Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IMUNOHEMATOLOGIA Estudo da resposta imune contra as células do sangue Hemácias Na superfície das hemácias existem os antígenos eritrocitários. São 36 sistemas e mais de 350 antígenos Leucócitos Na superfície dos leucócitos existem os HLA (Antígeno leucocitário humano) Dentro do HLA há duas famílias: • HLA de classe I (dentro dessa classe há os fenótipos A, B e C) • HLA de classe II (Dentro dessa classe há os fenótipos DR, DQ e DP) Quando o HLA está apresentando antígenos para outra célula, é chamado de MHC. Plaquetas Na superfície das plaquetas existem os HPA (Antígeno plaquetário humano) A Imunohematologia é estudada para: • Realização de testes pré-transfusionais • Acompanhamento de gestante com incompatibilidade materno-fetal • Acompanhamento de Recém-nascidos com Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) • Investigação de anemias hemolíticas imunes • Transplante de Órgãos • Transplante de medula óssea • Função dos antígenos Curiosidades Sangue raro: pessoas que não tem antígenos que são comuns na população. Ex: VEL Sangue dourado: Não tem sistema RH ANTÍGENOS ERITROCITÁRIOS São estruturas que estão presentes na membrana eritrocitária, capazes de estimular respostas imunes. Os antígenos das células do sangue podem ser: Proteínas de única passagem: atravessam a membrana apenas uma vez Proteínas de multi-passagem: atravessam a membrana várias vezes Proteínas periféricas: não atravessam a membrana e ficam ligadas a GPI (Glicosilfosfatidilinositol) Carboidratos: que podem estar ligados a proteínas (glicoproteínas) ou aos lipídeos (glicolipídeos) Ex: Sistema ABO Podem ser determinados por: • Fenotipagem (teste sorológico) • Genotipagem (teste molecular) TESTES REALIZADOS NA IMUNO-HEMATOLOGIA • Tipagem sanguínea ABO/RhD • TAD (eluato) • PAI (identificação de anticorpos irregulares) • Prova de Compatibilidade • Fenotipagem Estendida • Titulação de Anticorpos Irregulares • Genotipagem Eritrocitária Tipagem sanguínea ABO/RhD Teste realizado para determinação do grupo sanguíneo ABO e RhD. • Sangue A - Anticorpos Anti-B • Sangue B - Anticorpos Anti-A • Sangue O - Anticorpos Anti-A e Anticorpos Anti-B • Sangue AB – Ausência de Anticorpos O Antígeno ABO é um carboidrato na superfície da hemácia, ou seja, não é determinado geneticamente. Os seres humanos adquirem anticorpos contra os outros tipos de sangue sem entrar em contato com o sangue diferente, pois, esses açúcares do ABO são muito comuns em bactérias. Quando se inicia a formação da microbiota, as bactérias incitam o sistema imune a criar resposta contra esses açucares, por isso que quem tem o sangue A tem anticorpos anti-B. Esses anticorpos são anticorpos regulares, naturais (todo o ser humano tem). O Sistema ABO é o mais importante por todos os seres humanos terem esses anticorpos regulares (Natural). Anticorpo irregular: Não temos naturalmente, mas pode ser desenvolvido por meio de contatos. TAD - Teste de antiglobulina direto TAD = Coombs direto Teste realizado para determinação da presença de anticorpos (IgG) ou frações do complemento (C3) aderidos à membrana eritrocitária, ou seja, utilizado para identificar hemácias opsonizadas PAI - Pesquisa de anticorpos irregulares PAI = Coombs indireto Teste realizado para determinação da presença de anticorpos anti-eritrocitários livres no soro/plasma do indivíduo. PC – Prova de Compatibilidade maior Teste para compatibilização entre doador e receptor, realizado antes da transfusão de sangue. Antígenos Eritrocitários Anticorpos Anticorpos anti-eritrocitários São imunoglobulinas da classe IgG ou IgM, e podem ser desenvolvidas após o contato com antígenos eritrocitários de outros indivíduos, geralmente por transfusão ou gestação. Classificados de acordo com o estímulo Aloimunes, Imunes ou Irregulares: Desenvolvidos por ALOIMUNIZAÇÃO, ou seja, transfusão ou gravidez contra antígeno “não próprio”. • Desenvolvimento de anticorpos anti- eritrocitários decorrente do contato com antígenos alogênicos, por meio de transfusão ou gestação. Naturais ou Regulares: Desenvolvidos contra antígenos não presentes nas hemácias dos indivíduos pelo estímulo das bactérias que colonizam a microbiota intestinal, exemplo: Sistema ABO, produção de anti-A e anti-B. Classificação de acordo com o comportamento em testes in vitro • Completos para aglutinação (IgM): Promovem a aglutinação das hemácias em meio salino por si só. • Incompletos para aglutinação (IgG): Promovem a aglutinação das hemácias através da utilização de um anti-anticorpo humano (Coombs) Hemaglutinação É o método mais comum utilizado para a demonstração da reação antígeno-anticorpo. • Técnica em tubo • Técnica em microtubo • Técnica em microplaca • Técnica em microplaca – Fase sólida • Técnica em gel teste Potencial Zeta Diferença de potencial entre a nuvem de cátions atraídos pelas cargas elétricas negativas da membrana eritrocitária e o meio que as hemácias estão presentes (GIRELLO; KÜHN, 2007) Ɣ = eletronegatividade da hemácia D = constante dielétrico do meio μ = força iônica do meio Potencializadores Reagentes com capacidade de reduzir