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LÍNGUA PORTUGUESA: Morfologia Derivacional e Flexional ISABEL ROSÂNGELA DOS SANTOS FERREIRA LÍNGUA PORTUGUESA: Morfologia Derivacional e Flexional 1ª Edição Taubaté Universidade de Taubaté 2016 Copyright©2017. Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto (interino) Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Mario Celso Peloggia (interino) Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. Mario Celso Peloggia Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa.Ma. Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino Coordenação de Tecnologias de Informação e Comunicação Wagner Barboza Bertini Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Eliane Rosa de Góes Me. Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos Polo São Bento do Sapucaí Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12) 3622-6050 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h EMEF Cel. Ribeiro da Luz. Av. Dr. Rubião Júnior, 416 – São Bento do Sapucaí – CEP: 12490-000 Tel.:(12) 3971-1230 e-mail: polosaobento@ead.unitau.com.br Horário de atendimento: das 18h às 21h (de segunda a sexta-feira) / das 8h às 12h (aos sábados). Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU F383l Ferreira, Isabel Rosângela dos Santos Língua Portuguesa: Morfologia Derivacional e Flexional. /Isabel Rosângela dos Santos Ferreira. Taubaté: UNITAU, 2016. 100f. : il. ISBN: 978-85-66128-70-3 Bibliografia 1. Gramática. 2. Morfologia Derivacional. 3. Morfologia Flexional. I. Universidade de Taubaté. II. Título mailto:polosaobento@ead.unitau.com.br 1 PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor 2 3 Apresentação Caros Alunos, Este livro-texto, intitulado LÍNGUA PORTUGUESA: morfologia derivacional e flexional, tem como objetivo principal apresentar-lhes a Morfologia – uma parte distinta e essencial para os estudos da Gramática Normativa da Língua Portuguesa do Brasil. Ocupa-se a Morfologia das diversas classes de palavras, isoladamente, analisando delas a estrutura, a formação, as flexões e as propriedades. Assim, o livro-texto está dividido em quatro Unidades. A primeira tratará da estrutura interna e dos processos de formação das palavras, destacando a Composição e a Derivação. A segunda irá se dedicar à Morfologia Derivacional. As duas últimas versarão sobre a Morfologia Flexional, cabendo à Unidade 3 apresentar as flexões dos substantivos, adjetivos, artigos, numerais e pronomes; à derradeira Unidade restará apresentar as flexões dos verbos. Todas as Unidades trazem ao final uma série de exercícios de aplicação, além de sugestões de livros, vídeos e outras produções que contribuem para a construção do conhecimento sobre o tema. Desejo que encontrem prazer em conhecer mais sobre a Língua Portuguesa e que este livro-texto sirva de estímulo para muitas outras, e sempre mais aprofundadas, incursões, a respeito da Morfologia dessa língua que escolhemos estudar. 4 5 Sobre a autora ISABEL ROSÂNGELA DOS SANTOS FERREIRA. Graduada em Letras-Literatura pela Universidade de Taubaté (2004), é Especialista em Literaturas da língua portuguesa e Mestre em Linguística Aplicada (2007), pela mesma universidade. Lotada no Instituto Básico de Humanidades da UNITAU, atua como professora de Língua Portuguesa e Metodologia Científica em cursos de graduação oferecidos pela universidade. Leciona em cursos de especialização lato sensu voltados para leitura, produção de textos, gramática e uso da língua materna. Ministra cursos de Extensão cujo foco é a formação docente, abordando temas como ensino da gramática numa perspectiva sociointeracionista, formação leitora, mídias na sala de aula e contação de histórias como ferramenta pedagógica. No Ensino a Distância – EAD – da Universidade de Taubaté, atua como Coordenadora do setor de Materiais e como revisora ortográfico-textual; ainda, na EAD, é Coordenadora do curso de Licenciatura em Letras: Língua Portuguesa. e-mail: isabel.eadunitau@gmail.com 6 7 Caros(as) alunos(as), Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advémda grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por Unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU 8 9 Sumário Palavra do Reitor .............................................................................................................. 1 Apresentação .................................................................................................................... 3 Sobre a autora ................................................................................................................... 5 Caros(as) alunos(as) ......................................................................................................... 7 Ementa ............................................................................................................................ 13 Unidade 1 Estrutura interna e processos de formação das palavras ....................... 17 1.1 Morfemas: as menores formas de significado .......................................................... 17 1.2 Elementos Mórficos ou Estruturais das Palavras ..................................................... 19 1.2.1 Raiz ........................................................................................................................ 19 1.2.2 Radical ou Semantema .......................................................................................... 19 1.2.3 Tema ...................................................................................................................... 20 1.2.4 Afixos .................................................................................................................... 20 1.2.5 Desinências ............................................................................................................ 21 1.2.6 Vogal temática ....................................................................................................... 21 1.2.7 Vogais e Consoantes de Ligação .......................................................................... 22 1.3 Palavras: quanto à formação e ao número de radicais .............................................. 22 1.4 Processos de Formação das Palavras ........................................................................ 23 1.4.1 Principais elementos de Composição Gregos e Latinos ........................................ 25 1.5 Síntese da Unidade ................................................................................................... 29 1.6 Para saber mais ......................................................................................................... 29 1.7 Atividades ................................................................................................................. 31 10 Unidade 2. Morfologia Derivacional .......................................................................... 35 2.1 Derivação .................................................................................................................. 35 2.1.1 Formas de Derivação ............................................................................................. 36 2.1.2 Principais Prefixos de Origem Grega ou Latina .................................................... 38 2.1.3 Principais Sufixos de Origem Grega ou Latina ..................................................... 40 2.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 43 2.4 Para saber mais ......................................................................................................... 44 2.5 Atividades ................................................................................................................ 46 Unidade 3 Morfologia Flexional de substantivos, adjetivos, artigos, numerais e pronomes ....................................................................................................................... 49 3.1 Flexões dos Substantivos .......................................................................................... 49 3.1.1 Flexão em Gênero .................................................................................................. 50 3.1.2 Flexão em Número ................................................................................................ 52 3.1.3 Flexão em Grau ..................................................................................................... 55 3.2 Flexões dos Adjetivos ............................................................................................... 57 3.2.1 Flexão em Gênero .................................................................................................. 