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C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 1 As reações físicas a alguns alimentos são comuns, contudo, a maior parte delas resultam de intolerâncias alimentares ao invés de alergias. Uma intolerância alimentar pode originar alguns sinais e sintomas semelhantes aos que ocorrem no decorrer de uma alergia alimentar e por isso, por vezes confundem-se. Uma alergia alimentar provoca uma reação do sistema imunitário que afeta vários órgãos no corpo humano podendo ainda provocar diversos sintomas. Em alguns casos, uma reação alérgica pode ser muito grave e até mesmo fatal. A ingestão de uma dose mínima do alimento ao qual se é alérgico pode provocar imediatamente sintomas graves. Em alguns casos, basta estar em contacto com esse alimento, sem ter que o ingerir, que também pode imediatamente provocar sintomas. Assim, uma alergia alimentar deve ser respeitada e todas as precauções necessárias devem ser tomadas para evitar sintomas. ALERGIAS E INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES - Sintomas: comichões e formigueiro na boca, comichões no corpo e eczema, inchaço dos lábios, língua, cara, garganta e/ou outras partes do corpo, congestão nasal, dificuldade em respirar, dores abdominais, diarreia, náuseas, vómitos, tonturas e desmaios - Anafilaxia: em algumas pessoas, uma alergia pode provocar a reação mais grave de todas que se chama anafilaxia. Esta reação provoca contrição e estreitamento das vias aéreas, inchaço na garganta, entrada em choque e uma diminuição súbita na pressão arterial, pulsação rápida, tonturas e perda de consciência. É crucial que haja um tratamento de emergência nestes casos pois sem o mesmo, pode resultar em coma ou até mesmo morte. Em contraste, uma intolerância alimentar provoca sintomas que são, geralmente, menos graves e na maior parte dos casos, limitam-se a problemas e desconforto gastrointestinal. Indivíduos com intolerâncias alimentares podem tolerar quantidades muito pequenas dos alimentos aos quais são intolerantes. Por exemplo, um individuo com intolerância à lactose pode, por vezes, tolerar a ingestão de um iogurte, sendo este um produto que apresenta, geralmente, teores menores de lactose comparativamente ao leite. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 2 - Causas: ausência da enzima necessária para a digestão de uma substância, síndrome do intestino irritável, sensibilidade a aditivos alimentares, stress e doença celíaca - Sintomas: diarreia, inchaço abdominal, dores de cabeça, náuseas, fadiga, dor abdominal e refluxo - Diagnóstico: as dietas de eliminação são a forma mais eficaz de diagnosticar intolerâncias alimentares. Estas dietas eliminam os alimentos frequentemente associados a intolerâncias durante um período de tempo. Depois, os alimentos são introduzidos um a um para se poder identificar qual o alimento que provoca sintomas. - Tratamento: as intolerâncias alimentares não podem ser tratadas, ou seja, não existe nenhum tratamento que faça com que um individuo passe a tolerar uma determinada substância ou alimento. Os sintomas podem ser evitados através da eliminação das substâncias e/ou alimentos aos quais se é intolerante da dieta. As Intolerâncias alimentares mais comuns são: Lactose – a lactose é um açúcar encontrado no leite que necessita da enzima lactase para ser digerida e absorvida de forma adequada. A intolerância à lactose é comum em indivíduos que não têm a enzima lactase em quantidades suficientes. Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, inchaço abdominal, diarreia, gases e náuseas. Glúten – o glúten está presente no trigo, centeio e cevada e produtos derivados dos mesmos ou produtos produzidos com os mesmos. Hoje em dia, a aveia é manipulada nos mesmos locais do que o trigo e por isso está contaminada, não sendo apta para indivíduos intolerantes ao glúten. Quando estes indivíduos são expostos ao glúten, o sistema imunitário ataca o intestino delgado causando desconforto intestinal. Os sintomas mais comuns são: inchaço abdominal, dor abdominal, diarreia ou obstipação, dores de cabeça, fadiga, dores nas articulações, depressão ou ansiedade e anemia. Todos os alimentos que contem glúten devem ser excluídos da alimentação destas pessoas. Pode ainda haver uma reação por hipersensibilidade a: Cafeína – a cafeína é um químico encontrado em diversas bebidas, incluindo o chá, café e bebidas energéticas. É um estimulante que reduz a fadiga quando é consumido. Algumas pessoas são mais sensíveis à cafeína do que outras e podem desenvolver reações após a sua ingestão. Os sintomas mais comuns são: batimento cardíaco acelerado, ansiedade, nervosismo, insónia e inquietação. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 3 Aminas – as aminas são produzidas por bactérias durante o armazenamento e fermentação de alguns alimentos. Apesar de haver diversos tipos de aminas, a histamina é mais frequentemente associada a intolerâncias alimentares. A histamina é um químico com um papel importante no corpo, tendo função na imunidade, sistema digestivo e sistema nervoso. Em indivíduos saudáveis, a histamina é facilmente metabolizada e excretada, mas algumas pessoas não são capazes de digerir a histamina e a mesma acumula-se no organismo. Os sintomas mais comuns são: erupções cutâneas, dores de cabeça, comichões, ansiedade, cólicas abdominais, diarreia e pressão arterial baixa. FODMAPs – os FODMAPs são um grupo de hidratos de carbono de cadeia curta que está presente naturalmente em diversos alimentos e que pode provocar distúrbios digestivos. Os FODMAPs têm dificuldade em ser absorvidos no intestino delgado e são transportados para o intestino grosso, onde servem de alimento para as bactérias que lá existem. Estas bactérias quebram e/ou fermentam os FODMAPs, provocando gases, inchaço e desconforto abdominal. Os sintomas mais comuns são: inchaço abdominal, dor abdominal, diarreia, gases e obstipação. Sulfitos – os sulfitos são químicos utilizados frequentemente para a preservação de alimentos, bebidas e medicamentos. Eles são adicionados aos alimentos para aumentar o tempo de prateleira e evitar a sua decomposição. A maior parte das pessoas consegue tolerar os sulfitos em quantidades mínimas, contudo, a sensibilidade aos mesmos é cada vez mais comum. Os sintomas mais comuns são: urticária, inchaço da pele, nariz entupido, hipotensão, diarreia e tosse. Frutose – a frutose é um açúcar simples encontrado naturalmente na fruta e vegetais e noutros produtos alimentares, onde é adicionado propositadamente para fornecer um sabor doce. O seu consumo tem aumentado drasticamente nos últimos anos, especialmente com o aumento do consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas e tem sido associado a diversas patologias. Em pessoas com intolerância à frutose, a mesma não é absorvida de forma eficiente e é transportada para o intestino grosso onde é fermentada pelas bactérias. Os sintomas mais comuns são: refluxo, gases, diarreia, náuseas, dores abdominais, vómitos e inchaço abdominal. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 4 O excesso de peso resulta de um desequilíbrio entre a ingestão de energia e a prática de atividade física. A obesidade é um problema complexo relacionado com o estilo de vida, ambiente e genética. Os fatores ambientais e genéticos têm interações complexas com as influências fisiológicas, culturais e psicológicas e ao longo dos anos, tem-se vindo a criar diversas teorias acerca da razão pela qual algumas pessoas ganham peso e outras se mantém com um peso corporal adequado ao longo da vida. Contudo, sabe-se que não existe uma teoria específica que o explique, pois é o resultado de diversos fatores. As causas do excesso de peso e obesidade são inúmeras e pensa-se que os fatores que têm mais efeito são: Hereditariedade e nutrigenómica – os fatores hormonais e neuronais envolvidos na regulação do peso são determinados geneticamente. Estes incluem os sinais de fome e saciedade a curto e longo prazo e defeitos na sua expressão e/ou interação pode contribuir de forma significativa para o aumento do peso. O número e tamanho das células adiposas tambémé influenciado pela genética – estudos em gémeos indicam que os genes determinam 50-70% da predisposição para a obesidade. As escolhas alimentares e relacionadas com o estilo de vida podem ativar o desativar estes genes, comprovando, mais uma vez, que a resposta para um peso corporal saudável é o comportamento e que o aconselhamento nutricional deve ser personalizado. OBESIDADE E PERDA DE PESO Atividade física insuficiente – o sedentarismo, combinado com uma ingestão energética excessiva, é uma das causas principais da obesidade. Existem cada vez mais pessoas sedentárias, que passam o dia sentados a trabalhar, que passam eventos sociais sentados a comer e beber e que passam o tempo livro sentados a utilizar as novas tecnologias. Inflamação – o tecido adiposo secreta citoquinas pro e anti-inflamatórias que são influenciadas pela genética. A ciência descobriu uma relação direta entre a obesidade e as doenças inflamatórias, tais como doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancro e diabetes tipo 2. Pensa-se que a abordagem mais eficaz é uma combinação de alterações no estilo de vida e medicação. Sono, stress e ritmo circadiano – a privação do sono altera a regulação endócrina da fome e apetite. As hormonas que regulam o apetite podem promover uma ingestão energética excessiva podendo então, o sono, ou a falta do mesmo, modificar a quantidade, composição e distribuição da ingestão energética promovendo a obesidade. Também existe uma relação entre o sono, o ritmo circadiano, os genes e a síndrome metabólica. O stress, por sua vez, também pode contribuir para o ganho de peso. O cortisol é libertado em situações de stress e estimula a libertação de insulina para manter os níveis de glucose adequados, aumentando o apetite e consequentemente, a ingestão de alimentos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 5 Paladar, saciedade e tamanho de porções – os alimentos e os seus sabores resultam em sensações de prazer. A disponibilidade alimentar a qualquer hora e a preços acessíveis pode contribuir para uma ingestão energética maior e estudos indicam que as pessoas ingerem mais energia quando é oferecido uma variedade maior de alimentos, comparativamente a quando é oferecido apenas um alimento. A ingestão excessiva resulta maioritariamente do tamanho exacerbado das porções de hoje em dia. Muitas vezes, uma refeição num restaurante de fast- food excede as necessidades energéticas diárias de uma pessoa. O excesso de peso é o estado em que o peso excede o peso adequado relativamente à altura. A obesidade é uma condição de gordura excessiva, geral ou localizada. Geralmente ambos ocorrem paralelamente, contudo, em alguns casos, é possível ter excesso de peso sem ter excesso de gordura tal como é possível apresentar um peso adequado e ter excesso de gordura. O excesso de peso e obesidade pode ser classificado através do índice de massa corporal (IMC): A gestão da obesidade tem evoluído ao longo dos anos. Inicialmente, o foco era totalmente a perda de peso sem considerar a sua manutenção. Depois, tornou-se claro que não se podia aplicar uma estratégia de perda de peso sem posteriormente existir uma estratégia para o manter, quando se atingisse um peso adequado e saudável. Hoje em dia dá-se quase tanta importância à prática de atividade física como se dá à alimentação. Os objetivos do tratamento da obesidade devem focar-se em atingir um peso saudável no contexto de saúde geral. Atingir um peso “ideal” nem sempre é realista nem saudável, dadas algumas circunstâncias. Sabe-se que a perda de peso, nem que seja 5-10% do peso corporal, em indivíduos obesos é benéfico, tendo uma influência positiva na glicemia, pressão arterial e níveis de colesterol. A redução do peso envolve a perda de proteína e gordura em quantidades determinadas pela taxa de perda de peso. Uma redução drástica na ingestão energética total com o fim de perder peso rapidamente pode ter uma resposta fisiológica de jejum, resultando na adaptação a um período antecipado de privação nutricional. Os estudos de jejum indicam que nos primeiros dez dias de um período de jejum, 8-12% da energia despendida provem de proteína e o restante de gordura. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 6 À medida que se prossegue, o dispêndio energético passa a ser quase exclusivamente triglicéridos. A mobilização de gordura, com mais do que o dobro de energia proveniente de proteína, é mais eficiente do que qualquer outra estratégia. Sabe-se ainda que a perda de peso estável e gradual é mais eficaz e promove a perda de gordura, previne a perda de massa muscular e evita alterações metabólicas consequentes de uma restrição energética excessiva. Aumentar o número de minutos em atividade ao fim-de-semana Incluir uma peça de fruta ao almoço Reduzir ligeiramente a quantidade de porções Desenvolver um diário alimentar e de atividade física Utilizar um planeamento diário Fazer uma medição do peso regular (diário/semanal) Ir às compras com uma lista e sem fome Não fazer as refeições à frente da televisão ou computador Praticar pequenas etapas e estratégias de resolução de problemas Planeamento (snacks na mala para prevenir a fome) As modificações no estilo de vida são a chave para se atingir um peso saudável. Estas modificações devem ser executadas de forma lenta e gradual, pois é irrealista mudar diversos hábitos em pouco tempo. Estas modificações focam-se na restruturação do ambiente, ingestão energética, hábitos alimentares e atividade física através do estabelecimento de objetivos, auto-controlo, controlo dos estímulos, restruturação cognitiva, auto-controlo e prevenção de recaídas. No estabelecimento de objetivos, a maior parte dos programas comportamentais tentam atingir uma perda de peso de 0,2-0,5 kg/semana fornecendo objetivos específicos de energia (em quilocalorias), gordura (em gramas) e atividade física. O controlo dos estímulos envolve a modificação dos eventos que precedem as refeições, os tipos de alimentos consumidos durante as refeições e as consequências da ingestão. Os pacientes são aconselhados a fazer as refeições de forma mais calma e devagar, de modo a estarem mais conscientes dos sinais de saciedade e a reduzir a ingestão. Existem diversas estratégias desde contar a quantidade de vezes que se mastiga a pousar os talheres entre cada garfada. A restruturação cognitiva ensina os pacientes a identificar e corrigir os pensamentos negativos que frequentemente acompanham os esforços. Estratégias para a modificação do estilo-de-vida: (1) Estabelecer objetivos a curto-prazo: (2) Auto-controlo: (3) Controlo de estímulos: (4) Confrontar barreiras: C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 7 Aumentar as horas de sono e descanso Praticar uma rotina diária de atividade física Praticar meditação ou yoga diariamente Realizar exercícios de relaxamento Comparecer a aulas ou reuniões de suporte Utilizar a família, amigos e colegas de trabalho como sistemas de suporte Estabelecer objetivos de saúde realistas, simples e alcançáveis (5) Gestão de stress e sono: (6) Suporte social: (7) Compromisso: Toda a gente reage de forma diferente à perda de peso. Ou seja, a abordagem que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Embora isto seja verdade, muitas vezes é mal interpretado. A capacidade de um indivíduo para manter um défice calórico utilizando diferentes abordagens (dieta, atividade física e estilo de vida) pode variar bastante. Existem fatores externos (genéticos e ambientais) que afetam a reação da pessoa a alterações na dieta, atividade física e estilo de vida e comprometem a adesão a um défice calórico. Mas uma coisa é certa, em termos nutricionais, para se perder peso é necessário: Défice calórico: não é possível perder peso sem haver um défice calórico, independentemente da fonte de energia (hidratos de carbono, lípidos e/ou proteína), atividade física e tipo de dieta. Ingestão de proteína: a ingestão adequada de proteína ajuda a prevenir a perda de massa muscular durante o défice calórico, potencializandoa perda de gordura. Bem-estar geral: fazer uma “alimentação saudável e equilibrada”, incluindo frutas, vegetais e gorduras, é necessário para manter uma boa saúde. Para além disso, o controlo do stress também é um fator muito importante que contribui para o bem-estar geral e para o controlo, ganho e perda de peso. O stress por si só não “engorda”. No entanto, quando há stress há um aumento na hormona cortisol, responsável por um aumento na pressão sanguínea e da glicemia, aumentando, como consequência, a vontade de comer e em específico, doces. O equilíbrio hormonal também tem um papel importante no controlo do peso. Hormonas como a leptina (hormona libertada pelas células gordas que envia uma mensagem ao cérebro a informá-lo que o organismo está satisfeito após uma refeição), cortisol (hormona do stress que entra em modo “proteção do corpo” para o proteger em alturas de muito stress), estrogénio (hormona feminina que pode contribuir para o ganho de peso em quantidades inadequadas), etc. são muito importantes para o bem-estar e controlo do peso. Além da mudança de comportamentos anteriormente referidos, é necessário: C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 8 Atividade física: iniciar atividade física quando esta não esteja presente ou aumentar quando já esteja pode ajudar a criar um défice calórico sem haver uma restrição calórica tão severa. Além disso, o exercício físico contribui para a libertação de endorfinas que por sua vez ajudam a estimular a sensação de bem- estar. Por isto, deve ser incorporado no nosso dia-a-dia. Adaptabilidade: uma dieta não funciona se não houver adesão à mesma e se não forem incluídos alguns alimentos e atividades que nos dão prazer. Foco: o foco deve estar na adesão a QUALQUER MÉTODO que permita alcançar os pontos acima. DICA: A atenção deve ser focada, em primeiro lugar, em melhorar a qualidade dos alimentos que ingerimos e, depois, na quantidade. Ou seja, é necessário melhorar as escolhas alimentares e depois reduzir as quantidades. Quando um indivíduo começa a ingerir alimentos com maior teor de fibra e proteína de qualidade, acaba por ingerir menos quantidade devido ao maior poder saciante desses alimentos. Fontes de proteína (peixe, carne, ovos, tofu, seitan, tempeh, etc.) Cereais integrais (bulgur, trigo duro, trigo sarraceno, espelta, milho integral, aveia integral, arroz integral, quinoa, etc.) Leguminosas (grão-de-bico, feijão, lentilhas, favas, etc.) Vegetais ricos em fibra (batata-doce, beringela, brócolos, couves, etc.) Outros vegetais (alface, rúcula, canónigos, tomate, etc.) Fruta (frutos vermelhos, maçã, pera, abacate, abacaxi, uvas, cerejas, melancia, melão, laranja, tangerinas, pêssegos, ameixas, etc.) Lácteos s/ adição de açúcar e/ou alternativas vegetais (bebidas de soja/arroz/aveia/amêndoa/coco, iogurtes de soja/coco) Frutos secos (nozes, cajus, amêndoas, amendoins, etc.) Alimentos a preferir: C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 0 9 Produtos alimentares ultraprocessados (refrigerantes, sumos embalados, lácteos açucarados, bolos de pastelaria, pão branco, carnes processadas, pizzas comerciais, bolachas empacotadas, cereais refinados, refeições prontas a consumir, doces e gelados, produtos dietéticos) Alimentos com adição excessiva de açúcar, gordura e sal Centelha asiática Chá verde Café verde Alimentos a evitar: Podemos ainda recorrer a algumas plantas para auxiliarem na perda de peso sob a forma de chá ou suplemento alimentar. São elas: Nenhum alimento per si irá causar aumento de peso. O que causa excesso de peso é um excesso calórico. Ao ingerir mais calorias do que aquelas que gasta, dia após dia, irá aumentar de peso. Igualmente, nenhum alimento per si promove a perda de peso. Entrar em défice calórico é a única solução para a perda de peso. A título conclusivo, a abordagem nutricional deve ser individualizada e personalizada, pelo que não deve haver um modelo