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Teoria Sociológica I

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Prévia do material em texto

2019
1a Edição
Teoria Sociológica i
Prof.ª Franciele Otto Duque
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Franciele Otto Duque
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 D946t
 Duque, Franciele Otto
 Teoria sociológica I. / Franciele Otto Duque. – Indaial: 
 UNIASSELVI, 2019.
 206 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0285-3
 1. Sociologia - Teorias. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
 Da Vinci.
CDD 301.01
III
apreSenTação
Caro acadêmico!
Este é seu Livro de Estudos de Teoria Sociológica I. Com ele você 
iniciará seus estudos de teoria sociológica, já que esta primeira parte trata 
da chamada Sociologia Clássica. Diferentes autores contribuíram para 
a consolidação da Sociologia, inclusive os autores clássicos que aqui você 
estudará: Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. Os três legaram grandes 
contribuições teóricas e metodológicas para as ciências sociais, e certamente 
você já ouviu estes nomes — pois podemos dizer que são famosos em se 
tratando da área de sociologia.
Sendo o primeiro passo de seus estudos em Teoria Sociológica (que 
prosseguirão com os componentes curriculares: Teoria Sociológica II e Teoria 
Sociológica III), cabe reforçar a importância dos clássicos. Autores clássicos 
são sempre atuais, ou seja, eles adquirem o estatuto de clássicos justamente 
porque são revisitados com frequência, e seu arcabouço intelectual 
reinterpretado em diversos momentos. Em se tratando de Durkheim, Marx 
e Weber, muitas produções contemporâneas ainda são embasadas nas obras 
destes autores.
A divisão deste livro está baseada em três unidades, uma sobre cada 
autor. As unidades dividem-se em tópicos que seguem uma lógica similar: o 
primeiro apresenta as bases teórico- metodológicas da teoria sociológica de 
cada autor; o segundo apresenta os principais conceitos desenvolvidos por 
cada um; e o terceiro traz os desdobramentos de sua teoria sociológica — 
com os principais temas de estudo e como foram abordados pelo autor.
A primeira unidade trata da obra de Émile Durkheim e de sua teoria 
da integração. Inicialmente você conhecerá as influências do positivismo em 
seu pensamento, o uso da noção de fato social, e o método funcionalista em 
ação a partir deste conceito. Ou seja, são as bases do pensamento teórico e 
das aplicações metodológicas que o autor produziu ao longo de sua carreira. 
Em seguida, terá acesso ao estudo aprofundado dos conceitos relativos à 
teoria da integração, baseada na divisão do trabalho social: solidariedade 
mecânica, consciência coletiva, solidariedade orgânica e anomia. Para fechar, 
alguns desdobramentos da aplicação de sua teoria sociológica: o estudo 
sobre o suicídio, a moral, a religião e a educação.
IV
A segunda unidade está direcionada para a obra de Karl Marx e a 
teoria do materialismo histórico-dialético. Partindo das influências recebidas 
dos autores Hegel e Feuerbach para o desenvolvimento do materialismo 
dialético, segue-se pelo materialismo histórico e pela importância da análise 
do modo de produção indicada pelo autor. Após, o aprofundamento será 
nos conceitos de: infraestrutura e superestrutura, mercadoria e dinheiro, 
exploração e mais-valia, alienação. Os temas de seus estudos principais, que 
a parte final apresenta, são: classes sociais, a ideia de luta de classes, o papel 
das revoluções na história, e o projeto político de Marx — que perpassa o 
socialismo e o comunismo.
A terceira e última unidade é dedicada à obra de Max Weber e sua 
teoria sociológica compreensiva. Iniciaremos identificando as influências que 
o autor sofreu para desenvolver a proposta de individualismo metodológico, 
e para analisar a relação entre objetividade e conhecimento. Segue-se o estudo 
da noção de ação social, central na obra do autor. Após, seu estudo será sobre 
os conceitos de tipo ideal, relação social, poder, dominação e estratificação 
social (classes, estamentos e partidos). Para fechar o tópico sobre Weber, 
você conhecerá aspectos principais de sua sociologia da religião, o processo 
de racionalização social e seu favorecimento do capitalismo, a dominação 
carismática e o chamado desencantamento do mundo.
Por meio desta trajetória, objetiva-se que você finalize a disciplina 
identificando as características principais da teoria sociológica de cada 
autor, bem como seus conceitos e principais estudos. Ressalto a importância 
de seus estudos irem além deste livro, já que cada autor possui uma vasta 
obra e temas diversos de estudo, impossíveis de sistematização total. Veja o 
estudo desta disciplina como uma oportunidade de conhecer o básico sobre 
cada autor, e de selecionar materiais complementares para conhecê-los com 
mais afinco ao longo de toda a sua formação.
Desejo um ótimo processo formativo na teoria sociológica clássica!
Franciele Otto Duque
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
UNIDADE 1 – O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM .................................................... 1
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO ........................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 VIDA E OBRA ....................................................................................................................................... 4
3 POSITIVISMO ...................................................................................................................................... 6
4 FATO SOCIAL ....................................................................................................................................... 12
5 FUNCIONALISMO .............................................................................................................................. 17
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA INTEGRAÇÃO PARA ACOMPREENSÃO DA SOCIEDADE ............................................................................. 25
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25
2 DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL ............................................................................................... 25
2.1 SOLIDARIEDADE MECÂNICA ................................................................................................... 27
2.1.1 Consciência Coletiva .............................................................................................................. 28
2.2 SOLIDARIEDADE ORGÂNICA ................................................................................................... 34
3 ANOMIA ................................................................................................................................................ 42
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 48
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DA SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM ............. 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 O SUICÍDIO .......................................................................................................................................... 51
3 VIDA SOCIAL E MORALIDADE ..................................................................................................... 55
4 A RELIGIÃO .......................................................................................................................................... 59
5 A EDUCAÇÃO ...................................................................................................................................... 63
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 66
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 71
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72
UNIDADE 2 – O MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO DE KARL MARX .................. 73
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DE KARL MARX: TEORIA E MÉTODO ..................................... 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 VIDA E OBRA ....................................................................................................................................... 75
3 MATERIALISMO DIALÉTICO ......................................................................................................... 78
4 MATERIALISMO HISTÓRICO ........................................................................................................ 86
5 ANÁLISE DO MODO DE PRODUÇÃO ......................................................................................... 90
5.1 MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO .......................................................................................... 91
5.2 MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA ....................................................................................... 91
5.3 MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO ............................................................................................ 92
Sumário
VIII
5.4 MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL ............................................................................................... 92
5.5 MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA ..................................................................................... 93
5.6 MODO DE PRODUÇÃO COMUNISTA ...................................................................................... 93
5.7 MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA ..................................................................................... 94
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 98
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 99
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DO MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO PARA 
 A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 INFRAESTRUTURA E SUPERESTRUTURA ...............................................................................101
3 MERCADORIA, VALOR E DINHEIRO .......................................................................................105
4 EXPLORAÇÃO, MAIS-VALIA E LUCRO ....................................................................................109
5 ALIENAÇÃO .......................................................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DA SOCIOLOGIA DE KARL MARX .......................121
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121
2 CLASSES SOCIAIS ............................................................................................................................121
3 PROJETO POLÍTICO: LUTA DE CLASSES ..................................................................................125
4 PAPEL REVOLUCIONÁRIO DA BURGUESIA ...........................................................................127
5 SOCIEDADE CAPITALISTA E COMUNISMO ...........................................................................130
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................138
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139
UNIDADE 3 – A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER ......................................141
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER: TEORIA E MÉTODO ...................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 VIDA E OBRA .....................................................................................................................................144
3 BASES DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA .............................................................................145
4 INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO ......................................................................................150
5 OBJETIVIDADE E CONHECIMENTO ..........................................................................................152
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA AÇÃO SOCIAL PARA A 
 COMPREENSÃODA SOCIEDADE ...........................................................................161
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161
2 AÇÃO SOCIAL ...................................................................................................................................161
3 TIPO IDEAL .........................................................................................................................................166
4 RELAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................................170
5 PODER E DOMINAÇÃO ..................................................................................................................174
6 ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E PARTIDOS ...............................178
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................182
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................183
IX
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DA SOCIOLOGIA DE MAX WEBER .......................185
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185
2 SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO ........................................................................................................186
3 CAPITALISMO E RACIONALIZAÇÃO SOCIAL .......................................................................189
4 CARISMA E DESENCANTAMENTO DO MUNDO ..................................................................194
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................198
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................203
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................204
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................205
X
1
UNIDADE 1
O FUNCIONALISMO DE ÉMILE 
DURKHEIM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• situar as características e os principais aspectos das bases teóricas e 
metodológicas do pensamento sociológico de Émile Durkheim;
• examinar as principais contribuições da teoria da integração de 
Durkheim para a teoria sociológica clássica, a partir da sistematização 
de seus conceitos principais;
• analisar os desdobramentos da teoria sociológica de Durkheim para a 
sociologia, com base em temas cuja sua influência, nas formas de análise, 
persiste nas interpretações contemporâneas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E 
MÉTODO
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA INTEGRAÇÃO PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DA SOCIOLOGIA DE ÉMILE 
DURKHEIM
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico você irá estudar alguns elementos sobre as principais 
teorias e aplicação do método sociológico de acordo com o autor clássico Émile 
Durkheim. Digo alguns elementos porque sua obra é bastante extensa e, mesmo 
sintetizada, nos ocuparia muito tempo de estudo. Conforme for se interessando 
pelas temáticas, procure encontrar as obras sugeridas para que possa prosseguir 
com os estudos sobre o autor.
