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Economia Política

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Prévia do material em texto

2015
Economia Política
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. Daniel Rodrigo Strelow
Prof.ª Tatiane Thaís Lasta
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. Daniel Rodrigo Strelow
Prof.ª Tatiane Thaís Lasta
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
338.9
V297e Vargas, Diego Boehlke
 Economia política /Diego Boehlke Vargas, Daniel Rodrigo Strelow, Tatiane 
Thaís Lasta. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 
 206 p. : il.
 ISBN 978-85-7830-875-9
 1.Desenvolvimento econômico. Política econômica. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
ApresentAção
Prezado(a) acadêmico(a)! Bem-vindo ao Caderno de Estudos de 
Economia Política. Aqui trabalharemos com três unidades sobre as teorias do 
que se pode chamar de Economia Política. 
Na Unidade 1 estudaremos a economia política clássica. Antes disso, 
inclusive, trabalharemos com conceitos bem básicos da economia enquanto 
uma ciência social, mais adiante estudaremos como se deu o processo de 
transição de uma economia de regime feudal para uma economia capitalista 
de mercado, o que vai dar na origem das ideias mercantilistas; mais tarde 
os fisiocratas entram em cena, e estudaremos seus principais precursores. 
Entraremos mais especificamente na Economia Política Clássica no tópico 3 
desta primeira unidade e estudaremos os principais precursores da escola 
clássica: Adam Smith, David Ricardo, entre outros importantes intérpretes 
do pensamento clássico. Fecharemos este tópico com a crise dessa escola de 
pensamento econômico. 
Para abrir o tópico 4, estudaremos os críticos da economia política, 
que surgem justamente no momento de crise desse pensamento, em meados 
de 1848. Trabalharemos com as ideias centrais de Marx, principal crítico dessa 
escola. Na sequência, trabalharemos com as ideias dos schumpeterianos e 
neoschumpeterianos, abordagens consideradas mais atuais no campo da 
economia política.
Na Unidade 2 iremos discutir algumas temáticas que remetem ao 
papel do Estado na Economia. É muito difícil existir alguma nação que não 
tenha experimentado e que não venha experimentando alguma ação do 
Estado em seu cotidiano socioeconômico. Mesmo países como os Estados 
Unidos o fazem. Um bom exemplo são os subsídios que destinam para a 
produção de determinados gêneros. O que existe são graus de intervenção. 
Em alguns países esse grau é mínimo, enquanto em outros pode ser maior. 
Não há uma regra geral.
Por isso, a Unidade 2 está dividida em seis tópicos. No primeiro, 
conversaremos a respeito do keynesianismo, modalidade de intervenção do 
Estado na economia que ganhou evidência em meio à Grande Depressão dos 
anos de 1930. No segundo tópico, nossa atenção se voltará ao Estado de Bem-
Estar Social. Esta é uma das formas que o Estado pode assumir e corresponde 
ao modelo garantidor das necessidades básicas (renda, educação, saúde, entre 
outros) a todo o conjunto da população. No terceiro tópico conheceremos 
alguns preceitos básicos da Escola Francesa da Regulação. Estes pressupostos 
econômicos ganharam destaque por tentar construir um novo modelo teórico-
metodológico para compreensão da realidade. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Já no quarto tópico, nosso objetivo será conhecer o desenvolvimentismo, 
modalidade de intervenção estatal que encontrou lugar nos países latino-
americanos e no Brasil no século XX. O quinto tópico dedica-se a alguns 
indicadores de desenvolvimento, bem como ao tema das políticas públicas. 
Por fim, no sexto tópico iremos conhecer um pouco sobre a Comissão 
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), cujo objetivo primeiro 
foi de contribuir para o desenvolvimento das nações latino-americanas, 
consideradas subdesenvolvidas.
Na Unidade 3 estudaremos o desenvolvimento do capitalismo 
contemporâneo, passaremos pelos processos de globalização e de 
reestruturação produtiva, financeirização do capital. Estudaremos ainda o 
neoliberalismo, e daremos uma atenção especial ao cenário internacional e 
ao atual panorama brasileiro; juntamente com os aspectos desafiadores das 
sociedades contemporâneas.
Bons estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 - ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA ...................................................................... 1
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA POLÍTICA ............................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 O QUE É ECONOMIA ...................................................................................................................... 3
RESUMO DO TÓPICO .......................................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 8
TÓPICO 2 - EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E 
PRECURSORES ............................................................................................................... 9
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 9
2 EVOLUÇÃO DAS IDEIAS ECONÔMICAS ................................................................................. 9
 2.1 TRANSIÇÃO EM DIREÇÃO A UMA ECONOMIA CAPITALISTA DE MERCADO ......... 10
 2.2 TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO E ELABORAÇÃO DO PENSAMENTO 
MERCANTILISTA ........................................................................................................................ 15
 2.3 OS FISIOCRATAS E AS IDEIAS ECONÔMICAS DE QUESNAY ......................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 20
TÓPICO 3 - ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA .......................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................21
2 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA DE ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA ....... 21
 2.1 ADAM SMITH (1723-1790) .......................................................................................................... 21
 2.2 DAVID RICARDO (1772-1823) ................................................................................................... 24
 2.3 THOMAS ROBERT MALTHUS (1766-1834) ............................................................................. 27
 2.4 JOHN STUART MILL (1806-1873) .............................................................................................. 31
 2.5 JEAN-BAPTISTE SAY (1769-1832) .............................................................................................. 32
3 A CRISE DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA .................................................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 39
TÓPICO 4 - A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA .................................................................. 41
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 41
2 A CRÍTICA MARXISTA DA ECONOMIA POLÍTICA ............................................................... 42
RESUMO DO TÓPICO 4 ...................................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 49
TÓPICO 5 - A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA: ECONOMIA E INOVAÇÃO ............... 51
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 51
2 JOSEPH ALOIS SCHUMPETER ...................................................................................................... 51
3 NEOSCHUMPETERIANOS ............................................................................................................ 55
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 56
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 62
sumário
VIII
UNIDADE 2 - O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA .............................................................. 63
TÓPICO 1 - O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA .................................................................. 65
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 65
2 JOHN MAYNARD KEYNES ............................................................................................................. 66
3 UMA NOVA TEORIA EM MEIO À CRISE ................................................................................... 67
4 A ECONOMIA KEYNESIANA ........................................................................................................ 68
5 CRÍTICAS E INFLUÊNCIAS ............................................................................................................ 72
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 75
TÓPICO 2 - O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL ....................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 77
2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS .................................................................................................... 77
3 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL ........................................................................................... 78
 3.1 O ESTADO DE BEM-ESTAR “LIBERAL” .................................................................................. 79
 3.2 O ESTADO DE BEM-ESTAR “CONSERVADOR” .................................................................... 80
 3.3 O ESTADO DE BEM-ESTAR “SOCIAL-DEMOCRATA” ......................................................... 80
4 CRISE NO MODELO DE BEM-ESTAR ......................................................................................... 82
5 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL NO BRASIL ................................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 84
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 85
TÓPICO 3 - A TEORIA DA REGULAÇÃO ...................................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 87
2 CONTEXTO DA ESCOLA DA REGULAÇÃO ............................................................................. 87
3 PRECEITOS BÁSICOS ...................................................................................................................... 88
 3.1 O CONCEITO DE REGIME DE ACUMULAÇÃO ................................................................... 90
 3.2 O CONCEITO DE MODO DE REGULAÇÃO ........................................................................... 91
 3.3 O CONCEITO DE MODELO DE DESENVOLVIMENTO ....................................................... 92
 3.4 O CONCEITO DE FORMAS INSTITUCIONAIS ...................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 95
TÓPICO 4 - A TEORIA DESENVOLVIMENTISTA ....................................................................... 97
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 97
2 UMA NOÇÃO INICIAL .................................................................................................................... 97
3 O BRASIL E A AMÉRICA LATINA ................................................................................................ 98
4 O NOVO DESENVOLVIMENTISMO ........................................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 4 ...................................................................................................................... 105
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 106
TÓPICO 5 - INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS ............ 107
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 107
2 O TEMA DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 107
3 OS INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO .........................................................................108
4 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO ........................................................ 111
RESUMO DO TÓPICO 5 ...................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 114
TÓPICO 6 - A CONTRIBUIÇÃO DA CEPAL NA AMÉRICA LATINA E NO BRASIL .......... 115
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 115
2 BREVE HISTÓRICO .......................................................................................................................... 115
IX
3 A ESCOLA CEPALINA – UMA ESCOLA DE PENSAMENTO ................................................. 117
 3.1 AS NOÇÕES DE “CENTRO VERSUS PERIFERIA” E DE “DETERIORAÇÃO DOS 
 TERMOS DE TROCA” .................................................................................................................. 118
 3.2 INFLAÇÃO COM “PROBLEMA ESTRUTURAL” E A IMPORTÂNCIA DO 
“PLANEJAMENTO E DO PROTECIONISMO” ....................................................................... 119
 3.3 “TENDÊNCIA AO DESEMPREGO”, “TENDÊNCIA AO DESEQUILÍBRIO 
 EXTERNO” E A “SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES” ...................................................... 119
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 121
RESUMO DO TÓPICO 6 ...................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 126
UNIDADE 3 - O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO ........... 127
TÓPICO 1 - O IMPERIALISMO ......................................................................................................... 129
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 129
2 O ESTÁGIO IMPERIALISTA .......................................................................................................... 134
 2.1 A FASE “CLÁSSICA” DO IMPERIALISMO .............................................................................. 139
 2.2 OS “ANOS DOURADOS” DA ECONOMIA IMPERIALISTA ................................................ 140
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 147
TÓPICO 2 - OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO .................................................................... 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 149
2 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA ............................................................................................... 152
3 NEOLIBERALISMO ........................................................................................................................... 161
4 FINANCEIRIZAÇÃO DO CAPITAL .............................................................................................. 164
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 173
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 174
TÓPICO 3 - ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES 
 CONTEMPORÂNEAS ................................................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 175
2 RELAÇÕES DE TRABALHO ENTRE RAÇAS ............................................................................. 175
3 VIOLÊNCIA E JUVENTUDE ........................................................................................................... 180
4 JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL ........................................................................................................ 187
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 195
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 199
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 201
X
1
UNIDADE 1
ECONOMIA POLÍTICA 
CLÁSSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Prezado(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade 1 do caderno de 
Economia Política! Esta unidade tem por objetivos:
• apresentar a economia política clássica, os conceitos básicos da economia 
enquanto uma ciência social;
• descrever o processo de transição de uma economia de regime feudal para 
uma economia capitalista de mercado;
• apresentar ao acadêmico as principais correntes e os principais teóricos da 
economia política clássica e suas principais correntes de pensamento;
• apresentar ao acadêmico a crise da escola clássica e o aparecimento das 
escolas críticas da economia politica;
• apresentar e debater as teorias críticas da economia política;
• apresentar escolas contemporâneas da economia da inovação e o principal 
teórico desta corrente.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos e no final de cada um deles você 
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado. 
