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Economia_U6

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Economia
1ª edição
2017
Economia
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Unidade 6
Mercado de bens e serviços
Para iniciar seus estudos
Na unidade anterior, estudamos a contabilidade social, que trabalha com 
os valores ex post, ou seja, que já aconteceram. Enquanto isso, a teoria 
macroeconômica lida com valores ex ante, ou seja, antes que eles ocorram.
Após a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, a economia experi-
mentou uma queda enorme de atividade, a qual deixou uma capacidade 
ociosa sem precedentes, com elevadíssimos níveis de desemprego. Foi aí 
que surgiu a discussão de que o mercado, por si só, não conseguiria sair da 
crise e que seria necessária a intervenção do Estado. 
A partir de então, as teorias do economista John Maynard Keynes começaram 
a ganhar força. Keynes pregava que era necessária a intervenção governa-
mental para que a economia fosse levada ao pleno emprego no curto prazo.
As idéias de Keynes serviram de base para um modelo macroeconômico.
Essa parte do estudo econômico é chamada de teoria da determinação 
do equilíbrio da Renda Nacional, ou modelo keynesiano básico, que se 
divide em lado real (mercado de bens e serviços e mercado de trabalho) e 
lado monetário (mercado monetário e de títulos).
Nesta unidade, estudaremos o lado real do modelo. 
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o modelo macroeconômico de bens e serviços, de 
acordo com Keynes.
• Definir o equilíbrio entre demanda agregada e oferta agregada, de 
acordo com o modelo keynesiano.
• Definir consumo agregado, investimento agregado, poupança 
agregada.
• Entender o multiplicador keynesiano de gastos.
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O mercado de bens e serviços: o lado real (modelo 
keynesiano básico) 
A corrente keynesiana surge a partir de uma crise do sistema de produção capitalista. Na visão de John M. Keynes 
(1883-1946), formulada no livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, publicado em 1936, o capita-
lismo não pode ser regido somente pelo livre mercado. Keynes aponta que o Estado deve ter um papel na econo-
mia, desenvolvendo políticas de intervenção, promoção e regulação no sentido de promover o desenvolvimento 
capitalista (VASCONCELLOS, 2007).
Figura 6.1: Crise de 1929
Legenda: Foto com fila de desempregados, na crise de 1929.
Fonte: Portal do Professor (2017). Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/dis-
covirtual/galerias/imagem/0000001352/0000016097.jpg>. Acesso em: 14 jan. 17. 
Keynes aponta em sua obra que o volume de emprego e o nível de produção nacional de uma economia são 
determinados pela demanda agregada ou efetiva, que é composta pelos totais gastos em consumo e investi-
mento. Portanto, Keynes derruba a lei de Say (toda oferta cria sua demanda), pois para ele o consumo e o inves-
timento é que movimentam a economia de um país.
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De acordo com Jean-Baptiste Say, economista de pensamento clássico, toda oferta cria 
sua demanda, o que ficou conhecido como Lei de Say. Nessa perspectiva, estava presente a 
crença de que tudo o que se produz gera condições para aquisição, pois, no início da Revo-
lução Industrial, era esse o comportamento do consumidor, que estava deslumbrado com os 
modernos produtos industriais. Para saber mais sobre esse assunto, leia o texto do professor 
José Luis Oreiro, clicando aqui.
<http://joseluisoreiro.com.br/site/link/27f53902530089de64eaa572ed3aeebcfda41a87.pdf>. 
As decisões de investimento ocorrem a partir da expectativa futura de rendimento em relação à taxa de juros no 
mercado. Se antes de investir em uma empresa se tem uma expectativa de retorno desse valor investido maior do 
que o pagamento da taxa de juros num ativo financeiro, o investimento será feito; caso contrário, o dinheiro será 
utilizado no mercado financeiro e não na produção de bens/serviços. 