o potencial zeta, favorecendo a reação antígeno (hemácia) vs anticorpo (soro). Utilizado para aumentar a sensibilidade da técnica. CICLO DO SANGUE Princípios gerais Toda transfusão de sangue traz em si um risco. Existem determinados valores sanguíneos aferidos onde é necessário fazer uma transfusão, esses valores são denominados de gatilhos transfusionais. A Hb é o principal fator envolvido na capacidade de transporte de oxigênio e, portanto, é um importante gatilho para a decisão de uma transfusão sanguínea. • Ex: Concentrado de hemoglobina < 7,0g/dl Concentração de plaquetas < 20.000 plaq/mm³ Em caso de cirurgias eletivas, deve ser indicada, sempre que possível, a realização de transfusão autóloga. Cirurgia eletiva: É aquela em que se consegue escolher a melhor data para se realizar o procedimento cirúrgico. Transfusão autóloga: O sangue do próprio paciente é coletado e utilizado para ele mesmo. Toda transfusão de sangue traz em si um risco como: • Reação anafilática • Reação hemolítica • Reação urticariforme • Infecção DOAÇÃO DE SANGUE A doação sanguínea irá passar por 3 processos: 1- Cadastro 2- Pré-triagem (triagem hematológica) 3- Triagem clínica Cadastro • Apresentação de documento com foto • Idade: 18 a 67 anos • Endereço completo • Telefone • E-mail Frequência máxima de doações • 4 doações anuais para os homens • 3 doações anuais, para as mulheres Intervalo mínimo entre doações • 2 meses, para os homens • 3 meses, para as mulheres, respeitados os limites descritos no parágrafo anterior. Em caso de doador autólogo, a frequência das doações pode ser programada de acordo com o protocolo aprovado pelo responsável técnico pelo serviço. Pré-Triagem Na pré-triagem é verificado: • Temperatura • Peso o Igual ou superior a 50Kg • Teste de anemia o Taxa de hemoglobina: 12,5 g/dL a 13,0 g/dL. o Taxa de hematócrito: 38% a 39% • Pressão Arterial e pulso o Sistólica: 90 mmHg a 180 mmHg o Diastólica: 60 mmHg a 100 mmHg Triagem Clínica Nesta etapa o candidato será submetido a uma entrevista. O entrevistador tem que ser um médico, enfermeiro, ou biologista treinado. A finalidade da entrevista é investigar dados que protegem tanto o doador quanto o receptor. É analisado: • Histórico de doenças e medicamentos (alguns impedem a doação) • Comportamento sexual (relações sem proteção impedem a doação) • Uso de drogas injetáveis • Doenças prévias • Doenças familiares • Viagens (Regiões que são endêmicas dedoença) • Tatuagens Auto-exclusão O serviço deve oferecer ao doador a oportunidade de se auto excluir, de forma confidencial. Ou seja, após todo o método da doação é perguntado ao doador se ele deseja mesmo doar aquela bolsa, se ele disser “não” a bolsa é descartada. O método para a auto- exclusão fica a critério do serviço de hemoterapia. É importante ressaltar que após a doação a bolsa do doador passa a ter um número para sigilo do doador. Coleta A coleta pode ser feita de forma simples, ou por Aférese. Coleta por Aférese A coleta por aférese possui um fluxo contínuo, ou seja, o sangue sai do doador e segue até a máquina que irá separar as partes do sangue desejadas e depois volta ao doador. A coleta por Aférese é muito utilizada para se obter plaquetas. Essa técnica permite a transfusão seletiva, apenas do componente que o paciente necessita. Uma coleta de aférese equivale a seis bolsas comuns. Processamento da Bolsa de sangue O sangue total coletado fica armazenado em uma bolsa CPDA, que vai passar por vários processos para separar os componentes do sangue. A bolsa de sangue total passa por uma centrifugação leve, que irá formar um concentrado de hemácias, mais profundo, e um mais superficial, o plasma rico em plaquetas. O plasma com plaquetas é transferido para outra bolsa CPDA, e passa por uma centrifugação forte onde o plasma ficará separado da plaqueta. O plasma é passado para outra bolsa CDPA e é congelado a fresco para evitar degradação proteica. Esse plasma é denominado de PFC (Plasma fresco congelado). Quando o PFC é descongelado, as proteínas presentes (fatores de coagulação geralmente) precipitam formando o Crioprecipitado (Hemocomponente). O Crioprecipitado pode ser separado, congelado novamente depois descongelado para a utilização. Hemocomponentes: são produtos obtidos a partir do Sangue Total por meio de Processos Físicos (centrifugação, congelamento). Os Hemocomponentes são: Concentrado de Hemácias, Plasma Fresco Congelado, Concentrado de Plaquetas e Crioprecipitado. Hemoderivados: A partir do PFC é possível também obter os seus hemoderivados, como a albumina, globulinas, fatores de coagulação. São produtos obtidos a partir do Plasma por meio de Processos Físico-Químicos, geralmente produzido em escala industrial. Estoque Cada Hemocomponente fica estocado de forma diferente em relação a sua validade e temperatura. Os Hemocomponentes liberados e os que estão esperando exame sorológico JAMAIS devem estar na mesma geladeira/congelador. Parte do sangue doado vai para tubos de Exame Tubos de Exame Os tubos de exame basicamente vão para três áreas: Sorologia, Eletroforese de hemoglobina, Testes Imunohematológicos. Sorologia A