITOÍNA X OMEPRAZOL A FENITOÍNA é um anticonvulsivante eficaz em crises em todos os tipos de crises epilépticas parciais e tonicoclônicas. A fenitoína liga-se amplamente às proteínas séricas, principalmente à albumina. É metabolizada pela CYP2C9/10 e, em menor grau, pelo CYP2C19. Pode induzir CYP3A4. Como o metabolismo das enzimas CYP hepáticas é saturável, outros fármacos que são metabolizados por essas enzimas podem inibir o metabolismo da fenitoína e elevar sua concentração plasmática. A fenitoína tem diversos efeitos tóxicos, dependendo da dose, via administrada e tempo de uso. Com a administração EV, se tem arritmias cardíacas, com ou sem hipotensão, depressão do SNC. Com o uso oral crônico, 11 se tem predominância de sinais e sintomas cerebelares e vestibulares, além de alterações comportamentais, aumento da frequência de crises convulsivas, transtornos GI, entre outros efeitos adversos. OMEPRAZOL é um fármaco que diminui a secreção de ácido gástrico, através da inibição da H+/K+ATPase gástrica (bomba de prótons). Uma vez no intestino delgado, os inibidores da bomba de prótons sofrem rápida absorção, ligam-se altamente às proteínas e são extensamente biotransformados por CYP hepáticas, particularmente CYP2C19 e CYP3A4. Entre os inibidores da bomba de prótons, apenas o omeprazol inibe a CYP2C19. MECANISMO DE INTERAÇÃO: Assim, o omeprazol diminui a biotransformação da fenitoína, ao inibir a CYP2C19. Dessa forma, ele aumenta a fração de fenitoína disponível na corrente sanguínea, aumentando a potencialidade dos seus efeitos tóxicos. FENITOÍNA E SINVASTATINA A fenotoína é um fármaco anticonvulsivante que atua diminuindo a velocidade que os canais de Na+ alteram do estado inativado para o estado fechado. Desta forma ela aumenta o limiar de potenciais de ação e impede descargas repetidas, estabilizando o foco de convulsão. A sinvastatina é uma estatina utilizada no tratamento de hipercolesterolemia e dislipidemia mista. O seu efeito se da a partir da inibição de uma enzima essencial na síntese de colesterol, a HMG-CoA. A interação medicamentosa que ocorre no uso concomitante destes dois fármacos se da a nível farmacocinético. A fenotoína é um forte indutor enzimático, especialmente da CYP3A4, que é a responsável pela biotransformação da sinvastatina, reduzindo sua meia vida. Por isso o uso de fenotoína pode resultar na perda de efeito da sinvastatina. FONSECA, Francisco Antonio Helfenstein. Farmacocinética das estatinas. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 85, supl. 5, p. 9-14, Oct. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066- 782X2005002400003&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/S0066- 782X2005002400003. SILVADO, Carlos. Farmacogenética e antiepilépticos (farmacologia das drogas antiepilépticas: da teoria à prática). J. epilepsy clin. neurophysiol., Porto Alegre , v. 14, supl. 2, p. 51-56, Nov. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-26492008000600009&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/S1676-26492008000600009. SINVASTATINA + CARBAMAZEPINA A carbamazepina é um fármaco antiepiléptico/anticonvulsivante. A sinvastatina é um medicamento pertencente ao grupo das estatinas, que são inibidores competitivos da HMG- CoA redutase, atuando na redução do LDL plasmático. Seu uso clínico é indicado para prevenção secundária de infarto do miocárdio e de AVC em pacientes com doença aterosclerótica, e também para prevenção primária de doença arterial em pacientes de alto risco em razão de concentração elevada de colesterol sérico. O metabolismo da sinvastatina acontece pela CYP450 3A4. A carbamazepina é um indutor enzimático da CYP450. Ao induzir a CYP450 3A4, a carbamazepina atua induzindo o metabolismo hepático e intestinal da sinvastatina, reduzindo significativamente as concentrações plasmáticas da sinvastatina e do seu metabólito ativo. A co- administração desses fármacos aumenta o risco da ocorrência de infarto do miocárdio e de AVC, principalmente em pacientes idosos. Caso