6.1. Hipóteses do modelo keynesiano
O modelo keynesiano tem alguns pressupostos, ou hipóteses, a partir das quais o modelo é construído. São eles: 
existe o desemprego de recursos (ou subemprego); o nível geral de preços é constante; a oferta agregada poten-
cial é fixa no curto prazo; há o princípio da demanda efetiva, o qual será detalhado mais adiante. 
6.1.1. Desemprego de recursos ou subemprego
O modelo macroeconômico básico criado por Keynes pressupõe a possibilidade do desemprego, ou do equilíbrio 
abaixo do pleno emprego, assim, quando a produção está abaixo do seu potencial, as empresas estão com capa-
cidade ociosa e parte dos trabalhadores está desempregada (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). 
6.1.2. Nível geral de preços constante
Dado que a economia está em nível de subemprego, as empresas não elevam os preços de seus produtos. E, na 
fase de recuperação, caso haja um aumento de demanda, as empresas aumentarão a produção e não os preços. 
Uma vez que a economia está em subemprego, ou seja, há capacidade ociosa, não há razão para que as empresas 
elevem os seus preços. Em caso de elevação da demanda, haverá aumento da produção, ou seja, utilização dos 
fatores que estão ociosos. 
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Como observam Vasconcellos e Garcia (2014), em consequência desse pressuposto, todas as variáveis monetá-
rias do modelo são iguais às variáveis reais, uma vez que os preços estão fixos. Não há, portanto, diferenças entre 
variáveis reais e nominais no modelo. 
6.1.3. Curto prazo
No curto prazo, assume-se que os fatores de produção são fixos, ou seja, que o estoque de fatores de produção 
(mão de obra, capital, tecnologia) permanece constante. Como é observado por Vasconcellos e Garcia (2014, p. 
156), pode existir, por exemplo, um estoque de 80 milhões de trabalhadores disponíveis, mas apenas 10% não 
estão sendo utilizados. Dessa forma, ao supor a existência do desemprego, nesse modelo, o objetivo principal da 
política econômica é criar empregos para esses 10% de mão de obra desempregado, no curto prazo. 
6.1.4. Oferta agregada
Vimos anteriormente a demanda agregada, que representa os gastos dos agentes econômicos. Em contrapar-
tida, a oferta agregada (OA) demonstra o valor total da produção de bens e serviços finais colocados à disposi-
ção da coletividade num dado período. 
Além disso, a oferta agregada varia em função da disponibilidade dos fatores de produção. São eles: mão de 
obra, estoque de capital e nível de tecnologia. Existe uma diferença entre a oferta agregada potencial e a oferta 
agregada efetiva. Observe que: 
• na oferta agregada potencial, temos a produção máxima da economia, ou seja, quando são utilizados 
todos os fatores de produção. Na OA potencial toda a população economicamente ativa está empregada, 
não há capacidade ociosa nas empresas e a tecnologia disponível está sendo empregada, ou seja, não há 
como aumentar a produção de bens e serviços nessa economia;
• na oferta agregada efetiva, temos a produção que realmente está sendo utilizada pelo mercado, 
podendo ocorrer sem a utilização total dos fatores de produção. Na OA efetiva ela atende à demanda do 
mercado, mesmo que apresente algum nível de desemprego, alguma capacidade ociosa e possibilidade 
de atualização da tecnologia.
No curto prazo, a teoria keynesiana supõe que a oferta agregada potencial permanece constante, pois o estoque 
dos fatores de produção é considerado constante. Embora a força de trabalho e a capacidade produtiva instalada 
sejam fixas, seus níveis de utilização variam.
Como pode ser observado no Gráfico 6.2, a Curva de Oferta Agregada de Bens e Serviços, a qual representa a 
quantidade de bens e serviços que os produtores estão dispostos a colocar no mercado, comporta-se da seguinte 
forma:
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• no ponto A, em que existe capacidade ociosa, há o aumento da produção a preços constantes, pois há 
fatores de produção disponíveis; 
• o ponto B representa uma situação intermediária, pouco antes do pleno emprego;
• no ponto C, no qual a economia já está no pleno emprego de recursos,a quantidade produzida fica cons-
tante e ocorre a elevação de preços. 
