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Artigo TCC Olivia - final (1)

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18
A CAPACIDADE CIVIL DAS PESSOAS COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA
 Maria Olivia Costa Brito
	 Ana Paula Batista
	
	 RESUMO
O presente trabalho tem o escopo de estudar a condição jurídica da pessoa com Transtorno Espectro Autista, após a implantação da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que expressamente imputa aos deficientes, dentre estes as pessoas com Transtorno Espectro Autista (TEA), a responsabilidade pelos atos praticados na vida civil. Com fulcro no ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo no Código Civil de 2002, na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e na Constituição Federal, o estudo visa demonstrar a necessidade da hermenêutica jurídica no trato sistemático da aplicação do instituto as pessoas com TEA, pois não se pode afastar a função precípua do Estatuto que é garantir a inclusão e proteção da pessoa com transtorno mental. 
Palavras-Chave: Autonomia e capacidade; Pessoa com Transtorno Espectro Autista; Responsabilidade civil.
	ABSTRACT
The present work aims to study the legal condition of patients with Autism Spectrum Disorder, after the implementation of Law No. 13,146, of July 6, 2015 - Brazilian Law for the Inclusion of Persons with Disabilities, which expressly attributes to the disabled, among these bear the Autism Spectrum Disorder (ASD), the responsibility for the acts performed in civil life. Based on the Brazilian legal system, especially in the Civil Code of 2002, in the Brazilian Law for the Inclusion of Persons with Disabilities and in the Federal Constitution, the study aims to demonstrate the need for legal hermeneutics in the systematic treatment of the application of the institute to patients with TEA, because one cannot depart from the primary function of the Statute, which is to guarantee the inclusion and protection of patients with mental disorders.
Palavras-Chave: Autonomy and capacity; Carrier of Autistic Spectrum Disorder; Civil responsability.
1. INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como tema “A Capacidade Civil das pessoas com Transtorno do Espectro Autista“ e se justifica no atual cenário social pela necessidade de esclarecer e difundir as alterações legais dispensadas às pessoas com deficiência, por força da lei 13.146, de 6.7.2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e, especialmente, a Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012-Lei Berenice Piana, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno Espectro Autista (TEA) no Brasil.
Este estudo foi realizado a partir da leitura de autores que analisam, à luz da legislação brasileira, questões de direito fundamentais, curatela, tomada de decisão assistida, bem como a jurisprudência. Afinal, ao focalizar a relação entre as drásticas e velozes transformações sociais e a adaptação do código legislativo que as leis nem sempre conseguem acompanhar as rápidas transformações sociais.
O objetivo precípuo desse estudo é entender as consequências da implantação da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que imputa aos deficientes, dentre estes as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a responsabilidade pelos atos praticados na vida civil.
A pesquisa foi sistematizada em três capítulos. O primeiro traz importantes considerações a respeito do TEA, sua caracterização e classificação, assim como sobre o princípio da dignidade da pessoa humana nas relações que envolvem as pessoas com eficiência, dentre estes, as pessoas com TEA.
O	segundo	capítulo	aborda	o	instituto	da	responsabilidade civil em contraponto com as determinações vigentes no Estatuto da Pessoa com Deficiência. É abordada ainda nesse capítulo a capacidade civil, enquanto aptidão para a aquisição de direitos e a possibilidade de exercer por si só, pessoalmente, os atos da vida civil.
O terceiro e último capítulo trata dos institutos da curatela e tomada de decisão assistida e a elucidação dos aspectos que os diferencia.
A abordagem e estudo desses institutos legais visam esclarecer que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida. A pesquisa é exploratória, pois tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema. O objetivo de uma pesquisa exploratória, é familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido, pouco explorado.
A abordagem foi qualitativa, pois é a abordagem que se dedica à compreensão dos significados dos eventos, sem a necessidade de apoiar-se em informações estatísticas. E esse foi o caso da abordagem adotada para essa pesquisa. A pesquisa foi bibliográfica e foi feita a análise da literatura de grandes civilistas, obras monográficas, artigos publicados em revistas de Tribunais, sites da internet e manuais de Direito utilizados no Brasil.