Iniciaremos pela retomada de sua vida e obra, que você já estudou 
em História da Sociologia, seguindo pela explicação acerca das influências 
positivistas em seu pensamento (e suas teorias). Se você ainda não cursou esta 
disciplina, é essencial saber que a Sociologia surge baseada essencialmente em 
três movimentos: o Renascimento – como marco cultural baseado nos ideais 
iluministas que defendiam a racionalidade humana; a Revolução Francesa – 
enquanto marco político de tomada de poder por parte do povo, ou seja, mudança 
na ordem social; e a Revolução Industrial – que modifica a sociedade feudal 
para uma sociedade industrial. Todas estas mudanças provocaram inúmeros 
problemas sociais com os quais as pessoas não sabiam lidar, e por isso surge a 
necessidade de uma ciência para tentar explicá-los, a ciência sociológica. A partir 
disso surgem autores buscando explicações para a ordem social, e Durkheim é 
um deles.
Após iremos nos aprofundar no conceito de fato social, base para o 
desenvolvimento de seu pensamento sociológico. É a partir deste conceito que 
Durkheim se define com relação a um pensamento que posiciona a sociedade 
como prevalente em referência ao indivíduo. Para finalizar o tópico, veremos o 
método funcionalista em ação em seu pensamento teórico e na busca por uma 
metodologia para a ciência sociológica. 
Novamente reforçamos: estude este tópico pensando que ele é uma síntese 
dos principais pontos a serem estudados quando se fala em Émile Durkheim. 
Não pare por aqui, caminhe pelas obras e teorias deste autor consagrado na 
Sociologia. Para começar, vamos situá-lo no contexto de sua vida, para entender 
o local de onde ele fala. Boa leitura!
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
4
2 VIDA E OBRA
Para começar, vamos entender um pouco sobre a biografia de Émile 
Durkheim: 
Filho, neto e bisneto de rabinos, Émile Durkheim nasceu em 15 de abril 
de 1858. Com 21 anos, ingressou na Escola Normal Superior, principal 
centro de formação da elite intelectual francesa. Entre seus colegas 
mais próximos, destacaram-se Jean Jaurès e Henri Bergson.
Durkheim atingiu a maturidade logo após a derrota da França para a 
Alemanha, na guerra de 1870, e a sangrenta repressão aos trabalhadores 
rebelados na Comuna de Paris. Sob o impacto desses acontecimentos, 
grande parte de sua geração aderiu aos ideais republicanos, laicos 
e universalistas da III República, fornecendo-lhe alguns de seus 
principais quadros intelectuais e políticos.
Ao escolher como objeto de estudo as relações entre a personalidade 
individual e a solidariedade social, Durkheim afasta-se de sua área 
de formação, a filosofia, encaminhando-se para a sociologia. Esta, no 
entanto, ainda não era reconhecida como ciência ou mesmo como 
disciplina acadêmica. Ele se impõe a tarefa de dar forma científica 
(método e corpo) a esse saber, dissociando-o tanto da pregação 
doutrinária dos seguidores de Comte como do ensaísmo eclético de 
Renan e Taine.
Em 1885, como bolsista do governo francês, passa um semestre na 
Alemanha. Assiste aos cursos de Wundt e toma contato com as obras 
de Dilthey, Tönnies e Simmel. Os dois artigos que escreve sobre o 
estado das ciências sociais na Alemanha abrem caminho para que 
seja nomeado, em 1887, professor de pedagogia e ciência social na 
Universidade de Bordéus.
Durkheim permaneceu em Bordéus por 15 anos. Nesse período, 
escreveu e publicou seus principais livros e firmou sua reputação como 
sociólogo. Nas disciplinas de pedagogia, tratou dos temas clássicos da 
área, introduzindo paulatinamente o viés da sociologia da educação. 
Nos cursos de sociologia (os primeiros na universidade francesa e 
um sucesso de público), abordou temas que antecipam os principais 
tópicos de sua obra: a solidariedade social, a família e o parentesco, o 
suicídio, a religião, o socialismo, o direito e a política.
Publica seu primeiro livro, a tese doutoral Da divisão do trabalho 
social, em 1893. Apenas dois anos depois, surgem as regras do métodosociológico, e, em 1897, O suicídio.
Em 1896, funda e dirige uma revista que se tornou rapidamente 
modelo de pesquisa sociológica. Mais que um periódico, L’Année 
Sociologique estabelece um programa sistemático, por meio de uma 
divisão intelectual do trabalho que agrupa talentosos e destacados 
cientistas.
Seu esforço para transformar a sociologia em disciplina acadêmica 
é reconhecido em 1902, com sua nomeação para a Universidade de 
Sorbonne, em Paris: a primeira cátedra de sociologia na França.
O interesse cada vez maior de Émile Durkheim pela sociologia 
do conhecimento e da religião consolida uma inflexão em vida 
intelectual. Em 1912, publica As formas elementares da vida religiosa. 
Após sua morte, em 1917, foram editados novos livros, reunião de 
artigos, como Sociologia e filosofia, ou de suas anotações de cursos: 
Educação e sociologia, O socialismo, Pragmatismo e sociologia, Lições 
de sociologia (DURKHEIM; MUSSE, 2007, p. 76–77).
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
5
FIGURA 1 – ÉMILE DURKHEIM
FONTE: <https://www.comunidadeculturaearte.com/wp-content/uploads/2017/08/emile-
durkheim-589909c93df78caebcf505a41.jpg>. Acesso em: 10 set. 2018.
DICAS
Uma excelente síntese sobre a vida de Durkheim e o 
contexto histórico no qual este autor esteve inserido 
é a introdução da obra Émile Durkheim: Sociologia. É 
uma coletânea de textos do autor organizada por José 
Albertino Rodrigues, publicada em várias edições pela 
Editora Ática. Além disso, este texto também apresenta 
diretrizes gerais da concepção sociológica e da posição 
metodológica do autor. Leitura altamente recomendada!
FONTE:<https://www.estantevirtual.com.br/livros/jose-
albertino-rodrigues/durkheim/683457527>. Acesso em: 
16 jan. 2019.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
6
Para sua localização na obra do autor, segue adiante um mapa conceitual 
trazido nesta obra mencionada anteriormente, muito esclarecedor e que irá 
auxiliá-lo na organização de seus estudos ao longo de toda esta unidade.
FIGURA 2 – MAPA CONCEITUAL DO PENSAMENTO DE ÉMILE DURKHEIM
FONTE: Durkheim e Rodrigues (2006, p. 31)
De posse das informações sobre a vida e obra deste autor, bem como o 
mapa conceitual de suas principais análises, vamos iniciar nossa leitura, na seção 
seguinte, pelo Positivismo, corrente filosófica que influenciou toda a obra deste 
autor. Prossiga!
3 POSITIVISMO
Vamos iniciar nossos estudos aprofundados no autor Durkheim, 
conhecendo as formas de pensar as análises sociais, os métodos propostos para 
a Sociologia, e inevitavelmente para isso passaremos pelas suas obras com base 
positivista.
Durkheim pode ser classificado, especialmente em seus primeiros escritos, 
como um autor do Positivismo — já que pensa as análises sociais como ciência que 
necessitava, à sua época, delimitar seu objeto específico de análise e seu método. 