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA POLÍTICA
TÓPICO 2 - EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: 
ANTECEDENTES E PRECURSORES
TÓPICO 3 - ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
TÓPICO 4 - A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA
TÓPICO 5 - A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA: ECONOMIA E 
INOVAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA POLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
Ao iniciar um assunto novo, de qualquer campo teórico, torna-se 
indispensável que se faça, mesmo que brevemente, referências à sua história e sua 
evolução. Justamente por isso propomos trabalhar, nesta primeira unidade, com 
os principais conceitos introdutórios da Economia Política. Perpassaremos pela 
evolução das ideias econômicas, ou seja, os principais períodos que subdividem 
a chamada economia política ao longo dos séculos. Abordaremos as chamadas 
correntes de pensamento da economia política que predominaram desde sua 
gênese originária, passando pela Idade Média e chegando às correntes que 
prevaleceram durante alguns séculos na Europa e Inglaterra, que são as correntes 
da Fisiocracia e do Mercantilismo, chegando aos clássicos e, por fim, aos críticos 
da economia política, dentre os quais destaca-se a produção teórica de Marx 
como principal crítico das correntes sustentadas pela economia política clássica 
até aquele momento. Marx, com sua obra O Capital: Crítica da Economia Política 
(1867), marca os estudos da chamada economia política crítica justamente por ser 
crítico das teses de Adam Smith, Ricardo e outros, como veremos no decorrer desta 
primeira unidade.
O estudo da economia política tem por base voltar-se às teorias e relacioná-
las com a compreensão da realidade de determinado contexto social. Quem 
se propõe a estudar a economia política desafia-se, portanto, a compreender a 
realidade à sua volta, as controversas, as diferenças entre países e regiões, entre 
pessoas, abastece-se de conteúdopara questionar a escandalosa desigualdade 
social, os interesses dos diferentes grupos e classes sociais dentro de determinada 
sociedade, os grupos de poder e questões políticas. O profissional de Ensino Social 
deve ter a habilidade de analisar o contexto socioeconômico para ter a capacidade 
de propor ao poder público políticas públicas que estão realmente conectadas 
com os problemas sociais de determinada população de uma região. Portanto, a 
economia política é capaz de fornecer diversas ferramentas e elementos centrais 
para o assistente social lidar com a realidade como ela é, e no momento em que o 
profissional estiver desafiado em seu campo de trabalho.
2 O QUE É ECONOMIA 
Caro estudante, para dar início à nossa unidade, trabalharemos de forma 
abreviada e fácil as conceituações da economia e dos chamados problemas 
econômicos, veremos aos poucos como a economia está presente no nosso dia a 
dia em praticamente tudo o que fazemos. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
4
Todos os dias, em telejornais e notícias na internet, nos deparamos com 
questões econômicas. Algumas simples, que passam despercebidas, como, 
por exemplo, o aumento dos preços por meio de reajustes que o governo faz, 
períodos de crises ou de crescimento econômico, desemprego, taxa de câmbio, 
taxas de juros, alta nos impostos e tarifas públicas. Mas não somente isto, a nossa 
diária relação de trabalho em troca de um salário no final do mês é uma relação 
puramente econômica, mas também é política; o valor da passagem de ônibus, 
quando se compra alguma coisa no mercado, a mensalidade da faculdade, tudo é 
economia. É só começar a prestar atenção à nossa volta e veremos que tudo o que 
nós compramos, consumimos na forma de bens ou de serviços está envolto em 
várias relações econômicas e políticas. Por isso nós lemos, ouvimos e praticamos 
todos os dias essas relações político-econômicas passando despercebidas entre 
nós. Veremos na sequência o que é a economia e como ela surgiu, quais são os 
problemas econômicos.
O senso comum geralmente tem a tendência de reduzir a ciência 
econômica ao seu viés puramente matemático, bancário e a gráficos. Equivoca-se 
esse “achismo” de que a ciência econômica se reduz a essa exatidão e a números. 
A economia trata-se de uma ciência social, e cabe a nós, economistas, 
grifarmos isso. Preocupa-se, portanto, com a sociedade e os indivíduos escolhendo 
empregar os recursos produtivos que são escassos na produção de bens e serviços, 
de modo a distribuí-los entre a sociedade com a finalidade de satisfazer as 
necessidades de todas as pessoas dentro de uma determinada sociedade. 
A economia desafia-se ainda a compreender a sociedade e os indivíduos e a 
forma como eles decidem empregar os seus recursos produtivos, que são escassos 
na produção de um determinado bem e serviço. Estuda-se ainda a forma como 
esses bens serão distribuídos entre as várias pessoas e grupos da sociedade com a 
finalidade de satisfazer as necessidades das pessoas.
Os indivíduos devem fazer escolhas para que administrem bem os seus 
recursos, que são escassos já, de acordo com as suas necessidades (alimentação, 
saúde, educação, vestuário, habitação, transporte), que, como citamos, são 
ilimitadas. A ciência econômica preocupa-se com a alocação dos recursos de forma 
que não sejam comprometidas as gerações futuras com a escassez. 
Algumas palavras são chaves na economia: 
• Escolha
• Escassez 
• Necessidades
• Recursos
• Produção
• Distribuição 
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA POLÍTICA
5
FIGURA 1 - RECURSOS PRODUTIVOS ESCASSOS E NECESSIDADES ILIMITADAS
FONTE: Adaptado de Vasconcelos; Garcia (1999)
Dada a escassez de recursos, associada com as necessidades das pessoas, 
que são ilimitadas, originam-se os chamados problemas econômicos, que são os 
seguintes:
FIGURA 2 - PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS 
FONTE: Adaptado de Vasconcelos; Garcia (1999)
O que e quanto produzir?
Considerando a escassez dos recursos de produção, a sociedade deverá 
escolher, dentro das possibilidades de produção, quais produtos irá produzir. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
6
Como produzir?
 
A sociedade deverá ainda escolher quais recursos utilizará para produzir 
bens e serviços dado o nível tecnológico; dessa forma, os produtores tendem a 
escolher o método que tiver menos custo na produção desses bens e serviços. 
Para quem produzir?
Neste ponto a sociedade deve decidir como seus membros participarão da 
distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição leva em conta fatores 
como salários, rendas da terra, dos juros, e dos benefícios do capital, ou seja, 
fatalmente a produção se destinará para quem tem rendas.