57 3.2.2 Flexão em Número ................................................................................................ 57 3.2.3 Flexão em Grau ..................................................................................................... 58 3.3 Flexões dos Artigos .................................................................................................. 61 3.3.1 Flexão em Gênero .................................................................................................. 61 3.3.2 Flexão em Número ................................................................................................ 61 3.4 Flexões dos Numerais ............................................................................................... 61 3.4.1 Flexão em Gênero .................................................................................................. 62 3.4.2 Flexão em Número ................................................................................................ 62 3.5 Flexões dos Pronomes .............................................................................................. 63 11 3.5.1 Flexão de Pessoa .................................................................................................... 63 3.5.2 Flexão em Gênero .................................................................................................. 63 3.5.3 Flexão em Número ................................................................................................ 64 3.6 Síntese da Unidade ................................................................................................... 65 3.7 Para saber mais .........................................................................................................65 3.8 Atividades ................................................................................................................. 65 Unidade 4 Morfologia Flexional – verbos .................................................................. 69 4.1 Estrutura dos Verbos ................................................................................................. 69 4.2 Flexão dos Verbos .................................................................................................... 70 4.2.1 Flexão em Tempo .................................................................................................. 71 4.2.2 Flexão em Modo .................................................................................................... 71 4.2.3 Flexão de Número ................................................................................................. 72 4.2.4 Flexão de Pessoa .................................................................................................... 72 4.2.5 Flexão de Voz ........................................................................................................ 73 4.2.6 Flexão em Aspecto ................................................................................................ 73 4.3 Formas Nominais dos Verbos .................................................................................. 74 4.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 74 4.5 Para saber mais ......................................................................................................... 75 4.6 Atividades ................................................................................................................ 75 Referências .................................................................................................................... 81 12 13 LÍNGUA PORTUGUESA: Morfologia Derivacional e Flexional Ementa ORGANIZE-SE!!! Você deverá usar de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. EMENTA Descrição dos mecanismos derivacionais e flexionais do português do Brasil nos processos de formação das palavras, numa perspectiva morfofonêmica. 14 Objetivo Geral De acordo com os diferentes aspectos sob os quais se podem encarar os fatos linguísticos, apresentar ao estudante de Língua Portuguesa a Morfologia – uma das cinco partes distintas em que se divide a Gramática (as outras são: Fonética, Sintaxe, Semântica e Estilística). Objetivos Específicos ✓ Levar o licenciando a conhecer os princípios básicos de análise mórfica e os processos de formação das palavras em Língua Portuguesa. ✓ Apresentar ao estudante os mecanismos de flexão das classes de palavras variáveis da Língua Portuguesa. 15 Introdução Cegalla (2009) explica que, de acordo com os diferentes aspectos sob os quais se podem encarar os fatos linguísticos da Língua Portuguesa do Brasil, o estudo da Gramática divide-se em cinco partes distintas – Fonética, Morfologia, Sintaxe, Semântica e Estilística. Este livro-texto trata da Morfologia – parte da Gramática que estuda a estrutura interna da palavra e as unidades que a compõem – dando especial enfoque à Morfologia Derivacional e à Morfologia Flexional. Cunha e Cintra (2001, p. 75), autores dentre os que privilegiamos no presente livro-texto, defendem a importância de se estudar a estrutura e a formação das palavras explicando que: Uma língua é constituída de frases. Cada uma delas possui uma face sonora, ou seja, a cadeia falada, e uma face significativa, que corresponde ao seu conteúdo. Uma frase, por sua vez, pode ser dividida em unidades menores de som e significado – as palavras – e em unidades ainda menores, que apresentam apenas a face significante – os fonemas. As palavras são, pois, unidades menores que a frase e maiores que o fonema. Assim, na frase Évora! Ruas ermas sob os céus / Cor de violetas roxas... (F. Espanca, S, 149) distinguimos dez palavras, todas com independência ortográfica. E em cada uma dessas palavras identificamos um certo número de fonemas. Por exemplo, cinco em Évora: /e/ /v/ /o/ /r/ /a/ e quatro em ruas: /r/ /u/ /a/ /s/ Os gramáticos continuam sua explanação informando que há palavras que constituem a base para a formação de muitas outras; a palavra rua, citada no exemplo, poderá dar origem a ruas, ruela, arruaça, arruamento, entre outras. Palavras assim são chamadas de morfemas e são compreendidas como unidades significativas mínimas. Os morfemas se dividem basicamente em lexicais e gramaticais. 16 Os lexicais “têm significação externa, porque referentes a fatos do mundo extralinguístico, aos símbolos básicos de tudo o que os falantes distinguem na realidade objetiva ou subjetiva” (CUNHA e CINTRA, 2001, p. 76). São morfemas lexicais os substantivos, os adjetivos, os verbos e os advérbios de modo. Quanto aos morfemas gramaticais, sua significação é interna, “pois deriva das relações e categorias levadas em conta pela língua. [...] São morfemas os artigos, os pronomes, os numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios, bem como as formas indicadoras de número, gênero, tempo, modo ou aspecto verbal” (idem, p. 77-78). Assim, estudar a morfologia da língua portuguesa é essencial para a compreensão dos processos que envolvem a estrutura das palavras, bem como os processos de formação de outras – que são constantes, visto que a língua é viva e vai se modificando pela necessidade e pela ação de seus falantes. Bons estudos! 17 Unidade 1 Estrutura interna e processos de formação das palavras Nesta primeira Unidade deste livro-texto dedicado à Morfologia – parte da Gramática que estuda a estrutura interna da palavra e as unidades que a compõem – trataremos sobre os elementos mórficos e estruturais das palavras e faremos breve descrição dos mecanismos de formação de palavras. 1.1 Morfemas: as menores formas de significado Autores como Cegalla (2009), Terra (1998), Cunha e Cintra (2001), Paschoalin e Spadoto (1996), entre outros que embasam nossos estudos sobre Morfologia, explicam que as palavras são estruturalmente formadas por unidades mínimas de caráter significativo, chamadas elementos mórficos ou morfemas. Chama-se análise mórfica o processo pelo qual a palavra é decomposta em seus elementos mórficos, tendo como objeto de estudo o morfema. Vale lembrar que existem muitas palavras que são indivisíveis, como por exemplo: hoje, sol, mar, lua, um, etc. Vejamos nas palavras abaixo como as combinações destacadas são significativas para a compreensão do seu significado: Gat-o (unidade indicativa do gênero masculino) Gat-a (unidade indicativa do gênero feminino) Gat-inh-o (unidade indicativa de diminutivo + unidade indicativa do gênero masculino) Gat-inh-a-s (unidade indicativa de diminutivo + unidade indicativa do gênero feminino + unidade indicativa de plural) Saiba mais: As palavras mórfica, morfológica, morfema e morfologia têm um elemento em comum: a sua unidade base morf(o), que vem do grego: morphé (forma). 