DIVISÃO
DO
TRABALHO
SUICÍDIO
INDIVÍDUO
ORGÂNICA
GRUPOS E
INSTITUIÇÕES
MECÂNICA
REPRESENTAÇÕES
COLETIVAS
CONSCIÊNCIA
COLETIVA
FISIOLOGIA SOCIAL
MORAL RELIGIÃO
tipo
tipo
Direito
Repressivo
Direito
Restitutivo
A
N
O
M
IA
coerção
coerçãofunções
egoísta
altruísta
an
ôm
ic
o
co
er
çã
o
SOCIEDADE
(complexo integrado 
de fatos sociais) 
SO
L
ID
A
R
IE
D
A
D
E
 S
O
C
IA
L
Sagrado
Profano
MORFOLOGIA SOCIAL
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
7
DICAS
Você já estudou o Positivismo? Caso já tenha cursado 
a unidade curricular História da Sociologia, retome 
os textos desta unidade, pois lá essa temática está 
presente. Se ainda não cursou ou quer aprimorar seus 
conhecimentos sobre o tema, busque a obra O que 
é Positivismo?, de João Ribeiro Junior, publicada na 
coleção Primeiros Passos. Há várias edições e a editora 
é a Brasiliense.
FONTE:<https://www.skoob.com.br/o-que-e-
positivismo-8961ed10233.html>. Acesso em: 16 jan. 
2019.
Para definir de maneira bem simples, Durkheim entendia que a tarefa 
da Sociologia era estudar as instituições sociais, desde seu surgimento às suas 
leis de funcionamento. Ele entendia que eram as instituições que levavam 
ao compartilhamento de comportamentos por parte dos grupos. Todo 
comportamento coletivo, portanto, tinha origem em um sistema de crenças, de 
representações, de formas de pensar a ordem social e interpretar o mundo que 
tinham base nas instituições sociais.
Tente pensar em exemplos... Nos dias atuais, onde você consegue 
visualizar comportamentos coletivos que têm origem nas instituições sociais? 
Muitos rituais das igrejas que são coletivos possuem origem na instituição 
religião: casamentos, batismos, funerais, entre outros. Também conseguimos 
visualizar comportamentos baseados em outras instituições: educação, política, 
família... Pense um pouco sobre estes exemplos.
Você deve ter percebido que estes comportamentos compartilhados sempre 
são baseados em regras externas ao indivíduo, que são assimiladas por ele conforme 
avança sua vida social e sua socialização nos grupos. É isto que Durkheim entendia 
que deveria ser estudado: como esta externalidade das regras impacta a vida 
individual, buscando assim respostas para esta troca indivíduo X sociedade.
Para pensar nestas questões ele baseia-se na ideia de fundar uma ciência 
que estude esta externalidade, encontre as leis de funcionamento da sociedade 
e as descreva. Parte, portanto, da superioridade da ciência como forma de 
conhecimento de mundo, defendida por Comte e pelo Positivismo, e do poder da 
razão humana presente nas análises iluministas.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
8
O Positivismo aparece nas teorias de Durkheim especialmente quando 
ele se defronta com as questões sobre o conhecimento, ou seja, quando ele busca 
entender o que é o objeto da Sociologia e seu método científico. 
IMPORTANT
E
Nas reflexões sobre epistemologia (estudos sobre a teoria do conhecimento), 
portanto, é que você conseguirá buscar elementos para conhecer melhor as influências 
positivistas quando Durkheim lança luz às características científicas da ciência sociológica.
Sell (2002) destaca duas questões que o autor analisa em que se percebe a 
veia positivista atuando. Um primeiro item com qual Durkheim se preocupa é a 
superioridade da sociedade com relação ao indivíduo. 
Para o Positivismo, o objeto condiciona a explicação da realidade, 
portanto, a conclusão do autor é a mesma sobre este tema: a determinação da 
sociedade em relação ao indivíduo, ou, a objetividade predominando com relação 
à subjetividade.
É por isso que ao estudar Durkheim você irá ouvir muito que as explicações 
sociais, para ele, têm fundamento na vida social, ou seja, na sociedade, e não no 
indivíduo. Em termos de representação imagética, temos:
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DA RELAÇÃO INDIVÍDUO X SOCIEDADE PARA DURKHEIM
SOCIEDADE
INDIVÍDUO
FONTE: A autora (2018)
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
9
Durkheim reconhecia que a sociedade não existia sem os indivíduos, mas 
“o que ele desejava ressaltar é que uma vez criadas pelo homem, as estruturas 
sociais passam a funcionar de modo independente dos indivíduos, condicionando 
suas ações” (SELL, 2002, p. 64).
Este funcionamento independente é o que ele visualiza como sendo as 
instituições sociais, como estrutura externa de condicionamento dos indivíduos, 
que possuem regras próprias, dinâmicas próprias, existindo independentes 
daqueles que fazem parte delas. As instituições permanecem mesmo com a 
passagem dos indivíduos por elas. 
Novamente vamos parar para refletir: existem regras e funcionamentos 
próprios da educação que estão aí, desde antes de nascermos, e seguem depois 
de falecermos. Na religião funciona da mesma forma, há regras que sequer 
conseguimos estabelecerquando surgiram na história, de tão antigas que são. 
É esta independência do indivíduo que Durkheim busca destacar, combinados 
regras, diretrizes, funcionamentos que existem antes do indivíduo, durante sua 
vida e sua participação nas instituições, e seguirão depois dele.
Diante da identificação das instituições sociais (atualmente na Sociologia 
se reconhece principalmente os exemplos: Religião, Família e Educação), o autor 
persegue a ideia de que a tarefa da Sociologia é descrever como o todo condiciona 
as partes, ou como a sociedade condiciona os indivíduos. Parte-se, portanto, do 
estudo do objeto, e não do sujeito.
Em todas as obras de Durkheim vamos perceber que este pressuposto 
está presente. Tanto em suas explicações sobre a origem da religião, 
sobre o conhecimento, sobre o comportamento suicida e mesmo sobre 
a divisão social do trabalho; é a sociedade que age sobre o indivíduo, 
modelando suas formas de agir, influenciando suas concepções e 
modos de ver, condicionando e padronizando o seu comportamento. 
Ninguém mais do que Durkheim vai colocar tanta ênfase na força do 
social sobre nossas vidas, procurando sempre ressaltar que, em última 
instância, até mesmo a noção de que nós somos pessoas ou sujeitos 
individuais não passa de uma construção social (SELL, 2002, p. 64).
ESTUDOS FU
TUROS
Para estudar o condicionamento do objeto diante do indivíduo, Durkheim 
apresentou o conceito de Fato Social, central para o entendimento de sua teoria sociológica. 
Teremos uma seção específica para tratar deste conceito, dada sua importância.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
10
Seguimos agora com o segundo item onde a influência positivista se 
manifesta nas obras durkheimianas, trata-se de um método científico desenvolvido 
para as ciências sociais ou, mais especialmente, para a Sociologia. Se o objeto de 
estudos é a sociedade, a partir da objetividade, então era preciso também definir 
um método para esta ciência. Para tal, seguiremos com a interpretação do autor 
Sell (2002).
Uma das principais intenções de Durkheim, elencada, inclusive, como 
uma das principais contribuições deste teórico para a Sociologia — e que 
contribuiu para que este fosse considerado um autor clássico —, foi o seu esforço 
em consolidar o espaço científico da ciência sociológica.
E foi para fixar esta ciência que ele se concentrou tanto no método. Resgate 
em sua mente, qual o modelo ideal de método científico para o Positivismo? 
Lembrou? O método das ciências naturais. Em função disso, Durkheim se 
concentrou em verificar como o método das ciências naturais poderia ser uma 
referência para as ciências sociais.
Para isso, o primeiro item que ele identifica ser fundamental é o 
distanciamento do pesquisador com relação ao seu objeto de análise, ou seja, 
os fenômenos sociais deveriam ser considerados como coisas. “Ao equiparar os 
fenômenos sociais a ‘coisas’, Durkheim partia do princípio de que a realidade 
social é idêntica à realidade da natureza e que, portanto, equipara-se também aos 
fenômenos por ela estudados” (SELL, 2002, p. 65).
Segundo seu raciocínio, se as coisas naturais podem ser estudadas 
independentes da ação humana, as coisas sociais também poderiam ser. O cientista 
teria a tarefa de buscar regularidades, distinções, semelhanças, princípios. Para 
isso, o primeiro passo seria que o cientista libertasse suas pré-noções, ou melhor, 
aquilo que já conhecia ou interpretava sobre o fenômeno, analisando-o de forma 
objetiva e baseado em suas características exteriores (objetivando o fenômeno).
