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IDENTIFICAÇÃO: CLAUDEMIR GALIANI
IES: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROFESSORA ORIENTADORA: MARIA CRISTINA GOMES 
MACHADO
AS CONTRIBUIÇÕES DO MARXISMO PARA O DEBATE ENTRE 
HISTÓRIA E EDUCAÇÃO.
RESUMO
Claudemir Galiani e Maria Cristina Gomes Machado
Este artigo apresenta algumas reflexões sobre a concepção de 
história presente no marxismo e a contribuição dessa teoria para a 
compreensão da educação como integrante de uma totalidade social 
e os reflexos dessa totalidade se apresentam na forma de contradição 
nas classes que a compõe. Isso significa dizer que a luta de classes é 
parte integrante desse movimento de contradição. 
Entende-se que, para uma compreensão da história e do ensino de 
história, deve-se levar em consideração as relações de determinação 
e influência que ela recebe da estrutura econômica. Desta forma, 
acredita-se que uma concepção de história a partir do materialismo 
histórico permite uma melhor compreensão da trajetória histórica da 
humanidade a partir das suas múltiplas determinações. 
Os apontamentos marxianos em relação à educação, inseridos no 
movimento da história, como resultado de múltiplas relações 
determinadas pela base concreta material, deve ser compreendida 
como produto e ao mesmo tempo como produtora de uma nova 
consciência histórica fundada na transformação social. Para Marx, a 
transformação educativa, deveria ocorrer paralelamente à revolução 
social, tendo como foco principal o desenvolvimento total do homem 
e a mudança das relações sociais, assim, a educação deveria 
acompanhar e acelerar esse movimento, mas não encarregar-se 
exclusivamente de desencadeá-lo, nem de fazê-lo triunfar.
 
PALAVRAS-CHAVES: HISTÓRIA, EDUCAÇÃO, MATERIALISMO 
HISTÓRICO, MARXISMO.
MARX’S CONTRIBUTIONS TO THE DEBATE BETWEEN HISTORY 
AND EDUCATION. 
ABSTRACT 
This article presents some thoughts on the design of this history in 
Marxism and the theory of that contribution to the understanding of 
education as an integral whole social and the reflexes that present 
thenselves in the manner of contradiction in the classes that 
compose it. This means that the class struggle is an integral part of 
this movement of contradiction. 
Understand itself that for an understanding of history and teaching of 
history, one should take into consideration the relations of 
determination and influence that it receives from economic structure. 
Thus, believe itself that a conception of history from the historical 
materialism allows a better understanding of the historical path of 
humanity from its multiple determinations. 
The notes marxianos in relation to education, inserted in the 
movement of tho history, as a result of multiple relationships 
determined by material evidence base shall be understood as a 
product and at the same time as producer a new historical 
consciousness based on social transformation. For Marx, the 
educational transformation should occur in parallelly with the social 
2
revolution, with the main focus the full development of man and the 
change of social relations, thus, education should monitor and 
accelerate this movement, but don’t exclusively in charge of unlik it, 
neither do it succeed.
KEYWORDS: HISTORY, EDUCATION, MATERIALISMO 
HISTORICAL, MARXISM. 
AS CONTRIBUIÇÕES DO MARXISMO PARA O DEBATE ENTRE 
HISTÓRIA E EDUCAÇÃO.
Claudemir Galiani e Maria Cristina Gomes Machado
Introdução
Este texto apresenta algumas reflexões na tentativa de identificar a 
concepção de história presente no marxismo e a contribuição dessa 
teoria para a compreensão da educação como integrante de uma 
totalidade social, tomando-se, como principal referencial, alguns 
escritos de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).
Um dos motivadores de tais reflexões é o documento emitido pela 
Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná, no ano de 
2007, que apresenta novas orientações curriculares para o ensino de 
história para a rede Pública de Ensino, fundamentadas no referencial 
da Nova História, a Nova História Cultural e a Nova Esquerda 
Inglesa. 
3
Entende-se que, para compreender a proposição curricular para o 
ensino de história, deve-se levar em consideração as relações de 
determinação e influência que ela recebe da estrutura econômica. 