18 Há basicamente dois tipos de morfemas: semântico e gramatical. O primeiro indica a significação da palavra. O segundo indica as categorias gramaticais (gênero, número, pessoa, modo e tempo), constituindo as desinências; ou são os afixos, formadores de palavras por derivação. Vamos compreender isso melhor: Tipos de Morfema: a) Semântico: indica a significaçãoda palavra. Por exemplo, nas palavras gato, gatinho, gatas, gatarrão, há uma parte que se repete em todas elas. Essa é o morfema semântico. b) Gramatical: pode ser Flexional ou Derivacional: b. 1) Flexional: indica as flexões que podem ser de gênero, número, pessoa, modo e tempo, constituindo as desinências. Ex.: gatinhas = gat + inh + a + s morfema flexional de gênero (feminino) morfema flexional de número (plural) b.2) Derivacional: são os afixos, formadores de palavras por derivação. Ex.: gatinhos = gati + inhos morfema derivacional de diminutivo Isso posto, estudemos a seguir os elementos que estruturam as palavras. Saiba mais Morfema zero Ø: representa uma ausência significativa de alguma marca, em geral em relação ao gênero masculino e ao número singular. Por exemplo, na palavra professor temos o morfema zero para gênero e o morfema zero para número, o que nos faz entender que o gênero do substantivo é masculino e o número é singular; em professora temos o morfema flexional de gênero feminino a; em professores temos o morfema flexional de número s, indicando o plural. 19 1.2 Elementos Mórficos ou Estruturais das Palavras Ao observarmos atentamente as palavras, perceberemos que sua estrutura interna é composta por alguns elementos mórficos ou estruturais que servem para fazer as ligações e amarrações dentro delas. Cegala (2009, p. 77) e Terra (1998, p. 49) assim os apresentam: a) raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos; b) afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros; c) vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. Cegalla (idem) destaca que os elementos mórficos dos grupos a e b denominam-se morfemas. 1.2.1 Raiz Cegalla (2009, p. 77) esclarece que: Raiz é o elemento originário e irredutível em que se encontra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. Geralmente monossilábica, a raiz encerra sentido lato e geral, comum às palavras de mesma família etimológica. Assim, a raiz noc [latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, nóxia, etc. O autor chama-nos a atenção para o fato de que o estudo das raízes “foge à finalidade da gramática normativa, só interessa à gramática histórica, ou mais precisamente à etimologia. Numa análise morfológica elementar das palavras portuguesas, deve-se preterir a raiz e partir do radical” (CEGALLA, 2009, p. 77). 1.2.2 Radical ou Semantema Trata-se de Radical, ou Semantema, a parte da palavra que contém o seu elemento básico e significativo. Para encontrar o radical de uma palavra, basta despojá-la de seus elementos secundários (quando houver). Observe, nas palavras a seguir, os radicais destacados em negrito: pedrada, pedregulho, ferrugem, ferradura, agricultor, agrícola, agrário, cachorrinhos, cachorrada, lealdade, desleal, leal. 20 1.2.3 Tema O Tema é o radical acrescido de uma vogal, chamada de vogal temática. Assim, o tema é o radical pronto para receber as desinências. Nos verbos, o tema é obtido destacando-se o –r do infinitivo. Ex.: gostar gosta vender vende partir parti tema tema tema Nos nomes, o tema é mais evidente em derivados de verbos. Ex.: efervescente tingimento questionável inatingível evidente derivado 1.2.4 Afixos Os afixos são elementos secundários que se juntam ao radical ou ao tema para formar palavras derivadas. Serão chamados de prefixos ou sufixos, conforme sua localização anteposta ou posposta em relação ao tema ou radical. Observe nas palavras descomplicado, enriquecimento e odontologia a posição dos prefixos e sufixos: des (prefixo) complica (tema) ado (sufixo) en (prefixo) riquec (radical) mento (sufixo) odont (radical) logia (sufixo) Fique atento: O acréscimo de prefixo não altera a classe gramatical da palavra primitiva. Ex.: contente – adjetivo e descontente (des + contente) – adjetivo. O acréscimo de sufixo pode alterar ou não a classe gramatical da palavra primitiva. Exs.: belo – adjetivo e beleza (belo + eza) – substantivo, pássaro – substantivo e passarinho (pássaro + inho) – substantivo. Você sabia? As palavras que possuem um radical comum são chamadas de palavras cognatas e formam verdadeiras famílias etimológicas. Conheça algumas: Radical vend: venda, vender, revender, vendedor, revendido, vendendo, invendável. Radical laranj: laranja, alaranjado, laranjeira, laranjal, laranjinha, laranjada. 21 1.2.5 Desinências São as desinências os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Nos nomes, as desinências nominais indicam o gênero (masculino ou feminino) e o número (singular ou plural); nos verbos, as desinências verbais indicam o tempo, o modo, a pessoa e o número. Compreendendo melhor o conceito: Desinência: a) Nominal: indica no nome o gênero, o número e o grau. Ex.: lobo (masculino e singular) – loba (feminino e singular); professorinhas (diminutivo, feminino e plural). b) Verbal: indica o tempo, o modo, a pessoa e o número. Ex.: estudávamos estud + á + va + mos radical desinência do pretérito imperfeito do indicativo (modo-temporal) vogal temática desinência da 1º pessoa do plural (número-pessoal) 1.2.6 Vogal temática É a vogal temática o elemento que, acrescido ao radical, forma o tema de nomes e verbos. • Quanto à vogal temática nominal, temos: a – para os nomes que terminam em a, como boca, lata, pedra, rua, etc. e – para os nomes que terminam em e, como pote, peixe, bule, chefe, etc. o – para os nomes que terminam e o, como carro, ouro, porto, corpo, etc. • Para os verbos há três vogais temáticas: a – caracteriza os verbos da 1º conjugação: amar, amarei, amaríamos. e – caracteriza os verbos da 2º conjugação: poder, poderia, poderemos. 22 i – caracteriza os verbos da 3º conjugação: fugir, fugiríamos, fugiu. 1.2.7 Vogais e Consoantes de Ligação Trata-se de fonemas que, por motivos de eufonia, são inseridos entre os elementos mórficos que constituem a palavra. Observe, nos exemplos a seguir, como as vogais ou as consoantes destacadas em negrito são fundamentais para facilitar a pronúncia das palavras nas quais foram inseridas (a título de curiosidade e para confirmar o que afirmamos, experimente oralizar as palavras sem o fonema inserido!). silv-í-cola, gas-o-duto, pobre-z-inho, pe-z-inho, cha-l-eira, inset-i-cida, rod-o-via 1.3 Palavras: quanto à formação e ao número de radicais Quanto à sua formação, as palavras podem ser Primitivas ou Derivadas (CEGALLA, 2009, p. 79-80). • Primitivas são aquelas palavras que não derivam de outras da Língua Portuguesa. O autor cita como exemplos: pedra, terra, dente, pobre, etc. • Derivadas são as que provêm de outras palavras, como pedreira, enterrar, dentista, pobrezinho, etc. Com relação ao Radical, os vocábulos se dividem em Simples e Compostos. • Simples são as palavras que possuem somente um radical. Ex.: certeza, exemplo, perfeição, cafeteria, animador, fé, mal, mar, sol, traz, etc. Fique atento: Nos nomes, a será desinência de gênero feminino somente quando marcar a oposição ao masculino. Por exemplo: gata, professora, menina, aluna (marcam oposição a gato, professor, menino, aluno). Quando isso não ocorrer, a será vogal temática. Por exemplo:mesa, fileira, fatia, pilha, pirata, etc. (pois não existe meso, fileiro, fatio, pilho, pirato, como nomes – substantivos). 23 • Compostas são aquelas em que há mais de um radical. Ex.: nevralgia = nevr+algia; democracia = demo+cracia; epiderme = epi+derme; clorofila = cloro+fila; polissílabo = poli+s+sílabo; xenofobia = xeno+fobia; psicanálise = psic+análise; otorrinolaringologia = oto+r+rino+laring+o+logia; cleptomania = clepto + mania; ortografia = orto+grafia. 1.4 Processos de Formação das Palavras As palavras da Língua Portuguesa formam-se segundo uma variedade de processos. Dentre eles, os principais são: a) COMPOSIÇÃO: que consiste na união de dois ou mais elementos. - por justaposição: na união dos elementos estes não sofrem alterações fonéticas. Podem se apresentar grafados separados, juntos ou unidos por hífen. Ex.: meio ambiente, ultrassom, micro-ondas. - por aglutinação: na união, um ou todos os elementos da composição sofrem perdas de fonemas. Ex.: vinagre (vinho + acre), planalto (plano + alto), fidalgo (filho + de + algo). b) DERIVAÇÃO: que consiste na formação de palavras a partir de outras, primitivas. - prefixal: há o acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Ex. desamor, retorno. - sufixal: há o acréscimo de um sufixo à palavra primitiva. Ex. amoroso, tornável. - parassintética: há o acréscimo, ao mesmo tempo, de um prefixo e de um sufixo à palavra primitiva. Ex. enraivecer, anoitecer, amortecimento. - regressiva: dá-se a redução da palavra primitiva. Ex.: pesca (de pescar), castigo (de castigar), combate (de combater). 