adequado a todos. As estratégias descritas acima são gerais e devem ser aplicadas por todos os pacientes. No entanto, o plano nutricional deve ser elaborado por profissionais de saúde na área da nutrição e deve ser totalmente adequado a cada paciente individualmente. Cardo mariano Alcachofra Dente de leão Alimentação mais frequente: a ingestão mais frequente poderá ajudar a aumentar a ingestão energética total se as refeições forem compostas por alimentos nutricionalmente densos Por outro lado, quando se fala em ganho de peso é importante referir que o objetivo deve ser o ganho de massa muscular, uma vez que o ganho de massa gorda raramente terá benefícios para a saúde. Regra geral, para atingir este objetivo, a ingestão energética tem de ser superior ao gasto energético. A quantidade concreta ideal para atingir o objetivo é aumentar 300-500 kcal na ingestão energética e é recomendável que este aumento seja no volume e densidade energética dos alimentos. Recomendações gerais para o ganho de peso: C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 0 Maior densidade calórica dos alimentos: a densidade calórica é uma medida de quantas calorias existe num determinado peso de alimento, frequentemente expresso em calorias (kcal) por 100g. Um alimento com alta densidade calórica tem um grande número de calorias numa pequena porção de alimento, sendo este tipo de alimento ideal para quem pretende ganhar peso. Os alimentos com maior densidade de calórica são alimentos com elevado teor de gordura, tais como os óleos, azeites e gorduras vegetais e/ou animais, assim como frutos secos e sementes. Estes podem e devem ser incorporados em quase todas as refeições (incluindo snacks) ao longo do dia. Ingestão de sumos e batidos: bebidas à base de fruta, vegetais, bebidas e/ou iogurtes vegetais, cereais e sementes são benéficas no ganho de peso pois não se tem a sensação de que se está a comer, mas é possível fazer assim um reforço rico em nutrientes. Os batidos podem substituir uma refeição quando são ricos e completos nutricionalmente. No entanto, os sumos não devem substituir uma refeição e devem ser um complemento. Atenção aos horários: alguns indivíduos referem ter menos apetite quando bebem algo. Desta forma, recomenda-se ingerir uma bebida mais calórica (um sumo de fruta, por exemplo) à refeição ou então ingerir a bebida 30 minutos – 1 hora antes da refeição ao invés de durante Frutos secos (amendoins, amêndoas, cajus, nozes, etc. ao natural, tostados ou em forma de creme como é o caso das manteigas de frutos secos) Gorduras vegetais de qualidade (azeite virgem extra e óleo de coco) Chocolate negro (>70% cacau) ou cacau em pó Fruta seca (passas de uva, figos, ameixas, etc.) Tâmaras Cereais integrais (arroz, aveia, centeio, quinoa, amaranto, etc.) Batata e batata-doce Batidos compostos por fruta, vegetais, sementes e frutos secos, bebidas vegetais, etc. Abacate (excelente fonte de gordura e com elevada densidade energética) Ovos Alimentos a preferir: C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 1 NUTRIÇÃO DESPORTIVA Proteína (cânhamo, ervilha, arroz, etc.) Levedura de cerveja (fonte de energia rico em vitaminas e minerais, atua como probiótico melhorando a digestão) Feno grego (planta da Ásia e Sul da Europa frequentemente utilizada na confeção de caril, que por ser rica em micronutrientes é considerado um reconstituinte podendo ter um efeito positivo em indivíduos com peso baixo) Geleia real (substância altamente nutritiva segregada por abelhas, rica em vitaminas do complexo B, minerais, aminoácidos e ácidos gordos) Suplementação: Para além das alterações na alimentação, outro pilar fundamental para atingir o objetivo de aumento de peso é fazer treinos de força, necessários para estimular o crescimento da massa muscular. Um aumento na ingestão energética com ausência de treinos de força irá promover o aumento de massa gorda ao invés de massa muscular. Por fim, é importante ter a noção de que o ganho de peso na forma de massa muscular é um processo muito lento, sendo necessário ser pacientee persistente para atingir os objetivos desejados. Sabe-se hoje em dia que a alimentação e o exercício físico são os principais determinantes da nossa saúde, capazes de ter um papel determinante no impedimento e/ou retardamento do aparecimento das principais doenças crónicas. Por exemplo, como já vimos, as doenças oncológicas e cardiovasculares podem ser amplamente prevenidas através da adoção de hábitos alimentares saudáveis, pela regulação do peso corporal e pela prática regular de atividade física moderada. Além disto, sabe-se também que a alimentação pode melhorar o rendimento e a recuperação do exercício através de diversas estratégias nutricionais planeadas individualmente. As necessidades nutricionais antes, durante e depois do treino variam significativamente consoante a idade, o género, a composição corporal, o tipo de treino, a duração, a intensidade e a regularidade. Também o propósito, seja ele o condicionamento físico, a perda de peso, ou o aumento de massa muscular, determinam o comportamento alimentar. Um atleta de alta composição deve ter cuidados nutricionais diferentes de uma pessoa que treine 3 a 4 vezes por semana, da mesma forma que um nadador tem necessidades energéticas diferentes de uma bailarina. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 2 Alcançar as necessidades energéticas e nutritivas necessárias para suportar o treino e possíveis momentos de competição Atingir e manter um peso e composição corporal saudável (% de água, massa gorda e massa muscular) Ingerir a quantidade de energia necessária e reidratar durante e após a sessão de exercício físico Reduzir o risco de doença e lesão Tomar decisões conscientes acerca da utilização de suplementos nutricionais Os objetivos da nutrição desportiva são: De uma forma geral, as recomendações alimentares e nutricionais relativas ao treino baseiam- se em três momentos chave: pré-treino (desde 3-4h a cerca de 30 minutos antes), intra-treino (durante o treino) e pós-treino (período de recuperação e horas que sucedem o treino). As refeições pré-treino têm como objetivo enriquecer as reservas de glicogénio muscular, restaurar o glicogénio hepático, hidratar, prevenir a fome e estabilizar a glicemia. As refeições principais devem ser realizadas 2-4h antes de um treino e devem ser compostas por hidratos de carbono de baixo índice glicémico, proteína e gordura. Os snacks podem ser ingeridos 30 minutos – 1 hora antes do treino. Recomenda-se a ingestão de 1 - 2g/kg de peso corporal de hidratos de carbono e 0,15 - 0,25g/kg de peso corporal de proteína para um melhor desempenho, força e recuperação. As necessidades destes nutrientes serão maiores quanto maior for a intensidade e frequência do treino, sendo geralmente inferiores para pessoas menos ativas. Exemplos de refeições principais: 150g de carne branca cozinhada em azeite com 100g de arroz integral e salada variada OU 150g de peixe com 100g de batata doce e vegetais salteados em azeite Exemplos de snacks: barrinhas de sementes caseiras, bolinhas energéticas, fruta, frutos secos (em pouca quantidade – cerca de ½ chávena de café) Os hidratos de carbono são importantes para fornecer energia para o treino. É importante praticar uma alimentação com vários tipos de hidratos de carbono, uns de absorção rápida, outros de absorção lenta, mas sobretudo de fontes integrais. Exemplos de bons HC pré treino são: Batata doce, Abóbora, Cenoura, Quinoa, Millet, Trigo sarraceno, Arroz integral, Centeio integral, Amaranto, Teff, Feijão, Grão, Lentilhas e Ervilhas. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 3 Deve optar-se por uma refeição completa, com carnes brancas, peixe ou ovos (fonte de proteína) e acompanhamento rico em hidratos de carbono integrais como os que referi, leguminosas ou vegetais; Dar prioridade às confeções mais simples e com menos gordura; Evitar bebidas alcoólicas e refrigerantes; Evitar comer sobremesas ricas em gordura e açúcar que atrasam a digestão e podem provocar uma sensação de peso e desconforto durante o treino. Se a refeição pré treino for o almoço ou o jantar: Durante o treino as reservas de glicogénio (reservas de energia) vão diminuindo, mediante a intensidade, tipo de treino e duração do mesmo. Esta redução pode comprometer a performance durante o treino pelo que, para treinos com duração superior a 60-90 minutos e/ ou intensidade elevada é recomendada a ingestão extra de hidratos de carbono, que pode variar entre 30 a 60g por hora. Bebidas e géis desportivos, sumos de fruta e alguns suplementos são alguns exemplos de auxiliares do treino que impendem a fadiga muscular e facilitam a recuperação. Como existe uma grande libertação de sódio durante o treino, é também importante repor este e outros minerais através da ingestão de bebidasisotónicas ou água de coco. A alimentação e o timing das refeições após o treino são cruciais para a recuperação e irão influenciar estas alterações na composição corporal. De forma a repor as reservas de glicogénio e a promover a ressíntese muscular (recuperação e construção de novo tecido muscular) é fundamental a ingestão de hidratos de carbono e de proteína nas 4 - 6 horas seguintes, numa proporção de 2-3:1. Nos primeiros 30 a 60 minutos após o treino devem ingerir-se alimentos com um índice glicémico elevado a médio para que as reservas de glicogénio sejam rapidamente repostas, assim como alimentos ricos em aminoácidos que irão ajudar na recuperação e reparação muscular. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 4 Exemplos de refeições principais: semelhantes às refeições pré-treino Exemplos de snacks: fruta, frutos secos, barrinhas de tâmaras e frutos secos, cenouras com hummus ou fruta com manteiga de frutos secos. Reparar e substituir proteínas danificadas pelo exercício físico ao nível do músculo- esquelético, ossos, tendões e ligamentos; Manter uma função ótima de todas as vias metabólicas que utilizam aminoácidos; Permitir o aumento de massa muscular; Permitir uma função ótima do sistema imunitário; Permitir uma taxa de produção ótima de proteínas plasmáticas. Na prática, uma recuperação ótima depende da ingestão de cerca de 1 a 1,5g de hidratos de carbono por cada kg de peso corporal, para repor as reservas de glicogénio e aproximadamente, 20g de proteínas até duas horas após o treino. De uma forma geral, estas recomendações de ingestão proteica conseguem, ser atingidas exclusivamente através da alimentação. A ingestão de proteína é importante para: 1. 