Gráfico 6.1 – Curva de Oferta Agregada de Bens e Serviços (OA)
Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2014).
Legenda: Curva de Oferta Agregada de Bens e Serviços (OA): quantidade de bens e serviços que os produtores estão 
dispostos a colocar no mercado. Eixo Y= nível geral de preços; Eixo X= produção da economia. OA = Renda Nacional = 
Produto Nacional Real 
Ponto A: aumenta Q, com P constante, caso haja desemprego de recursos; 
Ponto B: situação intermediária; 
Ponto C: aumenta P, com Q constante, caso os recursos estiverem plenamente empregados.
Fonte: elaborado pela autora, com base em Vasconcelos e Garcia(2014).
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Gráfico 6.2 – Curva Simplificada de Oferta Agregada de Bens e Serviços 
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2007).
Legenda: 
A: trecho keynesiano (desemprego) 
C: trecho clássico (pleno emprego) 
Desemprego: quando a DA é insuficiente para absorver a produção agregada de pleno emprego.
Fonte: elaborado pela autora, com base em Vasconcellos (2007)
6.1.5. Demanda agregada
A demanda agregada, também chamada de despesa nacional, quando se encontra completa, com as despesas 
de todos os agentes econômicos, representa todos os gastos planejados de todos os quatro agentes macroe-
conômicos: famílias (C), empresas (I), governo (G) e setor externo (X e M). Ela pode ser calculada pela seguinte 
expressão:
N=DA=C+I+G+(X-M)
Onde,
• C = consumo (famílias e empresas)
• I = investimento (bens de capital)
• G = gastos do governo (saúde, investimento, etc)
• X = exportações (bens e serviços)
• M = importações (bens e serviços
É importante observar que as despesas nacionais (DN) são iguais à demanda agregada (DA), que contém os gas-
tos das famílias com bens de consumo (C), o investimento agregado das empresas (I), os gastos do governo (G) e 
as exportações líquidas, ou seja, as exportações menos as importações (X-M). 
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No curto prazo: 
Gráfico 6.3 – Curva de Demanda Agregada
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2007).
Legenda: Curva de Demanda Agregada de Bens e Serviços (DA): composta pela demanda dos qua-
tro agentes macroeconômicos. No eixo y do gráfico, temos o nível geral de preços da econo-
mia e no eixo x, temos a renda real (renda nominal dividida pelo nível geral de preços)
Fonte: Elaborado com base em Vasconcellos (2007)
 
 
Renda Nominal 
Renda Real = 
Nível de Preços 
Y Y
P P

Numa Situação de desemprego, a política econômica deve buscar elevar a demanda agregada, para que as 
empresas possam utilizar seu potencial.
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6.1.6. Análise da oferta e demanda agregada
Uma vez que, no curto prazo, os fatores de produção são fixos e há a hipótese de subemprego destes, as varia-
ções na Renda Nacional e no Produto Nacional ocorrerão somente por meio de variações na demanda agregada. 
Chamamos isso de princípio da demanda efetiva.
Como pode ser observado no Gráfico 6.4, quando há desemprego de recursos, a demanda agregada (DA) situa-
-se à esquerda da oferta agregada (OA) de pleno emprego. Deve ser observado que os preços são considerados 
constantes, portanto, as variáveis são consideradas em valores reais.
A curva de oferta agregada (AO) é fixa, o que decorre da hipótese de que os fatores de produção são fixos no curto 
prazo. Assim, não há deslocamentos da curva OA, apenas movimentos ao longo da curva. 
Dessa forma, no curto prazo, apenas a demanda agregada provoca variações no nível de equilíbrio da Renda 
Nacional. Para tirar a economia de uma situação de desemprego, em curto prazo, deve-se procurar elevar a DA, 
pois esta é mais sensível no curto prazo do que a OA.
Para Keynes, a Demanda agregada determina a produção, e não o contrário. Com isso, Key-
nes inverte um dos principais postulados da Teoria Clássica, a chamada Lei de Say, pela qual 
a oferta agregada é que determina a procura. Princípio da Demanda Efetiva. 