Desta forma, acredita-se que os autores supracitados, traduziram em 
seus escritos a realidade e as necessidades de uma determinada 
época e que não se prendiam, apenas, num recorte temporal, mas 
avançava na compreensão da trajetória histórica da humanidade a 
partir das suas múltiplas determinações. 
As reflexões apresentadas no texto serão orientadas, sobretudo, a 
partir das seguintes obras: “A ideologia alemã” (1845) e “O 
manifesto do Partido Comunista” (1848). Marx e Engels escreveram 
em conjunto o “Manifesto comunista”, “A sagrada família” e “A 
ideologia alemã”. Depois da morte de Marx, os seus manuscritos 
foram re-elaborados por Engels, concluindo assim, o segundo e o 
terceiro volumes de “O capital”. A partir de 1884 os traços do 
pensamento de Engels não se distinguem mais claramente dos de 
Marx. A compreensão dos autores sobre o sistema capitalista de sua 
época diferenciava dos economistas liberais, estes entendiam as leis 
que regiam o sistema como um valor absoluto. Ao contrário, Marx e 
Engels acreditavam que essas leis tinham um valor histórico. Assim, 
Marx centrou sua análise retomando a história da sociedade 
humana. De acordo com Hobsbawm (1998, p.173), “[...] Marx 
estudou deliberadamente a história na ordem inversa, tomando o 
capitalismo desenvolvido como seu ponto de partida”. 
O ponto de partida do marxismo para a compreensão de uma 
determina sociedade se orienta sob os seguintes aspectos: uma 
sociedade em movimento, que não é estática, e como tal, ela forma 
uma base material e os homens que nela vivem, têm a possibilidade 
de mudança. Conforme observou Marx (1984, p. 43): 
[...] a história não é senão a sucessão das diversas 
gerações, cada uma das quais explora os 
4
materiais capitais, forças de produção que lhe são 
legados, e que por isso continua, em 
circunstâncias, completamente mudadas, e por 
outro lado modifica as velhas circunstâncias. 
 Neste sentido, a produção intelectual de uma determinada época 
refletiria a sua existência material. Equivale dizer que, se a 
sociedade fosse harmoniosa, sem conflitos, sem contradições, 
provavelmente a produção intelectual estaria voltada para sua 
manutenção, sem propor mudanças. Porém, não era essa a 
característica que predominava nos tempos de Marx e Engels, e tal 
como hoje, a sociedade se apresenta de forma conflituosa, os 
interesses antagônicos, as classes sociais tendiam para dois pólos 
totalmente opostos: de um lado o capitalista voltado para o acúmulo 
acelerado do capital, enriquecendo a partir das relações de produção 
e de outro a classe proletária aumentando como classe, mas 
desprovida de qualquer riqueza, até mesmo a sua força de trabalho, 
tanto braçal como intelectual, já não mais lhe pertencia, era vendida 
por um preço irrisório, por meio daquilo que se convencionou 
chamar de “salário”. Inclui-se nesta análise os professores que se 
constituem como um grupo de proletariado intelectual, detentores de 
saberes, e que vendem a sua força de trabalho para um capitalista 
intermediário, mediador da ideologia burguesa, denominado: Estado.
Marx e Engels tomam forte posição de luta frente às transformações 
sociais que estavam ocorrendo no século XIX. Neste momento, a 
sociedade organizada pelo modelo burguês, buscava definir um novohomem vinculado à produção industrial. Neste sentido, é preciso 
compreender que ao formularem suas teorias, sistematizam aquilo 
que a sociedade estava vivendo, pois já existia uma base concreta 
material que determinava o modo de vida da sociedade, e, 
conseqüentemente, de educação.
Para tanto, o texto está organizado em duas partes. Na primeira 
parte, apresenta-se em linhas gerais, o processo de organização da 
5
sociedade burguesa e o ideário liberal produzido como arma teórica 
contra os resquícios da sociedade feudal. Na segunda, levantam-se 
alguns questionamentos que se tornaram possíveis com o 
acirramento das contradições sociais a partir da crise do capitalismo, 
incluindo a função da educação na nessa sociedade. 
1. A sociedade burguesa e o ideário liberal
Alguns autores contribuíram para dar um suporte teórico às 
transformações que estavam ocorrendo, e ao sistematizarem, se 
posicionaram do lado da classe burguesa. Para um melhor 
entendimento de como foram os seus posicionamentos, tomar-se-á, 
como exemplo, Francis Bacon, John Locke e Adam Smith.