sorologia feita no Brasil Determinados pela ANVISA é para a pesquisa de: • Hepatite B e C • Sífilis • HIV 1 e 2 • Doença de Chagas • HLTV I / II • Malária (em áreas endêmicas) A biologia molecular tem se mostrado uma importante ferramenta na velocidade de diagnóstico das patologias acima. Teste hematológico • Investigação de hemoglobinopatias (algumas são assintomáticas) • Só é feito 1 vez Testes Imuno-hematológicos realizados na amostra do doador (feito na bolsa) • Tipagem ABO e RhD • Pesquisa de anticorpos irregulares • Fenotipagem Rh+Kell (recomendado) • Busca de doadores raros SISTEMA ABO Sistema de Histocompatiblidade presente em tecidos, fluidos, linfócitos e plaquetas; não são detectados em granulócitos. As substâncias ABO presentes na superfície das membranas das hemácias e células são carboidratos, que estão ligados a proteínas ou lipídeos de membrana. É o sistema mais importante na prática transfusional (sangue e órgãos) Isso se deve a presença de anticorpos naturais e regulares no plasma dos indivíduos, formados sem a necessidade de exposição prévia a componentes sanguíneos. Os seres humanos adquirem anticorpos contra os outros tipos de sangue sem entrar em contato com o sangue diferente, pois, esses açucares do ABO são muito comuns em bactérias. Quando se inicia a formação da microbiota, as bactérias incitam o sistema imune a criar resposta contra esses açucares, por isso quem tem o sangue A tem anticorpos Anti-B. Gene ABO O lócus ABO encontrasse no braço longo do cromossomo 9. Tipo “A” e Tipo “B” são dominantes, enquanto o Tipo “O” é recessivo. Os açucares A, B e O não são produtos gênicos diretos do Gene ABO, na verdade o gene codifica enzimas, as glicosiltransferases; que transferem resíduos de açúcar específicos para uma substância precursora (antígeno H), ou seja, é herdado a enzima e não o açúcar. Bioquímica e Biossíntese Antígenos já estão expressos desde a quinta semana de vida intrauterina, embora o RN apresente cerca de 1/3 dos sítios antigênicos totais de A/B. A expressão será máxima entre 2-4 anos de vida. A expressão dos genes ABO depende da ação de outro gene, o gene H, localizado no cromossomo 19; Os genes H (dominante) e h (recessivo) condicionam a presença de uma substância precursora, denominada antígeno H. A designação "0" (zero) implica o grupo que não possui antígenos do Sistema ABO. Este grupo apresenta apenas a substância básica para a constituição dos grupos A, B e AB, o antígeno H. Cromossomo 19 Codifica a enzima fucosiltransferase que adiciona a fucose na membrana das células. A fucose é o último açúcar da estrutura precursora. Raros indivíduos não apresentam o antígeno H, e sim o seu recessivo "antígeno h" com um genótipo "hh", sendo designados Fenótipos de Bombaim ou Falso O. A importância do conhecimento deste tipo é a de que estes indivíduos não podem receber transfusão de doadores grupo O comum, apenas de outros indivíduos Bombaim. Soro: • Anti-O/ Anti-H • Anti-A • Anti-B Tipagem ABO Os Anticorpos Anti-A e Anti-B são IgM e IgG (porém IgM em maior quantidade). São gerados sem a apresentação para linfócito T, eles são gerados através da resposta imune T independente. A Tipagem do sistema ABO é feita de duas formas: Tipagem Direta Avalia-se a presença do antígeno na hemácia. Nessa etapa é adicionada a amostra do paciente com as hemácias. E é pingado um soro com Anticorpos Anti- A, Anti- B ou Anti-AB. Se aglutinar é porque há a presença do antígeno. Tipagem Reversa Avalia-se a presença do anticorpo na amostra do paciente. Nessa etapa é adicionada hemácias de coelho. E é pingado o soro do paciente. Se aglutinar é porque há a presença do anticorpo para determinado antígeno. Discrepâncias ABO Quando tem diferença entre a tipagem direta e a reversa, pode ter três causas: • Problema na Tipagem Direta (Hemácias). • Problema na Tipagem Reversa (Soro). • Fatores relacionados à falha técnica. Problema na Tipagem Direta (Hemácias) Diminuição da expressão dos antígenos. • Subgrupo de A – Existem subgrupos do Antígeno A (A1, A2, A3). o Subgrupos são produtos de genes alelos variantes ou mutantes, e a maioria apresenta significativa redução no número de sítios antigênicos expressos nas hemácias, embora sejam formados do mesmo açúcar. • Recém-nascido. Dupla população de Hemácias • Transfusão de concentrado de hemácias recente. O paciente pode ser A+ e recebeu um transplante de hemácias O-, logo a população de hemácias será diferente. • Transplante de medula Óssea (implante de célula hematopoiética) Doenças com translocação cromossômica • Leucemia TAD+ Problema na Tipagem Reversa (Soro) Baixa titulação de anticorpos • Recém-Nascido • Idosos • Pacientes Imunossuprimidos Transfusão de componentes plasmáticos • Transfusão de PFC com fenótipo diferente, presença de anticorpos ABO com fenótipo diferente. Subtipo de A • Anticorpo contra subtipo tipo A1 Presença de anticorpos Irregulares • Presençade anticorpos que podem reagir com outros epítopos da hemácia dando positivo. PAI+ Fatores relacionados à falha técnica 1- Amostra o identificação inadequada da amostra o anotação incorreta de resultados o interpretação incorreta 2- Falha em seguir as orientações do fabricante. 