Como pode ser observado no gráfico 6.4, a curva da demanda se desloca de DA0 para DA1, enquanto a curva da 
oferta se mantém a mesma.
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Gráfico 6.4 - Oferta e demanda agregada
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2007).
Legenda: No curto prazo, o estoque dos fatores de produção é considerado constante. Embora a força de tra-
balho e a capacidade produtiva instalada sejam fixas, seus níveis de utilização variam. A curva de OA é fixada, 
apenas a curva DA se desloca, indo de DA0 para DA1. Como esses fatores de produção são constantes, em 
curto prazo, a OA permanece fixa (não há deslocamentos, apenas movimentos ao longo da curva). A curto 
prazo, apenas a demanda agregada provoca variações no nível de equilíbrio da Renda Nacional. 
6.2. Equilíbrio macroeconômico
Para determinação do equilíbrio, há algumas observações importantes a serem feitas (VASCONCELLOS, 2007): 
• a renda de equilíbrio ocorre quando a oferta agregada iguala a demanda agregada (OA = DA), e não 
necessariamente é a renda de pleno emprego;
• do exposto no item anterior decorre que o equilíbrio não indica necessariamente algo desejável, pois 
pode estar existindo um grande volume de recursos não empregados;
• é um equilíbrio macroeconômico esperado, planejado (ex ante), e não o equilíbrio efetivo (ex post). 
• 
Assim, no curto prazo, o equilíbrio é determinado pela demanda agregada (DA).
Como pode ser observado no Gráfico 6.5, a renda de equilíbrio é dada por y*, ponto em que a demanda agregada 
iguala a oferta agregada (DA=OA). Já a renda de pleno emprego (ype) se dá em um ponto mais à direita no gráfico. 
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Conheça mais sobre os princípios do modelo e keynesiano em: <http://www.continentale-
conomics.com/files/Macroeconomia_de_Keynes2._Antony_Mueller._UFS_2013.pdf>. 
Gráfico 6.5. Equilíbrio no modelo keynesiano
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2007).
Legenda: Determinação do equilíbrio: o equilíbrio é determinado pela DA (curto prazo). 
Onde: y* = renda de equilíbrio (DA=OA); ype = renda de pleno emprego 
Fonte: elaborado pela autora, com base em Vasconcellos (2007)
6.2. Comportamento dos agregados macroeconômicos no 
mercado de bens e serviços 
Para que a política macroeconômica possa ser estabelecida, é necessário que se tente estabelecer relações de 
causa e efeito entre as variáveis. Apenas assim, as autoridades econômicas podem administrar sobre os instru-
mentos de política econômica.
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Economia | Unidade 6 - Mercado de bens e serviços
Vejamos quais são essas relações.
6.2.1. Consumo Agregado
De acordo com Vasconcellos e Garcia (2014), o consumo global, ou agregado, de um país é influenciado por 
vários fatores. São eles: a Renda Nacional, o estoque de riqueza (ou patrimônio), a taxa de juros de mercado, a 
disponibilidade de crédito, as expectativas sobre a renda futura e a rentabilidade das aplicações financeiras. 
“Patrimônio pode ser definido como o conjunto de bens ou valores de interesse econômico 
pertencentes a uma pessoa, instituição ou empresa”. Fonte: <https://www.infopedia.pt/
dicionarios/lingua-portuguesa/patrim%C3%B3nio>. Acesso em: 16 jan. 2017. 
Glossário
Apesar disso, os estudos empíricos mostram que as decisões de consumo da coletividade são influenciadas prin-
cipalmente pela Renda Nacional disponível, a qual é definida como a Renda Nacional menos os impostos (VAS-
CONCELLOS; GARCIA, 2014). Ou seja, a renda disponível é aquela que o consumidor pode usar livremente, seja 
para poupar ou para consumir. Portanto, há uma relação direta entre consumo e renda, isto é, quando a renda 
aumenta, o consumo também se eleva. 