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
Inicialmente, é imprescindível conhecer um pouco do histórico do Transtorno do Espectro Autista, conceito científico, classificação e principais características, para assimilar a importância das alterações legais.
Kanner, em 1943, após avaliar alguns casos, denominou os distúrbios autísticos do contato afetivo. Os casos avaliados possuíam em comum a incapacidade de relacionar-se de formas habituais, desde os primeiros anos de vida. Movimentos estereotipados, resistência à mudança, fidelidade a monotonia, insistência em não se comunicar, eram algumas das muitas características encontradas. Durante muitos anos o autismo foi questionado quanto a sua natureza, e julgado erroneamente que sua causa era advinda da negligência dos pais.
Em 1978, Michael Rutter baseou-se em 4 critérios para a definição do autismo: o atraso e desvio social; os problemas comunicativos; comportamentos incomuns; manifestação antes dos 30 meses de idade.
Após a definição de Rutter e a influencia nos estudos que se seguiram acerca do autismo, influenciaram o DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), em 1980, quando o autismo foi, pela primeira vez reconhecido e colocado em uma nova classe de transtorno.
	De acordo com Gomez e Terán (2014) a palavra autismo deriva do grego “autos” que significa próprio. Autismo significa literalmente, viver em função de si mesmo e, reflete a dificuldade de viver em sociedade.
De acordo com Schwartzman (2003) diversas crianças diagnosticadas com Autismo podem não apresentar todos os sintomas característicos da deficiência até hoje identificados, assim como outras crianças podem apresentar dificuldades menos acentuadas, outras mais calmas e isoladas, outras hiperativas desenvolvendo diversas estereotipias. O individuo autista baseia-se em rotina, ela lhe transmite segurança. 
Portanto, devem-se manter as rotinas, fazendo-se necessário mudá-las também quando estas obtiverem sinais de comportamentos inadequados ao indivíduo, atos que prejudicam o autista devem ser retirados e adaptados às novas atitudes de forma que não venham a prejudicar o mesmo, trabalhando novas rotinas da melhor maneira possível, contribuindo assim para um melhor convívio social.
O Transtorno do Espectro Autista é classificado pela APA - Associação Americana de Psiquiatria – como um transtorno do neurodesenvolvimento, que se apresenta desde a infância. Este é caracterizado pelo déficit nas dimensões comportamental e sociocomunicativa e é considerada uma deficiência, de acordo com a lei nº 13.146/15- EPD.
O déficit na comunicação e/ou linguagem da pessoa com TEA pode ser identificado na ausência ou no lento desenvolvimento da linguagem oral. O déficit de socialização é recorrente no autismo, assim como a ausência de reciprocidade, a reclusão social e desinteresse pelo contato com o próximo. Por fim, o déficit comportamental, que se mostra notório pela necessidade que o autista tem de estabelecer rotina.
Entretanto, a interação social e comportamental do sujeito com TEA apresenta diferentes níveis,sendo classificando como leve, moderado e severo.
O autista clássico é aquele indivíduo em que o grau de comprometimento pode variar muito. Nesse nível do autismo os indivíduos são voltados para si mesmos. Inexiste contato visual, evitam pessoas e o ambiente; não usam a fala como meio de comunicação, apesar de conseguirem falar, tem dificuldade de compreensão e fazem o uso da literalidade do vocábulo, são pessoas isoladas, repetem movimentos estereotipados, ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam importante deficiência mental.
A pessoa com Síndrome de Asperger ou Autista de alto desempenho, ainda de acordo com Dráuzio Varela (2019), são os indivíduos autistas que apresentam os mesmos sinais clínicos dos anteriormente citados, porém numa medida muito reduzida, eles apresentam uma maior sociabilidade e facilidade de levar a vida normalmente. Conversam, são inteligentes, alguns são considerados gênios. 
Conforme Varella (2019), os autistas com comprometimento intelectual grave são minoria. Boa parte é dotada de capacidade extraordinária para as ciências exatas, a música e artes cênicas, sendo capazes de realizar cálculos mais rapidamente que computadores. São os denominados savantistas, pessoas com a síndrome de savant. 