Francis Bacon (1561-1626), no início do século XVII, fez uma 
importante contribuição para o desenvolvimento da sociedade por 
meio de um rigoroso método de observação da natureza, onde o 
conhecimento se dá de forma empírica e experimental, desta forma 
acreditava que era preciso, “[...] descobrir as leis que regem a 
natureza para poder transformá-las”. (BACON, 1984, p.9). Este autor 
vivia um momento histórico de transição da Sociedade Feudal para a 
Capitalista. O fundador da ciência moderna, traduzia os interesses 
da classe burguesa no sentido de que por meio do seu método de 
interpretação da natureza, aumentasse a produção e com isso 
proporcionasse um aumento do comércio.
John Locke (1632-1704) lançou, no final de mesmo século, os 
fundamentos para uma nova concepção de homem, quando afirmou 
que, “[...] não há princípios inatos na mente. A maneira pela qual 
adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que 
não é inato.” (LOCKE, 1983, p.13). Com esta afirmação negava-se 
toda a compreensão de mundo e de homem da sociedade feudal. Se 
até então os homens eram vistos como imagem e semelhança de 
6
Deus, passavam a serem vistos como racionais e como homens que 
se construíam a partir de suas experiências. O homem era 
considerado pelo autor como uma “tabula rasa”, sem marcas 
anteriores ou idéias inatas, concebidos como livres e iguais. Iguais 
por possuir a propriedade sobre seu próprio corpo e livres das 
relações feudais de servidão, liberando-se dos antigos entraves 
sociais, colocando-se em condição de contribuir para o aceleramento 
do processo de acumulação de capital. 
Este pressuposto de Locke se constituiu como uma arma teórica 
utilizada pela burguesia para criticar os fundamentos do poder 
absoluto e legitimar a sua prática. Historicamente tornou-se 
necessário eliminar o Estado Absoluto. Assim, Locke acreditava que 
por meio de um governo civil, os homens pudessem viver 
harmoniosamente na sociedade, já que, por serem racionais, livres e 
iguais, seriam assegurados os direitos de todos. Porém, em situação 
de violação do direito e da propriedade do outro, o governo civil 
atuaria como interventor para assegurar essa ordem. Isso equivale 
dizer que a riqueza e o acúmulo de capital, dependeria 
exclusivamente do esforço e da capacidade de trabalho de cada um.
John Locke, entre outros, contribuiu de forma decisiva para a 
implantação da Monarquia Parlamentar na Inglaterra, ao fornecer 
suporte teórico para que a burguesia pudesse participar do poder 
político e ao mesmo tempo se afirmar nas decisões políticas do país. 
A Declaração de Direitos, aprovada, teve suas bases no princípio da 
Igualdade e da Liberdade. Mas será que na prática social, todos se 
tornaram como num passe de mágica, iguais e livres?
Adam Smith (1723-1790), no século XVIII, após a Revolução 
Industrial, mostrou que as novas relações humanas se fundamentam 
no princípio da troca, mas para que essas relações baseadas na troca 
se estendessem a toda a sociedade moderna, foi necessário percorrer 
7
um doloroso caminho, uma luta entravada na sociedade feudal, onde 
o comerciante e o senhor feudal se enfrentaram. Segundo este autor:
[...] a partir do momento que os senhores feudais 
passam a adquirir bens por meio do comércio, 
colocou em risco o seu poder e como o seu poder 
fundamentava-se na terra e no número de 
indivíduos que viviam no seu feudo, esse 
enfraquecimento liberou forças produtivas do 
campo para a cidade, aumentando 
significativamente a população da cidade que 
além de se constituir em mão de obra, se 
constituía também como consumidor. ( SMITH, 
1988, p.349)
 
Esse processo contribuiu para que houvesse a dissociação do 
trabalhador dos meios de produção e sua expropriação da terra. A 
partir desses pressupostos, Adam Smith formulou a sua teoria da 
riqueza, na qual acreditava que não era qualquer trabalho que se 
constituiria como fonte de riqueza, mas sim o trabalho dividido, 
neste sentido, se estenderia em todos os setores da sociedade. Os 
produtores agrícolas produziriam a matéria prima para as 
manufaturas que produziriam o produto final para os comerciantes 
que faziam chegar este produto até o consumidor e a base de 
produção pressuponha o trabalho conjunto de muitas mãos. Desta 
forma, todos participariam do processo de produção, cada qual com 
a sua função estabelecida, ao mesmo tempo em que o produtor 
agrícola produzia matéria prima, também consumia produtos 
manufaturados, o mesmo ocorreria com os trabalhadores da 
manufatura e os comerciantes. Todos participariam do processo de 
produção direta ou indiretamente e todos consumiriam a produção. 