2. 3. 4. 5. Intensidades de treino baixas a moderadas requerem apenas cerca de 1,0g/kg/dia. Atletas de elite, com intensidades de treino altas requerem até 1,6g/kg/dia. Para indivíduos adultos jovens considera-se a dose de 20‒25g de proteína de alto valor biológico suficiente após exercícios de força. E, para indivíduos seniores, a dose é de cerca de 40g, devido ao facto de haver um limiar mais elevado para ativar para o estímulo anabólico. Os suplementos derivados do leite de vaca têm origem na separação das duas frações proteicas que o compõem: - Whey, que representa 20%; - Caseína os restantes 80% do seu conteúdo proteico. A Proteína Whey, ou proteína de soro de leite. É uma proteína de digestão rápida, logo, estes aminoácidos ficam rapidamente disponíveis para serem utilizados pelos nossos músculos. - Proteína Whey Concentrada - concentrações entre 80-90% - Proteína Whey Isolada (PWI) - concentrações de 90% ou mais A ingestão de proteína whey depois do treino (até 30 minutos depois) pode contribuir para uma melhor recuperação muscular. A melhor forma de a consumir é em pó, misturada em batidos de fruta ou simplesmente dissolvida em água ou leite. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 5 A caseína é a proteína mais abundante no leite de vaca, apresentando por isso uma elevada concentração em BCAA´s (aminoácidos de cadeia ramificada). É uma proteína de absorção lenta (cerca de 7h), o que permite uma libertação contínua de aminoácidospara a corrente sanguínea ao longo do tempo. Por essa razão é aconselhado tomar antes de dormir. Os BCAA’s são os aminoácidos de cadeia ramificada: leucina, isoleucina e valina. Constituem até 35% da massa muscular e são indispensáveis para a manutenção e crescimento dos músculos. Vários estudos têm comprovado os benefícios deste suplemento: - Previnem o catabolismo (perda de massa muscular); - Promovem a recuperação e melhoram a eficiência do treino. A proteína vegetal é, na minha opinião, a melhor suplementação proteica que podemos fazer pois não é inflamatória para o organismo, possui os aminoácidos essenciais, não contém açúcares e possui um baixo teor de gordura saturada. As fontes mais comuns são proteína de soja, arroz, ervilha, batata e abóbora. As vitaminas do complexo B (B6 essencial para nos dar motivação e força de espírito para continuarmos o treino, e B12 muito importante para quem faz uma alimentação maioritariamente vegetal); minerais como magnésio e zinco (também muito importantes para o fator motivacional, para o relaxamento muscular e para evitar lesões) são essenciais para reforçar o sistema imunitário e evitar as lesões pós treino. Diversos estudos já provaram que quando o corpo está concentrado na recuperação muscular, existe uma ligeira debilidade imunitária nas 3 a 4 horas que sucedem ao treino. Conjugando estes dados com o stress a que estamos sujeitos e fases de menos tempo para nos cuidarmos, é normal que sintamos necessidade de reforço energético em algumas alturas do ano. Para além dos cuidados com alimentação, é fundamental hidratar antes, durante e após o treino. O estado de hidratação afeta tanto o rendimento físico como mental. Uma pessoa desidratada atingirá mais rapidamente a fadiga do que uma pessoa adequadamente hidratada. Tanto a hiperhidratação como a hipohidratação podem comprometer o rendimento e apresentar um risco para a saúde. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 6 Agentes alcalinizantes (bicarbonato de sódio) para evitar as dores musculares excessivas pós treino; β-alanina contribui para o aumento da performance; Cafeína aumenta a performance desportiva através do aumento da resistência e concentração e diminuição da fadiga; Creatina aumenta a performance desportiva e atrasada a fadiga; BCAAs: aminoácidos de cadeia ramificada indispensáveis para o crescimento e manutenção dos músculos. Além disso, estudos comprovam o efeito benéfico da sua toma à noite por prevenir o catabolismo e promover a recuperação muscular; Nitrato atua como um vasodilatador abrindo os vasos sanguíneos e permitindo que mais oxigénio seja administrado aos músculos. Para além disso, reduz o custo energético do exercício e afeta positivamente a contração muscular; Géis energéticos: fórmulas sob a forma de gel utilizadas durante o treino que ajudam a repor a energia. São geralmente ricos em cafeína, hidratos de carbono de elevado índice glicémico e BCAAs; Glucosamina promove a recuperação, reconstrói a cartilagem danificada e diminui a dor nas articulações; Curcuma contém antioxidantes essenciais para a prevenção da degeneração articular. Para quem pratica desporto de forma regular e intensa, podem ser benéficas as seguintes suplementações: Existe ainda uma grande dúvida sobre o treino em Jejum. Alguns estudos indicam que fazer exercício físico em jejum pode ajudar a utilizar as reservas de gordura como fonte de energia levando a uma maior perda de massa gorda. No entanto, estes treinos devem ser de curta a média duração e de baixa intensidade, ou seja, cerca de 60 a 70% da frequência cardíaca máxima, para garantir que isso aconteça. Se a intensidade aumentar, aumenta também a libertação de glucagina e cortisol que podem interferir com a libertação de hidratos de carbono, ou seja, poderá começar a utilizar-se também massa muscular como fonte de energia. Em jejum o risco de fadiga e micro lesões fica aumentado e pode haver uma quebra de tensão devido à baixa glicémia. Por essa razão, pessoas que queiram treinar em jejum devem ter ainda mais cuidado com as refeições feitas antes e depois do treino. A última refeição antes do período de jejum deve ser rica em hidratos de carbono de absorção lenta e fibras, gorduras de qualidade e proteína. Enquanto que a refeição imediatamente após o treino deve fornecer hidratos de carbono de absorção rápida e média, proteína, e antioxidantes que evitem as micro lesões e a debilidade imunitária. RESPIRAÇÃO CELULAR , ANTIOXIDANTES E SUPERALIMENTOS C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 7 A respiração celular é a libertação controlada de energia de compostos orgânicos para produzir ATP. O principal composto que é utilizado para a formação de ATP é a glucose, proveniente de hidratos de carbono, embora os lípidos e proteínas também possam ser utilizados para o mesmo fim. O ATP (adenosina trifosfato) é uma molécula de elevada energia que funciona como uma fonte imediata de energia para processos celulares. Quando o ATP é hidrolisado, a energia libertada para ser utilizada imediatamente pela célula. A respiração celular utiliza energia armazenada em moléculas orgânicas para regenerar o ATP do ADP. Algumas funções bioquímicas do ATP são: a biossíntese de macromoléculas, o transporte ativo, a transmissão dos nervos, o crescimento e reparação, o movimento e a emissão de luz. Existem dois tipos de respiração celular: a respiração anaeróbica que envolve a quebra parcial da glucose fornecendo uma pequena quantidade de ATP e a respiração aeróbica que utiliza oxigénio para quebrar completamente a glucose na mitocôndria, para um maior rendimento de ATP. A diferença principal entre as duas é que a respiração anaeróbica não utiliza oxigénio enquanto que a respiração aeróbica utiliza. Ambas as vias de respiração começam com a degradação anaeróbica da glucose através de um processo chamado glicólise. A respiração anaeróbica ocorre na ausência de oxigénio e não resulta na produção de mais moléculas de ATP. O objetivo da respiração anaeróbica é restaurar as reservas de NAD+ pois esta molécula é importante para a via da glicólise. Ao restaurar estas reservas, o organismo pode continuar a produzir ATP através da glicólise. A produção de ácido láctico também é um processo importante na respiração anaeróbica. A contração muscular exige um aumento no gasto de energia exigindo assim, elevados níveis de ATP. Se um individuo fizer uma atividade física de alta intensidade, as necessidades de energia serão superiores ao que os níveis disponíveis de oxigénio (O2) podem fornecer aerobicamente. Assim, o organismo começa a utilizar a glucose anaerobicamente para maximizar a produção de ATP. Isto irá resultar num aumento da produção de ácido láctico, levando à fadiga muscular mais rapidamente. Embora os lípidos e proteínas possam ser, de outra forma, utilizados como fontes de energia, apenas os hidratos de carbono sofrem respiração anaeróbica. A respiração aeróbica requer a presença de O2 e ocorre dentro da mitocôndria. O piruvato é decomposto em CO2 e água, produzindo uma quantidade elevada de ATP, ficando disponível para ser utilizado. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 8 STRESS OXIDATIVO O organismo está constantemente sob ataque por motivos de stress. O oxigénio (O2) no corpo divide-se em átomos individuais com eletrões desemparelhados, quando os mesmos estão, numa situação ótima, sempre emparelhados. Estes, instáveis e altamente reativos, procuram células para capturar ou ceder eletrões, danificando as células, proteínas e ADN. Os eletrões desemparelhados denominam-se radicais livres. Sob condições normais os radicais livres são essenciais para o adequado funcionamento do organismo. No entanto, quando existem em excesso, atacam células, causando o envelhecimento precoce. É quase impossível evitar os danos causados por radicais livres pois eles surgem endogenamente (produzidos por fatores internos) e exogenamente (produzidos por fatores externos). Os radicais livres formados endogenamente são produzidos através do resultado da respiraçãoaeróbica normal, metabolismo e inflamação, enquanto que os formados exogenamente são produzidos através de fatores ambientais, como a poluição, luz solar, exercício físico de elevada intensidade, raio X, hábitos tabágicos e hábitos alcoólicos. Apesar de não ser possível evitar, é possível diminuir os danos causados pelos mesmos. Quando os radicais livres se formam, pode ocorrer uma reação em cadeia. O primeiro radical livre captura um eletrão de uma molécula, destabilizando essa mesma molécula e transformando-a num radical livre. Essa molécula, por sua vez, irá repetir o processo, capturando um eletrão de outra molécula, destabilizando-a. Este efeito dominó pode eventualmente romper e danificar a célula na sua totalidade, danificando membranas celulares, podendo alterar o que entra e sai das células. Por exemplo, esta reação em cadeia pode alterar a estrutura de um lípido, tornando-o mais provável de ficar preso numa artéria. Além disso, as células danificadas podem sofrer mutações e desenvolver tumores, ou até mesmo alterar o código do ADN. O stress oxidativo ocorre quando existe um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes causando inúmeros danos celulares. Geralmente, os mais afetados pela ação dos radicais livres são as proteínas, os lípidos e os ácidos nucleicos. Vários estudos sugerem que o stress oxidativo desempenha um papel no desenvolvimento de diversas patologias, tais como: degeneração macular, doenças cardiovasculares, certos tipos de cancro, enfisema, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e doenças inflamatórias. Além disso, também está associado ao envelhecimento. Uma vez que os radicais livres podem danificar o código do ADN, as células podem crescer incorretamente, levando ao envelhecimento precoce. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 1 9 A utilização de ATP sob condições intensas provocam reações químicas que promovem a formação de radicais livres a uma velocidade maior. Não querendo isto dizer que não se deve praticar atividade física, pois a sua prática regular reduz o stress oxidativo. Isto justifica-se porque a prática regular de atividade física promove a ação dos antioxidantes contra os radicais livres. Estudos indicam que a promoção da atividade dos antioxidantes prevalece sob a formação de radicais livres após uma atividade física de elevada intensidade. Existem alguns antioxidantes endógenos, produzidos internamente no nosso organismo, cujo efeito é reforçado através da ingestão de alguns alimentos. Os dois mais importantes são a superóxido dismutase (SOD) e a glutationa peroxidase, sendo esta última considerada o principal antioxidante endógeno. Estas atuam em conjunto na conversão dos radicais livres em elementos neutros, como a água e oxigénio. A glutationa peroxidase consegue ainda reparar alguns danos celulares causados por radicais livres e tem capacidade de reutilizar os antioxidantes endógenos. Apesar destes antioxidantes endógenos resultarem apenas da produção interna do próprio organismo, a sua função e eficácia da mesma podem ser otimizados através de alguns minerais. Estes minerais em quantidades adequadas ajudam a garantir que os antioxidantes atuem de forma correta nos radicais livres. Como o nome indica, os antioxidantes são substâncias que impedem os radicais livres de receber eletrões e consequentemente de danificar células. Estes têm a capacidade de ceder eletrões aos radicais livres para os mesmos estabilizarem impedindo assim o efeito em cadeia dos danos causados por radicais livres. Em palavras simples, os antioxidantes “limpam” os radicais livres. No entanto, os antioxidantes oxidam quando neutralizam os radicais livres, havendo uma necessidade constante de reabastecer os mesmos através da ingestão de alimentos que os forneçam. Os antioxidantes atuam de duas formas diferentes. A primeira forma é em quebra de cadeia, onde um antioxidante estabiliza um radical livre quebrando o efeito cadeia ou “dominó”. A segunda forma é a prevenção, onde algumas enzimas com efeito antioxidante, como a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase impedem a oxidação, reduzindo a taxa de iniciação da cadeia. Ou seja, ao eliminar os radicais livres impedem que se inicie uma cadeia. Algumas fontes dietéticas de antioxidantes incluem alimentos ricos em Vitamina E, Vitamina C, betacaroteno, selénio, entre outros. A Vitamina E ajuda a proteger as membranas celulares dos danos causados pelos radicais livres, e ainda a proteger as gorduras da oxidação pelas lipoproteínas de baixa densidade. A Vitamina C, conhecida como ácido ascórbico, é uma vitamina hidrossolúvel. Como tal, elimina os radicais livres em ambiente aquoso. Esta funciona sinergicamente com a Vitamina E para eliminar os radicais livres. O betacaroteno, vitamina hidrossolúvel, é o carotenoide mais amplamente estudado até à data. Acredita-se que é o melhor antioxidante para a eliminação de radicas livres com baixa concentração de oxigénio. O selénio é um mineral que embora não necessitemos em quantidades grandes, é essencial pois representa o local ativo de várias enzimas antioxidantes, incluindo a glutationa peroxidase. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 0 SUPERALIMENTOS Apesar de não existir uma definição científica oficial do que constitui um superalimento, sabe- se que estes são alimentos que contêm níveis elevados de determinados nutrientes como vitaminas, minerais ou fitoquímicos e que se demonstram especialmente benéficos para a saúde. Contrariamente ao que muitas pessoas pensam, muitos deles são alimentos fáceis de encontrar e de cozinhar e com preços bastante acessíveis. No entanto, atualmente já encontramos vários superalimentos, sobretudo na sua forma desidratada, que têm origem em diversas partes do mundo, e que recentemente foram associados a benefícios para a saúde devido ao seu elevado teor de antioxidantes. Hoje vou falar-vos dos 30 superalimentos que considero mais relevantes. Mirtilos 4g de fibras 24% da DDR de Vitamina C Os mirtilos são das bagas mais nutritivas. Uma porção de mirtilos com cerca de 150g contém aproximadamente: Contêm mais antioxidantes que quase todos os frutos e vegetais, nomeadamente flavonoides. Destes, as antocianinas são particularmente conhecidas por aumentarem os níveis de antioxidantes no organismo. As moléculas antioxidantes dos mirtilos têm a capacidade de reduzir os danos oxidativos no DNA, desacelerando o envelhecimento precoce e alguns processos cancerígenos e ajudam a evitar a oxidação do colesterol LDL. Alguns estudos indicam ainda que as antocianinas podem ajudar a reduzir a pressão arterial, a diminuir o risco de ataque cardíaco e outras complicações cardiovasculares e a desacelerar o envelhecimento cerebral. 36% da DDR de Vitamina K 25% da DDR de Manganês Quinoa Real C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 1 Certas investigações mostraram ainda que estes compostos antioxidantes podem ter um efeito antidiabético, contribuindo para prevenir a resistência à insulina e, consequentemente, o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Contêm substâncias que ajudam a prevenir que a bactéria E. coli se ligue às paredes da bexiga, prevenindo assim algumas infeções urinárias. Bagas Goji Originárias do Noroeste da China e do Tibete, são usadas há milhares de anos na medicina tradicional chinesa. Trata-se de um fruto sob a forma de pequenas bagas vermelhas que são geralmente consumidas na sua forma desidratada e crua. Estas bagas são uma fonte de compostos antioxidantes e, comparadas com outros tipos de bagas, apresentam diversos benefícios para a saúde. Alguns estudos indicam que devido ao seu elevado teor de polifenóis e outros antioxidantes, podem estar associadas com a melhoria da função cognitiva, atividade anticancerígena, melhoria da visão e ainda reforço do sistema imunitário. Um estudo realizado na Universidade de Ferrara, em Itália, concluiu que estas bagas podem estar associadas à prevenção de retinopatias diabéticas. Diversas outras investigações descobriram moléculas com atividades antidiabéticasque ajudam a prevenir a resistência à insulina e, consequentemente, podem prevenir o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Algumas pesquisas em moscas têm revelado que a esperança média de vida em moscas com Alzheimer que consomem bagas de goji é consideravelmente superior à das que fazer uma alimentação sem estas bagas. Por essa razão, as bagas de goji têm sido muito estudadas na prevenção e retardamento de sintomas da doenças de Alzheimer em humanos. A quinoa é um pseudocereal, isto porque não pertence à família dos cereais mas sim à dos espinafres e das beterrabas. Originária dos Andes, era consumida pelos incas já há mais de 10000 anos. Como não contém glúten, pode ser aconselhada a doentes celíacos ou a pessoas que pretendam eliminar esta proteína da sua alimentação. Trata-se de uma fonte de proteína vegetal completa, contendo todos os aminoácidos essenciais para o organismo incluindo a Lisina, responsável pela restauração dos tecidos, e a Metionina, importante para a desintoxicação hepática, geralmente encontrados em fontes de proteína animal. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 2 Contém ácidos gordos ómega 3 e 6 que são importantes anti-inflamatórios e protetores cardiovasculares. O ómega 3 desempenha ainda um importante papel como antidepressivo e como protetor osteoarticular. Fornece magnésio que ajuda a controlar os impulsos nervosos e a estabilizar situações de irritabilidade; manganês, essencial para um crescimento saudável; e potássio, essencial para o controlo da tensão arterial. É ainda rica em ferro que ajuda a evitar situações de cansaço excessivo, e cálcio que contribui para o desenvolvimento e crescimento ósseo. Arandos vermelhos Os arandos vermelhos são umas bagas da família dos mirtilos extensivamente estudados por conterem proantocianidina tipo A, uma substância antioxidante que evita que as bactérias se fixem nas membranas mucosas. Estão especialmente indicados para a prevenção e tratamento de cistites causados pela bactéria E. coli, mas também em infeções causadas pela Helicobacter pylori. Contêm ainda outros antioxidantes como as antocianinas, antocianidinas e os polifenóis, nomeadamente o resveratrol e os flavonoides. Todas estas substâncias são antioxidantes que ajudam a combater o envelhecimento, a degeneração celular, a oxidação do colesterol ou as inflamações osteoarticulares. Ao longo de todo o ano pode encontrá-los frescos ou secos, sendo que na segunda forma são bastante mais ricos em açúcares naturalmente presentes por cada grama de peso. Açaí O açaí é um fruto brasileiro, que pode ser considerado uma importante fonte de vitamina C, bem como uma grande fonte de antioxidantes como antocianinas e carotenoides que ajudam a fortalecer o sistema imunitário e a prevenir algumas patologias cardiovasculares. Por ser uma excelente fonte de compostos polifenólicos bioativos, o açaí tem sido amplamente estudado no combate à proliferação de alguns tipos de cancro, nomeadamente de leucemia. Alguns estudos piloto têm investigado a capacidade de prevenção e tratamento de síndrome metabólica através do consumo deste fruto. Devido ainda aos seus antioxidantes e à presença de ácido oleico, acredita-se que o açaí possa ter uma ação protetora sobre as células do cérebro melhorando as funções cognitivas e motoras. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 3 Romã A romã é um fruto facilmente encontrado em Portugal, sobretudo na altura do Outono. Por conter quantidades quase nulas de sacarose é um fruto que pode ser consumido por diabéticos. Os seus polifenóis têm demonstrado ter a capacidade de prevenir a oxidação do colesterol LDL prevenindo doenças cardiovasculares. Estes foram ainda associados à prevenção e tratamento de algumas formas de cancro nomeadamente da mama e da próstata. Devido à presença de antocianidinas possui ainda uma função anti-inflamatória, ajudando a reforçar o sistema imunitário. Contém uma boa quantidade de potássio que contribui para regular os valores de tensão arterial. Cacau Consumido há milhares de anos pelos Aztecas e pelos Maias o cacau sempre foi considerado um alimento dos deuses. O maior estudo realizado em torno do Cacau tem vindo a decorrer ao longo de mais de 10 anos e já demonstrou que os flavonoides presentes no cacau têm a capacidade de melhorar o funcionamento dos vasos sanguíneos, a saúde metabólica e as capacidades cognitivas. Sendo composto por teobromina que tem um efeito broncodilatador (ajuda a reduzir a tosse), tem uma ação tónica sobre o aparelho circulatório, é estimulante do miocárdio e vasodilatador. Um estudo realizado na Austrália concluiu ainda que o cacau ajuda a reduzir a tensão arterial. Outro estudo realizado nos EUA conseguiu provar que o cacau, ao fim de uma semana de consumo, reduziu os níveis de colesterol LDL em 6% e aumentou os níveis de HDL em 28%. Contém também triptofano, um aminoácido regulador da síntese de serotonina, hormona que melhora o humor, reduz a ansiedade e o apetite e, como à noite se converte em melatonina, melhora o sono. Daí que o chocolate esteja tão associado ao bom humor. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 4 Contém ainda cafeína, ativador cerebral e preventivo de doenças neurológicas como Parkinson e Alzheimer e pequenas quantidades de endorfinas, que também contribuem para o bem-estar associado ao cacaueiro. Espinafres Os espinafres são dos vegetais de folha verde escura mais benéficos para a saúde. São muito ricos em vitaminas, nomeadamente a K e a A; minerais como o manganês, o folato, o magnésio e o ferro; e fitonutrientes como o betacaroteno, a luteína e a zeaxantina que possuem uma atividade antioxidante no organismo. Como o ácido oxálico presente nos espinafres bloqueia parte da absorção de cálcio e de ferro, recomenda-se ferver estes legumes durante, pelo menos, dois minutos para que se consiga diminuir a concentração deste ácido. Outra forma de o fazer é consumindo-os com alimentos ricos em vitamina C. Alguns estudos indicam que os glicoglicerolipidos presentes nos espinafres têm uma ação muco protetora sobre o trato gastrointestinal ajudando a prevenir o aparecimento de úlceras. Um estudo descobriu ainda que os espinafres possuem uma atividade preventiva e de tratamento sobre o cancro da próstata devido à presença de um grupo específico de carotenoides, a neoxantina e a violaxantina. Devido ao seu elevado teor de péptidos, os espinafres podem ainda ajudar a diminuir os níveis de tensão arterial. Sendo um dos vegetais mais ricos em vitamina K, os espinafres têm também uma ação protetora sobre os ossos evitando a sua destruição e contribuindo para a sua regeneração. Abacate Originário do México e da América do Sul, o abacate é um fruto rico em ácido pantoténico, fibras, vitamina K e E, cobre, folato e potássio. Devido ao seu elevado teor de gordura monoinsaturada, o abacate tem mostrado a capacidade de aumentar a absorção de carotenoides de outros alimentos e a sua conversão na forma ativa de Vitamina A. Por esta razão recomenda-se a ingestão combinada de alimentos ricos em carotenoides (ex.: batata doce, abóbora ou cenoura) com abacate. Diversos estudos sobre o perfil lipídico do abacate têm demonstrado que quando este é adicionado a uma alimentação equilibrada, pode diminuir o risco de doenças cardiovasculares, melhorar o balanço do colesterol LDL e diminuir o stress oxidativo. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 5 Por conter uma elevada quantidade de fitoesteróis o abacate tem também demonstrado uma atividade anti-inflamatória no organismo, sobretudo ao nível de doenças cardiovasculares. No que toca à saciedade e ao controlo de peso, têm decorrido alguns estudos que concluíram que este consegue aumentar a sensação de saciedade depois de uma refeição em que é incluído, e diminuir o índice de massa corporal e a percentagem de massa gorda quando consumido diariamente durante 6 semanas num regime alimentar equilibrado e de valor calórico reduzido. Nozes A noz é um fruto seco extremamente rico em ácidos gordos monoinsaturadose ácidos gordos ómega 3, fibra, potássio, cálcio, magnésio e Vitamina E. A forma de vitamina E presente nas nozes é a de gama-tocoferol que tem sido associada a uma elevada taxa de proteção cardiovascular. Além disso o seu teor de ómega 3, incluindo ácido alfa-linolénico, tem mostrado ajudar melhorar os níveis de tensão arterial e de regeneração óssea. Devido ao seu teor de antioxidantes diversos estudos têm indicado que as nozes são benéficas na prevenção e combate da síndrome metabólica e diabetes tipo 2, cancro da mama e cancro da próstata. Alguns estudos têm começado a relacionar o consumo de nozes com a melhoria das capacidades cognitivas, de memória e de estabilidade de humor. Apesar de serem apenas estudos em animais, os resultados têm sido muito promissores. Couve Bock Choy Originária da China, a couve Bock Choy é uma excelente fonte de vitaminas C, A, manganês e zinco. É ainda rica em antioxidantes como flavonoides e compostos fenólicos que, combinados, possuem uma forte atividade protetora contra o stress oxidativo. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 6 Devido à presença de ácidos gordos ómega 3, nomeadamente ácido alfa-linolénico, e vitamina K tem ainda a capacidade de diminuir o risco de inflamações crónicas sobretudo ao nível cardiovascular e de promover a saúde osteoarticular. Esta couve tem sido incluída em diversos estudos com crucíferos para testar a sua influência em alguns tipos de cancros. Os investigadores têm concluído que, devido à presença de glucosinolatos na sua constituição esta poderá ter atividade protetora contra o cancro mas ainda sem resultados sobre tipos específicos. Couves de Bruxelas As couves de Bruxelas têm sido relacionadas com a prevenção de alguns tipo de cancro como da bexiga, da mama, do cólon, dos pulmões, da próstata e dos ovários, devido às suas propriedades antinflamatórias, desintoxicantes e antioxidantes. Tal como a couve Bock Choy, as couves de bruxelas contêm glucosinolatos e substâncias ricas em enxofre com capacidades desintoxicantes. Além disso são excelentes fontes de vitaminas A, C, manganês, fitonutrientes que ajudam a proteger o organismo do stress oxidativo e das mutações indesejadas no DNA. A exposição a toxinas ambientais, o excesso de consumo de medicamentos e outras substâncias químicas, a falta de exercício, o excesso de stress, má qualidade de sono e uma dieta desequilibrada são fatores que contribuem para aumentar o stress oxidativo nas células e o risco de inflamação crónica. Um estudo realizado em França descobriu que as couves de Bruxelas são dos vegetais crucíferos mais ricos em antioxidantes. Esta composição, aliada ao seu teor de ácidos gordos ómega 3, nomeadamente ácido alfa linolénico, permite proteger as células do organismo que estão em risco para as patologias mencionadas. Alguns cientistas têm ainda tentado encontrar relação entre o consumo de couves de Bruxelas e a prevenção de doenças cardiovasculares devido à presença de uma substância, o ITC, que tem uma função anti-inflamatória no sistema cardiovascular e que pode prevenir ou até reverter danos nos capilares sanguíneos. Devido ao seu teor em fibras são ainda indicadas para ajudar a melhorar a função gastrointestinal. Beterraba A beterraba é uma raiz fonte de fitonutrientes chamados betalaínas (encontrados em menor quantidade no ruibarbo e nas acelgas) que possuem atividade antioxidante, anti-inflamatória e desintoxicante. Alguns estudos concluíram que a betaína contida nas beterrabas tem a capacidade de inibir a produção de enzimas pro-inflamatórias e, dessa forma desacelerar o crescimento de alguns tumores nomeadamente do cólon, estômago, mama, próstata, pulmões e testículos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 7 Apesar de muito preliminares, alguns estudos concluíram que a atividade anti-inflamatória das beterrabas pode estar associada com a prevenção de aterosclerose e diabetes tipo 2. Quando comprar beterrabas aproveite as verduras. Estas contêm uma boa quantidade de luteína e zeaxantina, substâncias