Por fim, explica Varella (2019), que o terceiro grupo, o das pessoas com o Distúrbio global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (DGD-SOE), são aqueles indivíduos que se encontram dentro do espectro do autismo. Em outras palavras, tem dificuldade de comunicação e de interação social, mas são quase assintomáticos. Por isso, os indícios apresentados não são suficientemente importantes para incluí-los em alguma das categorias específicas do transtorno. O diagnóstico, então, é muito mais difícil.
	Apesar do TEA, em muitos casos, limitar de maneira significativa a capacidade de uma pessoa para a participação e exercícios de atividades cotidianas, a falta de apoio estatal pode contribuir para impactar negativamente as conquistas profissionais, educacionais e sociais do pessoa com transtornoTEA e dos deficientes de maneira geral.
A lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência surge como um mecanismo de proteção ao pessoa com transtornoTEA, pois já vimos que o transtorno não tira do individuo a capacidade de gerir a sua vida de forma digna. Apenas exige uma análise mais específica do caso concreto, com o escopo de definir, juridicamente, quando se faz legítima a aplicação ou não dos institutos da curatela, da Tomada de decisão Apoiada ou da Responsabilidade Civil.
2.1 AS PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A proteção da dignidade humana está diretamente atrelada ao princípio da igualdade material e a outro importante princípio, o da isonomia descrito no art. 5º da Constituição Federal de 1988.
Assim sendo, o direito fundamental de todo homem, no sentido mais amplo da palavra, à igualdade, guarda em si, a garantia do direito à diferença, a despeito de deficiência, atributos físicos, étnicos, intelectuais, sensoriais, culturais, ideológicos, orientação sexual, etc. Todos devem ser tratados com igualdade, posto que a dignidade é atributo da natureza humana, e como tal, deve ser respeitado.
A dignidade da pessoa humana á a base de todos os direitos fundamentais além de ser princípio-mor da Constituição Federal Brasileira, é o ápice do Estado Democrático de Direito.
Os princípios funcionam, pois, como diretrizes fundamentais, como o elemento que não pode deixar de ser levado em consideração na elaboração e efetivação das normas legais. Toda elaboração legislativa, em seus vários âmbitos, deve seguir os fundamentos elencados nestes princípios, sob pena de fazer a lei cair no vazio, no abstrato. 
Foi justamente dentro desta ótica de preservação da dignidade humana, princípio constitucional inegociável, que o legislador propôs mudanças importantes no Código Civil, a fim de iniciar uma nova forma de percepção em relação ao deficiente mental. Tudo isto foi possível graças as modificações na legislação que contempla estes indivíduos, além da introdução de novos códigos legais, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
2.2 AS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO A RESPEITO DO PESSOA COM TRANSTORNODEFICIÊNCIA.
Durante muito tempo, o pessoa com transtornodeficiência foi visto e tratado como um alienado, como uma pessoa incapaz de convivência social e de praticar os atos principais da vida civil. Assim, era privado de muitos direitos e em contrapartida, se eximia de deveres, não lhe sendo possível a aplicação do instituto da responsabilidade civil. A legislação foi bastante influenciada pelo paradigma da normalidade que durante muito tempo norteou as concepções ocidentais relativas às doenças mentais
Percebe-se, que é justamente a fim de reescrever sua história que o Estatuto do Pessoa com transtorno Deficiência e o Código Civil de 2002 fizeram significativas modificações no ordenamento jurídico brasileiro.
Constitui um dos objetivos principais dessa lei, difundir que as pessoas com deficiência, dentre elas as pessoas com TEA gozem de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida.
Com fulcro na Constituição Federal, conjuntamente com a Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012 - Lei Berenice Piana, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a modificação na legislação brasileira visa proteger e eliminar toda e qualquer forma de discriminação, garantindo todos os direitos fundamentais do seu público alvo.
A compreensão da dignidade da pessoa humana permite a valorização da humanidade e cada sujeito em suas relações pessoais, sociais e consigo mesmo. Logo, é um direito legítimo e que deve ser estendido aos TEAs, sem discriminação.
No que se refere à assistência à saúde, comparando-se com o resto da população, os autistas têm menos necessidades de saúde satisfeitas pelo poder público.