24 - imprópria: a palavra primitiva sofre mudança da classe gramatical, mas não sofre alteração na sua forma. Ex.: Jamais voltarei e nunca me arrependerei disso. (nesta oração, as duas palavras destacadas são advérbios) / O nunca e o jamais são palavras deveras autoritárias. (nesta oração, por outro lado, ambas as palavras destacadas, que primitivamente são advérbios, são agora substantivos, o que caracteriza a derivação imprópria). c) ONOMATOPEIA: trata-se de palavra que reproduz ou busca reproduzir sons. Ex.: reco-reco, tique-taque, bem-te-vi, tlintlim, pingue-pongue, tilintar, ronrom, tico-tico, toque-toque, pum, arrulhar, troar, tatibitate. d) ABREVIAÇÃO: encurtamento de uma palavra longa, sem prejudicar a sua compreensão. Ex.: cine, cinema (formas reduzidas de cinematógrafo); fone (idem de telefone); foto (idem de fotografia); metrô (idem de metropolitano); micro (idem de microcomputador); pneu (idem de pneumático); pornô (idem de pornográfico); rebu (idem de rebuliço). ABREVIATURA: representação de uma palavra com apenas algumas de suas sílabas ou letras. Ex.: m – metro; Dr. – doutor; kg – quilograma. SIGLA: palavra formada pelas letras ou sílabas iniciais das palavras que formam um nome próprio. Ex.: Unitau – Universidade de Taubaté; Gelp – Grupo de Estudos em Língua Portuguesa; Volp – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa; Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica; EAD – Educação a Distância; OAB – Ordem dos Advogados do Brasil; PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais. e) NEOLOGISMO: palavras que são criadas frente a uma situação pontual. Podem passar a compor o léxico ou pelo desuso caem no esquecimento. Ex.: cardápio, presidenciável, carreata, roqueiro, deletar, convescote (esta foi criada por Castro Alves, em 1889, para substituir piquenique, mas caiu em desuso), etc. f) ESTRANGEIRISMO: incorporação de palavras de origem estrangeira ao léxico da Língua Portuguesa. Algumas vão se aportuguesando enquanto se incorporam. 25 Trata-se de um fenômeno constante facilitado por fatores históricos, socioculturais e políticos, modismos, avanços tecnológicos, etc. Ex.: designer, site, computadorizado, deletar, printar, abajur, holerites, leiaute, drinque, capucino, etc. g) HIBRIDISMO: é a formação de uma nova palavra pela união de outras cujos radicais provêm de línguas diferentes. Ex.: automóvel (auto do grego + móvel do latim), televisão (tele do grego + visão do português), burocracia (buro do francês + cracia do grego), zincografia (zinco do alemão + grafia do grego), alcoômetro (alco do árabe + metro do grego). 1.4.1 Principais elementos de Composição Gregos e Latinos Conheça os principais elementos de composição gregos e latinos, suas significações e exemplos. Quadro 1.1 Elementos de Composição de origem grega Forma Sentido Exemplos aero- ar aerofagia, aeronave anemo- vento anemógrafo, anemômetro antropo- homem antropófago, antropologia arqueo- antigo arqueografia, arqueologia auto- de si mesmo autobiografia, autógrafo biblio- livro bibliografia, biblioteca bio- vida biografia, biologia caco- mau, disforme, irregular cacofonia, cacografia cali- belo califasia, caligrafia Para refletir: Na atualidade, a globalização, a velocidade e a facilidade com que as pessoas se comunicam têm favorecido os neologismos, a incorporação de estrangeirismos e o uso de gírias. Estes e outros fenômenos envolvendo a língua são normais e esperados, visto que uma língua quando em uso deve servir aos seus falantes para que a comunicação se efetive. Mais do que discussões sobre tais fenômenos, é fundamental que os usuários da língua sejam orientados a fazer escolhas com critérios sobre como usá-la nas diversas situações sociais que a eles se apresentam. 26 cito- cavidade, célula citologia, citoplasma cosmo- mundo, universo cosmologia, cosmonauta cromo- cor cromogravura, cromossomo crono- tempo cronologia, cronômetro dactilo-/datilo- dedo datilografia, dactiloscopia deca- dez decaedro, decalitro demo- povo democracia, demagogo di- dois dipétalo, dígrafo electro-/eletro- eletricidade eletroímã, eletroscopia enea- nove eneágono, eneassílabo etno- povo, raça etnografia, etnologia farmaco- medicamento farmacologia, farmacopeia filo- amigo filologia, filomático fisio- natureza fisiologia, fisionomia fono- voz, som fonógrafo, fonologia foto- fogo, luz fotômetro, fotossíntese gastro- estômago gastrite, gastrônomo geo- terra geografia, geologia helio- sol heliografia, heliocêntrico hemi- metade hemisfério, hemiplegia hemo-/hemato- sangue hemoglobina, hemograma, hematologia, hematoma hepta- sete heptágono, heptassílabo hetero- outro heterodoxo, heterogêneo hexa- seis hexâmetro hidro- água hidrogênio, hidratar hipo- cavalo hipódromo, hipopótamo hipo- posição inferior, escassez hipotálamo, hipotermia hom(e)o- semelhante homeopatia, homossexual ictio- peixe ictiose, ictiologia iso- igual isogameta, isóscele(s) lito- pedra litogravura, litosfera macro- grande, longo macróbio, macroeconomia mega(lo)- grande megalópole, megalomaníaco melo- canto melodia, meloterapia meso- meio mesóclise, mesopotâmia micro- pequeno micróbio, microscópio miria- dez mil, numeroso miriâmetro, miríade miso- que odeia misógino, misantropo mito- fábula mitologia, mitomania mono- um só monarca, monótono 27 necro- morto necrotério neo- novo neolatino, neologismo neuro nervo neurose, neurastenia oftalmo- olho oftalmologia, oftalmoscópio onomato- nome onomatologia, onomatopeia oro- montanha orologia, orografia orto- reto, justo, correto ortografia, ortodontia oxi- agudo, penetrante, ácido oxicefalia, oxítono paleo- antigo, primitivo paleoecologia, paleontologia pan- todos, tudo panteísmo, pan-americano pato- doença patogênico, patologia ped(o)- criança pediatria, pedologia penta- cinco pentágono, pentâmetro piro- fogo pirofobia, pirotecnia pluto- riqueza plutocrata, plutomania poli- muito poliglota, polígono potamo- rio potamografia, potamologia proto- primeiro protótipo, protozoário pseudo- falso pseudônimo, pseudoesfera psico- alma, espírito psicologia, psicanálise quilo- mil quilograma, quilômetro quiro-mão quiromancia, quiróptero rino- nariz rinoceronte, rinoplastia rizo- raiz rizófilo, rizotônico sídero- ferro, aço siderose, siderurgia taqui- rápido taquicardia, taquigrafia tecno- arte, ciência, ofício tecnografia, tecnologia tele- longe telefone, telegrama teo- deus teocracia, teólogo termo- quente termômetro, termoquímica topo- lugar topografia, toponímia tri- três tríade, trissílabo xeno- estrangeiro xenofobia, xenomania xilo- madeira xilógrafo, xilogravura zoo- animal zoológico, zoomorfo Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos/. Acesso em: 23 abr. 2016. http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos/ 28 Quadro 1.2 Elementos de Composição de origem latina GRUPO A: aparecem como 1º elemento na composição de palavras. Forma Sentido Exemplo agri- campo agricultura, agrimensor ambi- ambos ambidestro, ambivalência arbori- árvore arborícola, arboriforme avi- ave avicultor, aviário bis- / bi- duas vezes bisavô, bípede calori- calor calorífero, calorimetria cruci- cruz crucifixo, cruciforme curvi- curvo curvilíneo, curvirrostro equi- igual equidistante, equivalência ferri- / ferro- ferro ferrífero, ferrovia igni- fogo ignívomo, ignívoro loco- lugar locomotiva, locomoção morti- morte mortífero, mortificar multi- muito multiforme, multifacetado olei- / oleo- azeite, óleo oleígeno, oleoduto oni- todo onipotente, onipresente pedi- pé pediforme, pedilúvio pisc- peixe piscicultor, pisciforme pluri- muitos, vários pluriforme, pluripartidário Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/. Acesso em: 23 abr. 2016. Quadro 1.3 Elementos de Composição de origem latina GRUPO B: aparecem como 2º elemento na composição de palavras. Forma Sentido Exemplos -cida que mata regicida, suicida -cola que cultiva; que habita vitícola, arborícola -cultura ato de cultivar apicultura, piscicultura -fero que contém; que produz aurífero, calorífero -fico que faz; que produz benéfico, frigorífico -forme que tem forma de cuneiforme, floriforme -fugo que foge; que faz fugir centrífugo, febrífugo -gero que contém; que produz lanígero, calorígero -paro que produz maltíparo, ovíparo -pede pé palmípede, velocípede -sono que soa horríssono, uníssono http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/ 29 -vomo que expele fumívomo, ignívomo -voro que come carnívoro, herbívoro Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/. Acesso em: 23 abr. 2016. 