3- Reagentes contaminados ou inativados. 4- Concentração inadequada das hemácias a serem testadas. 5- Falha em adicionar reagentes. 6- Quantidade inadequada de reagentes. 7- Temperatura de incubação incorreta. 8- Vidrarias sujas 9- Equipamentos o excesso de centrifugação o centrifugação insuficiente 10- Razão célula/soro incorreta Resolvendo Discrepâncias • Conferência dos dados (amostras) • Conferir dados do paciente (idade, diagnóstico, medicação, tipagem prévia) • Controle de Qualidade (reagentes, equipamentos, técnica e funcionários) • Repetir os testes com a mesma amostra • Repetir testes com nova amostra • Lectinas anti-A1 e anti-H • TAD • PAI SISTEMA RH É o mais importante clinicamente após o sistema ABO, é expresso somente em linhagem eritróide. O Sistema Rh é um antígeno proteico que é codificado por 2 genes enormes (possuem 10 éxons), os genes RHD e RHCE Gene RHD – codifica o antígeno RhD Gene RHCE – demais antígenos Os genes RHD e RHCE são muito parecidos, possuem cerca de 98% de homologia e por conta disso durante a sua replicação pode ocorrer crossing over entre esses dois genes, ou seja, esses genes são extremamente polimórficos. Rh positivo: quando a hemácia possui a RhD na sua superfície Rh negativo: quando a hemácia NÃO possui a RhD na sua superfície. Pessoas Rh negativo em sua maioria não possui o gene RHD. Os genes RHD e RHCE vão codificar uma proteína Rh de multi-passagem. Fenótipos de Rhd Negativo • Deleção completa do gene RHD (ausência dos 2 genes) • Pseudo D (Pseudogene - fenótipo RhD- genótipo RhD+ devido a inserção de 37 pares de bases que geram stop códon) • RhD-CE-Ds Hibridização de RHD e RHCE, e a proteína não é produzida. Fenótipos de RhD positivo D normal Antígeno D expressão normal com todos os seus epítopos. D fraco 76 tipos de D fraco. Alteração Quantitativa Caracteriza-se pela diminuição quantitativa de epítopos no eritrócito. D parcial 88 tipos de D parcial. Alteração Qualitativa Caracteriza-se pela ausência qualitativa de epítopos devido a mutações ou rearranjos gênicos que alteram a sequência de aminoácidos em regiões extracelulares da proteína Rh. Algumas pessoas D parcial (Rh positivas) podem acabar desenvolvendo anti-D. D fraco/parcial Alteração na quantidade e na qualidade dos epítopos. Del É um tipo de RhD fraco frequentemente encontrado em asiáticos. Caracteriza-se por uma densidade antigênica abaixo do nível de detecção dos reagentes anti-D. Alteração quantitativa muito acentuada. Antígenos do sistema Rh D, C/c, E/e São os principais antígenos do Sistema RhD. “C” e “c” e “E” e “e” são a mesma proteína, a diferença entre elas é o polimorfismo de apenas um nucleotídeo, ou seja, polimorfismo do tipo miss sense. O “C” possui uma serina na sua estrutura e o “c” possui uma prolina. Esses cinco antígenos são os que mais induzem a produção dos anticorpos que estão relacionados com a maioria dos problemas associados à aloimunização por transfusão e gestação. Aloimunização: formação de antígenos irregulares • Indivíduos que fazem muitas transfusões passam a desenvolver anticorpos contra vários antígenos da hemácia que não sejam o sistema ABO e o Rh e isso dificulta mais a transfusão compatível. Aloimunização Possibilidade de aloimunização muito grande, cerca de 80% dos indivíduos RhD negativos, quando expostos a hemácias com RhD positivos irão desenvolver anti-D. Anti-D pode ser estimulado por gestação devido a feto RhD positivo. • Sensibilização pode ser evitada com o uso de imunoglobulina pré-natal e pós-natal. A sensibilização é evitada utilizando a introdução de um soro no paciente que possui anticorpos anti-D, esses anticorpos opsonizam as hemácias RH+ e as hemácias são logo eliminadas de circulação antes que o indivíduo fique aloimunizado. Alterações quantitativas como D fraco e Del não possuem risco de aloimunização, alterações qualitativas como D parcial tem risco de aloimunização. PESQUISA DE D FRACO A pesquisa do antígeno D fraco é realizada em amostras que apresentam reações fracas/nulas em testes de aglutinação direta com soro anti-D. Potencial Zeta – refere-se à diferença de potencial entre as hemácias e o meio, hemácias são naturalmente negativas e meio é positivo, biologicamente é bom que as hemácias sejam negativas, pois elas se repelem e não se aglutinam. Porém, in vitro isso é um problema, pois em algumas situações você quer que as hemácias aglutinem. Por conta disso foram criados os Potencializadores que são responsáveis por diminuir o potencial Zeta, para que as hemácias possam ficar mais juntas. Esses potencializadores são utilizados na pesquisa de D fraco. A pesquisa de D fraco é feita utilizando dois tubos: • No tubo D é colocado soro com vários anticorpos monoclonais anti-D + Potencializador. • No tubo controle é colocado apenas o Potencializador 1ª Etapa – T.A. Os tubos são colocados em temperatura ambiente e é adicionado o soro com vários anticorpos monoclonais anti-D no tubo D onde está a amostra do paciente, porém por conta da temperatura ambiente o anticorpo que mais vai reagir vai ser os anticorpos da classe IgM, que é um pentâmero conseguindo aglutinar as hemácias sozinho. 