A ausência de acessibilidade, sobretudo para a prática de atividade de inclusão social, educação e lazer, são notórios, configurando flagrante desrespeito aos direitos da pessoa com deficiência.
O Código Civil de 2002 sofreu algumas alterações, porém ainda dispensou certa discriminação aos deficientes mentais, ao considerá-los absolutamente incapazes, mesmo que, por causa transitória.
Em 06 de julho de 2015, a Lei n° 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD) foi sancionado, entrando em vigor em janeiro de 2016, onde as mudanças mais significativas somente ocorreram com a Convenção e sua notoriedade, apenas após o ano de 2015 com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O EPD inovou incorporando ideais da Convenção de Nova York, tratado internacional de direitos humanos do qual o Brasil é signatário. A lei foi editada basicamente para apoiar e promover a inclusão social e efetivar direitos humanos, as alterações mais significativas da Lei Nova estão no Código Civil de 2002, e tratam da Teoria das Incapacidades e do Direito de Família.
Destarte, os institutos de proteção aos incapazes, tutela e curatela ganharam novas perspectivas a partir da nova ótica imposta pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência – EPD, ao remodelar a forma de se conceber e aplicar o instituto da responsabilidade civil.
3. RESPONSABILIDADE CIVIL E O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (LEI 13.146/15)
A responsabilidade civil pode ser definida como a obrigação imposta a toda e qualquer pessoa de reparar um mal cometido contra outrem, em síntese, trata-se de instrumento que visa atribuir compensação e reparar um dano que foi causado. Por isso incumbe a alguém, reparar o prejuízo causado a outra pessoa pela sua própria atuação ou por pessoas ou coisas dependentes dele.
A responsabilidade civil tem como escopo a reparação do prejuízo causado a terceiros. Tenta-se restabelecer o status quo ante, se possível. Na impossibilidade de fazê-lo, recorre-se a compensação financeira à vítima da lesão.
Ao explicar melhor o que é a responsabilidade civil os autores são muito clarosao falar sobre a obrigação, a palavra designa determinadas ações que devem ser assumidas por pessoas específicas e estas obrigações estão prescritas na legislação, cabendo aos indivíduos cumprir o que está descrito na lei. Estas pessoas precisam ser capazes de praticar determinados atos. 
É possível ver que a doutrina jurídica relaciona a responsabilidade ao dever de reparar certos prejuízos acarretados pela falta do cumprimento de obrigações prescritas em lei. Trata-se então de um dano ocorrido na esfera legal e que deverá ser reparado nesta mesma esfera. 
A responsabilidade civil se decompõe, segundo a doutrina jurídica, em três elementos: a conduta (positiva ou negativa); o dano; e o nexo de causalidade. A conduta humana é o primeiro elemento da responsabilidade civil. 
Desta forma, enquanto estavam enquadrados na categoria de loucos de todos os gêneros, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista, não poderiam ser considerados capazes e, portanto, não se enquadravam na noção de responsabilidade civil. Mas antes de entrar nos aspecos da legislação que se direcionam a eles é necessário discutir os pressupostos da responsabilidade civil.
3.1 OS PRESSUPOSTOS PARA SE CONFIGURAR A RESPONSABILIDADE CIVIL
São pressupostos para configurar a responsabilidade civil a conduta, sendo esta ação ou omissão, o dano e o nexo causal. A ação é a conduta humana que resulte em ato ilícito ou lícito. A ação reflete o comportamento que não deveria ocorrer e a omissão é a inobservância ao dever de agir. 
A conduta humana tem que estar relacionada ao elemento voluntário, pois como já foi dito, deve- se saber das consequências de sua ação ou omissão numa determinada situação. 
A ação voluntária pode ser positiva ou negativa. Ela é positiva quando há um comportamento ativo. Quando um homem embriagado atira seu carro ao muro para não ferir nenhum pedestre. E é negativa quando o agente age de forma omissa, não socorrendo alguém, por exemplo, e esta omissão provoca um dano a uma terceira pessoa.