1.5 Síntese da Unidade Nesta Unidade, estudamos os morfemas – menores unidades da língua com significado; e os sete elementos mórficos ou estruturais das palavras. Vimos também que as palavras da Língua Portuguesa podem ser primitivas ou derivadas, quanto ao seu processo de formação; podem ainda ser consideradas simples ou compostas, conforme o número de radicais que apresentem. Por fim, estudamos os principais processos de formação das palavras: Composição e Derivação – este último, dada a sua importância e complexidade, será tema de estudo da próxima Unidade. 1.6 Para saber mais Quer saber mais sobre Etimologia? Então leia atentamente o artigo abaixo. A arte de adivinhar o passado à luz da etimologia Gabriel Perissé O passado é aquilo que não passa. É aquilo que permanece registrado pelas palavras e, sobretudo, no corpo das palavras. A etimologia, ciência auxiliar da filosofia e da reflexão literária, mostra- nos a consistência de cada palavra e nos ajuda, como diria Clarice Lispector, a espanar a poeira que se acumula sobre a linguagem, e a desvirtua. O uso banalizador da linguagem torna-a opaca, anêmica, vazia, insossa, inútil convenção a que obedecemos sem refletir. Mas quando a estudamos http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/ 30 etimologicamente, vislumbramos coincidências e explicações. As palavras se rejuvenescem e brilham diante de nós. Lendo a sua história, descobrimos se o que as palavras dizem é de fato o que desejamos dizer, e aprendemos como é necessário limpar nossos olhos para vê-las de novo, percorrer o caminho que nos leva às suas origens, adivinhar (adivinhar é dom divino...) como tudo começou. Muitas das nossas desorientações se devem ao fato de não procurarmos o oriente, lugar onde nasce o sol da verdade, o étimo da palavra. Seríamos mais originais se nos guiássemos pelo sentido primeiro das expressões cotidianas. Lemos o jornal, ouvimos notícias, mas as palavras lidas e ouvidas permanecem neutralizadas pela rotina ou por nossa cegueira. Daí a importância do colírio etimológico! A etimologia revê a palavra em sua radicalidade, denunciando falsas interpretações, desempoeirando séculos de mal-entendidos. "Candidato", por exemplo, é uma palavra que, desgastada pelo uso, traz em si uma verdade que vale a pena recuperar. Vem do latim candidatus, isto é, vestido de branco (candidus). Na antiguidade, aquele que disputava um cargo público e precisava angariar votos vestia-se de branco para simbolizar sua pureza. É lógico, portanto, que exijamos de um candidato ou candidata que a sua vida, e não apenas as suas roupas, estejam limpas! Outra palavra do âmbito político: demagogo. Dêmós, em grego, é povo. Demografia é o estudo estatístico das populações. Já a partícula agogô significa "aquele que conduz". A função do pedagogo, por exemplo, era levar o aluno à escola. Chamava-se demagogo, portanto, quem conduzia o povo. Demagogo era o líder popular em quem se depositavam as esperanças de uma nação. Com o tempo (e com os abusos), a palavra adquiriu conotação negativa, mas o certo mesmo seria votarmos em nossos mais competentes demagogos! A etimologia é luz no túnel do tempo. Disponível em: <http://www.correiocidadania.com.br/antigo/ed288/cultura2.htm>. Acesso em: 21 abr. 2016. Livros RODRIGUES, Angela; ALVES, Ieda Maria. A construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015. http://www.correiocidadania.com.br/antigo/ed288/cultura2.htm 31 KEHDI, Valter. Morfemas do Português. 7.ed. São Paulo: Ática, 2007. Sites Formação de Palavras - Aula gratuita de língua portuguesa para concurso vestibular e ENEM. https://www.youtube.com/watch?v=nzDfW2I3pCI Português: processo de formação de palavras. https://www.youtube.com/watch?v=QBDhJ96EmFw Português: formação de palavras. https://www.youtube.com/watch?v=HxjbNVFwKGA 1.7 Atividades Para aprofundar seu conhecimento sobre o conteúdo desta Unidade, resolva os exercícios aqui propostos. 1. Classifique as palavras destacadas em primitivas (p) ou derivadas (d): a) Dia chuvoso provocou engarrafamentos em São Paulo. b) A vegetação da Mata Atlântica tem um colorido variado nesta época do ano. c) O reinício das aulas devolve às ruas um milhão de veículos. d) A feijoada, prato típico brasileiro, tem raiz na época da escravidão. 2. Grife a palavra, dentre as abaixo, que não pertence à mesma família etimológica. som, sonometria, sonoplastia, sonorizar, sonorização, sonoro, sonoridade 3. Os elementos mórficos em negrito estão corretamente classificados nos parênteses, exceto em: a) baiana (desinência de gênero). https://www.youtube.com/watch?v=nzDfW2I3pCI https://www.youtube.com/watch?v=QBDhJ96EmFw https://www.youtube.com/watch?v=HxjbNVFwKGA 32 b) comêssemos (desinência modo-temporal). c) lealdade (sufixo). d) falava (desinência número-pessoal). e) comandar (vogal temática). 4. Faça a análise mórfica do vocábulo desabafamentos. 5. Destaque os afixos das palavras abaixo: inqualificável bambuzal ultrassom comunismo desonra 6. Circule as palavras que apresentam consoante de ligaçãoe sublinhe este elemento de amarração (a consoante que faz a ligação): paulada bilheteria chaleira sorveteria liberalismo republicano 7. Marque a opção em que as palavras relacionadas não são cognatas: a) flauta – flautado – flautar – flauteio – flatulento. b) canalha – canalhice – canalhada – canalhismo – canalhocracia. c) educar – educativo – educado – educável – deseducativo. d) desejo – desejar – desejável – indesejado – desejosos. e) papel – papelada – papelagem – papeleiro – papeleta. 8. Foram-se embora. A palavra embora (em + boa + hora) formou-se por: a) composição por justaposição. b) composição por aglutinação. c) derivação prefixal. d) derivação sufixal. 33 e) derivação parassintética. 9. Prefiro acordar com o ronrom do bichano do que com o tique-taque do relógio. a) Ronrom e tique-taque são onomatopeias. b) Ronrom é onomatopeia e tique-taque formou-se por hibridismo. c) Ronrom e tique-taque resultam de derivação regressiva. d) Ronrom é onomatopeia e tique-taque foi composta por aglutinação. 10. (UFPI) [...] Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu, a vagar, taciturno, entre o talvez e o se. [...]. (Legado. Carlos Drummond de Andrade). No trecho do poema acima, as palavras talvez e se em destaque sofreram: a) derivação prefixal b) derivação imprópria c) composição d) hibridismo Texto para as questões 11, 12 e 13. Capitulação Delivery Até pra telepizza É um exagero Há quem negue? Um povo com vergonha Da própria língua Já está entregue (Luiz Fernando Veríssimo) 11. Aponte um neologismo híbrido presente no texto e comente sua formação. 12. Aponte no texto um caso de derivação imprópria e comente a mudança de classe da palavra. 13. Comente a relação entre a primeira e a última palavra do texto. 34 14. Relacione os elementos de composição a seus significados: 15. Relacione os antônimos: 16. Assinale a única palavra com radical grego cujo significado é igual ao radical latino voro (carnívoro, frugívero, onívoro, etc.) ( ) neófito ( ) cacófato ( ) ictiófago ( ) xenófobo 17. Assinale a ideia comum expressa pelas palavras de cada grupo a) telescópio – microscópio – endoscopia – radioscopia – autópsia ( ) tocar ( ) ler ( ) olhar, examinar ( ) ouvir b) antropônimo- homônimo – pseudônimo – topônimo – heterônimo ( ) homem ( ) estudo ( ) lei ( ) nome c) aristocrata – escravocrata – plutocrata – tecnocrata – autocrata ( ) domínio ( ) dinheiro ( ) arte ( ) glória ( ) adoração ( ) adivinhação ( ) doença ( ) dor ( ) tratamento ( ) medo ( ) ciência a. –algia b. –fobia c. –latria d. –logia e. –mancia f. –patia g. -terapia a) Alopatia ( ) Cacofonia b) Homogêneo ( ) Homeopatia c) Eufonia ( ) Heterogêneo d) Higrófito ( ) Xenofilia e) Arcaísmo ( ) Policultura f) Macrocéfalo ( ) Neologismo g) Monocultura ( ) Xerófito h) Xenofobia ( ) Microcéfalo 35 Unidade 2 Unidade 2 . Morfologia Derivacional Conforme estudamos na Unidade anterior, há dois processos básicos pelos quais se formam as palavras: a derivação e a composição. A diferença entre ambos reside no fato de que no processo de derivação partimos sempre de um único radical, enquanto que no processo de composição sempre haverá mais de um radical. Por sua relevância e complexidade, dedicaremos esta segunda Unidade ao estudo da Derivação. 