2ª Etapa – 37°C Os tubos são colocados a temperatura corpórea, e nessa fase o anticorpo que mais vai reagir vai ser os anticorpos da classe IgG, porém o IgG é monomérico e não consegue aglutinar as hemácias sozinho ou seja ele é incompleto para aglutinação, e para isso é necessário a utilização de um soro denominado de soro de anticorpo antiglobulina humana ou soro de Coombs. 3ª Etapa – em A.G.H. O soro de coombs é adicionado no tubo D, e caso as hemácias estejam opsonizadas por IgG, os anticorpos antiglobulina humana se ligam aos anticorpos IgG e a hemácia aglutina dando um resultado de D fraco, se ao adicionar os anticorpos antiglobulina humana não houver hemácias opsonizadas por IgG então a pessoa realmente é Rh negativa e não vai haver aglutinação no tubo. SISTEMAS SANGUÍNEOS Numerosos sistemas antigênicos eritrocitários foram descobertos, após as descobertas dos sistemas ABO e Rh. Em sua maioria apresentam antígenos públicos, comuns à maioria dos seres humanos e/ou de baixa imunogenicidade, portanto não representam risco importante em hemoterapias nos casos rotineiros. Entretanto, alguns desses podem determinar reação hemolítica transfusional ou DHRN. Estruturas • Epítopos de carboidratos em glicoproteínas; • Epítopos de carboidratos em glicolipídios; • Proteínas simples (um domínio); • Proteínas de multipassagem; • Proteínas ligadas a glicosilfosfatodolinositol (GPI) Classificação funcional • Estruturais • Transportadores • Receptores de moléculas de adesão • Enzimas • Proteínas controladoras do sistema complemento Importância • Realização de testes pré-transfusionais • Acompanhamento de gestantes com incompatibilidade materno-fetal • Acompanhamento de RN´s com DHPN • Investigação de anemias hemolíticas imunes • Transplantes de órgãos • Transplante de medula óssea • Funções dos antígenos Sistema MNS Nº antígeno: 46 Funções: • Fundamental para a manutenção do potencial zeta de repulsão interglobular, impedindo agregação espontânea dos eritrócitos • Receptor para complemento, citocinas, bactérias, vírus e Plasmodium falciparum Resposta imune: Os antígenos clinicamente significantes desse sistema são S, s e U, com respostaIgG Sistema Lutheran Nº antígenos: 20 Função: de receptores de laminina (possui importante papel nos eventos de adesão célula-célula e célula- substrato) Resposta imune: Não está relacionado com RTH embora a resposta imune seja geralmente IgG e reativo pelo teste de AGH Sistema Kell Nº antígenos: 34 Função: associada ao antígeno Kx é auxiliar na estrutura eritrocitária, visto que a ausência do antígeno Kx leva à acancitose e a Síndrome McLoad. Ativação de grande número de peptídeos bio-ativos pela clivagem específica de peptídeos precursores inativos (ex. Clivagem de endotelinas, funcionam como potentes vasoconstritores). Resposta imune: classe IgG Sistema Duffy Nº antígenos: 5 antígenos Funções: • Receptor de IL-8 e endotelina, por isso são chamado de DARC (Duffy Antigen Receptor for Cytokines). • Receptor do Plasmodium vivax. • Indivíduos negros apresentam uma mutação conhecida como GATA BOX, que é um polimorfismo de único nucleotideo nonsense. Resposta imune: classe IgG principalmente com especificidade para anti-Fya Sistema Kidd Nº antígenos: 3 Função: Transporte de uréia intra e extraeritrocitária, quando os eritrócitos atravessam altas concentrações de uréia na medula renal, prevenindo a desidratação. Resposta imune: classe IgG, relacionado com resposta imune da classe IgG e reação hemolítica transfusional aguda. Anticorpos tem como característica fazer resposta anamnéstica sistema Diego Nº antígenos: 22 Funções: • Estrutural devido a ancoragem na anquirina e proteína 4.2 • Transporte de Ânions de bicarbonato em troca de cloreto através da membrana eritrocitária, revertendo o acúmulo de bicarbonato nas hemácias e facilitando seu transporte.Troca dos íons bicarbonato e cloro A presença do antígeno de baixa frequência está associada a população indígena. Resposta imune: Classe IgG Sistema Lewis Nº antígenos: 6 Função: Esse sistema serve como marcador dos indivíduos que são secretores (FUT2) Resposta imune: Os antígenos desse sistema geralmente estimulam resposta imune da classe IgM. Anticorpos geralmente sem significado clínico, exceto quando amplitude térmica atingir 37°C Sistema P1PK Os antígenos desse sistema não são produtos primários do gene, são glicolípides Função: O principal antígeno desse sistema funciona como receptor de E.coli Resposta Imune: Os antígenos desse sistema geralmente estimulam resposta imune da classe IgM, anticorpos geralmente sem significado clínico, exceto quando amplitude térmica atingir 37°C O anticorpo formado contra toda a estrutura de carboidratos é extremamente hemolítico, conhecido como anti-TjA PAI A pesquisa de anticorpos irregulares permite detectar hemácias sensibilizadas in vitro por anticorpos próprios. O teste tem como capacidade detectar anticorpos circulantes, que possuam importância clínica para os bancos de sangue e para gestantes, contra antígenos eritrocitários (CASTRO, 2013) Investigação