Em relação ao dano, este pode ser patrimonial e/ou moral e pode ser conceituado como sendo a destruição de bem jurídico, patrimonial ou moral decorrido de evento, que a pessoa suporta contra sua vontade. Só há responsabilidade civil quando ou se existir dano. Sem a ocorrência deste elemento, não há o que responsabilizar ou indenizar. Por isto o dano é um elemento necessário para definir a noção de responsabilidade civil
 Ademais, outro elemento que determina a responsabilidade civil é o nexo de causalidade. Este elemento é bastante complexo, mas diz respeito basicamente ao fato de que só se pode responsabilizar alguém cujo comportamento houvesse dado causa ao prejuízo. 
O nexo causal é a ligação entre o dano sofrido pela vítima e a ação do agente causador O fato lesivo deve decorrer obrigatoriamente da ação. Se não existir este vínculo, não há que se falar em responsabilidade civil.
A responsabilidade civil tem caráter punitivo e preventivo. Punitivo, ao punir o agente causador, e preventivo, ao desestimular o cometimento de novos atos lesivos.
Diniz adverte que, o princípio da restituto in integrum é a restituição completa da vítima à situação anterior à lesão, por reconstituição natural. Ou seja, a quantia a título de compensação deve restituir à vítima a posição na qual se encontrava antes que o ato tivesse ocorrido, respeitando sua dignidade.
A responsabilidade civil subjetiva, que é a regra geral da responsabilidade civil, define ato ilícito como sendo aquele praticado, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência e que viola direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.
Como o deficiente era considerado incapaz para os atos da vida civil, não lhe cabia à responsabilidade de reparar os danos por eles causados. Porém, com a entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, diversos direitos foram assegurados, bem como se fortaleceu a ideia de igualdade para as pessoas com deficiência.
3.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA À LUZ DA LEGISLAÇÃO
A alteração na legislação brasileira impactou o regime legal das incapacidades. Porém, vale ressaltar que desde 30 de março de 2007, o Brasil já tinha assinado a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência em Nova York.
Após sua aprovação pela Comissão de Relações Exteriores, a matéria tornou- se Projeto de Decreto Legislativo (PDC) e foi promulgado pelo Congresso Nacional como o Decreto Legislativo nº 186, em 2008.
A Convenção foi publicada em 26 de agosto de 2009, com o status de emenda à Constituição, sendo, portanto, imperiosa sua observância.
No entanto, os civilistas por muito tempo não atentaram para esse fato. Somente com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015, é que se tornou mais notória as determinações que já estavam previstas na Convenção desde 2009.
Ao se tornar consignatário, o Brasil reconhece os direitos estabelecidos na convenção que é essencialmente, reconhecer que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as outras pessoas em todos os aspectos da vida, garante salvaguardar as medidas apropriadas e efetivas para prevenir abusos relativos ao exercício da capacidade legal das pessoas com deficiência respeitando seus direitos, vontades e preferências da pessoa. Ainda garante que adotará as medidas necessárias para assegurar às pessoas com deficiência o igual direito de possuir ou herdar bens, controlar as próprias finanças, fazer empréstimos bancários, hipotecas e outras formas de crédito financeiro, e garante que pessoas com deficiência não serão destituídas de seus bens, arbitrariamente.
Observa-se que o Estatuto visa à proteção das pessoas com deficiência, dispensando às mesmas, atendimento prioritário, proteção, socorro, atendimento público, garantia de acessibilidade nos transportes coletivos de passageiros, recebimento de restituição de imposto de renda, dentre outros que se fizerem importantes para o atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas. O intuito é a proteção aos direitos essenciais de saúde a exemplo do direito à consulta médica, tratamento odontológico, socorro em situação de necessidade aos medicamentos distribuídos pelo SUS, prevê, também, garantia de segurança e acesso aos procedimentos judiciais.
Destarte, é indispensável o apoio de equipe multidisciplinar que contribuirá para definir o tipo de incapacidade do sujeito, se absoluta ou relativa. Em outras palavras, se a pessoa é capaz ou não de manifestar sua vontade, nem que seja parcialmente. 