Tomando especificamente a divisão do trabalho em uma fábrica, a 
produção aumentaria na medida em que cada operário fosse 
designado para uma função diferente, esta divisão possibilitaria o 
aperfeiçoamento da mão-de-obra, com o conseqüente aceleramento 
do processo produtivo, bem como cada trabalhador inventaria 
instrumentos para aperfeiçoar seu trabalho.
8
A disponibilidade de capitais da burguesia comercial e as 
regulamentações impostas pela política dos setores burgueses, 
somado a outros fatores, tal como teorizada nas formulações de 
Adam Smith que justificava em suas formulações a necessidade do 
estabelecimento de um Estado mínimo, dado que o mercado de 
livre-concorrência seria regido pela mão invisível do interesse 
próprio de cada burguês, proporcionaram, somando-se a introdução 
da maquinaria na indústria, relativo sucesso para os agentes 
capitalistas empreendedores.
No momento de ascensão e consolidação da sociedade burguesa, os 
autores acima descritos, tinham como foco de interesse explicar, 
justificar e propor alternativas para aumento da riqueza, ora dos 
setores empreendedores, ora de toda a nação. Desta forma, as 
teorias que diretamente permitiam a livre circulação de produtos, o 
aumento de produção, a melhoria na qualidade dos produtos, e 
ainda, fundamentados numa nova concepção de homem, 
contribuíram de forma decisiva para a destruição do Feudalismo. 
As transformações ocorridas nos países europeus em escala mais 
intensa ou gradativa, permitiram a afirmação da classe burguesa de 
cunho revolucionário, mas permitiram o surgimento, também, da 
classe proletária, esta vivia em uma situação de miséria crescente, 
em oposição à riqueza da classe burguesa. Isto se devia a 
contradiçãoda forma como o trabalho estava organizado: a produção 
é social – trabalho dividido – mas, a apropriação do produto final é 
individual, do burguês que detinha capitais e meios de produção. 
Esse processo ocorreu devido a expropriação do trabalhador do 
campo; a impossibilidade de realização do trabalho artesanal e a 
completa dissociação do trabalhador dos instrumentos de produção. 
Para superação dessas contradições, que se acirravam ao longo do 
século XIX, alguns autores propuseram uma nova forma de sociedade 
9
baseada na igualdade de classes, o que chamaríamos de socialismo 
utópico, dos quais Phoudon tenha sido um dos mais atuantes neste 
empreendimento. Porém, na sua formulação, Marx (1985a.) 
percebeu algumas lacunas, e a sua crítica foi apresentada na “Carta 
a Amnekov” foi de que Proudhon isolava em sua análise os 
elementos considerados primordiais para a transformação, entre os 
quais, o Estado, considerado por Marx como necessário e agente 
fundamental no processo de transição na mudança estrutural na 
direção de uma sociedade socialista. Outro aspecto apontado por 
Marx era de que a consciência em Proudhon tinha uma determinação 
individual, quando para Marx, tinha uma determinação histórica e 
coletiva. 
2. A sociedade burguesa e a crítica da economia política
Para Marx, a classe burguesa teve como aliada um referencial 
teórico respeitadíssimo na investigação sobre a riqueza, 
principalmente nas formulações de Francis Bacon, Locke e Smith. 
Porém, sua preocupação era totalmente oposta, ou seja, objetivava 
investigar o surgimento da pobreza dos homens que viviam em sua 
época, e, para tanto, Marx (1987, p. 75) parte do pressuposto de que, 
“[...] a história de todas as sociedades que existiram até hoje, tem 
sido a história das lutas de classes”. Tomou assim, o surgimento, 
desenvolvimento e crise da sociedade burguesa como objeto de 
estudo. 