Imunohematológica • Realização de testes pré-transfusionais • Acompanhamento de gestantes com incompatibilidade materno-fetal • Investigação de anemias hemolíticas imunes. Testes pré-transfusionais Alo-anticorpos: quando o anticorpo é produzido em resposta a um estímulo imune como em transfusões ou gestações; Auto-anticorpos: são capazes de reagir com o antígeno eritrocitário do mesmo indivíduo que produziu o anticorpo. Hemaglutinação: Ocorre na presença de anticorpos específicos contra os antígenos presentes na membrana eritrocitária, formando agregados celulares. Técnicas Disponíveis Técnica em tubo • Temperatura ambiente – anticorpo da classe IgM • Pré-aquecido – anticorpo da classe IgM com amplitude térmica • LISS – anticorpo da classe IgG • BioPeg – anticorpo da classe IgG • Albumina – anticorpo da classe IgG Técnica em microplaca • Convencional – anticorpo da classe IgG e IgM • Fase sólida/Capture – anticorpo da classe IgG e IgM Técnica em gel • LISS/Coombs – anticorpo da classe IgG e IgM • Enzimático – anticorpo da classe IgG e IgM, exceto contra os antígenos Duffy e MNS. Prática Procedimento para PAI + 1. Identificar a especificidade do anticorpo pelo painel de hemácias (realizado na mesma temperatura que apresentou positivo no PAI) 2. Após a identificação do anticorpo ou simultaneamente: • Titulação de anticorpos – realizado principalmente em amostra de gestantes com anticorpos da classe IgG. • Fenotipagem para o antígeno correspondente ao anticorpo formado (contra-prova) • Ac clinicamente significante: fenotipar bolsa Análise de dados: idade, étnicos, clínicos, histórico transfusional, registros anteriores. TAD É um procedimento utilizado para demonstrar a presença de hemácias recobertas por anticorpos “in vivo”, principalmente IgG e por frações do complemento. POSITIVO: Presença de anticorpos e/ou fração C3 aderidos à membrana eritrocitária, pode ocorrer devido a presença de auto-anticorpo, transfusão incompatível, uso de medicamentos etc. NEGATIVO: Ausência de anticorpos ligados à hemácia. Importante no diagnóstico de: • Doença hemolítica do recém-nascido; • Anemia hemolítica auto-imune; • Reação transfusional hemolítica; • Anemia hemolítica induzida por droga. REAGENTES USADOS NO TESTE DE ANTIGLOBULINA Poliespecífico: Contém fração anti-IgG e anti- complementar. Anti-IgG: Contém fração anti-IgG. AntiC3b (C3c e C3d): Contém somente fração anti- complementar. Soro de Coombs Identificação do anticorpo no TAD Fazer Eluato A realização da eluição, com seu produto, o eluato, é importante em alguns cenários, como na investigação de doença hemolítica do feto e do recém-nascido, reações transfusionais, síndrome do linfócito passageiro e na anemia hemolítica autoimune (AHAI). Eluição consiste na quebra de ligação entre o anticorpo que está ligado à hemácia e o antígeno correspondente. Os anticorpos podem ser liberados pela mudança da termodinâmica da reação antígeno- anticorpo (Ag-Ac), por neutralização ou reversão da atração que mantém o complexo Ag-Ac ligado ou através da alteração da estrutura do sítio de ligação Ag- Ac. Existem várias técnicas de eluição: calor, congelamento-descongelamento, glicina-ácida e uso de solventes orgânicos são algumas delas. A eluição concentra o anticorpo. Por isso, muitas vezes, mesmo com teste direto da antiglobulina (TAD ou Coombs direto) negativo ou fracamente reagente é possível identificar um anticorpo no eluato. Na AHAI quente e mista, o eluato costuma ser reagente com todas as hemácias do painel, geralmente com aumento da aglutinação em polietilenoglicol e com hemácias tratadas com enzima. Na AHAI fria, o eluato habitualmente é negativo, assim como na AHAI induzida por drogas. No eluato, também é possível definir a especificidade do autoanticorpo, como auto-anti-e, por exemplo. Apesar de habitualmente não se respeitar o autoanticorpo, essa informação pode ser útil quando suspeitamos de alguma variante, de RHCE, por exemplo. ATENÇÃO: Cuidado com a interpretação do eluato em paciente com transfusão nos últimos três meses. O anticorpo ligado à hemácia pode ser um alo e não um autoanticorpo!! FISIOPATOLOGIA DAS ANEMIAS HEMOLÍTICAS IMUNES Os eritrócitos marcados por anticorpos sofrerão hemólise, pode ser intravascular ou extravascular, dependerá da capacidade do anticorpo ativar o sistema complemento. Um sinal clínico muito comum das anemias hemolíticas é a Icterícia palmar e a Icterícia Esclerótica, devido ao acúmulo de bilirrubina Indireta. Diagnóstico • Hemograma • Bioquímica • Testes imuno-Hematológicos HEMOGRAMA • Hemoglobina e hematócrito podem variar de acordo com a gravidade do caso. • A contagem de Reticulócitos aumentada. • Presença de eritroblastos• Esferócitos BIOQUÍMICA • Bilirrubina Indireta aumentada • Lactato desidrogenase aumentada • Haptoglobina TESTES IMUNO-HEMATOLOGICOS • TAD ou Coombs direto o No caso de TAD positivo é necessário fazer o ELUATO • PAI ou Coombs indireto Resumo ANEMIA HEMOLÍTICA AUTO-IMUNE Anemia causada por auto-anticorpos eritrocitários desenvolvidos através de uma disfunção no sistema imune, podendo ser primária ou secundária a outras patologias. Patogênese