haja a necessidade do uso concomitante dos dois fármacos, recomenda-se aumentar a dose de sinvastatina. Outra alternativa é substituir a sinvastatina por outro fármaco inibidor da HMG-CoA redutase que não seja metabolizado pela CYP450 3A4. Como a carbamazepina também induz outras isoenzimas da CYP450 além da 3A4, https://doi.org/10.1590/S0066-782X2005002400003 https://doi.org/10.1590/S0066-782X2005002400003 https://doi.org/10.1590/S1676-26492008000600009 https://doi.org/10.1590/S1676-26492008000600009 https://doi.org/10.1590/S1676-26492008000600009 12 a melhor alternativa é o uso da pravastatina, a qual não é metabolizada via CYP, ou o uso da rosuvastatina, a qual é muito pouco metabolizada via CYP. Referência bibliográfica: RANG, H. P. et al. RANG & DALE: FARMACOLOGIA. 7ª Edição. Rio de Janeiro. Elsevier, 2012. AMITRIPTILINA X CLONIDINA A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico (ADT) que inibe os transportadores nos neurônios pré-sinápticos responsáveis pela recaptação de catecolaminas. As envolvidas nesse mecanismo são serotonina e norepinefrina, com alguns efeitos também na recaptação de dopamina. A inibição dessa recaptação resulta no aumento desses neurotransmissores na fenda pré-sináptica, e assim o fármaco promove seus efeitos estimuladores. No entanto, esse medicamento em dose terapêutica possui muitos efeitos adversos devido a sua ação promíscua em outros alvos, como no bloqueio dos receptores serotoninérgicos, alfa-adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. A clonidina é um agonista parcial que age sobre os receptores alfa pré-sinápticos, com isso, é um agente simpaticolítico com ação de redução da atividade simpática. Seus efeitos são de diminuição da frequência cardíaca, contratilidade e tônus vasomotor, e consequentemente promove o controle da pressão arterial, por isso, é utilizado principalmente no tratamento da hipertensão. Interação medicamentosa: Essa é uma interação de antagonismo fisiológico com a potencialização de alguns efeitos adversos comuns. Quando a amitriptilina aumenta a disponibilidade da norepinefrina na fenda, aumenta também sua atividade alfa-agonista adrenérgica, que induz vasoconstrição e aumento da pressão arterial, dessa forma, o primeiro medicamento diminui o efeito anti-hipertensivo da clonidina. Paradoxalmente, ao bloquear os receptores alfa-adrenérgicos, a amitriptilina pode provocar hipotensão postural, efeito adverso que também pode acontecer com o uso da clonidina, assim sendo, o uso concomitantes desses fármacos pode provocar ou agravar transtornos de regulação ortostática. FLUOXETINA E IBUPROFENO A fluoxetina é um fármaco inibidor da receptação de serotonina e, desse modo, faz com que uma concentração maior de serotonina fique disponível. A serotonina, por sua vez, é uma amina vasoativa que é liberada pelas plaquetas no processo normal de hemostasia para vasoconstrição e agregação plaquetária. Acredita-se que o mecanismo de ação da fluoxetina, com esse aumento na disponibilidade de serotonina interfira na função normal das plaquetas e ocasione sangramentos. Já o ibuprofeno é um anti-inflamatório não esteroide da classe do ácido propiônico e possui como mecanismo de ação a inibição da COX. Essa inibição, além dos efeitos esperados de ação anti-inflamatória, possui como efeitos secundários ações anticoagulantes, uma vez que com a inibição da COX, inibe também a síntese do tromboxano A2 pelas plaquetas. Este eicosanoide é um importante agregante plaquetário, sem essa formação, o risco de sangramentos é aumentado. Além disso, nas células endoteliais, inicialmente também há a inibiçãoda produção de prostaciclinas, que é um desagregante plaquetário e vasodilatador, porém essas células são capazes de produzir novas COX e, assim, sintetizar essa molécula, o que favorece ainda mais o efeito anticoagulante. Dessa forma, o uso de fluoxetina e ipubrofeno pode estar associado a um maior risco por exemplo de hemorragias digestivas altas. PRIMIDONA E FLUNITRAZEPAM A primidona atua