3.3 A PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E AS INCAPACIDADES ABSOLUTA E RELATIVA
A lei nº 12.764/2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, sendo, atualmente o mais relevante desdobramento da Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
A referida lei é também conhecida como Lei Berenice Piana, em homenagem a uma mãe, que lutou durante anos pelos direitos do seu filho que tinha Transtorno do Espectro Autista.
Torna-se importante mencionar que o § 2º, da Lei 12.764/2012, considera que “a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais”. Logo, por força do Estatuto da Pessoa com Deficiência, o pessoa com transtornoTEA também passou a ser considerado responsável e apto para praticar os atos da vida civil, assim como os demais deficientes.
A Lei nº 13.146/15 reza expressamente que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa e ainda assegura ao deficiente o direito ao exercício da capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas. A capacidade de direito é comum a toda pessoa e só se extingue com a morte já a capacidade de fato, só se destina a algumas pessoas, e se relaciona diretamente com os exercícios dos atos da vida civil. Logo, toda pessoa possui capacidade de direito, mas nem todas possuem a capacidade de fato.
O incapaz de que trata o ordenamento jurídico diz respeitoà restrição a capacidade de realizar atos da vida civil e pode ser classificada em relativa e absoluta. A lei permite a prática de atos jurídicos por relativamente incapazes, desde que assistido por pessoa plenamente capaz, a exemplo dos pais, tutor ou curador. O ato praticado pelo relativamente incapaz é apenas anulável e não nulo.
O absolutamente incapaz é legalmente impedido de praticar qualquer negócio jurídico e, se mesmo assim o fizerem, estarão estes sujeitos à nulidade. Tal disposição pode implicar restrição e impeditivo grave aos direitos da pessoa com deficiência, dificultando muito sua integração à sociedade, em virtude do receio de terceiros em realizar quaisquer negócios, até aqueles simples, com essas pessoas, com receio da validade jurídica destes.
Debelada a dificuldade para definir a capacidade da pessoa com deficiência (absoluta ou relativa), o magistrado passa a analisar a responsabilidade civil e como aplicá-la no caso concreto.
4.	CAPACIDADE CIVIL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
Antes do advento do Estatuto, a sistemática do Código Civil, era que, quem responde pelos danos causados pelos incapazes, precipuamente, são seus representantes legais. Agora, após a vigência do Estatuto, a responsabilidade será exclusiva da pessoa que causou o dano, já que não goza mais da proteção que a condição de incapaz lhe assegurava.
As pessoas que por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, são consideradas relativamente incapazes, restringindo o instituto da curatela a uma mera medida protetiva em transações patrimoniais.
O casamento da pessoa com deficiência, antes da vigência da lei 13.146/15 não era possível por vedação legal, mas após as alterações, não há mais impedimentos para constituir união estável ou celebrar casamento, ampliando a possibilidade de inclusão social.
Percebe-se, então, que a pessoa com deficiência possui plena capacidade civil para exercer por si mesma, importantes atos da vida civil. Até a figura do curador somente será necessária e juridicamente autorizada para reger relações patrimoniais, e somente em caráter excepcional.
Os, agora plenamente capazes, são detentores de direitos e deveres, na forma da lei e passam a responder pela indenização com os seus próprios bens.
4.1	A CURATELA SOB A ÓTICA DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A Curatela é um instituto do ordenamento jurídico brasileiro que tem por escopo a proteção daqueles juridicamente incapazes, de forma passageira ou permanente, que afete sua capacidade para exercer os atos da vida civil.
Veja-se decisão referente do Superior Tribunal de Justiça, referente ao tema:
A curatela é o encargo imposto a alguém para reger e proteger a pessoa que, por causa transitória ou permanente, não possa exprimir a sua vontade, administrando os seus bens. O curador deverá ter sempre em conta a natureza assistencial e o viés de inclusão da pessoa curatelada, permitindo que ela tenha certa autonomia e liberdade, mantendo seu direito à convivência familiar e comunitária, sem jamais deixá-la às margens da sociedade. (STJ, 4ª Turma, REsp 1515701/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018, publicado em 31/10/2018).