Esta aproximação do objeto social com o objeto natural, entendendo 
ambos como coisas, permitiu que Durkheim defendesse que o método de estudo 
poderia ser o mesmo para ambas as tipologias científicas.
Ou seja, o papel da sociologia consiste em “registrar” da forma mais 
imparcial possível a realidade pesquisada (o objeto), tal como naquelas 
ciências. Cabe ao pesquisador apenas fazer um retrato da realidade 
pesquisada, pois ela é uma realidade objetiva, tão objetiva como 
qualquer “coisa” da natureza. Na percepção sociológica de Durkheim, 
portanto, a realidade (objeto) é que se impõe ao sujeito (observador), 
por isso, as ciências sociais deveriam adotar o mesmo método que as 
ciências da natureza (SELL, 2002, p. 65).
Toda esta dinâmica de análise foi sintetizada por Tura (2006), conforme 
segue:
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
11
Enfim, na visão durkheimiana só se poderia pensar no estudo dos 
fenômenos sociais no campo da ciência se fosse possível concebê-los 
como algo de real e existente fora das consciências particulares, ou 
seja, como realidade coletiva, externa ao indivíduo, que o ultrapassa 
e se impõe sobre ele. Para Durkheim, as sociedades, assim como os 
fenômenos naturais, são ordenadas e reguladas por certas leis ou 
tendências gerais e necessárias e que, por isso, se deve proceder à análise 
das relações de causa e efeito entre os fenômenos sociais. É assim que se 
pode antever algumas tendências futuras.
Em seus diversos textos, Durkheim se mostrou preocupado em dar 
indicações minuciosas de seus procedimentos de análise e em apresentar 
os limites de seu trabalho, posto que, segundo ele, estava lidando com 
uma ciência jovem que tinha que se ater a um conjunto ainda precário de 
dados acumulados e a um desenvolvimento teórico ainda iniciante. Por 
isso, acreditava que seria mais viável naquele momento a investigação 
de normas cristalizadas, instituições consolidadas e sistemas de regras 
morais estabelecidas.
Os métodos de investigação das ciências naturais, já bastante 
desenvolvidos no século XIX, foram a base de onde partiu. Essa gênese 
marcou muito a linguagem de sua sociologia e do que se produziu 
posteriormente. Pode-se notá-la em termos recorrentes com: espécies de 
sociedade, sistemas, organismo social, funções e formas de regulação. 
Os métodos experimentais da psicologia, a que Durkheim teve bastante 
acesso participando de atividades de laboratório, também tiveram 
influência em seu pensamento. Contudo, este interessado em distinguir 
os métodos e as leis próprias da sociologia, sempre se referindo à 
natureza sui generis da sociedade e, portanto, a impossibilidade de 
redução dos fatos sociais aos fatos psicológicos e afirmando que os fatos 
sociais só podem ser explicados por outros fatos sociais.
A sociologia é para Durkheim a ciência das instituições sociais, de sua 
gênese e seu funcionamento. Instituições, no caso, entendidas em seu 
sentido largo que abrange também as crenças, valores e comportamentos 
instituídos. Por isso, ele pensou que a sociologia podia e devia auxiliar 
na compreensão das instituições pedagógicas e a “conjeturar o que 
devem ser elas, para o melhor resultado do próprio trabalho”. Esta 
compreensão deve conduzir o pesquisador à análise de práticas sociais. 
Pode-se verificar isto quando afirma que “os estudos devem recair sobre 
fatos que conheçamos, que se realizem e sejam passíveis de observação” 
(TURA, 2006, p. 33–35).
O método que estava no auge da discussão científica na época de Durkheim 
era o chamado método funcionalista, e foi nele que o autor encontrou material 
para solucionar seus anseios com relação aos objetos sociológicos, e com relação 
especialmente ao método de análise.
NOTA
Iremos estudar o Funcionalismo em uma seção específica mais adiante, por hora 
é importante que você saiba que é uma forma de explicação da ordem social que entendia 
o funcionamento e a dinâmica sociais análogas ao funcionamento do corpo humano. Cada 
grupo social, portanto, possuía uma função no organismo – que deveria ser cumprida para 
que o todo funcionasse harmonicamente.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
12
Por isso, é possível classificar parte da obra de Durkheim como sendo 
fruto de um pensamento funcionalista, e é o que iremosestudar mais adiante. 
Enquanto prossegue com a leitura, tenha em mente sempre essa tentativa de 
aproximação do método com as ciências naturais e a importância da objetividade 
do pesquisador em suas análises sociais. Assim irá compreender o quanto este 
pensamento interfere na Sociologia até os dias contemporâneos. 
Antes de conhecer o detalhamento de seu pensamento funcionalista, 
vamos destrinchar o conceito de Fato Social, base para o entendimento deste 
método e da objetividade prevista por Durkheim para o analista social. Mas 
antes, uma indicação de leitura!
DICAS
Para conhecer o pensamento durkheimiano sobre o 
método científico da Sociologia, nada melhor do que as 
palavras do próprio autor. Veja, portanto, a obra “As regras 
do método sociológico”, do próprio Émile Durkheim, 
traduzida e publicada por diferentes editoras no Brasil. 
Uma edição compacta e barata pode ser a da Coleção 
A Obra-Prima de Cada Autor, Editora Martin Claret, cuja 
imagem de capa está ao lado.
FONTE:<https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/
ciencias-sociais/sociologia/as-regras-do-metodo-
sociologico-3055247>. Acesso em: 16 jan. 2019.
4 FATO SOCIAL
Em seus estudos básicos de Sociologia no Ensino Médio você já deve ter 
se aproximado do conceito de Fato Social. É uma das noções mais presentes na 
sociologia durkheimiana, e como explica boa parte de seu pensamento social, 
é utilizada com bastante frequência. Nesta seção iremos nos aprofundar no 
entendimento deste conceito, amparados pelas obras do autor e por sistematização 
de outros autores. 
Lembre-se, é essencial que você busque conhecer as próprias obras do 
autor, pois são clássicos, ou seja, um autor de base para quem estuda Sociologia. 
Nada melhor do que ter acesso às obras originais e interpretá-las a partir de sua 
vivência e seus estudos.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
13
Diante disso, nosso primeiro pressuposto é de que os fatos sociais são o 
objeto de estudo dos sociólogos. São eles que o pesquisador deve buscar descrever 
e interpretar, pois a partir deles é possível entender a sociedade como coisa, como 
ente externo ao cientista, garantindo a tão importante neutralidade — conforme 
vimos na seção anterior.
IMPORTANT
E
O objeto formal da Sociologia, portanto, para Durkheim, são os fatos sociais!
Ele define fato social no livro que indicamos anteriormente, logo em seu 
início: 
É um fato social toda a maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer 
sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou ainda, que é geral no 
conjunto de uma dada sociedade, tendo, ao mesmo tempo, uma 
existência própria, independente das suas manifestações individuais 
(DURKHEIM, s.d. apud MUSSE, 2006, p. 93).
É no fato social que Durkheim materializa, portanto, a exterioridade da vida 
social no indivíduo, o condicionamento que este sofre em seus comportamentos, 
reconhecendo a coerção da sociedade para com as ações individuais.
A tirinha a seguir (Figura 4) explica uma situação como esta, veja:
FIGURA 4 – TIRINHA: EXTERIORIDADE DA VIDA SOCIAL
Mãe, quero
fazer uma
mecha verde
no cabelo.
Pra
quê?!
É para
expressar 
a minha
individualidade!
E tá todo
mundo
fazendo!
FONTE: <https://blogdoenem.com.br/pensadores-sociologia-emile-durkheim/>. Acesso em:
 20 set. 2018.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
14
Reconhecendo estas características próprias nos fatos sociais, sua 
influência nas ações, pensamentos e sentimentos das pessoas, Durkheim defende a 
necessidade de uma ciência que compreenda a ordem social a partir de um método 
científico, que consiga chegar em suas leis específicas de funcionamento. Não 
poderia ser o mesmo método da Psicologia, por exemplo, já que o entendimento 
psicológico pode ser feito por meio da introspecção.
Da perspectiva do autor, a sociedade não é o resultado de um somatório 
dos indivíduos vivos que a compõem ou de uma mera justaposição 
de suas consciências. Ações e sentimentos particulares, ao serem 
associados, combinados e fundidos, fazem nascer algo novo e exterior 
àquelas consciências e às suas manifestações. E ainda que o todo só 
se forme pelo agrupamento das partes, a associação “dá origem ao 
nascimento de fenômenos que não provêm diretamente da natureza 
dos elementos associados” (BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 
2002, p. 62). 