Assim, pode-se dizer que o consumo agregado (C) é função crescente do nível de Renda Nacional disponível (Y).
O modelo mais simples supõe o consumo como uma função linear da renda, a qual pode ser representada por: 
C = f(Y)
Onde,
• C= Consumo agregado
• Y= RendaNacional disponível
Keynes define como propensão marginal a consumir (PMgC) o acréscimo de consumo, dado a um acréscimo na 
Renda Nacional. É a variação esperada no consumo, dada uma variação na renda.
• Pmgc = Propensão marginal a consumir
• ∆C = Variação do consumo agregado
• ∆Y = Variação da Renda Nacional disponível
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Como exemplificam Vasconcellos e Garcia (2014), uma propensão marginal a consumir de 0,8 indica que, caso 
haja um aumento na Renda Nacional de R$ 100 milhões, o consumo aumentará em R$ 80 milhões, ou seja, em 
0,8 de 100 milhões. 
6.2.2. Poupança Agregada
A poupança pode ser definida como uma parte residual da Renda Nacional que não é gasta em bens de consumo, 
em dado período de tempo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). Ela pode ser expressa como:
S = f (Y)
Onde:
• S= Poupança agregada
• Y = Renda Nacional disponível
A partir daí, é possível definir também a propensão marginal a poupar, que é a relação entre a poupança agregada 
e a renda disponível.
• Pmgp = Propensão marginal a poupar
• ∆S = Variação da poupança agregada
• ∆Y = Variação da Renda Nacional disponível
Vasconcellos e Garcia (2014) exemplificam uma situação em que o aumento da renda foi de 100 milhões e a pro-
pensão marginal a poupar é de 0,2. Portanto, o valor poupado, nessa situação, deve ser de 20 milhões. 
Retomando o exemplo do tópico anterior, com uma variação de 100 milhões na renda, 80% desse valor iria para 
o consumo e 20% para a poupança. 
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Quando falamos de poupança agregada, estamos nos referindo à parcela da renda que não 
é gasta em consumo. Não estamos fazendo alusão à caderneta de poupança, que pode ser 
um dos destinos dados aos recursos poupados.
6.2.3. Investimento agregado 
De acordo com Vasconcellos e Garcia (2014), o investimento agregado pode ser definido como o estoque de 
capital que leva ao crescimento da capacidade produtiva. 
O investimento pode ser dividido em:
• investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase que gasta apenas com instalações, 
equipamentos etc., antes do investimento maturar e resultar em acréscimos de produção;
• investimento visto como elemento da oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade produ-
tiva, após a maturação do investimento.
Hipóteses:
• em curto prazo, o investimento afeta apenas a demanda agregada;
• o investimento é autônomo ou independente da Renda Nacional.
Função investimento (I): bens e serviços que visam a aumentar a produção futura. É também conhecido como 
Formação Bruta de Capital Fixo. O investimento pode ser dividido em:
• investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase que gasta apenas com instalações, 
equipamentos etc, antes de o investimento maturar e resultar em acréscimos de produção;
• investimento visto como elemento da oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade produ-
tiva, após a maturação do investimento.
Hipóteses:
• em curto prazo, o investimento afeta apenas a demanda agregada;
• o investimento é autônomo ou independente da Renda Nacional.
6.2.4. Outras variáveis autônomas com relação à Renda Nacional
Podem ser citadas as seguintes variáveis como sendo autônomas com relação à Renda Nacional:
• função gastos do governo (G): os gastos do governo são autônomos em relação à Renda Nacional, ou 
seja:
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G = constante ou G ≠ f(y) 
• função impostos ou tributação (T): no modelo simplificado, a tributação é autônoma, ou seja, não é indu-
zida pela Renda Nacional:
T = constante ou T ≠ f(y) 
• função exportação (X) e importação (M): são variáveis autônomas em relação à Renda Nacional (modelo 
simplificado):
X = constante ou X ≠ f(y*) 
M = constante ou M ≠ f(y)
6.2.4. Vazamentos e injeções de Renda Nacional
Tendo em mente o fluxo circular da renda, ou seja, a ligação já estudada sobre a relação entre os fatores de pro-
dução e as empresas, imagine que vazamentos e injeções podem ocorrer nesse processo. 