7
Neste tópico vimos:
• A economia é considerada uma ciência social.
• Que a economia está presente no nosso dia a dia em tudo o que fazemos, basta 
observar.
• Que as necessidades das pessoas são ilimitadas.
• Que os recursos são escassos.
• A ciência econômica, portanto, é responsável por fazer a alocação do melhor 
modo possível a fim de atender às necessidades humanas que são ilimitadas.
• Aprendemos quais são os problemas econômicos fundamentais.
RESUMO DO TÓPICO 1
8
Caro(a) acadêmico(a), para fixar melhor o que estudamos neste tópico 
introdutório, vamos exercitar um pouco. Leia com atenção as questões e 
responda-as no seu Caderno de Estudos. 
1 Por que a ciência econômica é considerada uma ciência social? 
2 Explique quais são os problemas econômicos fundamentais.
 
3 Qual o propósito da ciência econômica?
AUTOATIVIDADE
9
TÓPICO 2
EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO 
ECONÔMICO: ANTECEDENTES E 
PRECURSORES
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a), neste tópico vamos nos dedicar ao estudo 
da evolução do pensamento econômico. Estudaremos desde os primórdios da 
antiguidade grega, antiguidade romana, Idade Média, perpassaremos ainda 
pelo mercantilismo, pela fisiocracia e seus principais precursores. Buscaremos 
compreender como chegamos às chamadas economias capitalistas de mercado, 
para isso mencionaremos também as economias chamadas pré-capitalistas da 
Europa desde as ruínas feudais até chegarmos às escolas de pensamento econômico 
propriamente. Estudaremos, também, os precursores de cada período histórico e 
de cada escola de pensamento.
2 EVOLUÇÃO DAS IDEIAS ECONÔMICAS
Segundo consta, na antiguidade grega algumas ideias econômicas 
apareceram fragmentadas em estudos filosóficos. As primeiras referências de que 
se tem conhecimento sobre a economia aparecem nos trabalhos de Aristóteles (384-
322 a.C.), sendo ele o primeiro a cunhar o termo economia (oikonomos) em seus 
escritos sobre administração e finanças públicas. Nos escritos de Platão (427-347 
a.C.) encontram-se algumas considerações de ordem econômica e também nos 
estudos de Xenofonte (440-335 a.C.). Todavia, autores gregos não tratavam um 
pensamento econômico independente.
Na antiguidade romana, igualmente não se teve um pensamento econômico 
independente, embora na Roma antiga a economia de troca fosse mais intensa 
do que na Grécia. A preocupação dos gregos era fundamentalmente na política. 
Não se tem notícias de que Roma tenha deixado escritos notáveis sobre esta área. 
Nos séculos mais tarde, até na época dos descobrimentos, encontram-se poucos 
escritos e trabalhos de destaque na área da economia, quando se encontrou algo 
eram trabalhos permeados pelas temáticas de justiça e moral. O que se tem de 
mais notório desde os primórdios da ciência econômica são as leis de usura, a 
modalidade de juros altos e o que deveria ser um lucro justo (VASCONCELOS; 
GARCIA, 1999).
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
10
Na Idade Média (1450-1750), quem dá lugar ao pensamento econômico 
nesse período são os mercantilistas (1450-1750). Essa corrente de pensamento 
“imprimiu preceitos de administração pública que os governantes deveriam 
usar para aumentar a riqueza da nação e do príncipe” (PINHO et al., p. 27, 2003). 
Veremos a seguir mais sobre essa corrente de pensamentoda economia.
IMPORTANT
E
A palavra economia deriva do grego oikonomos (de oiko, casa, e nomos, lei), 
significando a administração da casa. O objeto de estudo da ciência econômica é o de analisar 
os vários problemas econômicos e buscar formular soluções para resolvê-los de forma que 
isso impacte positivamente na qualidade de vida das pessoas (VASCONCELOS; GARCIA 1999).
2.1 TRANSIÇÃO EM DIREÇÃO A UMA ECONOMIA 
CAPITALISTA DE MERCADO
Ao iniciar estudos sobre a história e evolução do pensamento econômico, 
é necessário entender o contexto no qual esta ciência foi desenvolvida ao longo 
dos séculos. Cabe aqui estudarmos, mesmo que de forma abreviada, como as 
sociedades se organizavam. Como era a economia europeia pré-capitalista? 
Para responder a essa pergunta é necessário que se fale no regime que 
então predominava, que era o feudalismo, o sistema econômico que precedeu o 
capitalismo. O feudalismo resumia-se assim: uma hierarquia feudal onde o servo 
ou camponês era protegido pelo senhor feudal, que devia fidelidade e era protegido 
por senhores mais poderosos e assim sucessivamente, indo até ao rei, em troca de 
pagamentos em moeda, trabalho e alimentos. Os senhores concediam aos servos o 
uso da terra a seus vassalos. Na base ficava o servo que cultivava a terra. A maior 
parte da população cultivava a terra para alimentação e vestuário (HUNT, 2005).
A sociedade medieval era essencialmente agrária. A hierarquia social 
baseava-se nos vínculos que os indivíduos mantinham com a terra; as atividades 
agrícolas eram as que sustentavam todo o sistema social. Todavia, uma série de 
mudanças foram ocorrendo em vários séculos, o que resultou na ruína do sistema 
feudal e no surgimento do capitalismo (HUNT, 2005).
São centrais no sistema feudal os costumes e as tradições no lugar das leis 
como conhecemos hoje. Toda a organização baseava-se num sistema de serviços e 
obrigações mútuas que envolvia toda a hierarquia feudal.
As instituições econômicas básicas da vida essencialmente rural medieval 
resumiam-se ao feudo, no qual separavam-se por classes distintas: o rei 
considerava-se que era o elemento mais importante do sistema feudal (ficando 
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
11
no topo, se pensarmos em uma pirâmide), na sequência, teríamos a alta nobreza, 
incluindo os dignitários da igreja, duques e condes; na sequência, o baixo clero, 
monges, sacerdotes junto com barões e cavalheiros; e, por fim, como base de 
suporte (imaginando novamente uma pirâmide) ficam os camponeses, servos 
que obrigavam-se a viver e a trabalhar nas terras do senhor feudal em troca de 
alimentos e condições para sobrevivência. Assim, cada andar desta pirâmide ia 
sucessivamente sustentando o outro.
FIGURA 3 - SISTEMA FEUDAL 
FONTE: Adaptado de HUNT (2005) 
Além dos feudos, a Europa medieval tinha muitas cidades, as quais eram, 
para a época, importantes centros manufatureiros. Esses bens manufaturados eram 
comercializados nos feudos e às vezes em longa distância. O que predominava 
nessa época eram as guildas, pequenos grupos organizados de artesões, e quem 
quisesse produzir e vender algo deveria fazer parte dessas guildas. 
Com o crescimento das chamadas vilas e das cidades, conduziu-se também 
o crescimento da especialização rural-urbana. A produção de bens manufaturados 
cresceu muito e, aos poucos, o que era essencialmente agrário (rural) começa a 
ganhar outras feições, com trabalhadores rompendo os laços com a terra. Nesse 
processo de crescente produção manufatureira as atividades se especializam e a 
produtividade aumenta, causando, consequentemente, o aumento das relações de 
comércio internacional.
Para muitos pensadores, essa disseminação do comércio internacional foi a 
mais importante força para a desintegração do feudalismo medieval. Obviamente 
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
12
que isso não deve ser posto em dúvida, todavia convém lembrar que um dos 
fatores desse comércio se expandir na Europa foi o contato com os árabes. O 
crescimento da produtividade agrícola significava que o excedente de alimentos 
e manufaturados tornava-se disponível tanto para abastecer os mercados locais 
como para o mercado internacional (HUNT, 2005).
Aos poucos, com os aperfeiçoamentos na energia e nos transportes, tornou-
se possível e mais lucrativo concentrar os indivíduos nas cidades e a partir daí 
produzir para vender em grande escala em mercados a longa distância. Todavia, 
esse crescimento do comércio não pode ser considerado o principal elemento para 
a dissolução do sistema feudal e a formação de uma sociedade em direção ao 
capitalismo.
Embora essa transição das economias feudais para as economias ditas 
capitalistas tenha coincidido com o aumento do comércio internacional, não é 
somente esta força que conduziu para a transição. A intensificação das atividades 
comerciais na Europa contribuiu para a consolidação e perpetuação das relações 
sociais, econômicas e feudais. Nesse contexto, o comércio tendia a ser estritamente 
mantido subordinado aos interesses da classe feudal.