É em função desta definição que Durkheim distingue as consciências 
individuais da consciência coletiva. A sociedade não é apenas a soma dos 
indivíduos, mas sim uma síntese, um todo com forças que as particularidades não 
apresentam. As formas de agir coletivas são diferentes das quais os indivíduos 
utilizariam como referência se estivessem sozinhos.
Ainda para explicar com mais detalhes os fatos sociais:
Os fatos sociais podem ser menos consolidados, mais fluidos, são 
as maneiras de agir. É o caso das correntes sociais, dos movimentos 
coletivos, das correntes de opinião “que nos impelem com intensidade 
desigual, segundo as épocas e os países, ao casamento, por exemplo, 
ao suicídio, a uma natalidade mais ou menos forte etc.” Outros fatos 
têm uma forma já cristalizada na sociedade, constituem suas maneiras 
de ser: as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas 
financeiros, o sentido das vias de comunicação, a maneira como 
se constroem as casas, as vestimentas de um povo e suas inúmeras 
formas de expressão. Eles são, por exemplo, os modos de circulação de 
pessoas e de mercadorias, de comunicar-se, vestir-se, dançar, negociar, 
rir, cantar, conversar etc., que vão sendo estabelecidos pelas sucessivas 
gerações. Apesar de seu caráter ser mais ou menos cristalizado, tanto 
as maneiras de ser quanto de agir são igualmente imperativas, coagem 
os membros das sociedades a adotar determinadas condutas e formas 
de sentir. Por encontrar-se fora dos indivíduos e possuir ascendência 
sobre eles, consistem em uma realidade objetiva, são fatos sociais 
(BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, p. 63). 
Da definição de fato social, Durkheim destaca três características que 
nos auxiliam a compreender os mesmos: a exterioridade, a coercitividade e a 
objetividade. Vamos pontuar cada uma delas:
• Exterioridade: as formas de agir sempre são determinadas pela sociedade, e 
não pelo indivíduo, ou seja, são exteriores.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
15
• Coercitividade: os fatos sociais exercem coerção sobre os indivíduos, ou seja, 
são impostos a eles pela sociedade.
• Objetividade: a existência de formas de agir coletivas se dá independente do 
indivíduo, ou seja, os fatos sociais existem, independentemente de quem forma 
o grupo naquele momento.
Deste modo, podemos compreender o quanto o indivíduo é produto da 
sociedade nas análises de Durkheim, sendo que esta deve ser a perspectiva de 
análise para o entendimento dos comportamentos compartilhados, a ideia da 
prevalência da sociedade com relação ao indivíduo.
Para explicar a exterioridade e objetividade dos fatos sociais, ele 
argumenta que a internalização das formas de agir coletivas só ocorre por meio 
de um processo educativo, ou seja, por meio de um processo de internalização. 
A este processo damos o nome de socialização, outro conceito da Sociologia que 
certamente permeará seus estudos futuros sobre Sociologia da Educação.
O processo educativo insere o indivíduo nas regras sociais, que ensinam 
ao novo ser os comportamentos aceitos ou rejeitados, que, aos poucos, fazem 
com que ele sinta, pense e interprete como seu grupo. “Com o tempo, as crianças 
vão adquirindo os hábitos que lhes são ensinados e deixando de sentir-lhes a 
coação, aprendem comportamentos e modos de sentir dos membros dos grupos 
dos quais participam” (BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, p. 63). 
Esta internalização ocorre por meio do processo educativo e conforma 
o indivíduono pensamento do grupo, gerando representações coletivas e 
representações individuais. A associação de ideias, percepções, sentimentos, 
estados, como já dissemos, a “síntese”, faz com que existam representações que 
são compartilhadas sobre o próprio grupo, sobre o mundo. Elas são expressas 
em regras morais, padrões de beleza, lendas, mitos, religiões, entre outros. Estas 
representações coletivas, também chamadas de consciência coletiva, são exemplos 
de fatos sociais.
Eles são perceptíveis também no conjunto de valores dos grupos, pois 
“eles também possuem uma realidade objetiva, independente do sentimento ou 
da importância que alguém individualmente lhes dá; não necessitam expressar-
se por meio de uma pessoa em particular ou que esta esteja de acordo com eles” 
(BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, p. 64). 
A coercitividade é trazida por Durkheim quando explica como os 
fatos sociais exercem autoridade específica sobre os indivíduos, materializada 
em diferentes obstáculos, impostos a quem realizar ações que contrariam as 
convenções do grupo.
Como exemplo, podemos pensar em uma pessoa que tenta usar um 
idioma diferente do local, uma moeda diferente, viola uma regra ou resiste a uma 
lei. Ela sofre punições e/ou sanções, institucionalizadas no Estado, ou mesmo de 
pessoas do próprio grupo.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
16
Ele tropeçará com os demais membros da sociedade que tentarão 
impedi-lo, convencê-lo ou restringir sua ação, usarão de punições, 
da censura, do riso, do opróbrio e de outras sanções, incluindo a 
violência, advertindo-o de que está diante de algo que não depende 
dele. Quando optamos pela não submissão, “as forças morais contra as 
quais nos insurgimos reagem contra nós e é difícil, em virtude de sua 
superioridade, que não sejamos vencidos. [...] estamos mergulhados 
numa atmosfera de ideias e sentimentos coletivos que não podemos 
modificar à vontade (BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, 
p. 64). 
A dificuldade de modificação de regras, a existência de sanções e punições 
para quem avança de uma forma diferente do grupo, é o poder de coercitividade 
dos fatos sociais sendo exercido. Durkheim reconhece que é possível que 
haja modificações, mas para isso é necessário que os comportamentos sejam 
combinados, que as ações de mudanças sejam também coletivas. Assim os fatos 
sociais são reformados e podem sofrer modificações.
A ação transformadora é tanto mais difícil quanto maior o peso ou 
a centralidade que a regra, a crença ou a prática social que se quer 
modificar possuam para a coesão social. Enquanto nas sociedades 
modernas, até mesmo os valores relativos à vida - o aborto, a 
clonagem humana, a pena de morte ou a eutanásia - podem ser postos 
em questão, em sociedades tradicionais, os inovadores enfrentam 
maiores e às vezes insuperáveis resistências (BARBOSA; OLIVEIRA; 
QUINTANEIRO, 2002, p. 65). 
Os fatos sociais surgem a partir de causas externas, que vão se moldando 
na interação dos grupos e dos indivíduos que compõem os grupos, adicionando a 
esta interação as consciências individuais plurais, cuja síntese forma a consciência 
coletiva.
Tura (2006) apresenta uma dimensão importante, destacada por Durkheim 
acerca dos fatos sociais, os quais, muitas vezes, são ignorados por nossa própria 
consciência individual. Ela explica:
Os fatos sociais são também coisas ignoradas, posto que, apesar 
de estarmos convivendo com eles, os apreendemos a partir de 
formas não metódicas, de uma penetração acrítica, de impressões 
confusas. Para conhecê-los cientificamente é necessário que se utilize 
criteriosamente o método científico e se vão realizando procedimentos 
ligados à observação, à experimentação, à análise do tempo histórico 
e social de constituição dos fenômenos sociais. Dessa forma, se está 
intentando estudar como as coisas se dão no contexto de seu tempo 
e espaço, marcado pelas crenças e valores de uma organização social 
que determina formas de ver, sentir e pensar, que são forjadoras 
de símbolos que se imbricam na consciência coletiva e produzem 
representações coletivas (TURA, 2006, p. 37).
Antes de adentrarmos os métodos para estudo dos fatos sociais, vamos 
ao autor para conhecer como este define fato social e apresenta o conceito em sua 
obra, veja a leitura sugerida no Uni. 
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
17
DICAS
A leitura complementar desta unidade apresenta o texto do próprio Durkheim, 
extraído da obra As Regras do Método Sociológico, intitulado O que é fato social? Sugiro que 
você faça esta leitura antes de prosseguir com os estudos deste tópico.
5 FUNCIONALISMO
Reconhecendo a superioridade da sociedade com relação ao indivíduo, 
e que as ciências sociais deveriam buscar desenvolver um método similar aos 
métodos das ciências da natureza, Durkheim se aproximou da biologia para 
pensar uma possibilidade de método para a Sociologia. Com isto ele se aproxima 
das ideias de Herbert Spencer, o qual afirmou que natureza e sociedade obedecem 
à mesma lei geral: a lei da evolução (SELL, 2002).