Os vazamentos são todos os recursos retirados do fluxo básico, ou seja, toda renda recebida pelas famílias que 
não é dirigida às empresas nacionais na compra de bens de consumo. Ou seja, os vazamentos são representados 
por recursos direcionados à poupança, aos impostos e às importações.
Vaz = S + T + M
Onde: 
• Vaz= vazamentos
• S = poupança agregada
• T = tributos ou impostos
• M = importações
As injeções são representadas por todo recurso que é injetado no fluxo básico e que não é originado da venda de 
bens de consumo às famílias: novos investimentos, gastos públicos e exportações.
Inj = I + G + X 
Onde: 
• Inj= injeções
• I = investimento agregado
• G = gastos do governo
• X = exportações
Determinação do equilíbrio, igualando vazamentos com injeções: 
• Vaz < Inj = crescimento da Renda Nacional 
• Vaz > Inj = queda da Renda Nacional 
• Vaz = Inj = equilíbrio estacionário 
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Economia | Unidade 6 - Mercado de bens e serviços
Gráfico 6.6 - Equilíbrio igualando vazamentos e injeções
Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2007).
Legenda: Determinação do equilíbrio com vazamentos e injeções. Eixo Y: vazamentos e injeções. Eixo X: renda. Reta I+G+X 
(injeções) é constante. Vazamentos = S+T+M dependem da renda, tendo relação direta com esta. 
6.3. Multiplicador keynesiano de gastos
O multiplicador de gastos foi um dos principais conceitos criados por Keynes. 
As hipóteses do multiplicador são as seguintes:
• o processo é iniciado por uma variação autônoma da demanda agregada - DA, ou seja, um deslocamento 
da DA devido à variação autônoma de algum de seus elementos (C, I, G, X, M) ou devido a alguma injeção 
ou vazamento do fluxo de renda;
• o funcionamento do multiplicador supõe uma economia em desemprego;
• o lado monetário é invariável;
• o multiplicador tem um efeito perverso: assim como a renda aumenta em um múltiplo, para aumentos da 
DA, o contrário também é válido. Ou seja, quedas da renda levarão a quedas maiores na DA.
Onde:
• k = multiplicador de gastos
• ∆Y = variação da renda
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Economia | Unidade 6 - Mercado de bens e serviços
• ∆DA = variação da demanda agregada
Há também o multiplicador de Investimentos e o multiplicador de gastos do governo, os quais, de forma seme-
lhante, levariam a efeitos multiplicados na renda.
A existência do multiplicador keynesiano de gastos pode ter impacto considerável em uma 
economia. Imagine que o multiplicador de gastos do governo seja igual a 5 e que o governo 
aumente seus gastos em $ 100 milhões. Isso resultaria em um aumento da Renda Nacional 
de $ 500 milhões ou 5 x 100 milhões. 
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Considerações finais
Nesta unidade, foram expostos os princípios básicos da teoria keynesiana, 
do economista John Maynard Keynes. 
Keynes pregava que era necessária a intervenção governamental para 
que a economia fosse levada ao pleno emprego no curto prazo. E, com 
base em suas idéias, foi criado um modelo macroeconômico.
O modelo keynesiano básico se divide em lado real (mercado de bens e 
serviços e mercado de trabalho) e lado monetário (mercado monetário e 
de títulos). Nesta unidade, estudamos o lado real do modelo. 
Foi abordado: o equilíbrio entre demanda agregada e oferta agregada, de 
acordo com o modelo keynesiano.
Foram definidos: consumo agregado, investimento agregado e poupança 
agregada.
Também foi exposto o conceito do multiplicador keynesiano de gastos.
Referências bibliográficas
20
VASCONCELLOS, M. A. S. de. Manual de economia. 6. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2007. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788502135062>. Acesso em: 19 jan. 2016.
______; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.

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