com propriedades antioxidantes e que podem ser usadas nas sopas, cozinhados ou até mesmo batidos verdes. Agrião O agrião é um vegetal com um aroma apimentado e uma textura crocante. Um estudo descobriu que devido à sua composição, o agrião tem a capacidade de proteger o organismo contra o processo de carcinogénese do cancro do cólon. Outros estudos descobriram ainda que uma substância libertada através do processo de mastigação de agriões (PEITC) tem a capacidade de prevenir o desenvolvimento de cancro do pulmão induzido pelo consumo de tabaco. Folha de mostarda A folha de mostarda é um vegetal crucífero menos popular que todos os outros mas com propriedades nutricionais excelentes para a saúde. Devido à sua composição estes vegetais têm demonstrado ter a capacidade de prevenir o aparecimento de alguns tipos de cancro como da bexiga, da mama, do cólon, da próstata, dos ovários e dos pulmões. Como contêm fitonutrientes que ajudam a ativar as enzimas que desintoxicam o organismo, têm sido também associados à capacidade de eliminação de toxinas e impurezas. Devido também a estes fitonutrientes, as folhas de mostarda têm uma função antioxidante no organismo e conseguem proteger-nos do stress oxidativo. O seu elevado teor de vitamina K contribui para a função anti-inflamatória destas folhas ajudando a combater inflamações crónicas. Matcha Há milhares de anos que o matcha é consumido no Japão e integrado como ingrediente em diversas receitas. Os monges bebiam-no para ajudar a prática da meditação mantendo-se alerta mas calmos. Isto deve-se ao facto de o chá matcha ser rico em L-teanina, um aminoácido que ajuda a promover o relaxamento e a sensação de bem-estar. Além disso, a L-teanina pode ajudar a melhorar a memória e a capacidade de concentração inibindo os efeitos secundários da cafeína. Apesar de os outros chás também conterem este aminoácido, a variedade matcha contém 5 vezes mais do que o chá preto ou outras variedades de chá verde. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 8 Apesar de os chás conterem diversos antioxidantes, a grande maioria destes não são libertados das folhas para a água. Para contornar este problema e obter todas as vitaminas, minerais, antioxidantes e aminoácidos é importante consumir a folha por inteiro. O estudo da Universidade de Tufts que mediu a capacidade de absorção de radicais livres dos alimentos (ORAC) descobriu que o matcha tem 20 vezes mais capacidade antioxidante que as romãs e os mirtilos. No caso do matcha, os principais antioxidantes são as catequinas EGCG que têm propriedades protetoras contra o cancro, sobretudo a nível do cancro da próstata. Além disso têm a capacidade de combater os radicais livres no organismo prevenindo o envelhecimento e a degeneração celular. Estes antioxidantes têm ainda a capacidade de diminuir a concentração de colesterol total e de triglicéridos. A sua concentração em clorofila e o elevado teor de aminoácidos do matcha conferem-lhe o que se chama o quinto sabor, o umami, ou seja, uma sensação de cremosidade na boca. Bróculos Ricos em glucosinolatos e ómega 3 os brócolos têm demonstrado ter uma elevada atividade antinflamatória e desintoxicante. Diversos estudos têm relacionado a composição nutricional dos brócolos com a prevenção e diminuição do risco de desenvolvimento de cancro da próstata, cólon, mama, bexiga e ovários. Os brócolos contêm ainda substâncias chamadas isotiocianatos que comprovaram prevenir ou reverter os danos causados nos vasos sanguíneos devidos a problemas crónicos como a diabetes tipo 2. Estão ainda relacionados com a prevenção de ataques cardíacos e enfartes do miocárdio. O elevado teor em fibras conferem-lhe ainda a propriedade de diminuir os níveis totais de colesterol no sangue. O seu elevado teor em vitaminas B5, B6 e B12 ajudam a diminuir o risco de produção de homocisteína e a prevenir as doenças cardiovasculares associadas ao excesso desta substância no organismo. Entre os vegetais crucíferos, os brócolossão a principal fonte de Vitamina C que é um poderoso antioxidante. Além disso contém ainda flavonoides e carotenoides, vitamina E, manganês e zinco, todos eles com grande atividade antioxidante. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 2 9 Maca A maca é uma planta originária dos Andes da Bolívia e do Peru. É consumida há milhares de anos, tendo sido muito usada pelos Incas devido às suas propriedades adaptogénicas que conseguiam nutrir e equilibrar o sistema endócrino do organismo, ajudando a lidar com situações de ansiedade e stress. Inúmeros estudos têm sido conduzidos em torno da raiz da maca e dos seus benefícios para a saúde, sobretudo ao nível do funcionamento do sistema reprodutor. Alguns destes têm concluído que o consumo de maca está relacionado com a melhoria da produção de sémen nos homens e na melhoria da sua motilidade; com o aumento da concentração sérica de progesterona e testosterona; e ainda com a prevenção de osteoporose devida à diminuição de estrogénios no organismo. Uma investigação mais recente descobriu que a raiz da maca, devido à sua composição em fitonutrientes terá também a capacidade de proteger a pele contra a ação dos raios ultravioleta. Nas regiões montanhosas de onde é originária, a maca é consumida cozida e cortada em rodelas ou acompanhada de batatas, maçãs, aveia, quinoa ou favas. Noni O noni é um fruto originário da região do pacifico que tem vindo a ser muito explorado pelos seus benefícios para a saúde nas zonas da Polinésia e do Havai. Este fruto é muito rico em antioxidantes, vitaminas do complexo B, C, E e betacaroteno e contém ainda cálcio, magnésio, potássio, ferro e fósforo. Alguns estudos têm descoberto que o noni tem uma função protetora contra o cancro devido ao seu elevado teor de polissacáridos, compostos fenólicos e flavonoides com função antioxidantes. Recentemente descobriu-se também que o noni ajuda a modular a resposta do sistema imunitário reforçando as defesas do organismo. Tanto a raiz como a folha e o fruto desta planta contribuem muito para a atividade antioxidante exógena que é crucial para combater o stress oxidativo e diminuir os processos inflamatórios. Este fruto tem ainda uma atividade antiespasmódica sobre os músculos ajudando o processo de relaxamento e descontração dos mesmos. O consumo regular de noni é associado com a melhoria do perfil lipídico do organismo, permitindo prevenir algumas patologias cardiovasculares em fumadores. De uma forma geral tem a capacidade de diminuir o colesterol LDL, de colesterol total e de homocisteína, e ainda de aumentar os níveis de colesterol HDL. Possui ainda uma atividade antipsicótica, e ajuda a melhorar a memória. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 0 Além disso, têm propriedades antibacterianas e antinflamatórias que ajudam a melhorar diversos problemas de pele como acne, queimaduras e alergias. A melhor forma de consumir noni é juntando o seu sumo aos seus batidos, sumos verdes ou sopas. Poderá também juntá-lo em pó ou em sumo a bolos, panquecas ou muffins. Spirulina A spirulina é uma alga marinha usada desde há milhares de anos pelos Aztecas como principal fonte de proteína. Como é uma fonte de proteína completa, com 18 aminoácidos, dos quais 8 são os aminoácidos essenciais, era usada por esta civilização para dar força e endurance aos guerreiros. Estes aminoácidos são ainda essenciais para o metabolismo celular, regeneração dos tecidos, função neurológica e cardiovascular e produção de hormonas. É ainda rica em vitaminas A, B1, B2, B6, E e K e todas as enzimas, fitonutrientes e cofatores importantes para a sua absorção máxima pelo organismo. Contém um antioxidante chamado fitocianina que lhe confere a sua cor azulada e que tem a capacidade de estimular a produção de células estaminais, ou seja, células que se transformam no que o corpo precisar sejam células do sangue, do sistema imunitário ou musculares. Por conter zinco, magnésio e ácido gama-linolénico, a spirulina ajuda a estimular a produção da hormona da saciedade, a leptina, o que por sua vez nos ajuda a regular o apetite e o peso. Devido ainda a esta densidade nutricional e aos seus antioxidantes, a spirulina combate o envelhecimento precoce e os danos no DNA prevenindo alguns processos cancerígenos. Tem a capacidade de diminuir a concentração de colesterol LDL e colesterol total no sangue, aumentando a concentração de colesterol HDL. Alguns estudos concluíram que a spirulina tem a capacidade de aumentar a produção de óxido nítrico que ajuda as veias a relaxarem e, consequentemente, diminui a tensão arterial. Devido à sua composição, tem a capacidade de melhorar situações de anemia através do aumento de hemoglobina no sangue. Demonstra ainda a capacidade de diminuir os níveis de açúcar no sangue em pacientes com diabetes tipo 2, prevenindo assim patologias associadas à mesma. Clorela Originária da Tailândia e do Japão, a clorela é uma alga rica em fitonutrientes, aminoácidos, clorofila, betacaroteno, potássio, fósforo, biotina, magnésio e vitaminas do complexo B. Tem uma cor verde azulada devido à sua elevada concentração de clorofila que é essencial para ajudar a eliminar toxinas do organismo. Em doentes de quimioterapia o consumo regular desta alga provou ajudar a manter as normais funções do sistema imunitário. Diversos estudos concluíram que a clorela tem uma função importante no reforço do sistema imunitário. Devido à sua composição, a clorela ajuda ainda a reduzir a percentagem de massa gorda corporal e a regular os níveis de colesterol no sangue. Devido ao seu teor de antioxidantes, alguns cientistas concluíram que a clorela ajuda a diminuir os níveis de glucose no sangue, prevenindo a resistência à insulina e as doenças degenerativas devidas à diabetes tipo 2. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 1 Sementes de cânhamo As sementes de cânhamo são as sementes da planta Cannabis Sativa, no entanto, contêm apenas quantidades vestigiais de THC, a substância que causa os efeitos da marijuana. Devido aos seus inúmeros benefícios, são usadas há milhares de anos na medicina chinesa. Além de conter proteínas de elevada digestibilidade, a semente de cânhamo contém todos os aminoácidos essenciais, vitamina E, fósforo, magnésio, sódio, potássio, enxofre, cálcio, ferro e zinco. Devido ao seu teor de arginina, ajudam a estimular a produção de óxido nítrico no organismo que permite um relaxamento e dilatação das veias e previne a tensão elevada. Além disso a arginina ajuda a diminuir a produção de proteína C-reativa que está associada com diversas inflamações cardiovasculares. Também o seu teor de ácido gama linolénico está associado à diminuição de processos inflamatórios no sistema cardiovascular. O ácido gama linolénico das sementes de cânhamo ajuda à produção de prostaglandina E-1 que reduz os efeitos da prolactina, uma hormona que causa diversos sintomas associados à síndrome pré-menstrual (ex.: dores no peito, irritabilidade, retenção de líquidos). Devido ao seu teor de fibras solúveis e insolúveis as sementes de cânhamo ajudam a melhorar a função intestinal. Enquanto as fibras solúveis ajudam a reforçar a flora bacteriana e a evitar picos de açúcar no sangue, as fibras insolúveis ajudam a formar bolo fecal e estimulam o trânsito intestinal. Sementes de chia As sementes de chia são originárias da América do Sul e eram muito consumidas pelos Maias e Aztecas para dar força e energia. São extremamente ricas em fibras, proteínas e ácidos gordos ómega-3, e contém também manganês, magnésio, fósforo, cálcio, potássio, zinco e vitaminas B1, B2 e B3. São ainda ricas em antioxidantes que ajudam a proteger o DNA contra os danos oxidativos. Uma das suas características mais marcantes é o facto de os hidratos de carbono que as constituem serem aproximadamente 90% fibras. Ou seja, quando diluídas numa substância líquida, estas sementes podem inchar entre 10 a 12 vezes o seu tamanho formando um gel. Esta característica ajuda a regular o trânsito intestinal e a promover a sensação de saciedade no estômago.Cerca de 14% da sua composição é proteína, um valor bastante acima do que se verifica noutras plantas. Isto faz com que estas sementes sejam excelentes fontes de proteína vegetal para vegetarianos e desportistas. Devido ao seu teor de ácidos gordos ómega 3, sobretudo ALA e EPA, estas sementes têm uma importante função na diminuição do colesterol LDL e total e no aumento do colesterol HDL. Esta característica ajuda a prevenir o aparecimento de diversas doenças cardiovasculares. Alguns estudos têm associado o consumo de sementes de chia com a diminuição de picos de glucose no sangue, ajudando a prevenir algumas patologias decorrentes da diabetes tipo 2. No entanto ainda são precisas mais investigações para que sejam conclusivos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 2 Erva Trigo A erva trigo é uma das maiores fontes naturais de clorofila que ajuda o sangue a produzir hemoglobina e fornece um poderoso antioxidante, a superóxido dismutase. Este pigmento possui também uma função antibacteriana que ajuda a proteger o corpo contra a ação de bactérias indesejáveis sobretudo aquando de problemas de pele como eczemas, alergias ou picadas de insetos. A clorofila tem ainda um efeito descongestionante sobre as fossas nasais, ajudando a prevenir e a tratar estados de sinusite. Com uma concentração de clorofila tão elevada (cerca de 70%), a erva trigo é rica em oxigénio que tem uma função benéfica sobre o cérebro, a capacidade de concentração e memória, e ainda a renovação dos tecidos do corpo. A sua composição ajuda a evitar o excesso de acidez no sangue, a aliviar os sintomas de úlceras pépticas e a melhorara função do trânsito intestinal. Além disso é uma excelente fonte de minerais, vitaminas A, B, C, E e K. Contém ainda 17 aminoácidos diferentes que são importantes para ajudar a construção muscular. Cogumelo Reishi Um dos cogumelos mais conhecidos na medicina chinesa, o cogumelo reishi tem sido associado à longevidade e ao bem estar desde há milhares de anos. A sua composição tem sido não só associada à prevenção de diversos tipos de cancro como à ajuda na eliminação de células cancerígenas do organismo, sobretudo algumas metástases. Também a sua composição em triterpenos, que desempenham a atividade anticancerígena deste cogumelo, ajuda a eliminar radicais livres do organismo e a promover a regeneração celular do fígado. Um estudo recente associou ainda os cogumelos reishi à prevenção e tratamento de doenças neurológicas como Alzheimer e Huntington. Lucuma A lucuma é um fruto do Peru rico em beta caroteno, ferro, zinco, vitamina B3 e proteínas. Vista como o símbolo da fertilidade, a lucuma é intitulada o ouro dos Incas devido aos seus inúmeros benefícios. Outros estudos descobriram que este fruto pode estar associado à diminuição dos níveis de açúcar no sangue o que a torna ideal para prevenir complicações derivadas da diabetes tipo 2. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 3 O seu teor em betacaroteno ajuda a promover a regeneração celular e o funcionamento do sistema imunitário fazendo com que a lucuma seja associada à prevenção de alguns tipos de cancro. Como é um fruto bastante rico em ferro tem sido recomendada para prevenir e tratar alguns casos de anemia ferropénica. Camu Camu O camu camu é um fruto que parece uma cereja, originário da América do Sul, sobretudo do Peru e do Brasil. Este fruto tem uma das concentrações mais elevadas de Vitamina C que tem um papel muito importante no reforço do sistema imunitário através da estimulação do desenvolvimento de glóbulos brancos. Além disso esta vitamina é essencial para a produção de colagénio que ajuda a reparar os tecidos e os órgãos e dá elasticidade a pele. Os níveis elevados de magnésio e vitaminas do camu camu ajudam-no a exercer uma atividade relaxante sobre o corpo e a prevenir sintomas de depressão e oscilações de humor. Como tem substâncias antissépticas este fruto é ideal para ajudar a combater infeções por E. coli e herpes. Feijão azuki Originário da zona Este da Ásia este feijão é muito consumido no Japão, na China e na Coreia. Rico em fibras, este feijão tem sido associado com a regulação da atividade dos recetores de insulina ajudando a prevenir algumas patologias associadas à diabetes tipo 2. Estas ajudam ainda a regular o trânsito intestinal e permitem a normalização dos níveis de colesterol no sangue. A sua riqueza em potássio faz com que este feijão seja também muito associado à regulação dos níveis de tensão arterial e prevenção de doenças cardiovasculares. São ainda muito ricos em proteínas vegetais, essenciais para vegetarianos e vegans e que ajudam a reparar os tecidos e permitem o normal crescimento. Além disso este teor proteico ajuda a dar força e energia, sobretudo a pessoas com vidas muito ativas. Ricos em zinco, cobre e magnésio, estes feijões são também muito estudados pela sua capacidade de prevenção de doenças degenerativas nos ossos. C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 4 Baobab Em África, o baobab tem sido utilizado para fins medicinais como o tratamento de febres, problemas gastrointestinais ou sintomas de malária. Os seus benefícios derivam dos elevados teores de vitamina C. Um estudo recente descobriu ainda que a vitamina C pode estar relacionada com o controlo de peso na medida em que esta ajuda a estimular a produção de carnitina, um composto que permite o corpo usar gordura como fonte de energia. Outro estudo descobriu uma influência importante do baobab na alimentação. Quando este é acrescentado a uma mistura de pão ajuda a diminuir o índice glicémico do mesmo permitindo diminuir a estimulação de insulina após uma refeição e prevenindo assim o desenvolvimento de resistência à insulina e, consequentemente, diabetes tipo 2. Outras experiências têm concluído que o consumo regular de baobab ajuda a diminuir a concentração de proteína C-reativa no sangue e, consequentemente, o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, o teor de vitamina C deste fruto, ajuda a dar elasticidade aos vasos sanguíneos prevenindo o desenvolvimento de veias varicosas e derrames. Curcuma A curcuma é uma raiz que tem sido utilizada na medicina Ayurvedica há vários séculos. No entanto só recentemente têm surgido estudos em torno da sua composição nutricional e dos seus benefícios para a saúde. O principal composto ativo é a curcumina que tem sido associada à prevenção de cancro, inflamações alérgicas, Alzheimer, úlceras e doenças cardiovasculares. A curcumina tem uma atividade inibidora sobre a histamina que é uma das principais substâncias causadoras de eczemas e asma. Alguns estudos descobriram que consumir curcuma ajuda a prevenir os sintomas de psoríase e outras reações inflamatórias, sobretudo alergias. Um dos muitos objetos de estudo da curcuma tem sido a sua atividade antinflamatória a nível do sistema osteoarticular. Os curcuminoides presentes nesta raiz provaram ajudar a proteger o organismo contra a artrite reumatoide e osteoartrite. Estudos feitos tanto em animais como em humanos concluíram que a curcumina tem atividade anticancerígena devido à sua capacidade de inibir a formação de nitrosamina e a produção de aflatoxina. Recentemente alguns estudos têm ainda associado o consume regular de curcuma com o aumento da longevidade em animais mas estes dados ainda não foram testados em humanos. REGIMES ALIMENTARES C U R S O D E NU T R I Ç Ã O 1 3 5 Dieta Paleolítica Se a ingestão de cálcio e vitamina D é feita de forma equilibrada e em doses suficientes devido á restrição alimentar; Se a ingestão de fibra e selénio é mesmo a mais adequada, devido á falta de cereais integrais; A dieta paleolítica baseia-se na ingestão de plantas selvagens, carne, peixe e ovos, originalmente consumidos pelo homo sapiens durante o Paleolítico, período durante o qual começou se começou a desenvolver a agricultura. Este regime alimentar baseia-se na premissa de que os humanos estão geneticamente adaptados para a dieta dos seus ancestrais paleolíticos e que a genética humana pouco mudou desde
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