no tratamento de alguns tipos de convulsões. Ela é metabolizada em fenobarbital, que aumenta a afinidade do receptor inibitório GABAa (canal de cloro) pelo neurotransmissor GABA, aumentando o tempo de abertura do canal (havendo maior influxo de cloro) e hiperpolarizando o neurônio, causando diminuição da excitabilidade neuronal e aumento do limiar convulsivo. O flunitrazepam é um benzodiazepínico usado no tratamento de curta duração da insônia. Ele aumenta a afinidade do receptor GABAa pelo neurotransmissor GABA, aumentando a frequência de abertura do canal e hiperpolarizando o neurônio, causando um efeito sedativo. Portanto, a associação desses dois fármacos gera um sinergismo farmacodinâmico de adição pelos seus efeitos depressores do SNC, podendo causar depressão respiratória. FLUOXETINA E ASPIRINA 13 A fluoxetina é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina e atua elevando os níveis de serotonina devido o bloqueio da sua bomba de transporte (bomba de recaptura pré-sináptica). Dessa forma, o aumento de serotonina promove down-regulation e dessensibilização dos receptores 5HT. Além disso, a serotonina é uma amina vasoativa que atua na agregação plaquetária, todavia, o uso de fluoxetina pode reduzir a quantidade de serotonina na superfície das plaquetas e prejudicar, portanto, a agregação plaquetária. Por sua vez, a aspirina atua inibindo as ciclo-oxigenases de forma irreversível e, com isso, ao inibir a COX-1, inibe também a agregação plaquetária. Sendo assim a fluoxetina pode potencializar o efeito anticoagulante da aspirina e aumenta o risco de sangramentos. CHIOVATTO, Renato Davino et al. Fluoxetina ou Hypericum perforatum no tratamento de pacientes portadores de transtorno depressivo maior leve a moderado? Uma revisão. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v. 36, n. 3, 2011. BEIRÃO, André Cardoso Teixeira Vilhena. Interações medicamentosas dos Anti Inflamatórios Não Esteróides (AINEs). 2016. VALPROATO DE SÓDIO X ASPIRINA A aspirina é capaz de aumentar a fração livre do valproato de sódio, isto é, a fração farmacologicamente ativa, capaz de interagir com os receptores. Isso pode acarretar em toxicidade clínica do valproato. Na administração conjunta desses medicamentos, ocorre uma interação por deslocamento acompanhado de inibição metabólica. Valproato e aspirina são altamente ligados a proteínas plasmáticas. Assim, quando coadministradas há deslocamento mútuo e aumento da fração livre de ambos. Além disso, a aspirina é um inibidor da beta-oxidação, processo que é tem cerca de 40% de responsabilidade no metabolismo do valproato. Esses dois fatores propiciam aumentos modestos (cerca de 75-80%) nos níveis totais de valproato, porém aumentos de até 4x na fração livre do medicamento. FONTE: Sandson NB, Marcucci C, Bourke DL, Smith-Lamacchia R. An interaction between aspirin and valproate: the relevance of plasma protein displacement drug-drug interactions. Am J Psychiatry. 2006;163(11):1891-1896. doi:10.1176/ajp.2006.163.11.1891 TARTARATO DE ERGOTAMINA X BETA BLOQUEADORES O Tartarato de Ergotamina é um fármaco utilizado para o tratamento da crise de enxaqueca. É derivada do fungo do centeio Claviceps purpurea. Ele tem efeito vasoconstritor agindo na musculatura lisa do vaso via 5HT (serotonina). Já os Beta Bloqueadores atuam no sentido de bloquear os receptores beta adrenérgicos (beta 1 e beta 2), alfa adrenérgicos (alfa 1) e também possuem atividade antioxidante. A intensidade e a efetividade dessas funções dependerá do tipo do bloqueador. Eles podem ser utilizados como antiarrítmicos, anti-hipertensivos e na proteção cardíaca pós enfarte do miocárdio. Diante disso, ressalta-se que talvez os beta bloqueadores possam bloquear os receptores beta 2 periféricos (vasodilatadores) Diante disso, somando-se o efeito vasoconstritor do Tartarato de Ergotamina com o bloqueio da vasodilatação periférica do Beta Bloqueador, pode-se aumentar o risco de isquemia periférica.
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