Toda a explicação funcionalista não é uma criação de Durkheim, mas sim 
fruto da influência que esta teoria possuía na biologia, reinterpretada por Spencer 
a partir das obras evolucionistas de Charles Darwin. A ciência daquela época 
estava influenciada pelas maneiras de pensar baseadas no Evolucionismo.
NOTA
O Evolucionismo é uma corrente de pensamento presente na Antropologia, que 
entende a existência de uma unidade psíquica nos seres humanos, pelo aspecto cultural, e 
que em função disso os grupos sociais possuiriam estágios de desenvolvimento socioculturais 
pelos quais deveriam passar.
Definido, portanto, o fato social como objeto formal dos estudos 
sociológicos, Durkheim debruçou-se sobre o método. Ele precisava definir como 
ocorreria o estudo dos fatos sociais, como garantir a neutralidade científica que 
almejava, e foi a partir destas reflexões que ele se aproximou de uma metodologia 
funcionalista.
No estudo da vida social, uma das preocupações de Durkheim 
era avaliar qual método permitiria fazê-lo de maneira científica, 
superando as deficiências do senso comum. Conclui que ele deveria 
assemelhar-se ao adotado pelas ciências naturais, mas nem por isso ser 
o seu decalque, porque os fatos que a Sociologia examina pertencem ao 
reino social e têm peculiaridades que os distinguem dos fenômenos da 
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
18
natureza. Tal método deveria ser estritamente sociológico. Com base 
nele, os cientistas sociais investigariam possíveis relações de causa 
e efeito e regularidades com vistas à descoberta de leis e mesmo de 
“regras de ação para o futuro”, observando fenômenos rigorosamente 
definidos (BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, p. 65). 
Segundo Durkheim, os fatos sociais não existem apenas sem razão de 
ser, mas cumprem uma função dentro do sistema social. É preciso, portanto, 
investigar não apenas as causas que os levam a serem produzidos, mas também 
a função que desempenham. Explicar os fatos sociais seria, então, demonstrar a 
função que estes exercem.
Para isso, seria preciso inicialmente pesquisar as causas que levaram 
o fato social a surgir, ou seja, não buscar no futuro, e sim no passado, quais 
motivos fizeram com que esta forma de agir coletiva existisse. As análises sobre 
o surgimento da prática social deveriam vir seguidas de investigação sobre a sua 
utilidade social. A função seria determinada pela análise da utilidade projetada 
no fato social, ou seja, para quê exatamente servia esta prática social.
Esta seria a dinâmica de pesquisa que deveria ser aplicada pela sociologia 
segundo Durkheim, e assim seria possível determinar a função exercida pelos 
fatos sociais no grupo ao qual estava vinculado. Desta maneira, pensando as 
funções, Durkheim comparaa sociedade com um corpo, um organismo vivo. 
Lakatos e Marconi definem:
O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade como 
uma estrutura complexa de grupos ou indivíduos, reunidos numa 
trama de ações e reações sociais; de outro, como um sistema de 
instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em 
relação às outras. Qualquer que seja o enfoque, fica claro que o 
conceito de sociedade é visto como um todo em funcionamento, um 
sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é compreendido 
como funções no complexo de estrutura e organização (LAKATOS; 
MARCONI, 1990, p. 35).
Nos corpos, cada órgão cumpre uma função. Assim também seria na 
sociedade, segundo ele, cada segmento cumprindo uma função. As partes 
existiriam para cumprir funções essenciais para a existência do todo, reforçando 
novamente a percepção de um todo predominando sobre as partes (SELL, 2002).
Sell (2002, p. 69) propõe um exercício listando as instituições sociais, para 
você pensar quais são as funções sociais que cada uma exerce:
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
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QUADRO 1 - EXEMPLOS DE INSTITUIÇÕES SOCIAIS
FAMÍLIA RELIGIÃO EMPRESA ESCOLA
EXÉRCITO LEIS GOVERNO LAZER
FONTE: Sell (2002, p. 69)
Determinando a função de cada instituição é possível explicar sua existência 
e entender as formas de agir coletivas que cada uma determina, gerando fatos 
sociais e entendendo sua contribuição para o bom funcionamento da sociedade. 
A escola, por exemplo, cumpre a função de socialização dos indivíduos mais 
jovens nas diretrizes e comportamentos já estabelecidos pelos mais velhos, além 
de socializar o novo indivíduo com outros. 
É na determinação da função social que estas instituições cumprem 
que a metodologia funcionalista procura explicar sua existência, bem 
como das nossas formas de agir, ou, como queria Durkheim, dos fatos 
sociais. Esta é a essência da metodologia funcionalista, que apesar 
das inovações e aprofundamentos posteriores, constitui até hoje seu 
núcleo de ideias básicas (SELL, 2002, p. 69).
O método proposto por Durkheim para entender as funções das instituições 
era baseado na comparação, entendendo diferentes modos de organização social 
e tempos históricos diversos, e assim, buscando comparar suas diferenças e 
regularidades. As combinações de fatos e causalidades, portanto, poderiam 
auxiliar na determinação de causas e efeitos, traduzindo as funções.
Outro aspecto fundamental da teoria funcionalista durkheimiana era a 
ideia de pensar não apenas no conceito de sociedade, mas sim de sociedades, 
no plural. Isto porque a analogia feita era de que haveria diferentes formas de 
sociedades, passíveis de classificações em espécies, assim como os vegetais e 
animais podem ser classificados na biologia.
Seria possível, por meio do método comparativo, encontrar sociedades 
que se aproximam e estabelecer tipologias. Utilizando a observação criteriosa 
e a descrição minuciosa, poderiam ser observados tipos de família, tipos de 
religião, tipos de educação, atuando com similaridades, mas em “espécies” 
diferentes de sociedades. O foco, para tal, precisa ser direcionado à identificação 
de homogeneidades e regularidades.
Da mesma maneira, seria possível identificar quando alguma função social 
não está sendo cumprida corretamente pela instituição à qual está vinculada, e 
identificar as chamadas patologias sociais. Uma patologia ocorreria, portanto, na 
situação em que o órgão responsável estivesse com problemas para desempenhar 
seu papel, dificultando a manutenção da harmonia de todo o sistema. Vejamos:
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
20
Para explicar um fenômeno social, deve-se procurar a causa que o 
produz e a função que desempenha. Procura-se a causa nos fatos 
anteriores, sociais e não individuais; e a função, através da relação 
que o fato mantém com algum fim social. Durkheim, ao estabelecer 
as regras de distinção entre o normal e o patológico, propôs: um 
fato social é normal, para um tipo social determinado, quando 
considerado numa determinada fase de seu desenvolvimento, desde 
que se apresente na média das sociedades da mesma categoria, e na 
mesma fase de sua evolução. Esta regra estabelece uma norma de 
relatividade e de objetividade na observação dos fatos sociais, como 
foi ilustrado em sua obra sobre o suicídio. Demonstra, também, que 
certos fenômenos sociais, tidos como patológicos, só o são à medida 
que ultrapassam uma taxa dita "normal", em determinado momento, 
em sociedades de mesmo nível ou estágio de evolução (LAKATOS; 
MARCONI, 1990, p. 47).
As disfunções sociais são consideradas normais em todas as sociedades, 
no entanto, o patológico é definido como uma função doente, que pode colocar 
em risco a existência do grupo, a destruição. Seria necessário ao investigador 
verificar, em cada espécie de sociedade, o que é patológico em seu contexto. Como 
exemplo, é possível citar a criminalidade, sempre existente em grupos sociais, 
mas que dependendo do tipo e das taxas, passa a ser uma patologia.
A sociologia, neste caso, teria um papel fundamental na medida em que 
ela deveria identificar qual parte do corpo não está mais integrada ao todo em 
pleno funcionamento, para que a sociedade pudesse ajustar o que fosse necessário, 
restaurando seu equilíbrio.
Estas ideias, infelizmente, levaram a sociologia de Durkheim a uma 
visão política profundamente conservadora. Como a sociedade era 
comparada com um corpo, não fazia sentido transformá-la. Para a 
sociologia, a única solução possível para os problemas era “preservar” 
(conservar) a sociedade, assim como o médico deve preservar o corpo 
dos pacientes. Se existe algum problema, não há como mudar todo 
o conjunto da sociedade: a única solução possível seria restaurar o 
funcionamento das partes ou mesmo eliminar o problema. A tradição 
funcionalista, portanto, coloca toda ênfase no equilíbrio e na integração 
social, e todas as formas de conflito ou de contestação são vistas como 
desvios e anomalias que precisam ser eliminadas. Desta forma, os 
movimentos que contestam a ordem vigente e buscam a mudança 
não encontram respaldo nesta teoria, pois ela está comprometida com 
a ordem vigente e com sua preservação. Trata-se, portanto, de um 
projeto político conservador (SELL, 2002, p. 85).