O feudalismo na Europa era um sistema relativamente novo, considerado 
potencial econômico de desenvolvimento. Todavia, esse sistema se dissolveu antes 
mesmo de se solidificar. Segundo Hunt, o impulso para essa dissolução do sistema 
feudal diz respeito aos aumentos da produtividade, o excedente social se tornava 
cada vez menor para sustentar uma classe dominante que crescia rapidamente. Isso 
provocou conflitos cada vez mais sérios e irreconciliáveis dentro da própria classe 
dominante. Nesse contexto se deram graves conflitos entre os vários segmentos da 
nobreza e do clero, o comércio se "tornou uma força desestabilizante e corrosiva" 
(HUNT, 2005, p.39).
Com a expansão do sistema de comércio, fortaleceram-se as cidades 
industriais e comerciais para justamente servir este comércio. Com esse crescimento, 
as mudanças na agricultura foram grandes, havendo um enfraquecimento das 
relações com a terra e, por consequência, com as estruturas feudais.
Por volta do século XV as feiras aos poucos eram substituídas por cidades 
comerciais, onde florescia um mercado permanente. Nesse período, novas leis com 
relação ao comércio foram sendo criadas. É daí que surgem as leis que regem o 
sistema capitalista baseadas nos negócios, contratos, representações comerciais, 
leilões etc.
As indústrias que começaram a aparecer nas cidades eram basicamente 
de exportação. Os artesões vendiam seus produtos aos comerciantes e estes os 
transportavam e revendiam. Diferença ainda a ser considerada era o fato de que os 
artesãos no sistema feudal eram também agricultores, e o artesão das cidades vai 
desistir da sua posse de terra para dedicar-se única e exclusivamente ao trabalho 
com o qual ele tivesse uma renda em dinheiro, a qual poderia utilizar para satisfazer 
suas necessidades.
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
13
Com o comércio prosperando, se expandia também a necessidade de haver 
uma maior produtividade, nesse momento passa-se a ter maior controle do processo 
produtivo, elo capitalista. Por volta do século XVI, as indústrias que existiam eram 
de um artesão proprietário de sua oficina e de suas ferramentas e matérias-primas, 
e funcionava como um pequeno produtor independente. Inicialmente, o capitalista 
fornecia ao artesão a matéria-prima e lhe pagava uma quantia para transformar no 
produto final, num sistema doméstico de trabalho (HUNT, 2005).
Muitos historiadores afirmam que o capitalismo já existia quando ocorre 
essa expansão e domínio do comércio na Europa. Os mercados, na busca de 
lucro monetário, substituíram os costumes e a tradição do sistema hierárquico 
do feudalismo na determinação de quem executaria certa tarefa, como era neste 
regime de castas.
O capitalismo, enquanto sistema econômico, só se tornou dominante no 
momento em que as relações entre os capitalistas e os trabalhadores existentes 
por conta das indústriasde exportação, aproximadamente do século XVI, foram 
estendidas a várias outras indústrias da economia daquela época. Para esse sistema 
se desenvolver, os resquícios do sistema feudal deveriam ser destruídos.
O século XVI é um "divisor de águas” na história de toda a Europa. Nesse 
período marca-se a linha divisória entre as ruínas feudais e o novo sistema que 
surgia, o capitalismo. Ocorria uma série de mudanças por conta disso, mas a 
principal é que a partir deste momento cria-se uma classe trabalhadora, sendo 
a mesma privada dos meios de produção e forçada à situação de vender o seu 
próprio trabalho como única possibilidade de sobrevivência.
O aumento da população acompanha, nesse processo, o movimento dos 
cercamentos, que começaram na Inglaterra em meados do século XII. A nobreza, 
cada vez mais à beira do colapso, cercava e fechava as terras até então usadas como 
pasto comum. A partir daí o pasto era destinado às ovelhas, para satisfazer as 
necessidades da indústria têxtil com a lã produzida.
O movimento dos cercamentos atingiu o seu ápice nos séculos XV e 
XVI, quando em alguns locais os camponeses foram expulsos do campo, sendo 
forçados a buscar sustento nas cidades. Os cercamentos, acompanhados pelo 
crescimento populacional, colocaram o feudalismo em ruínas, criando uma classe 
de trabalhadores sem-terra, sem meios de produção, tendo apenas a força de 
trabalho para vender. A migração dessa força de trabalho para as cidades eram 
braços disponíveis no "mercado" que se formava.
O termo capitalismo refere-se ao sistema de busca de lucro e de acumulação 
de capital. Nesse sistema, ter a propriedade do capital é ter a fonte dos lucros e, daí, 
a fonte de mais acumulação de capital. A acumulação primitiva de capital ocorreu 
no período que está sendo considerado. Os importantes fatores para esse processo 
de acumulação inicial de capital foram: (1) o volume do comércio, que cresceu 
rapidamente; (2) o sistema industrial de produção doméstica; (3) o movimento dos 
cercamentos. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
14
Em finais do século XVI e início do século XVIII, quase todas as grandes 
cidades da Inglaterra, França, Espanha e dos Países Baixos (Bélgica e Holanda) 
já tinham se transformado em prósperas economias capitalistas, dominadas 
pelos mercadores capitalistas, que controlavam não só o comércio, mas também 
grande parte da indústria. Nos modernos Estados-nação, coalizões de monarcas 
e capitalistas tinham retirado o poder efetivo da nobreza feudal de muitas áreas 
importantes, principalmente nas relacionadas com a produção e o comércio. 
Essa época do início do capitalismo é conhecida por muitos como mercantilismo, 
assunto este que abordaremos no próximo ponto, na sequência (HUNT, 2005).
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a), o feudalismo foi uma forma de organização social e 
econômica da Idade Média europeia, a qual caracterizava-se como sendo um sistema de 
grandes propriedades de terra isoladas chamadas de feudos, os quais pertenciam à nobreza e 
ao clero, e trabalhados pelos servos da gleba, numa economia de subsistência. O sistema era 
organizado segundo uma extensa e intrincada hierarquia de feudos. A terra, única fonte de 
poder, era recebida pelo senhor em caráter hereditário (SANDRIONI, 1999).
NOTA
Prezados(as) estudantes, o movimento dos cercamentos ocorrido na Idade Média 
foi o que deu origem ao efeito que favoreceu a entrada de um outro modelo, o capitalismo, 
onde, de feudo ou terra comunal, passaram a constituir propriedade. Num movimento no qual 
aqueles que se emanciparam não se tornaram nada além do que vendedores de si mesmos, já 
que não eram possuidores dos meios de produção, e obrigam-se a vender-se a si mesmos a 
quem detém os meios de produção (MARX, 1983).
Capitalismo é o sistema que floresceu depois do sistema feudal. Esse é o sistema 
econômico hoje adotado em todas as partes do mundo, sistema que se baseia na propriedade 
privada e no acúmulo de riquezas.
ATENCAO
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
15
2.2 TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO E ELABORAÇÃO 
DO PENSAMENTO MERCANTILISTA 
O mercantilismo é uma doutrina econômica que caracteriza o período 
histórico da revolução comercial entre os séculos XVI-XVIII. Nesse quadro de 
revolução é que se desenvolve a doutrina mercantilista. Principalmente na Europa, 
mais especificamente França, Portugal e Espanha. Este período foi marcado por 
ruínas feudais e pela formação dos Estados nacionais. Nesse momento de transição 
surge a corrente mercantilista, que defenderá um aumento no acúmulo de divisas 
em metais preciosos pelo Estado por meio de um comércio exterior protecionista 
(SANDRIONI, 1999). A riqueza de uma nação, portanto, se daria pelo acúmulo de 
metais preciosos, ou o que se chama metalismo. Citaremos alguns dos princípios 
básicos do mercantilismo, que seriam: 
• O Estado como promotor do bem-estar nacional.
• A riqueza das economias nacionais vai resultar de um aumento da população e 
da ampliação do volume de metais preciosos no país (ou o chamado metalismo).
• O comércio exterior deve ser estimulado (pois é por meio de uma balança 
comercial favorável que se aumenta o estoque de metais preciosos, deixando 
assim o país em boas condições).
• O comércio e a indústria são mais importantes para a economia nacional que a 
agricultura.
IMPORTANT
E
Como observamos, a partir do século XVI o mercantilismo é a primeira escola 
econômica que nasce. Suas principais preocupações são sobre o acúmulo de riquezas de uma 
nação com o intuito de promover o comércio exterior. Considerava-se que uma economia 
seria poderosa economicamente quanto maior fosse o seu estoque de metais preciosos 
(VASCONCELOS; GARCIA, 1999).
Os mercantilistas, portanto, tinham preocupação explícita sobre a acumulação de 
riquezas, comércio exterior e moeda. Davam ênfase para o poder do Estado, considerando que 
tanto quanto maior fosse o seu estoque de metais preciosos, maior seria a riqueza da nação 
(PINHO et al., 2003; VACONCELOS; GARCIA, 1999).
