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MANDATO A) Introdução • Por meio do mandato, o mandante se faz representar pelo mandatário. O mandatário age em nome do mandante. B) Classificação • O mandato é contrato: a) Consensual – para que se aperfeiçoe basta a vontade das partes. b) Não solene – embora a lei determine que a procuração é o instrumento do mandato, é possível o mandato tácito e o verbal (art. 656 da Lei n° 10.406/2002) c) Gratuito – não havendo estipulação de remuneração, presume-se que o mandato é gratuito, exceto quando tem por objeto a realização de atos que o mandatário realiza profissionalmente. O mandato outorgado a advogado, por exemplo, não se presume gratuito, pois ele é um instrumento para que o advogado possa defender os interesses de seu cliente e exercer seu ofício. d) Unilateral – sendo o mandato gratuito, ele será unilateral. Havendo remuneração prevista, ou seja, sendo oneroso, será bilateral, pois implicará obrigações para ambas as partes. e) O mandato é intuitu personae, uma vez que o mandante confere poderes a alguém de sua confiança. Dessa forma, havendo morte de uma das partes, o mandato será extinto, salvo raras exceções que serão vistas adiante. De acordo com Teresa Ancona Lopez, “... no exercício da advocacia os contratos quase sempre aparecem juntos, mas podemos ter prestação de serviços de advogado sem mandato, como no caso de um parecer ou de defesa oral sem procuração. Porém mandato advocatício sem prestação de serviços parece-nos impossível. ((LOPEZ, Teresa Ancona. Parte Especial. Das várias espécies de contratos. In: AZEVEDO, Antônio Junqueira de. (coord.). Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, vol. 7, p. 207). C) Procuração e Substabelecimento • A procuração é o instrumento do mandato. A procuração pode ser outorgada por instrumento público ou particular. • Tendo em vista que a lei admite mandato tácito, a procuração não é indispensável para conclusão de negócios, exceto para aqueles que exigem instrumento particular ou público. • Substabelecimento “é o ato pelo qual o mandatário transfere ao substabelecido, os poderes que lhe foram conferidos pelo mandante”. • Para efetuar determinados atos como alienar, hipotecar, transigir, o Código Civil exige que a procuração contenha poderes expressos. Assim, um mandato com poderes de administração em geral não bastaria para que o mandatário assinasse escritura de hipoteca em nome do mandante. • Antes de contratar com alguém que se apresente como mandatário do outro contratante, é indispensável conferir a procuração e os poderes que foram outorgados para não correr o risco de que o contrato seja ineficaz em relação o mandante, tendo em vista que o artigo 662 da Lei n 10.406/2002 dispõe que: “os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar”. D) Obrigações do Mandatário: (a) As obrigações do mandatário são: Agir em nome do mandante (art. 653 da Lei n. 10.406/2002) – O mandatário deve atuar respeitando os poderes outorgados na procuração. Se o mandatário agir extrapolando os poderes que lhe foram conferidos, o ato é inválido para o mandante, a não ser que este venha a ratificar o ato posteriormente. (b) Agir com o zelo necessário e diligência habitual na defesa dos interesses do mandante (art. 667 da Lei n 10.406/2002) – o mandatário é responsável pelos prejuízos causados ao mandante, quando eles resultarem de culpa do mandatário. Cabe ao mandatário provar que não houve culpa sua para se livrar de ser responsabilizado pelo prejuízo que venha a ser sofrido pelo mandante. Prestar contas de sua gerência ao mandante e transferir ao mandante todas as vantagens obtidas nos negócios – (art. 668 da Lei n. 10.406/2002). (c) Prosseguir no exercício do mandato mesmo após extinção do mandato por morte, interdição ou mudança de estado do mandante, para concluir negócio já iniciado ou até ser substituído quando for para impedir que o mandante ou seus herdeiros sofram prejuízo (art. 647 da Lei n 10.406/2002). E) Obrigações do Mandante • Cumprir os compromissos assumidos pelo mandatário em seu nome (arts. 675 e 679 da Lei n 10.406/2002) – O mandante, porém, somente se vincula dentro dos termos previstos na procuração. Vale notar que, se o mandatário contrariar as instruções do mandante, mas não exceder os limites do mandato, o mandante ficará obrigado a cumprir as obrigações perante terceiros, tendo apenas ação de perdas e danos contra o mandatário pela inobservância das instruções. • Adiantar ao mandatário os valores necessários ou reembolsá-lo pelas despesas efetuadas em razão do cumprimento do mandato (arts. 675 e 676 da Lei n 10.406/2002). • Pagar ao mandatário a remuneração ajustada, caso o mandato seja oneroso (art. 676 da Lei n 10.406/2002). • Indenizar o mandatário pelos prejuízos que venha a sofrer em cumprimento ao mandato, desde que não resultem de culpa do mandatário ou de excesso de poderes (art. 678 da Lei n. 10.406/2002).
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