Diante destas analogias com o método biológico, é possível identificar 
o viés de pensamento estabelecido por Durkheim ao ser influenciado pelo 
Funcionalismo. Mais adiante, sua forma de pensar passa a ser chamada de 
Estrutural-funcionalismo, em distinção a outras correntes sociológicas que 
utilizam a metodologia funcionalista para interpretação da ordem social.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM: TEORIA E MÉTODO
21
Até aqui você viu os principais aspectos teóricos e metodológicos do 
pensamento durkheimiano. Para fechar, sugiro um vídeo indicado no UNI 
a seguir, e no próximo tópico você irá se aprofundar no estudo da Teoria da 
Integração deste autor.
DICAS
Para finalizar este tópico, veja o vídeo Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, 
disponível na plataforma Youtube, uma aula produzida pela Universidade Virtual do Estado de 
São Paulo – UNIVESP, sobre Durkheim. 
Você poderá acessá-lo em: <https://www.youtube.com/watch?v=SMaxxNEqk7U>.
22
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A teoria sociológica de Durkheim e seu método foram desenvolvidos a partir 
de influências positivistas.
• Ele buscou interpretar como a externalidade das regras impacta a vida 
individual, buscando assim respostas para esta troca indivíduo X sociedade.
• É no conceito de fato social que Durkheim materializa a exterioridade da vida 
social no indivíduo, reconhecendo a coerção da sociedade para com as ações 
individuais.
• Os fatos sociais possuem como características: exterioridade, coercitividade e 
objetividade.• Reconhecendo que as ciências sociais deveriam buscar desenvolver um método 
similar aos métodos das ciências da natureza, Durkheim se aproximou da 
biologia para pensar uma possibilidade de método para a Sociologia.
• Os fatos sociais cumprem uma função dentro do sistema social. É preciso 
investigar não apenas as causas que os levam a serem produzidos, mas também 
a função que desempenham no sistema social.
RESUMO DO TÓPICO 1
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1 A teoria sociológica de Durkheim é marcada pela observação das relações 
entre indivíduo e sociedade, enfatizando a prevalência da sociedade diante 
do indivíduo, manifesta em diferentes fatos sociais. Sobre as principais 
influências sofridas por Durkheim para o desenvolvimento de seu 
pensamento sociológico, analise as seguintes sentenças:
I- O Positivismo influenciou o pensamento de Durkheim quando este buscou 
um método adequado para a análise social, a fim de torná-la científica.
II- A objetividade defendida pelo Positivismo aparece nas obras de Durkheim 
quando ele afirma a determinação da sociedade no comportamento do 
indivíduo.
III- A neutralidade científica defendida pelo Positivismo não seria possível nas 
análises sociais, já que o pesquisador é também parte de seu objeto de estudos.
IV- O método adequado para a sociologia deveria ser buscado com base nos 
métodos das ciências naturais, mais precisamente a química.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
b) ( ) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
2 É no desenvolvimento da noção de fato social que Durkheim materializa a 
exterioridade da vida social no indivíduo, o condicionamento que este sofre 
em seus comportamentos, reconhecendo a coerção da sociedade para com 
as ações individuais. Sobre as características do fato social, associe os itens, 
utilizando o código a seguir:
I- Exterioridade.
II- Coercitividade.
III- Objetividade.
( ) Os fatos sociais são impostos a ele pela sociedade.
( ) As formas de agir são determinadas pela sociedade e não pelos indivíduos.
( ) As formas de agir coletivas existem independentes do indivíduo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I - III - II.
b) ( ) II - I - III.
c) ( ) I - II - III.
d) ( ) III - I - II.
AUTOATIVIDADE
24
25
TÓPICO 2
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA INTEGRAÇÃO PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Agora que você já compreendeu como funciona a lógica do pensamento 
durkheimiano, entendendo as influências positivistas e o funcionamento do 
método funcionalista, além da centralidade do conceito de fato social em suas 
análises sociais, é hora de nos debruçarmos sobre o estudo de algumas noções de 
base de seu arcabouço conceitual.
Durkheim desenvolveu importantes conceitos a partir da busca de uma 
explicação funcionalista para as dinâmicas sociais. Boa parte deste material ainda 
é utilizado na Sociologia atualmente, muitas vezes reinterpretado por autores 
contemporâneos. 
Como já frisamos, sua obra é muito vasta, portanto, neste tópico você verá 
um recorte dos principais conceitos para entender a lógica da teoria da integração 
social a partir da visão de Durkheim. Para este autor, é determinante que o 
sociólogo interprete a forma pela qual o indivíduo se integra em seus grupos 
sociais para que se possa apreender o funcionamento da ordem social.
A teoria da integração passa pela divisão do trabalho social, uma parte, 
muito famosa, do pensamento durkheimiano. Acreditamos que você já tenha lido 
ou ouvido algo em seus estudos até aqui. Portanto, é hora de conhecer detalhes e 
se aprofundar neste conjunto teórico! Para este caminhar, passaremos pela divisão 
do trabalho social através dos conceitos de: solidariedade mecânica, consciência 
coletiva, solidariedade orgânica e anomia. Boa leitura!
2 DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
Considerado uma das primeiras grandes obras de Durkheim, o livro A divisão 
social do trabalho, escrito em 1893, pode ser tido como uma análise sobre as relações 
dos seres humanos com o trabalho, e o impacto deste na vida social dos grupos. 
Para sermos mais específicos, ele busca compreender, dentro da lógica da sociedade 
moderna, a função que é exercida pela chamada divisão social do trabalho.
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
26
Ou seja, as ditas sociedades simples, primitivas, não possuíam a 
centralidade de suas atividades no trabalho, ou, ao menos, este não era 
determinante e relacionado diretamente com a forma de suas relações sociais. 
Mas no caso das sociedades complexas, modernas, o trabalho torna-se o centro 
gerador das demais relações, é sua forma que determina e influencia como os 
integrantes de um grupo se relacionam naquele momento. 
Por conta disso, para Durkheim, era essencial compreender a dinâmica 
de funcionamento e a divisão das funções que ocorriam no mundo do trabalho, 
pois estas se espalhavam para além deste espaço, inclusive gerando processos de 
diferenciação social entre os sujeitos.
NOTA
Uma pausa na teoria para um destaque: você consegue imaginar o quanto este 
raciocínio é importante para uma obra sociológica? Durkheim fez o movimento de relacionar 
formas de diferenciação no trabalho com formas de diferenciação social, ou seja, buscando 
compreender as trocas ocorridas no microcosmo (trabalho) que modificavam as formas de 
existência do macrocosmo (sociedade). Não é à toa que esta obra é estudada até hoje, e que 
auxilia a compreender as bases da teoria sociológica durkheimiana.
Voltando... Para entendermos como ele analisa a função desta divisão 
social do trabalho, vamos precisar de dois conceitos: solidariedade orgânica e 
solidariedade mecânica. Você já deve ter ouvido falar em ambos, digamos que 
são famosíssimos conceitos cunhados por Durkheim. Não temos como estudar 
seu pensamento e obras sem passar pela noção de solidariedade.
Antes de prosseguir, reflita sobre o significado de solidariedade. Um 
deles, se formos buscar no dicionário, é: “Sentimento de amor ou compaixão 
pelos necessitados ou injustiçados, que impele o indivíduo a prestar-lhes ajuda 
moral ou material” (MICHAELIS, 2018, s.p.). Este é o significado mais comum 
que utilizamos quando falamos de solidariedade. No entanto, na sociologia, não 
estamos nos referindo a um sentimento quando falamos nesta palavra, e sim 
uma situação social na qual existe compartilhamento de ações e pensamentos por 
grupos sociais. Então lembre-se, quando falarmos de solidariedade a seguir, não é 
sobre o sentimento com relação aos desfavorecidos, e sim sobre comportamentos 
coletivos de grupos sociais, certo?
Neste sentido, podemos buscar no dicionário mencionado uma definição 
sociológica: “Estado ou situação de um grupo que resulta do compartilhamento 
de atitudes e sentimentos, tornando o grupo uma unidade mais coesa e sólida, 
com a capacidade de resistir às pressões externas” (MICHAELIS, 2018, s.p.). 