As sociedades, historicamente, desde as épocas mais remotas, 
apresentaram lutas concretas, ora o embate se dava entre patrícios e 
plebeus, entre homens livres e escravos e entre servos e senhores 
feudais. De acordo com Marx (1987, p.76), “[...] essas lutas nem 
sempre apresentaram de forma aberta, muita vezes disfarçadas, 
porém o resultado apresentado no final foi a vitória de uma das 
classes ou até mesmo a destruição das classes envolvidas”. Para 
1
fundamentar essa explicação e entender melhor esses processos, 
Marx optou por uma forma de análise da passagem do Feudalismo 
para o Capitalismo de uma forma diferente daquela linear 
estabelecida por Locke e Adam Smith. Assim, Marx entendia que o 
desenvolvimento histórico das forças produtivas, alavancado, 
sobretudo, pela burguesia, resultou nas transformações da sociedade 
feudal.
Algumas considerações permitem compreender melhor esta 
formulação, quando Marx (1985b, p.830) afirmou que “[...] a 
estrutura econômica da sociedade capitalista nasceu da estrutura 
econômica da sociedade feudal. A decomposição desta liberou 
elementos para a formação daquela”. É possível perceber o 
movimento presente na história. As relações de produção 
contribuíram para o surgimento de uma nova estrutura social. As 
classes que compõem esta nova estrutura se apresentavam em luta 
constante, e aquilo que aparentemente era novo, não excluía as 
contradições.
Em relação à burguesia, ela se constituiu como força revolucionária 
em função até das novas bases materiais que se construíam, 
conforme Marx (1984, p. 78) “[...] a burguesia desempenhou na 
história um papel eminentemente revolucionário, até a sua 
consolidação no poder político”. Desta forma, não existe um 
determinismo histórico eterno, e se os homens ao mesmo tempo 
refletem em suas ações a base material construíram, serão capazes 
também de suas ações, transformá-las. 
Em relação à classe burguesa, no período denominado por Marx de 
“acumulação primitiva de capital”, ele demonstrou que ela não era 
hegemônica e a própria burguesia travava entre si uma luta pela 
busca da hegemonia, porém quando se tratava de lutar contra um 
inimigo comum, ela se unia e se fortalecia. Neste sentido, no 
1
Manifesto do Partido Comunista ele usa o mesmo instrumento da 
burguesia, quando conclamou aos trabalhadores para que se 
unissem. 
A classe burguesa começou a adquirir forças políticas a partir do seu 
poder econômico, neste sentido a afirmação de que: “[...] ao 
produzirem os seus meios de vida, os homens produzem 
indiretamente a sua própria vida material.” (MARX, 1984, p.15) A 
partir dessa premissa, Marx deixava claro que a tomada de 
consciência de classe partiria do pressuposto de que a base material 
era que determinaria essa consciência, para tanto ele mostrava por 
meio da história a trajetória da classe burguesa, no sentido de 
chamar a atenção da classe proletária, uma vez que a sua situação 
de miséria existente, não foi estabelecida por algo fora da sua 
realidade, algo externo, como um processo de alienação, mas sim 
pelos próprios homens de sua época. Segundo Marx (1983) 
Em 1789, a burguesia, aliada ao povo, lutou 
contra a monarquia, contra a nobreza e contra a 
Igreja dominante.O proletariado e as camadas da 
população urbana que não pertenciam à 
burguesia ainda não tinham quaisquer interesses 
separados dos da burguesia, ou ainda não 
constituíam classes ou setores de classe com 
desenvolvimento independente.As revoluções de 
1648 e 1789 não foram revoluções inglesa e 
francesa; foram revoluções do tipo europeu. Não 
representavam o triunfo de uma determinada 
classe da sociedade sobre o velho regime político; 
proclamavam um regime político para a nova 
sociedade européia. A vitória da burguesia 
significava o triunfo de um novo regime social.