ATENCAO
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
16
Embora seja considerada pouco significativa a contribuição do mercantilismo 
para a composição da análise econômica, alguns autores e obras marcaram esse 
período. Entre alguns dos principais nomes representantes da doutrina estão os 
ingleses Thomas Mun e Josiah Child, os franceses Barthélemy de Laffemas, William 
Petty com a obra: Political Arithmetic (1682) (este autor evidenciou a preocupação 
da análise estatística dos problemas econômicos) e Catillon com a obra Essai Sur 
La Nature Du Commerce En Général (1755) - muitos afirmam ser o berço da ciência 
econômica, obra na qual Catillon argumenta sobre os riscos dos empresários e 
explicitando o circuito econômico (reformulado mais tarde por Quesnay, que 
veremos mais adiante) (SANDRIONI, 1999; PINHO et al., 2003). É somente depois 
de Quesnay que a atividade econômica passou a ser tratada de forma científica, 
justamente é isso o que veremos na sequência. 
2.3 OS FISIOCRATAS E AS IDEIAS ECONÔMICAS DE 
QUESNAY 
Essa corrente de pensamento é de origem francesa do século XVIII e 
elaborou alguns trabalhos considerados importantes. Ela vem de contraponto 
aos mercantilistas, que vimos anteriormente. Os fisiocratas se debruçavam sobre 
a ideia de que a terra era a única fonte de riqueza, e acreditavam que o universo 
era regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais desejadas pela 
“providência divina” (VASCONCELOS; GARCIA 1999). Os fisiocratas tinham 
como propósito reformar a França, que estava passando por problemas de ordem 
social econômica caracterizados pela transição do feudalismo para o capitalismo. 
O caos que a França vinha passando resultou na Revolução Francesa.
Essa corrente de pensamento acreditava que a sociedade era regida por leis 
naturais e, portanto, os problemas da França eram devido à incapacidade de seus 
dirigentes compreenderem essa lei natural e ordenarem a produção e o comérciode acordo com essa lei.
Um dos precursores dessa escola de pensamento foi François Quesnay, 
autor da obra Tableau Économique, o primeiro a dividir a economia em setores 
e mostrando a inter-relação entre os mesmos. Esta é considerada a sua maior 
contribuição à análise econômica. Mais tarde este quadro foi aperfeiçoado e 
transformou-se no sistema de circulação monetária (VASCONCELOS; GARCIA, 
1999).
Justamente aí é que Quesnay formula um modelo simples da forma pela 
qual, para ele, a sociedade deveria ser estruturada, com a finalidade de refletir o 
que chamavam de lei natural e com base neste modelo de Quesnay. Essa corrente 
de pensamento defende uma reforma política: a abolição das guildas, bem como a 
remoção de todos os impostos e tarifas da indústria e do comércio (HUNT, 2005).
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
17
FIGURA 4 - FRANÇOIS QUESNAY
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/imagens/
biografia/ecfrqnay.jpg > Acesso em: 10 jan. 2015.
Nesse quadro econômico, Quesnay representou o fluxo de bens entre as 
diferentes classes sociais, distinguindo um equilíbrio de quantidades globais. 
Importante instrumento de análise, o Quadro de Quesnay é considerado precursor 
da economia quantitativa (PINHO et al., 2003).
Nesse quadro, a sociedade era dividida em três classes: os produtores 
(agricultores), os proprietários de terra (a nobreza e o clero) e as “classes estéreis” 
(os demais cidadãos). Onde perceberam então que existe inter-relação entre essas 
classes. Ou seja, uma circulação da renda entre essas três classes: os agricultores e 
proprietários compram produtos e serviços dos demais grupos, que depois fazem 
retornar essa renda comprando produtos agrícolas, o que é exposto justamente no 
Tableau Économique, de Quesnay (SANDRIONI, 1999). Este quadro sintetizou 
um modelo de uma economia. Demostrando os processos de produção, circulação 
da moeda e das mercadorias, além da distribuição da renda. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
18
FIGURA 5 - TABLEAU ÉCONOMIQUE (1758)
FONTE: Disponível em: <http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTVhtjn3S
kPPAwUKvSeFEwk6oxSNhscSsE0E62HtJJbgR7pB88-Zg > Acesso em: 
10 jan. 2015.
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a), como vimos anteriormente, para a fisiocracia, a riqueza 
consistia em bens produzidos por “regras da natureza”, ou seja, em atividades essencialmente 
rurais que eram incentivadas, como lavouras, pesca, mineração e agricultura. Para essa corrente, 
só a terra tinha a capacidade de ampliar a riqueza (VASCONCCELOS; GARCIA, 1999).
19
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu que:
• Na antiguidade romana não havia um pensamento econômico independente.
• Na antiguidade grega, Xenofonte cunha o termo economia.
• Na Idade Média, as atividades mercantis/ou predomínio do mercantilismo 
como regime predominavam na Europa, especialmente na Inglaterra.
• Feudalismo foi uma forma de organização social e econômica da Idade Média 
europeia. Caracterizava-se por ser um sistema de grandes propriedades de 
terra isoladas chamadas de feudos, os quais pertenciam à nobreza e ao clero e 
trabalhados pelos servos da gleba, numa economia de subsistência.
• Cercamentos foi um movimento no qual constitui-se a propriedade privada dos 
feudos.
• Capitalismo é o sistema que floresceu depois do sistema feudal.
• Mercantilismo, escola de pensamento que considerava a riqueza das nações 
com base nos metais que elas acumulavam.
• Fisiocratas consideravam que a riqueza provinha das terras. Seu principal 
precursor foi Quesnay.
20
Caro(a) acadêmico(a), para fixar melhor o que estudamos neste tópico, 
vamos exercitar um pouco. Leia com atenção as questões e responda-as no seu 
Caderno de Estudos. 
1 Em que consiste a riqueza para os mercantilistas e fisiocratas? 
2 Quais as noções de economia na antiguidade grega e romana e na Idade 
Média? 
3 Explique, brevemente, o que François Quesnay propôs com o Tableau 
Économique.
4 Explique como se deu o processo de transição do regime feudal para as 
economias de mercado.
AUTOATIVIDADE
21
TÓPICO 3
ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A expressão Economia Política é de origem grega [politeia e oikonomika], 
aparecendo as primeiras vezes nos escritos de Aristóteles e Platão, tomando corpo 
teórico com as publicações do livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em 
1776, aos Princípios de Economia Política, de John Stuart Mill, de 1848, e é marcada 
pela obra de David Ricardo, Princípios de Economia Política e Tributação, de 1817. 
O que se denomina Economia Política Clássica vai de meados do século XVIII ao 
século XIX.
Os precursores da escola clássica, Smith e Ricardo, centraram a sua atenção 
nas questões teóricas de valor, trabalho e ao dinheiro. “À economia política 
interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo do 
antigo regime” (NETTO, BRAZ, 2011, p. 27), as proposições econômicas e de uma 
visão de conjunto da evolução econômica. “A escola clássica baseou-se nos preceitos 
filosóficos do liberalismo e do individualismo e firmou os princípios da livre 
concorrência, que exerceram decisiva influência no pensamento revolucionário 
burguês” (SANDRIONI, 1999).
Veremos agora alguns dos principais precursores da Escola de Economia 
Política Clássica e suas teorias que formularam este campo teórico.
2.1 ADAM SMITH (1723-1790)
2 PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA DE ECONOMIA 
POLÍTICA CLÁSSICA
Adam Smith (1723-1790) nasceu na Escócia, onde viveu quase toda a sua 
vida. Frequentou as Universidades de Glasgow e Oxford entre 1737-1746, lecionou 
em Glasgow entre 1751 e 1764. Uma de suas obras chamava-se Theory of Moral 
Sentiments - Teoria dos Sentimentos Morais, este livro foi um tratado de filosofia 
social e moral, portanto com pouquíssimas contribuições para a Economia Política. 
Smith ficou dois anos na França, entre 1764 e 1766, onde teve contato com muitos 
pensadores e filósofos, dentre os quais destaca-se o contato que teve com o fisiocrata 
Quesnay. Em 1776 publicará a sua obra mais importante, An Inquiry into the Nature 
and Causes of the Wealth of Nations (conhecida como A Riqueza das Nações).
22
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
FIGURA 6 - ADAM SMITH 
FONTE: Disponível em: <http://oll.libertyfund.org/media/W1siZiIsIn
Blb3BsZS80NC80MDJweC1BZGFtU21pdGguanBnIl1d/402
px-AdamSmith.jpg?sha=50d35f7e52350ce0> Acesso em: 
14 jan. 2015.