Papel dos antígenos eritrocitários • Rh, Banda3, CD47xSIRPα Papel do sistema complemento • CR1, CD59, DAF Falta de apresentação eficaz dos antígenos autólogos Anormalidades funcionais de células B e T Etiologia • Primária (idiopática) • Secundária (doença de base) AHAI induzida por anticorpos quentes • Representa 60 a 70% das anemias hemolíticas autoimunes. • Geralmente são do tipo IgG que podem ou não fixar complemento. • Local de hemólise: baço. Etiologia Primária – Idiopática Secundária • Doenças linfoproliferativas (linfoma) • Doenças autoimunes (Lupus, colite ulcerosa) • Leucemia Aguda • Câncer AHAI induzida por anticorpos frios • Representa 20 a 30% das anemias hemolíticas autoimunes. • São do tipo IgM que podem ou não ter amplitude térmica • Local de hemólise: Fígado. o Pode ter significância clínica (quando apresentar amplitude térmica à 37C) ou não (quando apresentar reatividade somente em Temperatura ambiente) Etiologia Primária (idiopática) Secundária: • Doença Linfoproliferativa • Infecção por Mycoplasma e vírus Epstein Barr ANEMIA HEMOLÍTICA INDUZIDA POR DROGA Causada por anticorpos induzidos por drogas que estão sendo administrada nesses pacientes. Essa anemia pode ser classificada em dois grupos: Droga dependente • Adsorção • Imunocomplexo Ex: Cefalosporinas, Diclofenaco, entre outros. Droga independente (AHAI) Ex: Alfametildopa, Levedopa, Procainamida, entre outros Mecanismo de ação Uma porção do fármaco pode adsorver na membrana da hemácia, formando um neoantígeno que pode ser reconhecido pelo sistema imune, o qual irá produzir anticorpos. Quando a droga se liga firmemente/adsorve na membrana e o anticorpo reage contra a estrutura da droga adsorvida, a anemia é denominada de Droga dependente. • O anticorpo pode reagir também com a droga que está adsorvida fracamente na membrana (mecanismo anteriormente conhecido como imunocomplexo). Nesse caso os anticorpos se ligam parte à droga e parte a membrana celular. Também é considerado droga dependente. Os anticorpos podem ser também droga Independente, ou seja, não há necessidade da presença da droga para que reajam, apesar de a droga ter sido responsável pela resposta autoimune. Esses anticorpos se ligam a membrana da hemácia. Resposta anamnéstica: resposta Intensa e rápida ANEMIA HEMOLÍTICA ALOIMUNE Reação Hemolítica Transfusional (RHT) Ocorre após a exposição a eritrócitos alogênicos (transfusão ou gestação), podendo ocorrer à sensibilização e desenvolvimento de aloanticorpos, ocorrendo aloimunização. Indivíduo sensibilizado e que apresentam anticorpos irregulares, não podem mais entrar em contato com o antígeno que gerou sua aloimunização, mesmo que as titulações de anticorpos estiverem baixas, ou não presentes na circulação. Às vezes em caso de transfusão pode ocorrer uma hiper hemólise, que é caracterizada por uma hemólise maior do que a quantidade de hemácias presentes na bolsa de sangue, deixando a concentração das hemácias menor do que já estava antes da transfusão. Dependendo do sistema sanguíneo, a hemólise pode ocorrer mais rapidamente ou mais lentamente, por exemplo o sistema ABO e Rh são agudas e rápidas, em outros sistemas sanguíneos, muitas vezes a hemólise pode ocorrer posteriormente de 24h. • A plaqueta é o único Hemocomponente que pode ser transfundido para qualquer tipo sanguíneo, porém sempre vem um pouco de plasma junto dessa transfusão, essa pequena quantidade de plasma pode ser capaz de causar uma hemólise transfusional. DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL (DHPN) Caracterizada pela destruição de hemácias do feto ou do neonato por IgGs maternas que ganharam a circulação fetal. Estas IgGs podem ser contra: • Sistema Rh, principalmente RhD. • Antígenos do sistema ABO (principalmente em mães O e feto A ou B) • Qualquer outro sistema antigênico eritrocitário. Hemorragia materno-fetal A Imunização da mãe durante a gestação pode ocorrer no caso de hemorragia materno-fetal • 3% no 1º. Trimestre • 15% no 2º. Trimestre • 45% no 3º. Trimestre • 64 a 100% após parto A hemorragia materno-fetal pode ser avaliada pelo Teste de Kleihauter-Braun-Betke que pesquisa hemoglobina fetal no sangue da mãe, verificando sua variação. INCOMPATIBILIDADE ABO • No nascimento a anemia neonatal decorrente do sistema ABO geralmente é branda. • Incompatibilidade materno-fetal por ABO pode ocorrer na primeira gestação • Mães do grupo O: apresentam IgG Anti-A, -B, ou - AB aumentando o risco. • A maior parte das crianças do grupo A ou B nascidas de mães do grupo “O” apresentam IgG ligado a suas hemácias. INCOMPATIBILIDADE RHD • 80% dos indivíduos RhD- expostos a 200 mL de sangue RhD+ irão produzir anticorpos anti-D • Se a mãe é RhD- e o feto RhD+, a mãe tem 9% a 17% (ABO compatível) de chance de ser estimulada a produzir anti-D. Por que em questão de Incompatibilidade o RhD pode ser mais fatal que o ABO? Apenas anticorpos da classe IgG são capazes de transfundir pela placenta, os anticorpos anti-Rh são inteiramente IgG isso significa que eles passam em toda sua totalidade pela placenta atingindo a circulação fetal. Além disso a expressão dos antígenos RhD é normal