2.1 Derivação A Derivação, um importante processo de formação de palavras em Língua Portuguesa, consiste em derivar uma palavra nova (derivada) de outra já existente (primitiva) (CEGALLA, 2009, p. 81). Tal derivação pode se dar por prefixação, sufixação, parassíntese, ou ainda por derivação regressiva e por derivação imprópria. Observe: Palavra Primitiva Palavras Derivadas mar marítimo, marinheiro, marujo terra enterrar, terreiro, aterrar raiva raivoso, enraivecido, enraivecer As palavras mar, terra e raiva não se formam de nenhuma outra palavra, sendo por isso chamadas de primitivas. Elas possibilitam a formação de outras, que serão ditas derivadas. 36 2.1.1 Formas de Derivação A Derivação pode ocorrer pelo acréscimo à palavra primitiva de um prefixo (prefixação), de um sufixo (sufixação) ou de ambos (parassintética). Pode também ocorrer pela redução da palavra primitiva, normalmente um verbo (regressiva); ou pela mudança da classe gramatical da palavra sem que sua forma sofra alteração (imprópria) (PASCHOALIN e SPADOTO, 1996). Vejamos alguns exemplos de cada uma dessas formas, para melhor compreensão. • Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva; esta terá o seu significado alterado, mas sua classe gramatical permanecerá a mesma. Ex.: crer - descrer; ler – reler; capaz – incapaz. • Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, a qual pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical. Ex.: alfabeto – alfabetizar – alfabetização. Observe-se que no exemplo a palavra primitiva alfabeto, um substantivo, ao receber o sufixo -izar transformou-se em verbo; ao receber o sufixo -ção transformou-se em outro substantivo. Assim, a Derivação sufixal pode ser de dois tipos: a) Nominal: quando forma substantivos e adjetivos. Ex.: papel – papelaria (substantivo); riso – risonho (adjetivo). b) Verbal: quando forma verbos. Ex.: atual – atualizar pente – pentear. c) Adverbial: quando forma advérbios de modo. Ex.: feliz – felizmente. • Derivação Parassintética ou Parassíntese: ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese, formam-se nomes (substantivos e adjetivos) e verbos. Por exemplo, tomemos o substantivo tarde. Do radical tard formamos o 37 verbo entardecer pela junção simultânea do prefixo en- e do sufixo -ecer. A presença de apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras entarde, nem tardecer. Cegalla (2009, p. 82) esclarece que “os vocábulos parassintéticos são quase sempre verbos e têm como base um substantivo ou um adjetivo”. Dá como exemplos: empalhar, despedaçar, amanhecer (os três de base substantiva); amolecer, esfriar, endoidecer (os três de base adjetiva). O gramático ainda adverte que é preciso fazer distinção com casos como: descarregar (des + carregar ) prefixação achatamento (achatar + mento) sufixação amaciar (a + macio + ar) parassíntese • Derivação Regressiva: quando um verbo perde a marca do infinitivo e ganha a desinência a, e ou o. Ex.: mudar – muda; pescar – pesca; ajudar – ajuda; combater – combate; chorar – choro; abalar – abalo. Cegalla (2009, p. 82) explica que “o processo normal é criar o verbo de um substantivo. Na derivação regressiva (ou retrógrada), a língua procede em sentido inverso: forma o substantivo do verbo”. • Derivação Imprópria: ocorre quando a palavra muda de classe e tem seu significado estendido. De acordo com Cegalla (2009, p. 83), por esse processo, que é um recurso de enriquecimento da língua em uso: 1. os adjetivos passam a substantivos: os bons, os maus; 2. os particípios passam a substantivos ou adjetivos: um feito,o passado, querido, amado, etc.; 3. os infinitivos passam a substantivos: o viver, o andar, o rir, o badalar; 38 4. os substantivos passam a adjetivos: comício monstro, menino prodígio; 5. os adjetivos passam a advérbios: falar alto, vender caro, tossir forte; 6. palavras invariáveis passam a substantivos: o sim, os prós e os contras, o porquê; 7. substantivos próprios tornam-se comuns: os mecenas das artes, “os braços de pano de um judas” (Raquel de Queirós). Ressalte-se que o processo de derivação imprópria não interessa à morfologia, mas à semântica e à estilística, que serão objeto de estudo em outros livros-texto deste curso. 2.1.2 Principais Prefixos de Origem Grega ou Latina Conheça alguns dos principais prefixos de origem grega, quadro 2.1, e de origem latina, quadro 2.2. Quadro 2.1 Prefixos de origem grega Forma Sentido Exemplos an- / a- privação, negação anarquia, ateu ana- ação ou movimento inverso, repetir anáfase, anáfora anfi- de um e outro lado, em torno anfíbio, anfiteatro anti- oposição, ação contrária antiaéreo, antípoda apo- afastamento, separação apogeu, apóstata arqui- / arc- / arque- / arce- superioridade arquiduque, arcanjo, arquétipo, arcebispo cata- movimento de cima para baixo, oposição catadupa, cataplasma dia- / di- movimento através de, afastamento diagnóstico, diocese dis- dificuldade dispneia, disenteria ec- / ex- movimento para fora eclipse, êxodo en- / em- / e- posição interior encéfalo, emplastro, elipse endo- / end- posição interior, movimento para dentro endotérmico, endosmose 39 epi- / ep- posição inferior, movimento para, posterioridade epiderme, epônimo eu- / ev- bem, bom eufonia, evangelho hiper- posição superior, excesso hipérbole, hipertensão hipo- posição inferior, escassez hipodérmico, hipotensão meta- / met- posterioridade, mudança metacarpo, metáfase para- / par- proximidade, ao lado de paranasal, parasita Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos/. Acesso em: 23 abr. 2016. Quadro 2.2 Prefixos de origem latina Forma Sentido Exemplos ab- / abs- / a- afastamento, separação abdicar, abjurar, abster, abstrair, amovível, aversão ad- / a- / ar- / as- aproximação, direção adjunto, adventício, abeirar, arribar, assentir ante- anterioridade antebraço, antepor circum- / circun- movimentos em torno circum-adjacente cis- posição aquém cisalpino, cisplatino com- / con- / co- / cor- contiguidade, companhia cooperar, corroborar contra- oposição, ação conjunta contradizer, contra-assinar de- movimento de cima para baixo decair, decrescer des- separação, ação contrária desviar, desfazer dis- / di- / dir- separação, movimento para diversos lados, negação dissidente, distender, dilacerar, dirimir ex- / es- / e- movimento para fora, estado anterior exportar, escorrer, emigrar extra- posição exterior (fora de) extraoficial, extraviar in- / im- / i- / ir- / em- / en- movimento para dentro ingerir, impedir, imigrar, irromper, embarcar, enterrar in- / im- / i- / ir- negação, privação inativo, impermeável, ilegal, irrestrito inter-/entre- posição intermediária internacional, interromper, entreabrir, entrelinha pos- posterioridade pospor, postônico pre- anterioridade prefácio, pretônico pro- movimento para frente progresso, prosseguir http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos/ 40 re- movimento para trás, repetição refluir, refazer retro- movimento mais para trás retroceder, retrospectivo soto- / sota- posição inferior soto-mestre, soto-soberania, sota- vento, sota-voga sub- / sus- / su- / sob- / so- movimento de baixo para cima, inferioridade subclasse, subdelegado, suspender, suster, suceder, supor, sobestar, sobpor super- / sobre- posição em cima, excesso soerguer, soterrar, superfície, superpovoado, sobrepor, sobrecarga supra- posição acima, excesso supracitado, suprassumo trans- / tras- / tra- / tres- movimento para além de, posição além de transpor, transalpino, transladar, traspassar, tradição, traduzir, tresloucado, tresmalhar ultra- posição além do limite ultrapassar, ultrassensível vice- / vis- / vizo- substituição, em lugar de vice-reitor, vice-cônsul, visconde, vizo-rei Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/. Acesso em: 23 abr. 2016. 