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Resenha Crítica: Da divisão do trabalho social (Émile Durkheim)

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DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 
1999. 
Assim como a obra “Crime e Costume na Sociedade Selvagem" do antropólogo 
polaco, Bronislaw Malinowski proporcionou a abertura de novos campos de estudo para 
a antropologia social, o livro publicado pelo sociólogo francês, Émile Durkheim, introduz 
a ideia do fato social como objeto de estudo da Sociologia. No contexto de criação da 
obra, Durkheim busca construir as bases da Sociologia como ciência que, segundo o 
autor, Augusto Comte não conseguira fazer por não conseguir abandonar seus ideais 
filosóficos com teorias predominantemente no campo metafísico que, consequentemente, 
eram impossíveis de serem colocadas em práticas. Portanto, ao fundar o método 
sociológico, Durkheim analisa as funções sociais do trabalho como pedra angular na 
coesão das sociedades modernas, distinguindo a Sociologia das demais ciências humanas. 
De maneira geral, a obra classifica em tipos distintos de solidariedade, a mecânica 
e a orgânica que, ao longo do seu trabalho, são associadas ao que o autor denomina de 
direito repressivo e direito restitutivo, respectivamente. Posteriormente, esses conceitos 
são fundamentados com os dois tipos de consciência anunciados por Durkheim: 
consciência individual e coletiva. Portanto, no decorrer da reflexão realizada pelo 
sociólogo há a íntima associação entre a solidariedade e a natureza sancionadora do 
Direito. 
Na perspectiva apresentada, os indivíduos de uma sociedade são instruídos pela divisão 
do trabalho. Diante disso, a interpretação da solidariedade de uma coletividade pode se 
apresentar por meio da solidariedade mecânica, em referência a coesão existente nos 
“elementos dos corpos brutos” e, em oposição, a solidariedade orgânica que faz analogia a 
unidade dos seres vivos que apesar da autonomia própria de cada órgão há um elevado grau de 
unidade (coesão) do organismo. Este último tipo de solidariedade é produzido pela divisão do 
trabalho e tem como princípio basilar a existência de diferenças entre os indivíduos de uma 
sociedade. Portanto, acredita no potencial da sociedade atuar em conjunto, simultaneamente às 
atuações próprias dos indivíduos. Por outro lado, quanto mais houver a presença ideias comuns 
a todos os componentes da sociedade menor será a atuação da nossa personalidade, haja vista 
a primazia para o ente coletivo. Dessa forma, a solidariedade mecânica enuncia que a união 
existente entre indivíduo e a sociedade é da mesma natureza da que une a coisa a pessoa. 
Portanto, ao fazer esse estudo comparativo das solidariedades, Durkheim evidencia que a 
solidariedade negativa não gera, por si própria, integração, ao contrário do que se é observado 
nas solidariedades positivas- estas, por sua vez, podem ser encontradas sob duas formas: uma 
dependente da sociedade; outra em que não há intermediação entre indivíduo e sociedade. 
Outra discussão relevante trazida pelo autor na obra é a distinção entre as regras com 
sanções restitutiva, que não fazem parte da consciência coletiva, e o direito repressivo, que 
representa o centro da consciência comum. Por um lado, o direito restitutivo não integra uma 
solidariedade social, uma vez que os indivíduos estão ligados uns aos outros de modo a estarem 
vinculados à sociedade, portanto, há a necessidade de criação de órgãos especiais, como os 
tribunais consulares. Por outro lado, o direito repressivo é encontrado de forma mais difusa na 
sociedade. Ainda nesse contexto, a análise das relações sociais advindas dos contratos mostra 
que, apesar de serem assumidos por sujeitos específico é dever da sociedade intervir nele de 
modo a garantir o seu funcionamento, isto é, há legitimidade na interferência da sociedade em 
órgãos especiais que a representam. Portanto, a diferença do Direito repressivo do restitutivo 
reside exatamente na relação independente da consciência particular à consciência coletiva. 
 
Em suma, afirma-se que o contrato é a expressão jurídica de cooperação, inclusive, 
conforme o autor cita, nos contratos de beneficência, embora constituam uma relação unilateral 
ou gratuita. Todavia, há obrigação recíproca de cumprimento somente é possível quando existe 
a cooperação e, consequentemente, a divisão social do trabalho. Ou seja, em maior ou em menor 
grau, as relações sociais, jurídicas e de direito cooperativo são oriundas da divisão do trabalho 
social.

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