Isso significa dizer que aqueles homens empreendedores do 
comércio, mercadores de produtos entre a produção artesanal e a 
produção agrícola, pouco a pouco foram incorporando alternativas 
que permitissem o acúmulo de riquezas, não bastando em si, 
passaram a induzir o consumo dos grandes senhores feudais, que 
1
dispunham de grandes riquezas para poderem gastar com produtos 
ofertados, conforme observou:
O linho não mudou materialmente em nada. Não 
se modificou nenhuma de suas fibras, mas uma 
nova alma social entrou no seu corpo. Constitui 
agora parte do capital constante do patrão 
manufatureiro. Antes, repartia-se entre 
inumeráveis pequenos produtores que o 
cultivavam e fiavam em pequenas porções com 
suas famílias: agora, concentra-se nas mãos de 
um capitalista para quem outras pessoas o fiam e 
tecem. Antes o trabalho extra, despendido na 
fiação do linho se concretizava em rendimento 
extra de inúmeras famílias camponesas e, no 
tempo de Frederico II, também em impostos para 
o rei da Prússia. Agora, se concretiza em lucro de 
alguns capitalistas. (MARX, 1985, p.863) 
 
Na chamada fase de acumulação primitiva, a relação conflituosa 
entre a cidade e campo, foi aos poucos incorporando outro elemento: 
a necessidade de um Estado que minimiza as forças produtivas 
antagônicas. Era o surgimento da unificação territorial denominada 
Nação, com um suporte econômico forte. Neste sentido, Marx (1984, 
p.21) afirma que “[...] a estrutura social e o Estado decorrem 
constantemente do processo de vida de determinados indivíduos, 
mas estes indivíduos como eles produzem materialmente, como 
trabalham”. 
Em relação a Feuerbach, é importante observar que Marx ( 1984, p. 
109) discordava de suas teses, segundo ele, “ [...]o principal defeito 
de todo materialismo até aqui consiste em que o objeto, a realidade, 
a sensibilidade, só é apreendido sob a forma de objeto ou de 
intuição, mas não como atividade humana sensível, como práxis”. 
Para Marx, o ponto de partida do velho materialismo é a sociedade 
civil, enquanto para o novo materialismo por ele proposto, é a 
sociedade humana.
1
A partir de algumas categorias utilizadas por Marx para entender a 
sociedade que ele vivia, é possível identificar a sua concepção de 
história, daí que suas obras se constituíram como chave para o 
entendimento da história do seu tempo, mas também como um 
instrumento de análise da história posterior a ele. Isso implica dizer 
que o passado não pode ser entendido não só porque ele é parte de 
um processo histórico, mas, também, porque esse processo histórico 
capacitou a compreensão das coisas relativas a esse processo. Isso 
significa dizer que nem o presente e nem o passado se explicam por 
si, isoladamente.
A concepção de história de Marx, portanto, baseia-se na exposição 
do processo real de produção, começando da produção material da 
vida em si mesma e abrangendo a forma de relações associadas e 
criadas por esse modo de produção, isto é, “[...] a sociedade civil em 
suas várias etapas, enquanto base de toda história, descrevendo em 
sua ação enquanto Estado, e também como todos os diferentes 
produtos teóricos e formas de consciência, religião, filosofia, moral, 
dela derivam.” (MARX, 1984, p.48)
Segundo Marx (1984, p. 31), “[...] o primeiro ato histórico é, 
portanto, a produção dos meios para satisfação destas necessidades, 
a produção da própria vida material.”. Neste sentido, ele se 
contrapunha aos idealistas hegelianos de sua época, que 
acreditavam que os rumos da história seriam definidos pelas idéias. 
Por essa razão, ele criticou os filósofos de sua época, que se 
limitavam em interpretar a natureza, justificá-la, sem propor 
alternativas de mudanças.
Um dos postulados fundamentais, apresentado na “Ideologia Alemã”, 
era o fato de que os homens que desenvolviam sua produção 
material e o seu intercâmbio material, ao mudarem esta sua 
realidade, mudavam o seu pensamento e os produtos do seu 
1
pensamento. Portanto, para Marx (1984, p. 23) “[...] não é a 
consciência que determina a vida, é a vida que determina a 
consciência”. Neste sentido, a moral, a religião, a metafísica, a 
ideologia e a educação, não conservam assim por mais tempo a 
aparência de autonomia. Portanto, a consciência é um produto social 
e continuará a sê-lo enquanto existirem homens.