Quanto à necessidade da curatela, dispõe o parágrafo primeiro do art. 84 do referido estatuto que quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
A regra em vigor é a garantia do exercício da capacidade legal por parte das pessoas que tem o transtorno mental, em condições de igualdade com os demais sujeitos e a sentença da curatela deve ser devidamente fundamentada, preservando os interesses do curatelado.
O art. 84, §1°, do EPD, ressalta ainda que, apenas quando estritamente necessário, o sujeito com deficiência será submetido à curatela. Esta deve obedecer aos regramentos previstos à legislação brasileira e ainda ser proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, que deve ser atestado por equipe multiprofissional e a duração deve se dar pelo menor tempo possível.
A curatela é sempre adotada em benefício do pessoa com transtornotranstorno mental, evitando ao máximo que lhe sejam impostas restrições desnecessárias e indevidas, devendo ser requerida quando a pessoa não puder manifestar sua vontade ou gerenciar a sua própria vida de forma independente. Tanto o pai quanto a mãe, o tutor, o cônjuge, o parente próximo, o Ministério Público, ou ainda qualquer pessoa interessada pode requerer a curatela, pois a medida tem por objetivo proteger o interesse da pessoa com deficiência.
É importante frisar que os pais podem indicar em testamento o curador de sua preferência, ainda assim, haverá a prestação de contas que é um relatório que deve ser apresentado na forma contábil e encaminhado periodicamente (anual, semestral, trimestral) ao juiz pelo advogado ou defensor público que representa o curador e o curatelado.
Nesse relatório deve constar a descrição dos ganhos financeiros e das despesas administradas pelo curador em favor do curatelado. Essa prestação de contas é obrigatória
A curatela somente pode ser concedida após um processo, anteriormente denominado, interdição (já dito que a lei afastou esse termo), conforme os regramentos previstos nos arts. 747 a 758 do Código de Processo Civil.
A legitimidade para requerer a curatela deverá ser comprovada na petição inicial. O autor deverá também, especificar o início da incapacidade, com juntada de laudo médico, especificando os fatos que demonstrem a incapacidade do interditando.
O juízo deverá, além da verificação da incapacidade, definir o grau dessa incapacidade, para delimitar os limites da curatela. O tamanho do patrimônio do interditado dever ser averiguado pelo magistrado, pois esse fato também contribui para a complexidade dos deveres do curador.
Agora, caso a capacidade do indivíduo não se encontre tão comprometida, o regramento jurídico brasileiro adotou um novo regime alternativo à curatela: a tomada de decisão assistida.
4.2	 A TOMADA DE DECISÃO APOIADA OU ASSISTIDA: NOVO REGIME ALTERNATIVO À CURATELA
	A Tomada de Decisão Assistida é também denominada como tomada de decisão apoiada, por determinação do artigo 116 do Estatuto, afixa-se no Código Civil, através do recém-criado artigo 1783-A, como alternativa à curatela.
Para formular o pedido, que é feito em petição escrita, por intermédio de um advogado ou defensor público, é exigido a apresentação do termo constando o nome dos apoiadores, o prazo de vigência, respeitados os direitos e os interesses da pessoa apoiada. É um processo autônomo, com um rito processual próprio.
O instituto tem o escopo, portanto de manter as pessoas com deficiências integrados na vida normal. Com essa análise, depreende-se que, para aqueles totalmente incapazes, que não podem exprimir sua vontade, o instituto torna-se inaplicável. Preferencialmente, os apoiadores escolhidos devem possui vínculos de confiança com a pessoa a ser apoiada.
O espaço de escolha do pessoa com transtornotranstorno mental, é respeitado e possibilita a constituição em torno de si de uma rede de sujeitos baseada na confiança, com o intuito de receber auxilio para praticar os atos da vida civil.
O regime aqui tratado se constituirá também pela via judicial, a semelhança da curatela. O juiz, para tomar sua decisão, deverá antes ouvir o requerente, os apoiadores, o Ministério Público e a equipe multidisciplinar, pois esse novo modelo assegura o direito ao exercício da capacidade civil da pessoa com deficiência, em igualdade de condições com as demais pessoas.