Adam Smith é considerado o precursor da “Teoria Econômica” moderna, 
entendida como um campo teórico próprio justamente por essa obra: “Uma 
Investigação sobre a Causa da Riqueza das Nações”, em 1776. A partir de então, 
muitos pensadores consideram que abrem-se os estudos do campo teórico da 
economia política. Na obra são tratadas questões econômicas que vão desde 
leis de mercado, aspectos monetários, até a distribuição e rendimentos da terra 
(VASCONCELOS; GARCIA, 1999; HUNT, 2005).
Smith vai distinguir-se de todos os economistas que o antecederão pela sua 
formação acadêmica e pela vastidão de conhecimentos. Além de ser considerado 
o primeiro a elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente da 
natureza, da estrutura e do funcionamento do sistema capitalista. Notou que 
havia ligações entre as principais classes sociais, entre os setores de produção, a 
distribuição da riqueza, da renda, o comércio, a circulação da moeda, questões 
relativas aos preços, e ao processo de crescimento econômico das nações (HUNT, 
2005).
O pressuposto central defendido por Smith era que se deixasse atuar a 
livre concorrência, que os agentes encontrariam o equilíbrio através de uma “mão 
invisível” que levaria a sociedade consequentemente à perfeição. Nesta teoria 
Smith defendia que todos os agentes, em sua busca por lucrar o máximo, acabam 
promovendo o bem-estar de toda a sociedade. E afirma: "não é da benevolência 
do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, 
mas sim do empenho deles empromover seu autointeresse” (SMITH,1996, p. 22). 
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
23
É como se uma mão invisível orientasse as ações do mercado e da economia sem 
a necessidade propriamente da atuação do Estado para isso. Portanto, este autor 
baseava-se no mercado, única e exclusivamente, como regulador das decisões 
econômicas de uma nação. Acreditava que isso traria muitos benefícios para a 
coletividade, independente da ação estatal. Pressupostos, portanto, do liberalismo. 
Smith defendia a livre iniciativa, calcada nos pressupostos do laissez–faire 
(VASCONCELOS; GARCIA, 1999: HUNT,2005: SMITH, 1996).
NOTA
Mão invisível, segundo Pinho et al. (2003, p. 589), é a base do pensamento liberal 
da escola de economia clássica: “milhões de consumidores e milhares de empresas sozinhos, 
como que guiados por uma mão invisível, encontram posição de equilíbrio nos vários mercados 
sem a intervenção estatal”.
NOTA
laissez–faire - ‘laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même’, de origem 
francesa e que em português significa "deixem fazer, deixem passar, o mundo vai por si só". É 
a expressão utilizada por economistas que tendem ao liberalismo, no sentido de deixar que as 
forças de mercado sozinhas agem tendendo ao equilíbrio, e que o papel do Estado nada mais 
é do que intervir na economia somente nos termos da lei e da ordem (PINHO et al., 2003).
A principal explicação de Adam Smith para o desenvolvimento encontra-
se logo nas primeiras páginas de seu principal livro, em um item que trata sobre 
a divisão do trabalho. Para Smith, a divisão do trabalho seria fator decisivo 
para o aumento da produtividade de uma fábrica, por exemplo. Portanto, os 
trabalhadores deveriam se especializar em algumas determinadas tarefas e, por 
consequência, a produtividade se elevaria. A aplicação destes princípios, por 
sua vez, fez com que houvesse um aumento da destreza pessoal, diminuição do 
tempo, condições favoráveis para o aparecimento de novos inventos e máquinas 
(VASCONCELOS,1999; PINHO et al., 2003).
Smith distingue ainda o valor de uso e valor de troca das mercadorias, dando 
destaque às mercadorias, afirmando que elas são determinadas pela quantidade de 
trabalho necessário para reproduzir as mesmas. Já para os fisiocratas, como vimos 
anteriormente, apenas o trabalho na agricultura produzia valor. Smith contrariou 
os fisiocratas, demostrando que todas as atividades que produzem mercadorias 
24
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
têm valor. Sendo contrário ainda à concepção mercantilista, Smith argumenta em 
seu livro que a riqueza é constituída pelos valores de troca e não pela moeda, que 
é apenas o meio que permite a circulação dos bens (SANDRIONI, 1999). 
Para Smith, a verdadeira fonte de riqueza de um país é o seu trabalho. A 
riqueza de uma nação só poderá aumentar se pode ser elevada com o aumento 
da produtividade e, portanto, com a expansão da especialização, da divisão do 
trabalho e com a acumulação do produto sob a forma de capital (SANDRIONI, 
1999). 
Dentre os principais discípulos de Smith, importantes para a Economia 
Política pelas suas contribuições, estão Ricardo, Malthus, Stuart Mill e Say, os 
quais estudaremos na sequência. 
2.2 DAVID RICARDO (1772-1823) 
David Ricardo é outro autor da Escola Clássica de Economia Política. Era 
filho de um rico capitalista inglês, que tinha feito uma fortuna na bolsa de valores, 
após ter migrado da Holanda para a Inglaterra. O jovem Ricardo teve mais sucesso 
ainda na bolsa de valores do que seu pai, sendo muito rico antes mesmo dos 30 
anos de idade. Em 1799 leu A Riqueza das Nações, livro publicado em 1776 por 
Adam Smith, desde então passou tempo estudando e escrevendo sobre questões 
de Economia Política e aumentando suas posses.
Ricardo viveu na mesma época turbulenta de Malthus. Sua opinião sobre 
a classe operária não era diferente da de Malthus. Ricardo inclusive aceitará as 
conclusões de Malthus sobre a teoria da população. Já quanto às questões sociais, 
suas opiniões se diferiam. No conflito entre capitalistas e os proprietários de terra, 
Ricardo sempre defendia os capitalistas, e Malthus, como vimos, os proprietários 
de terra. Sua obra mais importante no campo da Economia Política intitula-se 
“Princípios de economia e tributação”, publicada em 1817, nas quais estão suas 
principais teorias, que de forma breve passaremos a estudar neste ponto.
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
25
 FIGURA 7 - DAVID RICARDO 
FONTE: Disponível em: <http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/
images/ricardo.gif> Acesso em: 14 jan. 2015. 
Partilhando das ideias de Adam Smith e partindo dos escritos justamente 
deste autor é que Ricardo formula modelos econômicos com importante poder 
analítico. Ricardo vai aprimorar a tese de que todos os custos se reduzem a 
custos de trabalho, é a chamada teoria do valor-trabalho, já mencionada por 
Smith anteriormente. Com esta teoria, Ricardo sustentava que o valor de uma 
determinada mercadoria dependia do trabalho nela incorporado. Por isso, para 
Ricardo, as mercadorias sempre teriam preços proporcionais ao trabalho nelas 
incorporado (HUNT, 2005).
Ricardo analisou ainda as questões do comércio internacional, porque as 
nações comercializavam entre si, se é melhor para elas comercializarem, e quais 
produtos deveriam ser comercializados. Com essas questões, Ricardo formulou a 
Teoria das vantagens comparativas. Esta teoria consistia em demonstrar que cada 
país deveria se especializar na produção de bens para os quais possuía maiores 
vantagens comparativas. As teorias das vantagens comparativas determinam o 
padrão de produção, de forma que o comércio internacional seria impulsionado 
pela diferença da produtividade da mão de obra, o que fará com que se maximize a 
produção e a competitividade destes produtos. Muito atual nas linhas de comércio 
exterior, essa teoria demonstra como os países exportam bens produzidos de forma 
eficiente e competitiva, e, de outro lado, importando bens que seriam produzidos 
de maneira ineficiente com custos mais elevados dentro de determinado país 
(VASCONCELOS; GARCIA, 1999).
26
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Ricardo observava a sociedade de sua época da perspectiva da teoria do 
trabalho ou da produção. Observava os conflitos de classe da época e percebia que 
os interesses entre capitalistas e a classe operária eram opostos, e afirmava: se os 
salários se elevarem, os lucros tenderão a cair por parte dos capitalistas (HUNT, 
2005).
Ricardo foi o primeiro economista a defender que o livre comércio 
internacional poderia beneficiar dois países, mesmo que um deles produzisse 
todas as mercadorias de forma mais eficiente que a outra nação. Defendia que 
dois países poderiam beneficiar-se com o comércio se cada um tivesse uma 
vantagem relativa na produção. Isso significaria que a razão entre o trabalho (ou 
horas trabalhadas) incorporado às duas mercadorias pode ser diferente em países 
diferentes, de modo que cada um deles poderia ter no mínimo uma mercadoria na 
qual a quantidade de trabalho incorporado seria menor que no outro país, e que 
por isso teria vantagem na produção de determinado produto sobre o outro país 
(HUNT, 2005). Acompanhemos o exemplo a seguir. 