De acordo com este postulado, Marx fez uma importante 
contribuição para compreender a educação como um dos elementos 
da totalidade social, incluindo as relações de determinação e 
influência que ela recebe da estrutura econômica, e o específico das 
discussões de temas e problemas educacionais. Para este autor, a 
educação do futuro da classe trabalhadora, compreendida como 
classe que poderia emancipar-se, superando as contradições 
capitalistas, deveria nascer do sistema fabril, associando-se ao 
trabalho produtivo com a escolaridade e a ginástica. Essa educação 
se constituiria como um meio para a humanização do homem 
integralmente desenvolvido.
Sobre a educação, Marx não apresentou uma proposta pedagógica 
definida e voltada para o ensino, entretanto ele discutiu no programa 
de Gotha, algumas propostas apresentadas pelo Partido Operário da 
Alemanha, que segundo ele confundia ensino estatal de educação 
pública. Para Marx, não era o Estado que deveria se encarregar de 
educar os trabalhadores, e isso se constituía em uma grande 
contradição, afinal como poderia um Estado de cunho burguês, se 
encarregar de educar os trabalhadores para emancipar-se da 
condição de exploração em que viviam? 
O termo utilizado por Marx, “educação politécnica”, também deve 
ser entendido com o olhar do seu tempo, isto é, munir o trabalhador 
de conhecimentos gerais e específicos, de conhecimentos 
apropriados pela humanidade e de conhecimentos técnicos, não no 
1
sentido meramente de executor, ou ensinar o trabalhador a 
manipular um determinado instrumento de trabalho, mas 
compreender a partir da dimensão deste instrumento de trabalho a 
sua dimensão social, de forma que o trabalhador ao ver uma 
máquina de tear, veja também a sua representação social a partir 
dela, o processo de trabalho propriamente dito, incluindo-se neste o 
valor de uso e de troca, a mais valia, o fetiche, a exploração do 
trabalhador, a ideologia burguesa nela embutida, e assim por diante. 
A identificação do trabalho com os interesses materiais e a do lazer 
com interesses ideais era produto da ordem social. A espécie de 
educação que habilita os homens a exercerem misteres de utilidade 
prática vinculava-se aos interesses de classes socialmente diferentes 
e antagônicas. O instrumental de trabalho, ao converter-se em 
maquinaria, exigiu a substituição da força humana por forças 
naturais e a rotina empírica pela aplicação consciente da ciência. 
Contudo, de acordo com Marx (1987, p. 439):
Na manufatura, a organização do processo de trabalho 
social é puramente subjetiva, uma combinação de 
trabalhadores parciais. No sistema de máquinas, tem a 
indústria moderna o organismo de produção 
inteiramente objetivo que o trabalhador encontra pronto 
e acabado como condição material da produção. Na 
cooperação simples e mesmo na cooperação fundada na 
divisão do trabalho, a supressão do trabalhador 
individualizado pelo trabalhador coletivizado parece 
ainda ser algo mais ou menos contingente. A 
maquinaria com exceções a mencionar, só funciona por 
meio do trabalho diretamente coletivizado ou comum. O 
caráter cooperativo do processo de trabalho torna-se 
uma necessidade técnica imposta pela natureza do 
próprio instrumental de trabalho.
 
Neste sentido, a observação de Marx (1987, p. 485), adquiriu um 
significado atual nas primeiras décadas do século XX, quando 
afirmou, “[...] por meio do código da fábrica, o capital formula, 
legislando particular e arbitrariamente, sua autocracia sobre os 
trabalhadores, põe de lado a divisão dos poderes tão proclamada 
1
pela burguesia e o mais proclamado ainda regime representativo”. O 
código mencionado poderia ser interpretado como o conjunto de leis 
imposto à sociedade na tentativa de manutenção da ordem e da 
hierarquia social, assentada sob as bases da divisão do trabalho 
emergida do capital. Por essa razão, a democracia adquiria um 
significado de controle ideológico sobre a classe trabalhadora, ao 
igualar e fundir as aspirações de classes antagônicas. O principal 
agente regulador desta ordem, na visão de Marx, era o Estado: 
O Estado anula, a seu modo, as diferenças de 
nascimento, de status social, de cultura e de ocupação, 
ao declarar o nascimento, o status social, a cultura e a 
ocupação do homem como diferenças não políticas, ao 
proclamar todo membro do povo, sem atender a estas 
diferenças, co-participante da soberania popular em 
base de igualdade, ao abordar todos os elementos da 
vida real do povo do ponto de vista do Estado. Contudo, 
o Estado deixa que a propriedade privada, a cultura e a 
ocupação atuem a seu modo e façam valer a sua 
natureza especial. Longe de acabar com estas 
diferenças de fato, o Estado só existe sobre tais 
premissas. (MARX, 1991, p.25). 