Essas pessoas deixam de ser consideradas incapazes, desde que ainda reste algum grau de entendimento. Assim, podem socorrer-se de terceiras pessoas para apoiá-las nas decisões e atos de realce e pertinência pessoais e econômicos, conforme explica Rizzardo:
Atente-se que a tomada de decisão apoiada não se relaciona, exclusivamente, com o pessoa com transtornotranstorno mental. Pode ser requerida por qualquer pessoa sujeito de direito classificável como deficiente conforme termos do Estatuto, que ainda mantenha elementosnecessários para o exercício da sua capacidade. Em outras palavras, que não seja totalmente incapaz.
Destarte, em síntese, a pessoa com deficiência que tenha qualquer dificuldade, não apenas mental, que sentir dificuldade em conduzir sua vida civil, poderá, a sua livre escolha, diante da incapacidade, optar pelo procedimento de tomada de decisão apoiada
Havendo apenas uma pessoa ou indivíduo habilitado para exercer o apoio que requer as necessidades da pessoa com deficiência na localidade, pode o magistrado, de forma motivada e fundamentada, designar somente um apoiador. Essa medida é excepcional. O terceiro que apoia a pessoa com deficiência pode exigir que este também assine o contrato firmado entre ambos de acordo com o inciso supracitado.
Um aspecto importante que merece atenção é a anulação dos negócios praticados pelo apoiado que estiverem além dos poderes definidos no termo de compromisso da tomada de decisão apoiada. A anulação só ocorrerá caso se reverta em prejuízo para a pessoa apoiada ou terceiros. Caso contrário, são mantidos.
A destituição do apoiador não exclui a obrigatoriedade da prestação de contas do período em que prestou o apoio (art. 1.783-A, § 11), nem o exime de responder a alguma demanda legal, proposta pelo apoiado, conforme as hipóteses previstas no § 7º do art. 1.783-A.
A tomada de decisão apoiada e a curatela constituem proteção às necessidades e às circunstâncias de cada pessoa. Cabe ao advogado, o promotor de Justiça, o defensor público e o juiz adaptar-se aos novos tempos introduzidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa, alterando antigos costumes, conceitos, práticas, bem como a legislação tornando-a compatíveis com o novo modelo que visa, precipuamente, assegurar a capacidade das pessoas com deficiência em nosso país.
	
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência deseja privilegiar a proteção das liberdades pessoais do sujeito, expandindo a autonomia sem restringir, ou pelo menos, restringir o mínimo possível a capacidade dos sujeitos.
	A nova Lei confere um tratamento mais equânime e mais digno às pessoas com deficiência e representa importante reconstrução valorativa do sistema jurídico brasileiro a respeito da incapacidade civil.
O reconhecimento da vulnerabilidade da pessoa com deficiência impõe tratamento diferenciado em algumas situações. Essa proteção é garantida pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei 13.346/15) e pela Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista - Lei Berenice Piana, dentre outras.
A curatela passa a ser uma medida excepcional e extraordinária, não mais medida substitutiva da vontade do sujeito e sim, medida de apoio e de proteção.
Tratando-se da tomada de decisão apoiada, regramento bastante recente em nosso ordenamento, este rompe com a lógica anterior do sistema. Ainda que persistam sobre eles dúvidas quanto à orientação dos Tribunais, visto ser está muito recente. Contudo, espera-se a melhor resolução de toda essa situação que é bastante nova, e acabe dando lugar a um novo sistema capaz de garantir a emancipação da pessoa com deficiência, eliminando-se os obstáculos que impedem o pleno exercício de seus direitos.
Dessarte, é de suma importância proceder a análise casuística e que o Estatuto seja interpretado de forma sistemática, respeitando a proteção que ainda persiste, apesar de não mais existir a incapacidade absoluta para a prática dos atos da vida civil por parte das pesssoas com deficiência.
Ante o exposto, percebe-se que grande será o desafio, sobretudo da mudança de mentalidade, na perspectiva de respeitar à dimensão existencial da pessoa com deficiência. Mas, espera-se que, na interpretação das novas alterações, tanto a doutrina, quanto a jurisprudência extraiam o que há de melhor no Estatuto, valorizando sua finalidade e sua utilidade precípua, que é o respeito à dignidade da pessoa humana em toda sua plenitude.
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