QUADRO 1 - TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS DE RICARDO – NÚMERO DE HORAS 
NECESSÁRIAS PARA PRODUZIR UMA UNIDADE DE TECIDO E VINHO NA 
INGLATERRA E PORTUGAL
Produto Tecido Vinho Horas entre preço e do vinho e do tecido
Razão entre preço do 
vinho e tecido
Inglaterra 100 120 1,20 0,83
Portugal 90 80 0,88 1,12
FONTE: Adaptado de HUNT (2005)
Observando o quadro, podemos perceber que Portugal tem uma vantagem 
absoluta na produção de vinho e de tecidos, isso significa afirmar que são 
necessárias menos horas de trabalho para produzir estas mercadorias em Portugal 
do que sua produção na Inglaterra.
 Vemos que 
em Portugal são necessárias 90 horas para produzir uma unidade de 
tecido e 80 horas para produzir uma unidade de vinho. Significa dizer 
que o vinhoprecisa de 88% do trabalho exigido pelo tecido e que o 
preço do vinho equivale a 88% do preço do tecido. Já na Inglaterra, 
o trabalho necessário à produção de vinho e seu preço equivalem a 
120% do trabalho. Segundo Ricardo, Portugal utiliza menos trabalho 
na produção de vinho e o preço é mais baixo, de outro lado Portugal 
usa 112% do trabalho incorporado na produção de vinho para produzir 
tecido e, assim, o preço do tecido equivale a apenas 83% do preço do 
vinho. Assim sendo, a Inglaterra utiliza relativamente menos trabalho 
para produzir tecido, mas de outro lado utiliza mais trabalho, em 
termos absolutos; portanto, a Inglaterra tem uma vantagem relativa na 
produção de tecido. (HUNT, 2005, p. 138-139).
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
27
Ricardo demonstrara ainda como a acumulação de capital acompanhada 
pelo aumento populacional ocasionaria uma elevação da renda da terra. Demonstra 
que os rendimentos decrescentes diminuem de tal forma os lucros que a poupança 
se torna nula, tendo-se uma condição de economia estacionária, com salários de 
subsistência e crescimento nulo (VASCONCELOS; GARCIA, 1999; PINHO et al., 
2003; HUNT, 2005). 
Considerado um trabalho primordial, a teoria da renda da terra de Ricardo 
é uma das principais formulações e contribuições para o período dos clássicos. 
Ricardo sustentava em duas hipóteses sua teoria: em primeiro lugar, considerava 
que a terra era diferente em sua fertilidade e que as terras poderiam se ordenar a 
partir da mais fértil para a menos fértil; a segunda premissa é a de que a concorrência 
sempre igualava a taxa de lucro dos fazendeiros capitalistas que arrendassem terra 
dos proprietários (HUNT, 2005).
A teoria das vantagens comparativas defende que uma nação exportará sempre 
os produtos que produzir com custos relativamente menores que outros e importando os 
produtos nos quais se tem um custo mais elevado, o que resultaria em vantagens para ambas 
as economias, por isso teoria das vantagens comparativas (PINHO, et al., 2003).
ATENCAO
IMPORTANT
E
A teoria do valor-trabalho. Ricardo sustentava que o valor de uma determinada 
mercadoria dependia do trabalho nela incorporado. Por isso, para Ricardo as mercadorias 
sempre teriam preços proporcionais ao trabalho nelas incorporado (HUNT, 2005). 
2.3 THOMAS ROBERT MALTHUS (1766-1834) 
Thomas Robert Malthus (1766-1834) era filho de família inglesa de posses. 
Estudou na Universidade de Cambridge. Mais tarde lecionou Economia Política 
na faculdade da Companhia das Índias Orientais em Harleybury, onde ficou até 
sua morte.
O contexto histórico que viveu Malthus foi muito tumultuado e permeado 
por conflitos de classes, e suas obras de certa forma refletem a sua posição em relação 
a esses conflitos. O conflito era a Revolução Industrial, que ocorre justamente pelo 
sofrimento por conta da precarização das relações de trabalho que a classe operária 
estava passando.
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UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
FIGURA 8 - THOMAS ROBERT MALTHUS
FONTE: Disponível em: <https://jellyfishcoolman.files.wordpress.
com/2009/10/malthus.jpg> Acesso em: 10 jan. 2015.
A Revolução Industrial trouxe aumentos da produtividade, a construção 
de fábricas, o uso de máquinas na produção. Essas mudanças faziam com que 
houvesse um aumento da produtividade. Por outro lado, as condições de trabalho 
para a classe operária eram precárias, em níveis de mera subsistência, os sacrifícios 
sempre foram feitos por aqueles que tinham menor poder econômico e político, 
ou seja, a classe operária. A classe operária na Inglaterra vivia perto dos níveis de 
subsistência, com o salário deteriorado, isso por volta de 1750, na segunda metade 
do século XVIII (HUNT, 2005).
Nessa época da Revolução Industrial é consenso de muitos estudiosos e 
historiadores que as condições de vida dos trabalhadores decaíram muito, e que 
"os pobres ficaram mais pobres simplesmente porque as classes média e rica 
ficaram obviamente mais ricas” (HUNT, 2005, p.111). Justamente neste momento 
em que os pobres estavam nas piores condições possíveis, a classe média e rica 
estava com capital excedente, o qual utilizava para investir. 
Por isso não se tem dúvidas de que quem sempre arcou com os custos 
sociais necessários à industrialização foi a classe trabalhadora. Este momento 
ainda é marcado pela perda, usurpação da "habilidade artesanal", do trabalhador, 
pois da manufatura passa a submeter-se ao novo sistema fabril, o que destruiu 
completamente o modo de vida deste trabalhador (HUNT, 2005).
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
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FIGURA 9 - PROCESSO DE EXPROPRIAÇÃO DOS TRABALHADORES 
FONTE: Disponível em: <https://encrypted-tbn3.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcQiSnj5-ASLIzEMTcflRcJMpGOZQXHBB6cUvKyoZkrW
2051SLkbg>. Acesso em: nov. 2012.
Agora, no novo sistema fabril, a única relação era de troca entre trabalho e 
salário, os trabalhadores foram perdendo o acesso aos meios de produção e foram 
reduzidos a meros vendedores da força de trabalho e totalmente dependentes das 
condições de mercado para sua sobrevivência.
"A máquina, que antes era um apêndice do homem, se tornava agora o ponto 
central do processo de produção. O homem passou a ser um simples apêndice 
da máquina fria, implacável e ditadora do ritmo de trabalho” (HUNT, 2005, p. 
112). Esse novo sistema fabril fez com que grupos de trabalhadores destruíssem 
máquinas e fábricas que, segundo eles, eram responsáveis pela sua má situação. 
A divisão do trabalho na fábrica fez com que mulheres e crianças sem 
treinamento algum pudessem trabalhar tão bem quanto os homens. Para o 
capitalista era muito lucrativo, já que os salários pagos às mulheres e crianças 
eram bem mais baixos com relação aos homens. Em muitos casos, relatam os 
historiadores que, dadas as condições da época, famílias inteiras se submetiam 
a trabalhos precários nas fábricas, recebendo o suficiente apenas para comer, na 
maioria dos casos.
Em alguns casos ainda há relatos de que os donos das fábricas preferiam 
mulheres e crianças, pois eram mais "obedientes" e "dóceis". 
30
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
No contexto descrito acima, em meio aos conflitos de classe da época da 
Revolução Industrial, Malthus era defensor declarado dos ricos, tanto que sua 
teoria da população serviu para defender esta classe. Em 1798 ele publicou sua 
obra intitulada An Essay on the Principle e of Population as It Affects the Future 
Improvement of Society, with Remarks on the Speculations of Mr. Godwin, M. 
Condorcet, and Other Writers, geralmente conhecida como Ensaio sobre o Princípio 
da População. 
Em 1814 a principal preocupação de Malthus era com relação à luta 
entre os proprietários de terras e os capitalistas. Nesse período Malthus sempre 
defendeu os interesses da classe dos proprietários de terras. Nos princípios, a base 
teórica mais importante de sua defesa dos proprietários de terras era sua teoria da 
“superprodução” ou das depressões econômicas (HUNT, 2005, p. 118).
As condições sub-humanas da classe operária e a inquietação e revolta de 
muitos trabalhadores fizeram surgir muitos defensores desta classe, nomes como 
do francês Marie Jean Antonie Nicolas de Caritat, e o inglês Willian Godwin. 
Malthus era contrário a essas ideias, o que foi base para seu primeiro ensaio.
Quanto à sua principal teoria, a chamada teoria da população, Malthus 
baseava suas conclusões relativamente de forma simples: acreditava que quase 
todas as pessoas eram impelidas por um desejo de prazer sexual e que, por conta 
disso, as taxas de reprodução levariam a aumentos em progressão geométrica da 
população, e que a população duplicaria a cada geração.