TÓPICO 2 | CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA INTEGRAÇÃO PARA A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
27
Agora sim, temos uma definição relacionada com os estudos de Durkheim, que 
pensava a solidariedade como o laço de coesão entre os grupos.
A seguir, vamos estudar individualmente a solidariedade mecânica 
e a solidariedade orgânica, e voltaremos, depois, a analisar a divisão social 
do trabalho, pois, para entendê-la, você precisa consolidar primeiro estes dois 
conceitos. Prossigamos!
2.1 SOLIDARIEDADE MECÂNICA
Para Durkheim, uma forma de laço possível entre os indivíduos, e 
que determina o nível de evolução social de um grupo e/ou sociedade, é a 
solidariedade mecânica. Sempre que você pensar em solidariedade mecânica, 
lembre-se de que ela está associada a outro conceito importante na obra dele, o 
de consciência coletiva.IMPORTANT
E
A existência da consciência coletiva no grupo permite o predomínio da 
solidariedade mecânica como base para as relações sociais, procure fixar esta relação 
conceitual em sua mente durante seus estudos. Um conceito é interdependente do outro 
na obra de Durkheim.
A consciência coletiva é definida como: “um conjunto de crenças e 
sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma 
um sistema determinado que tem vida própria” (DURKHEIM, s.d. apud SELL, 
2002, p. 72). Veja que aqui aparece a externalidade do fenômeno, a determinação 
de comportamentos compartilhados a partir de estruturas externas, marca da 
teoria sociológica durkheimiana — como vimos no tópico anterior.
A vida em comum, cujo vínculo se dá a partir da solidariedade mecânica, 
é baseada nesta externalidade do grupo com relação ao indivíduo. Pouco aparece 
o individual nas relações, a dominação que gera a coesão social é de predomínio 
do grupo.
Segundo Sell (2002), a explicação para que os indivíduos vivam em 
sociedade é justamente o compartilhamento de uma cultura comum, carregada 
de itens que, de certa maneira, obrigam o indivíduo a participar do grupo e a 
partilhar a cultura, até mesmo por uma questão de sobrevivência. “Quando 
Durkheim fazia estas análises, estava pensando em sociedades do tipo simples, 
como são as sociedades indígenas, por exemplo, em que a inserção dos indivíduos 
no grupo é fundamental para sua cultura” (SELL, 2002, p. 72).
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
28
Vamos dar uma pausa na solidariedade mecânica para aprofundar o 
conceito de consciência coletiva e, depois deste estudo detalhado, continuaremos 
com o estudo da solidariedade. Respire e retome a concentração, para compreender 
um conceito precisamos de outro!
2.1.1 Consciência Coletiva
Para que você entenda com clareza o conceito de consciência coletiva, pode 
começar pensando no significado literal das palavras que compõem a expressão. 
A consciência é algo de que se está consciente, algo que ativamos racionalmente 
para responder com ações aos estímulos da nossa vida. E o coletivo é aquilo que é 
compartilhado, reconhecido pelo grupo como de propriedade de seus integrantes. 
Portanto, a consciência coletiva são respostas racionais do grupo aos estímulos, e 
respostas compartilhadas — repetidas e reforçadas por todo o grupo.
Segundo o autor, possuímos duas consciências: “Uma é comum com 
todo o nosso grupo e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, 
mas a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra, ao contrário, só 
nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de 
nós um indivíduo.” Em outras palavras, existem em nós dois seres: 
um, individual, “constituído de todos os estados mentais que não 
se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de 
nossa vida pessoal”, e outro que revela em nós a mais alta realidade, 
“um sistema de ideias, sentimentos e de hábitos que exprimem em 
nós [...] o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais 
são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições 
nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie 
(BARBOSA; OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002, p. 70).
Conforme o indivíduo se envolve com sua vida social, cada vez mais 
deixa sua individualidade ao largo para se comportar de acordo com os 
preceitos defendidos pelo grupo. A educação, neste contexto, possui obrigações 
de integração, moralizadoras, na medida em que irá instituir no indivíduo as 
diretrizes morais do grupo, e, por meio desta ação, desenvolver a consciência 
grupal no sujeito egoísta.
O conjunto de crenças e sentimentos compartilhados pelo grupo a 
partir da consciência coletiva produz ideias, imagens, representações, que são 
manifestadas de formas diferentes pelos sujeitos, mas cuja realidade própria 
sempre está presente. A dimensão que será ocupada na consciência total das 
pessoas é variada, de acordo com os dispositivos mobilizados pelo grupo para 
que esta consciência se manifeste.
A coesão entre o grupo é determinada pela extensão da consciência 
coletiva: quanto mais extensa a consciência, maior é a coesão. Vejamos:
TÓPICO 2 | CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA INTEGRAÇÃO PARA A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
29
A consciência comum recobre “áreas” de distintas dimensões na 
consciência total das pessoas, o que depende de que seja ou segmentar 
ou organizado o tipo de sociedade na qual aquelas se inserem. 
Quanto mais extensa é a consciência coletiva, mais a coesão entre os 
participantes da sociedade examinada refere-se a uma “conformidade 
de todas as consciências particulares a um tipo comum”, o que faz 
com que todas se assemelhem e, por isso, os membros do grupo 
sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, ao mesmo 
tempo que a sua individualidade é menor (BARBOSA; OLIVEIRA; 
QUINTANEIRO, 2002, p. 71).
Durkheim também reconhece que, mesmo com um elevado grau de coesão, 
e uma consciência coletiva consolidada, é possível que haja ações de rebelião por 
parte dos sujeitos. Nem todos possuem a moral do grupo tão inculcada pelo 
coletivo a ponto de sempre optarem pelas ações coletivas em detrimento das 
individuais.
Isto quer dizer, o teórico reconhece que uma uniformidade total não é 
possível, que existem as faltas morais ou mesmo os crimes — divergências entre 
o indivíduo e as estruturas determinadas pelo coletivo. Quando a originalidade 
individual se impõe com relação ao coletivo é como se esta pessoa estivesse 
realizando um delito, deixando de seguir a moral coletiva, sendo tomada como 
alguém que comete erros.
É aí que entra a ausência ou fraqueza da divisão do trabalho. Quando 
a consciência individual é tão reduzida e fraca (afinal, só conhecemos parte do 
todo, só compreendemos como funciona a nossa parte nesta divisão de trabalhos), 
facilmente, a consciência total domina as decisões racionais sobre a vida individual. 
Afinal, se não conhecemos o todo, é mais fácil nos guiarmos pelo comportamento 
que todos estão tendo, do que nos rebelarmos e tomarmos decisões diferentes — 
já que não temos referência do que pode ser um comportamento diferente.
Barbosa, Oliveira e Quintaneiro destacam um trecho da obra de Durkheim 
para ilustrar:
Quanto mais o meio social se amplia, menos o desenvolvimento 
das divergências privadas é contido. Mas, entre as divergências, 
existem aquelas que são específicas de cada indivíduo, de cada 
membro da família, elas mesmas tornam-se sempre mais numerosas 
e mais importantes à medida que o campo das relações sociais se 
torna mais vasto. Ali, então, onde elas encontram uma resistência 
débil, é inevitável que elas provenham de fora, se acentuem, se 
consolidem, e como elas são o âmago da personalidade individual, 
esta vai necessariamente se desenvolver. Cada qual, com o passar 
do tempo, assume mais sua fisionomia própria, sua maneira pessoal 
de sentir e pensar (DURKHEIM, 1921 apud BARBOSA; OLIVEIRA; 
QUINTANEIRO, 2002, p. 71). 
A individualidade gera uma interdependência entre os indivíduos, 
na medida em que para sobreviver no organismo o individual precisa existir, 
UNIDADE 1 | O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM
30
também precisa se moldar ao coletivo, gerando uma interdependência entre as 
partes. Isso fortalece ainda mais a coesão social.
No entanto, mesmo com esta interdependência, as sociedades, cujo laço 
social desenvolve-se com base na consciência coletiva do indivíduo, vão sendo 
gradativamente moldadas à imagem e semelhança do grupo. Exemplo:
São sociedades que podem ser chamadas de clãs, segmentos que 
executam funções semelhantes e processos similares na vida social, 
todos caçadores, ou todos agricultores, e papéis sociais são cumpridos 
de forma semelhante. O cimento que une esses organismos individuais 
a esse corpo coletivo, como as células em um tecido, é a solidariedade

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