Infere-se desta forma que o modelo de sociedade, pautado sob estas 
premissas, se sobrepunha a todas as outras instânciassociais, 
conforme observou Marx ( 1991, p.99), “[...] a antítese entre o 
Estado representativo democrático e a sociedade burguesa é o 
apogeu da antítese clássica entre a comunidade pública e a 
escravidão. É precisamente a escravidão da sociedade burguesa, na 
aparência, a sua maior liberdade”. No decorrer do século XIX , 
paulatinamente, o Estado assumiu como tarefa coibir os excessos do 
capitalismo, regulamentando parte das relações de trabalho, bem 
como, assumindo como tarefa difundir a educação elementar para as 
classes populares, ofertando educação gratuita, obrigatória e laica 
na maioria dos países ocidentais. 
Considerações finais
1
Os apontamentos marxianos em relação à educação, inserida no 
movimento da história, como resultado de múltiplas relações 
determinadas pela base concreta material, isto é, a produção dos 
homens para a sua existência, deve ser compreendida como produto 
e ao mesmo tempo como produtora de uma nova consciência 
históricas fundada na transformação social. Para Marx, a 
transformação educativa, deveria ocorrer paralelamente à revolução 
social, tendo como foco principal o desenvolvimento total do homem 
e a mudança das relações sociais, assim, a educação deveria 
acompanhar e acelerar esse movimento, mas não encarregar-se 
exclusivamente de desencadeá-lo, nem de fazê-lo triunfar.
 
Em relação a sua concepção de história, o ponto de partida de toda a 
sua analise é a totalidade social, e os reflexos dessa totalidade se 
apresentam na forma de contradição nas classes que a compõe. Isso 
significa dizer que a luta de classes é parte integrante desse 
movimento de contradição. Neste sentido as Diretrizes Curriculares 
para o Ensino de História no Paraná, ao afirmar que “[...] na 
concepção de História que será explicitada nestas Diretrizes, as 
verdades prontas e definitivas não tem lugar, porque o trabalho 
pedagógico na disciplina deve dialogar com várias vertentes tanto 
quanto recusar o ensino de História marcado pelo dogmatismo e pela 
ortodoxia,” (DCE, 2007, p. 7) se contrapõe ao pensamento marxiano, 
fragmentando a História em vários objetos, fazendo predominar um 
relativismo acadêmico, de tal forma que a impressão primeira é a de 
que qualquer informação pode substituir uma análise clássica da 
História. 
REFERÊNCIAS
 
BACON, Francis. Novum Organum. São Paulo: Abril Cultural, 
1984. (Col. Os Pensadores).
1
HOBSBAWM. Eric. Sobre história: ensaios. São Paulo: Cia das 
Letras, 1998.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o governo. São Paulo: Abril 
Cultural. 1983. (Col. Os pensadores).
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: 
Moraes, 1984. 
MARX, Karl. Carta de Marx a P.V.Annenkov. In:.A miséria da 
filosofia. Trad. José Paulo Neto. São Paulo: Global, 1985a. 
__________. A chamada acumulação primitiva de capital. Volume 
I. 2a.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985b.(Col. Os Pensadores). 
__________. O Manifesto do Partido comunista. São Paulo: Global, 
1987.
___________, O 18 Brumário de Luís Bonaparte. In. Obras 
escolhidas, vol.1, São Paulo: Alfa-Omega, 1983.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares 
para o Ensino de História nos Anos Finais do Ensino 
Fundamental e no Ensino Médio. Curitiba, 2007.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Nova Cultural, 
1988. (Col. Os Economistas).
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