Ainda para Malthus, se não houvesse um meio de controle habitacional, a 
fome acabaria limitando o crescimento populacional. Acreditava que por meio da 
esterilidade, da abstinência sexual e controle de nascimentos era possível ter o que 
ele chamou de controle preventivo. De outrolado, o controle positivo aumentava a 
taxa de natalidade; incluía a fome, a miséria, as pragas, as guerras. "Se os controles 
preventivos fossem inadequados, os controles positivos seriam inevitáveis e, se 
houvesse uma insuficiência de doenças, guerras e catástrofes naturais, a morte 
pela fome sempre controlaria o crescimento da população." (HUNT, 2005, p. 122).
Malthus foi o primeiro economista a sistematizar uma teoria geral sobre 
a população. Malthus sustentava que o crescimento da população dependia 
rigidamente da oferta de alimentos. Para este autor, a causa de todos os males 
sociais estaria em um excesso populacional: “enquanto a população crescia em 
progressão geométrica, a produção de alimentos seguia em progressão aritmética” 
(VASCONCELOS; GARCIA, 1999, p. 17). Portanto, ele acreditava em uma escassez 
de alimentos para um contingente populacional elevado e, ainda mais, acreditava 
que a produtividade da terra não sustentaria uma produção de alimentos para 
uma população grande (VASCONCELOS; GARCIA, 1999). Malthus acreditava 
que o crescimento demográfico iria ultrapassar a capacidade produtiva da terra, 
gerando assim fome e miséria.
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
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2.4 JOHN STUART MILL (1806-1873)
Nascido em Londres em 1806, filho de James Mill, filósofo, economista 
e alto funcionário da Companhia das Índias Orientais. A tentativa de integrar a 
teoria do valor-trabalho com a perspectiva utilitarista foi feita por este pensador. 
Na sua obra Princípios de Economia Política, publicada em 1848, declarava-se um 
seguidor de Bentham e Ricardo. Reformulou a teoria do valor-trabalho de Ricardo, 
com algumas modificações, e o utilitarismo de Bentham (HUNT, 2005).
Na apresentação de sua perspectiva da teoria do trabalho, Mill acredita 
que a produção consistia, simplesmente, no trabalho transformado em recursos 
naturais. 
“Os requisitos da produção são dois: o trabalho e objetos naturais 
apropriados… Em quase todos os casos… a não ser em alguns casos 
sem importância, os objetos oferecidos pela natureza são apenas 
instrumentais para as necessidades humanas, após terem sido, de certa 
maneira, transformados pelo esforço humano.” (HUNT, 2005, p. 275).
FIGURA 10 - JOHN STUART MILL
FONTE: Disponível em: <http://avignon.midiblogs.com/
media/02/02/1371370821.jpg> Acesso em: 10 jan. 2015.
Seguidor de Ricardo, Mill elaborou o que pareceu uma reformulação a 
teoria do valor-trabalho de Ricardo. Afirmou ainda que, embora o trabalho fosse 
o mais importante determinante do valor, não era o único. Argumentava que a 
teoria do valor-trabalho só seria válida quando as razões capital e trabalho fossem 
as mesmas em todas as fábricas. Dessa forma, os custos para produzir seriam 
proporcionais ao trabalho incorporado nas diferentes mercadorias. Todavia, isso 
não acontecia com grande parte das mercadorias. A exemplo do vinho e do tecido: 
produzidos na mesma quantidade de trabalho, têm valores diferentes, pois, por 
exemplo, o vinho demorava mais para dar lucro que o tecido (HUNT, 2005).
Este pensador foi considerado o sintetizador do pensamento clássico. Seu 
trabalho foi o principal utilizado para o ensino de economia no fim do período 
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UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
clássico e início do período neoclássico. Sua obra vai consolidar o exposto por seus 
precursores, nos quais se definiu melhor as restrições, vantagens e funcionamento 
das economias de mercado (VASCONCELOS; GARCIA, 1999).
2.5 JEAN-BAPTISTE SAY (1769-1832) 
Jean-Baptiste Say foi jornalista, industrial, parlamentar e professor, ocupou-
se a lecionar a cátedra de Economia Política no colégio da França, escreveu em 
1804 um tratado de economia política. 
Considerava-se um seguidor das ideias de Smith, afirmava que corrigia 
pequenos equívocos do pensador escocês. Em sua obra mais importante, “Um 
Tratado de Economia Política”, elogia Smith por suas contribuições à economia 
política.
Entretanto, Smith era um liberal entre os autores ingleses de sua escola, foi 
um dos únicos otimistas. Say, em sua releitura, conservou e fortifica este caráter, e 
assim formou-se a corrente liberal otimista, denominada na história das doutrinas 
como “Escola Liberal Francesa”.
 Say argumentava que o preço ou valor de troca de qualquer mercadoria 
dependia inteiramente de seu valor de utilidade. Rejeita a ideia de que o trabalho 
era a fonte de valor e riqueza, insiste que a utilidade criava o valor de uma 
determinada mercadoria. Este pensador colocou no centro dos fenômenos de 
produção a indústria, enquanto a escola inglesa, com Ricardo (que já estudamos 
acima), consagrou especial atenção à propriedade fundiária e à renda. Já Say vai 
considerar o empreendedor e o lucro.
Importante nos escritos de Say era a crença deste pensador nos mercados 
livres que se ajustam automaticamente, em um equilíbrio em que todos os recursos, 
inclusive o trabalho, estariam plenamente utilizados e isso resultaria em pleno 
emprego, tanto o trabalho quanto a capacidade produtiva. Essa crença no mercado 
passou a ser conhecida mais tarde como a Lei de Say. (HUNT, 2005).
Say argumentava que a economia de mercado era uma economia em que 
produtores especializados trocavam seus produtos. Afirmava ainda que ninguém 
produziria o que não quisesse trocar. Portanto, para ele, uma oferta cria uma 
demanda da mesma magnitude", "produção abre caminho para produção. Say 
explicava ainda que poderia haver uma superprodução temporária de algumas 
mercadorias e isso seria consequência do mercado não estar em equilíbrio, e o 
resultado disso seriam preços muito altos e muito baixos (HUNT, 2005).
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
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2.5 JEAN-BAPTISTE SAY (1769-1832) 
FIGURA 11 – JEAN-BATISTE SAY 
FONTE: Disponível em: <http://www.liberal-international.org/
editorial.asp?ia_id=680> Acesso em: 15 jan. 2015. 
Alguns pensadores rejeitaram as ideias de Say, entre eles Keynes, Marx e 
Malthus. Todavia, a Lei de Say ainda hoje é aceita por muitos economistas.
IMPORTANT
E
Muito conhecida como “Lei de Say”, trata-se do principal pressuposto defendido 
por este autor, em que a oferta cria sua própria demanda.
A adoção dos princípios do liberalismo econômico pautados e defendidos 
por esses autores clássicos que citamos acima trouxe consequências negativas 
principalmente para a classe trabalhadora, na época em que foram implantados. A 
condição de vida das pessoas desmoronou, sujeitos a jornadas de trabalho de mais 
de 12 horas diárias, em alguns casos até 18 horas, mulheres e crianças trabalhando 
em chão de fábricas, os acidentes de trabalho com máquinas e equipamentos eram 
muito frequentes nesse período. 
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UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
FIGURA 12 - EM PLENO AUGE DO CAPITALISMO, CRIANÇAS TRABALHANDO 
NAS FÁBRICAS DE 12 A 18 HORAS POR DIA
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/j3sHDi>. Acesso em: jan. 2015.
Dadas essas condições de precarização da maioria da classe trabalhadora, 
começam a surgir questionamentos com relação às ideias liberais da escola da 
economia política clássica. Essas ideias econômicas ainda deram margem para 
o questionamento do autoajustamento da sociedade baseado apenas nas leis de 
mercado guiadas pela “mão invisível”. Neste período ainda começam a surgir 
o que se chamou de ideias socialistas e escolas socialistas. Surgem aí os críticos, 
escola clássica, como Karl Marx, o principal crítico dessas ideias e que justamente 
estudaremos no próximo tópico.
IMPORTANT
E
Liberalismo econômico é uma doutrina baseada em defesa das iniciativas 
individuais que busca limitar a intervenção mínima possível na vida econômica, social e 
cultural. Essa corrente clássica do século XVIII acredita que os mercados são guiados por uma 
mão invisível e se equilibram por si sós, por isso a intervenção estatal é mínima.
3 A CRISE DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA 
Por volta de 1830 até 1850 desenha-se uma crise da Economia Política 
clássica que até então dominava o cenário das ideias econômicas. Mas exatamente 
em 1825

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