em quantidade e só são expressos na hemácia, logo quando o anticorpo passa pela barreira placentária, ela se liga diretamente a hemácia, opsonizando e provocando reação imune. Já o ABO apresenta majoritariamente anticorpos IgM, com poucos anticorpos IgG, os IgM não passam pela barreira placentária, então passa pouco IgG, porém esse pouco que passa não liga especificamente a hemácia, ele pode se ligar em qualquer célula que expresse o sistema ABO, e além disso a expressão desses antígenos é muito baixa em RN, contribuindo para uma diminuição na probabilidade de reações a hemácia. Incompatibilidade Fisiopatologia Transporte de IgG da mãe para o feto tem início: • 12º semana: baixa concentração • 17º até 22º semanas: 10% • 28º até 32º semanas: 50% ou seja, metade dos anticorpos IgG da mãe conseguem atravessar a placenta o A partir da 28º semana, a travessia dos anticorpos é facilitada, aumentando as concentrações de anticorpos cada vez mais. A passagem do anticorpo é facilitada ao longo da gestação, pois na placenta há a presença das células que formam o sincício trofoblasto que tem receptores para anticorpos, quando menor vai ficando o sincício por conta do desenvolvimento gestacional, mais fácil é a travessia dos anticorpos. A doença hemolítica do RN vai depender de alguns fatores como: • Titulação de anticorpos da mãe • Tipo/subclasse de IgG; A IgG-1 e 3, são as mais perigosas IgG3: Maior potencial para induz fagocitose e aderência do monócito in vitro IgG1: tem maior influência na severidade da DHPN PRÉ-NATAL Sinais clínicos • Anemia fetal • Hepatoesplenomegalia • Lesão hepatocelular • Hiperbillirrubinemia • Hipoproteínemia • Insuficiência cardíaca • Edema generalizado As hemácias do feto na presença desses IgG, vão sendo opsonizadas e destruídas (fagocitadas), o fígado e o baço tentam compensar essa hemólise aumentando a produção, causando um aumento no seu tamanho, ou seja, o feto fica com hepatoesplenomegalia. A hemólise vai provacar o aumento das ilhotas hepáticasde eritropoiese, reduzindo a capacidade de síntese do fígado, resultando em hipoalbumina e a um quadro de Hipoproteínemia. A falta de proteínas no sangue facilita extravasamento de líquido, assim ocorre um edema generalizado, denominado de HIDROPSIA FETAL IMUNE. • Fetos que possuem quatro alelos alfa deletados na Hb, também funcionam pelo mesmo mecanismo, ou seja, redução dos eritrócitos, leva a uma hepatoesplenomegalia, causa lesão hepatocelular, reduz síntese de albumina e ocasiona HIDROPSIA FETAL IMUNE. Diagnóstico Exames realizados na mãe: • Auxílio diagnóstico: Ultrassonografia e Dopplervelocimetria o Dopplervelocimetria: é um ultrassom especializado, onde se verifica a Majoritariamente apresentam anticorpos IgM, com poucos anticorpos IgG Os antígenos ABO, estão presentes em todas as células do feto, logo a probabilidade de uma IgG se ligar as hemácias diminui. Antígenos ABO no RN é 1/3 da expressão comparado com adultos Sistema ABO Sistema RhD Apresentam apenas anticorpos IgG Antígeno RhD só é expresso na hemácia A expressão de RN é normal velocidade da artéria cerebral média do feto. Quando o feto está anêmico essa velocidade aumenta. • Procedimento invasivo: Amniocentese, Cordocentese (coleta do líquido amniótico e do cordão Umbilical). • Tipagem sanguínea da MÃE e PAI (casal) • PAI (pesquisa de anticorpos irregulares) o Identificação do anticorpo irregular; se tem significado clínico. o Titulação do anticorpo irregular • Procedimento não-invasivo: Genotipagem RhD fetal através do plasma materno. Testes Laboratoriais Protocolo de Atendimento Tratamento • Monitoramento (título do anticorpo e doppler velocimétrico) • Administrar Imunossupressores • Transfusão intrauterina Pós-natal Diagnóstico Exames realizados na amostra do RN: • Tipagem sanguínea • TAD (teste de antiglobulina direto): positivo • Bilirrubina Indireta: aumentada o A bilirrubina aumentada no RN pode atravessar barreira Hematoencefálica se impregnando nos núcleos da base causando Kernicterus (severo comprometimento mental) • Hemograma Hb: diminuído Clinicamente o RN apresenta: • Icterícia aparece após 24h às 48h • Anemia • Esplenomegalia Tratamento Exsanguinotransfusão: troca de sangue do RN, é indicada quando: • TAD for positivo • BI > 4,0 mg/dl • Elevação de BI > 0,5 mg/dl/hora • Hb < 13,0 g/dl Fototerapia: É incidida uma luz sobre o RN, que auxilia a metabolizar a BI, pois ela é fotossensível. Mortalidade Antes de 1945, 50% dos fetos com doença hemolítica desenvolviam kernicterus ou hidropsia fetal. Mas a mortalidade reduziu bastante, por conta da transfusão intrauterina. PROFILAXIA Pré-natal. Em mães RhD negativa realizar: • Tipagem ABO/ RhD do pai; • PAI periodicamente com titulação; Administração da Imunoglobulina anti-D (RHOGAM, MATERGAM), destrói hemácias fetais antes de seu reconhecimento. • A taxa de sucesso da imunoprofilaxia RhD é de 98,4% a 99% PROFILAXIA Dose: 300 µg, a qual é eficiente em 99,8% dos casos Aplicações: • Aborto (também ocorre aloimunização em aborto) • 28 semanas de gestação • 34 semanas de gestação • Reduz a incidência de sensibilização de: 1,8 para 0,1%
Compartilhar