2.1.3 Principais Sufixos de Origem Grega ou Latina Segundo Terra (1998, p. 64), “os sufixos na língua portuguesa são de origem variada. Predominam, no entanto, os de origem grega ou latina. Quanto ao sentido, costumam assumir inúmeros significados”. Dividem-se os sufixos em três categorias: nominais, verbais e adverbiais. • Nominais: formam substantivos e adjetivos; • Verbais: formam verbos; • Adverbial: há um único formador de advérbios, trata-se do sufixo –mente. Quadro 2.3 Principais sufixos nominais Tipo de sufixo Forma Exemplos Sufixos de valor aumentativo -aça, -aço, uça barcaça, ricaço, dentuça -alha, -alhão fornalha, grandalhão, brincalhão -anzil corpanzil -ão, -eirão, -(z)arrão casarão, vozeirão, boqueirão, homenzarrão http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-latinos/ 41 -áreu povaréu, fogaréu, mundaréu -arra, -orra bocarra, cabeçorra, naviarra -ázio copázio Sufixos de valor diminutivo -acho, -icha, -ucha riacho, barbicha, papelucho, gorducho -ebre casebre -ejo vilarejo, lugarejo -eto, -eta poemeto, saleta -ico, -eco, -eca burrico, livreco, soneca, padreco -inha, -inho, -zinho, - zinha casinha, lapisinho, papelzinho, mãozinha -isco chuvisco -ote filhote -ulo, -culo, -cula glóbulo, grânulo, versículo, partícula Sufixos que indicam profissão -ão escrivão -ário bibliotecário -dor vendedor -eiro jornaleiro -ista dentista -tor tradutor Sufixos que indicam lugar -aria padaria, confeitaria -ato orfanato -ia academia -mento acampamento -tério batistério -tório dormitório Sufixos que indicam nacionalidade -ano pernambucano -ão alemão -eiro mineiro -ense paranaense -ês francês, chinês -eu europeu Sufixos que indicam coleção -ada boiada -al milharal, cafezal -ama, -eme dinheirama, enxame -edo arvoredo -eiro formigueiro Sufixos utilizados na formação de verbos -ear espernear, folhear -ejar festejar, gotejar -entar amamentar -icar bebericar -iscar rabiscar -ecer, -escer entardecer, florescer -izar utilizar, conscientizar -itar saltitar 42 Sufixo utilizado na formação de advérbio -mente (é o único sufixo adverbial) vagarosamente, rapidamente, felizmente, propriamente Fonte: Adaptado de Terra (1998). Quadro 2.4 Principais sufixos verbais Sufixo Significado Exemplos -ear, -ejar ação que se repete. folhear, espernear, gotejar, apedrejar. -icar, -itar, -iscar ação diminutiva que se repete bebericar, saltitar, petiscar -ecer, -escer ação que principia amanhecer, anoitecer, florescer, rejuvenescer Fonte: Adaptado de Terra (1998). Quadro 2.5 Sufixo adverbial Sufixo Significado Exemplos -mente indica modo lentamente, fielmente, rapidamente, posteriormente Fonte: Adaptado de Terra (1998). Quadro 2.6 Sufixos de origem grega Forma Sentido Exemplos -agogo que conduz, que leva demagogo, pedagogo -algia dor em uma região específica cardialgia, nevralgia -arca que comanda, que chefia monarca, matriarca -arquia comando, governo monarquia, oligarquia -astenia debilidade ergastenia, neurastenia -céfalo cabeça bicéfalo, microcéfalo -cracia poder democracia, plutocracia -doxo que opina heterodoxo, ortodoxo -dromo lugar para correr hipódromo, autódromo -edro base, face pentaedro, poliedro -fagia ato de comer disfagia, antropofagia 43 -fago que come antropófago, necrófago -filia amizade bibliofilia, lusofilia-fobia inimizade, ódio, temor fotofobia, hidrofobia -fobo que odeia, inimigo xenófobo, zoófobo -foro que leva ou conduz fósforo, semáforo -gamia casamento monogamia, poligamia -gamo que casa bígamo, polígamo -gêneo que gera lacrimogêneo, heterogêneo -glota/glossa língua poliglota, interglossa -gono ângulo polígono, pentágono -grafia escrita, descrição ortografia, geografia -grafo que escreve calígrafo, biógrafo -grama escrito, peso telegrama, quilograma -latria culto idolatria, zoolatria -logia discurso, tratado, ciência arqueologia, filologia -maquia combate hagiomaquia, tauromaquia -metria medida antropometria, biometria -metro que mede hidrômetro, pentâmetro -morfo que tem a forma antropomorfo, polimorfo -nomia lei, regra agronomia, astronomia -nomo que regula autônomo, metrônomo -polis/-pole cidade Petrópolis, metrópole -ptero que tem asas díptero, helicóptero -scopia ato de ver macroscopia, microscopia -scópio instrumento para ver microscópio, telescópio -sofia sabedoria filosofia, teosofia -teca lugar onde se guarda biblioteca, fototeca -terapia cura fisioterapia, hidroterapia -tomia corte, divisão dicotomia, vasectomia -tono tensão, tom barítono, monótono Fonte: http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos. Acesso em: 23 abr. 2016. 2.3 Síntese da Unidade Nesta Unidade, aprendemos que a Derivação consiste em derivar uma palavra nova (derivada) de outra já existente (primitiva) e que tal processo pode se dar por prefixação, sufixação, parassíntese, ou ainda por derivação regressiva e por derivação imprópria. http://www.enemvirtual.com.br/lista-de-radicais-gregos 44 Conhecemos diversos prefixos e sufixos, gregos e latinos, comumente presentes nas palavras que utilizamos ou com as quais nos deparamos em nosso dia a dia. 2.4 Para saber mais Vejamos como a página http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/formacao-das- palavras.htm, acessada em 02 jun. 2016, resume o que estudamos até aqui: Palavras primitivas: são palavras que servem como base para a formação de outra e que não foram formadas a partir de outro radical da língua. Exemplos: pedra, flor, casa. Palavras derivadas: são palavras formadas a partir de outros radicais. Exemplos: pedreiro, floricultura, casebre. No português, os principais processos para formar palavras novas são dois: derivação e composição. Derivação: é a formação de palavras a partir da anexação de afixos à palavra primitiva. Exemplos: inútil = prefixo in + radical útil. O processo de derivação pode ser prefixal, sufixal, parassintético, regressivo e impróprio. - Derivação Prefixal: faz-se pela anexação de prefixo à palavra primitiva. Exemplos: desfazer, refazer. - Derivação Sufixal: faz-se pela anexação de sufixo à palavra primitiva. Exemplos: alegremente, carinhoso. Os sufixos são divididos em nominais, verbais e adverbiais. Sufixos nominais são os que derivam substantivos e adjetivos; Sufixos verbais são os que derivam verbos; Sufixo adverbial é o que deriva advérbio, esse existe apenas um: -mente - Derivação Parassintética: faz-se pela anexação simultânea de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exemplos: desalmado, entristecer. A derivação parassintética só acontece quando os dois morfemas (prefixo e sufixo) se unem ao radical simultaneamente. Note que na palavra desalmado houve parassíntese. É fácil perceber, pois não existe a palavra desalma, da qual teria vindo desalmado, da mesma forma não existe a palavra almado, da qual também teria vindo desalmado. Portanto, ocorreu anexação de prefixo e sufixo ao mesmo tempo. - Derivação Regressiva: faz-se pela redução da palavra primitiva. Exemplos: trabalho (trabalhar), choro (chorar). O processo de derivação regressiva produz os substantivos deverbais, esses são substantivos derivados a partir de verbos. - Derivação Imprópria: forma-se quando uma palavra muda de classe gramatical sem que a forma da primitiva seja alterada. Exemplos: O infeliz faltou ao serviço hoje. (adjetivo torna-se substantivo). Não aceito um não como resposta. (advérbio torna-se substantivo, o artigo um substantiva o advérbio). Composição O processo de composição forma palavras através da junção de dois ou mais radicais. Exemplos: guarda-roupa, pombo-correio. Há dois tipos de composição: aglutinação e justaposição. Composição por Aglutinação: ocorre quando um dos radicais, ao se unirem, sofre alterações. Exemplos: planalto (plano + alto), embora (em + boa + hora). http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/formacao-das-palavras.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/formacao-das-palavras.htm 45 Composição por Justaposição: ocorre quando os radicais, ao se unirem, não sofrem alterações. Exemplos: pé-de-galinha, passatempo, cachorro-quente, girassol. Outros processos: Hibridismo: ocorre quando os elementos que formam a palavra são de idiomas diferentes. Exemplos: automóvel (auto= grego, móvel= latim), televisão (tele= grego, visão=latim). Onomatopeia: acontece nas palavras que simbolizam a reprodução de determinados sons. Exemplos: tique-taque, zunzum. Redução ou Abreviação: esse processo se manifesta quando uma palavra é muito longa, e por causa disso se formam novas palavras a partir da redução ou abreviação de palavras já existentes. Exemplos: pornô (pornográfico), moto (motocicleta), pneu (pneumático). Neologismo: é a criação de novas palavras para atender às necessidades dos falantes em contextos específicos. Veja os neologismos num trecho do poema Amar, de Carlos Drummond de Andrade: Que pode uma criatura senão, senão entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Livros BASÍLIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. _____. Morfologia: uma entrevista com Margarida Basílio. ReVEL. v. 7, n. 12, março de 2009. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. KEHDI, Valter. Morfemas do Português. 7.ed. São Paulo: Ática, 2007. ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2011. RODRIGUES, Angela; ALVES, Ieda Maria. A construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015. TERRA, Ernani. Curso prático de gramática. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2009. Sites Formação de palavras <https://www.youtube.com/watch?v=HxjbNVFwKGA> Estrutura das palavras <https://www.youtube.com/watch?v=S0gL1WNymt> https://www.youtube.com/watch?v=HxjbNVFwKGA https://www.youtube.com/watch?v=S0gL1WNymt 46 2.5 Atividades 1. Forme palavras com os prefixos abaixo: ante-, contra-, in-, sub-, ante-, pro-, pre-, circum-, ex-, endo-, hiper- 2. Escolha sufixos que lhe permitam formar duas palavras que indiquem: a) profissão b) ação ou resultado de ação c) origem. 3. Anexe convenientemente os prefixos des-, re-, a-, com-, in- às palavras ler, moral, capaz, contente, pôr, a fim de formar outras palavras pelo processo de derivação prefixal: 4. Derive verbos utilizando a derivação parassintética a partir das palavras: noite, doido, tarde, louco, mudo, vermelho, negro, branco, mole, quente, vivo, vazio, verde, pálido, frio, baço, caro, maduro, vergonha, velho, pressa, rico, sangue, raiz. 5. Utilizando agora o processo de derivação regressiva, forme substantivos a partir dos verbos que seguem: atacar, caçar, disputar, sustentar, errar, cortar, regressar, castigar, resgatar, chorar. 6. Identifique o tipo de derivação usado na formação das seguintes palavras: humanidade, infelizmente, descampado, cafezal, inquieto, entristecer, desfeito, combate, desalmado, felicidade, estudioso, atrasado, ajudante, engessar. 7. Os prefixos das palavras de cada item expressam ideias opostas, exceto em: a) interior e exterior b)progressão e regressão c) antepor e pospor d) diálogo e transformação 8. O prefixo da palavra antitérmico tem o mesmo sentido que o da palavra: a) dependência b) análise c) contradizer d) incorporação 9. Identifique e sublinhe os sufixos, depois classifique-os em nominais ou verbais: aromático, republicano, humanizar, bebericar, saltitar, faminto, espernear, apedrejar, florescer, espiritual, comestível, boiada, sapateado, namorico. 10. (UEL-PR) Assinale a alternativa em que todas as palavras são formadas por prefixos com significação semelhante: a) adjunto, antebraço, assobio b) incômodo, ilegal, impróprio c) ingerir, ilógico, imigrar 47 d) desfavorável, desabrochar, despedir e) afônico, adestrar, amável 11. (UFV-MG) As palavras cujos prefixos traduzem, respectivamente, as noções de “acima” em “em torno” são: a) supracitado / perímetro b) decapitar / circumpolar c) hipertensão / perpassar d) superposição / semicírculo e) subaquático / circunscrever 12. O processo de formação de neologismos está corretamente indicado, exceto em: a) xerocar e surfar = derivação regressiva b) voyerurismo e marqueteiro = derivação sufixal c) anti-lobby = derivação prefixal d) showmício = composição por aglutinação e) kartódromo = composição por justaposição 13. Relacione as palavras da 1º coluna aos respectivos significados, na 2º coluna: a) análise b) anômalo c) arquétipo d) metáfora e) eufonia f) disúria g) epitáfio h) anfíbio i) antagonista j) hipertrofia 14. Dê os adjetivos terminados em –eo correspondentes aos substantivos abaixo (exemplo: enxofre – sulfúreo) corpo, ouro, mármore, sangue, osso, neve, enxofre, chumbo, prata, fogo, rosa, cinza, leite. 15. Assinale o grupo de sufixos que derivam nomes que traduzem naturalidade: ( ) -edo -al -ez -ento -dor ( ) –ado -esco -oso -vel -iço ( ) –ense -ês - ino -ano -ista ( ) crescimento exagerado de um órgão ( ) bom som ( ) aquele que luta contra ( ) que vive de dois modos ( ) separação das partes de um todo ( ) que não é normal ( ) transposição de sentido ( ) o tipo principal ( ) inscrição tumular ( ) dificuldade de urinar 48 16. Pesquise o significado das seguintes palavras e indique se o prefixo nela presente é grego ou latino: antedatar cisplatino cooperar dissociar imberbe inalar emergir imergir dissabor ejetável entrever semicírculo ilegal retrógrado 17. Alguns sufixos, além de seu valor trivial, podem dar às palavras conotação pejorativa, depreciativa, suavizadora ou de carinho. Observe as palavras em destaque e relacione cada uma com o tipo de conotação que o sufixo traz: 1. Depreciativa 2. Suavizadora 3. De carinho a) Como você conseguiu ler esse livreco? ( ) b) Não podemos nos deixar persuadir por essa gringada. ( ) c) Não acredito que você vai assistir a esse filminho!( ) d) São somente 15 parcelinhas de R$99,99. ( ) e) Ela é minha filhinha. ( ) 18. Com prefixos adequados, forme as palavras equivalentes às expressões grifadas: 1. Realizamos uma viagem em torno do polo. 2. Houve manifestações contra o racismo. 3. Aquele avião tem assento que pode ser lançado para fora. 4. Na época anterior a Cristóvão Colombo, havia no Novo Mundo duas brilhantes civilizações: a dos incas e a dos astecas. 5. O doente sofre de dificuldades para digerir. 6. O criminoso não pode ficar sem punição. 7. O que é propulsão para trás? 8. A ciência que estuda as inscrições sobre pedras e metais é valiosa para a História. 9. Ciganas se apresentam como especialistas em leitura das mãos. 10. Faz tempo que produzimos soro contra veneno de cobras aqui no Brasil. 49 Unidade 3 Unidade 2 . Morfologia Flexional de substantivos, adjetivos, artigos, numerais e pronomes Na Língua Portuguesa, há dez classes de palavras. Seis delas – substantivos, adjetivos, verbos, artigos, numerais, pronomes – são variáveis, isto é, admitem flexões. Já as outras quatro classes – advérbios, preposições, conjunções e interjeições – são invariáveis. Nesta Unidade, estudaremos a flexão dos substantivos, adjetivos, artigos, numerais e pronomes; a flexão dos verbos será objeto de estudo na derradeira Unidade deste livro- texto. 3.1 Flexões dos Substantivos Cunha e Cintra (2001, p. 177) definem substantivo como “a palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral”. É a classe de palavras que denomina tudo o que pode ser pego, sentido ou visto. Assim, por conseguinte, são substantivos: a) os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de um gênero, de uma espécie ou de um de seus representantes. Por exemplo: Caio, Sueli, Brasil, Taubaté, Unitau, homem, animal, rebanho, cavalo, etc. b) os nomes de noções, ações, estados e qualidades, tomados como seres. Exemplos: justiça, amor, colheita, frio, trabalho, bondade, doçura, céu, etc. Os mesmos autores (CUNHA e CINTRA, 2001, p. 177) explicam ainda que toda palavra de outra classe gramatical que esteja desempenhando em uma oração o papel de núcleo do sujeito, objeto direto, objeto indireto ou agente da passiva será considerada como um substantivo. 50 Como sabemos, quanto à flexão, os substantivos podem variar em gênero, número e grau. Vejamos como isso se dá. 3.1.1 Flexão em Gênero Os gêneros dos substantivos são o masculino e o feminino. Pertencem ao gênero masculino todos os substantivos a que se pode antepor o artigo o: o aluno, o gato, o pão. Da mesma forma, pertencem ao gênero feminino os substantivos a que se pode antepor o artigo a: a filha, a casa, a juriti, a ovelha. Quanto à manifestação da categoria de gênero, os substantivos que se referem a pessoas e animais podem ser: - biformes: apresentam duas formas, por meio da troca de desinência ou da alternância do radical. Observe: gato / gata (trocou-se a desinência); bode / cabra (alternância do radical). - uniformes: apresentam uma única forma. Dividem-se em epicenos, comum de dois gêneros e sobrecomuns. Veja como o feminino, a partir do masculino, pode ser formado: ✓ pela simples troca da terminação o por a: menino – menina. ✓ pela troca da terminação e por a: mestre – mestra. ✓ pelo acréscimo de a: francês – francesa; juiz – juíza ✓ pela mudança de ão para ã, ão, ona: cidadão – cidadã; patrão – patroa; folião – foliona. ✓ com esa, essa, isa, ina, triz: barão – baronesa; conde – condessa; poeta – poetisa; czar – czarina; imperador – imperatriz. ✓ por palavras diferentes: homem – mulher; cavalheiro – dama; boi – vaca. (PASCHOALIN & SPADOTO, 1996, p. 37) Saiba mais: Os substantivos podem ser classificados quanto à sua formação em: • Primitivo: origina outras palavras. Ex.: dente. • Derivado: provém de outra palavra. Ex.: dentista. • Simples: formado por um único radical. Ex.: banana. • Composto: banana-maçã. Há também os substantivos usados para designar o coletivo: vários elementos de uma mesma espécie. Ex.: abelha – enxame, colmeia. 51 a) Epicenos: um só gênero gramatical para designar animais de ambos os seres da mesma espécie. Assim: a águia, a baleia, a borboleta, a cobra, a mosca, a onça, a pulga, a sardinha, o besouro, o condor, o crocodilo, o gavião, o polvo, o rouxinol, o tatu, o tigre. Quando há necessidade de especificar o sexo do animal, juntam-se então ao substantivo as palavras macho e fêmea. Ex.: crocodilo macho, crocodilo fêmea – para referir o macho ou a fêmea do jacaré. b) Comum de dois gêneros: há somente uma forma para os dois gêneros.
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